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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão.

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS HUMANAS

Disciplina: Estado e Sociedade – Turma: 2016.2 – Data: 08//05/2019


Professor: Victor de Oliveira Pinto Coelho

Estado e Sociedade: lutas e conquistas por direitos

Discentes1:
Bruno Vnicius Cruz Dias
Claudio Silva Ribeiro
Priscila Dias Moreira

RESUMO

O presente trabalho quer tratar a relação que o homem construiu ao longo da história, suas lutas e conquistas que
foram se dando entre as sociedades, dessa forma, no primeiro momento queremos debater os direitos sociais e os
custos para que se chegasse a efetivar uma lei que pudesse garantir a dignidade da pessoa humana, nesse sentido vai
estar implícito o trabalho como garantia social, e o direito a liberdade. No segundo momento vamos tratar dos
direitos civis, ou seja, os que garantem a pessoa de manifestar de forma individual sua vontade visando o bem
comum garantia essas que possibilitaram as mulheres votar, bem como o acesso de todos às escolhas de seus
governantes no Brasil.

Palavras-Chave: Direitos sociais; direitos civis; direito de todos.

1 INTRODUÇÃO
Ter direitos em uma sociedade é algo fundamental para que haja igualdade de
oportunidades, assim como a garantia de que se cumpra o dever de fazer com que todos estejam
no mesmo patamar. Ser humano é fazer com que as relações entre as pessoas se efetive de uma
forma em que todos vivam com o mínimo de civilidade possível, ou seja, no nível em que haja
respeito mútuo.
Os direitos sociais tem haver com aquilo que foram conquistados ao longo de décadas,
com ou sem luta, o certo é que nem toda sociedade efetiva a garantia de direitos fundamentais ao

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Graduandos do Curso de Licenciatura em Ciências Humanas – Habilitação em História da Universidade Federal do
Maranhão-UFMA/Campus de Pinheiro. 6° período.
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ser humano. Existem sociedades em que o trabalhador não goza de descanso digno, o seu corpo
não repousa o tempo necessário para que no futuro, ou seja, na velhice ela possa gozar de saúde.
Com isso, o que queremos tratar neste trabalho é a relação que o homem construiu ao
longo da história, dessa forma, no primeiro momento queremos debater os direitos sociais e os
custos para que se chegasse a efetivar uma lei que pudesse garantir a dignidade da pessoa
humana, nesse sentido vai estar implícito o trabalho como garantia social, e o direito a liberdade.
No segundo momento vamos tratar dos direitos civis, ou seja, os que garantem a pessoa
de manifestar de forma individual visando o bem comum garantia essas que possibilitaram as
mulheres votar, bem como o acesso de todos às escolhas de seus governantes no Brasil.
Consideramos que este seja um debate profícuo no sentido de engrandecer ainda mais nossos
conhecimentos.

2 DIREITOS SOCIAIS
Muitas revoluções foram necessárias para que o trabalhador pudesse ser visto como
alguém útil na sociedade, centenas de mortes em decorrências dos protestos para que o mínimo
fosse assegurado ao trabalhador. As sociedades ao longo do tempo concentraram o poder nas
mãos de poucos, e isso fez com que uma grande parcela da população mundial ficasse a mercê
dos ditames de classes que nunca se preocuparam com as necessidades sociais das pessoas.

2. 1 Direito ao trabalho digno


De acordo com Marx, a relação entre as classes é uma relação de exploração.
Nas sociedades feudais, a exploração assumia frequentemente a forma de uma
transferência direta de produtos do campesinato para a aristocracia. Os servos eram
obrigados a ceder uma determinada parcela da sua produção aos seus senhores
aristocratas, ou tinham de trabalhar durante um certo número de dias por mês nos
campos dos senhores, para produzir colheitas consumidas por estes e pelo seu séquito.
(GIDDENS, p. 286).

Marx traz uma dimensão verdadeira do trabalho nas sociedades feudais justamente
porque ele quer escancarar os problema das sociedades industriais. O que havia nessa sociedade
era um sistema de exploração em que o trabalhador acreditava que estava lucrando quando na
verdade ele pagava para trabalhar, dessa forma, o empregador lucrava com o produto e
principalmente ao comprar a força de trabalho.
Fazer com que o trabalhador entendesse esse tipo de sistema levou tempo, o certo é que
de imediato ninguém desconfiava dessa forma de exploração. Ser servo em uma sociedade
aristocrata significava trabalhar em benefício do senhor da terra, ou seja, aquele que possuía
todos os direitos necessários em cima daqueles que legalmente não possuíam direito algum.
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Esse sistema de exploração fez com que Marx pensasse a sociedade industrial com um
olhar crítico voltado, sobretudo para a divisão de classes sociais. Para Marx, as classes sociais
eram o divisor de águas, pois com essa divisão dificilmente se acabaria com a exploração dos
ricos sobre os pobres, “Marx usou o termo pauperização para descrever o processo pelo qual a
classe trabalhadora se torna cada vez mais empobrecida em relação à classe capitalista. Mesmo
que os trabalhadores se tornem mais prósperos”. (Giddens 2005, p. 287),
Com o advento da industrialização a classe trabalhadora se tornou mais empobrecida,
pois os ricos ficaram mais ricos e os pobres mesmo que com uma melhora nos ganhos
continuaram sendo pobres e ainda mais reféns do novo sistema que se impusera sobre suas vidas.
Essa divisão de classes fazia com que o pobre continuasse sendo pobre e o rico ascendesse a
patamares cada vez maiores. Era algo intrigante para o momento, pois se percebia
inevitavelmente a vida do trabalhador, aquele que gera a força de trabalho e que
consequentemente gera lucro não melhorava o suficiente em números iguais ao do empregador.
Norberto Bobbio (2004, p. 25), salienta que:
O direito ao trabalho nasceu com a Revolução Industrial e é estreitamente ligado à sua
consecução. Quanto a esse direito, não basta fundamentá-lo ou proclamá-lo. Nem
tampouco basta protegê-lo. O problema da sua realização não é nem filosófico nem
moral. Mas tampouco é um problema jurídico. É um problema cuja solução depende de
um certo desenvolvimento da sociedade e, como tal, desafia até mesmo a Constituição
mais evoluída e põe em crise até mesmo o mais perfeito mecanismo de garantia jurídica.

O trabalho em qualquer sociedade é sagrado já que envolve a dignidade da pessoa, pois


é do trabalho que saem as garantias fundamentais para que o ser humano possa se desenvolver
enquanto pessoa. O direito ao trabalho é uma conquista e dessa conquista não se pode abrir mão,
pois o tempo todo se tende a manter os parâmetros necessários para que eles nunca desapareçam.
Precisa-se de certo desenvolvimento das sociedades para entender o que é de
fundamental importância para o cidadão. O cidadão para ser “cidadão” precisa ser respeitado,
necessita do apoio da sociedade no entendimento de que o trabalho escravo não faz parte de
lugares desenvolvidos. A revolução industrial deu um grande salto em direção ao futuro ao
proporcionar as pessoas o direito de consumir os bens que eram produzidos, porém abriu brechas
para que as pessoas trabalhassem muito sem ao menos ter seu nível de vida aumentado.

2. 2 Direito a liberdade
Debater o conceito de liberdade nas sociedades ainda é algo um tanto complexo, pois ao
longo da história se discutiu e ainda se debate a quantidade de limites que foram impostas aos
seres humanos, como o direito de voto, de trabalho (que fora abordado anteriormente), direito
específico das mulheres exercerem uma profissão que fosse remunerada, direito a viver livre em
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sociedade e etc., portanto, são muitas as questões que podem ser tratadas dentro dessa
problemática e que merecem atenção.
O fato mesmo de que a lista desses direitos esteja em contínua ampliação não só
demonstra que o ponto de partida do hipotético estado de natureza perdeu toda
plausibilidade, mas nos deveria tornar conscientes de que o mundo das relações sociais
de onde essas exigências derivam é muito mais complexo, e de que, para a vida e para a
sobrevivência dos homens, nessa nova sociedade, não bastam os chamados direitos
fundamentais, como os direitos à vida, à liberdade e a propriedade. (BOBBIO, 2004,
36).

Bobbio se refere às sociedades passadas que tinham um comportamento avesso aos de


hoje, para que houvesse mudanças foram necessárias certas regras que freassem as paixões
humanas. O ser humano vem do estado de natureza que nada mais é do que viver segundo as
suas vontades pessoais sem se preocupar com os rumos que porventura venham a tomar a raça
humana. Com isso, para que o ser humano pudesse viver bem com os outros seres humanos
foram criadas as regras que de certa forma limitava a pessoa de fazer aquilo que quisesse.
Houve muitos exageros em relação aos limites do ser humano e para isso foi necessários
criar leis que defendessem os direitos das pessoas. Muitas leis internas foram se baseando em
leis maiores como a internacional que garante o direito a defesa e assim “a anistia internacional
considera prioritária, no mundo inteiro, a luta pela libertação de pessoas detidas por suas
convicções, cor, sexo, origem étnica, idioma ou religião, que não tenham recorrido à violência ou
advogado o seu uso”. (KONDER, 2012, p. 389).
O direito de se pronunciar defendendo ideais sociais é algo que deve ser preservado em
todas as sociedades, a pessoa não pode sofrer por querer manifestar sua opinião e principalmente
se estiver denunciando aquilo que está errado. O ser humano é livre e se ele deseja gozar de sua
liberdade, ninguém pode e tem o direito de interferir no que é seu.
A revolução francesa foi o marco que garantiu os direitos do homem, porém foi uma
luta regada a muito sangue e suor, com tudo, aquilo pelo qual se lutou se conquistou, dessa
forma, cabe às pessoas honrarem por esses direitos que são tão valiosos para as sociedades no
mundo todo, pois “Compreende-se a Revolução Francesa como fundadora dos direitos civis”
(ODALIA, 2012, p. 159).
A revolução Francesa como fundadora dos direitos civis, compreende-se que com ela
passou-se a se preocupar com os direitos fundamentais da pessoa. A pessoa humana não é um
criminoso só pelo fato de desejar um mundo melhor, a pessoa com o novo olhar a partir da
revolução francesa é alguém que quer viver a sua liberdade com sabedoria e, sobretudo estando
de acordo com os novos ditames sociais.
Se a igualdade torna-se uma possibilidade real como consequência da nova sociedade,
que se estrutura rapidamente, nada impede que um passo mais largo ainda seja dado, ou
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seja, é necessário concretizar e tornar pública essa possibilidade pela declaração de que
“os homens nascem iguais.” (ODALIA, 2012, p. 162)

Compreendemos que a garantia de direitos fundamentais passam pela luta em busca


daquilo que é bom para toda sociedade. O ser humano merece viver, com isso, sistema algum
pode ferir a sua luta.

3 CIDADANIA E DIREITOS CIVIS


A cidadania moderna refere-se ao aglomerado de direitos e deveres dos cidadãos que
fazem parte de uma nação, ou seja, o povo de um país. O centro da cidadania compõe-se
basicamente de três elementos: o civil, o político e o social. O surgimento e a extensão dos
direitos de cidadania ocorreram de forma lenta e gradual, variando bastante conforme a região.
Os direitos civis organizam as prerrogativas de liberdade individual, liberdade de palavra,
pensamento e fé, liberdade de ir e vir, o direito à propriedade, o direito de contrair contratos
válidos e o direito à justiça. Os tribunais são as instituições públicas por excelência para
salvaguarda dos direitos civis, com a figura do Estado como guardião do Status Quo.
Com efeito, o problema que temos diante de nós não é filosófico, mas jurídico e, num
sentido mais amplo, político. Não se trata de saber quais e quantos são esses direitos,
qual é sua natureza e seu fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos
ou relativos, mas sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que,
apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente violados. (BOBBIO, 2004, p.
17).

O surgimento dos direitos civis marcou uma tremenda mudança dos paradigmas das
sociedades em geral, tendo sido rompido às ligações das relações de dominação baseados em
relações comunitárias tradicionais, característicos do período medieval e do sistema feudal. Os
direitos civis colocaram uma igualdade jurídica entre os cidadãos, passando assim a serem
considerados iguais perante a lei. Mesmo as diferenças, origem e classe social continuam a
existir, porem estas não devem interferir na igualdade jurídica dos cidadãos. Esse é o princípio
básico de tais direitos.
Enquanto teorias filosóficas, as primeiras afirmações dos direitos do homem são pura e
simplesmente a expressão de um pensamento individual: são universais em relação ao
conteúdo, na medida em que se dirigem a um homem racional fora do espaço e do
tempo, mas são extremamente limitadas em relação à sua eficácia, na medida em que
são (na melhor das hipóteses) propostas para um futuro legislador. No momento em que
essas teorias são acolhidas pela primeira vez por um legislador, o que ocorre com as
Declarações de Direitos dos Estados Norte-americanos e da Revolução Francesa (um
pouco depois), e postas na base de uma nova concepção do Estado — que não é mais
absoluto e sim limitado, que não é mais fim em si mesmo e sim meio para alcançar fins
que são postos antes e fora de sua própria existência —, a afirmação dos direitos do
homem não é mais expressão de uma nobre exigência, mas o ponto de partida para a
instituição de um autêntico sistema de direitos no sentido estrito da pa lavra, isto é,
enquanto direitos positivos ou efetivos. (BOBBIO, 2004, p. 18-19).
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O aparecimento dos direitos civis está agregado às revoluções burguesas na Europa do


século 18. Estas retiraram as forças das monarquias absolutistas, rompendo com a sociedade
hierarquizada do período pré-moderno. Como no absolutismo monárquico, a autoridade política
(o rei) detinha o poder com base em privilégios sociais (nobreza hereditária), essa ruptura
advinda das revoluções veio por quebrar essa hegemonia.
Dois grandes pensadores contribuíram para passamentos dos direitos civis entre os
homens, o inglês John Locke e o francês Jean-Jacques Rousseau, com obras como o "contrato
social". Fundamentaram no plano ideológico a nascente igualdade formal nas relações entre os
cidadãos. No entanto “Com efeito, pode-se dizer que o problema do fundamento dos direitos
humanos teve sua solução atual na Declaração Universal dos Direitos do Homem aprovada pela
Assembléia-Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1848.” (BOBBIO, 2004, p.17).

3. 1 Os primeiros passos da Cidadania e Direitos Civis no Brasil


Com o advento de tal contextualização, parte-se para o plano nacional. Já que no Brasil,
pode-se constatado que o primeiro avanço significativo registrado na área dos direitos civis foi a
abolição da escravidão (1888). A primeira Constituição republicana (1891) assegurou a
igualdade legal entre os cidadãos brasileiros. Garantiu as liberdades de crença, de associação e
reunião, além do habeas corpus, para remediar qualquer violência ou coação por ilegalidade ou
abuso de poder.
A primeira parte do trajeto nos levará a percorrer 108 anos da história do país, desde a
independência, em 1822, até o final da Primeira República, em 1930. Fugindo da
divisão costumeira da história política do país, engloba no mesmo tempo o império
(1822-1889) e a primeira República (1889-1930). Do ponto de vista do progresso da
cidadania, a única alteração importante que houve nesse período foi a abolição da
escravidão, em 1888. A abolição incorporou os ex-escravos aos direitos civis. Mesmo
assim, a incorporação foi mais formal do que real. A passagem de um regime político
para outro em 1889 trouxe pouca mudança. (CARVALHO, 2008, p.17).

A realidade da sociedade Brasileira nesse período era extremamente escravista, tendo


como característica os direitos civis cerceados pela presença do imperialismo, onde os escravos
não detinham nenhum direito, eram vistos como objetos passives de uso dos seus donos para
qualquer finalidade que, e até mesmo aparte da população que era livre, estes não gozavam de
plenos direitos civis, como por exemplo, direito a salário mínimo, seguridade social, entre tantos
outro. Vigorou até meados de 1889, com a proclamação da República que estabeleceu junto da
primeira Constituição republicana, uma nova era de direitos civis, no então novo regime
republicano brasileiro.
Carvalho (2008, p. 21), salienta que:
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Escravidão e grande propriedade não constituíam ambiente favorável à formação de


futuros cidadãos. Os escravos não eram cidadãos, não tinham os direitos civis básicos à
a integridade física (podiam ser espancados), à liberdade e, em casos extremos, a
própria vida, já que a lei os considerava propriedade do senhor, equiparando-os a
animais. Entre escravos e senhores, existia uma população legalmente livre, mas a que
faltavam quase todas as condições para exercício dos direitos civis, sobretudo a
educação. Ela dependia dos grandes proprietários para morar, trabalhar e defende-se
contra o arbítrio do governo e de outros proprietários. Os que fugiam para o interior do
país viviam isolados de toda convivência social, transformando-se, eventualmente, eles
próprios em grandes proprietários.

Com a adoção da constituição de 1891, os “novos direitos” adquirido pela população


seriam logo de início quase que ineficientes, pois a grande maioria da população era analfabeta,
assim não sabendo ler ou escrever, não estariam propensas a exercer sua “cidadania”, muitos
nem mesmo sabiam da existência desta nova constituição. Desse modo pode-se estabelecer
ligações de que a vida social não se alterou quase que nada, durante essa súbita mudança de
paradigma, rememorando ainda os anos em que direitos “civis” eram produto adquirido por
riqueza ou títulos de nobreza. Tendo efeito especificamente para as camadas mais populares,
logo de forma reduzida como fica evidente com a alta taxa de desconhecimento popular,
derivado da alta taxa de analfabetismo.
Os brasileiros tornados cidadãos pela constituição eram as mesmas pessoas que tinham
vivido os três séculos de colonização nas condições que já foram descritas. Mas de 85%
eram analfabetos, incapazes de ler um jornal, um decreto do governo, um alvará da
justiça, uma postura municipal. Entre os analfabetos incluíram-se muitos dos grandes
proprietários rurais mais de 90% a população vivia em áreas rurais, sob o controle ou
influência dos grandes proprietários. (CARVALHO, 2008, p.33).

Algo a destacar desse período, obviamente seria o novo sistema de presidencialismo,


que introduz um novo aspecto para a sociedade brasileira, o direito adquirido do voto, mas esse
direito não era para todos. Podiam votar todos os homens de 25 anos ou mais e tivessem uma
renda mínima de 100 mil réis. As mulheres não podiam votar e os negros mesmo libertos ainda
não eram considerados cidadãos. Toda via já nota-se uma crescente “evolução progressista” já
nesses primeiros passos da primeira república. "A primeira República ficou conhecida como
"república dos coronéis". Coronel era o posto mais alto na hierarquia da Guarda Nacional. O
coronel da Guarda era sempre o mais poderoso do município."(CARVALHO, 2008, p. 41). Com
todas essas grandes mudanças pode-se ressaltar as grandes transformações sociais, já que novos
agentes transformadores sugiram na vida social, e de certa forma teve um grande impacto
reformador em todas as camadas, das elites até os populares.
A Constituição regulou os direitos políticos, definiu quem teria direito de votar e ser
votado. Para os padrões da época, a legislação brasileira era muito liberal. Podiam votar
todos os homens de 25 anos ou mais quem tivesse renda mínima de 100 mil-réis. Todos
os cidadãos qualificados eram obrigados a votar. As mulheres não votavam, e os
escravos, naturalmente, não eram considerados cidadãos. Os libertos podiam votar na
eleição primária. A limitação de idade comportava exceções. O limite caía para 21 anos
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no caso dos chefes de família, dos oficiais militares, bacharéis, clérigos, empregados
públicos, em geral todos que tinham independência financeira. (CARVALHO, 2008,
p.28).

Esse sistema não foi efetivado de forma rápida, ou de fácil aceitação, teve grandes
resistências, já que no Brasil nunca ouve uma grande revolução que surgisse advinda da grande
massa, como foi o casso da Inglaterra. Para a população brasileira que por muito tempo ficou
completamente de fora da vida política, esta sofreria com a resistência para o aprendizado de
como essas mudanças efetivas iriam estabelecer, um novo patamar para cada cidadão. Foi um
processo lento, duro e turbulento.
Os críticos da participação popular cometeram vários equívocos. O primeiro era achar
que a população saída da dominação colonial portuguesa pudesse, de uma hora para
outra, comportar-se como cidadãos atenienses, ou como cidadãos das pequenas
comunidades norte-americanas. O Brasil não passará por nenhuma revolução, como
Inglaterra, os Estados Unidos, a França. O processo de aprendizado democrático tinha
que ser, por força, lento e gradual. (CARVALHO, 2008, p. 43).

Em síntese, nota-se que tanto no início do Brasil/Portugal com as colônias, assim como
na independência em 1822, e posteriormente com a proclamação da República 1889, ouve uma
mudança nas estruturas sociais, como também na esfera política, derivada de uma gradual
sucessão de acontecimentos que proporcionaram tais mudanças. Um retrato desse período é a
inevitável Ascenção da burguesia que passa a superar a nobreza, nessa substituição novos
agentes passam a influenciar os vários segmentos sócias, propiciando as mudanças de base que
irão sustentar as reformas necessárias para a sociedade contemporânea.

3. 2 O engajamento feminino na luta por seus direitos


A conquista do espaço da mulher em diversos setores do meio em que vivem, não é algo
que aconteceu da noite para dia, as reivindicações e lutas das mulheres por direitos civis,
políticos e sociais ocorrem há muitos anos no mundo e no Brasil.
A primeira conferência de mulheres pelo direito ao voto e por outras conquistas
aconteceu em Seneca Falls, em 1848, nos Estados Unidos. A principal responsável pela
declaração foi Elizabeth Cady Stanton, que a modelou na Declaração da Independência dos
Estados Unidos. Ela organizou a convenção junto com Lucretia Coffin Mott e Martha Coffin
Wright.
Durante o planejamento da Convenção de Seneca Falls, Elizabeth Cady Stanton propôs
uma resolução que pareceu excessivamente radical até mesmo para sua companheira
Lucretia Mott. Embora as experiências da sra. Mott no movimento antiescravagista
certamente a persuadissem de que as mulheres precisavam urgentemente exercitar seu
poder político, ela se opôs à introdução de uma resolução sobre o sufrágio feminino.
Essa proposta seria interpretada como um absurdo e uma afronta, pensou ela, e por
consequência ameaçaria a credibilidade da convenção. O marido de Stanton também foi
contra a ideia de levantar a questão do sufrágio – e cumpriu sua promessa de sair da
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cidade caso ela insistisse em apresentá-la. Frederick Douglass foi a única figura de
destaque a concordar que a convenção deveria reivindicar o direito de voto das
mulheres. (DAVIS, 1981)

Apesar das dificuldades enfrentadas por Elizabeth, entre elas, a descrença do seu marido
e até mesmo da sua companheira Lucretia, ela foi fiel às suas perspectivas, seus objetivos.
Segundo Davis (1981), devido a toda sua persistência ela convenceu Frederick Douglas a apoiar
a ideia de que o voto deveria ser estendido às mulheres. A autora ainda relata o pensamento de
Frederick Douglas em relação as ideias promovidas por Elizabeth:

Eu não conseguia rebater os argumentos dela, exceto com desculpas superficiais como
“costumes”, “divisão natural de tarefas”, “vulgaridade da participação da mulher na
política”, a conversa de sempre sobre “a esfera feminina” e coisas parecidas, tudo o que
aquela mulher competente, que na época não era menos sensata do que é hoje,
desmentiu com os mesmos argumentos que desde então tem usado, de modo recorrente
e eficiente, e que nenhum homem teve sucesso em refutar. Se a inteligência é a única
base verdadeira e racional para um governo, conclui-se que o melhor governo é aquele
que extrai sua existência e seu poder das maiores fontes de sabedoria, energia e bondade
à sua disposição. (DAVIS, 1981)

No Brasil, após a conquista do direito ao voto, estabelecido pela Constituição Federal


em 1932, as mulheres passaram a ocupar maior espaço no eleitorado do país. Embasados pelo
movimento feminista ainda, em 1934, o Brasil elegeu Carlota Pereira Queiróz, como sua
primeira deputada. Naquele mesmo ano, a Assembleia Constituinte assegurava o princípio de
igualdade entre os sexos, o direito ao voto (só que ainda muito restrito), a regulamentação do
trabalho feminino e a equiparação salarial entre os gêneros(o que não foi literalmente colocado
em prática).
A mulher vem conquistando o seu espaço na sociedade cada vez de forma mais
destacada, se sobressaindo em diversas situações, fazendo jus a tudo aquilo que com muita
determinação foi conquistado. Apesar de atualmente as mulheres terem dado um salto no que diz
respeito às suas conquistas, tudo foi alcançado com lutas, com reivindicações. Dentre essas lutas
está o que aconteceu em Dover, New Hampshire, no ano de 1928, segundo a autora Davis
(1981), “(...) as trabalhadoras abandonaram os empregos para demostras seu desacordo com
restrições recentemente impostas. Elas “chocaram” a comunidade ao marcharem com cartazes,
bandeiras e queima de pólvora.”
De acordo com a autora Davis (1981), durante o evento em Seneca Falls, havia uma
mulher chamada Charlotte Woodward, a qual assinou a Declaração, seu objetivo era buscar
conselhos sobre como melhorar sua condição de trabalhadora. Ela fazia luvas, função que ainda
não era industrializada: trabalhava em casa e, por lei, seus pagamentos eram controlados pelos
homens da família.
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Depois de a mulher ter passado por diversas dificuldades em relação ao trabalho, do


reconhecimento e valorização do mesmo, atualmente, é notório a participação das mulheres em
diversas áreas do mercado, onde antigamente eram preenchidas apenas por homens, como em
casos de cargos de chefia, por exemplo, além dos avanços em relação ao seu salário, ou seja, ela
passou a ter autonomia sobre os seus ganhos. A mulher vem conquistando seu espaço, onde o
mesmo deu-se de forma lenta, gerado por um processo que durou muitos anos de lutas. Pode-se
afirmar que realmente melhorou, porém, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a
mulher garanta, em toda a sua totalidade, o seu espaço na sociedade.

4 CONCLUSÃO
Uma sociedade só se torna livre se houver de fato igualdade entre os seres humanos e
para isso existir é necessário romper muitas barreiras que separam as pessoas, como as castas
sociais, as desigualdades de renda entre as pessoas, e etc. Ser livre é viver sem medo de ser
punido injustamente, é saber que o mundo é para todos e não privilégio de alguns.
Dessa forma, o direito ao trabalho, fundamentado nas contradições que foram criadas
após a revolução industrial e debatido por Marx que de alguma forma excluíam o ser humano de
viver com dignidade, e o direito a liberdade que foi conquistada principalmente com a revolução
francesa foram os fundamentos para o debate deste trabalho.
Compreendemos que o debate feito até aqui é um marco para separar os
conhecimentos e assim abrir as portas em vista de discutir os diversos conceitos que estão
engessados em nossa sociedade e que impedem com que façamos uma análise mais detalhada do
nosso mundo. A certeza que temos é que não adianta ficar esperando que as coisas aconteçam do
nada, é preciso criar e principalmente querer fazer.

REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. Presente e futuro dos direitos do homem. In: A era dos direitos. Trad.
Calos Nelson Coutinho. Nova Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 17-25.
BOBBIO, Norberto. Direitos do homem e sociedade. In: A era dos direitos, op. cit., p. 33-41.
CARVALHO, José Murilo de. Passo atrás, passo adiante (1964-1985). In: Cidadania no
Brasil: o longo caminho. 10a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
CARVALHO, José Murilo de. A cidadania após a redemocratização. In: Cidadania no Brasil,
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CARVALHO, José Murilo de. Marcha acelerada (1930-1964). In: Cidadania no Brasil, op.
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CARVALHO, José Murilo de. Primeiros passos (1822-1930). In: Cidades no Brasil, op. Cit, p.
15-83.
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DAVIS, Angela. Classe e raça no início da campanha pelos direitos das mulheres. In:
Mulheres, raça e classe [recurso eletrônico]. Trad. Heci Regina Candiani. 1ª ed. São Paulo:
Boitempo, 2016. Disponível em:
https://coletivoanarquistalutadeclasse.files.wordpress.com/2010/11/mulheres-raca-e-classe-
angela-davis.pdf
GIDDENS, Anthony. Classe, estratificação e desigualdade. In: Sociologia. 4ª ed. Porto Alegre:
Artmed, 2005, p. 282-309.
ODALIA, Nilo. Liberdade como meta coletiva. In. História da Cidadania. Jaime Pinsk; Carla
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA ELEITORAL. Disponível em:
http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Marco/mulheres-representam-52-do-eleitorado-
brasileiro. Acesso em 07/05/2019.

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