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DESIGUALDADE SOCIAL EM PLATÃO - AS LEIS

MARINGÁ - PR

13/04/2020
NAYARA CRISTINA GONÇALVES DE SOUZA

DESIGUALDADE SOCIAL EM PLATÃO - AS LEIS

Trabalho Acadêmico apresentado ao Curso de


Direito da UniFCV do 3º SEM - A - Noturno, a ser
utilizado como nota para a disciplina de Filosofia
Jurídica.

Orientador: Professor Diogo Valério Félix.

MARINGÁ - PR

13/04/2020
DESIGUALDADE SOCIAL EM PLATÃO - AS LEIS

Acerca da análise de Platão no livro “As Leis” podemos entender de forma precisa, como se
dá a relação entre legalidade e legitimidade, quais seriam os fundamentos da autoridade política,
bem como os fundamentos da desigualdade social e também a respeito das relações de mando e
obediência.

Em primeira análise, cabe citar como ponto de partida o Nomos, uma ordenação social,
natural do mundo antigo que promove a organização da natureza, da comunidade e, portanto, da
cidade política, é a ordem fundante necessária para a manutenção da Pólis. Não há nada mais
superior que nomos, pois é a figura divina, eterna que organiza tudo. De tal modo que quando em
nomoi (lei positiva), não reproduz a ordenação do nomos ocorre o que se denomina por Hybris, um
desequilíbrio, tendo como efeito a ausência de possibilidade de convivência política, a guerra civil
interna. É essa ordenação natural que define quem vai fazer o que na vida social, ou do ponto de
vista platônico a ser governante, soldado ou escravo.

A lei positiva pode existir independentemente do nomos porém, ela não é legítima, pois sua
forma é vazia, para que essa lei seja legítima, precisa estar contida nela o nomos. Para os gregos
existe um conteúdo que é de direito por natureza, e é essa natureza ordenante que organiza e atua
como instância metafísica de justificação das relações de mando e obediência, ou seja, das relações
de poder. Nomos é, portanto, o fundamento substancial e material da lei positiva e para que essa lei
possa ser legítima, ela necessita reproduzir a ordenação cósmica, por intermédio do nomos.

A função do governo/autoridade política, por sua vez é colocar cada um no seu devido
lugar, dar a cada um aquilo que precisa ter para poder atender aquilo que precisa ser feito. Se
governo é autoria para criação de leis positivas, governar é portanto avaliar as prescrições da ordem
social natural e reproduzir isso na forma da lei.

Para que um governo se mantenha legítimo e possa manter o equilíbrio da própria


comunidade política, a relação entre a ordem social natural e lei positiva precisa ser íntima. Desta
forma, a finalidade do governo é visando o bem maior “nomos”, ou seja, a obtenção da máxima
excelência.

Na concepção platônica, os homens são naturalmente desiguais, ou seja, uns são superiores
em força, outros em inteligência e outros são inferiores. Há uma desigualdade natural que os
distingue e é a partir dessas desigualdades que o papel político e social é estabelecido. Do mesmo
modo que alguns são superiores e outros inferiores, devem ainda sim permanecer em seu devido
lugar, e exercer a função que lhe foi dada por “natureza”.

O estado que age por intermédio do seu governo, precisa contar com governantes e
governados e é devido a esse motivo que Platão entende que existe uma desigualdade natural entre
os homens. Nomos é a ordem social, e é justamente essa ordem social que nos fazem desiguais, o
corpo político necessita dessa desigualdade pois existem funções diferentes na cidade. Concernente
a isto, uns vão mandar e outros obedecer. Desta maneira, o que justifica e o que fundamenta as
relações de mando e obediência são os chamados “Títulos Naturais ou Predicados Naturais” que
está incluso em cada pessoa e que irá habilitá-lo ao mando.

Ao ver de Platão, os títulos naturais são um conjunto de relações políticas que acontecem no
espaço da Pólis. Aqueles que detém da condição de “Pai, Nobre, Velho, Senhor, Forte e Sábio”
estão na posição de mandante, pois dispõe de predicados naturais. Temos aqui, portanto, a ordem
natural do mando e obediência, uma condição natural que em razão da existência de um título
natural justifique a relação que uns mandam e outros obedeçam sem ter qualquer constrangimento
da lei.

Vale ressaltar, que a obediência ao mando é legítima quando houver uma sintonia entre
nomos e nomoi, ou seja, entre a ordem social natural e a lei. Há, portanto, uma aceitação geral a
respeito não só da desigualdade natural existente entre as pessoas, mas sobretudo em razão do
governo que é estabelecido a partir de determinados predicados naturais.

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