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As notas de aula que se seguem são uma compilação dos textos relacionados na bibliografia
e não têm a intenção de substituir o livro-texto, nem qualquer outra bibliografia.

Métodos Numéricos Para Solução de Equações Não -Lineares


Problema: Seja uma função não-linear f (x), queremos determinar valores de x∗ , tais que:
f (x∗ ) = 0.
Graficamente, o que estamos procurando são os pontos onde a curva y = f (x) intersepta o
eixo dos x0 s. Quando o esboço da curva y = f (x) é complicado, uma alternativa é tentar escrever
f (x) na forma f (x) = g(x) − h(x), onde g(x) e h(x) são funções cujos gráficos são mais simples
de serem esboçados. Sendo assim, o problema se torna o de encontrar os pontos de interseção
entre as curvas y = g(x) e y = h(x).
Mas um esboço gráfico normalmente apenas nos mostra em quais intervalos podemos encon-
trar as nossas raı́zes. Após a localização de uma raiz em um determinado intervalo, podemos
tomar uma primeira aproximação para ela e, através de métodos numéricos, encontraremos uma
aproximação dentro da precisão desejada.
Os métodos numéricos a serem apresentados são chamados de métodos iterativos:
a) estabelecemos uma expressão - a função de iteração ,
b) que, aplicada repetidas vezes a partir de uma aproximação inicial
c) produz uma sequência de aproximações que deve convergir para a solução do problema,
d) até que seja atingido um dos critérios de parada.

Teorema.Se y = f (x) é uma função contı́nua no intervalo [a, b] e se f (a)f (b) < 0, então
existe pelo menos um ponto x∗ ∈ [a, b] tal que f (x∗ ) = 0. Além disso, se f 0 (x) não muda de
sinal em [a, b] então x∗ é a única raiz de f (x) neste intervalo.

Exemplos:

1. Consideremos a equação x3 − 2x − 5 = 0, verificamos o seguinte:

f (x) é contı́nua em seu domı́nio: D(f ) = R;


x → +∞ −→ f (x) → +∞;
x → −∞ −→ f (x) → −∞;
⇒ ∃ x∗ tal quef (x∗ ) = 0.
q q
Os valores x1 = − 23 e x2 = 23 são os pontos crı́ticos da função, como f (x1 ) e f (x2 ) são
negativos temos que x∗ > x2 , e além disso, que x∗ é única. Calculando valores para f (x):

f (1) = −6 < 0, f (2) = −1 < 0, f (3) = 16 > 0 −→ x∗ ∈ [2, 3].



2. Seja f (x) = x − 5 exp(−x). Graficamente vemos que f (x) tem uma única raiz em seu
domı́nio (0, +∞]. Obtemos o mesmo resultado pelo seguinte raciocı́nio:
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• faça f (x) = g(x) − h(x), onde g(x) = x e h(x) = 5 exp(−x),
• g(x) e h(x) são funções contı́nuas,
• g(0) = 0 < 5 = h(0), mas x → +∞ −→ g(x) → +∞ e x → +∞ −→ h(x) → 0,

logo as funções se interseptam em um único ponto x∗ > 0.


Como f (1) < 0 e f (2) > 0 temos que a raiz procurada está no intervalo [1, 2].

Critérios de parada. Os critérios de parada mais utilizados são: a estimativa do erro


(absoluto ou relativo) que se comete ao se tomar a aproximação ao invés do valor exato ou o
número de casa decimais corretas ou a distância entre duas iterações sucessivas; e o número
máximo de iterações permitidas.
Exercı́cios:

1. Localize graficamente as raı́zes das equações a seguir:


x
a) 4 cos(x) − e2x = 0; b) 2 − tan(x) = 0; c) 1 − x ln(x) = 0;
d) 2x − 3x = 0; e) x + x − 1000 = 0.

2. Dadas as funções :
a)f (x) = x3 + 3x − 1 e b)f (x) = x2 − sin x
pesquisar a existência de zeros reais e isolá-los em intervalos disjuntos.

0.1 Método da Bisseção .


Desenho 1

Seja a equação f (x) = 0, procuramos encontrar x∗ tal que |x∗ −ρ| ≤ ² onde f (rho) = 0. Após
a determinação do intervalo inicial [a, b], ou seja, encontramos um intervalo tal que f (a)f (b) < 0,
supondo que exista uma única raiz ρ dentro desse intervalo e que a precisão nao tenha sido
atingida, |b − a| ≤ ², fazemos a1 = a, b1 = b e x1 = a1 +b 2 . Temos então três possibilidades:
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ρ ∈ [a1 , x1 ], ou ρ = x1 , ou ρ ∈ [x1 , b1 ].
O próximo passo é determinar se a precisão foi atingida, para isso verificamos o comprimento
de um dos novos intervalos |b1 −a 2
1|
, caso a precisão tenha sido atingida paramos o processo e
chamamos x1 de solução aproximada (|x1 − ρ| ≤ ²).
Caso contrário,precisamos saber em que sub-intervalo se encontra a raiz ρ para recomeçarmos
o método. Para isso calculamos f (x1 ). Caso f (x1 ) 6= 0, testamos: se f (a1 )f (x1 ) < 0 então
ρ ∈ [a1 , x1 ], caso contrário (f (x1 )f (b1 ) < 0) teremos ² ∈ [x1 , b1 ].
Suponhamos que ρ ∈ [a1 , x1 ], fazemos agora a2 = a1 , b2 = x1 e x2 = a2 +b 2
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e repetimos os
passos acima descritos até que a precisão seja atendida (ou que o nḿero máximo de iterações
permitidas seja alcançado).
Observações :

1. Este é um método lento.


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2. Qualquer que seja a precisão ² > 0 existe k ∈ N tal que 2−k ≤ ², ou seja, em algum passo
a precisão exigida é atingida.

3. O método converge! Demonstração :(Feita em sala de aula.)


Estimativa para o número de iterações :
Dada a precisão ² > 0 e o intervalo [a, b], o número de passos, k, a serem dados para se
atingir |ak − bk | < ² é dado por:
log(b − a) − log ²
k> .
log 2
Exercı́cios:
1. Aplique o método da Bisseção para calcular a raiz positiva de x2 − 7 = 0 com ² = 0, 01,
partindo do intervalo [2, 00; 3, 00] e no máximo 10 passos.

2. Aplique o método da Bisseção para encontrar uma raiz de:


a) ex − x − 3x2 = 0; b) x3 + cos x = 0
obtendo o intervlo inicial [a, b] graficamente. A precis ão é ² = 10−2 e no máximo 10
passos.

0.2 Método de Newton


O método de Newton combina duas idéias básicas comuns nas aproximações numéricas:
linearização e iteração .
- Na linearização procuramos substituir um problema complicado (em uma determinada
vizinhança) por sua aproximação linear, o que, quase sempre, torna o problema mais simples de
se resolver.
- Nos métodos iterativos, repetimos sistematicamente um procedimento até que seja atingido
um dos critérios de parada pré-estabelecidos.

Idéia: Seja f (x) uma função contı́nua em um intervalo [a, b]. Suponhamos que f 0 (x0 ) 6= 0,
onde x0 /in[a, b] está ’próximo’ de um zero da função , podemos então :
a) substituir a curva y = f (x) por sua reta tangente no ponto de aproximação , x0 ;
b) achar a interseção da reta tangente com o eixo dos x’s, x1 , que será a nossa próxima
aproximação para o zero do problema;
c) verificar, então, se um dos critérios de parada pré-estabelecidos foi atingido, se não, repetir
o processo até que isso aconteça.

Desenho 2

A função de iteração do método de Newton é da forma:


f (xn )
xn+1 = xn − .
f 0 (xn )
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Exercı́cios:

1. A fórmula xn+1 = 2xn − Ax2n é candidata para se determinar o inverso de um número


A. Mostre que se a fórmula converge, então converge para A1 e determine os limites da
estimativa inicial x0 para que isso aconteça. Teste suas conclusões para: A = 9 e x0 = 0, 1;
e A = 9 e x0 = 1, 0.

2. Mostre que x3 − 2x − 17 = 0 tem apenas uma raiz real e determine seu valor correto até
5 casas decimais usando o método de Newton, com no máximo 10 iterações.

3. Mostre que a fórmula para determinar a raiz cúbica de Q,

Q
xn+1 = 31 (2xn + x2n
), n = 0, 1, . . .

é um caso especial do método de Newton.

4. Aplique o método do exercı́cio anterior para calcular a raiz cúbica de 2 com precisão de
10−2 usando o erro relativo e calculando o valor inicial através de gráfico.

0.3 Método das secantes.


Seja uma função contı́nua f (x) em um intervalo [a, b]. Usando uma idéia parecida com a do
método anterior, podemos achar a nova aproximação para o zero função usando retas secantes
como aproximações lineares locais de f (x) ao invés das retas tangentes. Precisamos então de
duas aproximações iniciais x0 , x1 ∈ [a, b] para iniciar o método. A secante passará pelos pontos
(x0 , f (x0 )) e (x1 , f (x1 )) e sua interseção com o eixo dos x’s será a nossa nova aproximação , x2 .

Desenho 3

A função de iteração do método das secantes é dada por:


xn f (xn−1 ) − xn−1 f (xn )
xn+1 = .
f (xn−1 ) − f (xn )
Exercı́cios: A equação x3 − 2x − 1 = 0 possui apenas uma raiz positiva.

1. Em qual dos intervalos seguintes deve estar a raiz:[0, 1], [1, 2], [2, 3]? Por quê?

2. Se quiséssemos pesquisar as raı́zes negativas usando intervalos de amplitude 12 , até o valor


−2, em quais intervalos seriam encontradas tais raı́zes?

3. Obtenha a menor raiz negativa (em módulo) usando o método das secantes. Trabalhar
com arredondamento para 3 casas decimais e no máximo 10 iterações.
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0.4 Método da Posição Falsa.


Seja f (x) uma função contı́nua no intervalo [a, b] e tal que f (a)f (b) < 0. Suponhamos que o
intervalo [a, b] contenha uma única raiz da equação f (x) = 0. No método da bisseção calculamos
uma aproximação para a raiz simplesmente tomando o ponto médio do intervalo, x1 = a+b 2 , mas
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no caso do exemplo f (x) = x − 2x − 5, x ∈ [2, 3], vemos que é provável que a raiz esteja mais
próxima de x = 2, já que |f (2)| = 1, enquanto que f (3) = 16.
Sendo assim, em vez de tomar a média aritmética entre a e b, o método da posição falsa
toma a média ponderada entre esses números com pesos |f (a)| e |f (b)|, respectivamente:
a|f (b)| + b|f (a)| af (b) − bf (a)
x= = ,
|f (b)| + |f (a)| f (b) − f (a)
já que |f (a)| e |f (b)| têm sinais opostos.

Desenho 4

Graficamente, este ponto é a interseção entre o eixo dos x e a reta secante que passa por
(a, f (a)) e (b, f (b)). E as iterações são feitas de forma que o novo intervalo tenha sempre
f (an )f (bn ) < 0, ou seja, repetimos a procura e a avaliação feitas no método da bisseção .

Exercı́cios:

1. Aplique o método da Posição Falsa para calcular a raiz positiva de x2 −7 = 0 com ² < 0, 01,
partindo do intervalo [2, 00; 3, 00].

2. Verifique quantas raı́zes reais tem a equação x − tan x = 0 no intervalo [− π2 , π2 ]. Justifique


sua resposta.

3. Determine a menor raiz real positiva da equação acima, corretamente até a quarta casa
decimal, por meio do:

• Método da Bisseção .
• Método de Newton-Raphson.
• Método da Posição Falsa.
• Método da Secante.

Dê no máximo 25 passos.

4. Exercı́cios do livro-texto a partir da página 100: 2,3,4,6,11,12,16,17,18,19,21.

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