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SANTOS, Silvia Gombi Borges dos.

Em busca de um lugar no mundo: o conceito de violência


em Hannah Arendt. São Paulo: Perspectiva, 2011.

CAPÍTULO 1 – VIOLÊNCIA E PODER


Para Hannah Arendt, o poder está no povo. “A originalidade da concepção do poder, em
Hannah Arendt, está em situar a fonte de todo o poder não nas leis, nem na quantidade de
implementos de violência para perpetuar a dominação, mas no povo: ‘é o apoio do povo que
confere pode às instituições de um país, e este apoio não é mais do que a continuação do
consentimento que trouxe as leis à existência’. Pode-se perceber como Arendt valoriza o caráter
coletivo e criativo do poder.” (p. 4)
Para Max Weber, o uso da violência pelo Estado tem como função principal perpetuar a
dominação do homem sobre o homem, assegurando a manutenção do poder político. Violência
 poder
Para Arendt, deve-se ter respeito e reconhecimento das pessoas em relação à alguma
autoridade cujo inimigo é o desprezo, risada.
“Para a utilização eficaz dos meios de violência é necessário que haja uma base mínima de
poder.” (p. 7)
Características fundamentais da oposição entre poder e violência: “O poder necessita de
números: ele está no povo e depende da ação conjunta de homens iguais entre si, a qual resulta
do diálogo e do embate de opiniões. O poder sempre representa um fim em si mesmo. A
violência, ao contrário, é um meio e depende, para sua maior eficácia, de implementos.” (p. 8)
O poder não necessita de justificativas, ele exclui o emprego da violência, baseado em
consentimento  legitimado. A violência necessita de justificativas, nunca será legitimada
Para Rousseau, todo aquele que pratica delito rompe com o tratado social e, consequentemente,
deve-se deixar de ser considerado cidadão. Deste modo, a condição de liberdade do homem está
subordinada à obediência à lei  criminoso é excluído ou morto.
Aristóteles  Rousseau  Arendt sobre a ilegitimidade da violência
Na Política de Aristóteles, o homem (ser que fala e ser político). Em Aristóteles, os homens são
levados à vida em sociedade por natureza, por inclinação natural. (p. 11) A linguagem une os
homens. Não há nada mais intolerável que a Injustiça (violência) armada. O uso de arma só é
lícito para a justiça.
Para Arendt, a violência não deriva de seu oposto, o poder, mas da ausência deste
(desobediência). Diferente de Marx que acredita que a violência é capaz de reconstruir o poder
dialeticamente.
“A violência pode destruir o poder; ela é absolutamente incapaz de criá-lo” (H. Arendt. p. 14)
“A violência teria um papel retórico a desempenhar, dramatizando queixas e trazendo-as à
atenção pública, visando alcançar objetivos a curto prazo, e assim operar reformas em uma
ordem política dada. No entanto, Arendt o alerta, também aqui há o perigo de que os meios de
violência se sobreponham aos fins, e a prática da violência se instaure em todo o corpo político.
Ao destruir o poder, a violência deixaria de exercer essa função retórica, restando apenas a
gratuidade do próprio ato violento.” (p. 15)
No plano individual justifica-se o uso da violência quando se trata de defesa pessoal e
preservação da própria vida. No plano do Estado, justifica-se a violência quando um criminoso
opõe-se à obediência à lei. Em Arendt, outra ocasião se justifica: "geração do poder político, ou
fundação de um novo corpo político, manifestado, sobretudo, nos atos de guerra e revolução.” (p.
15)
Hoje busca-se muito mais evitar a guerra do que obter a paz  1. Civis e militares são alvos da
violência; 2. Guerra já significa a morte do Estados perdedores; 3. Intimidação entre Estados; 4.
Supremacia das revoluções sobre as guerras. (capacidade e disposição própria do homem de
agir politicamente)
O homem como ser político é dotado da fala. Violência causa ausência de fala, silencio. A
violência é o reino do silencio imposto, não humano, da destruição (p. 21)
Violência  isolamento ou atomização do indivíduo, ausência da palavra.
Revoluções  fundação de uma nova forma de poder  justifica-se o emprego da violência, pois
visa a liberdade. A violência justifica o “novo”, a novidade. Mudança em direção a algo novo.
O que leva o homem aos atos revolucionários é a sua consciência da desigualdade social (na
Idade Moderna, questão social). Quem detém o poder econômico, detém o poder político.
Consolidação do poder através do atos revolucionários: “Cumpre pois dar formas ao poder obtido
por meio da fundação de um novo governo, do estabelecimento de uma constituição, a qual
exige, naturalmente, que todos a ela se submetam, inclusive aqueles que a fizeram nascer e a
promulgaram. O governo constitucional exige, portanto, limites, e esses limites devem estar
alicerçados na lei.” (p. 36-37)
Montesquieu: o poder deve controlar o poder. Arendt amplia: esse poder não pode consistir em
ameaça de destruição do próprio poder. “O poder torna-se impotente quando, nas tiranias, há
uma destruição a partir de dentro do próprio poder, quando um chefe, de posse de meios de
violência, se insurge e se impõe sobre a maioria. O poder necessita de limites, porém estes não
podem ser postos por ações violentas, mas pelo confronto de poderes. Só desta forma é que o
poder se consolidará e sobretudo se ampliará.” (p. 38)
Sistema federalista  controle do poder pelo poder. O poder é horizontal, as unidades federadas
controlam mutuamente seus poderes. Sistema de conselhos, participação na vida política,
contínuo agir político, diferente de votar ou pertencer a um partido político.
Necessário haver homens organizados e intelectualmente preparados e imbuídos do espírito
revolucionário.
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CAPÍTULO 2 – TERROR: A VIOLÊNCIA EXACERBADA

Campo de concentração  forma essencial do totalitarismo


Mal absoluto, mal radical (1950)  banalidade do mal (1962)
“O totalitarismo se instaura enquanto negação dos valores da tradição, realizando o impensável, o
impossível – a ruptura. Porém, com a afirmação do movimento totalitário como evento, é a própria
tradição que se despoja, em certo sentido, de realidade: ela se fragiliza e despedaça. Prevalece,
então, o mal.” (p. 51)
“O domínio totalitário procurava reduzir suas vítimas ao nível animal, despojar de sua própria
humanidade, retirando-lhes primeiramente os seus direitos políticos, a sua moralidade e, por
último, a própria vida. O terror, a violência levada às últimas consequências, é um dos
instrumentos eficazes para obter a submissão e a degradação humana em níveis nunca antes
pensados, juntamente com a doutrinação ideológica das elites.” (p. 52)
O terror para ser instaurado necessita tanto das vítimas quanto dos carrascos, não tendo
relevância quem de fato seja um ou outro.
Tudo é possível no campo de concentração, instaurando o impossível, o mal radical. Para isso, é
necessário o isolamento das vítimas em relação ao mundo exterior e também entre si mesmas.
Isolamento  relato podem parecer inverossímeis. Esse duplo isolamento, Arendt chama de
perda do mundo (A condição humana). “O sentimento de irrealidade, de não pertencimento a
nada, o qual destrói a capacidade humana de organização e a tentativa de ação política.” (p. 54)
isolamento aliado a violência exarcebada  incredibilidade
“Se é verdade que os campos de concentração são a instituição que caracteriza mais
especificamente o governo totalitário, então deter-se nos horrores que eles representam é
indispensável para compreender o totalitarismo.” (ARENDT, ANO ORIGENS DO
TOTALITARISMO apud SANTOS, ANO, p. 57)
“A desvairada fabricação em massa de cadáveres é precedida pela preparação, histórica e
politicamente inteligível, de cadáveres vivos. O incentivo e, o que é mais importante, o silencioso
consentimento a tais condições sem precedentes resultam daqueles eventos que, num período
de desintegração política, súbita e inesperadamente tornaram centenas de milhares de seres
humanos apátridas, desterrados, proscritos e indesejados, enquanto o desemprego tornava
milhões de outros economicamente supérfluos e socialmente onerosos.” (p. 58. Em origens do
totalitarismo p. 498)
“Morte da pessoa jurídica, morte da pessoa moral do homem, e finalmente a destruição física:
esses eram os passos a serem seguidos na fabricação de cadáveres.”
Morte da pessoa jurídica  excluídos da proteção da lei (povo que foram vencidos na guerra,
sem pátria). Perda da capacidade de cometer qualquer ato normal ou criminoso. Exclui do
indivíduo a capacidade de agir.
Escolha arbitrária dos que ingressam no campo. Após, são separados categoricamente afim de
se evitar qualquer tipo de solidariedade entre os presos.
“Quanto à efetivação da morte da pessoa moral, cultua-se o esquecimento sob todas as suas
formas: silenciam-se os canais de expressão da opinião pública, destroem-se os laços afetivos e
de solidariedade; proíbem-se a dor e a recordação: esvazia-se o sentido de culto aos mortos e a
tentativa de celebrar a individualidade que deixou de existir; portanto, promove-se uma
progressiva ausência de memória e de consciência.” (p. 61)
A tarefa de matar é compartilhada entre vítimas e carrascos. Degradação moral.
Tortura irracional e sádica.
Para coibir qualquer revolta ou resistência e perpetuar o sistema totalitário, era necessária a
degradação completa do humano, “reduzindo, portanto, o homem à sua animalidade e
eliminando-se a espontaneidade e certo grau de liberdade que não inerentes à ação humana.” (p.
64)
“A experiência dos campos de concentração demonstra realmente que os seres humanos podem
transformar-se em espécimes do animal humano, e que a ‘natureza’ do homem só é ‘humana’ na
medida em que dá ao homem a possibilidade de tornar-se algo eminentemente não natural, isto
é, um homem.” (p. 64. Em origen do totalitarismo, p. 506)
Fabricação sistemática de cadáveres  mal radical e absoluto
Violência  terror totalitário. Priva-se os homens de seus direitos, a pluralidade se dissolve num
Único homem e a liberdade individual é destruída. Comprime um homem ao outro, destruindo o
espaço entre eles.
“...pois é exatamente na implementação do processo lógico decorrente da ‘ideia’ da ideologia,
pelo sistema totalitário, que reside a violência enormemente ampliada, exercida não de modo
imediato no corpo das vítimas, porém movida de forma mais cruel e radical, a partir do interior do
indivíduo, destruindo primeiramente as suas capacidades e potencialidades especificamente
humanas para só então proceder à eliminação física e em massa.” (p. 73)
“Despojar o homem de suas características humanas significa não apenas exercer um controle
contínuo sobre suas atividades, mas erradicar o pensamento, a mais nobre das atividades
humanas e a expressão da mais alta forma de liberdade, substituindo-o pelo árido e frio e
aprisionador raciocínio lógico.” (p. 73)
Isolamento  terror  sistema totalitário. Os homens isolados são impotentes.incapacidade de
agir politicamente
Isolamento  solidão. Solidão ocorre quando o isolamento destrói a capacidade do ser humano
de acrescentar algo de si mesmo no mundo
“A radicalização do isolamento é, portanto, o que Arendt denomina solidão. A solidão, no entanto,
não é o mesmo que estar só, não é ausência de companhia, mas sentir-se realmente um,
abandonado por todos os outros, inclusive por seu próprio eu. A solidão é, em poucas palavras, a
perda do próprio eu.” (p. 74)
O que torna a solidão insuportável é a perda do próprio eu. A identidade é confirmada pela
companhia dos meus iguais.
Não é bom que o ser humano esteja só. Perda do eu. Paradoxalmente, estar só é a condição
para que ocorra o ato de pensar.
Quando as pessoas perdem contato com seus semelhantes e com a realidade que as rodeia, elas
perdem a capacidade de sentir e de pensar. Aquele para quem já não existe a diferença entre
fato e ficção (realidade da experiência) e a diferença entre o verdadeiro e o falso (critérios de
pensamento)
Eichmann, ausência de pensamento, banalidade do mal, o mal é banal quando os motivos se
tornam supérfluos
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CAPÍTULO 3 – A VIOLÊNCIA RELACIONADA À “AUSÊNCIA DE UM LUGAR NO MUNDO”

Terror totalitário – forma superior de violência – criação de cadáveres vivos, homens supérfluos,
despojada de sua própria individualidade
“Para realizar com êxito a tarefa de fabricação de cadáveres vivos, e assim estabelecer a
superfluidade, o sistema totalitário necessita intervir na própria condição humana, eliminando
qualquer vestígio de respeito à sua dignidade, respeito que garante ao homem o reconhecimento,
por parte de seus pares, como um ser construtor do mundo. Essa tentativa de destruição é feita
sempre em nome da ideologia adotada, e de sua lógica inerente; requer que os homens estejam
não apenas isolados entre si, mas em completa solidão.” (p. 90)
Eliminação do espaço da vida privada
Isolamento – perda do mundo comum; solidão – não pertencimento ao mundo; perda do eu 
superfluidade. Não ter raízes. Abandonado por todos e por si mesmo
Em origens do totalitarismo (p. 529): “O homem solitário é, portanto, aquele que, despojado da
companhia dos outros homens, do mundo compartilhado, é privado ao mesmo tempo da
confirmação de sua própria identidade, e daquilo que é percebido como realidade.” (p. 92)
“Para exercer eficazmente a dominação, o sistema totalitário precisa produzir o fenômeno da
solidão, o sentimento de não pertencimento ao mundo, no qual a ideologia toma o lugar de
valores cristalizados, e o frio e árido raciocínio lógico substitui o pensamento. O surgimento de
grandes contingentes humanos – as massas – a partir da Revolução Industrial, na Europa, teria
fornecido o material humano à fabricação de cadáveres vivos: ‘a solidão, o fundamento para o
terror, a essência do governo totalitário, e, para a ideologia ou a lógica, a preparação de seus
carrascos e vítimas, tem íntima ligação com o desarraigamento e a superfluidade que
atormentavam as massas modernas desde o começo da Revolução Industrial e se tornaram
cruciais com o surgimento do imperialismo no fim do século passado e o colapso das instituições
políticas e tradições sociais do nosso tempo’”. (p. 93) (Or. Totalitarismo p. 528)
Atomização do indivíduo
Segundo Ortega y Gasset, advento das massas se conjugou a partir de três princípios –
democracia liberal, experimentação científica e industrialismo, homem-massa, vida isenta de
impedimentos
“O homem-massa é aquele que dispõe de independência e segurança econômica, e vive em um
mundo, agora tido como sem limites, dotado de facilidades, conforto e segurança.” (p. 99)
autossuficiente, mesmo que não seja brilhante
Ascensão ao poder pelas massas  sindicalismo e fascismo, impor opiniões
Bolchevismo e fascismo, para Ortega, é o retorno à barbárie, o império político das massas
“Portanto, diminuída as possibilidades de discussão e de diálogo, o predomínio do isolamento, do
encapsulamento do homem, a ausência de normas e a transformação da violência em primeiro
recurso, tem-se o silêncio, a negação da civilização, o império da violência no mundo atual.” (p.
104)
Arendt: Os efeitos produzidos sobre o homem após a Primeira Guerra Mundial: ausência de um
lugar físico no mundo, desenraizamento social, ausência de direitos políticos
Desintegração econômico, politica e social  alienação do mundo (Arendt) o que distingue a era
moderna. “Refere-se ao indivíduo moderno que, isolado politicamente, deixa de ter um lugar
tangível no mundo comum, e refugia-se na privacidade e na intimidade. Termo retirado da teoria
política, a alienação do mundo é o equivalente ao egoísmo na filosofia da existência, e ao
individualismo burguês; significa a perda de interesses comuns e mundo compartilhado.” (p. 105)
1º - expropriação da proteção da família e da propriedade (perda de um lugar no mundo), miséria,
pobreza, trabalhadores despojados
2º - sociedade passa a exercer funções que antes eram da família (expansão da esfera social)
3º - declínio do Estado-nação e estreitamento do mundo público comum
Momento de imigração em massa, entre as duas guerras. Desintegração geral da vida política.
Todos contra todos. Sentimento de ódio. Apátridas e minorias sem Direitos do Homem, seres
desprotegidos pelo Estado
Nem repatriação, nem a naturalização foram soluções eficazes  intervenção violenta da polícia.
O Estado-nação, incapaz de prover uma lei para aqueles que haviam perdido a proteção de um
governo nacional, transfere o problema para a polícia (117-118). Execução do terror totalitário
“Foi assim que, ao se perderem os valores sociais, espirituais e religiosos, que até então
sustentavam os direitos sociais e humanos, em virtude da secularização e da emancipação da
sociedade, os direitos humanos passam a ser conclamados como proteção de um indivíduo
contra o Estado e a própria sociedade.” (p. 118)
“Transformadas e identificadas como apátridas e homens sem Estado, essas pessoas eram
consideradas expulsas da humanidade, seres que sofreram morte civil, proscrição, seres que não
tinham a quem recorrer. Não tinham mais um lugar no mundo e por isso sofriam duplamente: a
perda do próprio lar e a impossibilidade de encontrar um novo lar.” (p. 119)
Perda do lar, impossibilidade de um novo lar; destruição da cidadania – proteção de um governo,
em qualquer país. Duplamente despojadas, Arendt os chama de inocentes
Situação angustiante pelo fato de não haverem leis para eles, não haver interesse neles
nem que seja para oprimi-los (H.A)
Total perda de direitos  morte física. Para Arendt, os direitos do cidadão são: a fala autorizada,
a ação efetiva e a convivência em comunidade
- privação de um lugar no mundo que torne a opinião significativa e a ação eficaz. Eles não
escolhem, se o cometer um crime for melhor...
“Para Arendt, não adiantar o ser humano dispor de um direito de liberdade e de pensamento, mas
ser proibido de agir e opinar. Essa circunstância, vivida pelos inocentes, a levou a afirmar a
necessidade de se ter um direito a ter direitos e de se ter um lugar no mundo.” (p. 123)
“Só a perda da própria comunidade é que o expulsa de sua humanidade.” (p. 123) H.A.
“Assim, o que existe para Arendt são os direitos nacionais de cidadania; é preciso que o homem
se torne primeiramente cidadão de algum Estado, para só então adquirir a posição de ser
humano específico.” (p. 124)
“Segundo Arendt, não somos naturalmente iguais. Somos diferentes. E é na esfera privada da
vida humana que esta distinção se revela de modo mais efetivo. Contrapõe-se e não raro ameaça
a esfera pública, lugar privilegiado onde os homens não nascem, mas tornam-se iguais. Com
efeito, a igualdade, fruto da organização humana, é orientada pelo princípio de justiça: ‘nossa vida
política baseia-se na suposição de que podemos produzir igualdade através da organização,
porque o homem pode agir sobre o mundo comum e muda-lo e construí-lo juntamente com os
seus iguais, e somente com os seus iguais’. Com o encolhimento desse espaço da igualdade no
mundo moderno, os homens são reduzidos àquilo que eles são naturalmente, são despojados
exatamente daquelas qualidades que os tornam seres verdadeiramente humanos.” (p. 125)
Pertencem à raça humana
“A última forma de expropriação pela qual sofreram as massas modernas foi a de deixar de
pertencer a uma comunidade. A ausência de um lugar no mundo, a expulsão do indivíduo da
própria humanidade revela-se, assim, como a mais degradante e radical forma de violência que
se possa efetivamente suportar.” (p. 126)
Refúgio na esperada privada e intima  retirada do mundo, alienação do mundo, perda do
mundo comum  perda do humano, evasão em relação à realidade, impotência  perda de
poder
Essa retirada da sociedade dos judeus alemães  ambiguidade  as pessoas comportavam
como se não mais pertencessem ao país, se sentiam emigrantes, por outro lado, indicava que
não haviam emigrado, mas se retirado para um âmbito interior, na invisibilidade do pensar e do
sentir. (p. 130)
Para se evitar essa retirada do mundo, valorizar o espaço público. Amizade em sua dimensão
política
“Para os gregos, a essência da amizade está no discurso. O discurso une os cidadãos por se
referir a um mundo comum, e oferece as bases para a constituição de uma comunidade feliz.” (p.
130)
“Pois o mundo não é humano simplesmente por ser feito por seres humanos, e nem se torna
humano simplesmente porque a voz humana nele ressoa, mas apenas quando se tornou objeto
de discurso.” (homens em tempos sombrios, p. 31; gombi p. 131)
Para Arendt, onde há palavra não existe violência, a violência impera onde tudo é silencio e todos
silenciados. O discurso entre os homens  amizade  poder e mundo comum
Polis – espaço entre os homens, construção do mundo comum, o espaço onde os homens são
vistos e ouvidos.
Privar-se do espaço público é retirar-se da realidade. A realidade do mundo exige testemunho,
dado pela presença dos outros homens. (p. 133)
O poder mantém a existência da esfera pública, o epaço potencial da aparência entre homens
que agem e falam.
O poder existe enquanto os homens agem juntos e desparece quando eles se dispersam. Então,
para Arendt, o fato indispensável para a geração do poder é a convivência humana. O poder
humano corresponde à condição humana da pluralidade. (p. 134)
Atomização do indivíduo --: renúncia ao poder  perda de um lugar no mundo  instauração da
violência

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