António Tomás
António Tomás
Docente:
PhD. Bianca Gerente
INTRODUÇÃO
1. Problematização
Os saberes locais não são vistos com muita profundeza quanto aos seus ensinamentos.
A comunidade tradicional do Distrito de Balama, está sendo levada a crer que aquilo que os
seus antepassados fizeram e transmitiram durante séculos sobre a preservação dos recursos
naturais, os sistemas produtivos não se enquadra com as exigências dos novos sistemas de
produção.
5
2. Justificativa
O estudo considera – se crucial na medida em que ajuda a fazer uma avaliação sobre a
valorização dos saberes locais, numa perspectiva de educação ambiental, de modo a
proporcionar às gerações presentes e futuras um ambiente sustentável. É importante porque
enquadra – se dentro das abordagens que dominam actualidade sobre ambiente e
desenvolvimento sustentável e através desta, pretende contribuir com reflexões críticas sobre
os debates em volta da educação ambiental.
De ressaltar que esta, não é uma posição romântica que anseia uma volta ao passado,
mas sim, um entendimento reflexivo e crítico que se baseia no resgate dos saberes locais em
abandono, que podem ser potenciados para a inserção nos novos padrões, através da
consciencialização das comunidades tradicionais e incentivo das mesmas, buscando formas
alternativas de produção, das quais os danos ambientais sejam minimizados.
Não se pretende aqui ignorar os avanços técnicos – científicos e os benefícios trazidos
por estes e valorizar e resgatar apenas os saberes locais, mas sim, concilia – los, visto que, a
promoção da educação ambiental só pode ser possível quando se alicerça de forma
significativa as estratégias aplicadas por estes dois tipos de conhecimentos. Sendo assim, viu-
se que o tema é de muito interesse e constitui a causa da sua investigação.
6
3. Objectivos
Para a materialização desta pesquisa, foi definido o seguinte objectivo geral:
Objectivo geral
Analisar a valorização dos saberes locais, através do conhecimento dos hábitos e costumes
da população, de modo que se garanta uma educação ambiental sustentável no Distrito de
Balama. Para a efectivação do geral foram desenhados os objectivos específicos:
Descrever as características sócio – culturais da população do Distrito de Balama;
Referir a importância da valorização dos saberes locais, subsidiando a comunidade
académica conhecimentos cruciais sobre o impacto dos mesmos, na educação
ambiental;
Construir uma referência, através da realização de estudos sobre os modelos que
influenciam na valorização dos saberes dos ancestrais, relacionando com os actuais na
educação ambiental.
7
4. REVISÃO DA LITERATURA
Neste item far-se-á a abordagem literária, com auxílio dos documentos, dos
artigos científicos e outras obras literárias publicadas que se expressam a respeito do tema em
alusão, como forma de dotar na pesquisa um carácter científico e posteriormente, dar uma
dedução ou indução. Pois servirá de base de conhecimento que os problemas locais não
obedecem o limite estanque, mas sim, também são vividos e sentidos globalmente.
Sendo assim, os saberes locais não só eles estão ao serviço da população do Distrito de
Balama, como também são importantes noutros pontos do mundo ao efectar em todas as
esferas do planeta e visam promover a igualdade, equilíbrio no acesso dos recursos
necessários para a satisfação das necessidades básicas sociais.
b) Educação ambiental
1
Makeya é um termo da língua emakuwa, segundo Giuseppe (2008:p.1712) é uma resposta religiosa e linear a
uma cosmovisão omnicompreensiva alérgica a esquemas e polaridades dicotómicas como profano e sagrado,
visível e invisível, categorical e transcendental, natural e sobrenatural.
8
Para Philippi & Pelícion (2005) afirmam que “é uma ferramenta, que visa preparar as
camadas sociais a terem um espírito crítico sobre o ambiente. É imperioso permanente estar
em todos os níveis formais, informais e não formais do meio ecológico, concedendo o direito
à todos os povos” (p.742). Segundo Dias (1999) define educação ambiental como “a chave
principal para a tomada de consciência que torna visível os problemas ambientais já existentes
e forma cidadãos responsáveis para alterar os índices destrutivos nos quais a sociedade exerce
sobre o meio ambiente” (p.132).
Para efeito é imprescindivel que nos juntemos na luta conta os males que enferma o
meio ambiente de que todos os seres vivos dependem para a sua sobrevivencia. Antes porém,
paremos e voltemos no tempo, no sentido de revisitarmos a nossa cultura e resgatemos
aqueles valores sobre os quais se pode construir uma educação ambiental inclusiva.
c) Desenvolvimento sustentável
De acordo com Relatório de Brundtland ou o Nosso Futuro Comum (1987). “é o
desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de satisfazer as suas” (Câmara, 2003: p.43). Para MICOA (2008), define
como “continuidade dos investimentos económicos, das pesquisas tecnológicas e da
exploração de matéria-prima, de tal forma que se leve em consideração não só o presente, mas
também as gerações futuras”.
As definições do Câmara e do MICOA não são um estado fixo de harmonia, mas um
processo de mudança no qual a exploração de recursos naturais, devem não só abranger às
gerações presentes, mas também as futuras, o que exige uma mudança de consciência
ambiental a nível local, regional e global, garantindo a equidade entre os povos.
Os saberes locais podem ser estratégias alternativas no desenvolvimento sustentável na
organização de um espaço ambientalmente saudável garantindo assim, o desenvolvimento das
actividades económicas.
4.3 Sabres locais como ferramenta para uma educação ambiental sustentável
Como se pode perceber as ideias de Cipire (1992) ao afirmar que
A sociedade tradicional em Moçambique, ao longo de séculos da sua
permanência no seu habitat praticou diversas actividades económicas inerentes
10
A ideia de McLuhan não pretende vislumbrar o contributo e o valor dos saberes locais
na educação ambiental ou na gestão de recursos naturais. Não se pretende aqui criticar as
novas técnicas e as de outros tempos, mas sim, fala da necessidade de seleccionar aqueles que
respondem as exigências do Homem actual e que promovam o respeito sobre a natureza.
Papa emérito Bento XVI, na sua encíclica Caritas in Veritate apud Cabral (2010:16),
afirma que “as situações de crise que estamos a atravessar de carácter económico, alimentar,
ambiental ou social, no fundo são também crises morais e estão interligadas”. Bento XVI,
apela-nos a uma profunda renovação cultural. Convida-nos à redescoberta daqueles valores
12
culturais que constituem o alicerce firme sobre o qual se pode construir um ambiente saudável
para todos.
Câmara, et all. (2003), afirmam que
A experiência oferece uma alternativa aos modelos malthusianas. Demonstra
claramente que, mesmo em áreas vulneráveis, há degradação da Terra. Uma
população em número elevado pode ser sustentada através de uma combinação
de mudanças endógenas e exógenas, apoiadas por um adequado
enquadramento de políticas e de muitas iniciativas locais por vezes
recuperando as técnicas ancestrais (p. 93)
Para Giusseppe (2008), defende que
A continuidade cultural e histórica, de que depende a identidade dos povos e o
seu futuro tem por base uma paisagem e a sua constante valorização. A morte
da paisagem, conduz a perda de identidade e o futuro de um povo como
colectividade diferente e independente. A paisagem rural é o lugar privilegiado,
de recreio, onde continuará o diálogo do Homem com a Natureza,
indispensável para o equilíbrio psicossomático da pessoa humana (p. 1617).
Analisando as ideias do Câmara e o Giusseppe pretendem trazer atona o valor da
paisagem natural na vida da comunidade tradicional. Nela, a população vê como um local
onde passa os seus momentos de lazer, entra encontacto com os seus antepassados,
importantes na intercecção com Deus, buscam plantas e caça animais para sua alimentação,
buscam plantas medicinais e é o local de oração. É ali onde a comunidade se reencontra
consigo mesmos e com a natureza. A paisagem natural constitui o centro de religiosidade dos
povos. Para Capra (1993) afirma que
Para haver um equilíbrio da consciência ecológica é necessário aliar os
conhecimentos tecnológicos2 e científicos com os conhecimentos intuitivos dos
povos, pois estes, por não terem dirigido a ciência e a tecnologia e por
conceberem a relação humano-natureza de forma holística e interdependente,
podem ser um vector de condução à uma nova forma de relação com o meio
ambiente, (p. 76).
Reflectindo nas ideias do Capra pode-se apreender que os saberes locais têm muito a
contribuir na educação ambiental, atraves da percepção da relação Homem e a natureza.
Sendo asim, deve-se olhar com atenção a estes conhecimentos seculares.
2
. Conjunto das técnicas e procedimentos que permitem fabricar um tipo de produto, baseando-se na aplicação
da ciência com tarefas práticas. O termo designa também reflexão sobre as técnicas, (Galbraith, 2000:303).
13
3
Teoria dos valores morais e espirituais.
16
4
É uma expressão macua, que significa porco espinho do Português, (Giuseppe, 2008, p.1708).
18
5
Heorófana – Misterioso, intercessor entre o aquém do além, milagroso, centro das manifestações culturais,
poder mítico, mágico e o centro da religiosidade da comunidade tradicional (do macua), (Giuseppe, 2008,
p.1711)
6
Teófana – Aparecimento ou revelação da divindade, (Dicionário de Língua Portuguesa, 2004, p. 265).
19
5. METODOLOGIAS DE PESQUISA
Neste item, são descritas as metodologias e as respectivas técnicas a serem
usadas para a efectivação deste projecto de pesquisa.
cobertura mais ampla do que se pretende pesquisar directamente. Apesar dos riscos que pode
vir ocasionar ao apresentar dados de baixa qualidade.
O estudo de campo “procura muito mais o aprofundamento das questões propostas do
que a distribuição das características da população. Desse modo, seu planeamento torna-se
mais complexo e, ao mesmo tempo, sua aplicação é mais flexível do que os surveys” (Ruiz,
2006). Para Gil (1999) afirma que no estudo de campo “estuda-se um único grupo ou
comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interacção de seus
componentes. Utiliza-se com maiores frequências técnicas de observação”. Nesta pesrpectiva,
o estudo de campo será relevante porque pretende-se analisar e compreender o valor dos
saberes locais na educação ambiental ao nível do Distrito de Balama, o que exigirá de certo
modo o deslocamento do pesquisador ao terreno com auxílio do método qualitativo.
c) Quanto a abordagem a pesquisa será qualitativa. De acordo com Vieira (1996), apesquisa
qualitativa“é aquela que se fundamenta principalmente em análises qualitativas,
caracterizando – se, em princípio, pela não utilização de instrumental estatístico na análise dos
dados. Esse tipo de análise tem por base conhecimentos teórico – empíricos que permitem
atribuir – lhe cientificidade”. Para Richardson, (1999) afirma que “a abordagem qualitativa de
um problema, além de ser uma opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma
forma adequada para entender a natureza de um fenómeno social” (p.79).
Com base nas ideias dos autores acima, pode – se apreender que a pesquisa qualitativa
recorre técnicas de colecta, codificação e análise de dados, que têm como fim gerar resultados
a partir dos significados dos fenómenos estudados, sem a manifestação de preocupações com
frequência com que os fenómenos se repetem no contexto do estudo. Neste contexto, os
actores sociais a serem envolvidos nesta pesquisa serão levados a reflectir sobre suas acções e
as consequências dessas acções para a realidade na qual estão inseridos. Portanto, ela
qualificará os dados, avaliará a qualidade das informações e vai permitir a percepção dos
actores sociais.
6. Cronogramade actividades
Actividades Meses do Ano de 2020 – 2021
A M J J A S O N D J
Escolha do tema X
Levantamento bibliográfico X
Elaboração do projecto X
Entrega do projecto X
Levantamento de literatura X
Elaboração de instrumentos de X
levantamento de dados
Colecta de dados no campo X
Análise e interpretação de dados X X
Digitação do trabalho X
Entrega da dissertação X
Defesa do trabalho do final do X
curso
Fonte: Autor, Junho de 2020
Referências bibliográficas
25