UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

PROF. RUBEM SPRENGER DREGER

ELETRÔNICA I

RELATÓRIO PRÁTICA II

DAVID DA SILVA BORGES

São Leopoldo, 15 de setembro de 2016.

1. INTRODUÇÃO

Este relatório visa explicar os passos para dimensionar e implementar no

simulador de circuitos um gerador de função que atenda as especificações pré-
estabelecidas com objetivo de aprimorar os conhecimentos sobre filtros ativos.
2. DESENVOLVIMENTO

2.1. OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo dimensionar e implementar no simulador

de circuitos um gerador de funções utilizando amplificadores operacionais, que
atenda as seguintes especificações:

a) Forneça em sua saída três tipos de sinais: senoidal, triangular e

retangular (todos no mesmo ponto, selecionado por chave).
b) A amplitude deve ser variável entre zero e 5V de pico (controle único).
c) Alimentação simétrica de +/- 15V.
d) Faixa de frequência de 1kHz até 100kHz.

A proposta para solução do circuito é demonstrada no diagrama de blocos

a seguir.

2.2. CIRCUITO PARA GERAÇÃO DE ONDA SENOIDAL

A etapa de gerador de onda senoidal será feita através do uso do circuito

Ponte de Wien. A figura a seguir demonstra o modelo deste circuito.
 Esse circuito tem como objetivo utilizar o sinal da realimentação positiva
no lugar de um sinal de entrada. Se esse circuito possuir uma realimentação
suficientemente grande e tiver uma determinada fase, haverá um sinal de saída
mesmo que não haja um sinal de entrada. A figura a seguir demonstra o modelo
desse tipo de circuito.

Olhando este modelo, podemos considerar que não há um sinal de

entrada para ser amplificado, no entanto, existe um ruído térmico que é
proveniente dos resistores que contém elétrons livres que se movem
aleatoriamente e acabam por gerar um ruído de tensão. Portanto, em uma
condição de inicialização do circuito existe apenas os ruídos sendo produzidos e
amplificados pelo ganho Av e sendo realimentados. Esses sinais amplificados
acionam o circuito realimentação ressonante que, por consequência, deverão
garantir um ganho de malha maior que 1 e o deslocamento de fase da malha
igual a 0° na frequência de ressonância e, por conta disso, haverá oscilações
apenas na frequência de ressonância. A equação que determina esse tipo de
circuito é demonstrada a seguir.

Vout = Av . B ( Vin )

Dessa forma, para garantirmos um sinal crescente na inicialização o

ganho de realimentação deve ser maior que um e a medida que o sinal de saída
cresce, o circuito deve diminuir esse ganho até que estabilize em 1, mantendo o
sinal de saída estável.
Esse circuito da ponte de Wien pode ser decomposto em algumas etapas.
A figura a seguir demonstra o funcionamento da entrada não-inversora.

Este circuito é chamado de circuito avanço-atraso. Em baixas

frequências, o capacitor em série se comporta como um circuito aberto e, devido
a isso, não há um sinal sendo injetado na entrada não inversora do amplificador
operacional. Por outro lado, em frequências muito altas, o capacitor shunt se
torna um curto-circuito, ocasionando, também, a falta de sinal sendo injetado na
entrada não inversora do amplificador operacional.
Entre os extremos das frequências baixas e altas, existe uma frequência
tal que torna a saída do circuito máxima. Quando esse fenômeno ocorre
dizemos que o circuito se encontra na sua frequência de ressonância. Nessa
condição, a fração de realimentação B alcança um valor máximo de 1/3 e a fase
desse circuito é igual a 0°. Dessa forma, através da equação, devemos garantir
um ganho Av que seja igual a 3 para que na saída e mantenha o circuito
oscilando na mesma amplitude.

1
Vout = Av . B ( vin ) Vout =3. =1
3

Para calcularmos a frequência de ressonância desse circuito, utilizamos a

seguinte equação.

1
fr=
2. π . R .C

Para calcularmos o valor de B, utilizamos a seguinte equação.

B=1/ ¿

A entrada inversora do amplificador operacional do circuito da ponte de

Wien consiste de um divisor de tensão com a resistência de uma lâmpada de
tungstênio. A resistência de tungstênio varia ao longo que a tensão sobre seus
terminais varia, garantindo uma variação no ganho da realimentação negativa do
circuito.
Ao energizar o circuito, a lâmpada de tungstênio tem uma resistência
baixa, havendo, portanto, uma realimentação negativa pequena. Devido a isso, o
ganho de malha é maior que 1, garantindo que as oscilações aumentem
gradativamente na frequência de ressonância. Na medida que as oscilações
aumentam, a lâmpada tende a aquecer e aumentar sua resistência, dessa forma
o ganho de tensão em malha fechada da entrada não inversora para a saída
diminui para:

2 R'
Av= +1=3
R'
1.1. CONVERSÃO PARA SAÍDA RETANGULAR
 Nessa etapa, teremos um sinal de entrada senoidal que foi atenuado ou
amplificado dependendo do ganho realizado pelo amplificador inversor. Para
convertermos esse sinal senoidal em onda quadrada utilizaremos um circuito
chamado de Schmitt trigger. A figura a seguir demonstra como implementar esse
tipo de circuito.

Esse circuito tende a transformar uma onda senoidal em onda quadrada

devido o fato de utilizar o amplificador como um comparador de nível de tensão.
A entrada não inversora recebe um nível de tensão através do divisor de tensão
composto por R1 e R2. Quando o nível de tensão da entrada inversora for
superior ao nível de tensão da entrada não inversora a saída tende a ir para
-Vee. Quando o nível de tensão da entrada inversora for inferior ao nível de
tensão da entrada não inversora a saída tende a ir para +Vcc, logo
transformando o sinal senoidal em uma onda quadrada.
A vantagem de utilizar esse tipo de circuito, no lugar de um comparador, é
que podemos garantir uma melhor comutação

1.1. CONVERSÃO PARA SAÍDA TRIANGULAR

Para gerarmos uma onda senoidal, devemos possuir uma onda quadrada
na entrada e utilizarmos um amplificador operacional na configuração integrador.
Um sinal retangular após passar por esse circuito irá gerar uma saída triangular,
atendendo as especificações desse projeto. O circuito que deverá ser
implementado é o seguinte.

1.1. ATENUAÇÃO OU AMPLIFICAÇÃO DO SINAL SENOIDAL

A etapa de atenuação consiste em um amplificador inversor. Trata-se de

um circuito capaz de produzir uma tensão de saída em 180° com relação a
entrada e, através da realimentação, produzir um ganho de tensão em sua
saída. A seleção desse circuito é devida o fato de ser possível produzir uma
atenuação do sinal da entrada. A figura a seguir demonstra o circuito do
amplificador em configuração não inversor.
 A equação que caracteriza esse tipo de configuração é a seguinte.

Vout=Vin ( −Rf
R1 )

Através do uso desse circuito, iremos garantir a variação do ganho do

sinal de forma a atenuar ou amplificar o mesmo.

2.3. ADEQUAÇÃO DO NIVEL DE TENSÃO

Devido as especificações de projeto, devemos limitar amplitude do sinal

de 0 a 5V. Ou seja, todos os sinais que serão reproduzidos na saída devem ser
excursionados entre 0 e +/-5V.
O circuito que será implementado será o da figura a seguir, ele limita a
máxima tensão de saída com uso dos diodos zener na saída, o resistor tem
como objetivo limitar a corrente máxima sobre o diodo zener.
2.2 DIMENSIONAMENTO DO CIRCUITO

A primeira etapa, no oscilador de ponte Wien, devemos limitar as

frequências em 1kHz e 100kHz, portanto fixaremos o capacitor em 4nF e, a
partir disso, poderemos determinar o resistor no reostato.

1 1 1
R= R= =3 9788ΩR= =3 97,88 Ω
2. π .10 n . f 2. π . 4 n .1 kHz 2. π . 4 n .100 kHz
No simulador, devido a complexibilidade da implementação da lâmpada
de tungstênio, foi necessário efetuar ajustes no resistor e o valor de 397,88Ω
gerava no máximo uma frequência de 48,5kHz. Foi necessário reduzir este valor
para aumentar a frequência, o valor para 100kHz foi 180Ω.
 A etapa de conversão do sinal senoidal para onda quadrada foi feita
através do schmidtt trigger. O nível de tensão para comutação foi determinado
através do limite da geração do oscilador da ponte de Wien na frequência de
100kHz devido a atenuação em alta frequência, sendo está 187mV, considerado
150mV para comutação, o resistor R1 será fixado no valor de 5kΩ.

R5 R5 R5
Vout= . (−Vref )Vout= . (+ V ref )15= . (± 150 mV ) R 5=500 k Ω
R 6+ R5 R 6+ R5 5 kΩ+ R 5

O circuito montado ficou da seguinte forma.

 Nessa etapa houve grande dificuldade com relação ao slew rate, foi
necessário encontrar um amplificador operacional que possuísse um slew
extremamente alto para poder simulador, devido as limitações do simulador
devido à falta de componente, foi utilizado amplificador ideal e alterado o
parâmetro do slew rate para 1000Mega para poder simular da forma correta.
A próxima etapa utilizamos o sinal da onda quadrada e transformamos em
onda triangular utilizando o circuito integrador. Obviamente, através dos
cálculos, é possível constatar que baseado na frequência de oscilação da
entrada o sinal será reduzido ou aumentado. Portanto, utilizado um capacitor de
5nF e um resistor de 10kΩ e, para respeitar o critério de dimensionado, o
resistor de alimentação em 100kΩ.

Vin( pp)
Vout (pp)=
4. f .C . R
 A última etapa do circuito, tem objetivo de amplificar ou atenuar o sinal e
limitar a saída através do uso de diodo zener. Foi utilizado um amplificador
operacional na configuração não inversora e para aumentar ou diminuir a tensão
de saída basta variarmos o resistor de realimentação. O circuito implementado é
demonstrado na figura a seguir.
2.2 PROCEDIMENTO PRÁTICO

O circuito foi montado no software LTSpice, será aplicado o sinal na

entrada na frequência de 300Hz e será plotado no osciloscópio o valor de
entrada e de saída. Teremos o seguinte gráfico:

Figura 5 – Osciloscópio do circuito em 300Hz.

O sinal verde representa nosso sinal da entrada, nota que este mesmo
sinal foi multiplicado por 100, portanto seu valor real é de 1V/100=10mV. O sinal
azul representa nossa saída em escala real. É possível constatar um atraso da
onda de saída em relação a entrada de aproximadamente 81,355932µs
equivalente a aproximadamente 8,78° para frequência de 300Hz.
De forma semelhante a anterior foi realizado a medição nas outras
frequências e elaborado uma tabela para representação dos valores lidos e suas
principais características.
Figura 5 – Osciloscópio do circuito em 1500Hz.

Figura 6 – Osciloscópio do circuito em 3000Hz.

Figura 7 – Osciloscópio do circuito em 6000Hz.

 Figura 8 – Osciloscópio do circuito em 30kHz.

Frequênci Vout(V) Vin(V) Defasagem Condição do sinal

Av Av(dB) Delta T
a (max) (max) (°) de saída

300 1 0,01 100 40 8,13559E-05 8,786440656 Atrasado

1500 0,94862 0,009584 98,97954925 39,91090943 8,29E-05 44,78873238 Atrasado
3000 0,68292718 0,00962 70,99035135 37,02398651 8,54E-05 92,19843036 Atrasado
6000 0,23256371 0,0099348 23,40899766 27,38765637 6,65E-05 143,6651165 Atrasado
30000 0,009286895 0,009946 0,933731651 -0,595558391 1,72E-05 185,5207476 Atrasado
Tabela 1 – Valores adquiridos através do osciloscópio

Vin− A Vout− A A−Vout A−Vout Vout

+ = =
R 1 R R 1
sC 2 sC 1

Resolvendo essa equação e encontrando a função de transferência

teremos a seguinte equação:
Vout 1
=
Vin C 1.C 2. R . s + 2.C 1. R . s+ 1
2 2

Substituindo os valores já calculados anteriormente:

Vout 1
=
Vin 10 n.19,99 n . 3751,8845 . s +2.10 n .3751,8845. s+1
2 2

Da etapa anterior garantimos um ganho de 100 vezes, portanto nossa

função de transferência do circuito inteiro é da seguinte forma:
Vout 100
=
Vin 10 n.19,99 n . 3751,8845 . s +2.10 n .3751,8845. s+1
2 2

Utilizando software Matlab, plotamos nosso gráfico de bode para

compararmos com o da simulação:

Figura 9 – Gráfico de Bode Teórico

Figura 9 – Gráfico de Bode Simulado

Uma observação que pode ser feita é que no circuito teórico, a fase máxima alcançada é de 180°
enquanto na simulada apresentou 360°.
5 CONCLUSÃO

Através de métodos práticos e conceitos apresentados em aula,

chegamos à conclusão de que para a transformação de tensões alternadas em
tensões continuas são executadas, também, através de circuitos multiplicadores
de tensão, que além de aumentar o nível de tensão, também, transforma em
nível DC.
No circuito multiplicador de tensão, o capacitor, por ser um elemento
capaz de armazenar energia, se torna uma fonte de tensão DC que tende a
permanecer neste estado se a carga instalada possuir um alto nível de
impedância. O diodo tem como objetivo auxiliar está manobra do capacitor
impedindo que o mesmo receba um nível de tensão incorreto sobre os seus
terminais, e também, fazer a tensão armazenada no capacitor se somar ao do
capacitor que será, posteriormente, enviada até a carga.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MALVINO, Albert Paul. Eletrônica: volume 2. Makron Books. 4a. Edição. São
Paulo. 1995.