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SOM NAS IGREJAS
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SOM NAS IGREJAS
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Sumário
Ano. 26 - Julho / 2019 - Nº 296
NESTA EDIÇÃO
22 18 Play Rec
Nesta edição, os lançamentos
“
de Madonna, Edu Lobo com
Romero Lubambo e Mauro
Senise, Paulo Belinatti e
32
arte@backstage.com.br
Capa
Com duas dezenas de atrações representando um pouco do Arte: Leonardo C. Costa
Foto: Ernani Matos
melhor do blues e do jazz contemporâneo, o Rio das Ostras Jazz
Publicidade / Anúncios
& Blues 2019 repetiu o sucesso e confirmou a sua importância PABX: (21) 3627-7945
arte@backstage.com.br
42 Iluminação Cênica
Cezar Galhart discorre
sobre iluminação cênica
em situações de cena móvel
CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br
CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br
O que passa.
O que fica.
D esde 1995 que a Revista Backstage faz parte do mercado do áudio no
Brasil. Mais que do mercado, a Revista faz parte do dia a dia de todos
que trabalham com produção musical ou qualquer outra atividade ligada
ao áudio e iluminação profissionais. Sempre estivemos lado a lado de quem
promove o conhecimento e a evolução de cada show, equipamento, festi-
val ou eventos ligados à difusão do conhecimento. Não poderia ser dife-
rente neste momento.
Também se pode falar o mesmo do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival,
levado a frente por Stênio Mattos e equipe. Após momentos adversos, a
partir do quais o Festival teve que se ajustar a novas condições de realiza-
ção, a população e os turistas de Rio das Ostras não deixaram de curtir
aquele que é um dos maiores eventos de jazz do mundo.
Tudo o que foi feito nos eventos citados precisa de planejamento e conhe-
cimento. Este conhecimento, já há algumas décadas, é difundido no Brasil
por meio da seção brasileira da Audio Engineering Society (AES Brasil),
que promove eventos, workshops e a convenção nacional, que já está em
sua vigésima segunda edição. Como destaque este ano, a justíssima home-
nagem a quatro personalidades fundamentais na evolução do áudio brasi-
leiro: Carlos Pedruzzi, Carlos Ronconi, Framklim Garrido e Joel Brito.
As crises vem e vão, mas o mundo não para. Enquanto isso, estes e outros
acontecimentos do áudio, música e iluminação profissional estão – como
sempre estiveram e sempre vão estar – nas páginas da Revista Backstage.
Boa leitura
Miguel Sá
facebook.com/backstage.revista
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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br
NEXO ID24
https://nexo-sa.com/systems/id-series/
O ID24i é para instalação fixa. O ID24t é indica-
do para turnês. Os gabinetes podem ser instala-
dos horizontalmente ou verticalmente, em fly, ou
usados como front fill. Os Subs dedicados da Sé-
rie ID estão disponíveis para estender a resposta
de baixa frequência.
Com drivers de formação em V, o ID24 pode ser
montado horizontalmente ou verticalmente.
Com uma corneta giratória que permite ao usuá-
rio selecionar rapidamente entre 60 ° x 60 °, 90 °
x 40 °, 120 ° x 40 ° ou 120 ° x 60 ° (de acordo com
a corneta), o ID24 oferece flexibilidade de alto-
falantes compactos com um gabinete que ofe-
rece som e desempenho, seja montado horizon-
talmente ou verticalmente. Compacto e po-
tente, os alto-falantes e os subwoofers são ide-
ais para uma colocação horizontal discreta em
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paredes ou tetos.
D&B MAX 2
https://www.dbaudio.com/global/en/
O monitor de palco O MAX2 passivo de 2 vias
apresenta um driver de 15 polegadas e um
driver de compressão coaxial de 1.4 polegadas.
O MAX2 é um monitor de palco com presença
vocal e clareza; som neutro e balanceado; alta
estabilidade de feedback e capacidade de alto
nível de pressão sonora. O monitor MAX2
tem crossover passivo e pode ser conduzido no
modo de canal duplo usando a configuração
específica em um amplificador de potência li-
near apropriado.
Os corredores especialmente projetados evi-
tam movimentos indesejados quando usados
como monitor de palco, enquanto o suporte
de polo integrado torna o MAX2 adequado
para pequenas aplicações de PA. O software de
monitoração remota MAX2 da d & b cria uma
interface de usuário flexível. O software de
controle remoto R1 fornece todos os recursos, funções e controles disponíveis na frente dos amplificadores da
d & b, que podem ser controlados e monitorados remotamente. As funções de serviço permitem atualizações de
firmware dos amplificadores sempre que estiverem disponíveis, enquanto as ferramentas de monitoramento
verificam se o sistema funciona dentro de uma condição predefinida. O software de controle remoto incorpora
o equalizador de cada canal do amplificador d & b dentro do software para fazer ajustes em qualquer posição.
B&C SUBWOOFER 18DS115
https://www.bcspeakers.com/en/
products/lf-driver/18-0/8/18ds115-8
Este subwoofer utiliza uma bobina de
voz de alumínio de quatro camadas. O
resultado é mais energia no gap, maior
sensibilidade, menor distorção e me-
lhor desempenho geral. O 18DS115
possui uma bobina de voz de fio de
alumínio revestida de cobre com 40
mm de comprimento e 4,5 polegadas
de diâmetro (116 mm). Com uma po-
tência AES de 1700 watts, sensibili-
dade de 98 dB e mais de 14,0 mm, este
subwoofer é um avanço significativo
em relação a modelos semelhantes da
gama B & C.
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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br
CAMEO EVOS S3
https://www.cameolight.com/en/solutions/install/moving-lights/spot-moving-heads/19887/evos-s3
O Cameo Evos S3 é uma moving head com LED branco de 350 watts especialmente desen-
volvida para uma distribuição de luz uniforme. Ele oferece desempenho de 12.000
lm, pan e tilt rápido de 540 ° e 270 ° . O equipamentoe produz cores brilhan-
tes e vibrantes a partir de mistura de cores CMY e correção linear de
CTO. O foco de luz também possui uma roda de cores com 7
filtros dicróicos e um zoom motorizado que muda o ângulo do
feixe de 10 ° para 38 °. O Evos S3 é equipado com um foco mo-
torizado e um diafragma de íris continuamente variável que fa-
cilita os efeitos de pulso de até 2 Hz, e um frost filter continu-
amente ajustável fornece uma propagação suave. Com dois dis-
cos de gobo e um prisma circular de 3 faces, o Evos S3 é equipa-
do para projeções e efeitos. O disco de gobos rotativo é equipa-
da com sete gobos de vidro indexáveis. O disco de gobo estático
está equipado com 8 gobos de metal. Todos os gobos podem ser
facilmente trocados e combinados com os prismas rotativos e
indexáveis ??para efeito máximo.
O Evos S3 oferece opções de controle flexíveis via DMX,
RDM, Art-Net, sACN ou o transceptor W-DMX incorpora-
do. Ele possui carcaça robusta de metal e ABS com uma vento-
inha silenciosa com temperatura controlada, entradas e saídas
DMX de 3 e 5 pinos e tomadas de energia compatíveis com
POWERCON TRUE1. O equipamento é fornecido com dois
suportes Omega e cabo de alimentação.
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RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br
SEGUNDA INSTRUMENTAL
TEM PÚBLICO RECORDE
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RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br
Foto: Divulgação
Foto: Ag News
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RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br
Supersonido
LÔ BORGES LANÇA
NOVO ÁLBUM
Lô Borges apre-
sentou, no Sesc
Foto: Ag News
Pompeia Rio, o
disco Rio Da
Lua (Deck), seu
quinto álbum de
inéditas neste
século. Trata-se de um registro com-
posto em parceria com Nelson Ange-
lo, que conhecia Lô desde o tempo
do Clube na Esquina mas não o via
há 40 anos. Rio da Lua é um disco
rumo ao desconhecido. Toda a cria-
ção foi uma novidade, desde a par-
ceria inédita com o grande composi-
tor Nelson Angelo, até a forma como
trabalharam utilizando as mensagens
digitais para produzir as músicas.
Esse rumo ao desconhecido, por ca-
racterísticas diferentes, também está O nome Supersonido é um neolo- Rebel, e para a abertura do show do
presente no “disco do tênis” (álbum gismo derivado do espanhol que Matanza, em Duque de Caxias, no fi-
Lô Borges, de 1972). O processo significa “super som”, A banda nal de 2016. Atualmente, a banda
todo de feitura de Rio da Lua foi dife- surgiu no Rio de Janeiro, no final está gravando seu segundo álbum,
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MIGUEL SÁ | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR
PLAY REC | www.backstage.com.br
Quase memória faz parte de uma trilogia gravada por Edu Lobo, Romero Lubambo e
Mauro Senise que tem ainda os álbuns Todo Sentimento e Dos Navegantes, que ganhou
o Grammy Latino 2017. Os três músicos são expoentes da música brasileira. Edu
Lobo é compositor estabelecido desde que ganhou o Festival de Música Popular
Brasileira, em 1967, com a música Ponteio, dele e Capinam, cantada por ele e Marília
Medalha com o apoio do grupo Momento 4. Mauro Senise é um dos saxofonistas/
flautistas mais requisitados desde os anos 70, com uma consistente carreira solo.
Romero Lubambo é violonista e guitarrista dos mais prestigiados, tendo uma car-
reira de muitos anos no jazz internacional e na música brasileira.
O trabalho tem regravações e faixas inéditas, como Silêncio de Edu e Vinícius de Moraes e Peregrina, com a letra de
Paulo Cesar Pinheiro. Não faltam também outras parcerias tradicionais de Edu, como a com Chico Buarque, em
Lábia, mas a maior parte das canções é fruto de parcerias com o poeta Cacaso.
Além dos músicos protagonistas, há vários convidados de peso. A israelense Anat Cohen toca clarineta cool em
Lábia(Edu Lobo e Chico Buarque) e Branca Dias(Edu Lobo e Cacaso). O acordeonista Kiko Horta está em A terra
do Nunca(Edu Lobo e Paulo Cesar Pinheiro); Senhora do Rio (Edu Lobo) e Canudos (Edu Lobo e Cacaso). Bruno
Aguilar toca nas faixas que tem contrabaixo e quatro das músicas tem a bateria de Jurim Moreira. O pianista
Cristóvão Bastos toca em seis faixas. O pianista e arranjador está em outras gravações da trilogia, sendo autor de
Todo Sentimento; e arranjador da instrumental de Edu Lobo, Noturna, em Dos Navegantes.
O álbum foi gravado e mixado nos estúdios da gravadora Biscoito Fino por Gabriel Pinheiro e masterizado por Luiz Tornaghi.
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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br
HISTÓRIA
A série de vídeos documentais História
Secreta do Pop Brasileiro, dirigida pelo
jornalista André Barcinski é um traba-
lho raro e imperdível para quem quer
conhecer um pouco da história da músi-
ca no país. Em 8 episódios de aproxima-
damente meia hora, o diretor mostra
personagens desconhecidos e conta
histórias divertidas dos bastidores do
cenário musical brasileiro a partir dos
anos 60. Prova, inclusive, que nem tudo
o que você ouvia era uma obra de quem
aparecia no disco.
dia 8 de junho, data da morte do cio estratégico. Já a Paulinha está números desses youtubers ou digital
vocalista Andre Matos, como o dia se divertindo com a corneteada na influencers?
do heavy metal. internet e a repercussão da grava-
ção constrangedora. ATIVISMO BOBOCA
FESTA NACIONAL DA O Festival João Rock 2019 que
MÚSICA 2019 PERDA aconteceu em Ribeirão Preto no
Em constante crescimento, o even- O guitarrista e cantor Dave Mus- mês passado voltou a ser inunda-
to que se consolidou como uma ver- taine revelou que está lutando do com discursos contra tudo e
dadeira convenção da música brasi- contra um câncer na garganta des- contra todos de todo o mundo.
leira e agrega a participação de cen- de o início do ano e por conta disso Historicamente ativistas de cau-
tenas de profissionais ligados ao afirmou que a vinda do Megadeth sas nem sempre nobres, alguns
segmento, divulgou mais um ao Brasil está cancelada. O grupo artistas usaram seus espetáculos
dos homenageados desse ano. estava escalado para o Rock In Rio para protestar contra muitas coi-
Com presença já confirmada, o e tocaria na mesma noite do Iron sas. O erro foi imaginar que todo
presidente da Warner do Brasil, Maiden, Scorpions e Sepultura. o jovem é de esquerda ou um bo-
Sérgio Affonso, receberá o troféu boca desinformado. No soma-
pela contribuição da Warner à mú- MÁ QUALIDADE tório desses discursos emergiram
sica brasileira. Alguns cabos de origem asiática mais vaias do que aplausos. Os
estão de esfacelando com ape- tempos são outros...
DIFERENÇA nas alguns meses de uso. A ca-
Assim como no futebol, não se mada plástica flexível que reco- BONS E CAROS
pode comparar eras e gerações dife- bre o filamento simplesmente Apesar da qualidade do produto,
rentes sem um referencial confiável. vai rachando e se quebrando os novíssimos pedais série 200 da
Num papo descontraído com um sem qualquer ação dinâmica Boss vão encontrar uma dificulda-
professor de engenharia de siste- que justifique o dano. Má quali- de previsível para conquistar mer-
mas e amigo de longa data, ele me dade associada à busca de preço cado... O preço.
atordoou com um dado racional, baixo e competitivo parecem
mas impressionante. Amante da formar o cenário que está irri- PROFISSIONALISMO
música e como eu, aficionado por tando consumidores. No mês passado a dupla Zezé de
tecnologia, ele discorria sobre a mú- Camargo e Luciano tinha um
sica eletrônica embrionária dos VENDA CASADA show no Maranhão à noite, mas
anos 60 e a atual disponibilidade de No mês passado falei dos moder- ao chegarem pela manhã no aero-
recursos. “Um celular mediano que nos amplificadores de guitarra porto de Guarulhos, foram infor-
hoje custa menos de mil reais na com simuladores e efeitos oriun- mados que a TAM não cumpriria
loja tem 30 vezes mais capacidade de dos de complexos DSPs incorpo- o horário previsto para o voo e as-
processamento e armazenamento rados na nova geração desses sim chegariam tarde e frustrari-
do que todos os então modernos equipamentos. Um leitor atento am a apresentação. Imediata-
computadores reunidos e usados pe- me chamou a atenção para um as- mente e com recursos próprios,
los alemães do Kraftwerk e Giorgio pecto que tem similaridade com os artistas fretaram um avião
Moroder”. Embora dono de um apa- uma pegadinha comercial. Nem para leva-los e a toda a equipe
relho meio muquirana, fiquei pen- todos os amplificadores com essa até o nordeste para cumprirem
sando o que esses gênios não fariam característica vem com os foot rigorosamente o contrato. Isso eu
com o meu celular. controladores adequados. Quem chamo de profissionalismo.
quiser usar todos os efeitos de for-
JUNTOS NADA ma prática ou em shows precisa MADE IN BRAZIL
A gravadora do Luan Santana man- comprar em separado o foot origi- Não são poucas as funkeiras cario-
dou ele sumir no horizonte depois nal completo que sempre custa cas que anunciam participações de
do mico de regravar Shallow com a muito caro. Na boa, isso é esperte- gringos em seus shows aqui e lá
Paula Fernandes. Além de “man- za ou burrice? fora. Tem gente até fazendo turnê
dar o Lima” na gravação do DVD internacional e ganhando prêmios
da cantora, em Minas Gerais, o ra- CREDIBILIDADE com isso. A onda de cantar com a
paz deu uma mergulhada no silên- Será que alguém ainda confia nos bunda parece que decolou de vez...
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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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Framklim Garrido fomos reconhe-
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
mo Pedruzzi, um dos criadores do naquela época, no Brasil, ainda era bem direto, o digital é bem mais
IATEC, no Rio de Janeiro, e Fram- não havia tanto profissionalismo. obscuro no sentido de ter uma ‘má-
klim Garrido, que atua há mais de 20 Hoje em dia tem mais gente tecni- gica’ que não é tão evidente. Tem
anos como professor no Instituto de camente capaz e o áudio é encara- outras áreas, além do áudio, as quais
Audio e Video, em São Paulo. do como uma profissão. Não é mais você tem que saber mais: IP, rede,
aquele pessoal que ficava atrás da bit... Facilitou muito, mas também
OS HOMENAGEADOS mesa para fazer som para os ami- exige muito mais de atenção e en-
Há mais de trinta anos Carlos gos. É importante ser reconhecido tendimento de outras tecnologias
Ronconi tem atuação no áudio como alguém que contribuiu para que vieram junto”.
para TV, contribuindo de forma isso. Mas todo mundo me ajudou, O técnico de som, engenheiro e
decisiva para o desenvolvimento porque ninguém faz nada sozinho. educador da área de áudio Carlos
deste segmento do áudio no Brasil. Estive sempre apoiado por gente Pedruzzi participou de vários mo-
Carlos Ronconi estudou engenha- que compra a ideia e faz junto. Tan- mentos fundamentais do áudio
ria de som cerca de um ano e meio to eu quanto o Carlos Pedruzzi e o brasileiro, desde quando trabalha-
em Nova York, no início dos anos
80. Quando voltou ao Brasil, traba-
lhou em estúdios como o Tran-
samerica e o Nosso Estúdio, em São
Paulo. Após trabalhar na Som Li-
vre, no Rio de Janeiro, com a Rede
Globo, no programa Chico & Cae-
tano, foi definitivamente incorpo-
rado ao time da emissora onde ficou
até se desligar, há pouco.
O profissional comemora a home-
nagem e o reconhecimento pro-
movido pela AES Brasil. “Para
mim foi uma honra e um privilégio
muito grande. Sou membro desde
1981. Quando entrei, estava nos
EUA estudando e achei essa a me-
lhor chance de saber o que se pas-
sava no mundo do áudio, porque Carlos Ronconi pretende se dedicar mais à parte estudantil da AES Brasil
vindos de um mundo analógico.
Essa eletrônica digital, não só no
nosso campo, promoveu uma aber-
tura de portas imensa para uma
criatividade. Muita coisa que era
limitada deixou de ser, então a
ideias tomaram rumos inimagi-
náveis. Outra, que muito me seduz,
diz respeito aos alto-falantes,agru-
pamento, gerenciamento e con-
trole de sistemas, que também so-
freu uma mudança, uma evolu-
ção tecnológica”.
Framklim Garrido concorda com
Pedruzzi no que diz respeito à evo-
lução tecnológica dos transdu-
tores. “Realmente, se houve uma
Framklim Garrido se impressiona com a evolução dos transdutores grande evolução, foi nas tecno-
logias dos transdutores: as caixas
va junto à Mac Audio, ainda nos técnicos comprometidos com a de som, que sempre foram o elo
anos 80. Como um dos fundado- atividade. Só temos que estar mais fraco da cadeia de áudio. Na
res do IATEC, deu uma contribui- atentos que a profissionalização parte de eletrônica, o pessoal já
ção decisiva na difusão do conhe- não é apenas a coleta e junção de dominava há muito tempo. O que
cimento. “Recebi a noticia (da ho- um conhecimento. Mas também o foi melhorando com o passar dos
menagem)com muita alegria. Uma compartilhamento desse conheci- anos? As tecnologia dos trans-
feliz surpresa. Acho que a nossa mento, que é uma experiencia en- dutores. Os modelos das caixas de
geração é muito autêntica nesse grandecedora”, comenta. som e a qualidade dos componen-
aspecto. Muitos que eu conheço Entre as mudanças tecnológicas tes que compõe o transdutor, as-
dessa época estavam na atividade que testemunhou nos últimos anos, sociados aos amplificadores digi-
por pura paixão. Então, buscar o Pedruzzi detaca duas: “a eletrônica tais, tudo em um conjunto peque-
conhecimento era a nossa única digital, que para muitos de nós é no e prático, para quem trabalha
opção. As discussões eram intensas uma coisa que foi implementava em sonorização ficou fácil fazer
e muitas, e a formalização (da difu- quando já eramos profissionais um show de grande porte. O cha-
são do conhecimento), eu acredito
que tenha sido uma consequência
da jornada de muitos de nós. Um
amadurecimento. Divido esse re-
conhecimento com tanta gente
com quem convivi e convivo. Par-
ceiros e amigos desde uma época,
há quarenta e tantos anos, quando
começamos nisso, até os dias de
hoje, em que estou em plena ativi-
dade”, comemora.
Pedruzzi destaca as mudanças
comportamentais no meio do
áudio brasileiro. “O conheci-
mento realmente se espalha de
uma forma impressionante, em
uma velocidade absurda, e cada
vez mais gente tem acesso. Im-
pressiona a quantidade de bons Demonstração dos lançamentos da Yamaha
25
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
26
mado processo de array, as ‘tripas’ o IATEC e eu fiquei no IAV. Isso ças ao trabalho dele. Se depen-
penduradas do lado do palco, aqui- é uma tremenda renovação. Fa- desse dele não teria essa home-
lo tem uma tecnologia bastante lar com o mais jovem. Tem que nagem. E ele merece pelo traba-
grande. Claro que tem proble- tentar entender o jovem, ou não lho dele na AES e no áudio”, re-
mas. Não se faz omelete sem que- tem comunicação. Essa questão força Anselmo Paulista.
brar os ovos, mas, para a presta- de passar a informação é comum
ção de serviço, é mai fácil fazer a nós três. Acho que tentamos PARTICIPAÇÃO
hoje um evento para um número dizer pros caras como errar me- O presidente da AES Brasil faz
maior de pessoas”, analisa. nos”, diz, ressaltando a impor- ainda uma convocação aos pro-
Framklim, desde os anos 70, tância da homenagem recebida fissionais de áudio para que
ajuda a promover a evolução por ele e os colegas: “qualquer participem da entidade. “Só o
tecnológica no aúdio brasileiro, coisa no Brasil que lembre quem conteúdo que você tem na bi-
tendo, inclusive, projetado um realizou, acho bacana, porque blioteca eletrônica da AES, de
crossover quando isso ainda não cria um link com a história, e 1946 até hoje, todos os papers e
estava no radar do áudio nacio- pode ter uma quantidade de er- pesquisas... Muita coisa as pesso-
nal. “Até comentei com o Joel ros menor”, conclui o engenhei- as pensam que são conceitos no-
Brito que só progredi quando es- ro. vos, mas já estão em papers de 20,
tava fazendo os meus divisores Além da homenagem aos três 30 anos atrás. Então a importân-
eletrônicos passivos, tipo de profissionais de áudio, a entidade cia de o profissional de áudio par-
equipamento que hoje estão in- também promoveu uma home- ticipar da AES é grande para o pró-
corporados em DSPs de qualquer nagem surpresa a Joel Brito. Esta prio profissional. A AES Brasil é
caixa, porque li papers da AES”, honraria somou-se à que ele já mantida por trabalho voluntario e
relembra. A partir dos anos 90, havia recebido na convenção da patrocínio. Não tem nenhum fim
começou também a atuar como AES Internacional, no mês de lucrativo A anuidade que o profis-
professor. “Esse negócio de dar março, em Dublin, na Irlanda. sional paga não vem para a AES
aula foi insistência do Claret “Sem ele muita coisa não teria Brasil. Vai para manter a biblioteca
(Marcelo Claret, do IAV). O acontecido. Ajudamos em tudo o e as atividades. Para participar, vá
Ronconi criou uma academia que pode, mas muito do que a no site da AES internacional, o
dentro da Globo, o Pedruzzi tem AES Brasil é hoje acontece gra- aes.org”, diz Anselmo.
AES 2019
27
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
28
Durante quatro
E ntre os dias 6 e 9 de junho, o Rio de
Janeiro sediou o Rio Montreux Jazz
Festival. Os 44 shows foram assistidos
Di Meola, John Scofield, Corinne
Bailey Rae, Stanley Clarke, Stevie Vai,
Maria Rita e Quarteto Jobim, Ivan Lins
por 18 mil pessoas. A cidade é a primei- e o pianista cubano Chucho Valdes,
dias, o Rio de
ra na América Latina a receber o festi- Frejat com Pitty e Zeca Baleiro, David
Janeiro recebeu o val criado em Montreux, na Suiça. O Moraes e Pedro Baby com Jr Tolstoi no
melhor do jazz epicentro do foi o Pier Mauá, na zona show A Guitarra e o Tambor e Andreas
portuária da cidade, com três palcos: o Kisser com o Instrumental Acoustic Me-
mundial em shows Tom Jobim, com capacidade para 773 tal, entre muitos outros shows.
exclusivos. O evento pessoas no Armazém 2, o Villa-Lobos, Além dos shows pagos no Pier Mauá,
para 3500 pessoas em pé e o Ary Bar- ainda havia cinco palcos com shows
também teve palcos roso, na varanda do píer. gratuitos em diferentes pontos da cida-
gratuitos espalhados Também havia o Village, a área de de. No Parque Madureira era o Palco
convivência, com os food trucks e ex- Pixinguinha, com dois shows por dia
na cidade
posições temáticas ligadas ao Festival. durante o festival. Em outros quatro
Miguel Sá Entre as atrações que tocaram nestes pontos da cidade estavam os palcos
redacao@backstage.com.br palcos, estavam Hamilton de Holanda Montreux Urbano – Praça Nossa Se-
Colaboração: Leonardo Costa e Paulinho da Costa, o Pife Muderno nhora da Paz, Praça Varnhagen, Parque
Fotos: Marcos Hermes / Divulgação de Carlos Malta, Hermeto Pascoal, Al das Rosas e Praça Largo do Machado.
Nesses lugares, a ideia foi promo-
ver novos valores da música, assim
como apresentar trabalhos de mú-
sicos mais experimentados em
shows exclusivos para o evento.
SHOWS
A Revista Backstage esteve pre-
sente em algumas das apresenta-
ções nos dias 6, 8 e 9. No primeiro
dia, aconteceu a de Maria Rita
com o Quarteto Jobim no show
Chega de saudade: 25 anos sem Tom
Jobim, jutamente no Palco Tom
Jobim, com músicas como Anos
Dourados e Garota de Ipanema. Ain-
da no mesmo dia, houve a apresen-
tação de Al Di Meola Opus 2019 &
More, no mesmo palco. O violão
de Di Meola foi acompanhado por
piano e acordeon. Pra finalizar o
dia, no Palco Villa-Lobos, Steve Vai
chegou com tudo trazendo o bom
e velho classic rock com participa-
ções mais que especiais como a de
Andreas Kisser do Sepultura, que
subiu ao palco, e no telão as partici-
pações de Joe Satriani e John
Petrucci, que acompanharam Steve
em vídeos pré-gravados.
No dia 8, Corinne Bailey Rae con-
tagiou o público com sua simpatia e
doce voz. Homenageou Bob Marley
Gaetano Lops (Gael), Marco Mazzola (MZA) e Claudio Romano (Dream factory), realizadores do festival.
e empolgou os presentes com seu
hit Put Your Records On. No dia 9, o passando também por outros gran- com Maracatu Atômico. Encerran-
violinista Allyrio Mello, um dos des clássicos do rock. No mesmo do a noite do dia 9, Ivan Lins no
primeiros a tocar violino elétrico dia e mesmo palco A Guitarra e o Palco Villa-Lobos com o show
no Brasil, abriu o Palco Ary Barro- Tambor com Davi Moraes, Jr Tostoi Brasil Cuba, ao lado de Chucho
Valdés e Irakere, relembrou seus
No dia 8, Corinne Bailey Rae contagiou o público grandes clássicos e temas de nove-
la como Vitoriosa e Lembra de
com sua simpatia e doce voz. Homenageou Bob Mim, entre outros.
Marley e empolgou os presentes com seu hit Fica o registro da ótima organiza-
ção do Festival. A maioria dos
Put Your Records On. shows começaram na hora mar-
cada, com público tranquilo e
so e mostrou que a mistura do clás- e Pedro Baby, mostraram a grande interessado em música. Mazzola,
sico com o dance funciona muito combinação entre percussão, bate- visivelmente emocionado, su-
bem. Allyrio tocou músicas clássi- ria, baixo e guitarras homenagean- biu no palco para agradecer
cas com batidas EDM e um vasto do Baby do Brasil com Menino do o público e artistas em vários
repertório que foi de Brasileirinho a Rio, James Brown com I Feel Good e shows, como o de Corinne, Steve
Starway to Heaven do Led Zeppelin, Chico Science & Nação Zumbi Vai e Ivan Lins.
29
Foto: Divulgação / Veja.com
ENTREVISTA| www.backstage.com.br
30
O produtor Marco
Mazzola, figura
fundamental na
MAZZOLA
música brasileira dos
últimos 45 anos,
dispensa maiores
E A VITÓRIA DA MÚSICA
apresentações.
O idealizador da
edição brasileira do
R evista Backstage - Conte sobre a
sua relação com o Montreux Jazz
Festival. Desde quando tem uma par-
RB -Houve uma edição em SP nos
anos 70. Por que a escolha do Rio de
Janeiro desta vez?
ceria com eles? Como surgiu a ideia de MM - Nunca houve uma edição oficial
Festival de Montreux fazer no Brasil? em São Paulo e sim uma ideia de usar os
concedeu entrevista Marco Mazzola - Minha relação com o músicos que iriam tocar no festival e
festival vem desde 1977, quando fize- convidar para fazer um evento com es-
exclusiva para a mos a primeira. Noite Brasileira no Fes- tes artistas, uma experiência que não
Revista Backstage tival na Suíça com Gilberto Gil e a Cor deu certo. É importante dizer que o
onde explica o do Som. Depois deste ano, a noite brasi- evento que aconteceu em São Paulo nos
processo de construção leira tomou uma importância muito anos 70 não foi uma edição completa
grande. Em 1980, chegamos a produzir nos moldes como o Festival acontece na
do Festival e os planos duas noites. Levamos 95% da música Suíça, seguindo o padrão e o formato do
para o futuro. brasileira para se apresentar lá e com Festival. Essa edição realizada esse ano
isso as portas para a música na nos festi- no Rio representa a primeira vez que
Miguel Sá vais de verão na Europa explodiram. acontece nas Américas. E a ideia sempre
redacao@backstage.com.br Hoje, temos na Europa mais de 200 fes- foi fazer este evento no Rio de Janeiro. É
Foto: Divulgação / Veja.com tivais com música brasileira. uma cidade com uma vibração muito
parecida com Montreux, uma ci- palcos do Pier Mauá como nos sença no evento como na vibração
dade com uma musicalidade muito cinco palcos gratuitos que tive- durante os shows. Um termômetro
forte, reconhecida no mundo intei- mos na cidade, é a principal res- muito rápido que se tem hoje são as
ro com importante centro cultural. posta que as pessoas esperavam redes sociais, e a quantidade de
Depois de muitos anos conversan- um evento como este. postagens positivas com o nome
do com a Fundação de Montreux do evento foi muito grande. Uma
consegui, graça nossa relação de RB -A partir de quando foi decidido unanimidade é que o Rio de Janei-
anos de confiança, convencer a tra- fazer o festival, quanto tempo trans- ro precisava de um festival que ti-
zer o festival para a América Latina. correu até a realização efetiva? vesse jazz e boa música, além de es-
MM - Foi decidido há seis anos paço para nomes novos e promis-
RB -Em que momento percebeu precisamente, antes do Fundador sores. O local também é um ponto
que, efetivamente, seria possível Claude Nobs vir a falecer. Era um muito forte – o astral do Pier Mauá
fazer o Festival no Brasil? sonho antigo dele e meu. e a vista da Baía de Guanabara aju-
MM - Eu sempre soube que seria daram a criar um ambiente muito
possível – temos todas as condi- RB - Como foi o planejamento? bom – e até lembrar de Montreux,
ções necessárias para essa realiza- escolha de locais, datas... onde o festival acontece na beira
ção. Mas não basta ter as condições MM - Muita loucura. Foram oito do lago. Os artistas ficaram encan-
– precisa ter o momento certo, a palcos, 54 artistas e dois meses para tados com a vibração e com a orga-
equipe certa, e, claro, um line up de montar um line up. Foi um mo- nização. Citando alguns, Steve Vai
arrebentar. Não vou negar que a mento muito difícil e desafiador. e Al Di Meola postaram em suas
condição econômica é fundamen- Posso dizer que Deus, como sempre, redes oficiais muitos elogios à pro-
tal para um evento desse porte. esteve ao nosso lado tornando tudo dução e ao público, e já disseram
Ter patrocinadores é essencial – e mais criativo e eficiente. que querem voltar. Stanley Clarke
marcas que tenham forte identifi- também já saiu do palco fazendo
cação com a proposta do festival. RB - De que forma foram escolhi- planos para uma nova apresenta-
Para essa produção, eu entendi das as atrações? A curadoria foi fei- ção em 2020.
que minha expertise artística e de ta por você? Ou teve algum apoio?
todo o time da MZA era funda- MM - A Curadoria foi feita por RB -Já há planos para os próxi-
mental, mas era importante ter mim e meu time da MZA, que aju- mos anos?
como parceiros neste projeto a dou a fazer toda a conexão das mi- MM - Esse é o tipo de evento que
empresas que também tivessem nhas ideias. antes de terminar você já está ima-
muita experiência em produção ginando como será o próximo. Já
e também na captação e relacio- RB - Quantas pessoas teve na estamos confirmados para 2020 e
namento com patrocinadores. equipe que o auxiliou? posso dizer que o trabalho já come-
Para completar então o time de MM - O evento gerou cerca 1.200 çou. Quem não pôde vir esse ano –
empresas responsáveis pelo Rio empregos diretos e indiretos em muitos músicos já estavam com
Montreux Jazz Festival nos uni- todas as etapas de produção. agenda fechada quando iniciamos
mos à Dream Factory e à Gael. a produção – já fez contato queren-
Com este festival, as portas estão RB - O que aproveitou da experiên- do saber as datas do próximo. Va-
se abrindo para jovens músicos cia da organização em Montreux? mos ter alguns ajustes sempre bus-
aqui no Brasil. Até então nossos Ou é muito diferente a organização cando melhorar a experiência do
artistas jovens brasileiros faziam do festival aqui e lá? público e oferecer o melhor – mas
muito sucesso no exterior e aqui MM - A nossa organização é dife- essa busca pelo melhor nunca ter-
eram extremamente desconheci- rente de lá, trouxemos toda a con- mina. Posso dizer que a cabeça da
dos. Amaro de Freitas e Diego cepção, mas sem tirar a essência da equipe já está a mil pensando em
Figueiredo por exemplo, foram nossa cultura brasileira. encontros inéditos, shows exclusi-
revelados nesta 1ª Edição do Rio vos e muitas novidades.
Montreux Jazz Festival e convida- RB - Qual o balanço que faz do evento?
dos a tocar agora em Julho no Fes- MM - Foi uma edição muito mar- RB -Algo mais que gostaria de
tival de Montreux da Suíça. Esse cante. Esse é um projeto de muitos comentar?
intercâmbio é muito bacana. A anos. A receptividade do público MM - Rumo a 2020 com mais
presença do público, tanto nos foi muito boa – tanto com a pre- tempo e sabedoria.
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COM A MÚSICA
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NA ALMA
Rio das Ostras Jazz & Blues consolida a sua imortalidade
Com duas dezenas de
atrações representando
um pouco do melhor
E m tempos esquisitos para a econo-
mia, um dos maiores festivais do
mundo mostrou a sua força e definitiva-
or produtor do gênero no pais, o irrequi-
eto Stenio Mattos, o festival completa
quase duas décadas se multiplicando
do blues e do jazz mente se tornou imortal no coração dos em elogios e presença de público. Há
contemporâneo, o Rio amantes da boa música. Localizada no duas décadas atrás, seria inimagi-
litoral norte do estado do Rio de Janei- nável se contabilizar mais de 50 mil
das Ostras Jazz &
ro, a pequena cidade que dá nome ao es- pessoas aplaudindo e participando
Blues 2019 repetiu o petáculo foi outrora uma vila de pesca- por 4 dias e de forma quase messiâ-
sucesso e confirmou a dores que ao longo do tempo foi surpre- nica de uma intensa programação
sua importância como endentemente inserida no mapa mun- num evento que atravessa o tempo e
evento e celebração. dial dos eventos voltados a dois dos tem repercussão mundial.
mais apaixonantes segmentos musicais E isso aconteceu mais uma vez...
Gustavo Victorino do planeta, o jazz e o blues. Com o palco principal na praia da Costa
Fotos: Cézar Fernandes Através do trabalho incansável do mai- Azul e demais palcos espalhados pela ci-
dade, o festival desfila atrações na- nou a todos. The Mo’Zar Jazz Band, dia do evento começa com novida-
cionais e internacionais que atra- uma pequena orquestra de jovens des interessantes da região norte
em turistas e aficionados de todo o das Ilhas Maurício, localizadas no do Rio de Janeiro com a alegria de
país e até do exterior. Os números distante Oceano Índico, veio en- Gabriel Silva, Onda de Sopro e os
mostram que a economia recebe cantar a todos com uma simplici- paulistas elétricos do Bexiga 70.
um incremento que transcende os dade étnica e simpatia contagiante Todos com shows impecáveis.
limites geográficos do município e ao interpretar canções com ritmos Entre as atrações internacionais o
acabam atingindo toda a região. típicos da sua região. Composta destaque ficou para a poderosa e len-
No final, todos ganham... Hotéis, por duas dúzias de jovens estudan- dária voz de Dianne Reeves acompa-
pousadas, restaurantes, lojas e o tes que atravessaram o mundo para nhada pelo genial guitarrista brasi-
comércio em geral vivem um verda- mostrar um pouco da sua cultura, a leiro Romero Lubambo e uma banda
deiro boom nas vendas que a muito orquestra mostrou porque a músi- de deixar qualquer um de queixo ca-
tempo vem sendo apoiado e in- ca é uma linguagem mundial. ído também pela presença de alguns
crementado pelo poder público do Ainda no primeiro dia, atrações dos maiores músicos do Brasil, como
município. E Stenio Mattos com- nacionais como Serginho do Trom- o baixista Marcelo Mariano e o
pleta: “o Rio das Ostras Jazz & Blues bone, Flávio Guimarães e Fernando tecladista Paulo Calazans.
faz a roda da economia girar em todo Magalhães, Chico Chagas e Ma- Ainda na mesma noite o jazz clás-
o litoral norte do Rio de Janeiro”. E cahyba Jazz, se juntaram aos ameri- sico do saxofonista novaiorquino
todos concordam com ele. canos do Simi Brothers liderados Bob Franceschini seguido pelo
Nos palcos, os espetáculos são de por Big James, e no fechamento da blues efervescente e incendiário
encher os olhos e os ouvidos. noite, outra grata surpresa vinda do de Lucky Peterson. Os dois gringos
No primeiro dia (quinta feira, 20 Haiti com o elétrico Vox Sambou e mostraram o porquê da sua es-
de junho), o show inicial já trouxe a sua contagiante música creole. calação em shows corretos com o
a primeira surpresa que emocio- Na sexta-feira, dia 21, o segundo melhor dos seus estilos.
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No terceiro dia, as atrações nacio- Rogers subiu ao palco e o público goa de Iriri, ao norte da cidade.
nais foram Sonja e Jonathan Ferr petrificou já no primeiro acorde. O E assim, ano após ano, o Rio das
que apresentaram repertórios inte- maior slide guitar man do mundo Ostras Jazz & Blues coloca mais
ressantes em shows corretos mos- mostrou porque é admirado por uma nova estrelinha no céu da
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trando a que vieram no evento. guitarristas dos quatro cantos do enorme constelação musical do
No segmento da noite, os shows planeta. Acompanhado apenas por planeta. As autoridades munici-
internacionais, e os melhores de um baixista e baterista, e que bateris- pais e o SESC, patrocinador do
2019... The Jig, da Holanda, é uma ta, o pequeno senhor de barba bran- evento de 2019, já confirmaram o
banda que dá um protagonismo ca hipnotizou a plateia e ao final do evento para ano de 2020 e a música
surpreendente aos metais e como show foi inevitável os muitos pedi- de qualidade agradece. Que o sol
novidade agregou um cantor que dos de bis. No jargão bluseiro, Roy continue brilhando para o maior
encorpou ainda mais um grupo que Rogers quando sai do palco deixa festival do gênero na América La-
sempre é recebido com carinho terra arrasada. O melhor show de tina e um dos maiores do mundo.
por onde passa. Alegrar a plateia é 2019 foi dele e Rio das Ostras mais A música merece ...
uma obviedade nas apresentações uma vez o aplaudiu de pé.
Para saber online
da banda que conquistou o coração No quarto e último dia (domingo,
das 15 mil pessoas que comparece- dia23), Lucky Peterson e The Jig Acesse o site oficial do evento:
ram nesse dia. voltaram a se apresentar e fechar o
Mas a cereja do bolo da edição 2019 evento com chave de ouro no em- www.riodasostrasjazzeblues.com
era previsível. O inacreditável Roy blemático palco às margens da La-
MARATONA DO RIO:
muito mais que uma corrida
A Maratona do Rio é
muito mais que
milhares de pessoas
Q uando não se conhece o evento da
Maratona do Rio, é fácil de pensar
que se trata apenas de milhares de cor-
placo principal – o da chegada – teve um
show, que foi de Lan Lanh. No segundo
dia, 23 de junho, houve shows no Palco
redores buscando completar os 42,5 Praça XV com DJ Bru Galtieri e Sofia
tentando vencer 42
quilômetros da prova. Engano. Primei- Ceccato; no Palco da rua Joaquim
quilômetros e meio ro que não tem apenas a disputa da ma- Nabuco, com DJ Lala K e Lara Klaus; no
de distância. ratona: há também uma meia maratona Palco AquaRio, com DJ Cacau e Denize
Há também palcos e com percurso diferenciado disputada Rodrigues; no Palco Copacabana Hotel
um dia antes. Em segundo lugar, o even- JW Marriott, comDJ Carol Emmerick e
shows espalhados no
to é maior que a corrida – que já não é Layse; e no Palco Enseada de Botafogo
percurso, além da pouca coisa. Acontece também, de for- com Marie Buret e Vanessa Belucio. A
área de largada e ma paralela, a Maratona com Arte. área de chegada, no Aterro do Fla-
chegada, que exigem A Maratona com Arte acontece duran- mengo, teve o show de Emanuelle Ara-
te os dois dias nos quais se divide o újo no Palco Arena de Chegada: o maior
apoio de áudio, grande evento da maratona: no primei- dos palcos e com mais estrutura.
luz e estruturas. ro, ocorre a Meia Maratona, ocorrida no Os palcos, que tiveram a curadoria de Zé
sábado, 22 de junho; no segundo, a Ma- Ricardo, também reponsável pelo palco
redacao@backstage.com.br ratona do Rio propriamente dita. No Sunset, do Rock in Rio, foram ocupados
Fotos: Ernani Matos entanto, no primeiro dia, apenas o somente por mulheres. Isto porque a or-
ganização quis incentivar mais
mulheres inscritas para a prova de
42km, que nesta edição represen-
taram apenas 30%. Houve a preo-
cupação de que os shows mantives-
sem um ritmo acima de 120 bpms,
para não propiciar que o ritmo dos
corredores caísse.
EXPERIÊNCIA: APOIANDO
AS NOVIDADES E
EVITANDO PROBLEMAS
Já há dez anos que a Inside – que
Foram usados sistemas padrão de alto nível na sonorização tem os sócios Bruno César, da área
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comercial; Marcelo Gargaglione,
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responsável técnico/logístico, e
Emerson Martins, também da área
comercial - atende ao evento. Mas
no início era bem diferente, como
explica Bruno. “Fazíamos uma
ação patrocinada pela Light no tú-
nel (entre São Conrado e Barra)
com painel de LED. Era um evento
muito menor. A primeira virada
foi há uns seis anos, quando a che-
gada no aterro começou a ser im-
portante, com 10, 12 torres de
som”. No últimos dois anos acon-
teceu mais uma mudança impor-
tante, com a separação da marato-
na e da meia maratona. “O evento
Este ano os sistemas foram montados em fly.
tomou um corpo tão grande que
eles entenderam que não cabia lar- uns cinco anos pra cá”, reforça de um concerto musical, onde a
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gar mais a maratona e a meia mara- Marcelo Gargaglione, responsável banda chega com um rider pronto,
tona no mesmo dia. Por isso divi- pela área técnica e logística do já com a quantidade de canais cer-
ta, a mesa que gosta de usar, etc. O
que é mostrado é o percurso, a che-
Fazíamos uma ação patrocinada pela Light no
gada e a largada. A partir daí, Mar-
túnel (entre São Conrado e Barra) com painel de LED. celo tem que pensar e desenvolver
o sistema de forma que, por exem-
Era um evento muito menor. A primeira virada foi há
plo, não atrapalhe os moradores
uns seis anos, quando a chegada no aterro começou a dos prédios próximos ao Aterro do
Flamengo. “Cinco horas da manhã
ser importante, com 10, 12 torres de som.
já tem gente falando nos microfo-
nes, porque a largada é as seis ho-
diram no sábado e no domingo. evento. ras. Isso incomoda muito. E aí você
Nó viemos acompanhado esse A forma como o evento é apresen- tem que pensar um sistema de som
crescimento e a expolsão foi de tado para a Inside é bem diferente voltado para o mar, para não inter-
ferir e não trazer problemas para o
próximo ano. É um evento calen-
dário do Rio de Janeiro. Então tem
essa preocupação do Marcelo, que
senta com o pessoal da Dream
Factory e da Spiridom para enten-
der as necessidades, ainda mais
nesse ano que fizemos muitas visi-
tas técnicas. Foi novidade para eles
e para gente. Agora é um novo
evento”, diz Bruno.
Esse ano, a principal novidade em
relação ao ano passado foi mesmo a
decisão de usar RF. “Cabo pode
romper ou estragar. Além do RF
tem o backup, que é fibra. Conti-
nua tendo cabo, mas fazemos o
Foi montado um sistema básico de iluminação RF.”, expõe Bruno. Outra solução
go, onde acontece a largada e a che-
gada da maratona, o gerenciamento
do sistema de sonorização é feito
por meio de uma Midas operada
por Henrique Ribeiro. Ele recebe
sinal do palco, DJ e distribui para
os pontos de som. O engenheiro
de áudio usa 7 canais de entrada e
cinco saídas matrix para a área
VIP, chegada e largada, área de
food truck, patrocinadores e a ulti-
ma, que é para o palco, de onde
também recebe sinal quando há
os shows. “O que tem de diferente
é não trabalhamo com L&R. Tra-
balhamos com matrix, e temos
que corrigir os delays, e isso dá
Gabriel Martau e Júnior Neves (Operadores da banda BatuQue da Lan Lan)
uma demorada”. O técnico de
para este ano foi o uso do sitema mos quantidade de geradores, som ainda tem que tratar e escutar
de sonorização em torres. Até ano como vai ser montado, etc. Este todos os sinais, além de monitorar
passado era estaqueado. “O fly ano estamos usando uma coisa di- o RF e sinal da fibra.
tem um alcance maior. É mais cus- ferente, que é a comunicação, com A montagem começa dez dias an-
to subir o sistema, e esse ano con-
seguimos isso porque queremos
mais performance, directividade e O fly tem um alcance maior. É mais custo
controle”, aponta Marcelo subir o sistema, e esse ano conseguimos isso
CONFIGURAÇÃO porque queremos mais performance,
Marcelo explica como são dividi- directividade e controle.
das as tarefas com os parceiros da
Dream Factory e Spiridon: “eles
decidem onde fica o palco, a gente um sistema de rádio com fibra óti- tes do evento. Todo os palcos foram
decide o que vai ser locado, onde ca e rádio”. No local mais complexo montados com sistema Vertec. No
gostara de colocar as torres, defini- e importante, o Aterro do Flamen- Leblon, o local de largada da meia
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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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maratona foi sonorizado com sis- Digidesign. Especificamente no Pal- Factory, foi quem cuidou e deu o
tema Norton. Ainda que tenha co Arena, são uados os sistemas JBL apoio para a Inside tomar conheci-
utilizado um sistema diferente na Vertec 4888, monitores Norton, mento e atender às demandas do
largada, a ideia é usar, o máximo pos- front fill aero 28 e side DAS. evento. “A maratona funciona no
sível, os mesmos equipamentos em Além dos vários sistemas de som, ano inteiro. Temos uma equipe de
todos os locais para que haja um pa- há várias equipe a serem admi- produção que trabalha nisso. Três
drão visual para quem corre e tam- nistradas. São cerca de 60 pesso- meses antes da maratona a equipe
bém para os artistas não se sentirem as ligadas à Inside, sendo 22 di- começa a crescer”, afirma. Nos dias
mais ou menos privilegiados. As retamente ligadas ao som, entre da maratona, o pessoal trabalhando
mesas utilizadas são as padrões no roadies, técnicos e iluminação. O chegava a 50 produtores mais um
mercado, como Yamaha, Midas e produtor Igor de Castro, da Dream staff de 3000 pessoas na equipe.
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42 CADERNO ILUMINAÇÃO
ções e influências que proporcio- pretação subjetiva da interferência ou gelo seco). A apreciação se tor-
naram o desenvolvimento da ati- da luz visível sobre o que é visto, ou na vívida, enérgica e animada, seja
vidade por meio de pesquisas, ex- até mesmo o que poderá ser ideali- pelas variações das possibilidades
perimentos e representações di- zado e sugerido. desses recursos (pela alteração das
versas, e que, também em uma ou- Em um outro contexto, também cores e intensidades) ou pela mo-
tra análise e percepção, resultaram vinculado às artes e entretenimen- dificação na configuração ou exe-
na proposta estética do Impress- to, diversos espetáculos, dinâmi- cução de funções e comandos.
ionismo. Esse, que é um dos mais cos e versáteis, conduzem os Já nesse âmbito, a programação e
significativos movimentos artísti- expectadores por espaços diferen- operação de projetos de ilumina-
cos da História, ocorreu no fim do tes, cuja passagem espacial e tem- ção cênica se torna complexa e
século XIX, no qual foram produzi- poral irá proporcionar dezenas ou envolvente, como também re-
das pinturas que captavam as im- centenas de cenas. De maneira quer tempo para a idealização,
pressões perceptivas de lumino- mais efetiva, cada cena será produ- configuração e testes. Quanto
sidade, cor e sombra das paisagens, zida por elementos, recursos, equi- mais dinamismo um conjunto de
que eram reproduzidas em diferen- pamentos e mesmo soluções está- cenas requisitar, mais intricado
tes horários do dia. Como no Im- ticas (ou fixas, como luminárias, será o processo de desenvolvi-
pressionismo, a busca pela melhor dimmers,consoles), complemen- mento de soluções para resulta-
estética de cena sempre esteve as- tadas por efeitos e substâncias/ dos dos mais diversos.
sociada à melhor compreensão da compostos que conferem dinâmica Os contínuos avanços tecnoló-
iluminação e da percepção visual, e evidenciam aspectos (tais como gicos nos setores de entreteni-
como recurso de análise e inter- o dióxido de carbono solidificado, mento e produção de espetáculos
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44 CADERNO ILUMINAÇÃO
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46 CADERNO ILUMINAÇÃO
começa a ser superado pela inova- Video Walls, em um lado, há possibi- dessas possibilidades, cada vez
ção digital, que ultrapassa as possi- lidades de exibição de vídeos de mais serão propiciadas alternati-
bilidades dos recursos físicos e alta definição e efeitos de ilumina- vas para uma mesma configura-
passa também pelos processos cri- ção volumétrica em modelagem ção espacial, sem alterações físi-
ativos, envolvendo cenários reais, 3D (ainda mais com simulações e cas, apenas projetuais, e repro-
fictícios e fantasiosos. projeções no campo da realidade duções de imagens em instantes,
Estruturas que são denominadas virtual); no outro lado, matrizes como se a cada segundo, uma
Video Walls cada vez mais assu- com pixels em padrões 8x8 de alta nova tela surgirá em frações do
mem esse papel: paredes que fun- intensidade ou com profundidades tempo, sucessivamente.
cionam como superfícies de re- com padrões RGB truecolor 24 bits . Com todos esses elementos de inspi-
produção de vídeos e animações. Isso ainda permitirá outras formas ração e produção, novos recursos
Essas paredes atuam ainda como e configurações, e simulações espe- surgem diariamente, mesmo que
luminárias, comportando-se co- taculares de cenas e cenários em incipientemente explorados, permi-
mo elementos estruturais com tempo real. tindo ainda o desenvolvimento de
superfícies distintas, ou seja, a ca- O Impressionismo foi um dos diversas propostas, formais e buro-
pacidade de reprodução de tópi- mais importantes e influentes cráticos, subjetivas ou lúdicas. Cada
cos, imagens, marcas singulares movimentos artísticos da Histó- vez mais, caberá ao Lighting Designer a
em cada face da parede. Em outras ria, caracterizado pela reprodu- exploração de possibilidades, pela
palavras, inicia-se uma nova etapa ção em tela das impressões pon- investigação e compreensão de no-
de compreensão para o uso dessas tuais do artista para uma paisa- vos cenários (em todos os sentidos),
“paredes” não somente como veí- gem ou cenário, com os aspectos fomentando estímulos e percepções
culo de divulgação na parte fron- da iluminação natural aplicados além das barreiras da imaginação.
tal, como também no verso. por um instante do tempo. Com Abraços e até a próxima conversa!
Imaginando uma parede conven- essas novas tecnologias, os hori-
cional, estruturada a partir das zontes se tornam promissores Para saber mais
duas principais dimensões – largu- pela recriação de cenas dinâmi- redacao@backstage.com.br
ra e altura - nessa formatação de cas e em movimento. A partir
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LEMBRANÇAS
DO
FUTURO
nós: em nossa memória a casa onde vivemos a primei-
ra infância, na rua tal, no bairro tal, era enorme e tinha
um quintal repleto de árvores frutíferas, com uma
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tempo, desisto dos detalhes e passo a narrar pra mim - Não, rapaz. Imagina, morei com vocês até entrar na
mesmo aquela história com um roteiro que chamo de faculdade... A gente sempre morou em Vila Isabel, de-
“pequena verdade”, começando pelas certezas e finali- pois vocês mudaram pra Laranjeiras, pra um aparta-
zando em dúvidas, o que em determinadas situações mento em frente ao Fluminense.
faz com que aquele fato acabe por ganhar uma estrutu- - Tá, mas aí eu já tinha uns doze anos.
ra real, palpável, fazendo com a névoa se dissipe e mos- - Não, você tinha oito. Lembro porque eu mesmo levei
tre o que existiu ou pelo menos deveria ter existido, você ao Maracanã pela primeira vez pra festejar seu oi-
embora não completamente daquela maneira. Dando tavo aniversário, enquanto seu pai e sua mãe davam
um exemplo que pode ter acontecido a qualquer um de um jeito na casa. Tinham acabado de mudar.
LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM
Aí as coisas começam a se ajustar na sua cabeça, o tem- pelo avesso / era uma experiência mortal.”
po e o espaço entram em nova ordem e você se surpre- Completamos música e letra em pouco mais de
ende pensando em como tudo aconteceu diferente do uma hora. Ela saiu fluida, agridoce, simples e rica.
que você imaginava. Não que seu passado fosse uma Talvez aqueles pequenos contratempos normais
mentira, mas a verdade estava ali de plantão, esperan- em turnês de uma cidade por noite tivessem nos
do que a última porta se abrisse. reservado esse presente. Acabamos por gravá-la
Agora, por exemplo, tenho na cabeça um cenário: um pouco mais de um ano depois, em 1985, no disco
amplo apartamento quase sem mobília, um ambiente “Harmonia”. Temos um carinho especial por ela,
muito claro por onde entrava – posso sentir isso neste demonstrado novamente por Guarabyra que a
exato momento em minhas veras narinas – a maresia regravou – e fez dela a música título - em seu disco
do fim de tarde, aquela que chega com a força das ondas solo de 2006.
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