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I – DOS FATOS
A Autora no dia 29/07/2017 comprou um MacBook Pro (15-
inch, 2017), pelo preço de R$14.000,00, na sua configuração máxima com 16GB de
memória, i7 de 2,8GHz, com placa de vídeo Radeon Pro 555 de 2GB dedicado. Por ter
comprado de um importador, acabou pagando relativamente mais barato, pois na
época na loja da Apple brasileira vendia o produto ao valor de R$18.499,00 (dezoito
mil, quatrocentos e noventa e nove reais).
Print Screen retirado do site Web.Archive, na qual podemos verificar os preços praticados em outubro de 2017 no
site da Apple brasileira: https://web.archive.org/web/20171004012539/https://www.apple.com/br/shop/buy-
mac/macbook-pro/15-inch
1 https://pt.ifixit.com/Device/MacBook_Pro
2 https://blogdoiphone.com/2019/11/fracasso-apple-teclado-macbook/
3 https://macmagazine.uol.com.br/post/2016/05/06/obrigado-apple-por-me-obrigar-a-gastar-mais-de-
r2-100-para-consertar-uma-tecla-s/
massivos com qualquer contato com pó. Ocorre que a Apple garante o recall somente até
o quatro ano da compra do aparelho.
Foto da tecla ‟revolucionária‟ da Apple com sua membrana que torna impossível qualquer
limpeza quando alguma poeira, mesmo que mínima, adentra a membrana, tornando o
teclado completamente inútil.
Conforme o relatório apresentado no processo coletivo que a
Apple responde nos Estados Unidos 4, não foi apresentado soluções eficazes para
resolver a falha, tendo em vista que mesmo após realizado a troca dos teclados, o
modelo substituído apresentava o mesmo problema – obviamente, por ser o mesmo
teclado com defeito de projeto.
Ou seja, todos os consumidores terão apenas 4 (quatro) anos de
vida útil do aparelho que custa, em torno, de R$20.000,00 – já que após esse tempo,
todo o reparo que for necessário ao teclado será pago pelo consumidor, custando a
bagatela de R$2100,00 (dois mil e cem reais) pela simples substituição para outro
teclado com o mesmo tipo de defeito.
A Autora, desde e a compra do aparelho, teve que levar o
notebook à assistência técnica pelo menos 3 (três) vezes, sendo que todas as vezes a
solução aplicada sempre foi uma ‘’limpeza’’ com ar comprimido que nunca foi capaz
de solucionar de vez o problema da sensação de teclas ‘’aderentes’’. Por outras diversas
vezes teve que sair do escritório, em pleno turno, para procurar alguma loja de
bicicletas, ou oficina mecânica, para solicitar que fosse jogado ‘’um ar’’ no teclado para
tornar possível o uso notebook da Ré.
A última vez que tentou solucionar o problema foi no dia
10/03/2020, através da Ordem de Serviço nº 30749, onde novamente a Autorizada da
Ré negou o Recall do teclado.
https://www.anac.gov.br/noticias/2019/anac-orienta-sobre-transporte-do-macbook-pro-de-15-polegadas
Sabendo a Autora que o seu aparelho trata-se de um MacBook
Pro de 15 polegadas, fabricado em 2017, ficou estarrecida, mas com ajuda da Azul pode
realizar a consulta pelo site https://support.apple.com/15-inch-macbook-pro-battery-
recall e comprovar que o seu aparelho não estava com ordem de recall.
Cabe ressaltar que, apesar do problema ter sido resolvido naquele
momento, a Autora passou por um enorme abalo moral, tendo em vista que foi
necessário brigar com a segurança do Aeroporto, com a ajuda da Azul, para que
conseguisse embarcar naquele voo. Para isso teve que voar não apenas com o aparelho
desligado, mas também foi necessário despachá-lo (mesmo que não fosse o
recomendado), o que fez com que o voo inteiro temesse pelo desvio da mala, e
consequentemente, do seu notebook.
Ressalta-se que até hoje a Autora, quando viaja, carrega consigo
uma folha atestando que o seu computador não faz parte dos afetados pelo problema
de bateria, tendo que algumas vezes, explicar, e debater, para poder viajar com o
mesmo.
Ainda sobre o resultado dos problemas relativos à bateria é
necessário dizer que o referido defeito, até o momento, já causou 26 incidentes,
algumas com vítimas.
https://www.techtudo.com.br/noticias/2019/06/macbook-pro-da-apple-com-problema-na-bateria-ja-causou-26-
incidentes.ghtml
I.III – Do erro de projeto relativo à Tela
Eis que então, imaginando ser impossível a Apple ter cometido
outro erro de projeto no referido aparelho, a Autora foi novamente surpreendida.
Em janeiro de 2020 (com um pouco mais de dois anos de uso do
aparelho), ao trabalhar, percebeu algumas luzes estranhas aparecendo na base da sua
tela:
https://www.tecmundo.com.br/produto/138126-defeito-design-macbook-pro-afetando-iluminacao-tela.htm
https://1drv.ms/v/s!AgoOZqNQFwqhids_LwNs0Qkdk6Dm7Q?e=k2wpVm
(senha: apple)
https://1drv.ms/u/s!AgoOZqNQFwqhidtBSH1gz0UMw5LYCA?e=e6PZlq
(senha: apple)
https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_%22-gate%22_scandals
5 https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_%22-gate%22_scandals
necessário abrir o computador, pois como pode se perceber ele é característico e
facilmente identificado pelo manusear da tampa.
Para piorar, foi informada ainda, que não é possível substituir
apenas o cabo flex defeituoso, é necessário trocar o display inteiro. E tal reparo
custaria, à Autora, o valor de R$3.300,00 (três mil e trezentos reais). Ou seja, quase ¼
do valor pago a titulo do aparelho inteiro.
Para completar afirmou que era bem comum tal problema, e que
Apple oferecia recall somente para os computadores Macbook Pro de 13 polegadas,
que é considerado um modelo inferior ao da Autora.
Segundo ele os problemas aparecem em todos os computadores
da linha, independentemente do tamanho. Entretanto pelo computador de 15
polegadas ser relativamente mais caro que o de 13 polegadas, foram vendidas menos
unidades do mesmo, logo a Apple não se sentiu compelida em agraciar com o recall
para o modelo mais caro, já que são de menor número no mercado.
Munida dessas informações a Autora ligou para Apple em 10 de
março de 2020, para solicitar uma posição da fabricante. Foi muito bem atendida, e o
Atendente deixou a Autora completamente tranquila, disse que o problema seria sim
resolvido, e que era para a mesma deixa-lo novamente na assistência técnica, lançando
inclusive uma ordem de serviço, e garantindo que, sim, se caso fosse constatado
realmente o problema, seria dado a ordem de reparo.
A conversa inteira com o suporte pode ser encontrada através do
link xxxxx, gravado pela Autora.
Depois da Autora descrever todos os problemas enfrentados com
o computador, transcrevendo o que foi dito na ligação, temos no minuto 04:18,52, a
seguinte garantia dada pelo assistente da Apple “Nakita, eu entendo perfeitamente o
que está acontecendo com você, pode ficar tranquila eu vou te ajudar com todo o
processo para fazer com que o seu dispositivo volte a funcionar, ou no caso, fazer a
troca do seu aparelho aí, pode ficar completamente tranquila quanto a isso está bom?’”
Ainda em 04:46 o atendente diz “Você tem toda a razão, você
está no seu direito, e eu vou fazer o seguinte, vou fazer todo o processo de classificação
aqui, eu vou registrar tudo bonitinho, e existem programas de qualidade que você está
totalmente segura quanto a isso, tanto quanto as teclas, tanto quanto tela, tanto quanto
bateria. Então a gente vai resolver, nem que seja necessário trocar esse seu computador
aí”.
Descrevendo o que foi dito temos no minuto 19:22,69 a seguinte
transcrição: “Existe de fato o programa de qualidade do teclado, existe de fato o
programa de qualidade para a tela, porém a gente vai ter que fazer que a própria
autorizada ver qual que é, e no que se enquadra, pode ser que aquela autorizada não
tenha visto qual que é e qual que se enquadra, e vai ser necessário fazer um diagnóstico
entrar e ver se enquadra no programa de qualidade’’.
Continuando no minuto 20:28 o atendente insiste para que a
Autora levasse o dispositivo para outra assistência técnica – provavelmente porque a
CPCom tinha sido muito transparente sobre o real problema no computador, deixando
claro para Autora que se tratava sim de um vício oculto, e que tinha o recall somente
para o 13 de polegadas. E finaliza, afirmando que era preciso abrir o computador para
verificar se é realmente seria o display com problema de iluminação, mas que sendo
esse o problema, seria sim trocado gratuitamente.
Muito contente, a Autora levou o computador novamente para a
Assistência Técnica no dia 10/03/2020, e chegando lá já lhe adiantaram que a Apple
não tinha aberto ordem de reparo coisíssima nenhuma, e que sabiam que não iam
autorizar o reparo por se tratar de um MacBook de 15 polegadas, e não de 13.
Ao buscar o aparelho, no dia 16/04/2020 (com a reabertura das
lojas físicas, fechadas por conta do Corona Vírus), a Assistência técnica verificou se
tratar realmente do problema relativo a luz de fundo da tela no display integrado (ou
seja, problema no backlight), e deixou claro que o não existe recall de display para o
Macbook Pro Touch Bar 15 referente a iluminação.
Laudo apresentado pela Assistência Técnica Autorizada da Apple
em Balneário Camboriú:
https://tecnoblog.net/281148/apple-corrige-macbook-pro-tela-flexgate/
https://tecnoblog.net/281148/apple-corrige-macbook-pro-tela-flexgate/
A Apple tanto sabe do vício que seus Macbooks Pro possuem,
que corrigiu a falha colocando cabos flex mais longos nos seus modelos mais novos. E
para piorar a Apple costumeiramente apaga os tópicos dos usuários acerca desse tipo
de problema dos seus fóruns de suporte oficial.
https://tecnoblog.net/281148/apple-corrige-macbook-pro-tela-flexgate/
https://appleissues.net/issues/flexgate/
https://macmagazine.uol.com.br/post/2019/03/05/apple-pode-ter-consertado-o-flexgate-de-macbooks-pro-
silenciosamente/
https://tecnoblog.net/281148/apple-corrige-macbook-pro-tela-flexgate/
II – PRELIMINARMENTE
A autora deixa claro que está aberta a conciliar. Ocorre que
diante da situação atual frente a pandemia do Corona Vírus entende que é
desnecessária a presença física para conciliar ao Fórum.
Para tanto, caso a empresa Ré tenha interesse em conciliação,
poderá comunicar-se com a Autora já que possui seus dados pessoais nos seus sistemas.
Neste sentido, o art. 334, do CPC, em seu parágrafo 5º e paragrafo
7º abarcam bem a situação atual, portanto a Autora não tem interesse na realização de
audiência de conciliação.
III – DO DIREITO
A principio é necessário esclarecer que a relação entre as partes
enquadra-se nas relações de consumo, amparadas pelo Código de Defesa do
o critério de vida útil do bem. (...) Cumpre ressaltar que, mesmo na hipótese de
a natureza do vício que inquinou o produto, mesmo que tenha ele se manifestado
somente ao término da garantia. Os prazos de garantia, sejam eles legais ou
contratuais, visam a acautelar o adquirente de produtos contra defeitos relacionados
ao desgaste natural da coisa, são um intervalo mínimo de tempo no qual não se espera
que haja deterioração do objeto. Depois desse prazo, tolera-se que, em virtude do uso
ordinário do produto, algum desgaste possa mesmo surgir. Coisa diversa é o vício
devendo ter-se sempre em vista o critério da vida útil do bem, que se pretende
"durável". A doutrina consumerista – sem desconsiderar a existência de
entendimento contrário – tem entendido que o CDC, no § 3º do art. 26, no que
concerne à disciplina do vício oculto, adotou o critério da vida útil do bem, e não o
critério da garantia, podendo o fornecedor se responsabilizar pelo vício em um espaço
Nestes termos,
Pede deferimento.
Cidade - UF, data.