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Raiva: como lidar com o sentimento de forma

saudável
Raiva é um sentimento que nos acompanha por toda a vida. É comum e
saudável não abafa-la, embora existam meios de fazê-lo para não afetar
as pessoas ao nosso redor ou prejudicar a nós mesmos.

Se bem administrada, a raiva pode até mesmo trazer benefícios para


nossas vidas. Como, por exemplo, utilizar uma situação que lhe causou
grande indignação como motivação para mudá-la ou mudar a sua vida. É
uma forma de transformar um sentimento negativo em energia positiva.

Porém, para encontrarmos esse equilíbrio em nossas vidas, precisamos


aprender a dominar esse sentimento. Reflita sobre momentos em que
desejou ter controlado melhor a raiva.

Já explodiu com pessoas próximas, magoando seus sentimentos? Já


deu respostas grosseiras apenas para evitar interações sociais? Com
que frequência você fica irritado? Foi difícil ter total controle sobre suas
ações? É provável que sim. Quando estamos furiosos, não conseguimos
pensar direito.

O lado nocivo da raiva excessiva


A raiva é um de nossos muitos mecanismos de proteção. Quando nos
sentimos injustiçados, ela surge para nos colocar em uma posição de
ação. Em outras palavras, é uma resposta intensa a uma ameaça. Se
acreditamos estar em perigo, o mais lógico a se fazer é procurar uma
defesa, certo?

Na sociedade moderna, nos enraivecemos com as pessoas no trânsito,


longas esperas em filas, frustrações no trabalho e até mesmo notícias
nos meios de comunicação. Na maior parte do tempo, são situações as
quais não podemos fazer nada para mudar. A sensação de impotência
irrita até mais do que o ocorrido em si.

Apesar de ser e ter sido um sentimento útil para a evolução dos seres
humanos, é melhor que o excesso de ira seja evitado. 

Certamente, você e muitas pessoas colecionam ocasiões em que agiu ou


disse algo que não queria. Palavras que magoaram alguém especial ou
geraram consequências irreversíveis, como uma demissão. A raiva é a
grande causadora de conflitos em nossas vidas. E o pior: é invasiva ao
ponto de tomar conta de nós completamente.

Além disso, pessoas que estão constantemente iradas são mais


propensas a desenvolver doenças cardiovasculares, problemas
gastrointestinais, dores de cabeça crônica e sofrer derrame. A descarga
frenética de reações negativas eventualmente também prejudica a
nossa saúde mental, permitindo o surgimento de transtornos
psicológicos.

O lado bom da raiva controlada


A raiva moderada pode nos mostrar o que está errado em nossas vidas.
Ela pode nos encorajar a procurar soluções para problemas que nos
perturbam uma vez que a motivação recém-adquirida é superior
a insegurança e a vergonha.

Ademais, temos mais consciência das injustiças ao nosso redor, gerando


mudanças sociais de grande significância. Basta pensar nas grandes
transformações no Brasil e no mundo que logo identificamos onde
a raiva está localizada. 

É evidente, portanto, que o sentimento também é benéfico para a nossa


saúde. Desde criança, somos ensinados a contê-lo para não incomodar
os demais ou não passar a impressão a errada. Afinal, ninguém gosta de
conviver com uma pessoa conhecida por seus ataques de fúria.

Entretanto, o excesso de negatividade pode nos sobrecarregar e também


ocasionar implicações catastróficas para o nosso físico e mental. Após a
liberação das emoções ruins, além de ficarmos calmos, conseguimos
seguir em frente para encarar os próximos desafios com a mente limpa.

A raiva também nos ajuda a descarregar a tensão acumulada já que


nem sempre temos um momento de tranquilidade para nos reequilibrar
emocionalmente do estresse do cotidiano. 

Entretanto, é preciso compreender a diferença entre liberar nossas


frustrações em um acesso de fúria e manejar sentimentos
(ressentimento, cólera, frustração) e comportamentos negativos
(implicância, provocação, falta de paciência). Um é prejudicial não
somente para nós, mas para todos a nossa volta. Já o outro, é uma
forma de prevenir o primeiro. 
Para melhorarmos a nossa qualidade vida, nossos relacionamentos
interpessoais e desempenho no trabalho, devemos ter a inteligência
emocional necessária para extravasar de modo saudável. 

Métodos para administrar a raiva


Embora você não deva ignorar este sentimento, o melhor a se fazer
quando você está irritado é respirar fundo e procurar amenizar suas
reações. Basicamente, lutar contra suas próprias atitudes raivosas até
que estejam domadas. 

Como ficamos cegos quando permitimos a dominação da ira, perdemos


o contato com a realidade e deixamos de raciocinar com clareza. Só
percebemos o que causamos com nosso comportamento após “a poeira
baixar”.

A habilidade de identificar respostas furiosas no momento em que essas


surgem melhora com o tempo. Primeiro, você deve aceitar que também
fica irritado. Há pessoas que não conseguem lidar com seus
comportamentos enraivecidos simplesmente porque os abominam.
Entenda: é possível reverter a situação, mesmo que esta seja
desagradável.

Respire fundo

Um conselho clichê, mas eficiente. As técnicas de relaxamento têm como


foco a respiração por causa de sua capacidade tranquilizadora. Quando
inspiramos e expiramos profundamente, segurando a respiração por
alguns segundos antes de soltar, acalmamos o corpo e a mente. 

O cérebro entende que não há perigo por perto, mandando um comando


para os músculos relaxarem. O resultado é imediato. Assim, quando
sentir a fúria borbulhando dentro de si, respire fundo repetidamente. Se
necessário, feche os olhos por alguns segundos.

Apenas prossiga com seu dia quando sentir-se melhor. Você vai ver que
será possível enfrentar qualquer situação dessa maneira. Durante o
processo, não tenha medo de se livrar de seu orgulho. Muitas pessoas
ficam apegadas a ele para não ceder ao outro. É mais importante,
contudo, resolver os conflitos de forma saudável e manter laços
de amizade construídos ao longo dos anos.
Encontre a causa

Procure a origem do sentimento para que seja possível lidar com as


situações.

Por exemplo, às vezes, ficamos irritados com comportamentos alheios


por conta de eventos passados. Arrastamos uma bagagem de
experiências e deduções sobre as outras pessoas, principalmente, as
que são próximas. 

É uma das razões por trás de nossos acessos furiosos atrás do volante.
Já vivemos a situação milhares de vezes e conhecemos o estresse, a
surpresa e o medo causado pela imprudência alheia. Porém, devemos
compreender que cada momento é um momento novo. Se esperarmos o
mesmo sempre, além de nos zangarmos, também ficaremos frustrados.

Se afaste

Para se distanciar da situação desagradável, se afaste para um cômodo


silencioso onde seja possível pensar sem interrupções. No calor do
momento, podemos tomar decisões precipitadas. Então, procure um local
para deixar a irritação sair de seu corpo. Se não conseguir se afastar
fisicamente, guie seus pensamentos para outro cenário. Dessa forma,
você conseguirá ver a situação atual sem o apego aos sentimentos.

Não se entregue 

Em vez de se permitir ficar irritado com tudo e todos, lembre-se


que você é o responsável por suas reações. Ou seja, você pode escolher
não se deixar levar pelo momento e focar sua atenção em outra coisa
mais produtiva. Mesmo que sinta a vontade de gritar ou reagir
fisicamente, como, por exemplo, socando uma parede, controle o
impulso. Veja o lado positivo mesmo que seja difícil. Se não conseguir
encontrar nenhum, siga a dica anterior.

Extravase emoções negativas

Comumente, uma situação nos incomoda por um longo período antes de


explodirmos. Tentamos coexistir com o problema até o limite de nossa
paciência. Mas, quando sentir-se irritado, desabafe com alguém ou
escreva em um diário ou transforme seus sentimentos em combustível
para um hobby.
O ideal, no entanto, seria ter uma conversa honesta sobre o que lhe
incomoda. Há muito que se pode ser resolvido com o diálogo. Talvez a
pessoa envolvida não saiba como você se sente.

O melhor método para extravasar é, na verdade, administrar as


emoções que a acompanham. Assim, você evitará uma explosão capaz
de causar danos permanentes a sua vida.

Raiva no trabalho: o que fazer?


É raro encontrar um ambiente profissional completamente saudável.
Precisamos ter muito jogo de cintura para encarar os mais variados
cenários. Com frequência, o cansaço das atividades e da interação
constante com as pessoas afeta o nosso julgamento. Logo, nos
envolvemos em brigas ou discussões indesejadas.

Passamos a desejar causar intrigas com pessoas que não nos tratam
bem apenas para nos vingarmos. Apesar da ideia soar reconfortante em
nossas cabeças, esse caminho cria um ciclo de conflitos difícil de se
extinguir. 

Da mesma maneira que você pode ter medo de se expressar, seus


colegas também podem sentir um desconforto. O silêncio prolongado
acaba deixando passar situações desagradáveis que desestabilizam a
equipe inteira. 

Quando um colega lhe tratar mal, encontre uma oportunidade para falar
com ele. Expresse o seu descontentamento com calma, evitando
pressioná-lo apenas para desafiá-lo, e ouça sem julgamentos. Esqueça o
passado por um momento. 

Demonstre que você também está comprometido a fazer mudanças para


criar um ambiente de trabalho melhor para todos. Assim, você passará
uma imagem positiva que, possivelmente, ele poderá se espelhar. O
mesmo vale para um supervisor ou um chefe.

Lembre-se daquele ditado popular “não durma com raiva” para não


colecionar eventos desagradáveis. É melhor resolver problemas de forma
amigável e respeitosa para impedir que a situação saia do controle.
Aprenda a se conhecer
Por fim, para aprender a gerir sentimentos e controlar melhor as
emoções, nada melhor que o autoconhecimento.

Se você tem ataques de fúria constantes, poderá entender se possui


algum tipo de transtorno de humor ou de impulso. Vai conseguir se
observar por um outro ângulo, mais neutro. Não tenha receio de
experimentar o processo, ele é um verdadeiro convite para uma vida
mais equilibrada e feliz!

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