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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas


Departamento de Filosofia

Aluno: Fernando da Conceição Neves


Disciplina: Práticas pedagógicas em Filosofia I
Profa: Rachel Martins

Rio de Janeiro
2019
De acordo com a seção IV de LDB de 1996 que então sofre alteração por medida
provisória há um objetivo e certos caminhos no que diz respeito ao estudante de ensino
médio. Quanto a isso irei focar em um objetivo central da lei e como isso se relaciona
com as disciplinas de ciências humanas preferencialmente a filosofia.
Em um primeiro momento não há muito o que dizer em oposição ao objetivo do Estado
com a educação básica. Afinal, qual é a finalidade do Ensino Médio? Em linhas gerais de
acordo com o artigo 35 I, II, III e IV o objetivo do ensino médio é, além de estender o
ensino fundamental, preparar o aluno para diversos contextos que ele já está imiscuído e
que posteriormente ele estará de frente de forma direta. São estes contextos: o trabalho e
a sociedade, por exemplo como diz o II – “a preparação básica para o trabalho e a
cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar
com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;”. Que
tem ligação direta com o III – “o aprimoramento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico;” e é aí que devemos nos ater.
Dentre os objetivos do ensino médio claramente o aprimorando da humanidade e o
parágrafo deixa bem claro que isso tem a ligação direto com o pensamento ético, a
autonomia intelectual e o pensamento crítico. De certa forma, eles convocam aquela
disciplina que por seu fazer histórico vem radicalmente tentando trabalhar neste âmbito
da nossa existência. Não resta dúvida quando na história da filosofia vemos textos como
de “Aristóteles” que pesquisa no âmbito da ética em busca daquilo que vem a ser como
melhor podemos guiar nossa ação, ou como de Kant que no texto “O que é
esclarecimento” pesquisa o que significa sair da menoridade e pensar autonomamente,
assim como grande parte dos textos filosófico que tem como essência pensar criticamente
como método, e não é qualquer crítica, é aquela crítica que caracteriza o filosofar: o
pensar as condições de emergência de qualquer problema que se trata.
O motivo total pelo qual insisto nesta exposição é que através da LDB o Estado se
apresenta como dependente da filosofia como disciplina pois está entre seu objetivo com
o jovem que se forma na educação básica o desenvolvimento de capacidades e fazeres
que diz respeito a uma disciplina específica. E que então fica incoerente quando no
parágrafo IV do artigo 36 é retirado filosofia e sociologia como disciplinas obrigatórias,
inclui o fazer destas disciplinas apenas em “estudos e práticas”, novamente, retirando sua
obrigatoriedade como disciplina. Afinal, qual é a coerência objetiva destes parágrafos? A
quem o Estado encarga de desenvolver estes estudos que fizeram questão de anunciar
como objetivos? É dito que estas medidas são discutidas a muitos anos que isso não é
algo fruto de uma pressa, mas que o próprio texto mostra que não houve imparcialidade
nem compromisso com o que se prega ao tomar tais ações. Ao colocar certas disciplinas
como Português e Matemática como obrigatórias e um itinerário formativo “ciências
humanas e sociais aplicadas” fica claro o não reconhecimento ou até mesmo o descaso
com o fazer filosófico por parte do governo.
É possível afirmar que tal exposição seja frágil ao ponto deles simplesmente alterarem os
objetivos da formação básica para que se alinhe as medidas subsequentes. Ainda assim,
eles se atrapalhariam, pois não é uma questão de posição que certos fenômenos fazem
parte da formação humana e são incontornáveis sempre trazendo a tona a necessidade da
presença da filosofia como disciplina.
Por outro lado, temos na entrada do Art. 36. “O currículo do ensino médio será composto
pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos específicos, a serem
definidos pelos sistemas de ensino, com ênfase nas seguintes áreas de conhecimento ou
de atuação profissional: “ alterado por “Art. 36. O currículo do ensino médio será
composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos, que
deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme
a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino”. Ou seja, o
que iria guiar os itinerários formativos seria o próprio sistema de ensino com base em
áreas de conhecimento e atuação profissional e que passou a ter como base “a relevância
para o contexto local”. O que o governo está anunciando com isso? Que os itinerários
formativos serão condicionados pela demanda territorial?
Novamente, que “ideologia”, no sentido de visão de mundo está orientando estas
medidas?
Fica perceptível a deficiência na elaboração dessas leis, algo que denuncia a própria
carência da atitude filosófica nas decisões em sociedade. Além de serem medidas
totalmente parciais e sem diálogo algum com aqueles que de fato estão fazendo parte
desta realidade, partem de um modo de conceber a relação “formação básica” e “realidade
pós-ensino” totalmente limitada e desvinculada da realidade brasileira. O pior é a falta de
critério para estas ações, parecem medidas totalmente arbitrárias sem coerência alguma
com o próprio interior do texto, mostrando o descompromisso total dos envolvidos com
o projeto educacional dito tão urgente para o meio brasileiro.
Referência bibliográfica

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

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