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Ah, o passado...
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ão teríamos mais acesso aos
Leidson Ferraz
SUMÁRIO
Capítulos:
No entanto, aos poucos, aquele cenário foi mudando até a decantada moder-
nidade inicial, com o surgimento do Grupo Gente Nossa no ano de 1931 e
valorização do intérprete e da dramaturgia locais. Se o panorama não fugiu
totalmente à chamada “paralisia estética”, pelo menos teve ganhos no quesito
dramaturgia. Pena que muitos historiadores desprezem totalmente o que acon-
teceu nas três décadas iniciais do Século XX, considerando o que chegou aos
palcos como sinônimo do “atraso teatral” sem ponderar sobre as circunstâncias
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2
A Gota Dá- pernambucanos se aventuravam como artistas cêni-
gua -
tada às companhias visitantes. Consagrar os primei-
ros atores (geralmente empresários dos conjuntos)
era a bola da vez, como assistir a peças escritas por por grandes navios para temporada com dezenas
autores estrangeiros, repertórios formados em sua -
maioria por comédias do teatro ligeiro, digestivo. pes locais ainda resistiam, enfrentando o descrédito
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panhias itinerantes.
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fundas transformações para a sociedade pernam- sariamente vindo de fora (algo não muito diferente dos
bucana, mas apreciava-se teatro em doses muito tempos atuais), e o que havia de melhor e de pior nacio-
homeopáticas. No livro A Década 20 em Pernam-
buco - local, então, era dos amadores, pois com frequência um
grupo destes se reunia para apresentar algum espetácu-
cresceu no estado, com a visita de sete diferentes lo que sobrevivia a uma ou duas aparições, quase sem-
companhias às vésperas do primeiro centenário da
- -
bel ter sido ocupado por oito companhias distintas.
Diz ele também que, em 1922, somente o conjun- com renda da bilheteria voltada a si próprio, integrar-
-se aos mais diversos conjuntos e circular por outros
por um grupo de acadêmicos de Direito que che- em busca de novidade, no intuito de agradá-lo de todo
gou a representar em sua homenagem a comédia A -
Sogra
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de costume em cartaz. E seguindo o que o cinema já
oferecia, aos poucos foram aparecendo os teatros por homens de bela voz e boa “presença” [...] -
sessão, com duas ou três récitas diárias, muitas vezes
o estupendo cômico -
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Em meados do decênio 1920 já havia um desgaste das
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cionais e internacionais que excursionavam no Brasil
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ras, principalmente, foram acusadas de trazer atores
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rico, passamos uma grande temporada sem ele
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nambucanos. Outras formas de teatro popular ocor-
riam no mamulengo e no bumba-meu-boi, expressões
também ativas na arte do povo recifense.
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cial” Vampiros Sociaes
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tante, claro que nem sempre levada à cena. Nomes orchestra”, como sempre acontecia. No elenco, Her-
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- lianos, a brasileira Troupe Canhoto aportou naquele
ças M. M. e N. N. (só divulgavam suas iniciais). palco. Já em dezembro de 1920, podia-se ver no The-
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- Sobrinho entre suas estrelas. No ano seguinte, além
grupo de senhoritas “de elite”, dividido em duas par- Theatro Moderno e o Cine-Theatro Helvetica tam-
tes. Na primeira, constou a peça Uma Sogra Modelo, bém recebiam representações cênicas.
comédia em três atos de autoria da senhorita Judith
Castro, protagonista da montagem, que recebeu elo- -
gios junto à atriz Julieta Castro. No segundo momen- reiro até 12 de abril de 1921), cumpriu temporada
to, um “acto variado”, com destaque para a menina -
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Mão Mysteriosa (sua mais rentável bilheteria, que che- -
gou a fazer três apresentações em sequência, voltando pe estreou As Muralhas de Jericó, comédia em três atos
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Elza Sorriso e os atores Pilar Cardona, Grijó Sobri- Lucilo
Varejão – Teatro... Quase Completo
Comédia dell’arte.
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Parte do elenco de Berenice
como Juriti
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oni Siqueira no elenco, além de Cezar Marcondes (o
outros, e tendo
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ças como o melodrama pastoril Mancheia de Rosas,
O Gato encenação de João Jacques. No elenco, contando com
Escondido, a comédia musicada Cartazes do Amor, e as
operetas Espinhos de Rosa e Coração de Violeiro, todas -
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foi destaque na comédia Vossa Excelência, Desculpe, pela da madrugada, como registrou o jornal A Provincia
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da Berenice
comum também era algum intérprete local ser convi- terminar menos tarde do que da primeira vez”. Com
dado a participar do repertório de companhia visitante, três longos atos, a montagem começou um pouco an-
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demar de Oliveira, com o elenco da Companhia
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quentador do theatro da rua do Hospicio
ao melhor espectaculo da presente tem-
[...] O sucesso do
esplendido espectaculo de hontem deve-se
primeiramente, aos autores da peça, que fo-
ram grandemente felicitados, apparecendo
montagem, Esther de Souza, Modesto de Souza, Guio-
aplausos da platéa.
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da as revistas A’ La Garçonne e Meu Bem, Não Chora...,
ambas com farta distribuição de bombons oferecidos
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Já a “revistinha local” Ih! Ih!, outro texto de Samuel
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A Rosa Vermelha, texto de Samuel Campelo
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da em sequência no Theatro do Parque. No mês de
o “revuette” Lantejoulas, escrito especialmente para a
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“O desempenho da peça por parte dos artistas foi
bem regular, e nem se podia esperar melhor de um
conjuncto organisado (sic) aqui mesmo, dentro de
pouco tempo e que representou hontem pela primei-
ra vez”, testemunhou o resenhista oculto da coluna
Theatros & Cinemas do jornal A Provincia (23 de no-
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prejudicou e muito o movimento cênico, agora não
-
blico brasileiro. Em 1929, pelo menos dezessete espa- no Depósito da Caxias (armazém que comercializava
tecidos em geral) e, à noite, no Theatro Moderno.
como o Theatro Moderno, o Theatro do Parque, o
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- te – se deu com Paganini, obra-prima do célebre ma-
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ques do teatro e algum circo visitante quando estes Jornal do Commer-
cio, que a Companhia de Operetas Clara Weiss se-
guiu para novas récitas no Theatro Moderno, desta
vez com Frasquita, de Duqueza Del Bal
após êxito de temporada por lá. “Tão escasso anda Tabarin , Si, de Mascagni, e A Casta Su-
o Theatro em Pernambuco, que a vinda duma Com- zana, de Gilbert, devido à ocupação do Theatro de
panhia e duma companhia que traz o repertório da
Clara Weiss é motivo para grande contentamento”, programados.
Diario de Pernambuco (3 de
janeiro de 1930). Enquanto isso, o Diario de Pernambuco
de 1930) registrou o sucesso que uma peça de auto-
O convite para aportar novamente no Theatro de San- res pernambucanos fez no Ceará. Encenada no Thea-
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no (que havia estado entre outubro e novembro no
A Rosa Vermelha, da dupla Samuel
cinquenta artistas, destacavam-se as sopranos Clara -
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além das temporadas das companhias visitantes, aqui ros de trapézio, malabarismo e transformismo, entre
e ali algum artista pernambucano ou por passagem outros, incluindo também animais amestrados sob a di-
reção do professor Spinelli. Naquele mesmo dia, houve
com renda destinada à sua sobrevivência. O primeiro um concerto de electrola no Theatro do Parque, e iria
a realizar nos anos 1930 foi o “comediante excên-
- das 20h30, a estreia do drama Der Dybuk (A Obsessão),
de sensação”, constando a parte inicial do programa Morgenstern, com o elenco do Centro Dramatico
com O Inferno Por Dentro, O Record da Rapidez e A
Desapparição de Um Cavallo Vivo, “com toda a força de -
luz em scena”, lembrou o Diario de Pernambuco (3 de che, acabou sendo transferida por motivos não com-
janeiro de 1930). Na segunda parte, Chrystal Palace, partilhados pela imprensa. No entanto, a montagem foi
- saudada desde cedo pelo Jornal do Commercio (23 de
ta, ilusionista, imitador, musico excêntrico, equilibrista,
etc.”, completou o mesmo jornal.
presidiu a confecção dos scenarios e do guarda-roupa,
esse espectaculo está sendo esperado com muito inte-
variedades em sequência, foi promovido um festival por orquestras ou pianistas solistas tocando ao vivo.
Naquele mês de estreia dos anos 1930, por exemplo,
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como Delictos de Amor -
Conquis- O Fanatico, romance
ta da Felicidade, protagonizado por Gilda Gray, Percy de amor da Universal, com Sally O’Neill; e Pharol do
Marmont e Warner Baxter. Na segunda parte, foram Amor
-
- ma Sonoro com o mais perfeito aparelho americano
Diario de Pernambuco
-
Operetas Clara Weiss.
demorou a receber tamanha modernidade.
No Jardim 13 de Maio (hoje, Parque 13 de Maio), foi a
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Mulheres..., do dramaturgo carioca Paulo Magalhães,
tendo no elenco nomes como Palmeirim Silva, João
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rios distintos, ainda eram programadas nos dias de
apresentação da equipe, seguindo a oferta tela e pal-
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brado, e sem poder trabalhar há quase três meses.
A Divina Dama
no livro O Teatro na Bahia Através da Imprensa Século
XX Broadway
do teatro nacional, cumpriu temporada pela primeira Melody, da Metro-Goldwyn-Mayer (que havia estre-
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poder, tendo como vice o então presidente do es-
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cia que se retirava do teatro não sabia que
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- os Cossacos do Don tiveram de deixar o San-
ta Isabel que estava feito quartel de forças do
dar cabo, literalmente à mão armada, da chamada exército e foram para o Teatro Moderno
- se exibiram na célebre noite em que o boa-
de 1929, quando lideranças de São Paulo romperam
jornal A Provincia
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á sanha de desalmados. Às tropelias, os es-
-
-
predações por parte de revoltosos, ainda no primeiro
-
mês de 1930, conforme lembrou o jornal A Provincia
bro, as estrelas musicais foram O Côro dos Cossacos
(1 de fevereiro de 1930), em sua coluna do Partido
selvageria e de brutalidade. Contra os autores vez com peças como O Homem da Gaiola e O Noiva-
dos attentados, [...] a policia teve necessidade do de Narcizo -
de agir. E o fez com a maior moderação pos-
sivel, limitando-se a defender da destruição
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mes sonoros ainda mais atrativos às enormes plateias.
O Theatro Moderno, por exemplo, que no Diario de
Pernambuco -
to “incontestavelmente o melhor e mais confortavel
do norte do paiz, no genero”, fez um alarde ao exibir
Jango
-
ceram recitais, exposição de caricaturas, concertos
da Sociedade de Cultura Musical e da Sociedade de
Diario de Per-
Paralelo à toda essa movimentação nos palcos, os nambuco (28 de setembro de 1930) como o primei-
-
- ele foi um dos grandes destaques no término do
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- conseguinte com um palco onde os scenarios
to, foi anunciada ainda a exibição de Destino das Ro-
sas maior relevo.
Severo. “Tudo para prestigiar e amparar o trabalho
nacional, seja no theatro ou na cinematographia”, Pouco depois, no Jornal do Commercio (21 de setem-
propagaram na imprensa os administradores do bro de 1930), o jornalista S. C. fez referência à atua-
Theatro Moderno.
arte por brincadeira” e de onde surgem “verdadeiras
vocações artisticas”, dando destaque à encenação da
festival de arte realizado no dia 13 de setembro, às Revista Futurista apresentada no teatrinho do Centro
20 horas, no Cine-Theatro da Paz, em homenagem
ao governador do Estado, dr. Estácio Coimbra, e em como mais uma das “festas de arte em que senhori-
- nhas e rapazes de nossa melhor sociedade bancam
de artistas de theatro e fazem coisas superiores a
apresentação de duas revistas, A Evolução, escrita em -
Revista Futu- são cada dia mais desprotegida de todo o mundo”.
rista, de um ato, criação e encenação de João Jacques,
ambas contando com professores da orchestra da
Sociedade de Concertos Populares, sob regência do
convicto de quanto mais bello se pode ainda
fazer com aquelles rapazes e principalmente
-
aquellas senhorinhas que tomaram parte nos
‘A Provincia
quatro quadros apresentados na futura revis-
ta Brasilidades, concebida por João Jacques e
a receber musica de Waldemar de Oliveira e
Excedeu a toda espectativa (sic) o brilhante
festival que o “Centro Social Catholico de
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cujos nomes é (sic) impossivel (sic) citar de -
memoria, mas todas que bem merecem uma lo de gala, em regosijo pela victoria da revolução”,
citação, serão a garantia do êxito de Brasili- segundo o Diario de Pernambuco
dades.
mas, ao que indicam os jornais, a proposta acabou
Rapa-Côco, outra das
promoveu mais um espetáculo mensal com a volta novidades programadas pelo centro de diversões da
da encenação da revista em dois atos Evolução (ago- praça Joaquim Nabuco em dezembro.
-
-
com um acto variado, composto de interessantes nu- se recebeu o lançamento deste conjunto próprio, o
meros cantados e dansados”, como lembrou o Jornal Grupo Cine-Theatro, que apareceu com a farsa em
do Commercio - um ato O Amor Faz Coisas..., de Samuel Campelo, seu
segundo trabalho escrito para teatro, quando tinha
jornal A Provincia apenas vinte anos, e que em 1910 ganhou versão pelo
-
ra, e os quadros interessantes de Oscarlindo
mesmo enfrentando uma má época para as casas de
-
-
- tas novos da terra para compor a programação do
- seu Theatro Moderno, com o “proposito de propor-
- cionar sempre novas attrações aos habituaes” do an-
do Pimentel e Mario Nunes não só appresen- tigo cassino, como reforçou o Diario de Pernambuco
taram novos e bons scenarios como melhor (29 de outubro de 1930).
retocaram os anteriores feitos a “toque de
caixa”.Tambem se deve destacar a encantado- Nesta “simples apresentação”, contando no elenco
ra e profusa illuminação do Theatro, prova do
-
tica melindrosa como Governo Provisório, o chefe da
entanto, se a montagem de fato existiu, esta pesquisa
o Theatro Moderno, chegou a realizar uma vesperal
mesmo palco o imponente quadro patriótico em ver- Cine-Theatro com a peça O Amor Faz Coisas..., in-
sos, Os Dezoitos de Copacabana, de Umberto Santiago, clusive com uma matinée para crianças, a programa-
pelo estreante Grupo Cine-Theatro e regência da ção do Theatro Moderno, o “ponto chic da nossa
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A Marselhesa, No espectadores estavam ansiosos para conhecer o fes-
Velho Arizona, Destino das Rosas (produção pernam- tejado artista, tudo indica que vindo pela primeira vez
bucana), Um Sonho Que Viveu, O Rio do Romance e à capital pernambucana, assim como aconteceu na
Loucos Por Paris Bahia, onde foi aclamado como o ator teatral brasilei-
ro de maior popularidade no século e com os mais al-
tos ingressos cobrados por uma companhia em todo
-
vro O Teatro na Bahia Através da Imprensa Século XX.
- Um Beijo
rava-se para voltar à cena, mas sem divulgar com Na Face, tradução do texto francês Embrassez Moi, de
qual espetáculo retornaria no ano seguinte, chegou
Diario de Pernambuco
despeito de suas condições de acustica”, lembrou o de novembro de 1930), como um ator “sóbrio, sem
Diario de Pernambuco - afetação, comico excellente que faz rir com a maior
bro de 1930). naturalidade”.
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Que Noite, Meu Deus, no gênero vaudeville, e a co- foi elogiada por estar em um de seus notáveis traba-
média Carta Anonyma, entre outras, ainda trouxe no lhos no papel de uma mãe brasileira. O segundo ato
- da montagem contou, inclusive, com a participação de
trinta pessoas de elenco local.
-
e Delorges Caminha. Os aplausos foram constantes,
especialmente pela harmonia no desempenho geral.
Outras obras que constaram neste repertório da
O Rei revista Rapa-Côco, de Musael do Campo (pseudônimo
do Petroleo de Samuel Campelo, o mesmo que ele utilizava numa
O Amor D’Aqui seção diária de humor no jornal A Provincia), escrita
a 50 Annos, de Julio Dantas, e Prompto Soccorro, de em dois atos e com vinte quadros diferentes, sendo
Gavault, peça francesa que concluiu a temporada na
Mãe Pernam-
atriz principal da Companhia Dramática fundada por bucana, escrito especialmente para ela por Samuel
Campelo, além da presença do ator alagoano radica-
-
atral no papel do Corujinha”. Outros intérpretes des-
23
-
me citou o Diario de Pernambuco (18 de novembro de
O Reboca-
dor E. C. (E’ Corredor), Salve-se Quem Puder e A’ Procura
de Um..
-
bilizada, a montagem recebeu “auxilios espontaneos
de algumas casas commerciaes para os preparos de
scena”, conforme citou o Diario de Pernambuco (3 de
dezembro de 1930).
Presépio
-
zembro, a temporada do seu tradicional Presépio -
da representação de lindo drama-presepio desempe-
nhado por um grupo de creanças, são apresentados
(sic) bem ensaiadas jornadas que brilharão os cordões -
azul e encarnado”, divulgou o Diario de Pernambuco (2 treando a 19 de dezembro com Arca de Noé, revuette
de dezembro de 1930). Na data 13 de dezembro, por em um ato e dezoito quadros, divulgado como sendo
exemplo, foi oferecida a peça O Anjo e o Diabo, com “sessenta minutos de cousas agradaveis”, conforme
- publicidade no Diario de Pernambuco (18 de dezembro
de 1930). Mesmo com elogios da imprensa, a tempo-
24
Tuna Portugueza em 1928
rada foi curta, seguindo com a revista em um ato e Por Meia Hora, com participação dos mesmos intér-
dezoito quadros, Jura, Meu Bem! Boas-Fes-
tas
- cena, quase sempre uma peça seguida de um ato com
outra montagem natalina foi preparada pelo Gremio do teatro daquele tempo.
Furias
Infernaes, somente com crianças – mesmo com ses-
são começando às 20h30 – e “ornado com originaes 1930 aconteceu na noite de 29 de dezembro, no Thea-
quadros allusivos ao nascimento do Menino Deus”, -
conforme o Diario de Pernambuco (21 de dezembro do pela Tuna Portugueza, sociedade formada por artis-
de 1930), seguido de novas jornadas dançadas pelos
O programa constou de três partes, sendo as duas pri-
também na data 21 de dezembro aquele palco serviu urdida revela os dotes theatraes do seu autor que é
para um espetáculo organizado “por um grupo de bons um moço intelligente e esforçado”, ponderou o Diario
elementos do nosso meio artistico” na hilariante peça de Pernambuco -
em três atos O Homem do Rebocador, “tendo como as- giosa, inclusive, ao desempenho do dramaturgo como
sumpto um interessante qui-pró-quo em torno de um intérprete na cena, além dos outros amadores, “todos
Diario
de Pernambuco (21 de dezembro de 1930). Em seguida,
Marquez
25
1931
-
do da Oração e, pela ótima repercussão, o espetáculo ganhou segunda sessão
prosseguir com sua temporada de Presépio, oferecendo a peça em três atos He-
rodes
-
26
26
Rapa-Côco Estão no ultimo caso a epopéa de Copacaba-
tendo recebido accrescimo de numeros de na, a fuga no rebocador, e a apresentação de
Rapa-Côco pri- barbado, cuja caracterização foi de grande se-
ma pelas musicas todas de effeito, os scena-
-
-
te – Graça sem pornographia – Critica sem ofensa”.
mo, terminando com uma apoteose que prometia
Os ingressos foram vendidos a preços populares. O
Diario de Pernambuco (21 de janeiro de 1931) conse-
guiu lançar algumas impressões sobre a montagem na
seu teatro, às 20h30, desta vez com a conhecida bur-
coluna Scenas & Telas leta em dois atos A Cabocla Bonita, de Marques Porto
e Sá Pereira, contando no elenco com os amadores
-
no, a revista Rapa côco, escripta dias após a vic-
27
- a Companhia Mulata Brasileira para uma temporada
- -
Pessôa, assassina
-
fayette e, à noite, na bilheteria do Theatro Moder-
Cia., administradora do Theatro Moderno, convidou no. Com enorme sucesso, em seguida ainda foram
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apresentadas a revista Deixa Eu Morá Com Você, de De -
(Pixinguinha); Flor de Sapoty, revista-burleta de costu- em três atos Helena, desempenhado pelos amadores
Diario de Per- -
nambuco me o Diario de Pernambuco
da praça Joaquim Nabuco terminava quase sempre
com sorteio de brindes. Em março, como conceitua-
a burleta em três atos Luar do Norte, com letra de
continuou sua intenção de, a cada mês, apresentar um -
- sempenho da peça, que abordava como se faziam as
29
Il Trovatore, cantada em italiano pelo tenor Moacyr
- Guimarães. Durante os intervalos, tocou uma jazz-
às 20h30, haveria bonde, o grande meio de transporte drama em três atos Pena de Morte, representado por
da população.
-
às crianças.
e Newton Correia de Oliveira.
No primeiro domingo de maio, duas novas opções Mello promoveu, pelo segundo ano consecutivo, um
30
te associados do grêmio e alunos do dr. Pedro de
Diario de Pernambuco
aniversário.
Peça leve genero sainete, focalisando com ob-
Quem voltou à cena, como cumprimento ao seu servação typos e costumes da actualidade, com
“programma pelo theatro pernambucano”, foi o Gre-
de muita comicidade, Uma senhora viuva agra-
social, desta vez apresentando pela primeira vez no dou plenamente aos socios do Gremio da Mag-
dalena, sempre interessado em proporcionar
estado a comédia em três atos Uma Senhora Viúva, de
bons espectaculos e a trabalhar pelo não es-
Samuel Campelo, já exibida dezesseis vezes seguidas
-
Magdalena, o interessante sainete teve, [...] um
do muitos applausos do publico e sendo considerada
outro attractivo – a musica, em varios nume-
-
ros, da autoria do apreciado compositor con-
de representada nos ultimos tempos naquelle thea- -
tro”, lembrou o Diario de Pernambuco -
1931). No elenco carioca, destaque para dois grandes rem em opereta, como os duettos de “Mario”
- e“ ” bem como um pequeno concertante
lho, este recentemente falecido. Para ser apresentada
- corpo scenico da sympathisada sociedade su-
burbana foi bom. Seria talvez muito bem si não
houvesse algumas falhas, aliás desculpaveis em
de Samuel Campello”, registrou aquele mesmo jor- amadores e peças de primeira representação
nal. Do “corpo scenico” do conjunto, participaram o “deixas”
- não apanhadas ha tempo, e algumas marcações
descuidadas. [...]
bem a parte de “Mario” e cantou para muito
agrado. O joven e sympathisado tenor estava
com a voz muito limpida e conquistou grandes
que além de uma nova sessão agendada, por insis-
applausos nos seus tres numeros dois jogados
Samuel Campelo
31
ao gazeteiro “Peteca” a sua vérve de comico -
apreciado, recebendo por isto muitas palmas média em um ato A Má Lingua, do escritor português
principalmente ao entrar em scena e no duet- -
- -
çou a trabalhar nos presepios do Gremio, de-
notando habilidade, estreou ante-hontem em
subiu ao palco a encenação de Rosas e Violetas, farsa
theatro. Muito jovem, com uma voz digna de
aproveitamento, desenvolto, mostrou que tem
geito (sic) para a scena e, por isto mesmo, deve
dois importantes elementos da Tuna”, lembrou o Dia-
ser ensaiado convenientemente para ser mais
rio de Pernambuco
natural e não repetir alguns exageros da gesti-
culação e jogo phisionomico. Houve numeros
de marcação muito feliz (sic) e outros que de- -
mou parte ainda o grupo orfeônico sob a regência do
[...] Será, porém, conveniente que o regente, e
prometeu a cada mês fazer nova festa em sua sede
orchestração não continue tão forte de modo
a abafar, por vezes, as vozes dos cantores. [...]
Uma senhora viuva -
que satisfez o publico e provou que com os ta de uma turnê pelos “Estados do Norte”, a Troupe
nossos amadores muito se pode fazer em prol Bibelot, dirigida pelo também ator Esmeraldo Mattos,
- -
naes vivem em desharmonia constante e não go do Terço, com uma série de espetáculos a partir
saem, por isto, da mambembada. de 2 de junho. Estreou com “a interessante e mo-
derna revuette em 10 quadros” Aguenta Firme!, tendo
- como interprétes Elisa Mattos (atriz e cantora por-
liar Magdalenense, a repetição de Uma Senhora Viúva,
com mais elogios, contou ainda com um grande ato
Diario de Pernambuco
32
-
scenarios – Musicas modernissimas”. E sempre havia
Uma
“Piadas, ditos com intelligencia que fazem rir, gosadissi- História Para o Conde Gato, na qual crianças sugeriam
mamente sem offender a moral”. O ator pernambuca- tramas para serem desenvolvidas, na hora, pelo elenco
33
com o Circulo de Paes e Mestres, o evento contou
-
nhorinha Ceres Wanderley no papel de Bellinha, a vi-
-
34
Diario de Pernambuco (21 de junho de 1931), além de
sorteio de brindes.
e José de Souza, além do repentista Minôna Carneiro
-
com uma apoteose à mentora dos Desportos Subur- mou-se para aportar em Maceió, no dia 19 de julho,
-
da “por motivo de molestia em alguns artistas que
Diario de Mendonça. Compunham a caravana os atores Bar-
Pernambuco
falava-se na organização de um novo grupo teatral no
- Padilha, Hugo de Sousa e o repentista Minôna Car-
-
riado. O programa começava com a comédia A Moça
Diario de Pernambuco, S. C., sob o dos Quinhentos, de autor não divulgado, e o vaudeville
Vou Para o Acre, do pernambucano Umberto Santiago.
quase todos os camarins e a parte posterior, interna, anunciou como segundo espetáculo em setembro, o
do theatro, bem como empalhadas muitas cadeiras da sainete Uma Senhora Viúva. Paralelamente, o mágico
platéa, na Casa de Detenção”. Delio de Melo Morais fazia sessão de variedades no
-
Por sua vez, o Theatro Moderno recebeu uma “provi- lebrava o seu segundo aniversário de reinauguração
dencia sobretudo hygienica (...) em proveito dos seus -
habitués”, segundo o Diario de Pernambuco (19 de Haroldo
junho de 1931), com a instalação de aparelhos para Trepa-Trepa, comédia da Paramount sobre um célebre
renovação do ar na sala de espetáculos.“O ar contido -
versa em banco de jardim com Samuel Campelo, dire-
minutos. Para a installação desse importante melho- -
35
te”, conforme ressaltou o Diario de Pernambuco (12 culdades fez apenas estrear, com pecinhas em
de julho de 1931), junto a outros “elementos conhe- 1 ato, o “Grupo Cine-Teatro” que somente
pôde dar poucos espetaculos no “Teatro Mo-
derno”, desta capital, e no “Teatro da Paz”, em
Desde 1921 que, pela imprensa, ele se vinha renunciou á delegacia de policia, já não encon-
batendo por esse ideal e foi assim que, em
precisava e teve de esperar melhor oportuni-
-
ção da “Companhia Tra-lá-lá” que chegou a solicitando uma peça para realizar um festival
dar quasi dois mêses de espetaculos diarios no “ ”. E entraram os dois em com-
no “Teatro Helvetica”. Em 1929, com o ator binação para a fundação da companhia tantas
Moreno Garcia, conseguiu recrutar varios -
amadores em nossas sociedades dos arrabal- nham servido de bôas lições e, assim, lançado
des e assim se fundou a “Companhia Teatro o espetaculo com o rotulo de festival – mes-
Mirim” que pouco trabalhou no “Teatro Santa mo com os proventos para o atôr festejado
” excursionando depois a Maceió, inte- – seria disfarçadamente apresentado o futuro
-
rior da Bahia onde se dissolveu. Em começo nome de “Grupo Gente Nossa”.
de 30 pensou na organização do “Conjunto
” para o qual chegou a dar Sobre a estreia, eis o que revelou o Nosso Boletim
-
36
Escolhida a peça que foi a comedia em 3 atos dade. Dentro das modestas possibilidades do
A honra da tia, cujo galã já novel grupo, o espetáculo de domingo agradou
“Companhia Teatro inteiramente ao grande publico que ocorreu
Mirim”, puzeram-se (sic) os dois em campo
-
tão convidados os seguintes que tinham fei- é ter o desempenho excedido a espectativa
to parte do “Teatro Mirim” e trabalharam na (sic) de muitos que foram ao teatro pensando
Rapa-Côco ir assistir a uma chinfrineira. Tal não aconteceu,
porém. Não foram artistas de nome que pisa-
ram o palco do tradicional teatro, no domingo
- ultimo, mas houveram-se com muita habilidade
descupadas as faltas naturais de quem se não
corpo cenico do “Gremio Madalenense” pode arrogar de “astros” e “estrêlas”. E’ preci-
“Grupo Cine-tea- so, entretanto, confessar que “canastrões” têm
tro”
palcos desde a desorganização neste Estado Grupo Gente Nos-
sa. E a nossa opinião aqui vai sem exageros no
elogio, para não deitar ninguem a perder e sem
como corista na revista Rapa-Côco e ia ter um mão forte no ataque para não desanimar nin-
papel em teatro, pela primeira vez. Para a con-
A honra da tia, original de nosso confrade dr. Sa-
amador que já contracenara com artistas de muel Campêlo – já tem sido representada aqui
por diversas companhias, sendo, pois, bastante
Cavalcanti, conhecido por “Coleguinha” nas conhecida e não havendo mais necessidade de
rodas teatrais, onde já exercera varias vezes critica. E’ aliás uma peça sempre aplaudida aqui
aquele mistér. Começaram os ensaios e a pro- -
-
cenarios pertencentes ao teatro, restaurados
si tivessem mestres e vivessem em outro meio,
emprestados, realizou-se no “ - poderiam brilhar. Elpidio tem bôa dição (sic) e
bel” o festival do atôr Elpidio Camara dedica- um jogo cenico seguro, conduz os seus galãs
do á “ com acerto e no “ ” manteve uma bôa
em homenagem á “Embaixada Esportiva Per-
nambucana” que, naquele ano, iria ao Estado
-
dação á Embaixada pelo poeta e cronista Her-
cilio Celso respondendo, em nome daquela, o
-
ção d’A honra da tia pelo “Grupo Gente Nos-
sa”. O programa anunciava o Grupo assim, de
modo simples, como se não fosse uma estréa
de companhia. Era a lição da experiencia.
37
que poderá chegar a dar-nos interessantes es-
petáculos teatrais. Basta-lhe agora o apoio do
publico e da imprensa.
sempre, caprichar na composição de seus pa-
peis, observar o que lhe é distribuido e terá Cética sobre o bom resultado de A Honra da Tia, a
Honra Retrospectiva “Grupo Gente Nossa”
da tia, papel complexo, cheio de transições en-
-
vindo da companhia infantil do Umbelino Dias prensa manifestou-se incentivando apenas.
que fez partido nos começos deste século,
Samuel, inteligentemente, compreendeu que
aquele teatro era frequentado pela elite, gente
perfeito “comendador Custodio”, fazendo
ressaltar (sic) a sua frase refrão “justamente
o contrario” e jogando as cenas sem o me-
com ensaios rigorosos para dar, mais tarde,
nor exagero. Deveria apenas ter carregado
um tantinho mais o sotaque português. Jo-
-
sendo aventada a criação de um corpo de só-
ressante casal de creados trazendo a platéa
cios para garantir as despesas com os cenários
em hilaridade durante minutos. Diogenes é
um antigo amador do teatro apontado como
um dos mais apreciados. Jovelina, no genero,
Já o Nosso Boletim
está quasi a começar. Poderia ter dado mais
‘Gente Nossa’ e sua historia”, foi bem mais condes-
cendente com o resultado de A Honra da Tia
não prejudicou o papel. Teve até momentos
de felicidade e soube com muita presença de O espetaculo agradou. O teatro apanhou uma
espirito – o que ás vêses falta a velhos artis- concurrencia (sic) bem regular, porque os in-
tas – salvar uma entrada falsa que lhe deram. gressos foram passados pelos patrocinado-
res da festa e pelo proprio Elpidio Camara.
central; meio termo de um centro dramati- Houve aplausos e a imprensa manifestou-se
carinhosamente começando a animar a ini-
Teve cenas fortes mas levou perto do trágico ciativa, especialisando-se o Diario de Pernam-
buco pela pena do autor teatral José Penante
e A Noticia
da mulher. Deveria não ter carregado tanto na
dramaticidade e não perderia nada por isto.
uma radiante promessa do Grupo Gente Nossa a sul em companhias teatrais e tambem fôra
38
dos “ “, do “Cine-Teatro” e da mente os espetaculos do Grupo e assim de-
Rapa-Côco
em cena e passando, então, o logar de ponto a mêses de Novembro e Dezembro de 1931.
Grupo Gente
Nossa
de Setembro no “ ”, -
- beironense apresentou a comédia Com Mêdo das Mu-
tas incursões ao interior do Estado chegou, lheres, seguida de um ato de variedades, objetivando
arrecadar fundos para a reconstrução da igreja lo-
elementos que poderiam ser aproveitados,
unindo-se todos ao Gente Nossa e sendo
“despertar os aplausos do publico que compareceu
aventada a criação de um corpo de socios
á sua estréa”, conforme lembrou novamente o Dia-
mantenedores para garantir as despesas de
rio de Pernambuco
maior vulto tratando-se da volta ao “Teatro
Gente Nossa decidiu levar a peça A Honra da Tia para
”. No “ ”, perten-
cente ao “ ”,
teatros nos arrabaldes da capital. Com programação
-
ma Olinda, mas transferida na verdade, o fato se deu
espetaculo, chamado “social”, na reentrada primeiramente com o sainete argentino Mamãi Quer
do “ ” Casar
O
Interventor, na qual trabalharam Elpidio Ca- -
A
feita por José de Sousa e o ponto a cargo de Honra da Tia, iniciativa totalmente vitoriosa nas duas
- noites. Segundo o Diario de Pernambuco (11 de agosto
de 1931), o seu programa era o de realizar espetácu-
los “ao alcance de todas as bolsas”.
Gente Nos-
sa, em Outubro, ainda as seguintes peças em
O grupo ainda programou para o dia 18, no Thea-
A honra da tia, de Samuel
Campelo; Não me conte esse pedaço, de Mi-
guel Santos e Sangue Gaucho
Manuel Machado, um espetáculo com o sainete ar-
avulsos. O publico começou a aceitar plena- gentino Mamãi Quer Casar, em dois atos, e a farsa
39
Engano da Péste - sentado por lá o melodrama português em dois atos
Rosas de Nossa Senhora, com todo o elenco do Grupo
Gente Nossa, algo que também não aconteceu neste
momento.
O Diario de Pernambuco (11
de agosto de 1931) ainda salientou que, no Theatro Curioso é o comentário feito no Diario de Pernam-
buco
“a preços de cinema”, tendo ainda o Grupo Gente Cinema Olinda, valorando as qualidades da escrita
Nossa a pretensão de encenar trabalhos de autores de A Honra da Tia e a distribuição dos atores em
pernambucanos, “nomes de nossas letras contribuin-
do assim para despertar o interesse de escritores da
terra pelo teatro”.
linda comedia em 3 atos de Samuel Campêlo
Enquanto isso, a Sociedade de Cultura de Palmares, – A honra da tia peça que tanto contem situ-
- ações sentimentais como outras de produzir
gargalhadas. Si não fosse a grande soma de
A Cabocla Bonita, texto de Mar-
gargalhadas que produz A honra da tia poderia
ser considerada alta comedia. É, entretanto,
Pereira, anunciava para breve o lançamento de Uma
uma comedia ligeira onde ha enredo e linha-
Senhora Viúva, de Samuel Campelo, novamente sob a
gem de algumas personagens. O desempenho
orientação do professor Miguel Jasseli; assim como d’A honra da tia
Cartazes
do Amôr. Novamente com sessão cancelada no dia 22
- Monteiro, nos papeis que preparam o enredo
-
-Encruzilhada, Theatro Moderno, Theatro do Par- justamente os da parte comica da peça.
-
le cassino encenando a farsa em um ato de Samuel
Campelo, Engano da Peste, desta vez contando com Diario de Pernambuco
- de 1931), deixou claro que existia uma campanha ve-
lada contra a equipe liderada por Samuel Campelo,
-
lo da semana seguinte o vaudeville Trocas e Baldrocas,
que parece não ter chegado à cena, pois há registro O Brasil tem teatro porque tem artistas e au-
da farsa em um ato O Amor Faz Coisas..., de Samuel tores. [...] Em varios Estados o teatro movi-
Campelo, como o trabalho em sequência levado ao menta-se. [...] Em Pernambuco não se poderá
- fazer coisa identica? Pode, sim. O Grupo Gente
40
Nossa começa modesto fazendo teatro comi- não foi magistral, correspondeu ao esforço desenvol-
co nos bairros afastados e nos arrabaldes mas
tem animo para maiores tentativas. E então Aves de Arribação -
escritores daqui mesmo aperecerão (sic) por
a Companhia Brasileira de Operetas, dando destaque
E o mais... é deixar que os pessimistas falem.
Eles falam sempre das campanhas da bôa von-
tade.
Na capital pernambucana, apesar de toda a ciumeira
que rondava o Grupo Gente Nossa, a receptividade
No interior, a Sociedade de Cultura de Palmares, lide-
rada pelo professor Miguel Jasseli, montou o sainete
tão boa, que a empresa do mesmo resolveu contra-
de Samuel Campelo Uma Senhora Viúva, como espe-
tar a equipe para uma série de espetáculos no local,
e já preparava a burleta de Umberto Santiago, Luar completando o programa diário que começava com
do Norte, como promessa para outubro, ambos com Diario de
- Pernambuco (9 de setembro de 1931) lembrou que o
grupo vinha “adquirindo cada dia mais simpatias do
publico pela homogeneidade de seu elenco e esco-
o Diario de Pernambuco (1 de outubro de 1931), Uma lha das peças encenadas, sem licenciosidades”. Com o
Senhora Viúva foi interpretada “por ‘marinheiros de contrato fechado, voltou à cena a farsa em um ato O
primeira viagem’ entretanto, graças á direção artisti- Amor Faz Coisas...; surgiu ainda a comédia em um ato
ca do professor Jasseli, os tipos escolhidos calharam Atrapalhações de Um Noivo, de autor não divulgado,
perfeitamente nos personagens e o desempenho, si assim como o vaudeville em dois atos
41
Pianos - nida, Cine-Teatro do Pina, Cine-Teatro da Paz e Olin-
- jornal, intitulada .
Cartazes do Amor,
de 1931, o Diario de Pernambuco passou a publicar a expressivos e ate uma certa dose de malicia
seção dominical Vida Teatral que não faz mal a ninguem. [...] O seu irmão
-
bre o teatro especialmente local, fez homenagem ao nome bastante apreciado. Suas composições
ator pernambucano Manuel Durães, atuando naquele -
be, como partituras de peças teatrais – não
-
tas – tem-lhe grangeado simpatias que ele
bem merece. Cartazes do amor está com seis
-
numeros de sua autoria e tanto os comicos
ou liricos são dignos de elogios.Todos lindos e
inspirados. [...]
marcações, principalmente a de um terceto do
42
soube emprestar uma sentimentalidade de ar- do Barro, apresentando o inédito drama em três atos
tista. [...] Mariana
desembaraçado e cantou sua parte de tenor
-
ram bem as calorosas palmas que recebeu. Na
parte que lhe coube – o que mais uma vez vem Santos, há anos afastada dos palcos. Trabalho inédito,
Mariana pôde ser analisada criticamente no Diario de
mas sim artistas para fazê-los – e a senhorinha Pernambuco
Odete Cavalcanti teve mais uma ocasião de
provar ser um bom elemento de que o Gremio -
dispõe para papeis de responsabilidade. Os nica – o que aliás são desculpaveis num autor
três amadores citados trouxeram a platéa em novo com suas atividades dedicadas a outros
negocios que não os das letras e do teatro
Silva e Grinaura Cavalcanti tambem jogaram – está moldada num genero antigo, ainda ei-
muito satisfatoriamente suas cenas. Marina é a vada de monologos que já se não admitem
vivacidade em pessôa e Grinaura, que se tem
apresentado em papeis sem relevancia, teve
em Cartazes de amor o seu melhor trabalho
reduzidas a uma – a da heroina. Entretanto a
- peça tem bôas qualidades e possue uma dia-
tamente desculpaveis porque, pela primeira logação cuidada em linguagem correta e bem
vez, enfrentou o publico a quem alguem já
chamou “o monstro de mil cabeças”. Coube- do terceiro áto, como observação, é o melhor
-lhe um galã comico, entre o ridiculo e o inge- e aquéla entrada das duas criancinhas, que sa-
bemos ter sido censurada, deu ao ambiente
um cunho muito natuaral (sic) de cênas de
“almofadinha” gostam os tais artistas de fazer ruas e ainda mais serviu para demonstrar a
bôa liga de que era formada a alma de “Paulo
no primeiro ato quasi seguindo o mesmo ca- Matoso”, desiludido de tudo no mundo mas
minho. Emendou-se nos outros atos e salvou -
o papel. O jovem estreante tem otimas quali-
dades para colocar-se em breve no primeiro -
dição (sic). E’ não dar ouvidos a elogios rasga- como é o dramatico e de nos poder oferecer
dos por que elogios á queima roupa, e feitos outros trabalhos de maior fôlego. Merece esti-
sem proposito, só fazem estragar. [...] mulo e foram-lhe bem cabidos os aplausos que
da chuva o teatrinho do Gremio apanhou gran- recebeu do numeroso publico que encheu o
de concurrencia (sic) e a platéa aplaudiu com teatro do Barro. O desempenho tambem teve
entusiasmo não só os numeros de musica e alguns deslises desculpaveis por se tratar de
No domingo 20 de setembro, dois festivais em bene- a lutar com todos os impecilhos da vida e com
do Barro, que ocupou o seu teatrinho promovendo destacar a senhorinha Hercilia Monteiro, estre-
43
ante mas demonstrando sensiveis qualidades Pernambuco), o que criava certo status e ajudava mone-
de “ingenua” tariamente ao grupo. Esta possibilidade de popularizar
dos segredos do palco, que não tiveram mar- O Teatro Santa Isabel é ainda uma casa aris-
gem nos seus papeis, Herminio Silva, Maria da tocratica. Construido em uma época em que
Gloria Cardoso e a pequena Maria do Carmo só a gente rica se dava ao luxo de frequentar
Monteiro contribuiram para o agrado da péça. esse genero de arte, quando os espetaculos só
podiam começar á chegada de sua excia. o sr.
O outro festival promovido nesta mesma noite do presidente da provincia, ali rebrilhavam os bri-
dia 20 de setembro aconteceu no Teatro de San- lhantes no peitilho das casacas e os decótes
atrevidos deixavam ver cólos magestosos de
com alunos do próprio estabelecimento de ensino na
isto o povo tinha mêdo de ir ao Santa Isabel
comédia em três atos Helêna
ou quando muito se encarapitava lá em cima
Oliveira Góes, havendo em seguida um ato variado
-
mocratizar-se mas o nosso publico ainda por
muito tempo andou cismado com aquêle ca-
quis retornar aos “teatrinhos dos arrabaldes”, levan- sarão cheio de camarotes e de dourados. Hoje
mesmo ha quem continue a pensar que no
Santa Isabel só se pode entrar de grande gala.
o sainete em dois atos Mamãi Quer Casar e a farsa em
um ato, Engano da Péste dado o exemplo da democratização. Ele até
agora não se aproveitou uma unica vez do ca-
44
preço tão cómodo o Grupo vá impingir pataco-
adas. Seu elenco é modésto mas homogeneo,
suas representações são limpas e o repertório
é o mesmo que tem obtido aplausos no João
Caetano, no Trianon, no São José e outros te-
-
entado, a peça Cartazes do Amor
-
-
atro União, da Escola Paroquial da Matriz de São José, assim com as situações cómicas e sentimentais
com renda voltada para a Capela da Gameleira, numa
promoção da União de Moços Católicos de São José, que seja escrever para teatro. O desempenho
aqui apresentando o drama Uma Lição ás Filhas, além de veiu (sic) mais uma vez provar – e agora cabal-
uma comédia e um ato de variedades com apoteose mente – que ha, em Pernambuco, gente capaz
de trabalhar em cêna sem fazer vergonha. [...]
Em O Interventor
Borba, para ajudar as alunas da instituição. O programa
fez uma “ingenua”, sabendo jogar suas cênas
constou da representação de um drama sacro em três
áto, na cêna com “ ” e“ ”
declamação. na cêna “Jorge”
um papel de responsabilidade, teve transições
naturais e mostrou grande habilidade; Elpidio
- -
co, os integrantes do Grupo Gente Nossa retoma- nista, e Barrêto Junior, tambem um môço muito
- aproveitavel e que, felizmente, no Grupo Gente
los sociais, desta vez com a comédia em três atos O Nossa está forçado a abandonar o caipirismo
Interventor, do carioca Paulo Magalhães, e ainda estre- que o estava estragando, teve o melhor papel
-
aram em sequência as comédias Não Me Conte Esse
-
Pedaço, de Miguel Santos, e Sangue Gaúcho
doso no “Paulo”
O Interventor, primeira das sociais
de outubro, foi analisada no Diario de Pernambuco (8 -
45
O Interventor ainda ganhou novas sessões no teatro
-
mente no dia 11 de outubro, em celebração ao Dia
Diario da Tarde
promoveu uma festa infantil no Teatro Moderno com
vaudeville em um ato,
Casa de Maribondos, de Umberto Santiago, seguido de
um ato variado.
-
- lução de Outubro de 1930 em que as situ-
nior contou anedotas nos intervalos. No dia seguin- ações comicas se encontram com as cenas
sentimentais, patrioticas e romanticas, Sangue
com Mamãi Quer Casar e Engano da Péste. Como Gaucho constituiu mais uma bôa recomenda-
ção para o Grupo Gente Nossa que, alem de
as peças Não Me Conte Esse Pedaço, de Miguel San- saber escolher o seu repertorio vem, dia a dia,
tos, e a comédia Sangue Gaúcho mais se impondo pelo desempenho e o crite-
rio no cumprimento de seus compromissos.
[...] E por isto foi obrigado a aumentar o seu
numero de socios. No desempenho de San-
gue Gaucho notamos com a mesma atuação
havia fechado por alguns dias, agora apresentando,
vaudeville Que-
em papel de mais responsabilidade sabendo
ro Ser Deputado, e a orquestra regida pelo maestro
tirar efeitos dos lances dramaticos recebendo
Sérgio Sobreira, ainda foi lançado o Gremio Dra- palmas por isto duas vezes em céna aberta;
Elpidio Camara, sem falhas, num tipinho futil,
com a peça Faustino, o Moleque Descarado, seguida verdadeiro especimen de uma mocidade ri-
da revista O Diabo Em Casa e da apoteose A Sombra,
Diario de Pernambuco (11 de outubro de 1931) ates- tipo dos legalistas que aderiram. Barreto Ju-
46
nior fez um cosinheiro (sic) e reservista do
exercito, pernostico, arrastando bôas garga- Caçadores iria revoltar-se para depor o então inter-
lhadas. Sempre nos referimos com agrado -
ao Barreto, achamo-lo com real habilidade te governador constitucional do estado de Pernam-
e, por isto, queremo-lo corrigido de certos buco. Com artigo intitulado “Teatro e bala”, o Nosso
defeitos. Ele, bem os pode corrigir se quizer.
Boletim
Sabia pouco o papel e salvou-o com os recur-
sos de que dispõe mas ainda assim com um
enxerto fóra do ambiente e da ação da peça.
O boato tomou vulto insistentemente naque-
le dia 28 mas o Santa Isabel apanhou concur-
um cosinheiro (sic) de casa rica [...] com um
rencia (sic) bem regular, apesar das sentinelas
avental sujo e sem esquecer aquela cabeleira
cronica dos seus caipiras. Corrija-se Barreto
quais faziam voltar as pessôas que se encami-
e não lhe dispensaremos elogios, porque é
nhavam para o teatro. E ás 20 ½ horas, o es-
-
petaculo começou. Na caixa, os artistas eram
zes (sic) e cenas felizes – sempre sentimental;
avisados por telefonemas de amigos que algo
-
de perigoso ia suceder; na platéa respirava-
-se um ar de receio e duvida mas ninguem
papel mas sem o comprometer, precisando
-
-
to psicologico do publico. Seu entrecho era
mão estreou mas está se vendo que precisa
bordado em torno da revolução de 1930 e
muita coisa ainda para se ombrear com os
outros, apezar (sic) do pequeno e facil papel
haver bala muita” ou “Espera-se que rompa
um movimento, hoje aqui mesmo, de madru-
gada”. Parece que era uma profecia. Mal ter-
“tia Corlinda”.
entravam contingentes da força policial, com
do genero em que está habituada a ser vista, metralhadoras e cunhetes de munição, para
Jovelina soube conduzi-lo de modo a receber ocupar o teatro. De madrugada romperam
francos elogios. Si tivesse uma cabeleira, em as hostilidades entre o 21 revoltado contra
vez dos cabelos branqueados á tinta e uns tra- -
ços menos carregados na caracterisação (sic) fendendo-o, de dentro da fortalêsa Santa Isa-
estaria completa. Quanto á interpretação, po- bel
rem, demonstrou que pode ser uma bôa dama interrupção. O Grupo Gente Nossa trabalhou
Sangue Gaucho estava assim numa noite cheia de ansiedades não
tendo nem tempo para fazer a desmontagem
47
- colegas, jogar uns contra os outros, forgican-
sentação naquele mês de novembro. Com a comédia do mentiras, dando curso a calunias, fazendo
Cala a Bôca, Etelvina! banzé de cuia, para brilhar, brilhar
- sempre, emquanto (sic) os demais podem ir
aos diabos que os carreguem. Para desmanchar
agradando bastante, inclusive na repetição do espetá- trancinhas, harmonizar encrencas, conseguir
culo. Como programado, os habituais adquiriram seus manter a paz entre similhantes (sic) brigões, é
preciso ter muita força moral e melhores ner-
cartões, assim como outros espectadores puderam
vos. O Grupo Gente Nossa está vencendo e ha
de ser inteiramente vitorioso porque vai con-
pôde ser apreciada pelo Diario de Pernambuco (8 de
principio deu um pouco de trabalho; foi, porem,
muito em principio – na organização – quando
ainda se estavam congregando os elementos
Gonzaga, Cala a bôca, Etelvina! levada pelo
dispersos. Houve exclusões, houve suspensões,
Grupo Gente Nossa, na quinta feira e hontem,
houve raiva, houve queixas mas tudo entrou
constituiu mais uma bôa recomendação para o
nos eixos porque tambem houve muito bôa
-
vontade por parte dos que queriam fazer te-
da nesta cidade, ha varios anos passados, pela
-
não haver astros nem estrelas, a distribuição
dia alegre, com situações interessantes, e tipos
dos programas ser feita pela entrada dos per-
sonagens em cena, nenhum artista ter o nome
atôr (sic) que observa bem os ambientes fami-
impresso em caixa alta, e uma porção de coisas
-
lamento interno do Grupo -
Soares – no “ ” e “Etelvina”. Jovelina, no
seu verdadeiro genero, esteve em sua melhor “O Grupo considera-se uma
familia teatral não se julgando nenhum artista
superior a outro e sendo proibidas, entre to-
conservou-se numa linha segura no “Macario”, dos, as chamadas trancinhas e intrigas de bas-
- tidores”. Transgredir esse artigo é incorrer nas
penas disciplinares de outro capitudo (sic) do
Grupo Gente Nossa pode
ter exemplo de disciplina, de coesão, de bôa
vontade a muitos – ou a quase todos – elencos
ajudaram a representação. Hontem, Diogenes das companhias nacionais.
que todos, a convicção intima de que é uma ne- Quem assistiu, em 1921, no Teatro Moderno,
cessidade imprescindivel em qualquer elenco, e
um milhão de coisas futeis e ridiculas, são moti- -
vos para as trancinhas. Procura-se deprimir os Muralhas de Jericó e, agora, a assistiu pelo
48
teatral de um escritor, mais dedicado ao ro-
mance e á novela, tem a comedia bôas qua-
-
bena e Elpidio Camara, detentores dos prin-
cipais papeis, rivalisaram-se num desempenho
com o vaudeville -
vedo, como atração da tarde, a programação foi mo-
Mamãi Quer Casar. O
-
tizada”, como se dizia na época, mas ainda não era uma
Diario de Pernambuco
49
por explicarem muitas coisas da peça, devem
ser bem ouvidos pelo publico. Esses dois, a
-
ram interpretados em regra conquanto tam-
em gargalhadas durante toda a representação, em festival desportivo com renda voltada à Casa do
[...] - -
mo se alguns elementos não demostrassem
evidentemente pouco estudo do papel. Bar-
-
reto Junior, por exemplo, que poderia ter tira-
-
do otimo partido do seu “poeta camoneano”
escorregou varias vezes no dizer dos versos.
telo Humano) seguidos de uma luta infantil entre os
-
evento foi cancelado por conta de um acidente com
manteve o seu nome já conquistado mas de- -
veria ter falado um pouquinho mais alto na dia agendar pauta na mais importante casa de diver-
-
50
-
excursão para a cidade de Morenos, levando o drama ças, com apresentação das comédias Janjão Em Apuros,
Amôr de Pái e a farsa Paris na Roça, com ato variado Consequências de Um Engano, de
-
-
“Epaminon-
das”, ao qual aquele cavalheiro emprestou uma
distinta linha de diplomata amigo “das mulhe-
res, da politica e dos bon-bons” Quer na com-
posição do tipo, quer na contracenação o sr.
-
da faltou apenas um pouco de treino do palco
para ser o verdadeiro “ ” -
sim correspondeu a espectativa (sic) obtendo
51
nas com vi
Quanto ao Grupo Gente Nossa, o compromisso de Samuel Campêlo, simplesmente, sem a aus-
realizar quatro espetáculos sociais por mês vinha teridade que as funções e o grao lhe impõe
52
(sic), tem feito o milagre de ressuscitar o te- sócios, inclusive abrindo inscrição para outros novos.
atro pernambucano. Encenando peças de sua Onde Canta o Sabiá foi louvada no Diario de Pernambu-
autoria, de um puro regionalismo, ensaiadas co
com o desvelo de um maniaco, ele nos tem
feito gozar deliciosos momentos, ora ali no oi uma das maiores casas que apanhou o ve-
lho teatro nestes ultimos tempos. [...]
Na verdade, o G. G. N. embrionario ainda, não Onde canta o sabiá é uma das melhores peças
póde convenhamos, competir com as bôas de Gastão Tojeiro e das mais interessantes do
Companhias que nos têm visitado. Mas, si teatro ligeiro no Brasil. [...] Tudo ali é muito
se atentar na sua composição de elementos brasileiro – muito familiar. O velho dono da
- casa, vaporoso e descansado, o genro parasi-
ceiros para as grandes montagens, chega-se a
conclusão, evidentemente agradavel, de que o atletismo, as meninas namoradeiras, o chefe da
Grupo Gente Nossa excede a espectativa (sic),
dado o desembaraço com que vem se desem- vagas, a dona da casa rabujenta com os cria-
dos, os criados preguiçosos e cheios de má
grande parte de nosso publico, não acreditan-
do no milagre de Samuel Campêlo, se abatem brasileiro. O desempenho que o Grupo Gente
Nossa deu á peça de Gastão Tojeiro foi deve-
numa displicencia enervante e num desamor
ao nosso teatro, teatro feito por elementos vontade no dono da casa que perdia o trem de
puramente nossos [...] quando em quando e só se preocupava com o
escondidos no anonimato da indiferença do colarinho apertado – Carneiro esteve em uma
publico. Quanto da penultima representação de suas melhores noites como Elpidio Camara,
de Variações do verbo amar, eu tive uma agra-
-
cadeiras e alguns camarotes tomados. Mesmo culo andou um tanto enlutada, reconquistou
hontem a sua linha de artista apreciada; soube
peça é bôa, de muita verve e, contemporanea, jogar as cenas, falar em bom diapasão e man-
-
dade a toda a prova. Depois o Gente Nossa
conta com elementos como Barrêto Junior, -
-
todo o partido que lhe foi possivel tocando
da piada e tantos outros, ou antes, todos os -
outros, amadores esforçadissimos dentre os
quais muito artista perfeito ha de sair. [...] e os guarda-chave e a criada; Jovelina conservou sua
incréos [incrédulos] e pessimistas que se pre- posição de elemento dos mais distinguidos do
parem para o meu trote de amanhã quando, Grupo -
ra linha, estava parece um pouco deslocado.
vez para triunfo completo de Samuel Campê- Poderia tirar melhores efeitos comicos mas
lo o glaudio dos que presam o teatro nacional, -
o teatro pernambucano.
o genro parasita e deu-lhe desempenho satis-
fatorio, podendo ser aproveitado em outros
O primeiro dos espetáculos sociais do Grupo Gente
-
Nossa naquele mês foi Onde Canta o Sabiá, comédia
sileiro estrangeirado por ter vindo de Paris,
teve cabal interpretação precisando sómente
-
formou no maior sucesso do Grupo Gente Nossa até da peça foi com todas as exigencias do autor
53
-
-
fox-
-trots e sambas. Enquanto isso, o Grupo Gente Nossa
participou de um festival de caridade no Cine-Teatro
da Paz, oferecido pelo Centro Social Catolico de
Muralhas de Jericó
interessante é que, mesmo sendo voltado a adultos, o da mais fãs para o conjunto, independente do valor
programa tinha preços diferenciados para cavalheiros, estético de suas montagens.
senhoras e senhoritas, operários e estudantes, além de
crianças desacompanhadas. Crianças acompanhadas -
entravam grátis!
patrocinado pelo capitão Nelson de Melo, secretário
Pelo Brasil, a repercussão do Grupo Gente Nossa vi- O Retra-
nha favorecendo elogios por toda parte, muitos trans- to da Bailarina, texto de um comediógrafo espanhol
critos pela imprensa pernambucana. Grande parte -
xeira cantando e o repentista Minôna Carneiro, para
por exemplo, na sessão de Não Me Conte Esse Pedaço,
no Cine-Teatro da Paz, no dia 10 de dezembro, em
dia 20), ou da comédia , no dia 13 Grupo Gente Nossa. Paralelamente, a Tuna Portugue-
- za levou ao seu próprio teatro a peça Mademoiselle Pi-
ganizado por representantes de instituições de ensino rulito, já anunciando como próxima estreia a cumprir
a comédia É Preciso Casar, Teresa, de Umberto Santia-
colégios Marista, Nóbrega e Salesiano, com bilheteria go, programada para o ano seguinte.
-
-
54
- teve momentos felicissimos; quando a peça es-
te), com repertório de revistas e operetas regionais,
por isso o Grupo Gente Nossa teve que antecipar
seus espetáculos socias do mês e escolheu as peças vontade, na Sinhá – a mulher que chorava quan-
do o marido estava longe e desejava que ele
Mamãe Quer Casar, de Celestino Silva, com um “ato
se fosse embora quando estava dentro de casa.
de canções, duetos, monologos e cenas comicas” em
sequência, segundo o Diario de Pernambuco (8 de de-
o papel sabido e jogou acertadamente suas
zembro de 1931), dando destaque ainda para o ator
cenas. Jovelina Soares, pôde ser chamada uma
Café Baratiou, que foi bisado; a atriz “generica”. Em Cala a bôca, Etelvina estava
comédia Graças a Deus no seu verdadeiro genero na criada pernostica
novo lançamento do conjunto após quatro dias de mas em Graças a Deus, na beata Gracinda, não
ensaio apenas; além da estreia de Casa de Gonçalo, es- destoou de seus meritos. Hipocrita, bisbilho-
teira, intrigante, com todos os caracteristicos
Graças a Deus Diario de -
Pernambuco ocupadissimo, nervoso, com mêdo de um fra-
casso, via-se bem como estava representando,
tanto assim que quasi torce a linha do papel,
representada sexta-feira ultima, no Teatro San- -
Gra-
ças a Deus – no terceiro espetaculo social de -
dezembro – teve igual aceitação da platéa do
velho teatro. [...] Obrigado a dar seus quatros -
espetaculos sociais do mez até o dia 20 para
desocupar o Santa Isabel, já cedido á companhia
de revistas José Climaco, o Gente Nossa teve de, que lhe foi possivel no “Paulinho”
em quatro dias, ensaiar Graças a Deus. [...] o es-
forço é digno de nota, principalmente porque
a peça teve uma representação bem sofrivel. no padeiro – uma ponta – contribuindo para
Conhecemos companhias velhas que não fa- a salvação geral, ás vezes como nas peças bem
55
a estreia da comédia em três atos Agite-se..., o mais trabalho satisfatorio, embora falasse muito
novo texto de Samuel Campelo, que foi antecipada- -
mente comentado na coluna Vida Teatral, do Diario de ra do seu papel, apesar de um tanto indecisa
Pernambuco no momento critico em que está em julga-
56
Beatriz Belmar, atriz da Companhia Portuguesa de
dezembro, foi tomado por artistas em sua maioria Nossa para o ano de 1931 foram levar a peça Graças
portugueses, num total de sete espetáculos apenas, a Deus
com as revistas-fantasias Rosas de Portugal e Terra Paz, no dia 29 de dezembro, e, naquele mesmo palco,
de Cantigas, a patriótica peça O Dia das Romarias, a como parte dos festejos de virada do ano, apresen-
fantasia A Voz dos Sinos e a opereta A Mouraria. No tar a burleta em três atos Miss Atualidade e a revista
elenco, nomes como Elisa Carreira, Beatriz Belmar, fantasia Pelo Telefone
-
lembrou o Diario de Pernambuco (19 de dezembro
os pouco mais de quatro meses de existência daquele
seu primeiro ano de uma promissora existência.
57
1932
A
Pelo Telefone
em Pernambuco.
-
tratado como novo ensaiador do Grupo Gente Nossa, permanecendo nele até
maio. O primeiro despediu-se da equipe pernambucana ainda em janeiro. No
Follies
1929 matinées e soirées no Teatro de San-
58
58
acontecido devido doença em parte do elenco, for-
mado este por Odete Sousa, Marina Silva, Judit Silva,
Diario de Pernambuco
59
uma com musica – mas o que foi a represen- Como exemplo do precário registro de nossa histó-
tação de sabado marcou o maior triunfo para
o Gente Nossa. Tivemos um desempenho de Lucilo Varejão – Teatro... Quase
artistas – ah si todos os artistas que aqui têm Completo
aportado dessem-nos representações, como a descobrir os originais escritos por seu pai, mesmo
de sábado, dos modestos elementos do nosso após longa procura junto a ex-integrantes dos grupos
Grupo -
dicação de mão de mestre. E o caso é que o sr.
familiares, e até mesmo nos arquivos do Teatro de
Sampaio mostrou-se satisfeito com o resulta-
do tanto assim que nas observações da tabela
louvou o pessoal de cena declarando ter en-
contrado em Pernambuco gente capaz de fazer
teatro com “muito aproveitamento[”]. Outro
elemento que contribuio (sic) para o exito da
apenas encontramos, no que nos indicaram
como sendo esses arquivos – um pequeno
sustentando os que lá se achavam menos se-
armário sem vidros e coberto de espessa ca-
nhores dos papeis, de modo que tal não deu a
mada de pó – algumas tiras de papel copiadas
Casa de Gon-
a mão e separadas por personagens, dessas
çalo, 3 atos escritos especialmente para o Gen-
que são dadas aos atores para que decorem
te Nossa pelo brilhante escritor pernambucano
as réplicas do seu personagem, da peça Casa
-
de Gonçalo. Sendo apenas as deixas relativas a
dois ou três personagens, elas não permitem
genero – o da farsa – e sabendo-se-lhe tirar os
a reconstituição de toda a peça.
efeitos de encenação dirigida por um mestre
rir muito mais por explorar assunto de outras E, infelizmente, Casa de Gonçalo se perdeu para sempre.
comicidades. E’ peça para ir á cena varias noi-
Gente Nossa iniciou aquele ano com a previsão de
- também montar obras musicadas como operetas e
burletas, ainda que dessem muito mais trabalho pe-
-
-
espetaculos estava se descuidando de certas
particularidades dos papeis voltou a mostrar a
O primeiro dos espetáculos musicados aconteceu no
de Souza, no “Gonçalo” e na esposa ranzinza
dia 21 de janeiro com a opereta de Samuel Campelo
movimentar-se que não foi brincadeira; Elpidio
A Rosa Vermelha
Camara, num galã comico; Barrêto Junior, com-
pondo um tipo de coronel fanfarrão; Jovelina
- partir deste trabalho que o grupo começou a mandar
- confeccionar cenários próprios, sob o comando do
-
num mulatinho preguiçoso [...] conduziram-se gem foi saudada por Miguel Jasseli no Diario de Per-
nambuco
esteve cuidadoso nos arranjos de cena. Casa de Creio que não há quem, de boa conciencia
Gonçalo foi caso de parabens para o autor, para -
o Grupo Gente Nossa e principalmente para o
ensaiador. Houve muitos aplausos. grande exito que obteve quinta-feira ultima, no
60
Grupo Gente Nossa
61
-
de que o Grupo estava a pêdir um ensaiador
ambientes familiares em que o autor e mes- consciente?
tre, comquanto não deixe de focalizar costu-
Dois dias depois dessa estreia de A Descoberta da
candidatos a deputados e nos outros dois com América, na quinta-feira, 28 de janeiro, numa iniciativa
um gerente de pensão de segunda ordem. E’ programava-se
cheia de qui-proquós e confusões que trazem para ir residir em Maceió e lá preparar “praça” para
a platea em riso constante. O desempenho que
os espetáculos pernambucanos, o grupo liderado por
lhe deu o Grupo Gente Nossa demonstrou evi-
dentemente o bem que tem proporcionado ao
para reapresentar Não Me Conte Esse Pedaço, comédia
em três atos do autor carioca Miguel Santos, “a peça
Desde Outubro o Grupo, representa a custa que mais gargalhadas tem provocado até hoje nos es-
de seus proprios esforços, fazendo muito para petaculos do Grupo”, lembrou o Diario de Pernambu-
amadores mas faltando muito tambem para co
artistas. Espetaculos que agradaram e deram reconhecido como “uma fabrica de gargalhadas”. Os
nome ao elenco mas aos quais sempre faltou
um “que” de harmonia. O Grupo estava a pedir como presente aos seus sócios, mesmo diante dos
gastos maiores, a comédia musicada Cartazes do Amor,
-
car o seu trabalho num meio de principiantes
mas não podemos deixar de assinalar que ela
62
Sociedade de Cultura de Palmares, que montou, en-
outros. Ou seja, em janeiro, o grupo seguiu à risca o tre outros trabalhos, O Mimoso Colibri
Gonzaga, sob a coordenação do professor Miguel
espetáculos sociais por mês com peças declamadas Jaselli. No elenco de “amadores da Cultura”, parti-
ou musicadas. Mas antes mesmo de concluir aquele
primeiro mês de 1932, e atendendo aos tantos pedi-
A Rosa Ver-
melha, que ganhou sua terceira sessão no domingo, 31 -
de janeiro, em vesperal e com abatimento nos preços nais por levar o progresso da arte de representar ao
de entrada para os sócios do grupo. Estes, em troca interior de Pernambuco.
dos seus cartões (com mensalidades pagas), podiam
-
Nossa continuou sua intensa programação no Teatro
- A Cabocla Bonita, de
tuitamente. -
ra e regência do maestro Gaspar Moura, escolhida
-
- dava entrada franca às crianças acompanhadas e que
contou com um ato variado em sequência com a par-
fevereiro, por conta de festival promovido pelo ator ticipação do repentista Minôna Carneiro, da pianis-
-
tou O Interventor, comédia de Paulo Magalhães. Já a Luar do
comédia carnavalesca O Mimoso Colibri, peça enviada Norte O Inter-
ventor, de Paulo Magalhães, em “vesperal extraordiná-
o primeiro espetáculo social de fevereiro, na antevés- ria” (com crianças entrando gratuitamente), e várias
repetições de A Rosa Vermelha, inclusive numa sessão
capital, e como o objetivo para aquele ano era conso- de gala dedicada ao “belo sexo” e em homenagem à
- -
ção Pernambucana, movimento republicano ocorrido
interior do estado de Pernambuco. Em homenagem à
Sociedade de Cultura de Palmares e, especialmente,
ao seu gestor, o professor Miguel Jasseli, que irradiava Talvez pela constância, todas as sessões ganhavam
-
campanha pró-teatro pernambucano, foi escolhida a minar cada espetáculo haveria “bondes especiais para
cidade de Palmares como primeiro polo a visitar. todas as linhas”, conforme saiu no Diario de Pernam-
buco
ainda mais espectadores. Naquele momento, não fo-
fevereiro com as peças Cartazes de Amor, comédia ram poucos os festivais promovidos pelos atores do
Não Me Conte Esse
Pedaço, de Miguel Santos, e A Honra da Tia, de Sa- Teixeira esteve à frente de um festival com Cartazes
de Amor Casa de Gonçalo, Barreto
10 de abril uma nova excursão foi feita a Palmares, -
que o vaudeville O Filho Não é Meu -
vez com a burleta Gente Rústica, de Umberto San-
tiago e Sérgio Sobreira, a comédia A Descoberta da e “caipirismo”, gênero de sua especialidade; Deodata
América, e a opereta A Rosa Vermelha, discursando Barros com Gente Rústica Agite-
-se..., comédia de Samuel Campelo.
63
ral, permitindo a representação”, lembrou o Diario de
Pernambuco (31 de março de 1932).
-
trato do artista no camarim daquele teatro onde ele
-
bém apresentou um novo trabalho, No Reino das Mu- além de jornalistas e teatrólogos. No dia seguinte, foi
lheres, de autor não revelado. Naquele mês de março, representada em vesperal a “comedia-farsa” O Amigo
da Paz
teatral crescente em Pernambuco, inaugurou o seu
Tele-Teatro, com irradiação das peças A Rosa Vermelha
e Gente Rústica, tendo Oscar Pinto à frente da coor- pela Companhia Brasileira de Comédias numa longa
-
- à frente, o Grupo Gente Nossa resolveu viajar, pela
táculos sociais do mês de março pelo Grupo Gente primeira vez, para fora do estado, dirigindo-se a Ma-
Nossa foram O Mimoso Colibri
e A Pena do Frango, do jornalista pernambucano Cé- -
lio Meira, comédia que “foi previamente submetida á
censura Policial que assistiu tambem o seu ensaio ge-
64
- Na capital pernambucana, a Companhia Brasileira de
Comédias, liderada por Jaime Costa, esbanjava simpa-
-
de um mês, além da grande maioria de opções para os
adultos, aconteceram vesperais elegantes organizadas
- “para recreio da creançada e suas distintas familias”,
conforme lembrou o Diario de Pernambuco (1 de maio
65
-
Maceió. Também passaram a fazer parte do coletivo
tantos elogios, a equipe carioca seguiu para o Ceará. -
-
gunda visita interestadual, pois viajou para a cidade a ocupar o seu palco tradicional com reentrada a 21
Great de maio, em vesperal, com a comédia Casa de Gonçalo.
Western, levando o mesmo elenco de Maceió acresci- No dia seguinte, nova vesperal com O Amigo da Paz.
-
e 30, a equipe festejou as quatro primeiras represen-
tações da opereta em três atos Aves de Arribação, letra
-
de Oliveira, que ainda não havia sido levada pelo elen-
para a história do grupo. Para se ter ideia, no mesmo co do Grupo Gente Nossa. Todas as sessões acon-
66
-
brar ainda que no dia 22 de junho o elenco pôde
apresentar-se, pela primeira vez, no Teatro Diogo
A Honra da Tia. Na-
quele momento, o elenco ainda era composto por
-
-
67
to que voltou a ser apresentado em festival da atriz professor Terencio,
Jovelina Soares; A Viúva dos 500, de Gastão Tojeiro, e da Cabocla Bonita, que não ha necessidade de
Priminho do Coração
Santos. O Gato Escondido enxertos, para fazer a platéa rir. Quando um
no Diario da Manhã papel tem graça esta apparece naturalmente
sem precisar de certas “collaborações”...
-
nado ante-hontem pelo Grupo Gente Nossa aos -
seus associados no Theatro Santa Isabel. Casa
cheia e bastantes applausos. Desempenho re-
gular, quasi bom, dos elementos que tomaram -
O Gato
Escondido, letra e musica, respectivamente, dos
- constou a farsa Estou No Meu Elemento, seguida da
tores de O Teu Cabello Não Nega têm em O comédia Nas Palminhas, de autores não revelados, e
Gato Escondido uma de suas mais apreciadas
peças e, talvez, a que já conta maior numero alunos do Gymnasio Pernambucano puderam apre-
de representações pelo Gremio Familiar Mag-
O Tio Salvador -
dalenense, pela Companhia Trá-lá-lá, organizada
ha annos no Theatro Helvetica e, agora, pelo
Grupo Gente Nossa. O Gato Escondido possue
lançou o seu segundo espetáculo, A Louca do Jardim,
suave enredo, libreto tratado com espirito e
alguns numeros agradaveis de musica. [...] O
dueto de Tonico e Caro’ -
cêutico naquela cidade, onde veio a falecer; além da
original e foi calorosamente applaudido, com comédia As Duas Gatas. Os trabalhos foram muito
genero a que não está habituada, collocada representando a comédia Longe dos Olhos, do então
sempre nas “ingenuas”, nas “brilhantes” ou
nos “vampiros”, com propensão natural para a apresentação desta, alguns fatos curiosos aconte-
as romanticas e sentimentais, foi uma interes- ceram. Eis o que registrou o Diario da Manhã
sante Caró, creadinha ladina e sapeca. Deu ex-
pressão ás falas, vivacidade e garotice ao jogo
scenico e muita graça a marca do duetto do Em regosijo á data foram offerecidas diversas peças
avião. Maranhão porque, tambem, esteve num para o guarda-roupa do Grupo
papel pesado demais para sua idade. Mas foi -
naturalissimo, tirando partido das poucas situ-
ações comicas que teve, mostrando, como já da estincta Guarda Nacional, inclusive espada, e João
68
o elenco quase desorganizado. Com alguns elementos
Longe dos Olhos,
ao sahir de scena, adoeceu subitamente, soffrendo um agregada ao Grupo Gente Nossa enquanto no Tea-
-
“Odette”
agosto, a equipe liderada por Samuel Campelo fez es-
69
Para o Grupo Gente Nossa, o trabalho durante os
meses de setembro a novembro foi tão intenso, com
-
-
veu convocar os sócios mantenedores e amigos do
-
vinte e quatro integrantes, incluindo formosas “girls”.
Tudo Pode o Amor. En- -
quanto isso, o Grupo Gente Nossa foi inaugurar o bra participaram como novos integrantes. Chuva de
- Filhos (Meu Bebê), do francês Maurice Hennequin,
vidindo suas sessões dominicais entre vesperais no Dia-
rio de Pernambuco
do Jaboatão, entre outras cidades. Com isso, apresen- depois, ganhou até sessão especial à petizada, em ves-
tou novas peças como O Homem da América - peral. “Em fase vitoriosa de reconstrução”, o Grupo
cisco Dornellas, com abatimento para estudantes e Gente Nossa ainda fez o remonte de A Honra da Tia,
crianças; Mosquitos Por Corda, original espanhol de J. agora sob a coordenação do ensaiador Manuel Matos
Dominguez, adaptado à cena brasileira; e O Ídolo das e, inclusive, podendo receber crianças gratuitamente
Meninas, de Gastão Tojeiro. Paralelamente, por três na plateia, com distribuição de brindes e bombons.
semanas de setembro, reapareceu no Teatro de San-
-
rada por Jaime Costa, após excursão vitoriosa pelo
Miss 1932, -
do teatrólogo e jornalista carioca Mário Domingues.
-
Enquanto o Grande Circo Nerino aportava na ca-
nas comédias O Dr. João André, Médico e Operador, de pital pernambucana com elenco de artistas nacio-
A Flor dos Maridos nais e internacionais, a estreia do mês de dezembro
Gonzaga. Posteriormente, a equipe passou a ocupar o para o Grupo Gente Nossa foi O Cazuza Não Tem
Teatro Moderno no mês de outubro. Pai!, sainete em três atos de Djalma Bittencourt, da
70
canto e declamação nos intervalos, brindes foram
-
perais coroadas de êxito e um espetáculo de assi-
natura bem recebido, o momento parecia ser tão
promissor que Miguel Jasseli comentou no Diario de
Pernambuco
-
cando nestes ultimos dias a respeito da volta
do apreciado Grupo Gente Nossa á atividade,
encheram de entusiasmo e animo a quantos
se batem pelo maior desenvolvimento do te-
atro em Pernambuco. Quando se anunciou
a crise que ameaçava de morte o Grupo, fui
dos que protestaram contra a idéa (sic) de
que o Gente Nossa podia desaparecer sem
afetar profundamente os creditos de cultura
do povo pernambucano. Eu não podia com-
-
vantado sobre alicerces tão solidos, quais os
da abnegação, patriotismo e desprendimento,
pela mesquinha campanha de elementos per-
niciosos e anarquicos, por isso mesmo que
não podia viver no meio de gente limpa, com
-
71
de elementos católicos. Também foi divulgada a mon-
Tão Fácil a Felicidade,
72
1933
O
rias (...) sendo representadas comédias dos melhores autores brasileiros, assim
como operetas (...) permanecendo em cartaz todo o ano, com o teatro a cunha”.
-
É isso que está registrado no programa Retrospectiva “Grupo Gente Nossa”, editado
Jornal do Commercio
ocupando seis teatros recifenses (Cine-Teatro São Miguel, Cine-Teatro da Paz,
Braga). Notem que, seguindo o que a maioria da imprensa publicava naquele mo-
mento, não se usava mais o “th” na palavra teatro.
no ano anterior por “motivos superiores”, o Grupo Gente Nossa anunciou sua
73
73
Grupo apresentar uma encenação esmera-
-
-
Manuel Matos
Segundo o Diario de Pernambuco (3 de janeiro de 1933), O curioso é que, mesmo divulgando sua reentrada
havia um esforço da direção em melhorar suas réci- com O Outro André, o fato se deu, na realidade, com O
Cazuza Não Tem Pai!, original de Djalma Bittencourt já
- estreado como “uma peça interessantissima que fará
queles tempos. Para isso, a equipe divulgou que passou rir ao mais sizudo espectador (até parece um slogan
por certa reforma no elenco, “hoje muito mais homo- da época!), mantendo em constante hilaridade a pla-
geneo e portanto capaz de nos oferecer espetaculos teia”, salientou o Diario de Pernambuco
-
nuel Matos foi novamente contratado como ensaiador com preços mais módicos e podendo o adulto sentar
-
durou pouco tempo, infelizmente, por conta de sua nhadas tiveram entrada gratuita, mesmo que mais uma
morte logo no mês de fevereiro daquele ano. vez o texto oferecido não fosse criado para tal faixa
etária. No entanto, “agradaveis surpresas a petizada”
estavam prometidas, conforme o Diario de Pernambuco
Nossa foi propagada para acontecer na sexta-feira, -
-
mento de O Outro André
Dustan Maciel.
por intermédio de companhias itinerantes, uma “ver-
dadeira fabrica de gargalhadas”, lembrou o Diario de
Pernambuco
sob a responsabilidade do ensaiador Manuel Matos e -
- sentação das comédias O Moleque Escovado e O Diabo
Em Casa -
Diario de Pernambuco lo entre uma e outra, um ato de variedades dirigido
pela professora da Escola Paroquial, sem divulgação
do seu nome na imprensa. Quanto ao Grupo Gente
quilate, desenrolando-se as situações em am- Nossa, “sociedade que tão simpaticamente vem pug-
biente da alta sociedade, o que facilitou ao nando entre nós pelo alevantamento do teatro na-
74
cional”, como lembrou o Diario de Pernambuco -
janeiro de 1933), mesmo ainda celebrando os louros ça O Gato Escondido -
de duas novas récitas promovidas no domingo, dia 8
de janeiro, com a repetição de O Outro André na quar- Crianças acompanhadas, mais uma vez, não pagaram
ta à noite, dia 11, por conta de insistentes pedidos e na vesperal, e lembrou ainda o Diario de Pernambu-
elogios rasgados ao ensaiador Manuel Matos, a equi- co
pe não descansou e preparou a estreia do segundo apostava nas “melhores peças pelos menores pre-
espetáculo social de 1933.
75
1933). No dia seguinte, lembrando que todas estas a repetição da comédia Uma Senhora Viúva, de Samuel
peças que voltavam a ser apresentadas já tinham sido -
bastante aplaudidas em récitas anteriores, o Diario de
Pernambuco (22 de janeiro de 1933) fez questão de grande concorrencia, ansiosa por aplaudir um dos
frisar que os espetáculos do Grupo Gente Nossa “se melhores trabalhos do teatro ligeiro do Brasil”, apos-
veem tornando um ponto de reunião da sociedade tou o Diario de Pernambuco (29 de janeiro de 1933).
recifense”. No entanto, a luta era ferrenha. -
gados, foi a vez de O Interventor
de janeiro começaram os ensaios para a o primei-
pernambucano”, como tantas vezes assim lembrado ro espetáculo social do mês de fevereiro, a comédia
na imprensa, foi pela primeira vez ao Cine-Teatro São Zuzu
João, em Tejipió, “cujos espetaculos vêm sendo ansio- aclamados do Brasil naquele momento. Os ensaios
samente aguardados ali”, lembrou o Diario de Pernam- de marcação – com cada ator recebendo somente
buco - as deixas e suas falas, curiosa tradição do teatro do
ção de O Interventor, comédia em três atos de Paulo passado que perdurou por anos – duravam cinco ou
Magalhães estreada ainda em 1931; e, na sexta-feira, seis dias, no máximo.
-
- -
fessor e ensaiador Manuel Matos e do diretor Samuel
e Samuel Campelo, Aves de Arribação
- Nosso Boletim de ju-
Gercina de Sousa. -
ra, intérprete pernambucana já conhecida em todo o
No domingo, dia 29, o Grupo Gente Nossa promo-
76
Companhia Brasileira de Comédias, dirigida pelo ator
Jaime Costa, em 1932. Serviu como primeiro espetá-
culo social do mês de março, marcando o vigésimo
mês de existência do coletivo pernambucano.
-
Diario de Pernambuco (12
de março de 1933), o grupo foi elogiado por vencer
“os obstaculos que tem encontrado para implantação
de um teatro honesto e digno de nossa cultura”. Na
noite do mesmo domingo, dia 12, nova visita ao Cine-
- Uma Senhora
ria, além de representar comédias de alguns dos mais Viúva, “mimoso sainete-comico em 3 atos”, como de-
destacados autores brasileiros – O Ministro do Supre-
mo
–, o Grupo Gente Nossa trouxe à cena “operetas de
do secretário Euclides Pires, a equipe fez nova visi-
como lembrou o Nosso Boletim
Entre os exemplos, A Casta Suzana, que integrava o
repertório de algumas das melhores companhias a
circular pelo mundo, além de novas operetas pernam-
bucanas, como Ninho Azul
e A Madrinha dos Cadetes
Samuel Campelo, sem contar outras mais antigas.
77
costumes do interior em três atos, Luar do Norte de
- artista que, inclusive, levou carta de elogios da Socie-
pernambucano.
-
Salientando o seu compromisso de dar todos os
meses uma peça repetida, o Grupo Gente Nossa, na
-
reção do professor Gaspar Moura, também acompa- sainete em dois atos Mamãe Quer Casar, de Celesti-
no Silva, consagrada em suas primeiras apresentações
ainda em 1931. Completando o programa, aconteceu
- um ato variado com os cantores do grupo e, numa
táculo social do mês aconteceu com a estreia de As prova de sua contemporaneidade, “as ultimas novida-
Moças de Hoje -
- Diario de Pernambuco (22 de março de 1933). Desta
de comediografo”, conforme o Diario de Pernambuco -
Foi Na
Gente Nossa. Beira do Rio Aves de Ar-
ribação e num dueto de A Rosa Vermelha, com Maria
É preciso lembrar que, durante quase todo o mês de Êta, Caboclo Mau, de
78
mês também reservou récitas de retorno da comédia
em três atos As Moças de Hoje
-
timo destacado no papel de Terêncio. O curioso é opereta A Rosa Vermelha -
que crianças não acompanhadas por adulto pagavam
ingresso. No horário noturno, foi a vez da comédia
As Moças de Hoje comédia em três atos A Mulher do Trem, original fran-
uma récita dedicada às mulheres pernambucanas, cês de Maurice Henequin, com tradução de Miguel
-
-
horário noturno, no Cine-Teatro da Paz.
Oliveira, Lindamor; e Romance Triste, produção musical
- Também foram realizadas sessões da burleta Luar do
nhamento, e letra de Samuel Campelo. Havia distin- Norte
ção nos valores dos ingressos para homens, senhoras Um
ou senhorinhas e crianças. Rapaz de Posição
dia 20; Que Loucura, Leonor..., comédia em três atos de
Encerrando a série de espetáculos do mês de março e -
Cala
local, na quinta-feira, dia 30, a partir das 21 horas, no a Boca, Etelvina...
Gonzaga, desta vez no Cine-Teatro São João, em Te-
de costumes regionais em três atos, Coração de Violeiro jipió; e Tão Fácil, a Felicidade..., comédia em três atos
79
Gente Nossa. E o Grupo Gente Nossa são esses
mesmos elementos que tão alto elevaram um
modesto trabalho teatral, interpretando-o com
um brilho verdadeiramente notavel... Não des-
taco nomes por isso que o Grupo é, e deve ser,
familia unida em que cada elemento vale por
todos, e vale, principalmente, pela circunstan-
cia de saber integrar-se, concientemente (sic),
80
sem imprevistos chocantes, naturalmente [...] Deixe-se dessas historias de matutadas. Não
-
vontade para a “big parade” das situações ca- disfarçavelmente adoentada, couberam todas
tivantes e de “humour”. Justas, as palmas que as honras da noite. Uma bôa atriz, realmente,
lhe foram dadas. Parabens... Si a contextura da a querida soprano do Grupo Gente Nossa.
peça não nos surpreendeu, outro tanto não
- Diario de Pernambuco
ta, nossa surpresa. E não há demerito, nesta de 1933) trouxe um outro comentário elogioso a Tão
assertiva, para os esforçados componentes Fácil, a Felicidade..., comparando sua dramaturgia à de
do “Grupo” -
Feitiço
panhia Jaime Costa, cujos artistas, com maior
tirocinio e sempre sugeitos (sic) á direção de
ator ao revelar particularidades dos tipos teatrais que
ensaiadores-experimentados, são mais fami-
liarisados com o genero de teatro explorado
em Tão facil, a felicidade. [...] E sob este ponto
de vista, como se recusar aplausos a Elpidio -
- ça para encantar, cheia de efeitos teatrais e
- montagem a capricho, a nova peça do mes-
“demodée” com mo autor de Um Rapaz de Posição que honra
aquele vestido horroroso e com aquela pon- a literatura teatral pernambucana e se pode
ta de combinação branca aparecendo sob a hombrear com as mais mimosas peças, no ge-
nero, foi justamente considerada pelo numero-
proporcionar uma alegria menos alvoroçada so publico que a aplaudiu, enchendo o Santa
Isabel na primeira representação, como a rival
por lhe pedir que não descanse as mãos nos dessa outra peça encantadora que é Feitiço, de
-
mos-lhe que não se sente junto daquele auto- de mais retumbantes exito, em nossa capital,
fone, no momento em que ha de deparar com nos ultimos anos. Tão Facil, a Felicidade... será
novamente representada hoje á noite no Teatro
Santa Isabel, para novos e vibrantes aplausos do
- seu feliz autor, para a completa vitoria do Grupo
Gente Nossa e a demonstração mais palpavel, e
81
já hoje quasi nem mais posta em duvida pelo
restinho dos descrentes, de que o teatro em
-
rão apenas 3$300, porque o Grupo Gente Nossa,
no intuito de difundir o gosto pelo teatro, não
se cansa de dar bôas peças embora com altas
despesas, vendendo os ingressos para os seus
espetaculos ao alcance de todas as bolsas.
Palmeirim Silva cumpriu temporada no Teatro Mo-
O mês seguinte, junho, representou um momento derno e, por dois momentos, o seu elenco misturou-
ainda mais especial para o Grupo Gente Nossa pelo -se a alguns integrantes do Grupo Gente Nossa. No
record de vinte e uma apresentações, todas com tex- dia 20 de julho, por exemplo, durante festival das atri-
tos de autores nordestinos. Na realidade, divulgaram
como sendo um mês totalmente dedicado aos drama- carioca, foi cantado o primeiro ato da opereta A Rosa
turgos “pernambucanos”, no entanto, constava na lista Vermelha
há anos radicado em Pernambuco. Com toda a sua ao conjunto pernambucano. Já no dia 22, em vesperal
no Teatro de -
o Grupo Gente Nossa já o considerava um drama- do, desta vez do ator carioca Carlos Medina, e, além
turgo pernambucano. Doze textos diferentes, então, da participação dos artistas Palmeirim Silva, Ceci Me-
O Bom Ladrão -
táculo social daquele mês, com três sessões ao total, -
-
versão da peça O Outro André, comédia de Correia
82
três atos O Bom Ladrão
à dramaturgia local, ainda que nem sempre se alcan-
- 1933, naquele palco.
apresentadas somente uma vez. Outras, no entanto, Neste momento, além de frisas reservadas a pre-
voltaram seguidamente ao palco do Teatro de Santa ços mais caros, as cadeiras tinham outro valor, assim
- como as entradas das crianças, mas a procura pelos
-versa. Das vinte e três apresentações promovidas em Ninho Azul,
julho, que superaram a marca do mês anterior, há casos por exemplo, foi um dos trabalhos mais disputados
como a da comédia em três atos Dinheiro... a Quanto pelos espectadores, e não faltaram elogios na im-
Obrigas! -
turgas presentes no repertório do Grupo Gente Nos- apreciação da montagem no Diario de Pernambuco
de agosto de 1933) ressaltando principalmente o seu
83
Oliveira já tinha sido alertado quando musicou sua
primeira opereta, Berenice impressões sobre Ninho Azul, desta vez destacando
seus intérpretes, mas não sem antes reclamar do que
O grupo Gente Nossa - -
so Samuel Campêlo – festejou ante-ontem o tivas ao Grupo Gente Nossa (ou provavelmente a
segundo aniversario do seu nascimento com
a operêta Ninho azul -
Há os incondicionalistas – os que acham tudo
de vocação errada, porque nasceu para mu-
muito bom o[u] tudo muito ruim. Estes não
sico, apareceu em teatro com uma operêta,
compreendem o verdadeiro espirito da criti-
a celebrada Berenice, de que somente a mu-
ca que é apontar o que existe de aproveitavel
sica era sua e que falhou devido á lêtra de
numa peça ruim e o que pode ser escoimado
outrem; que escreveu outra partitura para a
de uma peça bôa, para torna-la mais perfeita. E
operêta Rosa vermelha de Samuel Campêlo,
porque assim procuro fazer, liberto das igre-
e que agora ressurge sosinho (sic) com a le-
jinhas, raramente escapo a maledicencia des-
tra e a musica do Ninho azul, depois de haver
tas. Mantenho o que disse sobre a musica, que
tambem escrito comedias. Sua carreira teatral
é deliciosa e tem orquestração aprimorada.
-
a Berenice e o desejo de vencer no primeiro
84
cantou e deu vivacidade ao seu papel, nos nu-
meros que mereceram bis[;] e aceitavel a parte
-
- -
85
setembro, ele foi recebido e aclamado pelas classes ao Cine-Teatro da Paz), muitos em “espetáculos ex-
conservadoras e liberais como um dos chefes civis da traordinários” e não de “assinatura”. No elenco desta
- -
O Grupo Gente Nossa, então, aproveitou o momen- atriz israelita Esther Perelmann pôde mostrar com
-
ruda, por exemplo com as remontagens de O Outro A Menina da Rua, com a par-
André, Luar do Norte e A Mulher do Trem, seguiu para o
86
loso”. Comtudo, (sic) os nossos parabens ao
-
veira quem não resistiu e, mesmo sendo do Grupo
Diario
de Pernambuco Jornal do
Commercio não estava sendo impresso neste momen-
87
- sua excelsa personalidade artistica. [...] deu-
-nos na deliciosa “Gata” uma admiravel prova
melhores elementos do Grupo. Não faria ver- de que nenhum papel lhe é defeso no genero
gonha a qualquer grande companhia de come-
dia. Quando tem bem sabido o seu papel, é pelo visto, que seja igualmente grande – ela,
que é tão pequenininha – na tragedia, na ope-
saber “as falas”... Em Senhorita Gata conduziu- ra, na revista e – quem sabe? – na pantomima!
-se brilhantemente, os pequenos exageros
da sua paixão por Miss Clay. Podiam ter sido reclama, pelas transições de que está reple-
evitados, sem que, porisso, sofresse a “linha” to – mutações de sentimentos, de atitudes,
do papel. Uma outra atuação para a qual eu de gestos – que o tornam parte de grande
pediria mais discreção (sic) do traço caricatu- envergadura para atrizes de primeira plaina.
“Miss Clay”.
Bôa caracterização, a aplaudida excêntrica do aqui, já mulher ali, pondo em polvorosa toda
Grupo situou-se bem no contexto geral da re- a casa e cujo o espirito, egresso do mundo
presentação, dando-nos um tipo bem interes- irreal da infancia pouco a pouco se inicia no
sante. Não se esqueça de que a governanta amro (sic) e vem a amar com toda a ardencia
inglêsa é sobria, lenta, severa, dentro da mol- da alvorada de sua puberdade. [...]
dura comica das suas atitudes. Elpidio Camara fez chorar, principalmente naquela sequencia
mostrou que o seu talento artistico é uma re- -
alidade. De vez em quando, Elpidio nos dá uma panhando a partida de sua mamãe, rasgam a
Ninho Azul, fundo a personalidade de “Gata”, entremos-
em O Mimoso Colibri, em O Amigo Tobias, em trando-a sensivel e enternecida. E, pôr toda
Zuzu... desempenhos que fogem á banalidade a peça, foi uma sucessão deliciosa de bruscas
dos papeis comicos sem personalidade mar- transições, magistralmente encenadas por
cante. Também já disse uma vez o (sic) Elpidio
que ele era muito “igual” em todos os papeis, maneira com que foi observado, traçando a
que experimentasse novas caracterizações e psicologia do personagem de tal modo que
o que Elpidio conseguiu nos dois primeiros aquele espirito diabolico de “Gata”
atos de Senhorita Gata -
pidio de sempre, distanciando-se do carater endiabrada menina já é outra, completamente.
preponderante do seu personagem. Já sei que
-
mação é completa. E, isto mesmo, nos senti-
mentos. O fato, porem, é que nos 2 primeiros
atos, Elpidio desenvolveu uma “performance”
que pode inscrever como das mais interes-
santes da sua galeria de tipos. Esteve ótimo.
“falas” eram
[...]
88
transformação que claramente se sente não pernambucano nestes seus vinte e seis mê-
ser devida ao tempo mas ao milagre de um ses de existencia.
sentimento nascente que abafa as demasias
daquele temperamento, descerrando-lhe o Em seguida, a mesma edição do Diario de Pernambuco
-
89
-
reira”, conforme lembrou o jornal Diario da Manhã
de outubro de 1933), tendo no elenco as senhorinhas
-
Jorge Eiras.
-
- de Oliveira, foi apresentada, desta vez em festival do
90
Fantoche Para o Diario de Pernambuco (3 de dezembro de
de Jean Gilbert, A Casta Suzana, em festival da atriz 1933), em Feitiço, “O Grupo Gente Nossa montou
a linda peça a capricho, dando-lhe um sugestivo ce-
nario de J. [Jair] Miranda e um desempenho que tem
sido uma brilhante recomendação para o conjunto
- pernambucano”. E, lembrando a volta à cena do ator
Diario de Pernambuco
de quase quinze dias corridos foi um sucesso.
91
Enquanto isso, na sede da Tuna Portugueza, no dia 9 convidado para o seu elenco. E é hoje, um dos
- seus esforçados elementos, considerado, sem
bena, não mais como integrante do Grupo Gente duvida, um artista das mais largas possibilida-
des. Não falta a um ensaio. Estuda beneditina-
mente os seus papeis. Ouve religiosamente os
pela cidade, aproveitou para promover esta festa em
seus ensaiadores. Não é atôr de “bexigadas”
nem de enxertos pulhas. O que faz, faz com
-
consciencia, num grande desejo de elevar a
cenando com ela na comédia Casal de Pombos na pri-
meira parte, seguida de um ato variado com canções toma parte em todos os espetaculos e não é
sem palmas da platéa que deixa, todas as ve-
(fado espanhol, fox, tango e sambas). O monólogo Os
Coxos bem modesto para não se julgar uma celebri-
dia antes, o Diario de Pernambuco (8 de dezembro de dade, Elpidio Camara tem diversas creações,
1933) começou a série de matérias sobre a próxima como o Paulo de Tão facil, a felicidade..., o Gus-
estreia do Grupo Gente Nossa e, numa estratégia di- tavo, de Ninho Azul e até mesmo o Dagoberto,
ferente, deu destaque não a montagem em si, mas aos de Feitiço, no qual, fugindo a assemelhar-se a
- Jaime Costa ou Palmerim, fez trabalho pro-
prio, de marcante personalidade.
-
92
E’ verdade. Eu mesmo a escrevi. Os meus que-
ridos inimigos faziam disso um cavalo de ba-
-
quezinha Elenora, mas, acaba fugindo com a sua dama
-
ele “não mandou taquigrafar a partitura...”, numa refe-
rência ao seu não conhecimento preciso na escrita de teve seu enredo totalmente esclarecido mais à frente
pelo Diario de Pernambuco
93
Elenco de A Madrinha dos Cadetes
“ ”
armada no palco do velho teatro uma passarela
de grande efeito para as marcações e apresen-
resiste a todas as combinações diplomaticas tando em conjuntos organizados em Pernam-
empreendidas em torno do seu casamento buco um corpo de 12 coristas homens vestidso
com o principe Patapio, do Empireo... Mas, (sic) uniformemente e disciplinados nas evo-
mundos uma vez que o principe, mandando (sic) levou ao palco em certos momentos mais
tambem á gaita o seu casamento convencio-
nal, acha de melhor alvitre fugir, de braço dado
peça consagra a
e Elenora, que preferiu ás razões de Estado as ainda mais. A Madrinha dos Cadetes chegou a fazer duas
supremas razões do coração... sessões em seu segundo dia de existência, em vesperal
e sarau, sempre com casa cheia. Tanto que um novo
Nunca uma peça de teatro em solo pernambucano comentário elogioso surgiu dois dias após a estreia, no
gerou tantos comentários favoráveis. O Diario de Diario de Pernambuco
Pernambuco, por exemplo, reproduziu elogios va-
O formidavel exito alcançado nas tres primei-
ras representações da A madrinha dos cadetes
foi, pode dizer-se, sem precedentes na vida te-
94
A Madrinha dos Cadetes
Mesmo “constrangidamente”, após três apresenta- No entanto, essa situação a contragosto não arranhou
ções de casa cheia, o Grupo Gente Nossa teve que a trajetória da luxuosa montagem.Tanto que, do dia 21
ao 23 daquele mês, novas consagrações foram publica-
dos ingressos, independente dos gastos empregados das no Diario de Pernambuco. Eis o que saiu na edição
de 21 de dezembro de 1933, na coluna Scenas & Telas
no Diario de Pernambuco
Cenarios lindissimos de Mario Nunes e J. Mi-
Grupo Gente Nossa reduzindo, randa, guarda-roupa rico, confeccionado por
hoje, o preço das localidades para A madrinha -
dos cadetes, constrangidamente o faz apenas
para atender aos inumeros pedidos que tem bem cuidado de Samuel Campêlo, marcações
recebido por parte do publico habituado aos originais e das mais interessantes – lembran-
seus preços comuns. Bem facil é compreen-
95
consagrada parceria pernambucana tem sido
juntamente aplaudida, chegando, diariamente,
á direção do Grupo, valiosas opiniões de apoio.
96
vêem com maus olhos as iniciativas pernam- peça italiana de Bertonasco e Martignore, em espe-
bucanas. De fato, ninguem poderia supôr – e
-
fe, com elementos daqui mesmo, se podesse
(sic) encênar, representar e cantar uma ope-
rêta como A Madrinha dos Cadetes na qual não
sabe se mais louvar o enrêdo, a fantasia que em
tudo predominou, a partitura lindissima cheia
Grande do Norte, não sem também tratar, mais uma
- vez, dos problemas que rondavam a existência de um
tagem das mais luxuosas que a nossa cidade conjunto local. O desabafo foi publicado no Diario de
tem apreciado. E quando se avaliá que o Grupo Pernambuco
Gente Nossa oferece um espetaculo de tama-
nho vulto – (para o qual empregou contos de O Grupo Gente Nossa durante a sua vitorio-
reis) – por um preço baratissimo que, em de- sa trajetoria tem sofrido os maiores apôdos
zenas de representações da peça, não atingirá e encontrado inenarraveis impecilho[s] pelo
as despesas empregadas, é de desculpar peque- que o seu triunfo se apresenta cada vez mais
ninas faltas, senões quasi imperceptiveis que brilhante. Não lhe tem faltado a guerra surda
só os maldizentes descobrem para deprimir o do despeito da inveja e da maledicencia mas o
trabalho alheio quando se julgam incapazes de Grupo Gente Nossa encouraçado contra to-
esforços semelhantes. das as intemperies marcha sereno em busca
de seu ideal. Trabalha verdadeiramente pelo
Em meio a este sucesso, lidando tanto com a inveja -
quanto com a admiração de muitos, o Grupo Gente medias ou operetas, arrecadando para o seio
Nossa ainda arranjou tempo para levar, de carro, o seu vocações dispersas e dignas de estimulo e, so-
Noites de bretudo, tecendo uma cadeia de cordealidade
Novena, no dia 21 de dezembro de 1933, cidade que o (sic) artistica em volta das companhias que nos
recebia com muita simpatia. Pouco depois, aconteceu visitam, quer nacionais ou extrangeiras (sic),
- prestando-lhes todos os auxilios possiveis e
a alegria de uma camaradagem muito sensivel.
97
1934
C
co publicado pelo Jornal do Commercio
de intensa atividade teatral em Pernambuco, especialmente com a chegada de nove
-
Em seguida, para uma temporada de seis dias no Theatro Moderno, foi a vez de
matinée
infantil. Pouco depois, também naquela mesma casa de espetáculos, a Companhia
Diario de Pernambuco
98
98
Santos; O Dote de Nha Josepha, de J. Palm; A Família
Barafunda Criada do Diabo, de Marques
Esta Casa é Um Paraíso A
Patrôa A Casinha Pequenina, da
É de
Amargá!, de autor pernambucano não divulgado, mas
claramente inspirada pela marcha de carnaval homô-
-
sões noturnas, também foram promovidas matinées
Xandoca, Solteira é Que Não Fico!, Quem Beijou Minha tornando àquele palco ainda por outros meses do ano,
Mulher e O Felisberto do Café, todas do dramaturgo
Gastão Tojeiro; Dois é Bom... Três é Demais, Annita Qui- O Rei Lear, quatro atos
tandeira, Luar de Paquetá, A Malandrinha, Quem Paga é o emocionantes de autoria do consagrado teatrólogo is-
Coronel e A Pequena da Marmita
Uma Mulher Complicada e Hotel dos Amores, de Miguel -
99
blicado na imprensa da época e registrado no trabalho Aves de Arribação
O Teatro Iídiche: Âncora e Plataforma melhor edição que já assistimos da mimosa opereta.
da Identidade Judaica – Décadas: 1930 e 1940; além da Os autores foram chamados á cena mais uma vez para
atriz cantora Esther Perelman no “complexo papel” de
assim o seu ciclo em Pernambuco com chave de ouro
Diario
- de Pernambuco
100
O Bôbo do Rei,
Tosca, , O Homem das 5 Horas, Um Feitiço
, O Elixir do Amor e Fra Diavolo. No de Mulher, Amor, Divorciados, Um Beijo na Face, Carta
total, com a primeira e segunda temporada, chegou a Anonyma, Um Caso de Polícia, Mania de Grandeza, O
dezessete apresentações no ano. Em outubro, visitou Symphathico Jeremias, Rosario, Quando o Amor Vem...,
a capital pernambucana a Companhia de Comédias Compra-se Um Marido, Que Noite, Meu Deus!, Deus Lhe
Teixeira Pinto, que representou vinte peças diferen- Pague..., Gozemos a Vida! e Quem Manda Aqui Sou Eu.
- No repertório, dramaturgos já consagrados como
Joracy Camargo, Eurico Silva e Paulo Magalhães, en-
com grande parte delas com “o theatro ás moscas”, tre outros.
deixando Pernambuco como “uma triste excepção
- Destaque ainda para duas obras de autores pernam-
veira na coluna A proposito..., no Jornal do Commercio bucanos, a comédia Tão Fácil, a Felicidade... -
101
mar de Oliveira; e Agite-se, de Samuel Campelo, esta
Jornal do Com-
mercio
contou ainda com a exibição de um ato variado na
sequência, em que tomaram parte os principais ele-
mentos da equipe. Como se sabe, era de bom tom
às companhias visitantes, durante longa temporada
numa outra cidade, apresentar trabalhos de drama-
Tão Fácil, a
Felicidade... -
Quanto ao movimento do teatro local, os palcos es-
-
-
nhia Stevanovich, com uma coleção de animais raros mês de janeiro. Patrocinado pelo Centro Pernambu-
e domesticados (elefante, zebra, canguru, jacarés, -
tigres, leopardos, onças e macacos), além de uma
troupe de artistas, com destaque às suas bailarinas o grupo apresentou, entre operetas e burletas, Ninho
e seus palhaços. Azul, A Rosa Vermelha, Aves de Arribação, A Madrinha
dos Cadetes, Luar do Norte, Noites de Novena, A Casta
Suzana, fazendo bela temporada em terra potiguar.
102
-
-
-
-
ra acompanharam o grupo.
-
das aconteceu na primeira visita a Garanhuns, no
- Samuel Campelo
veira começou a ser a protagonista de Aves de Arri-
mento do conjunto foram tomadas em duas
bação
sessões seguidas sendo eleita a seguinte dire-
-
-
da de Natal, em fevereiro, seguindo os três para o
-
-
103
Diario de Pernambuco (20
Cunha, aquela amante platônica do milionário
Não nos tendo sido possivel ir á primeira, as- luta com o amôr-próprio e os impulsos da car-
sistimos á segunda representação de Deus lhe -
pague -
margo, levada pelo Grupo Gente Nossa. Peça
sem teatralidade, porque toda adstrita a um
dialogo de dois pobres á porta duma igreja, se- Oliveira fez apenas uma “ponta”, de que tirou
ria mêsmo preciso muito talento do autôr para as vantagens possiveis. O mais foi comparsaria
conseguir prendêr a atenção dos espectadôres. sem relêvo na péça. Pode-se, assim, dizêr que
o desempenho revelou mais uma vitória para
terrivel combate á situação atual, para preparo êsse grupo que Samuel Campêlo, com tanto
duma nova era dentro da igualdade humana! esfôrço mantém, em prol do levantamento
Deus lhe pague não póde deixar de ser uma do teatro nacional. E quem não assistiu ainda
peça de propaganda dos ideais do seu autôr. a essa péça, que é verdadeiro primôr literário,
que não perca a oportunidade.
de ser um sentimento elevado dos que distri-
buem uma migalha dos seus pertences é um No entanto, foi a partir de maio que a sequência de
ato de temôr do invisivel, com a esperança montagens ganhou fôlego, com um total de dezesseis
dum acréscimo. Sem quasi teatralidade, como récitas naquele mês. Um dos destaques foi o remon-
dissemos, toda a peça gira em tôrno de duas te da opereta Ninho Azul
de Oliveira, agora com a protagonista entregue à fes-
de operário que mais tarde se tornou milioná-
rio e desfruta a vida com a dupla personalidade
104
que é bom. Comico apreciado basta entrar em
105
O duplo Mauricio
ponta das que muita gente de teatro recebe
fazendo beicinho. Osvaldo Barreto tirou todas
as vantagens do seu agiota moderno e elegan-
te. Já não se pode chamar uma promessa; é
uma realidade. José de Souza fez tambem uma
106
que amam o bom teatro, aqueles que ainda
duvidam do Gente Nossa, que ainda duvidam
da força de vontade, da perseverança, do
trabalho honesto, do idealismo dos que fa-
montagem, Amor
Grupo Gente
Nossa; para este pelo tour de force que repre-
senta encenar, em breve dias, uma peça como
Amor; para aquele, porque mais uma vez veio
mostrar a imensa força do teatro, apontando
e propagando uma diretriz social que nenhum
livro, discurso ou artigo doutrinario conse-
107
em janeiro do anno vindouro; Tratar da re- Nossa (num momento de parada do conjunto), res-
modelação do elenco contractando artistas saltando a importância de Samuel Campelo ter solici-
novos e conservando alguns daquelles que, ul-
-
tulados do Grupo; Escolher para director de artistas falecidos. O “desabafo” surgiu na sua coluna A
scenas, o sr. Miguel Jasseli, actualmente com
proposito..., deixando claro que a vida dos integrantes
-
buir as quotas estatutarias aos elementos que
108
desanimo ensombrou, por um momento
Jornal do apenas, a vida do Gente Nossa – o velho
Commercio conjunto pernambucano de que algumas
representações triumpharam em confronto
com as de varios elencos que aqui, como
sem ideal, sem honestidade artistica, sem res-
- a data commemorativa do anniversario do
mos mambembes, por ahi andam, de palco em theatro. E o Grupo volta ao palco do Santa
Esphynge,
nomes dos autores, representando chancha- -
das, ignobeis e sketches policiaveis. Não é cri- te, A Madrinha dos Cadetes, representada por
vel que sobre ellas, que rudemente golpeiam um conjunto que nem por sonhos será infe-
o nome do theatro nacional, não incidam os
dispositivos legaes que tão severamente reca- ouvir e applaudir o casal Prysthon, o actor
em sobre as grandes companhias de operetas,
comedias, etc., que visitam, de vez em quando, Barbalho, o tenor Eimar Pessôa, do Gremio
criterioso. Que se policiem taes organizações varios companheiros, o José Tinoco, uma
a bem do conceito e dos ideaes de cultura do verdadeira vocação para o comico, o Car-
theatro nacional e que se procure denomina- los Codeceira, que fez o reporter de Amor,
-las de modo a não parecer que tem qualquer muita gente nova, a incluir a soprano Maria
ligação com o Grupo Gente Nossa. Pois, mes- Carolina, recem-chegada da Bahia e que fará
- a Duquezinha Eleonora, já vividas aqui e no
lhor fazem não usando o nome dos paes.
publico vai ver de que é capaz um esforço
- bem orientado. Os amigos do Grupo vão en-
gou também no Jornal do Commercio (8 de dezembro
os seus inimigos vão continuar a sua soffre-
ga onicophagia, porque, de junho para cá, as
unhas tiveram muito tempo de crescer.
-
ses do anno corrente, de varias companhias Já no dia seguinte, a 9 de dezembro, o Grupo Gente
Nossa representou Deus Lhe Pague, de Joracy Camar-
Gente Nossa, obrigado, assim, a suspender
a sua actividade – a actividade que fez tanta
gente roer as unhas até o sabugo – porque,
em condições de abriga-lo. E o Grupo parou. encenada A Esphynge, alta comédia em três atos de
Desarticulou-se. Para conseguir commemo- -
rar o anniversario de 2 de agosto ultimo, foi
cessos do grupo, Eu Não Sou Eu. A Esphynge já havia
Amor, de Oduvaldo
109
O Grupo Gente Nossa vale, principalmente,
110
Jor-
nal do Commercio
Grupo Gente
Nossa”, assinado pelos “Habitués do Grupo Gente
inteiramente novo e da passarelle, está sendo desempenho melhora dia a dia, tudo fazendo crêr que
construido um palco gyratorio que será uma a victoriosa peça theatral demore ainda no cartaz”,
das novidades das proximas representações festejou o Jornal do Commercio (30 de dezembro de
da A Madrinha dos Cadetes -
po Gente Nossa os palcos do teatro recifense foram
do Santa Isabel, estando sendo confeccionadas ocupados. Pelo menos seis outros conjuntos conse-
varias peças novas para o guarda-roupa. guiram ser citados pela imprensa durante o ano de
-
- -
-
-los á campanha em prol do soerguimento do Teatro
- Nacional”, conforme lembrou o Diario de Pernambuco
lo na propaganda; e o até então desconhecido Her- Bilhete Revelador,
domingo, dia 23, houve segunda sessão também com dos componentes do seu elenco; além de O Petroleo
Falhou, do também estreante Eumenes de Oliveira, e
alta comédia A Esphinge, também elogiada. O terceiro mais Luar do Norte -
espetáculo de A Madrinha dos Cadetes, no dia de Na- tiago, Mimoso Colibri Casa de
Maribondos, comédia em um ato de Umberto Santiago.
o coronel Jurandyr Mamede na plateia, entre outros O mesmo conjunto – que trazia em seu elenco, en-
-
às 21 horas.
111
-
Dar Cor-
da Para Se Enforcar e Que Loucura, Leonor
Falho Juramento e Rosas de Jericó
-
sário do grêmio, em abril); Dias Felizes, de Mário
próprio teatro no bairro da Madalena, quando par- Guimarães; Noites de Novena, de Samuel Campelo;
Declamação, pela a burleta O Barão de Casaes
Meu Devotado Amor, Maciel; e Graças a Deus e Secretario de S. Excelência,
valsa por Theresinha Costa; Type Sette, marcha pelo
de quinze amadores tomando parte na representa-
ção, foi dedicada a Oscar Moreira Pinto, diretor da
Porque o Lopes Se -
Casou e a farsa Precisa-se de Uma Mãe, ambas de Silvi- tado um ato de variedades com a colaboração de
-
112
bel, em vesperal de domingo com a comédia Tem
representou, também com cobrança de ingressos, A de Casar, Casa!,
Tia de Carlos e A Rainha dos Estudantes, textos de Má- um ato variado, em ambos tomando parte o elenco
do Grupo Gente Nossa
comédia em dois atos, aconteceu em novembro com
festival promovido no Theatro São João, no bairro
de Tejipió. Na segunda parte do programa, dois atos
- -
dos e organizados por Durval Moraes, como Marujos -
Em Folia, Malandros Em Marcação, Garotas Sapecas e ses armadas”, com ingressos à venda no depósito da
Rosas e Jardineiros
“scenographo” Wilson e uma jazz composta de dez
A Tia de Carlos ganhou
repetição no mesmo mês de novembro, desta vez no -
Cine-Theatro da Paz. “Seguiram-se dois actos varia- sos pavilhões com mostra de atividades comerciais e
dos que agradaram inteiramente ao grande publico”, industriais para intercâmbio com as demais unidades
referendou o Jornal do Commercio (2 de dezembro federativas, parque de diversões, cinema, barraca de
sorvete da Casa Barbosa, e, especialmente, o Teatro
Criado e
Amigo e Alfaiataria Domestica
autores ou ensaiador. Já a veterena Tuna Portugue-
sa realizou várias “festas theatraes”, representando dançarina excêntrica acrobata, também participaram.
em algumas delas as comédias O Amante de Minha
Mulher Precisa-se de Uma Mãe, de
Bodas de Prata
além dos grupos, vários festivais foram organizados -
- te programados pela Sociedade de Cultura Musical e
estas “festas theatraes” com renda aos artistas que
- as promoviam, também lá aconteciam exposições de
fonso Norat, Julieta Soares, Silva Sanches e muitos
outros, encenando-se diversas peças, entre as quais apresentações de danças clássicas ou de orfeões esco-
O Interventor, de Paulo Magalhães; Não Me Conte Esse
pedaço O Advogado -
do Diabo e Cala a Bocca, Etelvina! -
zaga; Deus lhe Pague..., de Joracy Camargo; Rancho da -
Serra Lua de Mel e Precisa-se de Uma ros de cantos, piano, theatro, etc.”, lembrou o Jornal do
Mãe A Mulher de Porcellana - Commercio
O Homem da America
Dornellas.
113
Conversa de Bibe-
lots, que deixou boa impressão principalmente pela
montagem e guarda-roupa”, lembrou o Jornal do Com-
mercio
em sua coluna Notas de Arte, no Jornal do Commer-
organizou um longo programma de festivida- cio
- já tinha tecido elogios ao trabalho, que chamou de
rios actos variados, de canto e theatro, tem “curiosa concepção theatral da conhecida escriptora
sido organizados para diversas festividades
promoveram atos variados. Uma delas contou com a poupando-me a citar nomes alguns amadores
comédia Priminho do Meu Coração, revelaram marcada inclinação para a scena.
-
sabbado, do qual não é justo pretender fazer
critica rigorosa. A Priyanvada succedeu um in-
do Gymnasio Pernambucano. “O desempenho correu
teressante Conversa de bibelots, trabalhada em
bem, principalmente, por se tratar de amadores, mui-
alexandrinos, tambem da lavra da snra. Juanita
tos dos quaes pisavam, pela primeira vez, o palco”,
Machado e também montada com certo zelo
Jornal do Commercio
– zelo de quem conhece bem o mettier de
aderecista e enscenador. Sente-se que a auto-
ra de Terra Cabocla é capaz de nos dar muita
-
Priyanva- to gosto, trabalha activamente e é emprehen-
da, dois atos originais de Juanita Machado, interpreta- dedora. Dêem-lhe gente e dinheiro e ella nos
offerecerá noitadas de arte inesqueciveis.
114
- (que em outubro apresentou Deus Lhe Pague, de Jo-
res, também foram realizados a revista Colcha de Re- racy Camargo, um dos maiores sucessos da drama-
talhos, -
festa anual das alunas de ballet clássico de Miss Gatis,
- Junior, de “Goyanna”; e do Gremio Polymathico de
-
burleta em três atos de Miguel Jasseli, Um Sonho Que
Viveu, “excedendo as expectativas”, segundo o Diario
para esta linguagem, algo que só aconteceria em 1939, de Pernambuco
-
Jornal do Commercio
-
rem com a arte dramatica em todas as suas
-
ca da face, arte do gesto, etc. O curso será
dirigido pela sra. Juanita Borel Machado que
procura interessar nesse emprehendimento
as autoridades do ensino publico em nossa
terra. Proximamente, daremos novos infor-
mes sobre essa curiosa iniciativa.
115
1935
P
-
chegou a mais de cem apresentações neste seu quarto ano de existência, numa
média de doze sessões a cada mês. Para agradar aos sócios que pagavam mensali-
dade e queriam assistir novas peças constantemente, a equipe ampliou ainda mais
o seu repertório, pois uma de suas missões era incentivar a produção da drama-
turgia pernambucana. O mês de agosto, por exemplo, foi destacado por só trazer
116
116
Dentre os novos trabalhos do Grupo Gente Nos- em Deus Lhe Pague... -
sa destacaram-se as comédias O Herdeiro do Throno,
-
- tan Maciel. Outras comédias também apresentadas em
Um Rapaz de Posição -
Prysthon, Carlos Bastos, José de Souza, Carlos Co- veira, Feitiço Flores de Sombra, de
Em Nome de Deus, O Cláudio de Sousa, Guerra às Mulheres, de Paulo Maga-
Homem Bom e Ladra, todas três escritas por Silvino lhães, Casa de Gonçalo Paternidade,
- de Joracy Camargo, divulgada como sendo a primeira
vez que esta comédia em três atos foi montada no
-
-
sentada no dia 18 de maio, servindo para festejar o
O Bom Ladrão É Preciso Casar The-
resa, de Umberto Santiago, e O Amigo Tobias, da du-
pernambucanos não chegaram a ser representadas pla espanhola
naquele momento, como O Cadete - com tradução de Brandão Sobrinho, também foram
ta, Flor de Mancenilha, de Julieta Oliveira, Amor Por Cor- comédias reapresentadas, além de Saudade, de Paulo
respondência Zezé
O Erro do Criador, de Silvino
117
Theatro Municipal de Jaboatão, que elle inau-
Diario da Manhã hontem fóra dos seus papeis comicos mas cor-
-
mosa, que o Grupo Gente Nossa deu, hontem
ao seu publico em terceiro espectaculo de
-
menagem e admiração ao talento e á arte do
maior de nossos actores no seculo presente.
-
tia, lá está o seu retrato como na fachada do
118
faz o Grupo -
nha de frente um de seus elementos. Os que
approvam, continuam na vanguarda; os outros
voltam à rectaguarda para novas instrucções.
-
beer, mas é de louvar o modo de agir do Gente
Nossa, que não alimenta vaidades nem dá mar-
gem a estrellismos comquanto traga para jul-
gamento publico todos os seus elementos. O
actor Carlos Torres ensaiou a peça, marcou-a,
que é. Com uns tempos mais, quando melhor de maior destaque do repertório foi mesmo a alta
-
comédia em três atos Mulato, de autoria de Samuel
pectaculos de muito brilho.
Campelo, outra obra de estreia que, num grande fei-
to para aqueles tempos, foi editada pela Sociedade
Posteriormente, ainda foram à cena os dramas Mãe
Rival, de Sonia Gourvitz, escritora israelita domiciliada
Teatro Brasileiro.
Mater Dolorosa
Mulato, a 13 de maio de
Vida e Morte -
morar o nascimento deste saudoso dramaturgo a 11
Samuel Campelo como diretor do Teatro de Santa
Nosso Boletim
Diario da Manhã
119
Norte Morenas
Brasileiras, A Cabocla Bonita, burle-
ta de Marques Porto e Sá Pereira, que integrou um operetas dos palcos brasileiros e mais uma integran-
- -
no, a personagem Bobette, por apenas quatro sessões
que participaram integrantes do cast (sendo uma em vesperal), tendo como par romântico
-
na A proposito..., do Jornal do Commercio (2 de agosto
outros amadores, e voltou à cena em vesperal no mês
de maio; Senhor de Engenho, texto de Miguel Jasseli, W., pôde relembrar suas experiências anteriores em
a opereta regional A Ju-
rity
(Chiquinha Gonzaga), apresentada a 28 de setembro, Surgida a ideia de uma opereta imaginada,
composta e escripta aqui, pus mãos á obra e
Maranhão; e a opereta de Samuel Campelo A Rosa Ver- seis meses depois dei por prompta a Berenice,
melha, que tinha o duplo de numeros musicaes dos
trabalhos desta natureza. Opereta nitidamen-
- te viennense, logo depois o Samuel Campello
tada reforma de remodelação naquele espaço. -
co libreto de Aves de Arribação
-
-
bém como produções musicais a comédia musical
tino enthusiasmou-se e pediu outro trabalho
Cartazes de Amor, a opereta regional Coração de Vio-
A Rosa
leiro
Vermelha, outro “tiro” da Companhia do feste-
no elenco do Grupo Gente Nossa), e a burleta em jado tenor brasileiro [...] Um bello dia, recebo
três atos O Gato Escondido, assim como o melodra- a incumbencia de musicar o libreto Lindamor,
ma português Rosas de Nossa Senhora, adaptação de de Paulo Magalhães. Musiquei e conto a sua
Celestino Silva. No ato variado em sequência desta primeira representação como um dos mais
legitimos successos a que já presenciei. De-
pois, entendi que devia escrever, tambem, os
A Madrinha dos Cadetes -
demar de Oliveira, trabalho que voltou a ser rea-
-
cia da orquestra.
120
libretos das peças e lá nasceu Ninho Azul que
o Grupo Gente Nossa enscenou mais de 20 ve-
121
Boby e atacarem, sem base nem proposito superior,
Bobette foi escripto em poucos dias. O enre- deveriam ir levar tambem a sua pedra á formi-
do estava já amadurecido em meu cerebro e davel obra de Samuel Campello. E’ uma insti-
para passá-lo ao papel não precisei senão de tuição que deve ser quanto antes considerada
uma semana de trabalho. Trata-se de um legi- de utilidade publica, para que possa ser mais
-
so, sem theses cabelludas a expôr destinado,
unicamente, a fazer passar o tempo, propor-
cionando duas horas de espectaculo ligeiro, Segundo o Jornal do Commercio
a peça foi levada “em primeira, com agrado”, regis-
- trando o sucesso da estreia não só dos intérpretes
ções ao valor total dos meus trabalhos, que
principais, mas do “disciplinado corpo de côros”. E
resolvi, de uma vez por todas, fazer calar essas
vozes impertinentes. Como a opposição é ne-
cessaria á bôa pratica administrativa e politica,
-
tambem os inimigos que a vida nos proporcio-
ções também merecem ser apreciadas. Hon-
na se tornam verdadeiramente imprescindiveis
tem houve muitos applausos, sendo o Grupo
para nos animar para a luta e para a victoria.
-
[...] Tenho a satisfação de poder dizer que Boby
e Bobette -
to, partitura, orchestração, copia, marca e até
directoria do Grupo.
desenho de scenarios. [...] Tem sido [o Grupo
Gente Nossa] o grande animador da minha
actividade artitica. Devo-lhe a melhor parte
dos meus triumphos e o theatro nacional lhe
preciso viver lá dentro para imaginar quanto para “alguns cheios de brasilidade, como a canção da
Recorda esta canção e um
de nossa terra, como a tantas e tantas pesso- frevo typico pernambucano, lembrou ainda o Jornal
as que vivem, exclusivamente ou em parte, da do Commercio -
sua existencia. Os que estão do lado de fóra mas sessões, depois que uma comissão de senhoras
não sabem o que aquillo é e, em lugar de o
122
Pombo a fazer mais duas apresentações para além
das quatro inicialmente programadas, nos dias 11, em
Em Garanhuns, com nove espetáculos promovidos Durante aquele ano, nove atores do Grupo Gente
no Cine-Theatro Glória, entre burletas, operetas e
comédias (incluindo as dramáticas e as altas comé- -
dias), a estreia se deu com Mulato. Seguiram-se de-
pois, Guerra às Mulheres, Um Rapaz de Posição, A Rosa
Vermelha, Senhor de Engenho (burleta com libreto
de Miguel Jasseli, um dos organizadores da excur-
são), Morenas Brasileiras, Aves de Arribação, Ladra e, em A Casa do
“espetaculo extraordinario”, como despedida, segun- Gonçalo. Já o ensaiador carioca Carlos Torres, tam-
123
trabalho insano. E sai ás vezes resmungando
coisas, sem olhar nenhuma attenuante e, so-
bretudo, sem desculpar aquillo que facilmen-
te desculpa quando se trata de um conjunto
itinerante, com nome de cartaz e com peças
-
mero destes que fazem o Grupo Gente Nossa
sem se dizerem grandes actores e, todavia,
com um esforço que não é possivel perder
de vista numa terra ingrata como Pernambu-
124
seus papeis, representando com intelligencia e demais funccionarios em serviço junto ás em-
vontade pura de acertar, Maranhão fez amigos presas cinematographicas, campos de foot-ball e
como amigos fez entre a plateia – essa mesma quaesquer outros estabelecimentos de diversões
plateia que não desdenhará ouvir, hoje, mais
uma vez A Jurity, pelo prazer de expressar ao evitar que o imposto de caridade recolhido pelo
publico seja sonegado pelas emprezas respon-
-
Em março, um novo ensaiador havia sido contratado, narios observar as disposições contidas nas ins-
o renomado ator Carlos Torres, “a quem os artistas
- -
me lembrou o Nosso Boletim nentes a especie, habilitando esta directoria a agir
Este, que por muitos anos atuou na Companhia de energicamente contra os infractores.
-
do Jornal do Commercio
comédia dramática O Homem Bom
na qual fazia o papel principal, em sessão no Teatro
Jornal do Com-
mercio de ante-hontem publicou uma portaria
-
dade todo o cuidado e zelo no cumprimento
de suas funcções nos campos de foot-ball, ci-
por pouco a imagem do Grupo Gente Nossa não foi nemas e theatros porque o Grupo Gente Nossa
manchada devido a uma irregularidade denunciada no fora apanhado numa contrafacção do referi-
Jornal do Commercio do imposto. Effectivamente no espectaculo
de sexta-feira ultima foi apprehendida pelo
Grupo,
- talão de entradas que não estava devidamen-
Grupo Gente Nossa
- torna publico, entretanto, que lhe não cabe a
bel, pelas quaes já se acha autodado (sic) o grupo responsabilidade do acontecido a que tam-
theatral denominado Gente Nossa, recomenda aos bem era estranha a directoria do Theatro San-
125
Militar de Pernambuco
126
Cala
a Boca, Etelvina!
fevereiro (peça que chegou a visitar a cidade de Ja-
Dias Felizes, obra dos
127
e Maracatus, de Mário Sette, no trecho “Tempos em sos à nossa diva. Por vezes, além de discursos e
que ir ao theatro era ainda um grande acontecimento poesias, havia discussões, que se prolongavam do
domestico”, que rememora um acontecimento tea- teatro para a rua, e quase sempre acabavam em
-
Contraponto Edição Especial (p.90.),
em comemoração ao centenário do Teatro de San-
-
-
128
com destaque para as apresentações de Gran-Via,
Sae... Bochecha, Juiz de Paz Na Roça e Niniche, entre
também foi responsável, em novembro, por organi-
zar a excursão do Grupo Gente Nossa a Garanhuns.
Excellente secção esta que nos promete um Palmares teve pequena actividade. Em Jaboa-
- tão, o Grupo Theatral Samuel Campello es-
neiro, e que deseja conservar-se no anonyma- treou com O Sympathico Jeremias e, Goyanna
-
to, porisso, que nos enviará sempre notas de peças.
grande interesse sobre quanto occorre nos
-
-
- nicipal de Jaboatão, com a comédia em três atos O
ticas ao que se fazia no teatro da então capital da Symphatico Jeremias, de Gastão Tojeiro. O coletivo foi
criado para homenagear o diretor do Grupo Gente
- Nossa, pois ele residiu por alguns anos naquele mu-
-
ciedades culturais, tendo a Sociedade de Cultura de um teatro literalmente cheio. No elenco, somente
Garanhuns, com o professor Miguel Jasseli à frente,
-
ações promovidas, os espetáculos teatrais com ama-
dores Um Sonho Que Viveu, do próprio Miguel Jasseli dos Santos, Sebastião dos Santos, Wenceslau Bruno,
e Gaspar Moura; e Mlle. Pirulito, de Umberto Santia-
go e Sérgio Sobreira; além de dois concertos, um
Campello deixou bôa impressão no auditório, pelo
que se prepara para outro espectaculo em outubro
Jornal
do Commercio
“regular” o desempenho do elenco. Na imprensa,
não há registro de nova montagem do grupo ainda
-
cano se projetaram fora do estado com o ruidoso
êxito da opereta Ninho Azul
Ladra, de Sil-
Umberto Santiago -
129
tas, Meu Filho. O Trio Max encerrou ainda uma das
sessões em vesperal da peça Ladra, do Grupo Gente
Precisa-se de Creados.
Di
colheu como encerramento da sua temporada teatral Ydische Mame, segundo um programa registrado no
livro Drama & Humor – Teatro Ídiche no Brasil, orga-
carioca Companhia Jardel-Jércolis, de passagem para
a Europa, que apresentou um espetáculo variado no -
- me musicado A Cabocla Bonita, concebido a partir da
plaudiu e bisou varios numeros dos actores Mesqui-
-
- -
na Duarte”, conforme registro do Jornal do Commercio
130
ras ou senhoritas acompanhadas. Já no mês de outu-
bro, a partir do dia 18, quem fez muito sucesso com
entre outros.
-
do pelos irmãos Stevanovich, fez parada no Parque 13
de Maio, com “espectaculos estritamente familiares”,
lembrou o Diario de Pernambuco (31 de janeiro de
-
131
1936
B Jornal do Com-
-
mercio
“estrelas” em destaque, o jornalista citou a vinda da Grande Companhia Brasileira
-
Cultura
e pelo Radio Clube e com a qual se reinaugurou aquella casa de espectaculos.
Numa resenha como a que se vai ler é justo destacar, de logo, essa festividade,
cujo brilho não admitte confronto com qualquer outra realização de arte, em
-
nhia Brasileira de Comédias, dirigida por Jaime Costa, ofereceu sessenta e oito
sessões de espetáculos, divulgando textos cômicos como Tabú, Sansão, Bicho Papão,
Canto Sem Palavras, O Amor Não Envelhece, História de Carlito, O Homem da Cabeça
de Ouro, Não Sei Se Me Faço Compreender, Zulú, Feitiço, Preciso de Um Pai e Bombon-
zinho
132
132
peças cômicas apresentadas na temporada do Teatro
Pense Alto, de Eurico Silva, O Outro An-
dré Compra-se Um Marido, de José
Wanderley, Zezé
e Paternidade, de Joracy Camargo, todas a preços po-
pulares, mas “não conseguindo, porém, despertar o
-
quela matéria retrospectiva no Jornal do Commercio
– O Amigo Terremoto
intitulada Companhia Brasileira de Comédias, dirigida comédia Saudade (A Jovem Vovó); e a Noite dos Sonhos,
133
-
rava cada uma destas noites. Mas o grande destaque deste a rua Manuel Bezerra e com auxilio da
da produção local foi mesmo o Grupo Gente Nossa,
que chegou a fazer oitenta e sete sessões de espetá- -
los foram então iniciados na Magdalena, onde
-
- O coletivo ainda lançou, a partir de março, um infor-
cionado com o offerecimento da directoria do mativo mensal chamado Nosso Boletim. Nas oito pági-
-
vidades, inclusive com descrição detalhada da atuação
por meses e anos antes; informações sobre grupos,
não só de Pernambuco, mas de outros estados nor-
-
no Jornal do Commercio -
Nosso Boletim -
tados e leva a toda parte o nome de Pernam-
buco theatral, tendo sido recebido enthusias-
ticamente pela imprensa e gente de theatro,
-
meros de tão interessante mensário e acha-se
no prelo um numero duplo, correspondente
aos meses de novembro e dezembro que não
134
se, sempre às sextas-feiras, com as peças Que Loucura,
Leonor... Aves
de Arribação, opereta também em três atos de Samuel
135
orgão local O Goianense, na sua primeira edi-
ção após o espetaculo, abriu a primeira pagina
opereta Mle. Pirulito, outra obra de Umberto Santiago, Nossa” foi a Escada, acompanhado pelo seu
diretor geral dr. Samuel Campelo e levando o
136
Ro-
sas de Nossa Senhora, melodrama de Celestino Silva, e
de Morenas Brasileiras
-
Gaspar Moura
Western.
137
treze espetáculos, num total de oito peças declama-
Paulo Magalhães
138
zes cada um) e Sá Pereira (partitura, quatro vezes);
Miguel Jasseli (libretos) e Gaspar Moura (partituras),
-
-
ca Gonzaga (Chiquinha Gonzaga, com partitura), duas
-
Samuel Campelo
-
li, também presidente da Sociedade de Cultura de
Garanhuns, mas ainda estavam na diretoria o vice-
-
tuguesa) como tesoureiro.
-
tral Pernambucana constavam a Sociedade de Cultura
de Garanhuns, com alvo em todas as manifestações
-
ciedade de Cultura de Palmares, com sede própria e
Jeannette Muller
139
-
na; o Gremio Dramatico, de Gravatá; o Gremio Poly-
-
sional, de Catende; o Gremio Carlos Gomes, de Caru-
conferencias sobre o movimento cultural per- No interior, ainda não se comprehende que
nambucano, despertando maior enthusiasmo haja um movimento como o nosso, sem ou-
entre os interessados e sympathizantes. [...] -
-ambiente. Não raros são os que vêem nos
do interior e quiçá de todo o Estado, vem en- nossos esforços apenas um desejo de exhibi-
- -
140
sados. Que o theatro, mesmo de amadores, é co, actualmente é a construcção de um novo
incompativel com o decoro de uma senhori- theatro ou de uma sala de concertos – o que
nha, que não é moral o ambiente de theatro, seria, em qualquer caso, de grande alcance
para o nosso desenvolvimento artistico.
problemas tremendos e só a custa de muito
esforço e abnegação conseguem se manter. -
Jornal do
Este discurso da ausência de casa de espetáculos pas- Commercio
sou a ser uma constante ainda maior nas colunas assi-
E por esse lado, apesar do prejuizo decorren- como um viveiro de comediantes, dansarinos,
cantores, musicistas em geral, scenographos,
há que se ressaltar uma irradiação maior dos etc., além de constituir uma especie de curso
- pratico de frequencia muito util mesmo para
sa á nossa plateia, levando lhe a domicillio, por as crianças a quem nenhum interesse possam
assim dizer, os seus espectaculos. De tudo se
conclue que, como tantas vezes temos dito, a Seu material é todo confeccionado de modo
maior necessidade do nosso ambiente artisti- a permittir que os garotos apresentem o seu
141
repertorio fóra da séde, ao ar livre, em qual- senhora Juanita Machado quando se propõe
quer logradouro onde elles, assim, levam um a realizar alguma coisa. Estou vendo que o
bocado de alegria - os asylos e hospitaes por
exemplo. [...] I’oseau bleu [L’oiseau Bleu, O Pás-
saro Azul vão dedicar-se assim, ao amadorismo theatral
do genero, já foi representado pelos alumnos que é um dos elementos mais ponderaveis na
da senhora Martinez Payva [...] Dentro de educação – e não só de crianças como de
quantos seculos haverá no Brasil qualquer adultos.
coisa semelhante?
Bem divertido foi o comentário ácido publicado no as tentativas, não conseguiu inaugurar sua Escola de
Jornal do Commercio -
demar de Oliveira sobre a apresentação da garota livro Teatrologia Para Uso das Escolas Primarias, sobre
este “ensino ainda não iniciado em nossas escolas”.
Não se tratando apenas da chamada “dramatização”,
serviu como deixa não só para chamar a atenção de ela propunha com a obra “um ensino da arte, mas
que meninas e meninos podiam, sim, estar atuando, completo e mais pedagógico” a partir da teatraliza-
em vez de dedicarem-se apenas a declamações, como ção vocal, plástica e locomotora, com descrição deta-
para enaltecer o que vinha propondo a educadora lhada de técnicas e termos teatrais, dando destaque
Juanita Machado, a criação de uma escola teatral para
recreativa e moral” com a publicação de peças cur-
tas como D. Baratinha, O Gato de Botas, A Cigarra e a
Formiga, Gente de Qualidade, Gata Borralheira e Mickey
deliciosa hora de arte como pode dar um e o Gato Félix. Juanita Machado, além de dramaturga,
deploravel momento de fadiga. Para educá- atuou como diretora teatral.
-las e aperfeiçoar-lhes os dons artisticos é
que a senhora Juanita Machado, está pensan- Por sinal, naquele ano, em edição do Jornal do Commer-
do em levar avante a sua ideia de uma Escola cio
traduziu o artigo “O theatro infantil no estrangeiro”,
de peças infantis e ninguem pode duvidar da que trouxe mais informações sobre a produção tea-
-
nhecida no Brasil, para além dos teatros de quintal,
142
sicas adequadas e dansas especiaes. [...] As sinônimo de peças curtas interpretadas por crianças
aventuras de Tranka, outra peça moderna, de
successo, de intensa dramaticidade, dá ense-
jo a que a criança conheça accidentalmente dançavam ou interpretavam textos curtos, além de
todos os meios de communicação actuaes,
trens, telegrapho, telephone, radio, correio,
etc. Os pequenos espectadores são educa-
como acontecia nos programas comemorativos de
rádios ou festivais de arte dos educandários que ocu-
mostrando-lhe ao mesmo tempo que elles
podem ser utilizados como serviços humani-
tarios e não de simples necessidade ou prazer.
nesta luxuosa casa de espetáculos teatro com dra-
É necessario advirtir que o autor teve imenso
-
pois faz representações especiaes destinadas Moderno
ao pequenos cegos, cujas musicas são esco- No dia seguinte, um deles empunhou uma
lhidas em sessão de compositores e meninos faca para o outro e andaram em correrias
cegos para que estes digam o que lhes parece desabaladas, dando tiros... de boca, pelo quin-
mais interessante, trocando impressão com tal. Um era sheriff, outro o bandido... Nesse
aquelles. Segundo normas assim para as re- dia, decidi-me a empreender espetaculos para
143
do Commercio, o teatro para e com crianças, ideia da
-
-
fe, de caráter essencialmente pedagógico, seguindo os
passos do Theatro da Criança, ação dos professores
144
mais sério possivel e envolve um crime pas-
sional. O que o espectador verá, no decorrer
das scenas, é como, por exaltação amorosa,
chega um rapaz á pratica de um crime. O
heróe (sic) da peça foi levado ao crime por
amôr. Os actos da peça dividem-se em tem-
pos dentro de uma sequencia que prende a
attenção do espectador. O publico vae assistir
a uma peça de technica completamente nova,
com mutações, etc. E vae ouvir, um sentencia-
peça O Tufão
145
1937
Jornal do Commercio (3 de
O Tufão, apresen-
Petronio, a ser
encenada pelo Grupo Gente Nossa ainda em janeiro; Mulato, de Samuel Campelo,
Honra ao Mérito!,
Silêncio.
Ou seja, louros à dramaturgia pernambucana do momento!
146
146
festejos anunciaram para breve campeonatos de lutas Guimarães, Mayerbeer de Carvalho, Carlos Bastos,
-
cluindo um Grande Concurso de Passo que iria sor-
O
Ministro do Supremo do Parque, Moderno e Polytheama, totalmente vol-
147
de canções e bailados, como aconteceu, por exemplo,
após a representação de Esphinge
-
-
elita domiciliada na capital pernambucana, exibiram
-
-
Boby
e Bobette
vesperal e sarau, sempre com sucesso absoluto, e lan-
çou ainda a alta comédia Petronio
No Cine Encruzilhada, geralmente em vesperal, e no
A Nação,
-
148
fez questão de lembrar em matéria reproduzida pelo
Jornal do Commercio
numero de anos que já conta, pelo reconhecido crite-
rio de sua direção, por todos os motivos não há negar
encontrar-se o Grupo Gente Nossa
a merecer da Commissão do Ministerio de Educação
uma atenção especial”.
-
gueses no dia 10 de março.
149
Eva Stachino
É do Loré..., o mês
de março marcou a volta das atividades do conjun-
to liderado por Samuel Campelo, inicialmente com sessões vesperais elegantes, vesperais dedicadas às
a burleta Noites de Novena, do próprio, em parceria normalistas, saraus e comemoração de um ano de
- atividade da equipe carioca, que chegou em turnê ao
ro da Madalena, palco que também recebeu festival -
150
Saudade, de Paulo Ma-
-
galhada’. Nenhuma comedia da actual temporada
[...] alcançou tanto agrado. Desempenho sem falhas
Jornal do Commercio (1
no Jornal do Commercio -
renice Amor
A Dictadora, de Paulo Magalhães, e Um Homem, de espetáculos para atender a produção (o que, de cer-
ta forma, também ocorria em Pernambuco). Tanto
excelente. que o cronista J. C. publicou na coluna O theatro ca-
rioca a vôo de passaro..., no Jornal do Commercio
-
das-feiras, a Companhia de Comédia Moderna abriu
espaço para que vários de seus intérpretes pudes- uma nota curiosa naquela mesma coluna, exibida na
edição do Jornal do Commercio
fez valer uma proposta interessante à meninada do
-
Bazar de Brinquedos,
de Joracy Camargo; na quarta-feira, foi a vez da fes- O theatro
Mas, Que Mulher!, carioca a vôo de passaro..., a mesma trouxe no Jornal
do Commercio -
-
outros.
151
No dia 18 de abril o Grupo Gente Nossa voltou de-
- (ou não?) no Jornal do Commercio
zilhada, retomando suas matinées com a peça Agite-
-se..., de Samuel Campelo, seguida de O Interventor, de Só Deus sabe, de facto, quanto prejudica o
Paulo Magalhães, É Preciso Casar Theresa, de Umber- pobre Gente Nossa o theatro occupado por
to Santiago, Eu Não Sou Casa de tanto tempo seguido como aconteceu agora.
Gonçalo Mas, tudo isto é secundario, quando se tra-
praticamente diárias. Com a partida da Companhia ta de receber, de homenagear collegas. Toda
de Comédia Moderna em maio, a equipe voltou a essa gente é uma grande familia. E o ramo do
Grupo Gente Nossa é desses que não guar-
vez, Mulato - dam resentimento (sic), que têm o coração
moração à data da abolição dos escravos. No elenco, sempre alto e puro, que nasceram, como diz
-
cendem o perfume sutil e raro da sinceridade.
do aniversário do primi-
152
-
nos e de outros estados se dedicaram à literatura
teatral com o aparecimento do conjunto pernambu-
-
-
via para musicistas; Miguel Jasseli, professor; e, ago-
Samuel Campello, na qual declarava haver gasto o Escola Normal de Pernambuco. Para lembrar os
dinheiro pertencente ao Grupo Gente Nossa, o qual compositores que se dedicaram ao teatro com o
estava em seu poder”, revelou a apuração do Jornal -
do Commercio
refutou essa possibilidade, alegando que ele não re-
cebia grandes quantias em dinheiro, apenas aquelas
para serviços de cena e em todas havia prestado -
tituras a partir de então.
uma mulher. Como prova, os tantos versos deixados
nas cartas. O rapaz não resistiu e faleceu alguns dias É tanto que, seis peças estreadas no Grupo Gente
depois. Nossa, todas no estilo altas comédias, conseguiram
O Bom Ladrão, de
Mulato voltou em repetição no dia 23 de maio, mas o Aonde Vaes, Coração?
Grupo Gente Nossa ainda lançou naquele mês a co- Oliveira, ambas editadas pelo próprio Grupo Gente
média Verita Nossa; Ladra, Esphinge e O Homem Bom, três obras de
Pessôa, outra autora de Pernambuco. É salutar esta
relação que o Grupo gente Nossa sempre manteve Mulato, de Samuel Campelo, editada pela Sociedade
153
colecção Theatro Brasileiro, n. 30. Segundo matéria que
celebrou os seis anos de existência do mais aplaudido
Jornal do Commercio (1 de
28 e 29 de
ocupado por aquela companhia liderada pel -
varo Pires, o coletivo liderado por Samuel Campelo
pôde festejar o seu sexto aniversário (comemorado
Ma-
drinha dos Cadetes por três noites seguidas de casa
cheia. O Jornal do Commercio
publicou, então, naquela longa retrospectiva sobre as
154
Grupo Gente Nossa em 1938
155
Grupo Gente Nossa que, no norte do Citando também as peças estreadas pelo Grupo
-
tes peças; (sic) Deus lhe pague e Paternidade, companhias, o Jornal do Commercio (1 de agosto de
de Joracy Camargo; Saudade e Aventuras de
Ladra
um rapaz feio, de Paulo Magalhães; Amôr, de
O Chá de Sabugueiro
Pederneiras; Dindinha -
ra; Fantoche O amigo da Paz e
Paulo, dando neste, trinta representações seguidas;
Graças a Deus Compra- Esphinge
-se um marido, de José Wanderley. Mulato, de Samuel Campelo, pre-
feitos no Grupo Gente Nossa, já sairam para outros Quanto aos ensaiadores, a mesma matéria no Jornal
- do Commercio
(que excursionou com a Companhia Palmerim Silva), Adolpho Sampaio, que fez parte das compa-
nhias José Climaco, Eva Stachino e outras;
-
Manuel Matos, competente mestre de scena;
Avelar Pereira, muito conhecido nos meios the-
atraes; Carlos Torres, que foi companheiro de
(naquele momento no Pará, em excursão com a com-
panhia mexicana Picchardini). -
varo Pires, subvencionada pelo Ministerio da
Educação.
156
para presidente que aconteceria em janeiro do ano
Intelectuais: So-
ciedade e Política
-
-
tratégia divulgada como o Plano Cohen), o Golpe de
do estado.
157
do Bal Tabarin, Adeus, Mocidade, Acqua Cheta, Santarelli-
na, Passa L’Amore, Eva e A Presidente.
-
tal pernambucana a equipe encabeçada pelo ator e
-
zembro foram cinco sessões no total, numa delas em
-
Por se tratar de uma produção com crianças e adoles-
muitos do teatro, não só presente, como parceiro em -
diversas instâncias), as artes cênicas não pararam suas vite da Comissão de Teatro Nacional, do Ministério
atividades. Tanto que, naquele mês de novembro, o
fez uma importante conferência naquela instituição,
-
tas Bertini-Boni, que cumpriu temporada de dezoito
apresentações, terminando com Sonho de Amor de
Liszt, no dia 28, e seguindo para a cidade de João Pes-
A Casta Su-
zanna, La Scugnizza, O Tango da Meia Noite, A Duqueza
158
Coisas do Meu Brasil
-
sa deixaram o , contratados por
estações de de Oliveira, que seguiu para
Mausoléu dos
a Tabajara, em João Pessoa, e Mayerbeer de
Carvalho, convidado para Maceió.
perda do francesa Quando o Amor Vem..., que vários artistas
a equipe sofreu com a morte do compositor Gaspar pernambucanos apresentaram em homenagem ao
Moura.
, que o grupo fez construir no Cemitério de como mais um festival das alunas de danças clássicas
terreno cedido pela Prefeitura do
159
-
graphicas no anno
-
sempre, agradaram os numeros apresentados. -
-
-se, naquelle mesmo theatro, uma festa que
o Serviço Nacional de Theatro, instituição criada em
constituiu, tambem, um facto de grande re-
-
percussão social. Quasi todos os numeros
Branca de Neve e
eram de dansas, o mesmo acontecendo na
os Sete Anões, como o primeiro longa-metragem de
chamada da Maternidade, levada a effei-
to no applausos.
Cite-se, ainda, a apresentação, no Santa -
da bailarina
duas criações suas, sob motivos choreogra- pernambucana em outubro de 1938, com temporada
pernambuca- de sucesso primeiramente no Cine-Teatro do Parque
no[.] Essas criações não agradaram, de manei- e, em seguida, no Cine Moderno.
ra alguma. Se á bailarina brasileira sobre um
grande desejo de estilização das nossas dansas Dois novos conjuntos do teatro popular carioca
populares, falta-lhe, ainda, o completo amadu-
recimento do espirito para uma solida obra ano. Estreando a 29 de dezembro, a Companhia Ja-
artistica. Dahi o insuccesso de suas festas de
raraca ofereceu, no Cine Encruzilhada, três espe-
arte, em cujo programma, todavia, se salvaram
táculos diferentes, enquanto a Troupe Guanabara,
alguns numeros dignos de attenção.
Marquise Branca
160
realizar treze apre-
sentações naquele mês. Com isso, o total de récitas
pelas sete companhias itinerantes que visitaram o
-
tiva no Jornal do Commercio (9 de janeiro de 1938),
-
mar de Oliveira, que, claro, colocou como maior
destaque para as plateias pernambucanas a exis-
161
ter conseguido do prefeito Pereira Borges a
sancção à -
res, concedendo um terreno e outros favores
ao Grupo para a construcção do seu theatro
proprio (algo que nunca saiu do papel).
-
varias das acima citadas, e outras como Aves
de Arribação, de Samuel Campello e Waldemar
de Oliveira, Ladra A honra No interior do Estado, salvou-se, apenas, o
da tia Gremio Artistico Peixoto Junior, de Goyana.
É do loré, es- Commissão de Theatro
cripta em collaboração por Samuel Campellos do Ministerio da Educação e está construin-
do um theatro proprio. causa do theatro de
amadores, no interior, muito soffreu com a mu-
Eva Stachino e elementos do Grupo Gente dança da residencia de Miguel Jasseli para o Rio
de Janeiro.
Troupe da
162
Num apurado geral, a retrospectiva lançada pelo Jor- lhorar o nosso padrão artistico. Basta ver-se
nal do Commercio (9 de janeiro de 1938) concluiu que, que a Cultura Musical
em ram-se metade do numero de concertos realizados
de -
Teatro da
seus socios, suspendeu inteiramente a sua ac-
iti-
nerantes, cinquenta e seis pelo Grupo Gente Nos-
para lastimar-se. De qualquer maneira, o anno
sa avulsos, excluindo, assim, toda
uma efervescência crescente daqueles conjuntos que, anteriores, apesar de ter baixado o rendimen-
à margem dos teatros mais conhecidos, transitavam to das sociedades musicaes. Tudo leva a crer
que 1938 assignalará uma grande actividade
nos sectores musical e theatral. E que cada
vez mais se torne premente a necessidade da
É claro que o problema artistico está, sem- construcção de um novo theatro ou de uma
pre, na dependencia de factores economicos sala de concertos, evitando-se assim que con-
- certistas avulsos e companhias theatraes nos
dessemos offerecer ao publico um numero deixem de visitar á falta de local onde apre-
crises poli- sentar-se – o que mais de uma vez aconteceu
ticas, a inquietação social, a carestia da vida,
obstaculos de toda ordem se antepuseram
- Mas os ventos não sopraram favoravelmente.
163
1938
-
lho patriótico, perseverante, continuava “jogado” com suas peças excelentes,
164
164
Gustavo Capanema
-
rante aquele ano, somente para se ter uma ideia, as
foi uma temporada como tantas outras, em
que se transige com o baixo gosto das plateias
-
e se lança mão dos recursos arruinadores do
-
-
mento e de cultura, uma realização de belleza,
uma campanha de legitimas reivindicações dos
polêmica peça Deus, considerada uma “obra prima”
entre suas criações, segundo o Jornal do Commercio
(20 de março de 1938). O coletivo cumpriu qua-
trouxe um ideal artistico. E realizou-o, atra-
165
Os que me julgam irreconciliavel com o the-
atro popular, por certo se vão surprehender
com este elogio critico da companhia que até
Jornal do Commercio
espécie de “defesa” de parte do seu repertório como
166
sympathico, justo nas suas interpretações, faz
se notar, em relevos altos, nas scenas comicas
e nas de emoção. E’ um dos bons “centros”
brasileiros – embora nascido em Portugal, o
Terras faz questão de accentuar a sua quali-
dade de actor feito no Brasil. [...] Quanto ao
repertorio, se é certo conter algumas farsas
de merito baixo, a verdade manda se notem,
para louvor de quem dirige a companhia, as
167
Quero, Lágrimas de Ouro, Meu Deus, Que Noite! e a revis-
ta Tá Bom, Deixe!
-
los, a soprano Thereza Moreira cantou acompanhada Marita Botelho
168
tram em nossa cidade todas as possibilidades
Gente Nossa solenizou a data de seu sétimo aniver- de êxito. Tudo isto conseguiu o Gente Nossa
sário, a 2 de agosto, com Noites de Novena, burleta de sem a subvenção dos poderes publicos, lutan-
- do apenas com as suas armas entre as quaes
a mais poderosa é o idealismo que tem orien-
tado, desde a sua fundação, a sua actividade
-
proclamou de utilidade publica, por decreto
-
titulos poderiam ser ajuntados se não nos
-
es, elle formou artistas que se têm exhibido
promissoriamente em varios theatros do
Sul; estimulando a producção theatral, a elle
169
“Cerca de 100 peças foram escriptas, durante estes O Grupo Gente Nossa ainda fez sessões no Cine
Encruzilhada com alguns trabalhos naquele ano. No
outras indirectamente inspiradas pela acção do Gru- entanto, um triste desabafo sobre a hostilidade do
po, conjunto que enscenou a grande maioria delas”. Jor-
nal do Commercio
-
creveu o libreto da peça A Madrinha dos Cadetes, além Não há exemplo, em todo o Brasil, de uma
das comédias Agite-se, Variações do Verbo Amar, O Mys- pertinacia, de uma combatividade, igual á do
terio do Cofre (terceiro ato), Mulato e S.O.S. Grupo Gente Nossa. Depois de sete annos,
de Oliveira, responsável pelas comédias Tem de Casar, que hoje solennisa com um espectaculo, no
-
Casa!, Os Três Maridos Della, Conto de Natal, Candidata
à Constituinte, Um Rapaz de Posição, Tão Fácil, a Felicida-
factores adversos, contra mil obstaculos, entre
de..., Honra ao Mérito! e Aonde Vaes, Coração?, além do os quaes o maior de todos é a ausencia de um
primeiro ato de O Mysterio do Cofre, e a composição pouso certo que lhe facilite a continuidade de
das partituras das operetas A Madrinha dos Cadetes e esforços em prol de uma arte para a qual, feliz-
Lindamor mente, o governo federal começa a olhar com
Ninho Azul e Boby e Bobette olhos de ver e de sentir. Para integrar-se no
o libreto de O Sargento Seductor e as comédias Inimigos sentido de uma organização como essa, neces-
Intimos, Eu Não Sou Eu, Esphynge, Ladra, O Homem Bom, sario seria, antes do mais, comprehender todo
Tufão, Em Nome de Deus, Petronio, Flor de Maio, Destino, o valor da arte theatral, numa palavra, do thea-
O Erro do Criador - -
pectador insiste em considerar o theatro um
lho, O Caso do Estudante Pobre e Precisa-se de Uma Mãi.
simples meio de diversão, coisa de passatem-
O Bom Ladrão,
po, sem maiores preocupações da intelligencia.
Casa de Gonçalo e Golias. No entanto, mesmo com toda
Numa representação do Grupo Gente Nossa,
há quem cascavilhe, apenas, a falta de um dente
pouco se ia à cena naquele momento. na bocca de uma actriz, ou um defeito da mon-
tagem, o descosido de uma saia, o descuido
Pulando para o mês de setembro, foi a vez de apre- de uma contraregra. Há quem veja, assim, só e
sentar O Amigo Terremoto só, o pormenor, sem penetrar, um centimetro,
da obra admiravel de estimulo
Grupo Gente
Nossa em 1938
170
das vocações artisticas ou da producção lite-
raria. O sentido occulto da realização escapa a de encher a plateia do velho theatro para applaudir
uma bôa maioria, precisamente aquella que se os artistazinhos que já o anno passado alcançaram
compõe de individuos bem vestidos por fóra, grande sucesso”, comemorou o Jornal do Commercio
mas, andrajosos por dentro. Ninguem conside- (3 de julho de 1938) no dia da apresentação. E foi
ra que o Grupo nada recebe dos poderes pu-
novamente casa cheia. No mês de julho, dramaturgos
blicos e que tudo aquillo é resultado de uma,
movimentaram-se para apresentar suas obras.Walter
somma de energias incalculavel, posta em mar-
de Oliveira fez, para um grupo de amigos, a leitura de
cha sem qualquer preocupação mercantil. O
que se pretende é ver ouvir, por preço de ci-
sua peça Calvario
nema – neste particular o Grupo tem theatro Cain, estava
exclusivamente popular – espectaculos iguaes escrevendo uma outra intitulada D. João III; e Maria
aos que, por preço triplo, nos offerecem em-
presas optimamente organizadas, quando não
subvencionadas, que vêm, de repertorio feito
e elenco amadurecido, exploror (sic) as pra- Odette Silveira
ças do Norte. E’ o que entristece, nisto tudo;
é sentir, depois de tantos annos de luta que
o Grupo ainda não tenha sido perfeitamente
comprehendido por uma parte do publico, em
geral impermeavel ás porcarias importadas
-
vam na imprensa recifense, como o surgimento de um
grupo de amadores teatrais organizado na Torre sob o
O Diabo
Em Casa
-
tas, mais uma vez num domingo, para a realização da
171
Departamento de Educação”, de acordo com o regis- do Commercio (18 de setembro de 1938). No elenco,
Jornal
do Commercio
teatro educação foi assunto da coluna A propósito...,
Jornal do Commercio
coro com muitas outras senhorinhas e senhoras tam-
bém fez parte, além de orquestra regida pelo maes-
172
Barro, apresentou a comédia Exemplo a Casados, de
O Amigo Terremoto
Ao Clarão do Luar, burleta de Heronides
-
junto anunciou também, para breve, a representação
em primeira da burleta em dois atos de Heronides
Ao
Clarão do Luar
vez, no mês de setembro, no Theatro da Matriz do
173
-
-
ciava nova montagem com a comédia Compra-se Um
Marido!
a 3 de setembro o Grupo Gente Nossa seguiu para
Barro, representando O Bom Ladrão -
enquanto que o Grupo Dramatico São José promoveu
174
Mais de três annos de trabalho e um milhão
e meio de dollars dão, como resultado uma
pellicula que é uma verdadeira novidade pra
os que a vêem. E, se é verdade o que dizem
os entendidos. Branca de Neve será, no mundo
175
os scenarios, o canto e os dialogos em portu-
guês, tudo está perfeito e admiravel. Walt Dis-
ney criou os seus personagens dando, a cada
-
raelita de Pernambuco, que levou ao Teatro de Santa
-
logo Peretz Hirchbein, Digrine Felder (Campos Verdejan-
tes
“Norte”. Esta “fantasia dramatica” de Samuel Campe-
lo havia sido lançada pela equipe carioca no dia 20 de
o Anuario do Grupo Gente Nossa pois foi escripta especialmente para a Compa-
-
O velho lutador, entretanto, sustentou a bata- rada pela mesma aqui realizada. O motivo da
176
Um dia antes da apresentação, novo lembrete sobre
S.O.S. O Diario da Manhã
exemplo, publicou que a peça obteve o melhor êxi-
O Povo, daquella capital,
depois de registrar o desempenho, com referencias
elogiosas [...] ‘S. O. S. é uma peça que deve voltar mais
vezes ao cartaz. S. O. S. é um symbolo; é o brado de
desespero de todos os corações amargurados’”. No
entanto, mesmo divulgando o trabalho em notas e
Dia-
rio da Manhã
-
chegaram, estavam devidamente ocultos – abalaram ra, já não era bem quisto por algumas pesso-
profundamente a Samuel Campelo. Na dissertação de as. No dia seguinte, em um jornal (não cita o
nome) a “tempestade” estava armada.
Pernambuco, O Grupo Gente Nossa e o Movimento Tea-
tral no Recife (1931-1939) - -
177
problemática com a eleição dos grandes nomes do do, mais puro e verdadeiro da arte theatral.
- Tudo isso era possivel, era fatal e, segundo as
tras (instituição da qual ele era membro), o teatró- minhas previsões áquelle tempo, já hoje pode-
riamos ter o theatro universitario em pleno
logo também se envolveu numa discussão sobre o
-
surgimento do grupo Theatro Universitário. O caso
nião preparatoria. Nella iria começar a tomar
começou a enredar-se com a publicação do artigo
corpo a aspiração. Com ella, seriam lançados os
“Theatro Universitário” no Diario da Manhã (3 de ju-
alicerces principaes da instituição que se queria
nho de 1938), revelando a reunião que havia aconte- construir. Tudo dependeria della, tudo decor-
cido no dia anterior, com universitários e convidados, reria della. E, todavia, o theatro universitario
- fracassou. [...] Esse pequeno erro, de começo,
muel Campelo presidiu o encontro e foi convidado a consistiu em conclammar, como organizadores
orientar as atividades do coletivo, sendo ainda cogita- e assistentes do empenho em projecto, alguns
do o seu nome para diretor do mesmo. Devido a seus dos mais serodios contumazes do malfadado
tantos afazeres, ele recusou a função e ainda sugeriu theatro provinciano. Podia-se passar sem elles?
que peças mais simples pudessem compor o reper- Devia-se passar sem elles. Os estudantes não
queriam fundar uma concorrencia ao Grupo
abafaram o ânimo dos acadêmicos e o projeto do Gente Nossa. Tambem não se interessariam,
Theatro Universitário foi abortado temporariamente. evidentemente, por um mero caracter de suc-
cursal dessa entidade, nem pareciam dispos-
tos, siquer, a se limitarem aos moldes gastos e
Nem bem refeito sobre a polêmica da interdição de
batidos, convencionaes e rotineiros, do nosso
sua peça S.O.S., Samuel Campelo teve novamente o
theatro regional. Moços, principalmente de es-
caso do esfacelamento do Theatro Universitário vin-
pirito, teriam de romper, antes do mais, com
do à tona, mais uma vez pelas páginas do jornal Diario
da Manhã (19 de outubro de 1938), agora pela escrita montagem de repertorios modernos, ousados,
de um inimigo declarado, o jornalista Gilberto Osório de conteu’do cultural, impunha-se por todos os
-
que estava presente àquela primeira reunião de base naes adstrictos ao máo gosto das platéas in-
do grupo, na mesa que presidiu o encontro. Escreveu, conscientemente viciadas aos sediços padrões;
segundo, porque tinham comsigo a responsa-
bilidade de jovens de intelligencia e de cultu-
ra; terceiro, porque é sempre aos moços que
cabe a missão de ir descerrando, para alem das
cousa. Eu proprio me enthusiasmei, chegando velharias, os hozirontes (sic) mais novos e as
a presentir (sic) um exito de projecção nacio- perspectivas parallelas á successão das epocas
nal para essa tentativa dos nossos estudantes e das tendencias emergentes. [...] Todavia, me-
superiores. E não o presentia (sic) sem razões. recendo embora outros destinos, foram cahir
O theatro universitario não se destinava á con- ás mãos de velhos oleiros sem vitalidade e sem
calor. Dentre estes havia um, que foi o prin-
Havia e resaltava (sic) em todos os espiritos cipal responsavel pelo insuccesso. No fundo,
seus propugnadores um evidente proposito de -
crear algo estavel, evolutivo, cheio de possibi-
lidades e de ensejos culturaes. E isso sem as commettido alguns delictos paleo-literarios,
preoccupações do proveito material, sem cal- e conduzido brilhantemente a decadencia do
culo e sem industria. De sorte que o theatro raquitico theatro pernambucano. Bom homem,
universitario, sem contingencias de borde-reaux, concedamos. Mas esmagado, abulico, apathico,
nem fôlhas de pagamento, teria todas as op- -
portunidades de fazer uma obra séria e solida, naes da arte theatral. Sem animo de reacção,
impondo-a ás platéas das quaes não dependia sem coragem de reformar e refundir, sem o
e educando-a, mesmo, no sentido mais eleva- destemor de innovar, reduz a sua acção a pro-
178
seguir (sic) eternamente pelos mesmos ro- -
teiros em que se resumiram, ha muito tem- -
po atraz (sic), as sugestões primeiras que um leiros candidatos à consagração para a posteridade, ga-
theatro remoto nelle despertou. Digo isso nhou novamente o Diario da Manhã (21 de outubro de
friamente, sem qualquer animosidade, so- 1938), em artigo assinado pelo mesmo Gilberto Osório
-
-
tou-me o nosso homem com conveniencias
-
da platéa, preferencias do publico, acceitação
to –, que desgosto mortal ha de ter produ-
dos “generos leves”, commodidade em não
zido o resultado do certamen num dos seus
extravazar da linha corriqueira. E não po-
mais preclaros participantes, a ponto deste vir
dia ser de outra maneira. Não enxergava no
á luz, ainda hontem, a proposito, dizendo-se
theatro universitario sinão um conjuncto
muito tristonho, tristissimo mesmo, incom-
á cata de publico e de applausos. E sem a
prehendido, mutilado, aggredido, delapidado,
coragem, elementar nos moços de espirito,
preterido, menoscabado, menoscabadissimo,
para repellir e suplantar os velhos moldes,
ingratamente impremiado; preconizando emi-
proclamou que o mais facil, o melhor, o mais
grações em massa no impatriotico afan de
commodo e o mais sensato seria acommo-
despovoar o nordeste; suggerindo eldorados
dar-se, em vez de reagir. [...] Tal foi a inspira-
desconhecidos, mercê duma geographia de-
ção inicial que recebeu o emprehendimento
-
siculos curtinhos; maniaco de perseguição
O vade retro, “fóra com intenções culturaes”!
com pedras correndo atraz; afobado, enfeza-
-
do, apregoando utilidades e presença de um
receu em auxilio dos moços consistiu numa
fantastico auditorio de cócoras; jurando que
tremenda apathia, num pastoso estoicismo,
num palco para ensaios e em alguns fundos
e que deixará somente um rastro tão ardilo-
so que ninguem será capaz de seguir-lhe no
necessitava, exigia mesmo muito mais. Princi-
encalço? E o que mais impressiona, ahi, é uma
palmente um sentido de luta, um estimulo de
ansia insustida, trota mundial, de emigrar bem
intelligencia, um impulso de elevação. Em vez
-
disso, deram-lhe aquillo. E ahi está porque
cidente biblico, mixto de Jeremias, Job, Jacob
fracassou mais uma vez a idéa do theatro
-
universitario em Pernambuco.
179
senhores academicos o plebeismo do remate. acceitar a direcção do theatro universitario e
Mas, o que terá sido mesmo que “buliu” com
o rapaz?
reunião, para ser a da estréa, não compareci a
Um novo texto, ainda mais irônico, surgiu dois dias um só ensaio, não tive a menor interferencia
na distribuição de qualquer peça. Como ha,
depois, na mesma coluna do Diario da Manhã (23 de
hoje, quem me assaque a injuria de que o the-
outubro de 1938), agora claramente direcionado a
atro universitario falhou por minha causa? Por
mascara, não sentem ainda todos os estados como funccionario publico, a ter somente, sob
d’alma. Quem principia a trabalhar no palco, minha guarda, o theatro que a municipalidade
que até se atrapalha com as mãos e sente os
pés se negarem a andar, pode interpretar peças simplesmente interna. Por essa razão superior,
toda intima, deixarei de responder a quem quer
Benavente, Pirandello, Bernardo Shaw, Eugenio que seja, que commentar, de que modo for as
- minhas palavras de hoje. Terminei a minha fala.
cos autores que no Brasil se têm dedicado ao
genero? E o genero leve de que falei – aliás, é
bom frisar, sem ser como theatro universita- O curioso é que, naquele momento, a Companhia
rio, – não é chanchada. Peças de costume são
sempre de genero leve, tambem educam e não
como chanchadas. Haveria muita
180
co que nesse caracter considero, e o exclusivo
Ladra, A Honra da Tia responsavel, consciente, deliberado, pelo fra-
e Mulato casso do Theatro Universitario. Já resumi o que
- allegou então. Conveniencias de platéa, com-
modidades de adaptação, argumentos plasticos
e morosos de apathia essencial, demonstrações
artigo derradeiro de Samuel Campelo na imprensa, o
contagiosas de incapacidade para reagir contra
caso do Theatro Universitário ganhou outro espaço
vicios que reconhecia, conselhos molles pelo
no Diario da Manhã ajustamento estoico ás circumstancias (sic), ás
181
afastamento da mesma, segundo ele, divulgada erro-
neamente pelo cronista do Jornal do Commercio, que
-
des teatrais nesta terra e assim manterei mi-
182
- que está cheia, também, de homens frágeis aos
sentimentos mais mesquinhos, de homens que
também podemos acrescentar a esses fatos collocam interesses subalternos acima dos in-
que o teatrólogo também não se mostrava teresses da própria terra, que não amam nem
defendem. Homens a quem se entrega a mais
também encontrada nos seus arquivos, foi en- – e fazem della a mais plástica de todas as ar-
-
lam de mão leve, as iniciativas mais corajosas e
e do pedido feito ao amigo para encenar S.O.S apedrejam os emprehendimentos mais hones-
183
1939
Jornal do Commercio
184
Jesus, pelo Grupo
Gente Nossa
-
nalmente a criança ganhando atenção), récitas espe-
conquistou a medalha de mérito como atriz destaque matéria retrospectiva no Jornal do Commercio
-
- pressão, dando-nos um theatro de primeira ordem”.
No total, foram dezessete sessões com doze peças Mesmo num ano que viveu uma enxurrada de produ-
diferentes, sendo apenas duas nacionais e dez estran- ções visitantes, o Grupo Gente Nossa seguiu sua ca-
185
seus respiros de rara pauta livre, ora outros palcos
-
po Gente Nossa reiniciou suas funções no Teatro de à frente de toda a administração do conjunto, deu
falas para os atores de uma caixa no proscênio do sido apresentada em teatrinho próprio desta equi-
-
-
ro do Espinheiro em tôrno da ideia do amadoris-
mo teatral”, segundo o Jornal do Commercio (12 de
-
das as crianças em cena, dos quatro aos doze anos,
-
186
Branca de Neve
e os 7 Anões
Seguindo-se à peça, foi apresentado um ato variado em vez de educar, faziam o contrário). Um dos pou-
- cos a promover matinês dominicais já há algum tempo,
-
-
ciou, para aquele mesmo dia e horário da peça, Jim das
Selvas -
guido do faroeste Tenacidade, com o querido cowboy
pequeninos artistas, e a distribuição gratuita de leite
-
le momento, as crianças desfrutavam de poucas op- Para piorar, aquele era um feriado local prolongado,
-
-
- riam ter-se dirigido às praias. Mas a ideia deu certo. E
do documento pertencente ao acervo do Teatro de
-
grando sua proposta de oferecer, com cobrança de
ingressos populares, teatro à meninada. Tanto que, a
pedidos, uma nova sessão da peça foi agendada para
o domingo seguinte, 12 de março de 1939, contan-
O Gordo e o
Magro -
lar distribuiu seiscentas caixas de biscoito à plateia.
Folha da Manhã
187
buição de leite á gurizada. O leite distribuido
em quartilhos era entregue ás creanças pelo
dr. Waldemar de Oliveira, director do Theatro
e senhoras da alta sociedade. O espectaculo
terminou com um programma variado no
qual tomaram parte varios elementos do Gru-
po Gente Nossa -
-
Branca de Neve e
os Sete Anões, primeiro longa metragem de animação
A Gata Borralhei-
ra, provavelmente um balé divulgado erroneamente
nos jornais como “peça” e “representação theatral”.
188
mirim, o Cine-Encruzilhada, por conta da temporada
-
torze anos, apresentadas todas as noites, eram pro-
gramadas vesperais das moças em qualquer dia da
Entre estes trabalhos voltados a todas as idades pela visitantes e elenco dispersado por um tempo, além
da doença de Samuel Campelo que o levou à morte.
estavam, O Domador de Onça, A Anastácia e Os Fugitivos
do Cemitério do Aracá, quase sempre com “distribuição
-
a agenda lotada, com revezamento constante de
montagens em estreia e sem contar as excursões a
Maio, funcionando pelos três primeiros meses do ano, outras cidades e estados, voltou a acontecer. Tanto
-
rios em prol da Casa do Estudante de Pernambuco,
matinées infantis, com
sorteio de brindes, ou para o Parque de Diversões
-
dia adulta O Hóspede do Quarto Nº 2
soiréss dançantes -
cimento de Samuel Campelo com uma obra “escrita
189
com a só preocupação de fazer rir”, como lembrou
o Jornal do Commercio (12 de março de 1939), peça
escolhida talvez para diminuir a lembrança de sua
-
-
No
peças apresentadas em 1939, sendo apenas seis es-
Nhã Moça, Jesus, Quando o Amor
Vem..., O Amigo Tobias, O Martyr do Calvário (o jornal
Folha da Manhã, na edição de 11 de abril de 1939,
Grupo Gente Nossa dir-se-ia que havia
se rehabilitado e a enscenação da peça de Eduardo
Garrido marcava um grande sucesso para o conjun-
to pernambucano) e O Marido de Minha Noiva. Das
peças nacionais, trinta e cinco obras puderam vir à
O Hospede do Quar to N° 2, Aventuras de Um Ra-
paz Feio, Um Caso de Polícia, Compra-se Um Marido, A
Patroa, O Ultimo Guilherme, Um Rapaz de Posição, Zezé,
Boby e Bobette, O Outro André, Napoleão, Longe dos Olhos,
A Ditadora, O Interventor, Frederico H, Paternidade, Mo-
cambo, A Grande Mentira, Cala a Boca, Etelvina!, Ladra,
O Divino Perfume, Não Me Conte Esse Pedaço, Feitiço, O
190
Paralelo àquelas tantas produções para adultos e após
-
-
ticipar de peças que se caracterizaram pelo seu cunho
-
til do Grupo Gente Nossa, departamento autônomo
com a intenção de promover projeto teatral voltado
-
maturgia neste segmento. Quis provar que garotos
191
ristas da cidade, como de fato sucedeu, para
para assinar a revista Sae, Cartola! Durante toda aquela semana, a publicidade nos jor-
marchinhas populares como Sá Zeferina Está de Volta
e Ai, Que Ele é do Mato -
ção, a cantora adolescente Maria Celeste estreou in- -
te interpretada por crianças” (saliento que havia uma
variados com Paulo Bezerra, outro cantor adolescente.
Mas as expectativas daquele domingo já estavam, de atriz do Grupo Gente Nossa desde a sua fundação
que marcaria o lançamento de A Princesa Rosalinda, pri- Com diversos cenários – os clássicos telões pintados
192
A Princesa Rosalinda
-
- cipe Walter apaixona-se pela princesa e pede
a mão da jovem ao rei. Como há diversos
A Princesa Rosalinda estreou outros pretendentes, o soberano decide que
193
Parte do elenco de
A Princesa Rosalinda
-
-
194
Elenco de
A Princesa Rosalinda
Permanecendo em cartaz aos domingos, por mais de continuará a acontecer na programação matinal se-
um mês, algo raro para a época, devido ao sucesso de -
Branca fantil do Grupo Gente Nossa, O Pequeno Polegar. Mas
de Neve e os 7 Anões foi reapresentada), a despedida antes de tratar desta peça, vale citar as impressões de
- um repórter do jornal Folha da Manhã
dindo a cena com um ato variado formado pela peça 1939) ao assistir a reapresentação de Branca de Neve
curta Com a Rainha é Assim... e os 7 Anões
-
- bel, estava annunciado – Branca de Neve e os Sete
Anões, de autoria do escriptor allemão Grimm
-
meida. Duas vezes fôra levada a peça no mes-
surgiu no Diario de Pernambuco
mo theatro e o Grupo Scenico Espinheirense
“De acordo com a determinação do juiz de Menores,
já o (sic) encenara duas vezes tambem. Não
obstante isso as poltronas e demais localidades
annos”. Esta novidade é intrigante, já que nos jornais -
talmente occupadas. Os cinemas tambem já se
tal proibição, mas, pode-se deduzir que o choro dos
Branca de Neve
e os 7 Anões
195
Branca de Neve
e os 7 Anões
- -
tasia musical” O Pequeno Polegar, adaptação de Coelho
196
um punhado de pedrinhas do lado de fora da
do Grupo Gente Nossa (em entrevista realizada no casa. Na manhã seguinte, como decidido, o
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do de Oliveira, que também integrou aquele elenco, o zombeteiro Polegar consegue trazê-los de
volta, já que marcou o caminho com a ajuda
das pedrinhas. Chegam exatamente a tempo
montagem, mas não há qualquer referência a isto nem
de ouvir as lamentações da mãe, após fartar-se
no programa da peça nem nos jornais, sem, no entan-
numa grande refeição conseguida graças a uma
mesma que interpretou Juanito n’A Princesa Rosalinda, invadem a casa para alegria dos pais, mas en-
viveu a personagem principal, Polegar, mas não era a quanto narram o acontecido, o Polegar devora
as sobras do jantar. No dia seguinte, ainda pela
- perspectiva de pobreza, o lenhador abandona
-
-
-
sa de Oliveira (Gastão), Sunia Campelo (Paulo), Maria
Celeste (Marta, a Mulher do Gigante), Paulo Bezerra
-
197
vez, o Polegar não consegue voltar com seus
irmãos porque, ao invés de pedrinhas, só con-
seguiu trazer um pão e os pássaros comeram
todos os pedacinhos lançados ao chão. Do alto
de uma árvore, ele descobre uma casa ao lon-
ge, sem saber que lá mora o Gigante Papão e
sua esposa. Esta os acolhe e lhes dá alimento,
mas o Gigante quer mesmo é devorá-los. No
entanto, Polegar, bastante esperto, além de con-
seguir salvar a todos, ainda rouba suas Botas de
-
nino conquista não só as graças do soberano
como até ganha um cargo de conselheiro real.
e Bobette,
com renda revertida para esta instituição, totalizando
sete apresentações. Já O Pequeno Polegar fez sua segun-
passou a ser ocupado pela Companhia de Comédia
Palmeirim-Cecy, dos artistas empresários Palmeirim
Bobby Silva e Cecy Medina, que retornou a Pernambuco a
Vou
Entrar na Família -
198
eram nacionais e quinze estrangeiras. No total, qua-
renta e quatro récitas puderam ser oferecidas, mas a
199
Grupo Gente
Nossa em 1939
e José Cavalcanti. Mocambo é uma peça social espectaculo de quarta-feira ultima, a presença
que, alem de agitar o problema da habitação das nossas altas autoridades civis e militares.
-
entrecho em tôrno de operarios e patrões e,
ainda, de elementos dissolventes, constituindo,
porisso (sic), um verdadeiro libello contra as
agitações extremistas e focalizando o mocam-
bo, como um[a] “cellula de descontentamen- -
sido interrompida por mais de uma vez, por pela Secretaria da Segurança.
Oswaldo Barreto
200
Mocambo
201
Pernambuco (10 de outubro de 1939). Em setembro,
-
duzir o seu festival com a peça A Grande Mentira, de
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gens e 90 comparsas, o que perfaz um total
202
Jesus, pelo Grupo Gente Nossa
Pedrosa e do
scenarios são realmente grandiosos, sendo
-
ponentes já armados no palco do Theatro
203
liares. Couraças, capacetes, etc., foram confec-
cionados na Metallurgica Pernambucana, de
modo que imprima o maximo brilhantismo á
comparsaria, composta de soldados romanos,
soldados hebreus, rabinos, sacerdotes, nobres
-
204
vivendo apóstolos e grande massa coral, composta
por trinta elementos do Orpheão da Brigada Militar,
-
Jayme Costa
A Flor
da Família, Fora da Vida, Os Maridos de Hoje, As Doutoras,
de Theatro, Jayme Costa e Sua Grande Companhia de Os Amigos do Barata, Genro de Muitas Sogras, Tinoco, O
Comédias com a trama histórica Carlota Joaquina, de Ultimo Guilherme, Sansão e O Hospede do Quarto Nº 2.
- Tendo ainda no elenco nomes como Darcy Cazarré,
quistou a medalha de mérito como autor destaque
-
Jayme Costa sendo ainda eleito o ator destaque do
ano por esta mesma peça. Neste trabalho de estreia, e seis apresentações, com dez peças em quinze dias,
sendo todas nacionais, um diferencial importante.
205
Com um total de trinta e três récitas feitas, somente
com peças de autores nacionais, a equipe lembrava
sempre que as peças eram “rigorosamente familia-
outros.
206
O Sonho de Yara
1939.
como Fazenda dos Amores, Flor de Manacá, Rancho da
Serra, O Apparicio Appareceu, O Meu Malandro, O Tran-
cinha, Meu Brasil e A Família Mossoro, com programa-
Cine-Theatro Olinda e o Cine-Eldorado, outros con- ção alterada dia a dia.Tão pitoresco, vale registrar um
juntos locais também se exibiram naquele ano, no
Eis o que saiu no Diario de Pernambuco (1 de janeiro
as peças O Coração Não Envelhece, O Sympathico Jere-
207
Todas noites peças novas. Hoje às 20 e 30 mi-
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Fazenda de Amores – Um
mimo de arte! Um sucesso sem precedente.
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parates Cômicos, que realizou dezoito apresenta-
O Paraiso dos Be-
bados, O Homem Demonio, Socega (sic) Leão, O Criado como O Petroleo do Lobato, O Apparicio Appareceu,
do Diabo, A Felicidade do Felix e A Noiva do Defuncto. Precisa-se de Criados, Tatú Virou Mulher e Seu Euzebio,
além do sainete em dois atos A Derrota do Campeão,
Tatuzinho matinée -
De Chocolat, com nove espetáculos no repertório
208
já pensava e descrevia o texto-espectador em
guryzada”. Na equipe, destaque para a cantora Elise- suas revistas. E assim segue o teatro brasilei-
te Cardoso, as “vedettes” Noêmia Soares e Celeste ro. Porque não há invenção sem construção.
Tijolo a tijolo.
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cife pôde apreciar cinco delas em 1939, com cento e
-
opereta de Geisa Bôscoli, Gandaia -
petáculos infantis avulsos, sendo dois pelo Gymnasio
le ano deu a medalha de mérito a Custódio Mesquita
-
variados em sequência); uma matinal infantil no Dia da
leira de Criticos Theatraes, levando Jardel Jércolis o
Criança, sem referência a quem a promoveu (prova-
destaque como diretor de cena pela “mise-em-scene
velmente também com atrações variadas); e, como
dos espectaculos de sua companhia na temporada
Presépio,
Jornal do Commercio (11 de feverei-
Século XX
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Jesus e A Patrôa, nove vezes cada uma; Onde Estás,
Felicidade?, O Martyr do Calvario e A Marquesa de San-
tos, oito vezes cada; e Carlota Joaquina, sete vezes no
-
rios, que subiu à cena em novembro, em espetáculo
-
-
po Gente Nossa, “constituindo um tremendo libello
contra as doutrinas extremistas”, segundo o Jornal
do Commercio (19 de novembro de 1939).
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termédio não só do Grupo Gente Nossa como tam-
bém do Gremio Polymatico, Sociedade de Cultura de -
Palmares, Centro Dramático Waldemar de Oliveira, veira concluiu na matéria retrospectiva do Jornal do
Commercio
e Gremio Peixoto Junior, entre outros. Das peças
-
- -
vimento artistico, especialmente no que se
veira em sua retrospectiva do ano de 1939, ele cita
refere ao theatro. O ponto de gravitação de
Tem de Casar, Casa!, Compra-se Um Marido, Um Rapaz
-
de Posição, O Hospede do Quarto Nº 2, Cala a Boca,
bel, convindo desde já accentuar que a velha
Etelvina!, Mocambo, O Outro André, A Patroa, A Ditadora casa de espectaculos se abriu, durante o anno
e O Interventor. Dentre todas as peças representadas -
- culos theatraes, festivaes diversos, consertos
sentações foram Mocambo, trinta e oito vezes (indo, (sic), formaturas collegiaes (muitas dellas en-
cerrando com actos variados) etc. O restante
da actividade artistica de 1939 se desenvolveu
210
de hora, em colaboração com a Sociedade da
Cultura Musical, não podem ser esquecidos
e nos theatros dos suburbios, principalmen-
te Cine-Encruzilhada que abrigou mais de um
-
cos Theatrais concluiu em matéria divulgada no Jornal
do Commercio
-
lo, vale lembrar aquelas que estiveram em plena ati-
vidade em 1939, um ano que viu a tristeza da guerra
explodir na Europa, mas também pôde apreciar um
companhias de maior atuação estavam aquelas che- Companhia Miramar (com Margarida Sper), e, claro, o
Grupo Gente Nossa, que viveu o momento de maior
esplendor de sua carreira até então, voltado agora a
adultos e crianças.
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