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Perseguições Romanas,
Oficialização do Cristianismo
e Aliança com o
Estado Romano
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1. OBJETIVOS
• Analisar as causas, o fundamento jurídico, a cronologia, o
significado e os escritos anticristãos relacionados às per-
seguições do Império Romano aos cristãos.
• Identificar as características da Igreja no Império Romano
Cristão: a expansão do Cristianismo nos primeiros sécu-
los, a conversão de Constantino, sua política religiosa e
seus sucessores até Teodósio.
• Interpretar a Igreja no Império Romano Cristão: expansão do
Cristianismo nos três primeiros séculos, conversão de Cons-
tantino, sua política religiosa e seus sucessores até Teodósio
e a oficialização do Cristianismo no Império Romano.
2. CONTEÚDOS
• Perseguições do Império Romano aos cristãos.
• Igreja no Império Romano Cristão.
140 © História da Igreja Antiga e Medieval
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na Unidade 2, você pôde compreender a organização e a
constituição da Igreja. Nesta unidade, focalizaremos a relação de
poder estabelecida pelo Império Romano contra os cristãos. Fo-
ram diversas as frentes de hostilidades levantadas contra os cris-
tãos: as judaicas, as dos pagãos, as calúnias populares e as dos
intelectuais.
Veremos, também, a expansão do Cristianismo nos três pri-
meiros séculos, a conversão de Constantino, sua política religiosa
e seus sucessores até Teodósio.
Vamos, então, aos acontecimentos no mundo cristão daque-
la época!
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Quando se trata o tema das perseguições sofridas pelos cristãos, é preciso es-
clarecer alguns pontos importantes:
• Nesta unidade, ponderaremos as perseguições sofridas pelos cristãos no perí-
odo que vai do século 1º ao 4º. No decorrer da História do Cristianismo, houve
muitas perseguições contra os seguidores de Cristo e, ainda hoje, ocorrem
perseguições contra cristãos.
• Outras religiões também sofreram perseguições em outros momentos da his-
tória humana.
• Os primeiros séculos da história cristã são chamados da época das perseguições.
Também se fala da época da Igreja das catacumbas, ou ainda, da Igreja das per-
seguições, ou Igreja dos mártires. Estas expressões são oportunas, mas histo-
ricamente apresentam limitações. Nem todos os cristãos dos primeiros séculos
142 © História da Igreja Antiga e Medieval
Hostilidades judaicas
Desde as primeiras décadas do Cristianismo, os judeus hosti-
lizaram os cristãos (morte de Jesus, de Estevão, prisão de Pedro e
dos apóstolos etc.), e muitos escritores cristãos falam que as sina-
gogas judaicas eram "mananciais das perseguições".
Assim, o primeiro desafio do Cristianismo foi libertar-se das
influências judaicas, pois tanto Jesus como seus discípulos eram
todos judeus. Tanto que, inicialmente, os cristãos conviviam har-
monicamente com os costumes sociais e religiosos judaicos, e só
com o decorrer de algumas décadas, é que foram se separando da
tradição judaica.
Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
© Perseguições Romanas, Oficialização do Cristianismo e Aliança com o Estado Romano 143
Calúnias populares
O povo das várias cidades onde os cristãos fundavam suas
comunidades não tinha acesso ao culto cristão e isso deixava vá-
rias interrogantes ou dívidas sobre o que era e como se desenvol-
viam os ritos cristãos. Por outro lado, os cristãos não participavam
dos cultos públicos. Assim, os cristãos foram acusados de ateísmo
(negavam-se a participar dos cultos tradicionais, do culto imperial
e das religiões orientais) – o povo supunha que os cristãos não ti-
nham religião. Para a mentalidade antiga, isso era uma aberração
que ameaçava o equilíbrio social, com ofensas aos deuses que, por
isso, enviavam calamidades (inundações, terremotos, epidemias,
povos bárbaros) ao império, atingindo toda a população.
Muitos romanos acreditavam que os cristãos tinham um culto
abominável, o culto ao asno crucificado ou a um bandido condenado
à cruz. Deturpando a celebração da ceia eucarística, o povo acusava
os cristãos de prática do incesto, já que se amavam com os irmãos e
isto levava a crer que o culto tinha muitas orgias; também afirmavam
que a eucaristia tinha como momento mais importante um "banque-
te infanticida", em que se comia o corpo de Cristo e se bebia o seu
sangue (isso podia ocorrer com o sacrifício de uma criança).
Aprofundando esta questão, Jedin (1980, p. 204-205) afirma:
As comunidades cristãs que, como fruto do trabalho missionário,
surgiram por várias cidades do império, dado sua separação de tudo
o que tinha relação com o culto pagão, tinham que atrair sobre si,
Informação Complementar––––––––––––––––––––––––––––––
Celso foi um filósofo platônico do século 2º que escreveu um tratado contra os
cristãos chamado "Discurso Verdadeiro". O tratado não chegou até nós, mas
conhecemos partes de seu conteúdo porque ele foi objeto de uma refutação por
Orígenes, um dos padres da Igreja, em seu tratado "Contra Celso", escrito 70 ou
80 anos depois de Celso (SUBSOLO, 2007).
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Faz-se, então, necessário conhecer um pouco mais esses
escritores anticristãos. Como temos mais informações de Porfírio
(nascido em 233, na cidade de Tiro, na Fenícia), vamos nos deter
em sua vida. Ele viveu numa época em que alguns imperadores
perseguiam os cristãos e outros lhes ofereciam privilégios e tem-
Informação Complementar––––––––––––––––––––––––––––––
Há várias posições sobre a relação entre Cristianismo e Estado. Existem os que
consideram que a aliança entre a Igreja e o Estado, até chegar a converter-se o
Cristianismo em religião oficial do império (390), colocou os cristãos e a hierar-
quia eclesiástica numa dependência diante do Estado (cesaropapismo). Outros a
veem como uma situação de privilégio, porque a "liberdade religiosa" decretada
em Milão foi substituída a favor da Igreja e contra o paganismo, o que provocou
muitos equívocos até nossos dias. Inclusive, houve momentos, especialmente na
Idade Média, em que o Cristianismo assumiu o poder político e temporal, muitas
vezes afastando-se do Evangelho e da justiça social, e praticando atos de nepo-
tismo, corrupção e abuso de poder. Mas, isto veremos em outra unidade.
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A situação criada com a conversão de Constantino favoreceu
muito a expansão do Cristianismo, que penetrou nas classes supe-
riores do império e chegou até as regiões mais distantes e isoladas.
Mas também deu lugar a conversões menos sinceras e por moti-
vos menos nobres. Podemos afirmar que houve luzes e sombras,
pontos positivos e negativos para ambos.
Assinalo aqui elementos positivos da aproximação entre
Igreja e Estado:
• a liberdade da Igreja, com a qual esta conseguiu expandir
todas as suas forças internas;
• a organização eclesial alcançou um grande desenvolvi-
mento: hierarquia, liturgia, concílios, catequese, ações
beneficentes etc.;
• a expansão missionária teve, também, um extraordinário
incremento e foi possível evangelizar as regiões monta-
nhosas e os lugares mais afastados das cidades.
Enquanto, no início do século 4º, apenas a décima parte do
Império Romano era cristã, um século depois pode-se dizer que
quase todo o império fora batizado; mérito não pequeno da Igreja
desse tempo é a sistematização teológica da mensagem evangélica
por obra dos grandes padres e doutores da Igreja, como Atanásio,
Basílio, Gregório, Agostinho e Jerônimo.
Existem também espessas trevas na Igreja desse segundo
período da Idade Antiga:
164 © História da Igreja Antiga e Medieval
Informação Complementar––––––––––––––––––––––––––––––
Segundo cálculos aproximativos, sobre uma população de 50 milhões de habi-
tantes no Império Romano, eram cristãos uns 6 ou 7 milhões no início do século
4º. Os cristãos eram, em sua maioria, procedentes das classes inferiores; mas
também existiam cristãos vindos das classes altas (nobres e intelectuais).
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Os povos bárbaros
A partir do Edito de Milão, os cristãos tiveram mais liberdade
de ação. É claro que, mesmo no primeiro século, os cristãos já che-
gavam a várias regiões que não eram dominadas pelos romanos.
O Império Romano era o grande fascínio dos povos germâ
nicos e eslavos, conhecidos como bárbaros, por serem rudes e não
terem alcançado o progresso dos romanos. Por isso, vários povos
do norte e leste europeu ameaçam as fronteiras do império, que
vai se debilitando, até a queda em 476.
Vários destes povos eram pagãos, alguns já conheciam ru-
dimentos da fé cristã e outros já conheciam várias heresias. Tan-
to os que já estavam dentro das fronteiras do império como os
que estavam fora precisavam ser evangelizados. Foi necessário um
trabalho intenso e árduo, que durou vários séculos. Os missioná-
rios, em sua grande maioria, monges, percorreram toda a Europa,
O Papado fortalecido
Quando os povos bárbaros começaram a invadir as frontei-
ras do Império Romano, este começou a entrar em crise, a qual
teve seu ponto alto na deposição do Imperador Rômulo Augústu-
lo, no ano de 476.
A queda do Império Romano não se deu só por causa dessas
invasões, outros motivos contribuíram para isso: a depravação dos
costumes, as imoralidades, a falta de seriedade e espírito de sa-
crifício e de trabalho dos cidadãos do império, as lutas pelo poder
que geravam muitas mortes, golpes militares e desestabilização
política, a crise econômica, a manutenção de um grande exército
etc. Era, pois, inevitável a queda.
Estejamos atentos, porque esta queda do Império Romano só
se deu na parte Ocidental do império. A parte Oriental só caiu no ano
de 1453, quando os turcos otomanos dominaram Constantinopla.
O MONACATO CRISTÃO
No primeiro século, já existiam no seio da Igreja primitiva
os ascetas, ermitães ou anacoretas (homens que deixam tudo e
retiravam-se à solidão dos desertos, das florestas e dos lugares
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7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, na sequência, as questões propostas para verificar
seu desempenho no estudo desta unidade:
1) Como era a relação dos cristãos com o mundo romano e quais as principais
causas das perseguições?
8. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você foi convidado a compreender o proces-
so histórico de perseguição sofrido pelos cristãos na antiguidade,
bem como as diversas frentes de hostilidades judaicas e pagãs
contra a fé cristã, por meio das calúnias populares e intelectuais
articuladas contra os seguidores de Cristo. Mas o Cristianismo re-
sistiu a tudo isso e foi se estruturando internamente e conquistan-
do espaços externamente. Precisamos, contudo, refletir sobre isto:
a religião cristã, vítima de tamanha perseguição, tornou-se livre e,
posteriormente, veio a ser a religião oficial do Império Romano.
Na proxima unidade, veremos as características do mundo
medieval, queda de Roma e ascensão do Cristianismo.
Até lá!
9. E-REFERÊNCIA
Celso – Texto: SUBSOLO. Celso. Disponível em: <http://www.subsolo.org/hermenauta/
archives/2007/01/eterno_retorno.html>. Acesso em: 13 maio 2011.