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Alegria e Alivio Nos CAPS Emerson PDF
Alegria e Alivio Nos CAPS Emerson PDF
Idéi a s
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Gost ari a de deixa r claro que este texto é um ens ai o e é devedo r de um trab alho
coletivo com os profissionai s do Cândido Ferr ei r a , Cam pi n a s , dura n t e o ano 2003, com
que m pude vivenci a r muita s situaçõ e s instiga n t e s , não confort áv eis, de como é dur a a
vida dos que apos t a m na muda n ç a . Sou deve do r tamb é m de muit a s de suas idéias, que,
aqui, sist e m a t izo e agr e g o novos elem e n t o s
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Muitos dos term o s que uso, como alívio, cuidar de cuida do r e s , são deve do r e s de
vários outr os com que m venho trab al h a n d o. No deco r r e r do texto cito part e s das
fontes, outra s ficara m tão minha s tam b é m que não as localizo, mas as reconh e ç o como
de muitos auto re s .
1 A Angel a apr e s e n t o u est e trab alh o como sua tese de douto r a m e n t o no Curso de Pós
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heg e m ô n i c a s de se const r u i r prátic a s de saú d e; só pode esta r no
olho do furac ã o.
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Direito do usu á rio ir e vir
Direito do usu á rio des eja r o cuid a d o
Oferta de acolhim e n t o na crise
Atendim e n t o clínico individ u al e coletivo dos usu á rio s, nas suas
complex a s nece s si d a d e s
Constr u ç ã o de vínculos e refe r ê n c i a s, par a eles e seus “cuid a d o r e s
familiar e s ” ou equivale n t e s
Geraç ã o de alívios nos dem a n d a n t e s
Prod uç ã o de lógica s subs tit u tiv a s em red e
Matricia m e n t o com outr a s compl exid a d e s do siste m a de saú d e
Geraç ã o e opor tu n iz a ç ã o de red e s de rea bilita ç ã o psico- social,
inclusiva s;
Nest e sen tid o, estã o no olho do furac ã o e, como tal, os que o estão
fabric a n d o deve m e pode m usufr ui r das dúvida s e das
expe ri m e n t a ç õ e s , e seria muito inte r e s s a n t e que torn a s s e m isso
um ele m e n t o positivo, como marc a d o r con tr a os que possa m
imagin a r que ele já é o luga r das cert e z a s antim a n i co mi ais.
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Esta últim a postu r a , das cert e z a s , carr e g a consig o um gra n d e
perigo. Esta r no olho do furac ã o é atiça r um inimigo pode r o s o: o
conjunt o dos que se constitu ír a m e constitu e m o mun d o, e um
mund o, manico mi al. Dest e modo, ter uma post u r a de que na
constituiç ã o dos CAPS deve m o s seg ui r mod elo s fech a d o s ou
receit a s, é elimin a r a inte r e s s a n t e multiplicid a d e deste, e não
aproveit a r de um fazer coletivo solidá rio e expe ri m e n t a l. Com isso,
abr e- se o flanco par a que aqu el e inimigo pod e r o s o seja o
refe r e n c i al crítico, fazen d o da crític a um luga r da neg a ç ã o e não
um camp o instig a n t e de coop e r a ç ã o , reflexã o, auto- análise e
ressig nifica ç ã o das prátic a s; que, ante s de tudo, se propõ e m
produzir e m novas vidas deseja n t e s , novos sen tido s par a a
inclusivid a d e social, ond e ante s só se realizav a a exclus ã o e a
inter diç ã o dos desejos.
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sujeitos e ator e s sociais, ou seja, se constitui r- se, tamb é m , como
ger a d o r de nova s possibilida d e s anti- heg e m ô n i c a s de
comp r e e n d e r a multiplicid a d e e o sofrim e n t o hu m a n o , dent r o de
um camp o social de inclusivid a d e e cida d a n iz a ç ã o .
Aposta r alto deste jeito é se per mitir usufr ui r de ser luga r do novo
e do acont e c e r em abe r t o e expe ri m e n t a l, é const r u i r um campo
de prote ç ã o par a que m tem que inven t a r coisas não pens a d a s e
não resolvid a s, para que m tem que const r u i r suas caixas de
ferra m e n t a s , muita s vezes em ato, par a que m, send o cuid a d o r,
deve ser cuid a d o.
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Por isso, par a todos aqu el e s que estã o implica d o s com esta s
apost a s, imagin o, que mes mo que ten h a m o s pistas sobr e como
isso foi feito em algu m lugar, como algu m coletivo já exercito u e
realizou isso, deve mo s nos prot e g e r de torn a r esta s expe ri ê n ci a s
em para di g m a s e rec eit a s, em guias de noss a s prática s; e,
sabia m e n t e , consid e r á- las como pista s, como mom e n t o s e luga r e s
par a mira r m o s , como alime n t o s par a dige rir m o s e
ressig nifica r m o s com os nosso s fazer e s , com os nossos coletivos
reais, nos nosso mu n d o s conc r e t o s.
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este tipo de agir, par a ter as cap a cid a d e s que ele exige, nec e s sit a
esta r re- cria n d o em si, de modo const a n t e , mec a n is m o s de re-
produ ç ã o dest e coletivo, que lhe gar a n t a en q u a n t o luga r da vida
de seus prota g o n i s t a s .
2A Cinira apre s e n t o u esta tem á tic a atravé s da sua tes e de douto r a m e n t o no Curs o de
Pós Gradu a ç ã o da Escola de Enfer m a g e m da USP/RIBEIRÃO PRETO
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envolvida s no seu exige n t e cotidia n o, no qual se cruz a m distint a s
e import a n t e s inte n cio n a lid a d e s . Entr e elas, dest a c o: de um lado,
a existê n ci a de um cotidia n o forte m e n t e habita d o por inte n s a s
dem a n d a s de cuid a d o, que usu á r io s, muito múltiplos e, facilme n t e ,
em esta d o s de crise s, têm sobr e a equip e; e, do outro, pela
pre s e n ç a ma rc a n t e de um imagin á rio do trab al h a d o r , de que o seu
agir clínico é suficie n t e m e n t e amplia d o e a sua red e de relaçõ e s
intra e inter s e t o r i al, para além da clínica, é suficie n t e m e n t e
inclusiva, que com os seus fazer e s, o louco não vai ficar nem mais
enlou q u e c i d o e nem excluído.
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nec e s s á r i o, e o de toma r as crises como even t o s positivos e como
oport u ni d a d e s .
Os para d o x o s do co ti d i a n o e o qu e apr e n d e r co m el e s
para pe n s a r a pro d u ç ã o do s anti - ma n i c ô m i o s
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Nest e mom e n t o , um outro emp r é s t i m o é útil. Spinoza me ajud a a
pens a r – de form a bem livre - que a vida em prod u ç ã o , como luga r
de expr e s s ã o do divino que é, se manife s t a de várias form a s. Que a
aleg ria é uma dest a s manife st a ç õ e s das mais inte r e s s a n t e s ,
porq u e um corpo aleg r e está em plen a prod u ç ã o de vida, está em
expa n s ã o . Por isso, tomo este emp r é s t i m o , par a sug e ri r que só
pode esta r implica d a com um agir antim a n ic o mi al uma equip e de
trab al h a d o r e s aleg r e s . Ou seja, só um coletivo que poss a esta r em
plen a prod u ç ã o de vida em si e par a si, pod e oferta r , com o seu
fazer, a prod u ç ã o de novos vivere s não dados, em outro s. Ou, pelo
menos, instig á- los a isso.
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fosse um ser antro p of á gic o. Situ a ç ã o não difícil de ente n d e r em
proc e s s o s de tra b al h o que se alime n t a m do tra b a lh o vivo em ato,
como qualq u e r agir em saú d e .
Ofert a n d o im a g e n s
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ativida d e s , sent e um alívio eno r m e , adq uir e mais oxigê nio e
respi r a melho r; que não sent e vont ad e de voltar no dia seg uin t e .
Imagin e m este tra b a lh a d o r cheg a n d o em um CAPS, enco n t r a n d o
deze n a s de usu á rio s que irão particip a r de várias ativida d e s ,
algu m a s das quais ele é res po n s á v el; e, de rep e n t e , um dos seus
20 casos- refe r ê n c i a s entr a em uma crise séria, na mora di a.
Este trab al h a d o r , par a dar conta dest a s taref as, vai ter que se
apoia r na equip e, mas vai tamb é m ter que atu a r, diret a m e n t e , no
seu caso- refe r ê n c i a , vai ter que acolh ê- lo na crise. Vai ter que usar
de sua clínica, de suas pers pic á ci a s, de suas red e s de ajud a. Vai
ter que ger a r inte rv e n ç õ e s sing ula r e s e novas red e s. Vai ter que, e
pode, aprov eit a r a oport u n i d a d e que a crise per mit e para
ressig nifica r o Projeto Tera p ê u ti c o que vem gerin d o em relaç ã o
àqu el e usu á rio. Pode inclusiv e desco b ri r novas pista s
inter s e t o r i a is par a cria r outro s sentid o s, par a vários de seus
casos- refe r ê n c i a s.
Vejam, algu é m exau rid o e triste, sem alívio, diant e de toda s esta s
dem a n d a s e nec e s sid a d e s , como é qu e vai ger a r vida, além de ter
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que prod u zi r novas e inovad o r a s açõe s. Este tra b al h a d o r , se vier
par a um gru p o que o acolh a e se abr a par a escu t á- lo,
provav el m e n t e , vai relat a r dian t e disto tudo uma gra n d e sens a ç ã o
de mais exa u st ã o e tristez a . Uma gra n d e sen s a ç ã o de impot ê n c i a,
ou mes m o, vai relat a r que só deu conta das tar efa s porq u e não foi
antim a n ic o mi al, mas sim buro c r a t a do ate n d i m e n t o . Fez o fluxo de
ate n di m e n t o and a r, mas não o domin a, ne m o comp r e e n d e . Só
tocou o cotidia n o. Gerou alívios nos outro s.
E, aí, o desafio que fiz para a equip e - com a qual pud e pen s a r e
siste m a t iz a r muito do que tem nest e texto -, foi o de imagin a r as
vária s possibilida d e s de prod u ç ã o de uma aleg ria e um alívio, no
cotidian o do tra b al h a d o r , implica d o com um agir antim a n ic o mi al,
enc a r a n d o a pro d u ç ã o cotidia n a dos seus inver so s: a trist ez a e a
exaus t ã o , par a pod e r criar uma apost a coletiva de desco n s t r u í- las.
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antim a n ic o mi al como uma pod e r o s a arm a a favor da const r u ç ã o
dos CAPS anti- manicô mio s.
Mas, é possível pro d u zir alívios prod u tivo s no inte rio r da equip e ,
sem neg a r que uma das missõ e s seja a de gera r alívios nos
dem a n d a n t e s ? Ser á que isso não exige ressig nifica r o que vimos
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ent e n d e n d o como crise/o po r t u n i d a d e e const r u ç ã o de red e s de
interve n ç õ e s na urg ê n ci a e eme r g ê n c i a , em saú d e me n t al? É
possível abrir mão de apoio em hospitais ger ais? E, ond e não
exista m , os CAPS de “alta complexid a d e ”, par a acolh e r e inte r n a r
nas crises, resolve m ?
Não con h e ç o uma expe riê n c ia definitiva que dê cont a disso, mas
conh e ç o bons exem plo s que most r a m camin h o s diverso s. Há
aqu el e s que não abr e m mão de supo r t e esp ecializa d o em hospit ais
ger ais, par a a urg ê n ci a e eme r g ê n c i a , o que me par e c e uma das
boas idéias; há aqu el e s que cria m serviços próp rio s na red e de
saúd e men t a l, de uma complexid a d e distin ta para dar conta desta
situa ç ã o ; há os que apost a m que os CAPS, em si, deve m dar conta
desta situ aç ã o ; e, assim, por diant e .
Uma equip e de trab al h a d o r e s dos CAPSs que não poss a usufr uir
de alívios prod u tivo s e de esta d o s de aleg ria , de forma implica d a ,
não tem muito a ofert a r a não ser exa u rir par a ger a r alívios nos
outros, como o manicô mio já fazia e faz. Há que radicaliza r o
senti m e n t o deste “bom” medo, em relaç ã o às crise s, no inte rio r
das equip e s , e há que comp r e e n d ê - las como um “dispositivos em
rotaç ã o ”, que ao ope r a r e m ger a m novas form a s de cuid a d o no seu
interio r, mas agita m e mobiliza m os outro s, que compõ e m a rede
de cuid a d o s, nest e mes mo sentid o.
Creio, que ter uma red e bem articul a d a entr e serviços de saú d e
ment al (CAPS), serviços próp rio s de urg ê n ci a e eme r g ê n ci a (como
os SAMUs e PSs) e equip e s locais de saú d e , seja esse n cial par a
dar res po s t a s razo áv eis a um dos proble m a s que mais soma m , no
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imagin á r io social, a favor da lógica manico mi al. Ou seja, enfre n t a r
bem esta situa ç ã o tem um duplo sentido: de um lado, é uma das
chave s par a ger a r alívio prod u tivo nas equip e s de CAPS; de um
outro, ao ger a r alívio nos que convive m com loucos, em crise,
diminui a pres s ã o para a seg r e g a ç ã o e exclus ã o.
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Constr ui r a aleg ri a e o alívio pro d u tiv o como dispositivos
analisa d o r e s é um desafio par a aqu el es coletivos sociais que
oper a m no “olho do furac ã o” e se prop õ e m como gera d o r e s de
anti- manicô mio s.
Bibli o g r a f i a
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