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Colite Histiocítica em Cão Bulldog Francês:

relato de caso

Monografia apresentada para conclusão do Curso


de
Especialização em Clínica Médica de Pequenos
Animais (pós-graduação lato sensu) da
em parceria com a Faculdade

Aluna:
Orientador
Introdução

 Colite granulomatosa, colite semelhante à doença de Whipple, colite ulcerativa, colite


do Boxer, colite do Bulldog Francês
 Pouco descrita em literatura
 Doença inflamatória instestinal
 Colite, muco, hematoquezia e perda de peso
 Filhotes
 Boxers e Bulldogs Franceses
 Incurável - eutanásia
Revisão de Literatura

 Manifestações: crises colite


 Histórico: 5 meses a 18 meses
Sem predileção sexual
 Componente genético?
 Descartar demais causas colites
 Diagnóstico definitivo: Histopatológico
de mucosa com coloração PAS +
 Ausência de resposta aos tratamentos
Revisão de Literatura

 Agente infeccioso? Coloração por Brown & Brenn, x1800. Fonte: Van Kruiningen,
1965.
 Estruturas intracelulares
 Similaridade com Doença de Whipple e
Paratuberculose bovina
 Clorafenicol

Fonte: Van Kruiningen, 1965.


Revisão de Literatura

 Sinonímias
 Tentativas tratamento
 Gatos
 Mastiff, Alaskan Malamute, Doberman,
Pinscher e Beagle
Revisão de Literatura

 Agente infeccioso?
 Possibilidade terapêutica!!!
Revisão de Literatura

 E. coli enteroinvasiva
 FISH – Fluorescence in situ
hybridization
 Tratamento: Enrofloxacina
5-10mg/kg/SID por 6 a 8
semanas
 Erradicação E. coli X
remissão clínica
 Histopatológico + 8 meses
Revisão de Literatura

Fonte: Simpson et al, 2006


Mansfield et al, 2009.
Revisão de Literatura

 Resistência bacteriana X tratamento < 8 semanas


 Demais antibióticos
 Prognóstico reservado
Revisão de literatura

 Doença autossômica recessiva?


 Gene que codifica NCF2, subunidade da NADH oxidase (NOX)
 Gene que codifica SLAM (signaling lymphocyte-activation molecule)
~ Cromossomo 38
Relato de caso

 Bulldog Francês, fêmea, 6 meses


 Diarreia com muco e hematoquezia há 2 meses
 Tratamentos anteriores ineficazes

Fonte: Ana Rita Pereira


Relato de caso
Relato de caso

 Exame físico: escore corporal 3/9

 Diagnóstico: US anteriores
Hemograma e perfis bioquímicos
Coproparasitológico + SNAP Giardia
Colonoscopia

 Diagnóstico definitivo: Histopatológico


FISH
íleo, cólon e ceco
PAS positivos
Ileíte linfoplasmocitária, colite histiocítica e tiflite histiocítica moderadas
Antibiograma
Relato de caso

Coloração por Hematoxilina de Harris e Coloração por Ácido Periódico de Schiff.


Eosina. Objetiva de 40x. Fonte: Dr. Fabrizio Objetiva de 40x. Fonte: Dr. Fabrizio Grandi
Grandi
Fonte: Provet
Relato de caso

 Tratamento: Norfloxacina (Norflagen): 22mg/kg BID por 3 meses


Omeprazol (Graviz): 1mg/kg BID por 3 meses
Mesalazina: 12mg/kg TID por 3 meses
Após 2 meses de tratamento

6,7 kg

Antes do tratamento

4,5 kg
Discussão

 Pouco descrito
 As manifestações clínicas de colite, como hematoquezia, fezes com muco e disquezia,
apresentadas pelo animal aqui relatado são as mesmas descritas, na literatura, em
Bulldogs (VAN GAAG et al., 1978; TANAKA et al., 2002; MANCHESTER et al., 2013).
 Faixa etária abaixo da média. variam de 8 meses (MANSFIELD et al., 2013) até 1 ano e
meio (SIMPSON et al., 2006).
 Assim como afirma Hall e colaboradores (1994), a faixa etária acometida, representada
por Boxers e Bulldogs Franceses jovens com menos de 18 meses, e a ausência de resposta
efetiva a medicamentos são sugestivos de colite histiocítica e reforçam sua suspeita.
Discussão

 À colonoscopia, os achados macroscópicos de focos ulcerados e avermelhados na


região de cólon são compatíveis com os relatos Van Kruiningen et al. (1965), Hall et al.
(1994), Tanaka et al. (2002), Hostutler et al. (2004), Mansfield et al. (2009) e Manchester et
al. (2013).
 Os achados histológicos de infiltração de células inflamatórias, ulceração e presença de
macrófagos PAS positivos na lâmina própria do cólon são os mesmos descritos por Van
Kruiningen et al. (1965), Hall et al. (1994), Tanaka et al. (2002), Hostutler et al. (2004),
Mansfield et al. (2009) e Manchester et al. (2013).
 Ileíte linfoplasmocitária
Discussão

 O diagnóstico definitivo foi possível pela demonstração, ao exame


histopatológico, de macrófagos PAS positivos, conforme sugerido por Van
Kruiningen e colaboradores (1965) e Hall e colaboradores (1994).
 FISH antes e pós (MANSFIELD et al., 2009).
 O cultivo microbiológico de fragmentos de cólon revelou o crescimento de
Escherichia coli, porém, como sua estirpe não foi especificada, a definição da
condição de patógeno ou microbiota intestinal não pode ser estabelecida.
Contudo, segundo Craven e colaboradores (2011), quando se cultiva
fragmentos do cólon, a Escherichia coli enteroinvasiva tende a predominar no
meio de cultura e desfavorecer o crescimento das demais.
Discussão

 No vigente relato, o antibiograma indicou resistência bacteriana frente aos nove


dos dezesseis antibióticos avaliados, dentre esses, a enrofloxacina. Assim,
embora a enrofloxacina seja preconizada pela maioria dos autores no
tratamento de colite histiocítica (HOSTUTLER et al., 2004; MANSFIELD et al., 2009;
CRAVEN et al., 2010; MANCHESTER et al., 2013), a norfloxacina foi utilizada como
alternativa terapêutica.
 Não existem relatos anteriores que comprovem a real eficácia de outras
fluoroquinolonas na terapêutica da colite histiocítica, porém, a partir de análises
in vitro, pode-se inferir que a resposta dessas ao tratamento seja adequada
(CRAVEN et al., 2011). No presente estudo, essa hipótese foi comprovada após
remissão das manifestações clínicas, mesmo após o término do tratamento.
Discussão

 Segundo Craven e colaboradores (2010), cepas resistentes de E. coli são invariavelmente


resistentes a todas fluoroquinolonas testadas (ciprofloxacina, marbofloxacina,
enrofloxacina, danofloxacina). No entanto, isso não foi observado no relato vigente.
 O autor ainda deduz que a resistência esteja relacionada com o uso crescente de
enrofloxacina, principalmente naqueles casos em que o animal já foi tratado
previamente com essa fluoroquinolona. Contrastando com essa observação, o filhote
aqui descrito nunca fez uso de enrofloxacina.
 Doses
 Mesalazina e omeprazol
 Por fim, apesar de pacientes com colite histiocítica terem prognóstico reservado
(CRAVEN et al., 2011), no presente estudo, o resultado obtido com o tratamento à base
de norfloxacina e mesalazina foi satisfatório.
Considerações finais

 A colite histiocítica é uma classificação de doença inflamatória


intestinal pouco descrita em medicina veterinária, sendo
considerada doença rara em cães. No Brasil, inclusive, existem
escassos relatos sobre essa enfermidade, apesar da crescente
população de cães da raça Bulldog Francês. Nesse sentido, o
presente relato se faz necessário por ampliar as possibilidades
de diagnósticos diferenciais em relação às colites,
principalmente aquelas que não respondem bem ao
tratamento proposto.
Dúvidas?

Obrigada!

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