Você está na página 1de 45

ENCIV0117 – Sistemas de Drenagem Urbana

Capítulo 4
Macrodrenagem

Canais – aula 2
Dimensionamento hidráulico
• Canais em materiais erodíveis:
– Comportamento influenciado pela inter-relação
água-solo.
– Questão central: estabilidade do canal.
– Podem ser usados 2 métodos:
• Método da velocidade permissível
• Método das tensões de arraste
– Após o dimensionamento, verificar a estabilidade
dos taludes:
• Inclinação máxima depende do material
Inclinações admissíveis de
taludes em canais

Fonte: Baptista e Lara (2010)


Canais em materiais erodíveis
• Método da velocidade permissível
– Limitar a velocidade máx. para evitar erosão do talude

– Bastante usado por sua simplicidade

– Limitação: não leva em conta a forma da seção.

– A velocidade admissível é tabelada, considerando


canal aproximadamente retilíneo e lâmina d’água
com altura máxima de 1 m.
Velocidades admissíveis em taludes

Fonte: Baptista e Lara (2010)


Canais em materiais erodíveis
• Método da velocidade permissível
– Se a profundidade é superior a 1m, deve-se
majorar a velocidade por um fator k:
1/6
𝑅ℎ
𝑘=
𝑅ℎ1
• Rh é o raio hidráulico do canal a ser projetado
• Rh1 é o raio hidráulico referente a 1m de lâmina d’água

– Se o canal é sinuoso, aplicar um fator de redução


entre 5% e 20%.
Exercício
• Dimensionar um canal retilíneo pelo método
das velocidades admissíveis em solo argiloso
denso (n = 0,023), para transportar uma vazão
de 25 m3/s de água com sedimentos coloidais.
A declividade de implantação do canal deve
ser de 0,15% e a largura máxima de base deve
ser de 15 m.
Canais em materiais erodíveis
• Método das tensões de arraste

– Manter as tensões de cisalhamento junto às


paredes (t) e ao fundo (0) inferiores à tensão de
arraste admissível ou crítica (C)

– Tensão de arraste (): É a tensão de cisalhamento


exercida pela água em escoamento junto ao leito
e às margens do curso d’água.
Cálculo da tensão de arraste ()
• Tensão de arraste: 𝝉 = 𝜸. 𝑹𝒉. 𝑰

– Em seções trapezoidais:

• Tensão de arraste no fundo: 𝝉𝟎 = 𝜸. 𝒚. 𝑰

• Tensão de arraste nos taludes: 𝝉𝒕 = 𝟎, 𝟕𝟔. 𝜸. 𝒚. 𝑰


Tensão de arraste crítica (C)
• Valor de C depende do material do canal e das características
do sedimento transportado pela água:

Fonte: Baptista e Lara (2010)


Tensão de arraste crítica (C)

• O valor de C deve ser corrigido em função da


sinuosidade do canal:

– Quanto mais sinuoso o canal, menor é o valor de C .

• Canais retilíneos: fator de correção = 1,00


• Canais muito sinuosos: fator de correção = 0,60
Tensão de arraste crítica (C)
• Nos taludes, a tensão crítica é apenas uma fração da
tensão crítica no fundo do canal: 𝝉𝒄,𝒕 = 𝑲. 𝝉𝒕

Onde K é um fator de correção que varia com o tipo de solo:


– Solos finos: Pode-se desprezar essa correção (K=1,0)
– Solos granulares: Varia com o ângulo do talude com a
horizontal () e com o ângulo de repouso do material ()

𝑠𝑒𝑛2 𝛼
𝐾= 1−
𝑠𝑒𝑛2 ∅
Tensão de arraste crítica (C)
• O ângulo de repouso do material () depende do
diâmetro médio das partículas e do grau de
“angulosidade”

Fonte: Baptista e Lara (2010)


– Para material arenoso: 26⁰ ≤  ≤ 34⁰
– Para sedimentos em geral: 26⁰ ≤  ≤ 42⁰
• Método das tensões de arraste
1. Definir o valor da tensão crítica de arraste, o ângulo de
repouso e a declividade máxima do talude de acordo
com o material;
2. Aplicar a redução da tensão crítica de arraste em função
da sinuosidade;
3. Determinar K para a declividade do talude e para o
ângulo de repouso;
4. Corrigir a tensão crítica de arraste nos taludes em função
de K;
5. Determinar a profundidade do escoamento y a partir da
equação da tensão de arraste nos taludes;
6. Verificar a tensão crítica de arraste no fundo;
7. Calcular a base b do canal
8. Calcular a vazão por Manning.
Exercício
• Verificar a estabilidade de um canal pelo
método das tensões de arraste, sabendo que
ele será escavado em cascalho fino não
coloidal, com partículas medianamente
angulosas. O canal terá sinuosidade mediana
e declividade de 0,16% e deverá transportar
água com sedimentos coloidais.
Verificações hidráulicas
• Regimes de escoamento:
– Dimensionamento:
Regime subcrítico (Fr < 1) SEMPRE!
– Regime crítico (Fr = 1):
• Pequenas irregularidades no fundo do canal  variação
significativa da profundidade, mudança de regime,
formação de ressalto hidráulico, erosão.
– Regime supercrítico (Fr > 1):
• Altas velocidades de escoamento  erosão, abrasão
• Formação de ondas estacionárias nas curvas e juntas
Verificações hidráulicas
• Velocidades de funcionamento:

– Velocidades máximas:
• Evitar erosão (canais sem revestimento)
• Evitar efeitos abrasivos, deslocamento de material
(canais revestidos)
• Concreto: vMÁX = 4,50 m/s

– Velocidades mínimas:
• Evitar a deposição de material e crescimento de
vegetação nas margens
Verificações hidráulicas
• Borda livre:
– Distância vertical entre o topo do canal e a
superfície da água.
– Faixa de segurança adicional devido às incertezas
do dimensionamento hidráulico, possibilidade de
formação de ondas (irregularidades das paredes,
obstáculos no fundo, etc).
– Pode variar de 5% a 30% da profundidade do canal
• Depende do nível de segurança desejado, localização,
danos decorrentes de um transbordamento.
Definição das seções de um canal
• Depende dos seguintes aspectos:
– Hidráulicos: Vazão de projeto, velocidades de
escoamento, lâminas d’água
– Tecnológicos e operacionais: Topografia local, faixa
disponível, disponibilidade de materiais, mão de
obra, equipamentos, área de bota-fora
– Ambientais: Impactos das obras/serviços
(qualidade das águas, aspectos ecológicos)
– Sociais: Impactos no sistema viário, áreas de lazer,
paisagismo, etc.
Revestimentos de canais
• Diversos materiais:
– Solos
– Gramados
– Concreto
– Gabiões
– Enrocamentos
– Revestimentos plásticos
– Geotêxteis
Revestimentos de canais
• Canais em solos

– Vantagens:

• Baixo custo de implantação


– Escavação e transporte do material escavado

• Melhor inserção ambiental


– Permite crescimento natural da vegetação, desenvolvimento
de fauna e flora aquáticas, aspecto curso d’água natural
Revestimentos de canais
• Canais em solos
– Desvantagens:
• Seções maiores
Baixa velocidade máxima
• Suscetibilidade à erosão e
admissível
assoreamento
• Aumento da rugosidade 
Crescimento desordenado
Prejuízo ao funcionamento
da vegetação
hidráulico

• Manutenção permanente  Aumento do custo operacional


Revestimentos de canais
• Canais gramados

– Apresentam as mesmas vantagens e desvantagens


dos canais em solos
– Velocidades permissíveis variam conforme a
espécie vegetais utilizadas
Fonte: Baptista e Lara (2010)
Revestimentos de canais
• Canais revestidos em concreto
– Concreto moldado in loco: grandes estruturas
– Peças pré-moldadas: estruturas de menor porte
– Concreto projetado
Revestimentos de canais
• Canais revestidos em concreto

– Indicações:
• Faixa para implantação da obra é reduzida

– Vantagens:
• Maiores velocidades admissíveis  Maior capacidade
de vazão  Seções menores
• Pouco exigente em termos de manutenção
Revestimentos de canais
• Canais revestidos em concreto

– Desvantagens:

• Maior custo de implantação

• Impactos hidrológicos: Aumento da velocidade de


escoamento  Antecipação do hidrograma de cheia

• Problemas de inserção ambiental e social


Revestimentos de canais
• Canais em gabiões

– Gabião (do italiano “gabione” = gaiola):


• Estruturas em grades metálicas preenchidas com pedras.

Gabião tipo Caixa


Revestimentos de canais
• Canais em gabiões

– Gabião (do italiano “gabione” = gaiola):


• Estruturas em grades metálicas preenchidas com pedras.

Gabião tipo Colchão ou Manta


Revestimentos de canais
• Canais em gabiões

– Gabião (do italiano “gabione” = gaiola):


• Estruturas em grades metálicas preenchidas com pedras.

Gabião tipo Saco


Revestimentos de canais
• Canais em gabiões

– Inclinação dos taludes

• Gabiões Caixa:
Permitem taludes mais inclinados e mesmo taludes
verticais

• Gabiões Manta: Compatíveis com os taludes do solo


adjacente
Revestimentos de canais
• Canais em gabiões

– Vantagens
• Boa inserção ambiental e social

– Desvantagens:
• Cuidados na manutenção: retenção de sólidos e
crescimento desordenado da vegetação
• Grandes centros urbanos: depredação dos gabiões
(roubo das telas)
Revestimentos de canais
• Canais revestidos com enrocamentos

– Enrocamento:

Revestimento de taludes
com pedras lançadas ou
arrumadas, de dimensões
compatíveis com as
velocidades do escoamento.
Revestimentos de canais
• Canais revestidos com enrocamentos

– Vantagens
• Boa inserção ambiental e social

– Desvantagens:
• Cuidados na manutenção: retenção de sólidos,
crescimento desordenado da vegetação e
desagregação do revestimento

Você também pode gostar