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Ficha Técnica

Título: Auditoria Financeira e Controlo Interno


Autor: Paulo Correia
Editor: Companhia Própria – Formação e Consultoria, Lda.
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pelo Estado Português e pela União Europeia, através do Fundo Social
Europeu.
Ministério da Segurança Social e do Trabalho.

Coordenador: Ana Pinheiro e Luís Ferreira

Equipa Técnica: SBI Consulting – Consultoria de Gestão, SA


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Design e Paginação: e-Ventos CDACE
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© Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda, 2004, 1.ª edição

GOVERNO DA REPÚBLICA PORTUGUESA

Manual subsidiado pelo Fundo Social Europeu e pelo Estado Português

Todas as marcas ou nomes de empresa referidos neste manual servem única e exclusivamente propósitos pedagógicos e nunca devem

ser considerados infracção à propriedade intelectual de qualquer dos proprietários.


Auditoria Financeira

Índice
ÍNDICE 2

ENQUADRAMENTO 6

ÁREA PROFISSIONAL 6

CURSO / SAÍDA PROFISSIONAL 7

NÍVEL DE FORMAÇÃO / QUALIFICAÇÃO 7

COMPONENTE DE FORMAÇÃO 7

UNIDADES DE FORMAÇÃO E DURAÇÃO 8

CONTEÚDOS TEMÁTICOS 8

OBJECTIVOS GLOBAIS 10

CONTEXTUALIZAÇÃO DA SAÍDA PROFISSIONAL 11

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS 11

1 O CONCEITO DE AUDITORIA 15

AUDITORIA 15

2 PRINCÍPIOS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE AUDITORIA 17

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO 17

PRINCÍPIOS CONTABILÍSTICOS GERALMENTE ACEITES 17

EFICIÊNCIA DO CONTROLO 20

3 OBJECTIVOS, CONCEITOS E TÉCNICAS 22

O QUE SE ESPERA DO TRABALHO DOS AUDITORES 22

PROCEDIMENTOS GERAIS DE AUDITORIA 23

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Auditoria Financeira

O RISCO EM AUDITORIA 28

4 CONTROLO INTERNO 30

O CONCEITO DE CONTROLO INTERNO 30

OS PROCEDIMENTOS DO CONTROLO INTERNO 32

4.1 ÁREA DE CAIXA E DEPÓSITOS BANCÁRIOS 33

4.2 ÁREA DE VENDAS E OUTRAS OPERAÇÕES COM CLIENTES 36

4.3 ÁREA DE COMPRAS E OUTRAS OPERAÇÕES COM FORNECEDORES 39

4.4 ÁREA DE CUSTOS E OPERAÇÕES COM O PESSOAL 43

4.5 ÁREA DE EXISTÊNCIAS 47

4.6 ÁREA DE IMOBILIZAÇÕES INCORPÓREAS E CUSTOS DIFERENCIADOS


53

4.7 ÁREA DE MOBILIZAÇÕES CORPÓREAS 55

4.8 ÁREA DE INVESTIMENTOS FINANCEIROS 57

4.9 ÁREA DE EMPRÉSTIMOS OBTIDOS 59

LIMITAÇÕES DO CONTROLO INTERNO 60

5 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DO CONTROLO INTERNO 62

AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO RISCO DE CONTROL 62

COMPREENSÃO DOS SISTEMAS CONTABILÍSTICO E DE CONTROLO INTERNO


63

TESTES DE CONTROLO 66

RELATÓRIO COM SUGESTÕES 67

6 PAPÉIS DE TRABALHO 69

PAPÉIS DE TRABALHO 69

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Auditoria Financeira

6.1 DOSSIER PERMANENTE 71

6.2 DOSSIER CORRENTE 72

7 AUDITORIA ÀS ÁREAS OPERACIONAIS 74

ÁREA DE IMOBILIZAÇÕES INCORPÓREAS 74

ÁREA DE IMOBILIZAÇÕES CORPÓREAS 76

ÁREA DE INVESTIMENTOS FINANCEIROS 78

ÁREA DE EXISTÊNCIAS 80

ÁREA DE VENDAS E CONTAS A RECEBER 82

ÁREA DE DISPONIBILIDADES 84

ÁREA DE CAPITAL PRÓPRIO 85

ÁREA PROVISÕES E DIFERIMENTOS 86

ÁREA EMPRÉSTIMOS OBTIDOS 89

ÁREA DE COMPRAS E CONTAS A PAGAR 90

ÁREA DE IMPOSTOS 93

8 PREVENÇÃO E DETECÇÃO DE FRAUDES E ERROS 95

FRAUDE E ERRO 95

PROTECÇÃO CONTRA A FRAUDE 97

9 CONCEITO DE “VALUE FOR MONEY” 101

VALUE FOR MONEY 101

DETERMINAÇÃO DO VALUE FOR MONEY 102

OBTER UM BOM VALUE FOR MONEY 102

VANTAGENS DO VALUE FOR MONEY 103

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Auditoria Financeira

10 DA AUDITORIA FINANCEIRA À AUDITORIA DE GESTÃO 105

A NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA CREDÍVEL 105

OUTROS TIPOS DE AUDITORIA 106

10.1 AUDITORIA INTERNA 106

10.2 AUDITORIA OPERACIONAL 107

10.3 AUDITORIA DE GESTÃO 108

11 ENUNCIADOS DOS EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 109

12 RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS 126

13 RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 135

14 BIBLIOGRAFIA 174

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Auditoria Financeira

Enquadramento
O presente manual tem como propósito primeiro o acompanhamento do
curso de formação profissional em Auditoria Financeira e Controlo
Interno. Por outro lado, permite a qualquer interessado nos conceitos e
técnicas relacionados com a implementação e desenvolvimento de
sistemas de auditoria nas empresas, um guia fiável e de acesso célere a
um conjunto de metodologias a considerar na definição deste tipo de
sistemas. Assim, pretende fornecer uma visão abrangente dos
objectivos, dificuldades e valências inerentes à aplicação de uma
ferramenta administrativa e financeira de primordial importância na
gestão empresarial moderna.

Em síntese, o manual de Auditoria Financeira e Controlo Interno permite


uma introdução simples aos conceitos e técnicas fundamentais para o
exercício da profissão de auditor.

ÁREA PROFISSIONAL

Este manual enquadra-se na área profissional de Organização e Gestão


de Empresas, e visa familiarizar os alunos com os conceitos e técnicas de
auditoria financeira e controlo interno, sensibilizando-os para a
importância e o papel da auditoria nas organizações.

Este manual foi especialmente concebido para todos os executivos,


quadros dirigentes, empresários, gestores funcionais e técnicos, que
desenvolvem a sua actividade nas diversas áreas funcionais da empresa
(finanças e contabilidade, gestão global, aprovisionamentos, produção e
logística, comercial e marketing, recursos humanos, investigação e
desenvolvimento, informática, etc.) e de qualquer sector de actividade. É
particularmente atraente para todos os profissionais que têm um forte
relacionamento com a gestão e que são utilizadores da informação
produzida pela contabilidade.

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Auditoria Financeira

CURSO / SAÍDA PROFISSIONAL

O objectivo deste curso consiste em proporcionar aos participantes


conhecimentos e ferramentas de auditoria financeira que lhes permita
garantir a fiabilidade e a no futuro a prática de funções de auditoria e
análise contabilística das organizações.

Este curso destina-se essencialmente a profissionais especialistas nas


áreas de Contabilidade e Finanças, que desenvolvem ou venham a
desenvolver a sua actividade em áreas financeiras das empresas.

O curso está orientado em conteúdos e metodologia especialmente para


Gestores e Quadros de Pequenas e Médias Empresas bem como para
Profissionais Liberais.

No que respeita à empregabilidade, o formando do curso poderá


desempenhar funções de auditoria externa em auditoras ou desenvolver
a actividade em qualquer organização numa vertente de auditoria
interna. Apesar de o curso incidir no domínio financeiro, poderá constituir
um interessante complemento para outros tipos de auditoria (qualidade,
recursos humanos, etc.).

Todos os participantes poderão reunir competências no âmbito desta


área e obter saídas profissionais a desempenhar funções de Auditor
Contabilístico, Auditor Financeiro, Técnico de Auditoria.

NÍVEL DE FORMAÇÃO / QUALIFICAÇÃO

Poderão frequentar as acções de formação apoiadas neste manual,


indivíduos com qualificações de nível IV e V, independentemente da área
vocacional, cumprindo no entanto um conjunto de pré-requisitos em
termos de conhecimentos de gestão de empresas.

COMPONENTE DE FORMAÇÃO

Através deste manual poderão ser leccionados cursos como:

Auditoria Financeira e Controlo Financeiro

Controlo Interno na Actividade Empresarial

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Auditoria Financeira

A Formação a decorrer, tendo este manual como auxiliar, pretende criar


competências ao nível da percepção do conjunto de instrumentos básicos
para a preparação e elaboração de auditorias externas e internas em
empresas e outros organismos.

UNIDADES DE FORMAÇÃO E DURAÇÃO

Fundamentos de Auditoria (1 hora)

Controlo Interno e Metodologias de Avaliação (15 horas)

Papéis de Trabalho (1 hora)

Auditoria às Áreas Funcionais (25 horas)

Prevenção e Detecção de Erros e Fraudes (1 hora)

Value for Money (1 hora)

Da Auditoria Financeira à Auditoria de Gestão (1 hora)

CONTEÚDOS TEMÁTICOS

Princípios e Conceitos Fundamentais de Auditoria:

Princípios e Conceitos Fundamentais de Auditoria

Eficiência do Controlo

Objectivos, Conceitos e Técnicas:

O que se espera dos Auditores

Procedimentos Gerais de Auditoria

O Risco em Auditoria

Controlo Interno:

O Conceito de Controlo Interno

Os Procedimentos de Controlo Interno

Limitações do Controlo Interno

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Auditoria Financeira

Metodologias de Controlo Interno:

Avaliação Preliminar do Risco de Controlo

Compreensão dos Sistemas Contabilístico e de Controlo


Interno

Relatório com Sugestões

Papéis de Trabalho:

Papéis de Trabalho

Auditoria às Áreas Operacionais

Área de Imobilizações Incorpóreas

Área de Imobilizações Corpóreas

Área de Investimentos Financeiros

Área de Existências

Área de Vendas e Contas a Receber

Área de Disponibilidades

Área de Capital Próprio

Área de Acréscimos e Diferimentos

Área de Empréstimos Obtidos

Área de Compras e Contas a Pagar

Área de Impostos

Prevenção e Detecção de Fraudes e Erros:

Value for Money:

O Conceito de Value for Money

Determinação do Value for Money

Obter um bom Value for Money

Vantagens do Value for Money

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Auditoria Financeira

Da Auditoria Financeira à Auditoria de Gestão:

A Necessidade de Informação Financeira Credível

Outros Tipos de Auditoria

OBJECTIVOS GLOBAIS

No final da formação, o formando deve estar apto a:

Compreender a importância dos fundamentos e princípios de


auditoria;

Perceber a utilidade da auditoria na gestão das organizações;

Dominar os conceitos e técnicas de auditoria;

Compreender o risco de auditoria;

Reconhecer o controlo interno como uma ferramenta de extrema


importância na fiabilidade da informação financeira;

Dominar os procedimentos do controlo interno no que respeita a cada


área operacional da empresa;

Reconhecer as dificuldades inerentes à implementação de um sistema


de controlo interno;

Avaliar o sistema de controlo interno de uma empresa;

Perceber os objectivos, riscos e procedimentos de uma auditoria às


áreas funcionais, e conceber os documentos demonstrativos do
trabalho efectuado;

Conhecer e aplicar as medidas de prevenção e detecção de práticas


erróneas e fraudulentas no domínio do registo contabilístico;

Assimilar o conceito de Value for Money na prática da auditoria e


controlo interno;

Apurar a importância da auditoria de gestão enquanto extensão da


auditoria financeira e da auditoria operacional.

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Auditoria Financeira

CONTEXTUALIZAÇÃO DA SAÍDA PROFISSIONAL

A natureza do trabalho do auditor financeiro consiste na análise das


contas das empresas, de modo a averiguar a conformidade destas com
os princípios e normas que regem a preparação e apresentação da
informação contabilística e financeira. Para tal, o auditor procede à
avaliação dos documentos e mapas financeiros, estabelecendo também
contactos com os diversos elementos das organizações auditadas.

As principais entidades empregadoras dos auditores são as empresas


multinacionais de auditoria, bem como sociedades de revisores oficiais de
contas, e outras empresas que desenvolvam trabalhos de auditoria
interna.

Os auditores, para além de conhecimentos na área financeira das


empresas (Contabilidade, Auditoria e Fiscalidade), deverão dominar pelo
menos uma língua estrangeira (inglês, preferencialmente) e informática
na óptica do utilizador.

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS

Conteúdos Objectivos Gerais

1. O Conceito de Auditoria − Conhecer a origem da Auditoria


1.1. Auditoria − Definir Auditoria

2. Princípios e Conceitos − Perceber a importância da


Fundamentais de Auditoria normalização contabilística
2.1. Princípios Contabilísticos − Reconhecer as implicações dos
Geralmente Aceites PCGA nos registos contabilísticos
2.2. Eficiência do Controle − Inteirar-se do âmbito de
actuação dos auditores

3. Objectivos, Conceitos e Técnicas − Conhecer algumas das funções


3.1. O que se espera do do auditor

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Auditoria Financeira

Trabalho dos Auditores − Classificar os procedimentos


3.2. Procedimentos Gerais comuns de auditoria
de Auditoria − Perceber e interpretar os
3.3. O Risco em Auditoria diversos tipos e origens de risco
no trabalho de auditoria

4. Controlo Interno − Definir controlo interno


4.1. O Conceito de Controlo − Conhecer os elementos a
Interno observar para a implementação
4.2. Os Procedimentos de de um sistema de controlo
Controlo Interno interno
4.3. Limitações do Controlo − Distinguir controlo interno
Interno Administrativo de controlo
interno contabilístico
− Compreender a utilidade dos
procedimentos de controlo
interno para as empresas
− Conhecer os procedimentos os
diferentes aspectos de cada área
do património da empresa.
− Identificar as principais
limitações à implementação de
um sistema de controlo interno

5. Metodologias de Avaliação do − Dominar o conceito de risco de


Controlo Interno controlo
5.1. Avaliação Preliminar do − Identificar e compreender as
Risco de Controlo formas de verificação dos
5.2. Compreender os sistemas contabilístico e de
Sistemas Contabilístico e de controlo interno
Controlo Interno − Perceber a relevância dos testes
5.3. Testes de Controlo de controlo
5.4. Relatórios com − Compreender os aspectos a

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Auditoria Financeira

Sugestões mencionar nos relatórios com


sugestões

6. Papéis de Trabalho − Compreender a importância da


6.1. Papéis de Trabalho concepção e utilização de
documentos de trabalho em
auditoria
− Distinguir dossier permanente de
dossier corrente

7. Auditoria às Áreas Operacionais − Compreender os objectivos de


7.1. Área de Imobilizações auditoria para cada área
Incorpóreas operacional
7.2. Área de Imobilizações − Identificar os riscos e problemas
Corpóreas potenciais inerentes a cada área
7.3. Área de Investimentos − Conhecer os procedimentos a
Financeiros efectuar para cada área
7.4. Área de Existências
7.5. Área de Vendas e
Contas a Receber
7.6. Área de
Disponibilidades
7.7. Área de Capital Próprio
7.8. Área de Provisões e
Diferimentos
7.9. Área de Empréstimos
Obtidos
7.10. Área de Compras e
Contas a Pagar
7.11. Área de Impostos

8. Prevenção e Detecção de Fraudes − Distinguir fraude de erro


e Erros − Identificar os tipos de fraude
8.1. Fraude e Erro comuns passíveis de ocorrência

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Auditoria Financeira

8.2. Protecção contra a Fraude nas demonstrações financeiras


− Conhecer os meios e
mecanismos de prevenção da
ocorrência da fraude

9. Conceito de “Value For Money” − Definir o conceito value for


9.1. “Value for Money” money
9.2. Determinação do Value for − O value for money e os 3 E
Money − Conhecer os instrumentos para
9.3. A Obtenção de um bom determinar o value for money
Value for Money − Compreender as políticas para
9.4. Vantagens do Value for um value for money elevado
Money − Enumerar as vantagens do value
for money

10. Da Auditoria Financeira à − Compreender a importância da


Auditoria de Gestão credibilidade da informação
10.1. A Necessidade de financeira produzida
Informação Financeira − Perceber a relevância da
Credível independência do auditor
10.2. Outros Tipos de Auditoria − Distinguir auditoria interna,
auditoria operacional e auditoria
de gestão

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Auditoria Financeira

1
O Conceito de Auditoria

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO

O presente capítulo reveste um cariz introdutório pretendendo a


compreensão pelo formando da génese e relevância do significado do
conceito de auditoria e a sua implicação na gestão.

AUDITORIA

Etimologicamente a palavra “auditoria” tem a sua origem no verbo latino


“audire”, que significa “ouvir”, e que conduziu à criação da palavra
“auditor” (do latim “auditore”) como sendo aquele que ouve. Isto pelo
facto de nos primórdios da auditoria os auditores tirarem as suas
conclusões fundamentalmente com base nas informações verbais que
lhes eram transmitidas.

Actualmente atribui-se à auditoria um conjunto mais alargado de


importantes funções, abrangendo todo o organismo da empresa e dos
seus órgãos de gestão, com a finalidade de efectuar críticas e emitir
opiniões sobre as situações patrimoniais e sobre os resultados de ambos.

Mas afinal, o que é a auditoria? Veja-se a este respeito algumas


definições clássicas do termo:

“A auditoria é o exame de demonstrações e registos administrativos em


que o auditor observa a exactidão, integridade e autenticidade de tais
demonstrações, registos e documentos”.

Holmes

“A auditoria é o exame dos livros contabilísticos, comprovativos e demais


registos de um organismo (...) com o objectivo de averiguar a correcção

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Auditoria Financeira

ou incorrecção dos registos e expressar opinião sobre os documentos


analisados, comummente em forma de certificação”.

Arthur Hanson

Em Portugal, Joaquim Raúl e Jorge Seoane definem auditoria como a


“revisão sistemática dos registos contabilísticos de uma empresa ou
organismo económico de qualquer tipo, envolvendo:

A verificação da exactidão das operações;

O exame dos comprovativos para estabelecer a sua


autenticidade e devida autorização;

A exactidão do diário e da classificação de contas;

A manutenção de princípios sãos e científicos.”

Concluindo, auditoria é um exame das contas, relatórios, projectos,


obras, ou qualquer outra situação auditável, bem como de toda a
documentação de suporte; realizado em conformidade com determinadas
normas, métodos, procedimentos e princípios geralmente reconhecidos e
aceites; por um profissional qualificado e independente, com qualificação
técnica e profissional, independência física, hierárquica e mental; com o
objectivo de expressar a sua opinião sobre a correcção, a clareza e a
suficiência das situações e documentos objecto de análise.

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

ALMEIDA, MARCELO CAVALCANTI, Auditoria Contábil: teoria e


prática, Atlas, Lisboa, 1996.

ARENS, ALVIN A., LOEBBECKE, JAMES K., Auditing, 7ª Edição,


Prentice Hall, New Jersey, 1997

COSTA, CARLOS BAPTISTA DA, Auditoria Financeira: teoria e


prática, Rei dos Livros, Lisboa, 2000.

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Auditoria Financeira

2
Princípios e Conceitos
Fundamentais de Auditoria
Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO

Este capítulo procura a sensibilização do formando para a questão da


normalização contabilística e da actuação do auditor, incidindo na
abordagem dos princípios contabilísticos geralmente aceites. No âmbito
da actuação do auditor, é introduzida a noção de eficiência do controlo no
desenvolvimento da sua actividade.

PRINCÍPIOS CONTABILÍSTICOS GERALMENTE ACEITES

Sendo o objectivo primordial de uma auditoria a verificação da fiabilidade


e relevância da informação patrimonial constante nas demonstrações
financeiras, e que seja normalizada com as demais empresas, estão
definidas regras basilares que permitem a obtenção de uma imagem
verdadeira e apropriada da situação financeira da empresa - os Princípios
Contabilísticos Geralmente Aceites.

Os Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites são um conjunto de


normas que balizam a preparação das demonstrações financeiras por
parte dos contabilistas. Constituem portanto, um elenco de elementos
disciplinadores do registo e mensuração dos factos contabilísticos, bem
como um conjunto de regras respeitantes à forma de apresentação das
demonstrações financeiras.

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Auditoria Financeira

Um dos aspectos mais importantes na implementação dos Princípios


Contabilísticos Geralmente Aceites na actividade contabilística reside na
harmonização da informação financeira produzida pelas empresas. Esta
harmonização permite uma uniformização dos critérios a adoptar a
elaboração das demonstrações financeiras, e por conseguinte, uma
comparação estatística entre as diversas empresas do mesmo sector,
região, dimensão, forma jurídica, etc.

A harmonização contabilística é uma preocupação de todos os


organismos tutelares de mecanismos e métodos de controlo e
fiscalização da actividade económica. A nível internacional podem ser
nomeados:

Comissão Europeia (4ª e 7ª Directivas)

IASC – International Accounting Standards Comitte

OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento


Económico

União Europeia de Peritos Contabilísticos

PRINCÍPIOS CONTABILÍSTICOS GERALMENTE ACEITES

1. Da continuidade

A empresa é uma entidade que desenvolve a sua actividade de modo


contínuo, tendo uma duração ilimitada. Não tem como objectivos a
respectiva liquidação ou a redução significativa do volume das suas
operações.

2. Da consistência

As políticas contabilísticas de uma empresa perpetuam-se de um


exercício para o outro. Se houver alguma alteração materialmente
relevante, terá de ser referida de acordo com o anexo (nota 1).

3. Da especialização (ou do acréscimo)

Reconhecimento dos proveitos e os custos quando obtidos ou incorridos,


independentemente do seu recebimento ou pagamento. Devem ser
incluídos nas demonstrações financeiras dos períodos a que respeitam.

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Auditoria Financeira

4. Do custo histórico

Os registos contabilísticos devem basear-se em custos de aquisição ou de


produção, em valores nominais ou constantes.

5. Da prudência

Possibilidade de integração nas contas um grau de precaução mediante a


realização de estimativas exigidas em condições de incerteza sem, no
entanto, permitir a criação de reservas ocultas ou provisões excessivas
ou a deliberada quantificação de activos e proveitos por defeito ou de
passivos e custos por excesso.

6. Da substância sobre a forma

Contabilização das operações de acordo com a substância e a realidade


financeira, não as subjugando à sua forma legal.

7. Da materialidade

As demonstrações financeiras devem evidenciar todos os elementos que


sejam relevantes e que possam afectar avaliações ou decisões pelos
utentes interessados.

8. Da não compensação

Separação dos elementos das rubricas do activo e do passivo (balanço),


dos custos e perdas e de proveitos e ganhos (demonstração de
resultados), não havendo lugar a encontro de saldos.

9. Da correspondência de Balanços Sucessivos

O balanço de abertura de exercício tem de apresentar os mesmos saldos


que o balanço de encerramento do exercício anterior.

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Auditoria Financeira

10. Da Recuperação do Custo das Existências

As existências finais não devem apresentar-se no Balanço por um valor


que não possa ser recuperado com a sua alienação. (Deriva do Princípio
da Prudência)

EFICIÊNCIA DO CONTROLO

O auditor, no desempenho da sua actividade, deve garantir o


cumprimento dos Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites. Para tal,
deverá estabelecer mecanismos de actuação em diversos aspectos:

Organização

Procedimentos Normativos

Registos e Relatórios

Auditoria Interna

...

A eficiência do Controlo deriva da qualidade dos meios humanos,


materiais e metodológicos empregues na actividade de auditoria, bem
como da eficiente aplicação das normas técnicas da contabilidade.

O trabalho de auditoria, enquanto actividade a desenvolver em


colaboração e cooperação (pessoal e institucional), implica uma correcta
aplicação de processos organizacionais e de relações humanas, por forma
a garantir melhores resultados.

EXERCÍCIO 2.1

“O auditor, no desempenho da sua actividade, deve garantir o


cumprimento dos Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites”.

Comente a afirmação.

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Auditoria Financeira

EXERCÍCIO 2.2

Um imóvel arrendado encontra-se contabilizado na conta de


investimentos financeiros. Identifique o princípio contabilístico subjacente
a este registo.

EXERCÍCIO 2.3

Um cliente encontra-se em processo de falência. A empresa constituiu


uma provisão para clientes de cobrança duvidosa. Identifique o princípio
contabilístico subjacente a este registo.

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

Plano Oficial de Contabilidade

Borges, António et al; Elementos de Contabilidade Geral; Lisboa;


2002

Costa, Carlos Baptista da; Auditoria Financeira: teoria e prática;


Lisboa; 2000

LINKS DE INTERESSE

www.cnc.min-financas.pt

www.ifac.org

www.iasb.org.uk

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Auditoria Financeira

3
Objectivos, Conceitos e Técnicas

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO

Este capítulo tem o propósito de familiarizar os participantes com alguns


conceitos, termos e técnicas comuns nos trabalhos de auditoria, que
serão referidos amiúde ao longo dos capítulos seguintes. Para permitir
uma rápida consulta e fácil memorização, optou-se por uma
apresentação sob a forma de tópicos.

O QUE SE ESPERA DO TRABALHO DOS AUDITORES

Emissão de parecer sobre as contas, como garante da qualidade


da informação financeira;

Estudo e avaliação dos principais sistemas contabilísticos e de


controlo em utilização na empresa auditada;

Identificação dos pontos fracos e proposta de medidas de


correcção adequadas;

Assistência fiscal, de forma a garantir a prevenção de


incumprimentos e o planeamento de medidas adequadas em
termos de gestão da política fiscal da empresa;

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Auditoria Financeira

Assistência à gestão, permitindo um acompanhamento


sistemático dos resultados periódicos e mecanismos de alerta
atempados sobre a evolução dos negócios;

Apoio a decisões de carácter estratégico a adoptar pela gestão


(aquisições, fusões, vendas, etc);

Apoio a medidas de reorganização interna que a gestão pretenda


adoptar;

Exercício de uma função dissuasora e pedagógica sobre os


elementos da organização.

PROCEDIMENTOS GERAIS DE AUDITORIA

Consistem em métodos e técnicas utilizados pelo auditor para a


realização do seu trabalho:

Entrevistas
Quem entrevistar? Qual a pessoa que detém a informação
pretendida?

O que se deseja saber? – esboço prévio dos aspectos essenciais


a esclarecer;

Qual o melhor local para realizar a entrevista? – sugerir o local


em função da localização da informação, do ambiente envolvente
e de outras condicionantes;

Quando realizar a entrevista? – marcação com antecedência,


indicação dos assuntos, previsão da duração;

Captar a confiança do entrevistado – analisar a atitude do


entrevistado (expectativa, receio, confiança, medo, hostilidade),
“descongelar” atitudes negativas, fomentar atitudes de
colaboração;

Procurar que a entrevista não seja demasiado longa, dado que


com o decurso do tempo, o auditor tende a dispersar a sua
atenção e capacidade de percepção da infomação, ao passo que
o entrevistado pode aborrecer-se e fechar-se, limitando a
informação que pode dar;

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Auditoria Financeira

Carácter objectivo e predominantemente técnico:

Após a fase inicial, os assuntos têm de assumir um carácter


técnico;

Entrevistador não pode emitir opiniões de carácter pessoal;

Nem opiniões valorativas sobre outros elementos da


organização auditada.

Observação
Consiste na capacidade do auditor estar atento a tudo o que o rodeia na
empresa, com o objectivo de avaliar como são aplicadas na prática as
funções atribuídas a cada pessoa e, em geral, como são cumpridos os
normativos em vigor. Deve-se ter em atenção alguns aspectos:

Seguir as diversas fases e circuitos de um documento ou de


uma operação;

Apreciar os procedimentos de controlo adoptados;

Verificar as regras de segurança;

Verificar a carga de trabalho dos empregados;

Apreciar a forma de organização da documentação;

Observar o nível de arrumação das instalações;

Estar atento ao modo como se fazem as conferências.

O sucesso deste procedimento depende essencialmente da experiência


detida pelo auditor.

Embora seja um procedimento que não permite tirar conclusões


definitivas, constitui um bom instrumento para a formação da opinião do
auditor, sendo portanto, de extrema importância para a eficiência do
trabalho de auditoria.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 24


Auditoria Financeira

Inspecção
Consiste na verificação de bens ou documentos, no âmbito do trabalho
de auditoria. Os diversos tipos de inspecções agrupam-se sob dois
conjuntos principais:

Inspecção física:

Identificar os bens;

Verificar a sua propriedade;

Verificar a conformidade dos bens com os registos


contabilísticos e documentais de suporte;

Verificar o seu estado de uso e de depreciação;

Apreciar a valorização que lhes está atribuída;

Avaliar a sua utilidade e potencial de utilização face à


actividade da empresa.

Inspecção documental:

Verificar a autenticidade do documento;

Confirmar a regularidade processual, incluindo os


antecedentes e os factos subsequentes;

Verificar a existência de todos os elementos essenciais


exigidos ao documento;

Confirmar a adequação do registo contabilístico;

Avaliar a suficiência da documentação face às operações e


movimentos que lhe estão associados;

Analisar o significado da operação face à actividade da


empresa;

Apreciar a razoabilidade dos valores envolvidos.

Confronto
Consiste na comparação de toda e qualquer informação, dados ou
registos, desejavelmente com origem em fontes diferenciadas, com o
objectivo de analisar a sua razoabilidade.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 25


Auditoria Financeira

A comparação pode ser feita em valores relativos, valores absolutos,


relativamente a informações ou a factos.

Quando se comparam valores, este procedimento permite indiciar


evoluções anómalas ou que carecem de justificação adicional,
identificando-se, assim, procedimentos subsequentes a efectuar.

Exemplos:

Valores reais Vs valores orçamentados;

Valores do ano N Vs valores do ano N-1;

Valores da empresa Vs valores médios do sector;

Valores agregados Vs valores analíticos.

Quando se confrontam relatos diferentes do mesmo facto ou informações


discordantes, pode estar em causa o conhecimento ou entendimento da
situação, ou pode-se estar perante uma tentativa de iludir o auditor.

Exemplos:

Afirmação diferente do responsável comercial e do


responsável financeiro quanto ao prazo de recebimentos
praticado;

Discordância entre o relato dos factos e o suporte


documental que lhes está subjacente.

Análise
Consiste na decomposição de movimentos, saldos e outros registos
contabilísticos, partindo dos elementos mais agregados para as
informações mais detalhadas. É fundamental que o auditor tenha em
atenção:

A identificação prévia dos objectivos;

Evitar análises detalhadas sem perspectivas de resultados


relevantes face aos objectivos definidos;

Espírito crítico face a caminhos errados;

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Auditoria Financeira

Uma análise sistemática do “value for money” (relação


custo/benefício) do trabalho realizado;

A possibilidade de surgirem outros elementos ou


informações que possam ser relevantes para outras áreas
da auditoria;

A importância de não se confiar no assunto que se está a


analisar.

Confirmação

É o processo de obtenção de elementos de prova na empresa ou


directamente de terceiros, como forma de validar determinado saldo,
facto ou informação.

Confirmação interna:

Documentação emitida pela empresa. Exemplo: nota


de encomenda para um fornecedor;

Documentação enviada por terceiros à empresa.


Exemplo: factura de um fornecedor.

Confirmação externa:

Circularizações, obtidas através de cartas ou circulares.


Exemplo: resposta de um fornecedor a um pedido de
confirmação dos valores em dívida;

Certidões obtidas através de requerimento. Exemplo:


confirmação da propriedade de um imóvel obtido junto da
conservatória do registo predial.

A obtenção de evidência através de confirmação externa constitui,


normalmente, um meio de prova merecedor de um grau de credibilidade
superior ao da confirmação interna.

Conferência

Consiste em verificar a exactidão e correcção dos saldos e das


operações. Deve-se ter em atenção que:

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Auditoria Financeira

A existência de prova de conferência efectuada pela empresa


não constitui prova da exactidão das operações ou dos
saldos;

A exactidão da soma não garante a veracidade do conteúdo


das parcelas;

A fita de máquina do cliente junto de um conjunto de


documentos não constitui prova credível para o auditor
quanto à sua veracidade e exactidão;

A existência de procedimentos informatizados não garante a


veracidade do processamento;

A correcção de um processamento não constitui qualquer


garante quanto à fiabilidade dos inputs;

É necessário apreciar os elementos e documentação de


suporte.

O RISCO EM AUDITORIA

Risco profissional

A credibilidade e a competência são características fundamentais do


auditor. Qualquer erro evidenciado no relatório de auditoria potencia uma
imagem negativa em relação ao trabalho desenvolvido e ao próprio
auditor.

Risco de serviço ao cliente

O cliente cria expectativas muito fortes quanto à qualidade e rigor do


trabalho desenvolvido. Existe uma carga de compromisso muito forte por
parte do auditor em relação ao cliente.

Risco de auditoria

Possibilidade de ocorrência de erros ou irregularidades significativas ao


nível das demonstrações financeiras, ou de qualquer outra situação
objecto de auditoria, que não sejam detectadas no decurso do trabalho
desenvolvido. Engloba três níveis de risco:

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Auditoria Financeira

Risco inerente – consiste na susceptibilidade de as


demonstrações financeiras conterem erros ou irregularidades
significativas, assumindo que não existe estrutura, políticas e
procedimentos de controlo interno instituídos;

Risco de controlo – consiste na possibilidade de os sistemas e


procedimentos de controlo interno falharem na prevenção ou
detecção, em tempo útil, de erros ou irregularidades
significativos;

Risco de detecção – consiste na eventualidade de os


procedimentos de auditoria falharem na identificação de
eventuais erros ou irregularidades relevantes patentes nas
demonstrações financeiras

EXERCÍCIO 3.1

Enuncie quatro dos resultados esperados do trabalho dos auditores.

EXERCÍCIO 3.2

Estabeleça uma relação entre os diversos tipos de risco de auditoria.

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

Costa, Carlos Baptista da; Auditoria Financeira: teoria e


prática; Lisboa; 2000

IFAC, Handbook of International Auditing, Assurance, and Ethics


Pronouncements, 2003

LINKS DE INTERESSE

www.ifac.org/Guidance/

www.oroc.pt

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Auditoria Financeira

4
Controlo Interno
OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO

O presente capítulo apresenta o conceito de controlo interno, seus


procedimentos e limitações, procurando conferir ao formando as
competências necessárias para o desenvolvimento e implementação de
um sistema de controlo interno eficiente e útil para as organizações.

O CONCEITO DE CONTROLO INTERNO

O sistema de controlo interno é essencial para o exercício da actividade


operacional de qualquer empresa, por mais pequena que seja. Por este
motivo, a implementação de um adequado sistema de controlo interno
constitui uma responsabilidade dos órgãos de gestão das empresas.

Ao estabelecer um sistema de controlo interno, há que ter em linha de


conta a definição de autoridade e delegação de poder, a segregação,
separação e/ou divisão de funções, o controlo das operações, a
numeração dos documentos e a adopção de provas e conferências
independentes.

Dentro de uma empresa a definição de autoridade e delegação de poder


visa definir claramente as funções e as relações hierárquicas de todo o
pessoal. Nas grandes empresas e nalgumas médias empresas, tal
definição é esquematizada num organograma e estabelecida num manual
de descrição de funções, numa manual de políticas e procedimentos
contabilísticos e num manual de medidas de controlo interno; nas
pequenas empresas, pelo contrário, deve ser bastante variável e flexível.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 30


Auditoria Financeira

A separação de funções refere-se à conveniência de a função


contabilística estar separada da função operacional, de modo a que não
seja possível a uma mesma pessoa ter a seu cargo simultaneamente o
controlo físico de um activo e os registos que lhe são adstritos. Aplica-se
não só a pessoas de secções diferentes mas também a pessoas da
mesma secção e refere-se também à conveniência de ninguém ser
responsável por uma operação desde o seu início até ao seu termo. Uma
forma de atingir este objectivo é promover uma rotação periódica dos
empregados de cada secção entre si.

Por controlo de operações entende-se essencialmente a sequência com


que decorrem, isto é, o ciclo autorização – aprovação – execução –
registo – custódia, de acordo com os critérios estabelecidos.

A numeração dos documentos (facturas, recibos, ordens de compra,


guias de entrada em armazém, listas ou talões de contagem, entre
outros) deve ser sequencial, pois que tal constitui um factor de controlo
bastante importante, dado que possibilita detectar quaisquer utilizações
inapropriadas dos mesmos. Além disso deve existir um controlo numérico
de todos os documentos recebidos da tipografia de modo a que a sua
entrada ao serviço ocorra de forma sequencial.

A adopção de provas e conferências independentes visa, por um lado


actuar sobre o sistema implementado e, por outro, sobre o trabalho que
cada pessoa executa, de modo a obter-se o menor número de erros
possível.

De uma forma sintética poder-se-á dizer que um sistema de controlo


interno consiste, fundamentalmente, num plano de organização
destinado a cumprir, entre outros, com os seguintes objectivos:

Obter informação financeira atempada e fidedigna;

Proporcionar uma garantia razoável de que as transacções


são autorizadas e executadas de acordo com a delegação de
competências e segregação de funções existente dentro da
organização;

Proporcionar o cumprimento de normas internamente


estabelecidas e das diversas disposições legais;

Permitir a realização dos objectivos previamente definidos,


utilizando da forma mais eficiente os recursos disponíveis;

Proporcionar a salvaguarda dos activos da empresa;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 31


Auditoria Financeira

Prevenir e detectar eventuais erros e fraudes;

Permitir a responsabilização dos diversos intervenientes no


processo de organização e gestão da empresa.

O American Institute of Certified Public Accountants (AICPA),


caracteriza o controlo interno em dois grandes tipos de controlo:

Controlo Interno Administrativo, que contém o plano de


organização e os procedimentos e registos que se relacionam
com os processos de decisão. É sobretudo um controlo sobre
a eficiência e eficácia das áreas operacionais, tendo apenas
uma influência indirecta nas demonstrações financeiras. Pelo
contrário, o

Controlo Interno Contabilístico tem grande influência nas


demonstrações financeiras, podendo afectar
significativamente os registos contabilísticos (e
consequentemente as demonstações financeiras finais), razão
pela qual deve merecer uma atenção muito especial quer por
parte do auditor interno, quer, sobretudo, por parte do
auditor externo. Especificamente, compreende o plano da
organização e os registos e procedimentos que se relacionam
com a salvaguarda dos activos e com a confiança que
inspiram os registos contabilísticos.

Os sistemas de controlo interno divergem, naturalmente, de empresa


para empresa e muito significativamente entre uma grande e uma
pequena empresa. Empresas há em que a dimensão não permite uma
adequada segregação de funções, nem a relação custo benefício justifica
a implementação dos sistemas considerados adequados.

OS PROCEDIMENTOS DO CONTROLO INTERNO

Estes procedimentos são susceptíveis de serem aplicados em qualquer


organização, e visam assegurar que:

Todas as transacções que devam ser registadas, o são de


facto;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 32


Auditoria Financeira

Eventuais transacções fictícias ou duplicadas não são incluídas


nos registos;

Os valores monetários atribuídos às transacções registadas


são correctos;

As transacções são reflectidas nos registos do período


contabilístico adequado;

As transacções são adeqadamente classificadas do ponto de


vista contabilístico;

Todos os débitos e créditos nos registos financeiros são


adequadamente acumulados;

Seguidamente serão apresentados os procedimentos de controlo interno


genéricos relacionados com cada uma das áreas do património da
empresa (estruturadas com base nas contas do Plano Oficial de
Contabilidade – P.O.C.).

4.1 Área de caixa e depósitos bancários

PPaaggaam
meennttooss eem
m ddiinnhheeiirroo
Os pagamentos normais a terceiros devem ser realizados através dos
bancos (por cheque, transferência bancária ou ordem permanente de
pagamento); apenas pequenos pagamentos poderão ser efectuados em
dinheiro, nomeadamente selos, transportes públicos, táxis, entre outros.

Para tal deve constituir-se um fundo fixo de caixa, o qual deverá ser
reposto periodicamente (por exemplo, no final de cada semana ou
quando o numerário em caixa atinja um limite que se considere mínimo),
e sempre no último dia de cada mês.

Para cada pagamento, o responsável pelo fundo deve constatar a


autenticidade do documento de suporte e verificar se o mesmo foi
devidamente aprovado, procedendo ao seu registo na folha de caixa.

No momento da reposição do fundo, deve emitir-se um cheque


nominativo, à ordem do responsável do fundo, pelo valor correspondente
aos documentos entretanto pagos. Será então nesse momento que esses
documentos serão contabilizados nas respectivas contas de custos.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 33


Auditoria Financeira

PPaaggaam
meennttooss ppoorr cchheeqquuee

A emissão de cheques deve estar a cargo de um responsável, o qual


deve manter um arquivo (cópia) de cada cheque emitido.

Todos os cheques deverão ser emitidos nominativamente e cruzados.


Cada cheque deverá ser assinado normalmente por duas pessoas,
apenas na presença dos respectivos documentos de suporte,
previamente conferidos e aprovados. Esses documentos de suporte
devem ser carimbados com a menção “PAGO”, a fim de evitar que
possam ser apresentados para emissão de novo cheque.

PPaaggaam
meennttooss ppoorr ttrraannssffeerrêênncciiaa bbaannccáárriiaa

Este sistema apresenta as seguintes vantagens principais:

A ordem transferência pode ser feita de forma padronizada


(carta pré-impressa);

As pessoas que assinam a ordem de transferência só têm de


o fazer uma vez;

O lançamento a crédito da conta de depósitos à ordem é feito


pelo total da transferência, facilitando o processo de
reconciliações bancárias.

R
Reecceebbiim
meennttooss

Todas as importâncias recebidas pela empresa devem ser diária e


integralmente depositadas nos bancos.

Relativamente a valores recebidos pelo correio, a correspondência deverá


ser aberta por empregado que não tenha quaisquer funções nas secções
de contabilidade e tesouraria. Além do registo no livro da
correspondência recebida, deve ser emitida diariamente uma listagem de
valores recebidos, indicando:

Nome do cliente, data e referência da carta;

Número de cheque, banco sacado e respectivo valor; ou

Número do vale de correio e respectivo valor.

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Auditoria Financeira

No caso de cheques, devem os mesmos ser imediatamente cruzados (ou


a pôr-lhes um carimbo de “Válido só para depósito” ou “Para levar em
conta”.

A listagem de valores recebidos deverá ser emitida em três vias:

Original, para a tesouraria;

Duplicado, que acompanha o original e que se destina a


ser devolvido à pessoa responsável pela abertura do
correio, devidamente rubricada depois de terem sido
conferidos os valores enviados;

Triplicado, para o responsável financeiro, a fim de o


mesmo poder verificar posteriormente se os valores
foram integralmente depositados no mesmo dia.

Após a conferência dos valores, deverá preencher-se os respectivos


talões de depósito, cuja autenticidade deve ser posteriormente
verificada.

O registo nas contas de razão (depósito à ordem e clientes) poderá ser


efectuado com base no duplicado do talão de depósito.

EEllaabboorraaççããoo ddee R
Reeccoonncciilliiaaççõõeess BBaannccáárriiaass

Deverá proceder-se mensalmente, por responsável que não pertença à


secção de tesouraria e que não tenha acesso às contas-correntes (em
termos de registo contabilístico), à reconciliação de todas as contas de
depósitos à ordem.

Estas reconciliações devem ser visadas pelo responsável pela


contabilidade e/ou responsável financeiro.

Os itens de reconciliação que apareçam dois meses consecutivos na


reconciliação deverão ser adequadamente investigados.

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4.2 Área de vendas e outras operações com clientes

Para a generalidade das empresas, as vendas a crédito constituem a


grande maioria dos proveitos gerados no decurso da sua actividade
operacional. Como consequência desse facto, as dívidas a receber de
clientes representam frequentemente uma parcela significativa do activo
circulante e até mesmo do activo total de muitas empresas.

A
AAAp
prroovvaaççããoo d
daa V
Veen
nddaa

De um modo geral, uma venda tem origem num documento enviado pelo
cliente (nota de encomenda ou ordem de compra). No caso de
encomendas pelo telefone, é aconselhável que o comprador confirme
posteriormente por escrito o pedido.

A aprovação da venda pode implicar os seguintes aspectos:

Constatação da existência em armazém do artigo e das


quantidades encomendadas;

Confirmação da possibilidade de produção do artigo com as


características solicitadas pelo cliente;

Concessão de crédito.

Relativamente a esta última questão, tratando-se de cliente habitual,


deverá existir uma indicação devidamente aprovada do limite máximo de
crédito a conceder ao cliente. Nesse caso a secção de crédito consulta a
ficha do cliente e verifica se as suas responsabilidades totais (conta
corrente e letras, incluindo as já descontadas mas ainda não vencidas) se
enquadram dentro dos limites de crédito. Será também apropriado
consultar o balancete de antiguidade de saldos, para concluir se o cliente
tem vindo a pagar dentro dos prazos normais que lhe são concedidos.

No caso de clientes novos, a encomenda só deverá ser aprovada depois


de se obterem informações comerciais do cliente em causa (obtidas junto
de bancos ou de empresas especializadas).

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 36


Auditoria Financeira

A nota de encomenda / ordem de compra deve evidenciar as aprovações


de venda referidas em epígrafe.

D
Dooccu
ummeen
nttooss rreellaacciioon
naad
dooss ccoom
m aa vveen
nddaa

Após a aprovação da venda, devem ser emitidos pela secção de


facturação, de preferência simultaneamente, os seguintes documentos:

Ordem de expedição – original para o armazém e duplicado


para arquivo na facturação;

Guia de remessa – original para o cliente, acompanhando as


mercadorias (deverá ter um talão destacável, no qual conste
uma declaração a ser assinada pelo cliente, comprovando a
recepção das mercadorias); duplicado acompanhando também
as mercadorias (para as entidades a quem compete a
fiscalização do transporte de mercadorias); triplicado para
arquivo da facturação e quadruplicado para a contabilidade;

Factura – original para o cliente e enviado por correio;


duplicado para a secção de contabilidade, a fim de serem
efectuados os registos nas contas correntes; triplicado
arquivado na secção de cobranças por data de vencimento e
por ordem alfabética de clientes, para controlo da respectiva
cobrança (no caso de ser emitido recibo em simultâneo, esta
via torna-se dispensável) e quadruplicado para arquivo na
facturação.

O artigo 35º do Código do IVA determina que as facturas devem ser


emitidas o mais tardar no 5º dia útil após o momento em que o imposto
(IVA) é devido, e que as mesmas devem ser datadas, numeradas
sequencialmente e conter os seguintes elementos:

Os nomes, firmas ou denominações sociais e a sede ou


domicílio do vendedor e do adquirente, bem como os
correspondentes números de identificação fiscal

A quantidade e denominação usual dos bens transmitidos ou


dos serviços prestados, com especificação dos elementos
necessários à determinação da taxa aplicável;

O preço, líquido de imposto, e os outros elementos incluídos


no valor tributável;

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Auditoria Financeira

As taxas aplicáveis e o montante de imposto devido;

O motivo justificativo da não aplicação de imposto, se for


caso disso.

Recibo – existem dois procedimentos geralmente adoptados:

Emitir o recibo juntamente com a factura, ficando o mesmo


à guarda da secção de cobranças;e

Emitir o recibo só depois de efectuado o pagamento pelo


cliente.

A segunda opção é preferível em muitas circunstâncias, principalmente


quando o cliente efectua pagamentos por conta, paga de urna só vez
diversas facturas, por vezes deduzidas de notas de crédito, ou solicita a
titulação das dívidas. O recibo deve ser emitido pelo menos em
triplicado, sendo:

Original, para o cliente;

Duplicado, para anexar ao talão de depósito bancário;

Triplicado, para arquivo da tesouraria, por ordem numérica.

Actualmente, assiste-se a uma tendência para abandonar a emissão de


recibos, sendo normalmente invocada a não obrigatoriedade fiscal. As
exigências fiscais não podem, obviamente, deixar de ser tomadas em
consideração na definição de um sistema de controlo interno, mas a
inexistência de tal obrigação não deve servir para justificar a não
adopção dos procedimentos que se considerem necessários a tal
controlo.

O
O ccoonnttrroolloo ddaass ccoonnttaass ee ttííttuullooss aa rreecceebbeerr

O controlo das contas e títulos a receber é feito geralmente através de


fichas individuais por cliente, de acordo com as respectivas contas
(corrente, títulos a receber).

No final de cada mês há que elaborar balancetes de todas as contas


subsidiárias das contas de clientes e outros devedores. O somatório dos
balancetes das contas subsidiárias deve coincidir com o saldo da conta
principal, devendo as eventuais divergências ser investigadas e
prontamente regularizadas.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 38


Auditoria Financeira

Periodicamente, devem ser enviados aos clientes pedidos de confirmação


de saldos, incluindo a respectiva decomposição. Este trabalho deve ser
feito por alguém que não exerça funções relacionadas com cobranças,
tesouraria e contas correntes.

Deve preparar-se mensalmente um balancete de clientes por antiguidade


de saldos, de forma a detectar os clientes que se vão atrasando no
pagamento (secção de cobranças), para planear o fluxo de recebimentos
a curto prazo (tesouraria) e para análise e cálculo das provisões para
cobranças duvidosas (contabilidade).

A emissão de notas de crédito sujeita-se a ser sempre autorizada por


empregado com responsabilidade para tal. Qualquer nota de crédito deve
ser euportada com o documento que a justifique (p.e., guia de devolução
ou reentrada em armazém, com indicação do estado das mercadorias) ou
proposta fundamentada para a sua emissão.

Todos aqueles documentos devem ser processados em impressos


numerados, seguida e tipograficamente ou através de mecanismos de
saída do computador, com uma ou mais séries, convenientemente
referenciadas.

4.3 Área de compras e outras operações com fornecedores

CCoonnssttaattaaççããoo ddaa nneecceessssiiddaaddee ddee ccoom


mpprraa

Qualquer compra só deve ser iniciada após ter sido transmitida à


respectivo secção uma necessidade de compra. Esta necessidade deve
ser materializada num “pedido de compra” emitido, pelo menos, em
duplicado, sendo o original enviado para a secção de compras e o
duplicado voltar para o serviço que o solicitou.

Os processos relativos às compras têm normalmente origem no sector da


empresa que tem a seu cargo a gestão de stocks, embora qualquer outro
sector possa dirigir à secção de compras um pedido referente a bens não
armazenáveis ou a serviços.

PPeessqquuiissaa ee sseelleeccççããoo ddoo ffoorrnneecceeddoorr

Na posse do “pedido de compra”, a secção de compras deverá dar início


à pesquisa do fornecedor mais indicado para dar resposta às
necessidades da empresa, através de:

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 39


Auditoria Financeira

Consulta dos ficheiros próprios;

Consultas directas a fornecedores;

Lançamento de concursos públicos.

Qualquer secção de compras deve dispor de informação organizada,


completa e actualizada sobre os produtos normalmente consumidos pela
empresa e sobre as entidades que os fornecem, pelo que a existência de
um ficheiro por produtos e outro por fornecedores é de toda a
conveniência.

A informação disponível deve permitir a escolha mais favorável. Em caso


de compras significativas, ou de bens pedidos pela primeira vez, devem
ser solicitadas condições aos principais fornecedores existentes (mínimo
de três) podendo recorrer-se, em situações especiais, a abertura de
concursos públicos.

Nas consultas efectuadas a fornecedores devem ser claramente indicados


a especificação e quantidade dos artigos pretendidos e o prazo para
entrega das propostas, sendo que a forma como os pedidos de consulta
são formalizados (por fax, carta, telefone ou outra) deve ser definida no
manual de procedimentos.

Em muitas circunstâncias pode revelar-se vantajoso a formalização de


contratos de fornecimento anual, na medida em que:

Quanto maiores forem as quantidades ou os períodos de tempo


considerados na negociação maiores descontos podem ser
obtidas dos fornecedores;

É susceptível de reduzir o custo de passagem das encomendas;

A existência de um planeamento das necessidades entregue


atempadamente ao fornecedor é ainda susceptível de fazer
reduzir a imobilização em stocks.

FFoorrm meennddaa
maalliizzaaççããoo ee ccoonnttrroolloo ddaa eennccoom

Após a secção de compras ter seleccionado o fornecedor deverá emitir


um documento – a nota de encomenda – que deverá mencionar as
quantidades e todas as especificações dos artigos a adquirir, preço
unitário, descontos, prazos de entrega e pagamento, etc. A nota de

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 40


Auditoria Financeira

encomenda deverá ser aprovada não só pelo responsável pela secção de


compras, mas também pelo responsável financeiro de modo a que este
possa incluir o pagamento da factura no seu plano de tesouraria. Deve
ser emitida em quatro exemplares, com os seguintes destinatários:

Original – Fornecedor;

Duplicado – Contabilidade

Triplicado - Compras

Quadruplicado – Armazém. Deve omitir as quantidades, para


de que possa ser utilizada como guia de recepção e garanta a
neutralidade no processo de conferência.

A secção de compras deve manter um controlo apropriado sobre as


encomendas em curso, considerando-as encerradas só depois de
completamente satisfeitas. O controlo da actuação do fornecedor no que
respeita a prazos de entrega, qualidade dos produtos entregues e ao
cumprimento das condições acordadas é factor relevante a tomar em
consideração em futuras negociações.

Uma secção de compras devidamente organizada deve produzir


estatísticas de compra relativas aos diversos fornecedores,
proporcionando informações sobre:

Volume anual de compras

Compras por artigos - em valores e em quantidades

Reclamações dos serviços requisitantes

Reclamações apresentadas junto do fornecedor, agrupadas em


função das causas subjacentes.

R meennddaaddooss
Reecceeppççããoo ddooss pprroodduuttooss eennccoom

A recepção dos produtos encomendados deve ser alvo de dois tipos de


procedimento:

Quantitativo - conferência das quantidades remetidas pelo


fornecedor;

Qualitativo - para o qual nem sempre o armazém de recepção


dispõe de adequada competência. A cópia da nota de

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 41


Auditoria Financeira

encomenda sem evidenciação das quantidades constituirá um


bom elemento para utilizar na conferência.

CCoonnffeerrêênncciiaa ddee ffaaccttuurraass ddee ffoorrnneecceeddoorreess

Em condições normais, quando a factura do fornecedor chega à


contabilidade, já lá se encontram os documentos necessários à sua
conferência, nomeadamente:

Cópia da nota de encomenda / ordem de compra / contrato;

Original da guia de remessa do fornecedor;

Original da guia de recepção / guia de entrada em armazém

A conferência da factura inclui dois aspectos: a confirmação de que o


fornecedor está a facturar o que foi encomendado (e recebido) nas
condições acordadas e a verificação que os cálculos da factura estão
aritmeticamente correctos.

A factura (original) deverá apresentar prova (evidência) de que foi


apropriadamente conferida e o seu pagamento autorizado. Os duplicados
da factura deverão ter visível o carimbo com a indicação “Duplicado”.

Após a conferência da factura deverá a mesma ser classificada


contabilisticamente, com a indicação dos códigos da conta ou contas a
debitar e do código da conta do fornecedor.

nttrroolloo ddaass ddíívviiddaass aa ppaaggaarr aa ffoorrn


Coon
C uttrrooss ccrreeddoorreess
neecceeddoorreess ee oou

O controlo faz-se geralmente através da escrituração de fichas


individuais para cada uma das contas (corrente, facturas em recepção e
conferência, títulos a pagar).

No final de cada mês, haverá que elaborar balancetes de todas as contas


subsidiárias de fornecedores e de outros credores. Para efeitos de
planeamento de tesouraria será útil que esses balancetes sejam
preparados de acordo com a antiguidade dos saldos.

O somatório dos saldos dos balancetes deverá coincidir com o saldo da


conta principal. Eventuais divergências deverão ser investigadas e
prontamente regularizadas.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 42


Auditoria Financeira

Coon
C nttrroolloo ddaass ddíívviiddaass aa ppaaggaarr aa ffoorrn
nttaabbiilliizzaaççããoo ee ccoon neecceeddoorreess

O controlo dos débitos a terceiros é feito geralmente através da


elaboração de fichas individuais para cada uma das respectivas contas
(corrente, facturas em recepção e conferência, títulos a pagar, etc.).

As compras efectuadas ao estrangeiro deverão ser objecto de codificação


própria e nas fichas individuais deverão constar os valores em Euros e
nas respectivas divisas.

No final de cada mês haverá que elaborar balancetes de todas as contas


subsidiárias das contas de fornecedores, os quais devem conter, além da
informação tradicional (movimento do mês, valores acumulados e
saldos), uma coluna para evidenciação das compras efectuadas a cada
fornecedor

Deve existir controlo apropriado sobre dívidas tituladas, com a


possibilidade de obter relações de letras a cada momento, agrupadas por
número de ordem, por fornecedor, por data de vencimento, por valor e
por data de emissão.

Devem ainda ser objecto de comunicação à Contabilidade, e de adequado


registo, as devoluções efectuadas a fornecedores a aguardar a recepção
da correspondente nota de crédito.

Por último, as contas de fornecedores devem ser objecto de conferência


sistemática e conciliadas com os saldos constantes dos registos dos
fornecedores, pelo menos, no final de cada ano.

4.4 Área de custos e operações com o pessoal

Num primeiro momento, deve ser claramente definida a posição da


secção de pessoal na estrutura organizativa da Empresa.

Posteriormente deve ser elaborado um manual de procedimentos que


regulamente, entre outros, os seguintes aspectos inerentes ao pessoal:

Processos de admissão;

Controlo de tempos;

Comunicação e justificação de faltas;

Horas extraordinárias (autorização, controlo, registo e


pagamento);

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 43


Auditoria Financeira

Processamento e pagamento de remunerações;

Ajudas de custo;

Deslocações em viatura própria;

Higiene e segurança;

Adiantamentos.

A secção de pessoal deve constituir, para cada um dos trabalhadores


admitidos:

Processo individual, onde deverão ser arquivados todos os


documentos que levaram à admissão do empregado, desde a
fotocópia do anúncio à decisão de admissão;

Ficha individual, que deve ser um resumo do processo


individual e estar permanentemente actualizada. Deverá incluir
um conjunto de dados pessoais do candidato e informações
relativas ao seu percurso na empresa, tais como categoria
profissional, ordenado inicial e sua evolução, períodos de férias,
faltas, entre outras (tendo o cuidado de restringir o acesso a
estes ficheiros).

Além das anteriormente referidas, sugerem-se as seguintes medidas de


controlo interno:

Deve existir na secção de pessoal um calendário das diversas


obrigações legais e fiscais e um arquivo, permanentemente
actualizado, incluindo toda a legislação de natureza laboral e
fiscal aplicável;

A secção de pessoal deve dispor de um sistema de arquivo


apropriado, no qual constem todas as declarações e
documentos emitidos por exigência das diferentes disposições
legais e fiscais, bem como as cópias das guias de pagamento
dos diferentes impostos e contribuições;

A secção de pessoal deve diligenciar pelo cumprimento das


obrigações previstas na lei, entre as quais se destacam:

A elaboração e afixação dos quadros de pessoal;

A elaboração do Balanço Social, quando aplicável;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 44


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A afixação dos horários de trabalho;

A afixação dos mapas de férias;

A obtenção da aprovação das isenções de horário de


trabalho;

PPrroocceessssaam
meennttoo ee ppaaggaam muunneerraaççõõeess
meennttoo ddee rreem

O processamento de remunerações deve ser efectuado na secção de


pessoal com base no sistema de controlo de tempos adoptado pela
Empresa.

A folha de processamento deve ser objecto de conferência, numa base de


amostragem, no sentido de confirmar a adequação das remunerações
processadas e dos descontos efectuados ao trabalhador (segurança
social, IRS, imposto do selo e outros). Deve ser aprovada pelo
responsável pela secção de pessoal e pelo director financeiro.

Sempre que possível os pagamentos não deverão ser feitos em dinheiro,


mas sim através dos bancos (cheques ou transferência bancária). No
caso de ser absolutamente imperioso pagar os ordenados em dinheiro, o
cheque destinado ao seu levantamento deve ser emitido pelo valor total
líquido a pagar e à ordem do tesoureiro da empresa.

Os ordenados eventualmente não levantados deverão ficar retidos dentro


de envelopes individuais à guarda do tesoureiro durante um curto espaço
de tempo. Caso a situação se mantenha, os envelopes deverão ser
depositados numa conta bancária em nome da empresa, creditando-se
as contas correntes dos respectivos empregados.

Deve haver uma conta bancária específica para este tipo de pagamentos,
a qual deverá ser mensalmente provida pelo valor total líquido a pagar e
regularmente reconciliada.

No acto do pagamento da retribuição deve ser entregue ao trabalhador


um documento (recibo de retribuição) de onde constem os seguintes
elementos:

Nome completo do trabalhador;

Número de beneficiário da Segurança Social;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 45


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Período a que respeita a retribuição;

Número de identificação fiscal do trabalhador;

Categoria profissional;

Discriminação das remunerações;

Discriminações dos descontos e deduções efectuados;

Quantia líquida a receber.

H
Hoonnoorráárriiooss

O controlo dos honorários pagos a trabalhadores independentes deve


pertencer à secção de pessoal, a qual deve primar a sua actuação pelo
cumprimento das disposições constantes do Código do IRS,
nomeadamente as do artigo 114º. As informações prestadas pela secção
de pessoal devem ser conciliadas com a contabilidade.

BBaallaannççoo SSoocciiaall

De acordo com a Lei nº 141/85, de 14 de Novembro, alterada pelo


Decreto-Lei nº 9/92, de 22 de Junho, as empresas que no termo de cada
ano civil tenham um número de 100 trabalhadores ao seu Serviço,
qualquer que seja o seu regime contratual, estão obrigadas à elaboração,
até 31 de Março do ano seguinte, do Balanço Social, o qual deve ser
apresentado em conjunto com as demonstrações financeiras anuais.

De entre as diversas infomações que deverão ser incluídas no Balanço


Social, é de destacar as seguintes:

Repartição e outras informações sobre o emprego

Remunerações e encargos sociais

Condições de higiene e segurança

Formação profissional

Relações de trabalho

Acção social.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 46


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4.5 Área de existências

As existências são frequentemente consideradas como activos


susceptíveis de constituir problemas contabilísticos, administrativos e
financeiros, não surpreendendo, portanto, o objectivo das empresas de
funcionar com o menor stock possível. No entanto, as existências
representam frequentemente parcelas importantes do activo, o que,
associado à influência que podem ter na determinação dos resultados,
exige um adequado sistema de controlo interno, ao qual devem estar
associados os seguintes procedimentos genéricos:

Sempre que possível deve existir uma adequada segregação de


funções, assegurando que as operações de autorização,
contabilização, controlo e salvaguarda dos activos recaiam
sobre diferentes pessoas;

Todos os documentos inerentes à movimentação e controlo das


existências devem ser pré-numerados tipograficamente ou
através de sistema informático.

Devem estar claramente definidas as regras de armazenagem,


de higiene e de segurança.

Deve existir um manual de procedimentos e de políticas


contabilísticas que regulamente os diversos aspectos inerentes
à área das existências, nomeadamente no que respeita a:

Determinação do custo de aquisição e/ou de produção;

Sistema de inventariação - permanente ou periódico - e


método de custeio a adoptar;

Critérios de provisionamento de bens obsoletos e/ou


sem rotação;

Controlo contabilístico dos bens existentes fora da


empresa: consignações, armazenados em instalações
de terceiros, sujeitos a operações industriais prévias,
etc.;

Recuperação de existências usadas;

Inventariações físicas;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 47


Auditoria Financeira

Procedimentos a observar no “corte” de operações;

Deve existir uma adequada gestão dos seguros relacionados


com existências cobrindo os riscos por danos provocados nas
mesmas e os eventuais prejuízos resultantes da cessação
temporária da actividade (lucros cessantes);

Deve existir uma adequada gestão de stocks que defina,


sempre que possível, os diversos níveis de stocks, as
quantidades económicas a encomendar e a periodicidade
económica das encomendas;

Devem ser definidos sistemas adequados no que se refere ao


controlo físico das existências.

Reecceeppççããoo ee een
R nttrraaddaa eem maazzéém
m aarrm m

Como foi referido na área de compras e outras operações com


fornecedores, acontece muitas vezes que a recepção está directamente
ligada ao próprio armazém. Por essa razão não se justifica a emissão de
uma guia de entrada em armazém, sendo este documento substutuído
pela guia de recepção. No entanto, no caso de ser aplicável, a guia de
entrada em armazém deve ser emitida com os seguintes exemplares:

Original, para a secção de controlo de stocks registar as


quantidades entradas;

Duplicado, para a contabilidade;

Triplicado, para a secção de compras;

Quadruplicado, para o arquivo do próprio armazém.

As quantidades constantes da guia de recepção devem ser confrontadas


com a guia de remessa do fornecedor originando recontagens sempre
que se verifiquem discordâncias.

A
Arrm
maazzeennaaggeem
m,, m meennttaaççããoo ee ssaaííddaa ddaass eexxiissttêênncciiaass
moovviim

Ainda que para efeitos contabilísticos o custo de aquisição englobe


apenas o preço de compra e todas as despesas necessárias até colocar o
bem em condições de poder ser utilizado ou vendido, existem outros
custos que estão subjacentes às próprias existências, nomeadamente:

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 48


Auditoria Financeira

Custo de posse do stock (rendas ou amortizações das


instalações, seguros, encargos com a movimentação, riscos de
obsolescência, entre outros);

Custo de efectivação das encomendas que incluirá, entre


outros, os custos suportados com a existência de uma secção
de compras.

No sentido de minorar estes custos, é essencial que os processos de


armazenagem e de movimentação das existências se encontrem
perfeitamente definidos, pelo que é fundamental que:

Exista uma disposição lógica dos armazéns face ao fim a que


os bens se destinam e à necessidade de minimizar os
percursos, quer de materiais, quer de pessoas;

Os locais de armazenagem e os diferentes bens estejam


adequadamente referenciados e sejam de fácil acesso,
permitindo que quer a arrumação quer a retirada se efectuem
da forma mais fácil possível;

Os bens estejam adequadamente protegidos contra riscos de


obsolescência;

O acesso ao armazém deve seja vedado a pessoas que lhe


são estranhas;

A localização dos bens no armazém tenha em consideração a


frequência com que normalmente os mesmos são
requisitados;

Os bens com a mesma referência estejam, preferencialmente,


armazenados no mesmo local. A existência de um mesmo
bem em diversas zonas do armazém propicia a ocorrência de
erros em qualquer processo de inventariação;

Se encontre claramente definida e identificada a unidade de


medida das diversas existências. A deficiente informação
relativamente à unidade de medida constitui outra causa para
os erros cometidos nos inventários;

Os bens obsoletos e sem rotação sejam armazenados em


local próprio para o efeito, libertando a área de armazenagem
para os bens de movimentação normal. Por outro lado, deve

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 49


Auditoria Financeira

ser equacionada a possibilidade de serem vendidos como


refugo ou sucata.

As saídas de existências dos armazéns deverão ser efectuadas com base


em documentos internos, como por exemplo, requisições da produção ao
armazém de matérias primas ou ordens de expedição emitidas pela
secção de facturação ao armazém de mercadorias ou ao armazém de
produtos acabados. Com base em tais documentos o armazém emitirá
uma guia de saída de armazém com os seguintes exemplares:

Original, para a secção de controlo de stocks registar as


quantidades saídas;

Duplicado, para a contabilidade;

Triplicado, para a secção requisitante, e

Quadruplicado, para o arquivo do próprio armazém

Em empresas de pequena dimensão é aceitável que um exemplar da guia


de remessa substitua a guia de saída, ao passo que nas empresas
industriais, toda a movimentação de existências entre as diversas fases
da produção deverá ser efectuada com base em guias de transferência,
relatórios ou folhas de produção.

CCoonnttrroolloo ffííssiiccoo ddaass eexxiissttêênncciiaass

O controlo físico das existências, além de pressupor uma adequada


recepção e um correcto controlo das saídas, exige que as mesmas sejam
objecto de inventariação ou contagem periódica, qualquer que seja o
sistema contabilístico adoptado:

No sistema de inventário intermitente a contagem física é


fundamental à elaboração do Balanço e à determinação do
resultado do exercício, pelo que a inventariação tem que ser
global e efectuada no final de cada exercício;

Em sistema de inventário permanente os elementos


contabilísticos existentes devem permitir que, em qualquer
momento, possam ser preparadas demonstrações financeiras
sem necessidade de qualquer inventariação para o efeito. No
entanto, as contagens físicas continuam a ser fundamentais

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 50


Auditoria Financeira

como forma de certificar a informação contabilística, podendo,


neste sistema de inventário, a contagem física anual e global ser
substituída por contagens parcelares efectuadas ao longo do ano,
evitando as paragens, sempre onerosas, que um inventário
global acarreta.

As contagens físicas, pela importância que têm no controlo das


existências e na elaboração das demonstrações financeiras,
principalmente quando a empresa adopta o sistema de inventário
periódico, devem ser objecto de adequada preparação, a qual deve
englobar, entre outros, os seguintes aspectos:

Planeamento atempado das contagens com aviso prévio a


clientes e a fornecedores, se as mesmas exigirem uma
paralisação que justifique tal procedimento;

Elaboração de instruções escritas;

Definição da forma de anotação das contagens. Se através de


listas, incluindo as designações, mas não as quantidades dos
produtos que teoricamente devem existir em certo local
(sector, estante ou prateleira) ou se através de talões a colocar
junto de cada uma das referências a inventariar;

As instruções escritas são fundamentais à boa execução de um inventário


e devem prever, pelo menos, os seguintes aspectos:

Definição da data ou datas do inventário e respectivos horários;

Identificação dos armazéns e definição do âmbito do inventário;

Procedimentos a observar quanto à limpeza dos armazéns e


arrumação das existências, de modo a evitar que uma mesma
referência possa existir em vários locais do mesmo armazém;

Definição do responsável pelo inventário e das pessoas


envolvidas no processo de contagem, indicando a constituição
das equipas e a sua afectação a locais de contagem;

Actualização do ficheiro de stocks através da inserção de todas


as entradas e saídas;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 51


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Obtenção de listas, após a referida actualização, contendo pelo


menos os seguintes elementos:

Identificação dos artigos (código e designação);

Localização dos artigos;

Quantidade em armazém, custo unitário e valor;

Indicações quanto ao preenchimento das listas ou dos talões,


nomeadamente no que se refere à inscrição de observações
quanto ao estado ou à rotação dos bens;

Assinatura das folhas de contagem;

Definição de uma ou mais equipas responsáveis pela execução


de recontagens;

Procedimentos a observar quanto às diferenças existentes entre


as recontagens e as contagens iniciais;

Definição das pessoas destacadas para apoiar o trabalho de


auditoria, quando exista;

Caso a empresa funcione em sistema de inventário permanente,


quais os procedimentos a observar quanto à comparação das
contagens efectuadas com as constantes dos respectivos
ficheiros;

Procedimentos a verificar quanto ao “corte de operações”,


evitando que produtos recepcionados ou expedidos num exercício
e com interferência no resultado da contagem, sejam facturados
e contabilizados em exercício diferente. Para evitar tais
anomalias, é aconselhável que as guias de entrada e de saída
emitidas nos quatro ou cinco dias imediatamente anteriores e
posteriores à data do inventário sejam carimbadas com
referência apropriada. Em empresas que adoptam o sistema de
inventário intermitente pode acontecer com alguma facilidade
(especialmente em casos de importação) a factura ser
contabilizada como compras, sem que a existência, por não ter
sido recebida no próprio exercício, seja considerada no cômputo
das existências finais;

Procedimentos a observar quanto a existências em trânsito, à


consignação ou à guarda de terceiros;

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Procedimentos a observar relativamente a produtos existentes


mas não pertencentes à empresa (produtos já vendidos e
facturados, produtos à guarda de fornecedores ou relativos a
consignações de conta alheia).

CCoonnttrroolloo ccoonnttaabbiillííssttiiccoo ddaass eexxiissttêênncciiaass

O controlo contabilístico das existências faz-se fundamentalmente


através da existência e manutenção do sistema de inventário
permanente, pois permite, em qualquer momento, dar a conhecer as
quantidades em stock, o respectivo custo e o custo das mercadorias
vendidas e das matérias consumidas.

A par de um adequado sistema de inventário permanente, a empresa


deve dispor de informação apropriada e tempestiva sobre a rotação das
diversas categorias de existências e, bem assim, das eventuais situações
de obsolescência. Estas informações são fundamentais à avaliação da
probabilidade de realização das existências e, consequentemente, da
necessidade de eventuais provisões a constituir.

Nas empresas industriais exige-se a organização de um sistema de


contabilidade de custos, que permita a determinação do respectivo custo
de produção e a valorização da produção acabada e em curso no final de
cada exercício.

4.6 Área de imobilizações incorpóreas e custos diferenciados

Na grande maioria das empresas as imobilizações incorpóreas e os


custos diferidos não são materialmente relevantes em relação aos
respectivos activos totais. Não obstante, devem existir procedimentos
escritos, devidamente aprovados pelo órgão de gestão, relacionados com
os aspectos mínimos de controlo interno.

No que se refere aos procedimentos básicos aplicam-se, com as


necessárias adaptações, os que foram referidos relativamente às
compras e outras operações com fornecedores.

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Dos procedimentos específicos de controlo interno que devem ser


implementados nesta área, realçam-se os seguintes:

O estudo da viabilidade económica dos activos incorpóreos em


que a mesma seja aplicável (por exemplo: despesas de
investigação e desenvolvimento, marcas, patentes, concessões,
etc.), antes da aquisição ou desenvolvimento dos mesmos;

A definição da política de capitalização dos activos incorpóreos


adquiridos no exterior e dos que forem desenvolvidos pela
própria empresa, assim como dos custos diferidos;

Controlo dos custos incorridos com o desenvolvimento, pela


própria empresa, de activos incorpóreos;

Realização dos registos no âmbito do Código da Propriedade


Industrial;

Preparação de uma ficha individual dos incorpóreos e controlo


da sua numeração tipográfica ou através de computador;

Comparação, conta a conta, do total do ficheiro com os


respectivos saldos constantes do razão, quer nas contas de
custo, quer nas relativas às amortizações de cada ano e às
amortizações acumuladas;

Definição da política de amortizações dos activos incorpóreos


(normais e extraordinárias) e do respectivo método de cálculo;

Procedimentos relativos à análise periódica do valor


contabilístico dos activos incorpóreos (activo bruto deduzido
das amortizações acumuladas) e dos saldos das contas de
custos diferidos, com o objectivo de decidir sobre eventuais
anulações dos mesmos;

Arquivo específico dos documentos relacionados com as


aquisições;

Aprovação escrita, por um membro do órgão de gestão, de


lançamentos contabilísticos não usuais.

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4.7 Área de mobilizações corpóreas

A aquisição de imobilizado corpóreo envolve, em grande número de


casos, responsabilidades significativas, pelo que a tomada de decisões
sobre a política destes investimentos deve caber directamente ao órgão
de gestão.

Os aspectos essenciais a ter em linha de conta aquando da aquisição de


bens do imobilizado corpóreo são, grosso modo, semelhantes aos que
dizem respeito às compras de existências: uma vez tomada a decisão de
aquisição de imobilizado, há que seleccionar o respectivo fornecedor,
emitir uma nota de encomenda ou celebrar um contrato, recepcionar o
bem e conferir a factura do fornecedor.

Do ponto de vista do controlo interno (e bem assim do contabilístico),


deve existir um manual do imobilizado corpóreo, o qual deve referir-se
aos seguintes aspectos:

Definição da política de capitalização dos bens adquiridos no


exterior e dos bens construídos pela própria empresa, incluindo o
tratamento contabilístico dos custos financeiros incorridos;

Controlo dos custos incorridos com os trabalhos para a própria


empresa;

Política contabilística relacionada com as benfeitorias;

Política de reavaliações;

Definição da política de amortizações (normais e extraordinárias)


e do respectivo método de cálculo e regime (anual; mensal);

Contagens físicas dos bens do imobilizado e sua comparação com


o respectivo ficheiro e com os registos contabilísticos;

Controlo das transferências de localização dos bens;

Procedimentos contabilísticos a adoptar nos casos em que os


bens estão totalmente amortizados mas ainda em
funcionamento;

Procedimentos contabilísticos a adoptar aquando da retirada de


bens (por alienação, por sinistro, por abate);

Controlo das vendas de sucata proveniente do desmantelamento


de bens que já não se encontram em utilização;

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Ficha individual dos bens do imobilizado e controlo da sua


numeração tipográfica ou através de computador;

Comparação do total do ficheiro, por conta, com os respectivos


saldos constantes do razão, quer nas contas de custo quer nas
relativas às amortizações de cada ano e às amortizações
acumuladas;

Aspectos relacionados com a assistência técnica aos


equipamentos;

Cobertura de seguros e sua revisão periódica (pelo menos


anualmente);

Arquivo específico dos documentos relacionados com as


aquisições dos imobilizados corpóreos;

Aprovação escrita, por um membro do órgão de gestão, de


lançamentos contabilísticos não usuais.

niiççããoo ddaa ppoollííttiiccaa ddee ccaappiittaalliizzaaççããoo


Deeffiin
D

Na aquisição de um bem não destinado a ser vendido ou transformado


há que decidir se o mesmo deve ser capitalizado (contabilisticamente
classificado como um imobilizado) ou não capitalizado/”despesado”
(classificado como custo do exercício). Haverá então que atender a dois
factores:

Vida útil – um bem, para ser capitalizado, deve ter uma vida útil
mínima de um ano ou, numa definição mais abrangente, a sua
vida útil deve ser superior ao ciclo operacional da empresa;

Materialidade – só deve ser capitalizados os bens cujo custo de


aquisição seja materialmente relevante para a empresa, caso
contrário deve ser “despesado”. O valor mínimo de capitalização
depende então da dimensão de cada empresa.

ncciiaa ddoo ffiicch


Exxiissttêên
E moobbiilliizzaaddoo
heeiirroo ddoo iim

Cada bem do imobilizado deve ser objecto de controlo, para o que se


utiliza uma ficha de imobilizado, que, conforme obrigação constante no
artigo 51º do Código do IVA, deve conter:

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Data da aquisição ou da conclusão das obras em bens imóveis e


do início da utilização ou ocupação;

Valor do imposto suportado;

Percentagem de dedução em vigor no momento da aquisição;

Somatório das deduções efectuadas até ao ano da conclusão das


obras em bens imóveis;

Percentagem definitiva de dedução do ano da aquisição ou da


conclusão das obras em bens imóveis;

Percentagem definitiva de dedução de cada um dos anos do


período de regularização.

Coobbeerrttu
C urrooss
urraa ddee sseeggu

Todos os bens do imobilizado devem estar seguros contra os riscos mais


usuais, tais como incêndio, inundações e roubo. O valor pelo qual os
bens foram inicialmente seguros deve ser periodicamente revisto, de
forma a que o valor coberto se aproxime o mais possível do valor actual
dos bens segurados.

4.8 Área de investimentos financeiros

Os aspectos de controlo interno relacionados com os investimentos


financeiros permanentes são, regra geral, mais sensíveis do que os
relacionados com os investimentos financeiros temporários.

No que diz respeito aos investimentos financeiros permanentes, dado que


se destinam a permanecer na empresa, em princípio, por um período de
tempo bastante alargado, necessitam de cuidados mais profundos, a
começar logo pelos aspectos relacionados com o suporte da tomada de
decisão. Assim, a aquisição de partes de capital deve obedecer a estudos
profundos acerca da viabilidade futura da empresa em causa e do
retorno, em prazos razoáveis, dos capitais investidos. Mas tudo, aliás,
deve começar pela realização de auditorias, por uma entidade
independente, à empresa em causa, não só às demonstrações financeiras
históricas como também, e sobretudo, às previsionais.

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Contrariamente, considerando a grande liquidez a que estão sujeitos os


títulos negociáveis e as restantes aplicações de tesouraria, e também o
facto de os activos que os mesmos representam estarem normalmente à
guarda de instituições financeiras, as respectivas medidas de controlo
interno estão bastante simplificadas. Deste modo, os investimentos em
obrigações e em títulos de participação devem ser precedidos da análise
dos estudos feitos por consultores especializados relativamente às
empresas onde se pretende investir.

Dos procedimentos específicos de controlo interno a serem levados a


cabo nesta área (e que devem estar reduzidos a escrito) salientam-se os
seguintes:

Apropriada autorização, por parte do órgão de gestão, de


quaisquer investimentos financeiros, sobretudo os permanentes;

Definição das políticas de valorimetria (p.e.: método do custo ou


método da equivalência patrimonial, no caso das partes de capital
em filiais e associadas);

Definição da política contabilística relacionada com o


reconhecimento dos ganhos;

No caso de investimentos financeiros representados por títulos e


se estes estiverem na empresa:

O responsável pela sua custódia não deve ter acesso aos


registos contabilísticos;

Devem ser feitas contagens físicas de surpresa por um


responsável independente e posterior comparação com os
registos contabilísticos;

Os títulos devem estar guardados em local seguro e


protegido;

Arquivo específico dos documentos relacionados com as


aquisições;

Aprovação escrita, por um membro do órgão de gestão, de


lançamentos contabilísticos não usuais.

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4.9 Área de empréstimos obtidos

O sistema de controlo interno relacionado com as operações de


financiamento alheio deve ter sobretudo em consideração os aspectos de
autorização, aprovação, execução, registo e pagamento, bem como, se
for o caso, os aspectos relativos a custódia e renovação.

Todas as decisões respeitantes à obtenção de empréstimos devem


constar em actas dos competentes órgãos sociais e/ou de gestão, as
quais devem fazer referência a:

Todas as condições negociadas com os mutuantes, incluindo, se


aplicável, as garantias reais prestadas pela empresa;

Nomes das pessoas autorizadas a contrair empréstimos em


representação da empresa, assim como os poderes que lhes
foram conferidos. Obviamente que, no mínimo, devem ser
exigidas assinaturas de duas pessoas em todos os assuntos
relacionados com a obtenção de empréstimos.

As políticas Contabilísticas relativas ao tratamento a dar aos juros de


financiamento, às eventuais diferenças de câmbio resultantes, à
diferença entre as quantias dos empréstimos a pagar e as quantias
arrecadadas, etc. devem ser devidamente definidas e constar em
documento escrito, aprovado pelo órgão de gestão.

Em termos de controlo contabilístico, devem existir registos detalhados


por cada um dos empréstimos obtidos, sendo que:

A manutenção actualizada de tais registos deve ser da


responsabilidade de uma pessoa que não tenha funções
operacionais na área de tesouraria (recebimentos ou
pagamentos);

O somatório dos saldos constantes em tais registos deve ser


mensalmente confrontado com o saldo da respectiva conta de
Razão, devendo as eventuais diferenças ser objecto de adequada
conciliação, devidamente formalizada e aprovada.

Os mesmos cuidados devem existir, com as necessárias adaptações,


quando as operações relativas à colocação dos empréstimos são
cometidas a uma entidade externa à empresa.

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LIMITAÇÕES DO CONTROLO INTERNO

A implementação e manutenção de um sistema de controlo interno é


uma das mais importantes responsabilidades do órgão de gestão de
qualquer empresa. Porém, o simples facto de o sistema estar
implementado não significa que seja funcional. E mesmo que o seja,
continua a não haver garantia de que a empresa esteja completamente
imune à ocorrência de falhas, erros ou fraudes.

Na realidade existem diversos factores que limitam o controlo interno:

Desinteresse por parte do órgão de gestão na manutenção de


um bom sistema de controlo;

Dimensão da empresa, na medida em que a implementação de


um bom sistema de controlo interno é mais difícil numa
empresa com pouco pessoal do que noutra em que o número
de trabalhadores seja substancialmente mais elevado;

A relação custo/benefício, dado que a implementação de


qualquer sistema de controlo interno acarreta custos, que se
vão acumulando à medida que se pretende melhorar o sistema.
Deve-se pôr a hipótese de correr o risco da não implementação
de determinadas medidas de controlo interno, se se chegar à
conclusão que as vantagens delas resultantes não justificam os
custos da sua implementação;

Existência de erros humanos, conluios e fraudes. Se as pessoas


que trabalham numa empresa não forem razoavelmente
competentes e moralmente íntegras, o sistema de controlo
interno será forçosamente falível, por mais sofisticado que seja.
Todavia, uma empresa com um fraco controlo interno é muito
mais propícia à ocorrência destes aspectos negativos do que
numa situação inversa, dado que um bom sistema de controlo
interno funciona como dissuasor de irregularidades e de
fraudes;

Transacções pouco frequentes. Um sistema de controlo interno


é geralmente implementado para prever transacções correntes,
pelo que muitas vezes, as transacções pouco frequentes
escapam a qualquer tipo de controlo;

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Auditoria Financeira

A crescente utilização de formatos informatizados, com a


possibilidade de acesso directo a ficheiros e bases de dados,
deve ser levada em linha de conta aquando da implementação
de um sistema de controlo interno.

EXERCÍCIO 4.1

- O que entende por sistema de controlo interno?

EXERCÍCIO 4.2

- Qual é o objectivo da aplicação dos procedimentos de controlo


interno?

EXERCÍCIO 4.3

- Refira as três principais limitações que influem na implementação


de um sistema de Controlo Interno.

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

Costa, Carlos Baptista da; Auditoria Financeira: teoria e prática;


Lisboa; 2000

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 61


Auditoria Financeira

5
Metodologias de Avaliação
do Controlo Interno

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO

Neste capítulo são propostas as metodologias de avaliação do controlo


interno, de modo a dotar o formando dos elementos fundamentais para a
percepção da importância do conceito de risco de controlo, e para a
elaboração de relatórios de auditoria em função da compreensão dos
sistemas contabilístico e de controlo interno das organizações.

AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO RISCO DE CONTROLO

Se é verdade que na realização de uma auditoria o objectivo principal


seja a emissão de um parecer sobre as demonstrações financeiras, o
funcionamento dos sistemas contabilístico e de controlo interno é
bastante relevante para os auditores externos, dado que dele depende o
risco de controlo.

Por risco de controlo entende-se a possibilidade dos sistemas e


procedimentos de controlo interno falharem na prevenção ou detecção,
em tempo útil, de erros ou irregularidades significativas.

A avaliação preliminar do risco de controlo é, então, o processo de


avaliar a eficácia dos sistemas contabilísticos e de controlo interno de

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Auditoria Financeira

uma entidade na prevenção ou detecção de distorções materialmente


relevantes. Em resultado dessa avaliação, o auditor classificará o risco de
controlo como “elevado” nos casos em que:

Os sistemas contabilístico e de controlo interno da entidade não


forem eficazes;

Ao avaliar a eficácia dos dois sistemas, estes revelarem-se


ineficientes;

O auditor não seja capaz de identificar os controlos internos


relevantes para a asserção que estejam em condições de
prevenir ou detectar e corrigir uma distorção materialmente
relevante.

O auditor deve, pois, obter uma compreensão do sistema contabilístico e


de controlo interno suficiente para identificar e entender:

As principais classes de transacções nas operações da empresa;

Como são iniciadas tais transacções;

Os registos contabilísticos, documentos de suporte significativos


e as contas das demonstrações financeiras;

O processo de contabilização e de relato financeiro, desde o início


das transacções até à inclusão nas demonstrações financeiras.

COMPREENSÃO DOS SISTEMAS CONTABILÍSTICO E DE


CONTROLO INTERNO

A compreensão destes dois sistemas é obtida, numa primeira fase,


através da experiência anterior com a entidade e, posteriormente,
baseada em:

Análise dos manuais de políticas e procedimentos contabilísticos


e das medidas de controlo interno;

Análise dos organogramas;

Leitura do manual de descrição de funções;

Inspecção de documentos e registos produzidos pelos sistemas


contabilístico e de controlo interno;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 63


Auditoria Financeira

No entanto, muitas vezes os documentos acabados de enunciar estão


desactualizados ou simplesmente não existem, dado que é relativamente
comum que os aspectos relacionados com estes assuntos nunca
passarem de informações verbais, havendo por vezes alguma relutância
em reduzi-los a escrito.

De qualquer modo, o auditor externo terá de completar a informação


recolhida com:

Entrevistas / indagações à gerência, aos responsáveis das


diversas secções, ao pessoal de supervisão e outro pessoal
(quando necessário, aos próprios executantes das tarefas);

Observação das actividades e operações da entidade, incluindo a


observação da organização das operações de computador, do
pessoal de gestão, da natureza do processamento de transacções
e dos processos de tratamento da documentação.

Não obstante as diligências enunciadas anteriormente, em auditoria é


fundamental ficar com a prova do trabalho realizado. Para tal, existem
quatro formas de verificação dos sistemas contabilístico e de controlo
interno:

Questionários padronizados (check lists);

Descrições narrativas;

Diagramas de fluxos;

Tipo misto.

Questionários padronizados

Consiste numa lista de extensão variável de procedimentos


contabilísticos e de medidas de controlo interno que desejavelmente
devem estar em efectividade numa empresa minimamente organizada.

Normalmente são preparados atendendo aos grandes ramos de


actividade a que as empresas se dedicam (indústria, comércio, serviços),
de modo a generalizar e facilitar a sua aplicação e cobrem todas as áreas
existentes na empresa. Existem também questionários padronizados
aplicáveis a empresas com forte informatização dos serviços.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 64


Auditoria Financeira

Esta forma de registo é a menos adequada devido à falta de visão global


e rápida que proporciona, apesar da sua importância no que toca às
ideias de organização que conseguem transmitir.

Para todas as formas de registo, no final de cada área deve-se incluir


exemplares dos documentos mais importantes que lhe são adstritos.

Descrições Narrativas

Uma narrativa consiste numa descrição relativamente detalhada dos


procedimentos contabilísticos e das medidas de controlo interno
existentes em cada uma das diversas áreas operacionais da empresa.

Esta forma de registo apresenta nítidas vantagens em relação à anterior,


embora padeça de algumas deficiências como sejam a tendência para a
excessiva pormenorização e consequente perda de visão rápida e global
do conjunto da área descrita e dos seus aspectos mais significativos.

Fluxogramas

Um fluxograma é uma forma de apresentação esquemática que se serve


de vários símbolos para apresentar os diversos procedimentos
contabilísticos e medidas de controlo interno existentes em cada uma das
áreas operacionais da empresa.

A utilização dos fluxogramas é de extrema importância para os trabalhos


de análise desenvolvidos pelos técnicos de organização e de informática,
daí que a sua elaboração requeira um grande nível de detalho. O mesmo
não acontece quando os auditores externos utilizam esta técnica, uma
vez que apenas necessitarão de obter informações sintéticas e que lhes
dêem a conhecer, de uma forma global, como estão implementados os
sistemas.

Existem dois grandes tipos de fluxogramas:

• Verticais – apresentam a sequência dos procedimentos de forma


vertical, enfatizando os documentos em detrimento das secções
onde os mesmos têm origem ou por onde vão circulando;

• Horizontais – apresentam a sequência dos procedimentos de


forma horizontal, procedimentos esses que atravessam duas ou

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 65


Auditoria Financeira

mais colunas, cada uma delas representando as secções


envolvidas.

Dado que, como foi atrás referido, os fluxogramas preparados pelos


auditores externos não são muito detalhados, o fluxograma horizontal
apresenta com mais clareza e num espaço mais reduzido os
procedimentos seguidos em cada uma das áreas operacionais,
possibilitando uma visão e avaliação globais, embora relativamente
sintéticas, do sistema em estudo.

Esta técnica de registo apresenta as desvantagens de ser de difícil


preparação, exigir o conhecimento de técnicas muito específicas e
obrigar, geralmente, à utilização prévia de uma das técnicas anteriores,
uma vez que só com muita experiência se consegue visualizar
mentalmente e representar em esquema um qualquer sistema. De
qualquer forma, esta técnica é nitidamente preferível a às anteriormente
apresentadas, pois representa de forma clara simples e concisa qualquer
esquema, por mais complexo que seja.

Tipo misto

A dificuldade da representação de uma operação através de um


fluxograma (especialmente no caso de fluxogramas verticais) e a
possibilidade de este resultar num esquema confuso e pouco intuitivo,
despertam a necessidade de registar um sistema em forma mista. Esta
forma de registo é uma compilação do fluxograma e da narrativa: a base
do registo é o fluxograma, mas quando ser torna necessário representar
uma operação complexa, o fluxograma é cortado, utilizando-se a
narrativa para a respectiva descrição.

TESTES DE CONTROLO

Para obter prova de revisão acerca da eficácia dos sistemas contabilístico


e de controlo interno (de forma a evitar ou detectar e corrigir distorções
materialmente relevantes) e acerca do funcionamento dos controlos
internos durante o período, os auditores devem realizar testes de
controlo, que podem compreender:

Inspecção de documentos – para obter provas de que os


controlos funcionaram efectivamente;

Indagações acerca de controlos internos que não deixam


evidência;

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Auditoria Financeira

Observação dos mesmos;

Repetição da análise de desempenho de controlos internos.

Com base nos resultados dos testes de controlo, o auditor deve avaliar
se os controlos internos estão ou não concebidos e a funcionar como
contemplado na avaliação preliminar do risco de controlo e,
consequentemente, determinar qual há-de ser a extensão dos
procedimentos substantivos de auditoria.

Relatório com sugestões

Após a compreensão dos sistemas contabilístico e de controlo interno e a


realização dos testes de controlo, está o auditor em condições de poder
emitir uma opinião independente sobre os referidos sistemas.

Se bem que não seja o objectivo principal dos auditores, é habitual estes
facultarem à administração da empresa um “relatório com sugestões”
para a melhoria dos procedimentos contabilísticos e das medidas de
controlo interno. Este relatório, que é muito bem acolhido pelo órgão de
gestão, deve salientar que não se trata de uma compilação de todas as
deficiências da empresa, mas apenas dos aspectos que mais chamaram a
atenção dos auditores ao longo da execução do trabalho para que foram
contratados.

EXERCÍCIO 5.1

Com que finalidade realizam os auditores (ou deveriam realizar) testes


de controlo?

EXERCÍCIO 5.2

Explique os motivos por que devem os auditores compreender os


sistemas contabilístico e de controlo interno da empresa.

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Auditoria Financeira

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

Costa, Carlos Baptista da; Auditoria Financeira: teoria e prática;


Lisboa; 2000

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Auditoria Financeira

6
Papéis de Trabalho

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO

O capítulo que se segue, pretende salientar a importância da concepção e


utilização de documentos de trabalho em auditoria, bem como da
relevância da constituição de um dossier permanente e/ou de um dossier
corrente.

PAPÉIS DE TRABALHO

Os papéis de trabalho podem ser definidos como todos os documentos


preparados ou obtidos por um auditor, formando um registo da
informação utilizada, e dos procedimentos de auditoria efectuados na
realização da mesma, juntamente com as decisões por si tomadas, a fim
de atingir a sua opinião.

A preparação deste tipo de documentação de trabalho, visa atingir três


objectivos principais:

Auxiliar o auditor na realização do seu trabalho e, em particular,


assegurar que a auditoria está apropriadamente planeada e
cobre todos os aspectos das demonstrações financeiras sobre as
quais o auditor tem de expressar uma opinião;

Permitir que o trabalho realizado possa ser revisto de forma


independente por uma pessoa qualificada para o fazer;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 69


Auditoria Financeira

Proporcionar uma prova do trabalho realizado e do modo como o


auditor chegou à sua opinião.

Numa fase posterior, agilizam o planeamento e execução das auditorias


posteriores à mesma empresa, nomeadamente no levantamento dos
sistemas de controlo interno, na identificação das áreas críticas e no
tempos utilizados. Por outro lado, constituem uma protecção à
integridade profissional do auditor, podendo ser exibidos em tribunal ou
no âmbito do controlo de qualidade da Ordem dos Revisores Oficiais de
Contas.

Pelos títulos dos papéis de trabalho identifica-se a sua função. De


seguida será apresentada uma compilação dos mais utilizados:

Entrevistas de auditoria;

Plano de auditoria;

Cronograma de trabalho;

Memorandos;

Balancetes;

Listagens:

de cheques cancelados;

dos descontos a clientes;

dos saldos das contas dos sócios;

do stock de materiais;

de devoluções a fornecedores;

dos stocks de produtos;

dos produtos em vias de fabrico;

das imobilizações;

das imobilizações abatidas durante o exercício;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 70


Auditoria Financeira

das devoluções de mercadorias;

Mapas de amortizações;

Balanços, Demonstrações de Resultados e Anexos ao Balanço e à


Demonstração de Resultados de Exercícios Anteriores;

Relatórios de auditoria.

A documentação de trabalho costuma dividir-se em dossiers


permanentes e dossiers correntes.

6.1 Dossier Permanente


Os dossiers ou pastas permanentes englobam todas as informações que
o auditor considera importantes e que tenham de ser consultadas ao
longo das auditorias presentes e futuras. As informações que devem
constar no dossier permanente podem ser agrupadas em sete grandes
grupos:

Informações sobre a empresa (escritura de constituição, registo


comercial, resumos das actas);

Legislação aplicável à empresa (laboral e relativa ao sector);

Contratos e documentos importantes (apólices de seguro,


registos de propriedade de imóveis, contratos de financiamento);

Relatórios e orçamentos (relatórios anuais, orçamentos, rácios


económicos);

Declarações obrigatórias (para autoridades fiscais, para o


Instituto Nacional de Estatística, publicações em Diário da
República);

Controlo interno (organograma, descrição de funções, estrutura


de pessoal, procedimentos de controlo interno);

Políticas e procedimentos contabilísticos (manual de


contabilidade, código de contas, manual de contabilidade
analítica);

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Auditoria Financeira

6.2 Dossier Corrente


Engloba toda a documentação relativa a cada auditoria específica que
constitui o suporte à certificação legal das contas, bem como a outros
relatórios de auditoria que são emitidos. Reúne toda a documentação
necessária, bem como análises de informação, relativas ao trabalho de
auditoria específico que se está a realizar e constitui evidência e
fundamentação das conclusões do auditor. Podem ser agrupados em dois
grandes grupos:

Programas de trabalho – documento escrito destinado a servir de


guia à execução dos testes de controlo e dos procedimentos
substantivos.

Resumo dos procedimentos contabilísticos e das


medidas de controlo internas utilizadas pela empresa;

Objectivos de auditoria a atingir;

Descrição dos procedimentos (testes) de auditoria a


realizar de forma a que os objectivos sejam atingidos.

Acessoriamente, o programa de trabalho é utilizado como forma de


controlar não só o tempo que for sendo gasto na auditoria em relação ao
que foi previamente determinado, como também da qualidade do
trabalho realizado, devendo existir um programa de trabalho para cada
uma das diferentes áreas a examinar.

Mapas de trabalho – documentos onde o auditor deixa ficar a


prova dos testes ou procedimentos que efectuou, bem como das
conclusões atingidas ao longo das várias áreas de trabalho, que
mais tarde servirão de base para a elaboração dos relatórios e
parecer.

EXERCÍCIO 6.1

Qual a utilidade dos papéis de trabalho para o auditor?

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Auditoria Financeira

EXERCÍCIO 6.2

Porque razão é feita a distinção entre o dossier permanente e o dossier


corrente?

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

Costa, Carlos Baptista da; Auditoria Financeira: teoria e


prática; Lisboa; 2000

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Auditoria Financeira

7
Auditoria às Áreas
Operacionais

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO

O presente capítulo encontra-se estruturado de acordo com a forma


como as diferentes áreas operacionais se encontram apresentadas nas
demonstrações financeiras.

Para cada uma das áreas são enunciados os objectivos de auditoria, os


riscos e problemas que normalmente são colocados ao auditor no
decurso da sua análise e, por último, os procedimentos mais comuns
realizados pelos auditores.

ÁREA DE IMOBILIZAÇÕES INCORPÓREAS

Objectivos de auditoria:

Evidenciar que os valores contabilizados são susceptíveis de


realização e não excedem os benefícios que poderão vir a gerar
em períodos futuros;

Confirmar que as amortizações foram correctamente imputadas


ao exercício;

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Auditoria Financeira

Assegurar que é adoptada uma política consistente na


determinação dos valores contabilizados, bem como nas
amortizações praticadas.

Riscos e problemas potenciais:

Activos intangíveis, com natureza muito diversificada,


nomeadamente encargos com pesquisas e desenvolvimento de
novos produtos, patentes, propriedade industrial e royalties,
despesas de constituição, etc;

Dificuldades de valorização, atendendo às expectativas de


benefícios futuros;

Dificuldade de distinção entre encargos imobilizáveis e


encargos que devem ser imputados aos custos do exercício.

Procedimentos-tipo:

Preparar um mapa-resumo da movimentação das imobilizações


incorpóreas e da respectiva amortização que discrimine os saldos
iniciais e finais do custo, os aumentos, anulações e alienações,
transferências e reclassificações, saldos iniciais e finais das
amortizações e as reduções das amortizações referentes a abates
e alienações;

Preparar mapas de análise dos aumentos, abates e alienações


durante o período, incluindo descrição, data de aquisição,
período de amortização e valor para todos os movimentos
considerados significativos;

Examinar a documentação de suporte (contratos, escrituras,


recibos, facturas ou notas de débito) para aumentos, abates e
alienações acima de um determinado valor;

Confrontar os saldos iniciais dos mapas-resumo dos movimentos


com os saldos finais dos papéis de trabalho de auditoria do
período anterior;

Avaliar a adequabilidade e realismo das estimativas da


administração quanto à valorização das patentes, marcas e à
expectativa da sua rendibilidade;

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Auditoria Financeira

Averiguar a razoabilidade do diferimento das despesas de


Investigação e Desenvolvimento e de campanhas publicitárias,
face a rendimentos futuros.

ÁREA DE IMOBILIZAÇÕES CORPÓREAS

Objectivos de auditoria:

Confirmar que o imobilizado corpóreo constante do balanço


representa o valor dos bens efectivamente existentes e
pertencentes à empresa;

Certificar que o imobilizado corpóreo está correctamente descrito


e classificado no balanço, de acordo com os princípios
contabilísticos geralmente aceites;

Assegurar que todas as aquisições, transferências, abates e


obsolescências de bens do imobilizado corpóreo e respectivas
amortizações estão correctamente apresentadas nos mapas
financeiros;

Comprovar que todas as responsabilidades assumidas com a


aquisição dos bens, nomeadamente hipotecas e garantias, se
encontram reveladas no Anexo ao Balanço e à Demonstração de
Resultados (A.B.D.R.).

Riscos e problemas potenciais:

Empresas em fase de grande volume de investimento ou ligadas


a sectores de actividade sujeitos a grande evolução tecnológica;

Empresas com prática de imputação frequente de custos


indirectos ao imobilizado;

Métodos e políticas de amortização;

Inexistência de orçamentos de investimento;

Complexidade das operações e respectivas contabilizações;

Métodos, bases e critérios seguidos na reavaliação dos bens do


imobilizado corpóreo;

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Auditoria Financeira

Deficiente determinação do valor de aquisição e do valor dos


bens construídos ou produzidos na própria empresa;

Aquisições efectuadas sem autorização ou por valores superiores


aos autorizados;

Existência de derrapagens nos investimentos efectuados, devidas


a trabalhos a mais, revisão de preços, etc;

Contabilização de bens do imobilizado como custo do exercício,


ou de bens de exploração corrente como bens capitalizáveis.

Procedimentos-tipo:

Preparar um mapa-resumo da movimentação das imobilizações


corpóreas e da respectiva amortização que discrimine os saldos
iniciais e finais do custo/reavaliação, os aumentos, reavaliações,
anulações e alienações, transferências e reclassificações, saldos
iniciais e finais das amortizações e as reduções das amortizações
referentes a abates e alienações;

Preparar mapas de análise dos aumentos, reavaliações, abates e


alienações durante o período, incluindo descrição, data de
aquisição, vida útil estimada e custo, para todos os movimentos
considerados significativos;

Examinar a documentação de suporte (contratos, escrituras,


recibos, facturas ou notas de débito) para aumentos,
reavaliações, abates e alienações acima de um determinado
valor;

Confrontar os saldos iniciais dos mapas-resumo dos movimentos


com os saldos finais dos papéis de trabalho de auditoria do
período anterior;

Verificar fisicamente por amostragem, itens ou bens significativos


do imobilizado;

Preparar uma análise detalhada de custos com leasings e


alugueres.

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Auditoria Financeira

ÁREA DE INVESTIMENTOS FINANCEIROS

Objectivos de auditoria:

Demonstrar que os investimentos financeiros constantes no


balanço representam activos efectivamente existentes e
pertencentes à empresa;

Verificar que todos os investimentos financeiros e respectivos


resultados de que a empresa é titular estão evidenciados no
balanço;

Certificar que os investimentos financeiros estão adequadamente


valorizados, com referência à data de fecho de contas, e as
variações de valor ocorridas durante o ano estão devidamente
reflectidas nas demonstrações financeiras.

Riscos e problemas potenciais:

Expectativas irrealistas quanto ao valor, rendibilidade e liquidez


dos investimentos efectuados;

Dependência de flutuações conjunturais de valor, susceptíveis de


justificar a criação de provisões o ajustamentos de valor;

Eventuais dificuldades das entidades emissoras, nos casos de


títulos, que possam condicionar o pagamento da remuneração
devida ou mesmo do seu reembolso;

Existência de erros contabilísticos nas demonstrações financeiras


das empresas participadas, afectando a correcta valorização da
participação.

Possibilidade de ocorrência de operações menos transparentes e


contrárias à lógica de mercado, entre empresas inseridas no
mesmo grupo;

Insuficiência de provisões para ajustar o valor de aquisição ao


valor de cotação de títulos cotados e/ou para cobrir riscos de
cobrança relativos a empréstimos a empresas do grupo;

Não reconhecimento dos resultados ocorridos nas empresas


associadas e controladas;

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Auditoria Financeira

Existência de participações em empresas situadas em países de


elevado risco ou com condicionantes à movimentação de divisas;

Dificuldades de avaliação do valor de participações minoritárias


em empresas não cotadas.

Procedimentos-tipo:

Preparar um mapa detalhado dos investimentos que inclua:

descrição dos movimentos, taxa de juro e data de


vencimento;

quantidade de títulos, valor nominal e valor de custo


no início do exercício;

vendas e baixas, incluindo data, quantidade de


títulos, valor nominal e ganho ou perda realizado;

quantidade de títulos e valor nominal, no fim do


período e o valor de custo e de mercado (ou
equivalência patrimonial, se aplicável);

respectivas provisões no início e no fim do período;

proveitos (dividendos, juros, etc) para cada


investimento provisionado no início e no fim do
período, proveitos vencidos e recebidos durante o
período;

Comparar os saldos finais das contas com os do período anterior e


investigar quaisquer variações inesperadas (ou a ausência de
variações esperadas);

Solicitar confirmação directa às entidades encarregues do


depósito de investimentos significativos;

Examinar os avisos bancários ou de corretores e os relatórios das


entidades encarregadas do seu depósito, com a finalidade de
comprovar a correcta contabilização das transacções acima de
um determinado valor;

Para investimentos em empresas contabilizados pelo método da


equivalência patrimonial, determinar a adequação do valor

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 79


Auditoria Financeira

contabilístico, utilizando como referência as mais recentes


demonstrações financeiras da empresa participada;

Para os imóveis detidos como investimentos financeiros, efectuar


os procedimentos aplicáveis aos definidos para as imobilizações
corpóreas, ao nível do custo, aumentos, abates, amortizações e
reavaliações;

Verificar se o valor contabilístico dos investimentos financeiros à


data de fecho de contas corresponde ao valor de mercado à
mesma data (com base no valor de cotação para títulos cotados
ou no método da equivalência patrimonial para participações em
empresas associadas e/ou controladas);

Aferir da adequada contabilização e inclusão na matéria


colectável de dividendos recebidos e de mais/menos valias
apuradas.

ÁREA DE EXISTÊNCIAS

Objectivos de auditoria:

Atestar que os valores constantes no balanço representam stocks


efectivamente existentes e que são propriedade da empresa;

Certificar que as existências constantes no balanço estão


valorizadas e apresentadas de acordo com os princípios
contabilísticos geralmente aceites;

Comprovar a adequação da provisão para depreciação de


existências face à perda de valor potencial ocorrida nos stocks.

Riscos e problemas potenciais:

Características do negócio, dos stocks e do sistema de


contabilização (custo padrão, custo real, LIFO, FIFO, custo médio
ponderado, etc.);

Determinação do valor líquido de realização e critério de


imputação de gastos gerais de fabrico;

Número de itens e de classes de existências com características


significativamente diferentes;

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Auditoria Financeira

Sistema de movimentação de existências adoptado (inventário


permanente ou inventário intermitente);

Regularidade das contagens físicas de existências;

Multiplicidade de existências em poder de terceiros não


identificadas como tal e consideradas em poder da empresa;

Controlo inadequado sobre produtos que não se encontram em


condições, obsoletos ou com índices de rotação muito baixos.

Procedimentos-tipo:

Proceder a inventariação física dos produtos que compõem o saldo


final do período em análise e confrontar com os registos
documentais de suporte;

Seleccionar uma amostragem de produtos em stock e verificar:

forma de valorização;

tipo de custos imputados;

fiabilidade da documentação;

expectativa de realização dos produtos;

eventuais vendas de produtos durante a auditoria;

Obter indícios de existências que não tenham sido movimentadas


nos últimos tempos;

Solicitar esclarecimento junto do responsável do armazém quanto


à última venda daqueles stocks que foi efectuada;

Verificar a situação das produções em curso, nomeadamente a


forma de valorização, a confirmação do status (em curso ou
acabado) e a natureza dos encargos que lhes são imputados;

Testar os procedimentos de custeio das produções;

Identificar produções sem potencial de venda;

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Auditoria Financeira

Avaliar a necessidade de constituição de provisão para


depreciação de existências.

ÁREA DE VENDAS E CONTAS A RECEBER

Objectivos de auditoria:

Confirmar que o valor das vendas e prestações de serviços


respeita ao período sob exame e não está sobre-avaliado através
de créditos ilegítimos por via de vendas não efectuadas, nem
sub-avaliado devido a vendas efectuadas no exercício mas
diferidas para o exercício seguinte;

Assegurar que os descontos, abatimentos e devoluções estão


adequadamente apresentados nas demonstrações financeiras;

Certificar que as dívidas a receber apresentadas no balanço


representam créditos legítimos da empresa sobre terceiros;

Evidenciar que os saldos de provisões para cobranças duvidosas


são adequados de forma a cobrir possíveis prejuízos resultantes
de contas incobráveis.

Riscos e problemas potenciais:

Dimensão da carteira de clientes;

Valor típico de cada operação de venda;

Complexidade das condições de venda praticadas (critério de


aceitação pelo cliente, período de reclamação, consignação,
política de descontos, etc.);

Atitude dos responsáveis relativamente aos riscos de crédito;

Existência e eficiência dos procedimentos relativos a limites e


controlo do crédito concedido;

Políticas para autorização de vendas definidas pelos principais


responsáveis (nomeadamente no caso de vendas de valor
significativo ou com potenciais riscos de crédito);

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Auditoria Financeira

Grau de controlo sobre as contas a receber e operacionalidade


daqueles controlos (tipos de conciliação e sua regularidade);

Qualidade do sistema de informação existente (balancetes por


antiguidade de saldos, informações sobre cada cliente, etc.).

Conhecimento, formação e experiência do pessoal envolvido na


contabilização das vendas e dos recebimentos, bem como na
manutenção dos respectivos registos;

Existência de facturas emitidas relativas a mercadorias não


encomendadas ou não recepcionadas pelos clientes;

Notas de crédito emitidas indevidamente ou sem justificativo


adequado, ou contabilizadas em exercício diferente da operação
que lhe deu origem;

Extravio de recibos por cobrar e erros na contabilização dos


recebimentos, quer dos valores, quer das contas onde são
registados;

Facturas registadas em exercício diferente daquele em que se


verificou a saída das mercadorias do armazém.

Procedimentos-tipo:

Obter o balancete e identificar saldos invulgares e variações


díspares;

Comparar a relação percentual das diversas contas com o valor


percentual dos anos anteriores;

Teste cut-off de vendas de modo a determinar se foram


registadas no período adequado, através da revisão dos
elementos de suporte;

Identificar as notas de crédito emitidas após o período de análise;

Testar a listagem de antiguidade dos saldos de clientes;

Investigar quais as situações de cobrança duvidosa e as que não o


são;

Avaliar a suficiência das provisões para clientes de cobrança


duvidosa;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 83


Auditoria Financeira

Rever as contas de clientes de modo a detectar a presença de


itens invulgares e qual a sua natureza;

Determinar se alguns saldos de clientes estão dados em garantia


ou sujeitos a algum penhor (coordenar com o trabalho na área
de empréstimos obtidos).

ÁREA DE DISPONIBILIDADES

Objectivos de auditoria:

Certificar que os valores apresentados em balanço existem e


pertencem à empresa;

Assegurar que o saldo de “caixa” apresentado no balanço


representa apenas numerário ou outros meios líquidos de
pagamento, o saldo de “depósitos bancários” representa meios
de pagamento existentes nas instituições de crédito em nome da
empresa e o saldo de “títulos negociáveis” está devidamente
valorizado;

Verificar que todas as informações sobre restrições, limitações,


etc., são devidamente reveladas nas demonstrações financeiras.

Riscos e problemas potenciais:

Os valores relativos a caixa e bancos são os de maior liquidez,


mais facilmente transferíveis e susceptíveis de uso ou
apropriação indevida de todo o activo;

Dispersão e multiplicidade de locais de venda e frequência de


recebimentos em dinheiro;

Utilização indevida dos valores em caixa;

Não identificação dos erros ocorridos em bancos;

Multiplicidade de transferências entre bancos sem justificação.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 84


Auditoria Financeira

Procedimentos-tipo:

Confirmar fisicamente os saldos contidos nos diferentes locais em


caixa;

Circularizar os bancos (reconciliação bancária);

Obter ou preparar um mapa de análise de todas as transferências


significativas entre bancos;

Rever as confirmações bancárias, actas e contratos de


empréstimos, de modo a evidenciar eventuais restrições sobre a
utilização dos fundos ou da existência de juros, ónus, garantias,
etc.;

Obter ou preparar um mapa com todos os eventos e informação


relativa a títulos negociáveis, nomeadamente a descrição,
quantidade, variações ocorridas e provisões;

Investigar se a amortização dos prémios e descontos nos títulos


negociáveis foi correctamente calculada;

Conferir fisicamente os títulos.

ÁREA DE CAPITAL PRÓPRIO

Objectivos de auditoria:

Confirmar que as demonstrações financeiras revelam de forma


adequada a estrutura do capital e a aplicação dos resultados;

Provar que a apresentação das rúbricas de capitais próprios


cumpre os princípios contabilísticos geralmente aceites e
aplicáveis à empresa, e que foram respeitados os estatutos e
demais legislação aplicável;

Demonstrar que os movimentos ocorridos nas contas de capital e


reservas estão devidamente autorizados, suportados por
documentação apropriada e correctamente revelados;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 85


Auditoria Financeira

Asseverar que os dividendos pagos e a pagar estão


correctamente evidenciados, correspondendo às deliberações
tomadas a nível apropriado.

Procedimentos-tipo:

Obter ou preparar um mapa do movimento ocorrido em todas as


contas de capital próprio desde o início do período;

Conferir toda a documentação de suporte às movimentações e


determinar a adequação da sua contabilização;

Examinar as actas das reuniões da Administração, Assembleia


Geral, etc., ou outros documentos de suporte, dando especial
atenção à autorização e aos detalhes dos movimentos que
afectaram as contas de capital próprio durante o período;

Obter ou preparar um mapa dos detentores de capital social,


indicando quais os mais representativos;

Elaborar um mapa das acções/quotas próprias detidas pela


sociedade, resumindo a movimentação durante o exercício;

Solicitar certidão à Conservatória do Registo Comercial


respectiva, para confirmação da titularidade e da existência de
eventuais ónus ou encargos sobre quotas;

Investigar se os dividendos pagos ou lucros distribuídos foram


autorizados pela Assembleia Geral e recalcular os respectivos
valores com base no montante declarado e no número de acções
em circulação ou percentagem das quotas.

ÁREA PROVISÕES E DIFERIMENTOS

Objectivos de auditoria:

Determinar que as provisões constantes no balanço são


adequadas face às responsabilidades incorridas até ao final do

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 86


Auditoria Financeira

período em análise e que não estão evidenciadas em qualquer


outra rúbrica das demonstrações financeiras;

Comprovar que as contingências relatadas no Anexo ao Balanço


e à Demonstração de Resultados correspondem a situações
fidedignas e estão adequadamente apresentadas;

Corroborar a adequação das demonstrações financeiras


relativamente a todos os aspectos materialmente relevantes;

Assegurar que todas as responsabilidades efectivas ou


contingentes relativas ao pessoal estão devidamente
quantificadas e reflectidas nas demonstrações financeiras, de
acordo com os princípios contabilísticos geralmente aceites:

férias e respectivo subsídio;

encargos com pensões;

encargos com serviços de saúde;

encargos com outros serviços de natureza social;

indemnizações por despedimento;

outras indemnizações ou encargos.

Distinção entre provisão e contingência:

Provisão consiste no montante retido como razoavelmente


necessário para fazer face a alguma responsabilidade ou custo,
com fortes possibilidades de ocorrer ou com certeza quanto à sua
verificação, mas com desconhecimento do valor exacto e/ou da
data em que ocorrerá;

Contingência refere-se a uma situação conhecida à data de


balanço, cujo efeito final, custo ou benefício, será apenas
confirmado após a ocorrência ou inexistência de um ou mais
factos futuros.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 87


Auditoria Financeira

Situações potenciadoras de provisões e/ou contingências:

Contratos a longo prazo;

Intervenções especulativas em investimentos ou commodities;

Exposição cambial;

Reclamações de garantia;

Garantias prestadas a favor de terceiros;

Ónus sobre bens dados em garantia de responsabilidade de


terceiros;

Custos de encerramento, reorganização ou reconversão de


instalações fabris;

Acções de natureza legal ou fiscal;

Encargos com pensões ou serviços de saúde;

Despedimentos sem justa causa.

Riscos e problemas potenciais:

Existência de litígios com terceiros (clientes, fornecedores,


entidades públicas e pessoal);

Processos judiciais em curso, em que a empresa seja arguida;

Existência de contratos de futuros, envolvendo a aquisição de


bens;

Exercício de actividades envolvendo a prestação de garantias


pós-venda ou a eventualidade de multas por incumprimento de
obrigações assumidas;

Eventualidade de liquidações adicionais relativas à situação fiscal


de anos anteriores;

Eventuais garantias prestadas para assegurar o cumprimento de


obrigações por terceiros;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 88


Auditoria Financeira

Responsabilidades assumidas para com colaboradores após a sua


aposentação

Procedimentos-tipo:

Proceder a uma avaliação das situações identificadas ao longo


das restantes áreas de trabalho de auditoria susceptíveis de
justificar a necessidade de provisão;

Obter e/ou actualizar informações acerca de acções litigiosas


pendentes através de circularização aos advogados da empresa;

Obter balancetes e comparar os saldos das contas com os do


exercício anterior e investigar todas as variações não esperadas
(ou a ausência de variações esperadas);

Obter ou elaborar mapas de análise dos custos diferidos,


acréscimos de custos, proveitos diferidos, provisões para
pensões e provisões para riscos e encargos, que deverão incluir
uma descrição adequada dos componentes mais importantes de
cada um;

Comparar os saldos iniciais com os papéis de trabalho da


auditoria do exercício anterior.

ÁREA EMPRÉSTIMOS OBTIDOS

Objectivos de auditoria:

Certificar que todos os financiamentos estão correctamente


apresentados nos mapas financeiros;

Apurar que os financiamentos estão classificados e evidenciados


no balanço de acordo com os princípios contabilísticos
geralmente aceites;

Demonstrar os custos financeiros estão adequadamente


evidenciados nas demonstrações financeiras.

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Auditoria Financeira

Procedimentos-tipo:

Obter ou preparar um mapa de análise dos empréstimos obtidos,


descriminando, para cada tipo de empréstimo, o saldo inicial,
novos empréstimos ocorridos durante o período, amortização de
capital, saldo final, juros pagos, juros a pagar e juros diferidos;

Verificar prazos e condições de pagamento, taxas de juro,


bonificações, garantias pretadas pela empresa ou por terceiros;

Obter os contratos de financiamento;

Global-check dos valores de juros contabilizados com base nos


capitais em dívida no início do período e de reembolsos e
aumentos ocorridos durante o período;

Confirmação dos capitais em dívida e juros vencidos com base


numa circularização às entidades bancárias;

Avaliar a correcta classificação no balanço quanto à sua


exigibilidade (curto prazo ou médio/longo prazo);

Determinar se e quais os activos da empresa estão dados em


hipoteca ou penhora como garantia dos empréstimos.

ÁREA DE COMPRAS E CONTAS A PAGAR

Objectivos de auditoria:

Assegurar que os valores a pagar constantes no Balanço


representam responsabilidades efectivas ainda não liquidadas;

Atestar que os valores a pagar constantes no Balanço são


apresentados de acordo com os princípios contabilísticos
geralmente aceites;

Evidenciar que as compras foram efectuadas nas melhores


condições, correspondem a necessidades efectivas da empresa e
estão todas correctamente contabilizadas.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 90


Auditoria Financeira

Riscos e problemas potenciais:

Inexistência de informações sobre os principais fornecedores;

Deficiências ou inexistência de um sistema de autorização de


compras;

Ausência de mecanismos de consulta ao mercado;

Deficiente qualidade do sistema de informação existente (ao


nível da gestão de stocks, programa de aprovisionamento, falta
de controlo sobre encomendas não satisfeitas e de controlo de
contas a pagar);

Falta de conhecimento, formação, experiência e duvidosa


idoneidade do pessoal envolvido no processo de aquisição e
registo contabilístico;

Fornecedores inseridos em sectores contabilisticamente menos


organizados;

Insuficiência de suporte documental nas operações de compra,


devido às características do negócio ou dos fornecedores;

Recepção de bens e serviços sem correspondência com as


especificações exigidas na encomenda e/ou não contabilizados;

Extravio de facturas, aceitação e contabilização de facturas


incorrectas, duplicação da contabilização da mesma factura;

Contabilização de facturas correspondentes ao período seguinte;

Incorrecções na contabilização de notas de crédito;

Troca de contas de fornecedores movimentadas por erros de


codificações/lançamentos;

Não actualização de saldos em moeda estrangeira.

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Auditoria Financeira

Procedimentos-tipo:

Obter os balancetes de fornecedores e de outras contas de


dívidas a terceiros e investigar saldos invulgares, saldos
devedores e contas que podem não ser verdadeiros credores
e/ou não estar classificadas adequadamente;

Comparar os saldos de fornecedores com os do período anterior


e investigar todas as mudanças inesperadas (p.e. mudanças nos
maiores fornecedores, na proporção dos saldos face ao total do
passivo, no prazo médio de pagamentos, etc.), ou a ausência de
mudanças esperadas;

Seleccionar um conjunto de processos de compra, compostos


pela cópia da nota de encomenda, original da guia de remessa e
duplicado da factura e verificar, relativamente a cada processo,
se na nota de encomenda se encontra evidência da respectiva
aprovação e identificação da pessoa que aprovou a encomenda;

Verificar se a pessoa que aprovou, o fez no uso das suas


competências, de acordo com os limites de competência
estabelecidos para o efeito;

Examinar as contas de fornecedores e detalhes de suporte para


identificar itens fora do vulgar. Investigar os saldos devedores,
pois podem ser indício de compras não contabilizadas e solicitar
confirmações positivas. Averiguar a existência de saldos vencidos
há muito tempo, pois podem indicar situação de litígio e dar
origem a passivos adicionais;

Testar o cut-off de compras/fornecedores para compras


significativas para os últimos dias antes e os primeiros dias após
o fim do período em análise. Determinar se as compras foram
registadas no período adequado através da revisão do diário de
compras, guias de entrada, facturas dos fornecedores e outros
documentos de suporte.

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Auditoria Financeira

ÁREA DE IMPOSTOS

Objectivos de auditoria:

Comprovar que as responsabilidades associadas às obrigações


fiscais de exercícios anteriores estão adequadamente
quantificadas e evidenciadas nas demonstrações financeiras;

Asseverar que a estimativa de impostos a pagar relativamente ao


período em análise é adequada e está correctamente reflectida
nas demonstrações financeiras.

Procedimentos-tipo:

Obter o balancete de Estado e Outros Entes Públicos e investigar


saldos invulgares ou que possam não estar classificados
correctamente;

Verificar se os pagamentos estão a ser efectuados regularmente


às entidades respectivas (Serviço de Administração do IVA,
Segurança Social, Autarquias Locais, etc.) e se os saldos são
formados por valores bem definidos e identificados;

Relativamente aos saldos finais do ano (IVA, Taxa Social Única e


outros impostos ou taxas), verificar a sua subsequente liquidação
com adequada documentação (cópias das guias de pagamento
devidamente autenticadas pelas entidades oficiais);

Obter ou preparar uma análise do movimento ocorrido na conta


do IRC, evidenciando os saldos no início e no fim do período,
valores aprovisionados, reembolsos recebidos e pagamentos
efectuados, indicando data e natureza;

Solicitar o cálculo da provisão para impostos do exercício e


averiguar a sua correcção. Verificar a conciliação do lucro
contabilístico do exercício com a base tributável;

Considerar as consequências fiscais de fusões, incorporações,


aquisições, liquidações, dividendos, amortizações de capital,
mudanças importantes nas participações dos accionistas,
etc.resumidos, que é criada e mantida de forma independente

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 93


Auditoria Financeira

das demais, e que pode ser consultada por vários utilizadores, a


qualquer momento.

EXERCÍCIO 7.1

Refira quatro riscos ou problemas potenciais relativos às áreas de


Investimentos Financeiros e Existências.

EXERCÍCIO 7.2

Distinga provisão de contingência.

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

ALMEIDA, MARCELO CAVALCANTI, Auditoria Contábil: teoria


e prática, Atlas, Lisboa, 1996.

ARENS, ALVIN A., LOEBBECKE, JAMES K., Auditing, 7ª


Edição, Prentice Hall, New Jersey, 1997

COSTA, CARLOS BAPTISTA DA, Auditoria Financeira: teoria e


prática, Rei dos Livros, Lisboa, 2000.

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Auditoria Financeira

8
Prevenção e Detecção de
Fraudes e Erros

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO

Embora a detecção de fraudes e erros não seja o objectivo principal da


auditoria, durante a execução dos trabalhos algumas ocorrências podem
ser descobertas, devendo o auditor agir de forma tempestiva conforme o
exigido para cada situação, comunicando à administração da entidade e
sugerindo as medidas correctivas mais adequadas.

Desta forma, o presente capítulo procura que o formando possa


facilmente proceder à distinção, identificação e prevenção de erros e
fraudes.

FRAUDE E ERRO

O termo “fraude” refere-se a um acto doloso, intencional, praticado por


uma ou mais pessoas de entre os membros do órgão de gestão,
empregados ou terceiros, que resulte numa representação indevida das
demonstrações financeiras. A fraude pode envolver:

Manipulação, falsificação ou alteração de registos ou


documentos;

Apropriação indevida de activos;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 95


Auditoria Financeira

Supressão ou omissão dos efeitos de transacções dos registos


ou dos documentos;

Registo de transacções sem substância;

Aplicação indevida de políticas contabilísticas de forma


intencional.

Por sua vez, o termo “erro” refere-se a meros enganos não intencionais
nas demonstrações financeiras, como por exemplo:

Enganos aritméticos ou de escrituração nos registos


subjacentes e nos dados contabilísticos;

Descuido ou interpretação indevida de factos;

Aplicação indevida de políticas contabilísticas.

As ocorrências de erros e fraudes podem tornar-se verdadeiros entraves


à consecução dos objectivos das empresas e cabe ao auditor a grande
responsabilidade de identificar estes factos e sugerir as medidas
correctivas necessárias.

Apresentam-se de seguida exemplos de fraudes nas demonstrações


financeiras:

Fraudes no Activo

Sub-avaliações de itens no Activo, têm por finalidade a


criação de reservas ocultas;

Sobre-avaliações de itens no Activo, destinam-se a


aumentar o valor dos investimentos de forma fraudulenta,
criando reservas fictícias, e lucros adulterados;

Valores fictícios, consequência de registos de bens


inexistentes;

Valores ocultos no Activo, omissão de registo de activos,


podendo originar graves descontrolos e toldar fraudes de
maior gravidade;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 96


Auditoria Financeira

Fraudes no Passivo, tendo em vista falências fraudulentas ou


desvios de numerário:

Sub-avaliação do Passivo, tendem a melhorar o aspecto


das contas da empresa, na medida em que reduzem as
dívidas;

Sobre-avaliação do Passivo, visando prejudicar


credores e sócios e provocar situações aparentemente
ruinosas;

Valores ocultos no Passivo, procurando beneficiar


subrepticiamente a situação financeira da empresa;

Fraudes nas contas de Resultados:

Aumento dos Custos, nomeadamente através da


apresentação de despesas inexistentes e/ou de valores
superiores aos efectivamente verificados nos
documentos que os suportam;

Redução dos Proveitos, principalmente das vendas.

As fraudes são praticadas quase sempre por pessoas que possuem


autoridade, sobretudo quando acumulam funções. Quando se trata de
volumes maiores, a fraude geralmente ocorre mediante formação de
conluio, sendo desta forma mais difícil a detecção. Portanto, nestes
casos, a fraude tende a persistir se não existirem controlos adequados e
independência da auditoria.

PROTECÇÃO CONTRA A FRAUDE

Entre as medidas mais comummente aceites para o combate à fraude,


têm particular destaque:

Uma distribuição de responsabilidades com o sistema hierárquico


respectivo, em que todas as fases da operação de um processo
estejam claramente definidas e distribuídas pelo pessoal,
impedindo que sejam da responsabilidade de uma só pessoa;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 97


Auditoria Financeira

Um regime que identifique todas as atitudes praticadas de modo


a reconhecê-las sempre pelo número de registo e pela
autorização do seu responsável;

Uma mentalização do pessoal, de modo a que este saiba sempre


a razão e o fim para que executa a sua tarefa;

Uma selecção cuidada dos recursos humanos que prime pela


competência, honestidade e responsabilidade dos candidatos.

Num sistema contra a fraude, um bom controlo interno e uma eficiente


auditoria interna são os factores que produzem os melhores resultados,
devendo ser adoptados em simultâneo.

Se é verdade que não existe nenhum sistema de controlo interno que


seja absolutamente imune a fraudes e erros, é também verdade que
estas ocorrências acontecem em muito menor número nas empresas
onde aqueles sistemas se encontram implementados, pois para além do
controlo efectivo exercido pelo sistema, existe sempre um efeito de
dissuasão associado.

Adicionalmente, todo o planeamento da auditoria deve considerar o risco


da existência de erros ou fraudes de modo a detectar os que
comprometam a apresentação fidedigna das demonstrações financeiras.
O auditor deverá avaliar o sistema contabilístico e o controlo interno,
prestando especial atenção às condições ou eventos que favoreçam estas
ocorrências, uma vez que, apesar da existência de um sistema de
controlo interno eficaz que reduza a probabilidade destas ocorrências,
existe sempre um risco associado ao seu deficiente funcionamento.

O risco de os exames de auditoria não detectarem a existência de


fraudes é maior do que para os casos de erros, dado que na fraude
existe normalmente todo um planeamento para que aquela seja
ocultada.

Quando encontrada uma fraude, o relatório do auditor deve referir-se-lhe


de forma conclusiva e inequívoca, sempre com base em provas
documentais e demonstrações claras da sua ocorrência.

Verificar se os pagamentos estão a ser efectuados regularmente


às entidades respectivas (Serviço de Administração do IVA,

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Auditoria Financeira

Segurança Social, Autarquias Locais, etc.) e se os saldos são


formados por valores bem definidos e identificados;

Relativamente aos saldos finais do ano (IVA, Taxa Social Única e


outros impostos ou taxas), verificar a sua subsequente liquidação
com adequada documentação (cópias das guias de pagamento
devidamente autenticadas pelas entidades oficiais);

Obter ou preparar uma análise do movimento ocorrido na conta


do IRC, evidenciando os saldos no início e no fim do período,
valores aprovisionados, reembolsos recebidos e pagamentos
efectuados, indicando data e natureza;

Solicitar o cálculo da provisão para impostos do exercício e


averiguar a sua correcção. Verificar a conciliação do lucro
contabilístico do exercício com a base tributável;

Considerar as consequências fiscais de fusões, incorporações,


aquisições, liquidações, dividendos, amortizações de capital,
mudanças importantes nas participações dos accionistas,
etc.resumidos, que é criada e mantida de forma independente
das demais, e que pode ser consultada por vários utilizadores, a
qualquer momento.

EXERCÍCIO 8.1

Classifique as seguintes situações de “fraude” ou “erro”:


a) Registo de transacções sem substância
b) Apropriação indevida de activos
c) Aplicação indevida de políticas contabilísticas
d) Manipulação, falsificação ou alteração de registos ou
documentos
e) Descuido ou interpretação indevida de factos
f) Aplicação indevida de políticas contabilísticas de forma
intencional.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 99


Auditoria Financeira

EXERCÍCIO 8.2

Refira duas medidas de combate à fraude.

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

COSTA, CARLOS BAPTISTA DA, Revisores Oficiais de Contas –


Principais Preceitos e Jurídicos e Técnicos, Rei dos Livros, Lisboa,
2000.

COSTA, CARLOS BAPTISTA DA, Auditoria Financeira: teoria e


prática, Rei dos Livros, Lisboa, 2000.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 100


Auditoria Financeira

9
Conceito de “Value for
Money”

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO

Neste capítulo procura-se proceder à identificação do conceito de Value


For Money, das formas de determinação, obtenção e vantagens deste
indicador, numa lógica de integração com a auditoria. O formando, ao
compreender a importância deste indicador para a gestão das
organizações, deverá ficar consciencializado para a execução da auditoria
numa perspectiva de identificação do value for money, e promover a sua
generalização nas operações da empresa.

VALUE FOR MONEY

Value for money (VFM) é um termo utilizado para quantificar o proveito


que uma organização obteve dos bens e serviços (tanto dos que adquiriu,
como dos que produziu), no espectro dos recursos disponíveis.

Este indicador pondera não só o custo dos bens e serviços, mas também
o mix da qualidade, custo, grau de cumprimento de prazos, utilização de
recursos e sua adequabilidade e conveniência, para verificar se, após
uma análise conjugada, constituem um bom valor.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 101


Auditoria Financeira

Atingir um bom VFM é frequentemente designado por conseguir os “três


Es”:

Economia – minimizar o custo dos recursos de uma actividade


(“fazer as coisas a baixo preço”);

Eficiência – desempenhar as tarefas de forma racional (“fazer as


coisas bem feitas”);

Eficácia – desempenhar as tarefas de forma objectiva (“fazer as


coisas certas”).

DETERMINAÇÃO DO VALUE FOR MONEY

Alguns elementos podem ser subjectivos, difíceis de quantificar,


intangíveis e mal entendidos, o que requer um julgamento idóneo de
modo a verificar se o value for money foi atingido. Neste sentido, a
determinação do VFM de uma actividade deve ser realizada de uma das
seguintes formas:

Benchmarking, comparação de uma actividade com outras


semelhantes em empresas do mesmo sector;

Utilizando indicadores de performance;

Orientação de estudos de VFM em conjunto com outras


instituições (p.e. universidades);

Procura e implementação de boas práticas (reconhecidas noutras


empresas) adaptadas à realidade da empresa;

Auditoria interna – apesar de a auditoria interna ter como


finalidade principal a avaliação do sistema de controlo interno,
muitas vezes o auditor interno está bem colocado para
determinar e emitir opinião sobre o VFM das áreas auditadas;

Exame dos resultados relativos à actividade.

OBTER UM BOM VALUE FOR MONEY

Para a empresa atingir um bom nível de VFM é necessário ter em


consideração os seguintes aspectos:

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 102


Auditoria Financeira

A cultura da empresa, por exemplo, contínuo aperfeiçamento no


sentido de produzir mais, com a qualidade pretendida e a
menores custos;

Adopção de boas práticas;

Definição clara da visão, missão e estratégia da empresa;

Estabelecimento de uma estrutura organizacional que estimule a


prestação de contas, onde exista um equilíbrio do binómio poder-
responsabilidade, conjugados com um bom sistema de controlo
interno;

Promoção da comunicação dentro da empresa, de modo a que a


cultura e os objectivos da empresa estejam presentes em todos
os níveis da estrutura organizacional;

Investimento em qualificação profissional, infraestruturas de


suporte, e sistemas informáticos.

VANTAGENS DO VALUE FOR MONEY

Entre as principais vantagens de promover os princípios do VFM incluem-


se:

Clarificação de objectivos – mais do que actuar com base em


suposições acerca do que se pretende, os princípios do VFM dão
aos gestores uma avaliação correcta dos objectivos de uma
actividade. Deste modo, maximiza-se-lhes a probabilidade de
atingir os fins desejados sem gastos ou esforços desnecessários.
Uma “avaliação” que deve também demonstrar que aquela
actividade está de acordo com a estratégia e com as políticas da
empresa;

Planeamento – é um componente essencial para uma boa


gestão. Um bom planeamento minimiza o risco de uma
actividade falhar nas suas pretensões em termos de custos e de
tempo despendido;

Abertura e transparência de processos – as organizações podem


divulgar a sua determinação em atingir um bom VFM através da
abertura de processos, envolvendo todas as partes interessadas.
Este é um factor de crescente importância, especialmente para
as organizações que recebem financiamentos do Estado, dado

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 103


Auditoria Financeira

que têm a responsabilidade acrescida de demonstrar que os


aplicam de forma correcta, equilibrada e honesta;

Conformidade com os estatutos e regulamentos – com a


promoção dos princípios do VFM, o risco de incumprimento de
requisitos legais ou estatutários vê-se substancialmente
reduzido;

Percepção e avaliação do risco – todas as actividades têm riscos


associados. Entre eles encontram-se o risco de
imagem/reputação, risco de controlo, risco financeiro, risco de
segurança e risco do negócio. Apesar de, em muitos casos, não
ser necessário realizar uma avaliação do risco para cada
actividade, pode acontecer que de um risco mal calculado resulte
um VFM reduzido.

EXERCÍCIO 9.1

Defina sucintamente Value for Money.

EXERCÍCIO 9.2

Qual a contribuição da auditoria interna para a determinação do Value for


Money.

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

ARENS, ALVIN A., LOEBBECKE, JAMES K., Auditing, 7ª Edição, Prentice


Hall, New Jersey, 1997

LINKS DE INTERESSE

www.hefce.ac.uk – “The concept of VFM”

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 104


Auditoria Financeira

10
Da Auditoria Financeira à
Auditoria de Gestão

OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO CAPÍTULO

Este último capítulo procura traçar o percurso da auditoria financeira à de


gestão, e a relevância da independência do auditor e da credibilidade da
informação financeira produzida.

A NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA CREDÍVEL

Como princípio geral, todo e qualquer tipo de informação deve ser


credível, isto é, deve proporcionar uma base sólida, real, clara,
verificável e idónea para a retirada de conclusões acertadas por parte de
quem a consulta.

Tal princípio é investido de especial relevância quando se trata de


informação financeira produzida pelas empresas, dado que esta se
destina a ser interpretada por um vasto conjunto de destinatários:

Os que a preparam;

Os que a auditam;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 105


Auditoria Financeira

Os que a analisam;

Os que a utilizam.

São estes últimos (em que se incluem investidores actuais e potenciais,


trabalhadores, financiadores, fornecedores, credores comerciais diversos,
clientes, Estado e público em geral) que devem ser privilegiados uma vez
que esperam que as demonstrações financeiras sejam preparadas com o
fim de proporcionar informação útil para a tomada de decisões
económicas e financeiras.

Se a responsabilidade principal pela preparação e apresentação das


demonstrações financeiras das empresas cabe aos respectivos órgãos de
gestão, a auditoria financeira surge com a finalidade de conferir
credibilidade à informação financeira.

A independência do auditor é um dos aspectos mais discutidos e


simultaneamente dos mais relevantes do exercício da actividade
profissional de auditoria. Daí que quando se fala simplesmente em
auditoria, pretende-se fazer referência àquela de que resulta uma opinião
independente sobre as demonstrações financeiras de uma empresa,
expressa por um profissional qualificado e necessariamente externo em
relação à empresa.

OUTROS TIPOS DE AUDITORIA

10.1 Auditoria interna

Define-se como «uma função de apreciação independente, estabelecida


dentro de uma organização, como um serviço para a mesma, para
examinar e avaliar as suas actividades. O objectivo da auditoria interna é
o de auxiliar os membros da organização no desempenho eficaz das suas
responsabilidades. Com esta finalidade, a auditoria interna fornece-lhes
análises, apreciações, recomendações, conselhos e informações
respeitantes às actividades analisadas».

De entre as várias funções da responsabilidade do órgão e gestão de


uma empresa, destaca-se a implementação de um sistema de controlo
interno que permita assegurar, entre outros aspectos, a confiança e a
integridade da informação. Para tal, os auditores internos devem usufruir

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 106


Auditoria Financeira

de bastante independência em relação aos serviços da organização que


são objecto da sua atenção, razão pela qual se considera que devem
depender directamente do órgão de gestão e não de qualquer Direcção.

10.2 Auditoria Operacional

Com o progressivo desenvolvimento da actividade empresarial, em


termos de volume, dispersão geográfica e complexidade, as funções da
responsabilidade dos auditores internos começaram a expandir-se cada
vez mais às diversas áreas operacionais, tais como:

Compras e transportes;

Recepção e existências;

Produção

Controlo de qualidade, engenharia e pesquisa;

Imobilizado corpóreo;

Marketing;

Pessoal;

Controlo financeiro básico;

Gestão financeira;

Informática;

Operações internacionais;

etc.

Este tipo de auditoria, que utiliza o conjunto das técnicas de julgamento


e de apreciação das operações da empresa utilizadas na auditoria
financeira, tem como objectivo auditar os controlos operacionais, a
gestão e a estratégia.

O campo de investigação da auditoria operacional é o conjunto do


controlo interno, pelo que a primeira se preocupa antes de mais com a
eficácia das operações e o cumprimento e adequação das políticas.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 107


Auditoria Financeira

10.3 Auditoria de gestão

A auditoria de gestão é uma técnica relativamente recente, podendo ser


entendida como uma extensão da auditoria operacional. Tem como
objectivo principal verificar em que medida os recursos postos à
disposição dos gestores, estão a ser aplicados com a maior eficiência e
eficácia e pretende mensurar e emitir opinião acerca do desempenho dos
gestores e sobre a rendibilidade da empresa.

EXERCÍCIO 10.1

Destaque as diferenças que considere mais relevantes existentes entre a


auditoria interna e externa.

EXERCÍCIO 10.2

Comente a seguinte afirmação: “a independência do auditor é um dos


aspectos

mais relevantes do exercício da actividade profissional de auditoria”.

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

MARQUES, MADEIRA JOSÉ FILIPE (1997), Auditoria e Gestão,


Presença, Lisboa, 1997

COSTA, CARLOS BAPTISTA DA, Auditoria Financeira: teoria e prática,


Rei dos Livros, Lisboa, 2000.

ARENS, ALVIN A., LOEBBECKE, JAMES K., Auditing, 7ª Edição,


Prentice Hall, New Jersey, 1997

ALMEIDA, MARCELO CAVALCANTI, Auditoria Contábil: teoria e prática,


Atlas, Lisboa, 1996.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 108


Auditoria Financeira

11
Enunciados dos Exercícios
de Aplicação
EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 1 - DISPONIBILIDADES

Após a auditoria à empresa Sequóia referente às suas disponibilidades,


constataram-se os seguintes aspectos:

1. O fundo fixo era de 2500 euro, no entanto o saldo era composto por
300 euro em numerário e 1900 em documentos relativos a
deslocações. O contabilista da empresa justificou a diferença entre o
real e o documental derivante da falta de documentos.

2. A conta de depósitos à ordem no CrediBank foi creditada pelo valor


líquido, referentes aos juros do depósito a prazo, sendo o imposto
retido de 750 euro (20 %).

3. Composição da conta de títulos negociáveis:

Operação Data Título Quantidade Valor Observações

Compra 18/08/2002 Acções ALAR, SA 2000 15300

Valor nominal de 5 euro;


Obrigações PORTE,
Compra 23/09/2002 2500 12800 vencimento de juros
SA
(4,5%) – 31/01e 31/07

Compra 05/09/2002 Acções ALAR, SA 1000 7500

Venda 15/10/2002 Acções ALAR, SA 1500 (13200)

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Auditoria Financeira

Ajustamento 31/12/2002 Acções ALAR, SA - 3750 Valor acções – cotação

Obrigações PORTE,
Ajustamento 31/12/2002 - (800) Valor obrigações – cotação
SA

TOTAL 25350

Notas: somente foram registados como resultados os ajustamentos de


valor no final do ano, nas contas 68.8.6 e 78.8.6; e não foram
constituídas quaisquer provisões para títulos negociáveis.

4. Negociação de 2 contratos futuros Euribor 3 meses para cobertura


do risco de aumento da taxa de juro relativamente a uma
transacção futura, tendo sido contabilizados na conta 68.8.8 (Perdas
em Instrumentos Derivados) os 3000 euro referentes à margem
inicial.

Foram contabilizados os proveitos financeiros (78.8.5 – Ganhos em


Instrumentos Derivados) de 500 euro (valor líquido) referentes a ajustes
diários decorrentes da variação dos preços referência.

PRETENDE-SE:

1) AJUSTAMENTOS E RECLASSIFICAÇÕES QUE A SEQUÓIA, SA DEVE


EFECTUAR, EM ATENDER À MATERIALIDADE.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 2

Compras de bens e serviços, pessoal e dívidas a pagar

A auditoria efectuada na empresa Sequóia, SA no exercío de 2002 aferiu os


seguintes aspectos:

1. As remunerações relativas aos 25 colaboradores ascendiam em 31/12 a


20000 euro (mensal), e a partir de 1/01/2003 a 22000 euro. As
remunerações estão sujeitas a Segurança Social (23,75%) e a seguro de
acidentes de trabalho (1,25%).

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Auditoria Financeira

Movimentos da conta 27.32 – Remunerações a liquidar:

Movimentos da conta 27.32 – Remunerações


Débito Crédito
a liquidar

Saldo em 31/12/2001 50000

Encargos com férias processados e pagos em 2002 45000

Encargos a pagar em 2003 40000

Valores Acumulados 45000 90000

Saldo em 31/12/2002 45000

2. A circularização às empresas locadoras e a análise dos respectivos


contratos revelou que o saldo contabilístico referente à Leaseart respeita a
um único contrato. O referido saldo inclui o total de pagamentos a efectuar
à locadora (incluindo o valor da opção de compra) deduzido das
amortizações de capital efectuado até 31/12/2002.

Contrato Leasing 32/02

Bem objecto de locação: comercial ligeiro

Início do contrato: 25/02/02

Rendas trimestrais e antecipadas 25/02, 25/05, 25/08,


(vencimento) 25/11

16 rendas 2000 euro / cada

Valor de Opção de Compra (2%): 600

Capital Amortizado após 4ª renda: 6000

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Auditoria Financeira

3. Conclusões relativas ao fornecedor Sitifins, SA obtidas após a


circularização efectuada aos fornecedores:

Valor Data de Data de Contabilização da


Data da ( Recepção da Factura
Factura Observações
Factura a Matéria
) Prima o Fornecedor Na Empresa

986/02 16-12-2002 19000 21-12-2002 16-12-2002 05-01-2003 (b)

1003/02 19-12-2002 14650 27-12-2002 19-12-2002 28-12-2002 (b)

1025/02 27-12-2002 12324 01-01-2003 01-01-2003 30-12-2002 (c)

1037/02 29-12-2002 9063 03-01-2003 29-12-2002 03-01-2003 (c)

(a) IVA não considerado para simplificação

(b) Incluída no inventário periódico

(c) Nao incluída no inventário

4. Não foi contabilizada qualquer estimativa para impostos, conhecendo-se


os seguintes dados:

Resultado Líquido do Exercício (ajustado pelos


(5000)
auditores)

Lucro Fiscal do Exercício (revisto pelos auditores) 9000

Pagamentos por conta realizados em 2002 1500

Retenções efectuadas por terceiros 250

Taxa IRC 30%

Derrama (% colecta) 10%

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Auditoria Financeira

PRETENDE-SE:

1. AJUSTAMENTOS E RECLASSIFICAÇÕES QUE A SEQUÓIA, SA DEVE REALIZAR,


ATENDENDO QUE A DIRECÇÃO FINANCEIRA AGUARDA O RELATÓRIO DA
AUDITORA PARA ENCERRAR AS CONTAS.

2. COMO DEVEM SER APRESENTADAS NO BALANÇO AS RESPONSABILIDADES


RELACCIONADAS COM O IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 3

Existências

A auditoria realizada na empresa Sequóia a 31/12/2002 revelou que as


existências do artigo Secret totalizavam 420 unidades. O valor unitário
atribuído pelo contabilista era de 91,88 euro.

Reporte de encomendas cujas facturas foram recebidas e contabilizadas,


relativamente ao fornecedor Garden, no segundo semestre de 2002:

Valor Factura
Factura Data Quantidade Recepção
(USD)

F264/02 6/07/02 300 22000 16/07/02

F369/02 9/09/02 150 11200 19/09/02

F795/02 17/11/02 200 15500 27/11/02

F32/03* 3/01/03 100 7900 13/01/03

* Referente à encomenda nº E9658/02 realizada a


23/12/2002

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 113


Auditoria Financeira

• Contabilização das facturas: no final do mês a que se refere, ao


valor cambial do último dia útil.

• Método de custeio: FIFO

• Preço de venda unitário do produto Secret a 25/01/2003: 115


euro

• Preço de venda unitário do produto Secret a 8/06/2002: 105


euro

• Custos associados à venda: 7,5% do preço de venda

• Custo de transporte e seguro: 10% do valor de cada factura, em


euro.

• Mapa com a evolução cambial:

Evolução cambial euro usd

Junho 0,915 1,093

Julho 0,918 1,090

Agosto 0,920 1,086

Setembro 0,923 1,083

Outubro 0,926 1,080

Novembro 0,929 1,077

Dezembro 0,932 1,073

Janeiro 0,934 1,070

Uma empresa portuguesa concorrente, a Primison, introduziu no


mercado um produto com especificações extremamente similares -
Narevel, cujo preço unitário ascende a 85 euro. A empresa Sequóia tem

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 114


Auditoria Financeira

apresentado enormes dificuldades em escoar o produto Secret, tendo


somente efectuado uma operação de venda, de 15 unidades no dia
25/01/2003.

PRETENDE-SE:

1) Determinar o nível de razoabilidade da valorização das existências da


Sequóia a 31/12/2002.

2) Realizar ajustamentos e/ou reclassificações relativas à situação enunciada.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 4

Imobilizações incorpóreas

O Balancete referente ao primeiro semestre de 2002 da empresa


Sequóia, SA (30/06/2002) apresentava a seguinte composição da conta
Imobilizações em Curso – Investimentos Financeiros (em euro):

Escritura de compra e venda de um terreno 1500000

Juros de financiamento capitalizados até


950000
31/12/2001

Total 2450000

Informações recolhidas:

- Nos últimos exercícios a empresa tem apresentado


sucessivamente resultados negativos, pelo que foi decidida a
capitalização dos juros de financiamento como forma de atenuar
os custos do exercício. Existia a expectativa de valorização do
terreno.

- Desde o final de 2001 que a Sequóia, SA pretende alienar o


terreno, pois a sua localização deixou de ser interessante para a
construção da nova unidade fabril. Assim, a administração

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 115


Auditoria Financeira

pretende arrendar um imóvel que permita a transferência da


actual unidade produtiva e permita a sua expansão futura.

- A proposta mais vantajosa para a alienação do terreno foi a


apresentada pela Imobifins, SA, que ascendeu a 1800000 euro.

- Em Outubro de 2002, a Sequóia, SA alienou o terreno à


Imobifins, SA por 2800000 euro, dos quais foram liquidados
2200000. Foi acordado que seria a Imobifins, SA a proceder à
adaptação do novo edifício arrendado no mesmo mês.

- A tranferência da unidade fabril para as novas instalações


implicou os seguintes registos contabilísticos referentes às
despesas de instalação – conta 43.1.4 – Imobilizações
Incorpóreas – Despesas de Instalação – Benfeitorias em
propriedade alheia:

Trabalhos de construção civil facturados pela


850000
Imobifins, SA

Transferência do equipamento 75000

Total 310000

- Do valor dos trabalhos de construção prestados pela Imobifins,


SA, 250000 euro foram facturados, e o restante foi liquidado
mediante o encontro de contas.

- O contrato de arrendamento acordado entre a Sequóia, SA e o


proprietário do edifício prevê um prazo de 15 anos,
eventualmente renovável por igual período, e os
melhoramentos, após autorização do proprietário, revertem a
favor deste.

- A amortização das benfeitorias considera uma vida útil de 20


anos, e refere-se à data do início da utilização.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 116


Auditoria Financeira

PRETENDE-SE:

1) O mapa resumo dos lançamentos efectuados pela Sequóia, SA.

2) Ajustamentos e reclassificações que a Sequóia, SA deva incluir nas


contas de 2002.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 5

Imobilizações corpóreas

Após a auditoria à empresa Sequóia, SA referente às suas imobilizações


corpóreas, constataram-se os seguintes aspectos genéricos:

- A contabilização das imobilizações corpóreas ao custo de


aquisição

- As imobilizações corpóreas nunca foram reavaliadas

- A amortização procede-se segundo o método das quotas


constantes, aplicando o regime dos duodécimos.

1. Relativamente ao Equipamento Básico, duas situações suscitaram a


necessidade de uma observação cuidada:

- Débito de 23000 euro relativo à factura nº 837 de 1/07/02 da


sociedade ANGEAUTO. O veículo RENKAN fora adquirido em
01/01/1998, por 18000 euro, sendo a sua vida útil de cinco
anos. As amortizações do exercício de 2002 foram objecto de
contabilização.

Comercial Ligeiro RENTRA 30000

Retoma do Comercial
-7000
Ligeiro RENKAN

Total 23000

- Débito de 85000 euro relativo à aquisição de um forno de alta


temperatura em 01/04/02, cuja vida útil é de oito anos, e foi

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 117


Auditoria Financeira

amortizada pelo método das quotas degressivas, com um


coeficiente de correcção aplicável de 2,5. A política relativa a
este equipamento resultou dos bons resultados obtidos em 2002
e da possibilidade legal de diferimento do pagamento de IRC.

2. No que respeita às Imobilizações em Curso, está registada na


respectiva conta, a construção e instalação de uma nova linha de
produção adjudicada à MLECLA em 01/06/01, que entrou em
pleno funcionamento em 01/07/2002.

Fornecimento da Nova Linha 180000

Juros Debitados pelo CrediBank decorrentes do financiamento


obtido

01/11/2001 a 31/01/2002: 5100

01/02/2002 a 30/04/2002: 5350

01/05/2002 a 31/07/2002: 5550

01/08/2002 a 31/10/2002: 5850

Total dos Juros 21850

Deslocações e outras despesas indispensáveis à aquisição e


8150
instalação

Total 210000

3. A conta Reservas - Subsídios evidencia um saldo de 60000 euro


recebido a 01/02/2002, relativo à comparticipação em 67% do
valor da linha de montagem adquirida em 01/09/01 por 90000
euro. A vida útil atribuída é de 8 anos, sendo o saldo da conta
de Amortizações Acumuladas em 31/12/2002 de 15000 euro.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 118


Auditoria Financeira

PRETENDE-SE:

1) Ajustamentos e reclassificações que a Sequóia, SA deve efectuar.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 6

Investimentos financeiros

A auditoria efectuada na empresa Sequóia, SA no exercío de 2002


identificou a seguinte composição da conta Investimentos Financeiros:

1) Partes de Capital

- Em Empresas do Grupo: 97200 euro (6000 acções)

- Em Empresas Associadas: 225000 euro (10000 acções)

Operações identificadas no apuramento dos saldos:

Preço Valor
Operação Data Quantidade Unitá Nomi Total
rio nal

Compra de acções Jan-


12000 16,2 15 194400
Próprias 02

Alienação de acções Set-


6000 16,7 15 100200
Próprias 02

Compra de acções
Nov-
da empresa 10000 15,4 15 154000
02
Sepela, SA

Débito na conta
Partes de Capital Jan-
- - - 71000
em Empresas 02
Associadas *

*Alteração do critério de valorimetria para o método de equivalência


patrimonial (contrapartida de Proveitos e Ganhos Extraordinários)

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 119


Auditoria Financeira

Foi possível apurar a contabilização dos proveitos obtidos (10200


euro) com a venda de acções próprias de na conta Ganhos em
Imobilizações.

A conta Reservas Legais inclui uma subconta Reservas Indisponíveis


com o saldo de 194400 euro.

Não foi efectuado outro lançamento relacionado com a participação


na empresa associada.

A empresa Sepela, SA, tinha a seguinte composição dos Capitais


Próprios nos períodos considerados:

31-12- 31-12-
Capitais Próprios
2002 2001

Capital 600000 600000

Reservas de
140000
Reavaliação

Resultados
300000 180000
Transitados

Resultado Líquido 160000 120000

TOTAL 1200000 900000

PRETENDE-SE:

1) AJUSTAMENTOS E RECLASSIFICAÇÕES QUE A SEQUÓIA, SA DEVA


INCLUIR NAS CONTAS DE 2002.

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Auditoria Financeira

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 7

Vendas, prestações de serviços e dívidas a receber

Aquando da auditoria à empresa Sequóia à área de “Vendas e Dívidas


a Receber”, atendendo a que o prazo de pagamento concedido aos
clientes é de 30 dias, e as existências são contabilizadas em sistema
de inventário permanente, foi detectado o seguinte conjunto de
aspectos a merecer uma análise mais detalhada:

1) Saldos das contas de Clientes

Conta Saldo

Clientes c/c (devedor) 900000

Clientes c/c (credor) (22000)

Clientes - Títulos a Receber 150000

Clientes - Títulos Aceites (150000)

Clientes - Títulos Descontados (120000)

Clientes de Cobrança Duvidosa 143910

Adiantamentos de Clientes (25000)

Provisões para Clientes de Cobrança (24000)


Duvidosa

Dos testes realizados concluiu-se:

- Nas letras a receber por descontar incluem-se 35000 euro


relativos a letras enviadas à cobrança, com vencimento a
30/11/2002, e devolvidas pelo banco por falta de pagamento.
Foram reformadas no início de 2003.

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Auditoria Financeira

- Os adiantamentos de clientes respeitam exclusivamente à


empresa Percilar. As entregas foram acordadas e facturadas ao
preço previamente estabelecido. Estão contabilizados em
clientes c/corrente 25000 euro (saldo devedor).

- Nos Clientes de Cobrança Duvidosa o cliente Ercivalar foi


declarado falido, ficando os 23500 euro incobráveis.

- Os restantes 120410 euro estão dipersos da seguinte forma:

Cliente Origem da Montante Total


Dívida

Festsi Out-2000 22000

Jan-2001 15000

Mar-2001 2000 39000

Brugal Out-1999 17600

Ranier Jul-2001 19300

Ago-2001 12630

Dez-2001 6000 37930

Destivo Fev-2000 12200

Mai-2000 9550

Jan-2001 1670

Out-2001 960

Abr-2002 830

Nov-2002 670 25880

TOTAL 120410

As dívidas de Brugal, Ranier, Destivo são de difícil execução de


acordo com o advogado. Com o cliente Festsi foi acordado um plano
de pagamento mensal sem juros de 15 prestações, tendo pago as

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 122


Auditoria Financeira

duas primeiras e solicitado o adiantamento da terceira alegando


dificuldades de tesouraria.

2) A contabilidade não contempla as seguintes situações referentes


às vendas de Novembro e Dezembro de 2002:

- Desconto especial concedido a revendedores, creditado em


Janeiro de 2003: 23000 euro.

- Devoluções aceites no início de 2003 no valor de 178000


euro. A venda tinha sido efectuada com uma margem de
25% sobre o preço de custo.

3) A conta 71.2 – Vendas –Mercadorias inclui a quantia de 33250


euro correspondente à venda, em 1/10/2002, de um
equipamento importado da Arábia Saudita, que será pago nas
seguinte condições:

Após a entrega do equipamento


1350000
(1/10/2002) – 30 dias

Após 1º pagamento – 12 meses 197250

Foi considerada a taxa de juro praticada pelo Creibank em


operações do mesmo prazo e risco: 9%.

4) Na conta 27.2 – Custos Diferidos estão incluidos 38000 euro


referentes à campanha publicitária realizada em 2001. A
amortização desta campanha efectuou-se à taxa anual de 25%
nos dois exercicios. A campanha não deverá gerar benefícios
económicos futuros.

PRETENDE-SE:

1) AJUSTAMENTOS E RECLASSIFICAÇÕES QUE A SEQUÓIA, SA DEVE


EFECTUAR, EM ATENDER À MATERIALIDADE.

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Auditoria Financeira

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 8 – CAPITAL PRÓPRIO

O Balanço provisório da Argos, Lda. referente ao exercício de 2002


apresentava a seguinte composição do Capital Próprio (valores em euro):

Balanço – CAPITAL PRÓPRIO 31-12-2002 31-12-2001

Capital Social 800000 800000

Prestações Suplementares 120000 120000

Reservas de Reavaliação 1241850

Reservas de Reavaliação 130000 40000

Resultados Transitados (35000) (30000)

Resultado Líquido 8500 (5000)

TOTAL 2265350 925000

Os testes efectuados permitiram constatar que:

1. As prestações suplementares respeitam ao suprimento que o


sócio Rodrigo Peixoto, detentor de 60% do capital social,
efectuou a 1/12/2001. o suprimento vence juros semestrais e
postecipados à taxa de 9%. O contrato de sociedade é omisso
em relação às prestações suplementares e a empresa contabiliza
os juros aquando do pagamento do suprimento.

2. A reavaliação (Decreto-Lei nº 27/2003) efectuada em 2002


identificou que apenas as amortizações brutas foram
actualizadas, no que refere a edifício sede (nunca antes fora
reavaliado):

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 124


Auditoria Financeira

Número de anos decorridos desde a data de


12
aquisição

Custo de Aquisição 255000

Taxa anual de amortização 2%

Amortizações Acumuladas
45900
50000*17*0,75*2%

Coeficiente de actualização monetária 5,87

PRETENDE-SE:

1) AJUSTAMENTOS E RECLASSIFICAÇÕES QUE A ARGOS, LDA.DEVE


EFECTUAR, SEM CONSIDERAR EVENTUAIS ASPECTOS FISCAIS.

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Auditoria Financeira

12
Resolução dos Exercícios

EXERCÍCIO 2.1

Pretende-se que o formando foque os seguintes tópicos:

Normalização contabilística

Correcção, clareza e suficiência das demonstrações financeiras

EXERCÍCIO 2.2

Princípio da substância sobre a forma.

EXERCÍCIO 2.3

Princípio da prudência.

EXERCÍCIO 3.1

O formando deverá referir quatro dos seguintes tópicos:

Emissão de parecer sobre as contas, como garante da qualidade


da informação financeira;

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Auditoria Financeira

Estudo e avaliação dos principais sistemas contabilísticos e de


controlo em utilização na empresa auditada;

Identificação dos pontos fracos e proposta de medidas de


correcção adequadas;

Assistência fiscal, de forma a garantir a prevenção de


incumprimentos e o planeamento de medidas adequadas em
termos de gestão da política fiscal da empresa;

Assistência à gestão, permitindo um acompanhamento


sistemático dos resultados periódicos e mecanismos de alerta
atempados sobre a evolução dos negócios;

Apoio a decisões de carácter estratégico a adoptar pela gestão


(aquisições, fusões, vendas, etc);

Apoio a medidas de reorganização interna que a gestão pretenda


adoptar;

Exercício de uma função dissuasora e pedagógica sobre os


elementos da organização.

EXERCÍCIO 3.2

Tópicos de resposta:

O risco de auditoria resulta da possibilidade de ocorrência de


erros ou irregularidades no decurso do trabalho de auditoria,
existindo três níveis de risco sequenciais: risco inerente, risco de
controlo e risco de detecção;

O risco inerente engloba os erros susceptíveis de ocorrerem nas


demonstrações financeiras do cliente independentemente da
existência de um sistema de controlo interno. O sistema de
controlo interno reduz este risco ao filtrar os referidos erros;

O risco de controlo está relacionado com a não detecção de erros


por parte do sistema de controlo interno;

Os erros que contornam o sistema de controlo interno são


analisados pelo auditor, que constitui o último filtro de detecção
de erros. O risco subjacente à esta fase é o risco de detecção.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 127


Auditoria Financeira

EXERCÍCIO 4.1

Sistema de controlo interno consiste num plano de organização com os


seguintes objectivos:

Obter informação financeira atempada e fidedigna;

Garantir que as transacções são autorizadas e executadas de


acordo com a delegação de competências e segregação de
funções existente dentro da organização;

Cumprir as normas internamente estabelecidas, bem como as


diversas disposições legais;

Realizar os objectivos previamente definidos com uma


utilização eficiente os recursos disponíveis;

Salvaguardar os activos da empresa;

Prevenir e detectar eventuais erros e fraudes;

Responsabilizar os diversos intervenientes no processo de


organização e gestão da empresa.

EXERCÍCIO 4.2

Os procedimentos de controlo interno têm por objectivo assegurar que:

O registo de todas as transacções que devam ser registadas;

Não sejam registadas transacções fictícias ou duplicadas;

As transacções são registadas pelo valor monetário correcto;

O registo das transacções atenda ao princípio da


especialização do exercício;

Sejam correctamente classificadas contabilisticamente as


transacções;

Todos os débitos e créditos nos registos financeiros são


adequadamente acumulados.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 128


Auditoria Financeira

EXERCÍCIO 4.3

De entre os seis factores enumerados no manual, o formando deve


referir os seguintes três (ou pelo menos dois destes, desde que
fundamente convenientemente o terceiro):

Desinteresse por parte do órgão de gestão na manutenção de


um bom sistema de controlo;

Dimensão da empresa, na medida em que a implementação de


um bom sistema de controlo interno torna-se mais difícil quanto
menor for o número de trabalhadores seja substancialmente
mais elevado;

Relação custo/benefício, dado que a implementação de qualquer


sistema de controlo interno acarreta custos, que se vão
acumulando à medida que se pretende melhorar o sistema.

EXERCÍCIO 5.1

Os auditores devem realizar testes de controlo para obter prova de


revisão acerca da eficácia dos sistemas contabilístico e de controlo
interno e do funcionamento dos controlos internos durante o período.
Com base nos resultados dos testes de controlo, o auditor deve avaliar
se os controlos internos estão ou não concebidos e a funcionar como
contemplado na avaliação preliminar do risco de controlo e,
consequentemente, determinar qual há-de ser a extensão dos
procedimentos substantivos de auditoria.

EXERCÍCIO 5.2

A compreensão do sistema contabilístico e de controlo interno por parte


dos auditores permite-lhes identificar e entender:

As principais classes de transacções nas operações da empresa;

Como são iniciadas tais transacções;

Os registos contabilísticos, documentos de suporte significativos


e as contas das demonstrações financeiras;

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 129


Auditoria Financeira

O processo de contabilização e de relato financeiro, desde o


início das transacções até à inclusão nas demonstrações
financeiras.

EXERCÍCIO 6.1

Os documentos de trabalho para a realização de auditoria têm por


finalidade:

Auxiliar o auditor na realização do seu trabalho e assegurar o


correcto planeamento da auditoria;

Permitir a revisão independente por alguém qualificado do


trabalho realizado;

Constituir prova do trabalho realizado e da fundamentação da


opinião do auditor.

EXERCÍCIO 6.2

A distinção baseia-se no período de tempo em que os documentos


constantes em cada dossier têm utilidade para o trabalho de auditoria.

Assim, os dossiers ou pastas permanentes englobam todas as


informações que o auditor considera importantes e que tenham de ser
consultadas ao longo das auditorias presentes e futuras.

Por seu turno, os dossiers ou pastas correntes englobam toda a


documentação relativa a cada auditoria específica que constitui o suporte
à certificação legal das contas, bem como a outros relatórios de auditoria
que são emitidos. Reúnem toda a documentação necessária, bem como
análises de informação, relativas ao trabalho de auditoria específico que
se está a realizar e constitui evidência e fundamentação das conclusões
do auditor.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 130


Auditoria Financeira

EXERCÍCIO 7.1

Para cada uma das áreas operacionais, deve o formando referir quatro
das seguintes:

a) Área de investimentos financeiros:

Expectativas irrealistas quanto ao valor, rendibilidade e liquidez


dos investimentos efectuados;

Dependência de flutuações conjunturais de valor, susceptíveis de


justificar a criação de provisões o ajustamentos de valor;

Eventuais dificuldades das entidades emissoras, nos casos de


títulos, que possam condicionar o pagamento da remuneração
devida ou mesmo do seu reembolso;

Existência de erros contabilísticos nas demonstrações financeiras


das empresas participadas, afectando a correcta valorização da
participação.

Possibilidade de ocorrência de operações menos transparentes e


contrárias à lógica de mercado, entre empresas inseridas no
mesmo grupo;

Insuficiência de provisões para ajustar o valor de aquisição ao


valor de cotação de títulos cotados e/ou para cobrir riscos de
cobrança relativos a empréstimos a empresas do grupo;

Não reconhecimento dos resultados ocorridos nas empresas


associadas e controladas;

Existência de participações em empresas situadas em países de


elevado risco ou com condicionantes à movimentação de divisas;

Dificuldades de avaliação do valor de participações minoritárias


em empresas não cotadas.

b) Área de existências

Características do negócio, dos stocks e do sistema de


contabilização (custo padrão, custo real, LIFO, FIFO, custo médio
ponderado, etc.);

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 131


Auditoria Financeira

Determinação do valor líquido de realização e critério de


imputação de gastos gerais de fabrico;

Número de itens e de classes de existências com características


significativamente diferentes;

Sistema de movimentação de existências adoptado (inventário


permanente ou inventário intermitente);

Regularidade das contagens físicas de existências;

Multiplicidade de existências em poder de terceiros não


identificadas como tal e consideradas em poder da empresa;

Controlo inadequado sobre produtos que não se encontram em


condições, obsoletos ou com índices de rotação muito baixos.

EXERCÍCIO 7.2

Provisão consiste no montante retido como razoavelmente necessário


para fazer face a alguma responsabilidade ou custo, com fortes
possibilidades de ocorrer ou com certeza quanto à sua verificação, mas
com desconhecimento do valor exacto e/ou da data em que ocorrerá.

Contingência refere-se a uma situação conhecida à data de balanço, cujo


efeito final, custo ou benefício, será apenas confirmado após a ocorrência
ou inexistência de um ou mais factos futuros.

EXERCÍCIO 8.1

a) Fraude

b) Fraude

c) Erro

d) Fraude

e) Erro

f) Fraude

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Auditoria Financeira

EXERCÍCIO 8.2

O formando deverá referir duas das seguintes medidas:

Uma distribuição de responsabilidades com o sistema


hierárquico respectivo, em que todas as fases da operação de
um processo estejam claramente definidas e distribuídas pelo
pessoal, impedindo que sejam da responsabilidade de uma só
pessoa;

Um regime que identifique todas as atitudes praticadas de


modo a reconhecê-las sempre pelo número de registo e pela
autorização do seu responsável;

Uma mentalização do pessoal, de modo a que este saiba


sempre a razão e o fim para que executa a sua tarefa;

Uma selecção cuidada dos recursos humanos que prime pela


competência, honestidade e responsabilidade dos candidatos.

Como complemento, poderá de igual modo mencionar que um bom


controlo interno e uma eficiente auditoria interna são os factores que
produzem os melhores resultados, devendo ser adoptados em
simultâneo.

EXERCÍCIO 9.1

Pretende-se que numa resposta imediata o formando associe o conceito


aos “três Es”. Para complementar a resposta, pode referir que se trata de
um indicador que pondera não só o custo dos bens e serviços, mas
também o mix da qualidade, custo, grau de cumprimento de prazos,
utilização de recursos e sua adequabilidade e conveniência.

EXERCÍCIO 9.2

Primeiro, enquadrar a auditoria como uma das formas para a sua


determinação; de seguida, especificar o papel do auditor interno,
enfatizando o facto de muitas vezes o mesmo se encontrar bem colocado
para determinar e emitir opinião sobre o Value For Money das áreas
auditadas.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 133


Auditoria Financeira

EXERCÍCIO 10.1

Enquanto a Auditoria Externa incide a sua análise sobre a correcção, a


clareza e a suficiência das demonstrações financeiras, a Auditoria Interna
centraliza a sua atenção nos procedimentos e na adequação do sistema.

EXERCÍCIO 10.2

Na resposta a esta questão, o formando deve focar os seguintes tópicos:

O facto de o auditor externo não estar sujeito a manipulações


e/ou vícios existentes na empresa;

Necessidade de conferir credibilidade à informação financeira;

De modo a que seja relevante e fiável para os diversos


utilizadores.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 134


Auditoria Financeira

13
Resolução dos Exercícios de
Aplicação
EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 1 - DISPONIBILIDADES

1) AJUSTAMENTOS (A) E RECLASSIFICAÇÕES (R)

Fundo Fixo de Caixa

No final de cada mês, e principalmente no final do ano, deve proceder-se


à reposiçã do fundo fixo de forma a serem contabilizados os custos
incorridos no respectivo período.

Geralmente os custos são reconhecidos pela contrapartida de Depósitos à


Ordem, não se verificando movimento na conta Caixa.

Assim, a Sequóia, SA deve proceder ao ajustamento da conta de fundo


fixo, para que o saldo reflicta somente os meios de pagamento
existentes.

Nº Tipo Contas Notas Valores

62 - Fornecimentos e Serviços
1 A 1
Externos

62.2.27 - Deslocações e Estadas 1900

11 – Caixa

11.1 - Fundo Fixo 1900

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Auditoria Financeira

2 A 26 - Outros Devedores e Credores

26.2.9 - Outras Operações com o


200
Pessoal

11 – Caixa

11.1 - Fundo Fixo 200

Notas:

1. Contabilização das despesas com deslocações incluídas no Fundo Fixo.

2. Contabilização da dívida a receber, podendo a responsabilidade do


valor em falta ser do funcionário a que está confiado o Fundo Fixo.

Juros do Depósito a Prazo

Na contabilização du juro do depósito a prazo foi somente considerado o


valor líquido:

0,20 x VB = 750 VB = 3750

VL = VB – Imposto VL = VB – 0,20 x VB VL = 0,8 x 3750 VL


= 3000

É necessária porém, a contabilização do juro obtido retido na fonte:

Nº Tipo Contas Notas Valores

3 A 24 - Estado e Ourtros Entes Públicos 1

24.1.1 - Imposto sobre o Rendimento -


750
Retenção na Fonte

78 - Proveitos e Ganhos Financeiros

78.1.1 - Depósitos Bancários 750

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Auditoria Financeira

Notas:

1. Contabilização dos juros obtidos no exercício e do imposto retido.

Títulos Negociáveis

Os aspectos a considerar são:

a. Determinar o custo de aquisição das obrigações;

b. Reconhecimento dos proveitos gerados pelas obrigações;

c. Reconhecimento do resultado obtido na venda das acções;

d. Critério de valorimetria dos títulos, quer acções quer


obrigações.

e. Custo de aquisição das obrigações

f. Poveitos gerados pelas obrigações

Valor Pago: 12800 euro

Valor Nominal das Obrigações: 2500 un x €5 = 12500

Os juros a receber a 1/01/2003 ascendem a 325,13 euro, dos quais


93,75 respeitam a juros decorridos aquando da aquisição dos títulos. O
valor do juro vencido, não faz parte do custo de aquisição das obrigações
pelo que deve ser contabilizado enquanto dívida a receber.

c) Resultado obtido na venda das acções

A Sequóia, SA vendeu metade das acções adquiridas referentes à


sociedade ALAR, SA. O valor da venda foi registado na conta 15 – Títulos

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 137


Auditoria Financeira

Negociáveis. A movimentação desta conta é realizada com referência ao


custo de aquisição. Assim, importa definir o método de custeio, o que
neste caso adoptaremos o do custo médio:

Custo dos títulos vendidos: 1500 x 0,5 x 7,6 = 11400

Resultado da Operação: 13200-11400 = 1800 (ganho)

d) Critério de valorimetria dos títulos

O Balanço deve expressar a valorização dos títulos negociáveis ao valor


mais baixo dos seguintes critérios de valorimetria: custo de aquisição ou
valor de mercado. A redução para o valor de mercado efectua-se
mediante a constituição de provisões para aplicações de tesouraria:

- Activo bruto corresponde ao custo de aquisição

- Activo líquido corresponde ao custo de aquisição ou valor


de mercado (valor mais baixo)

- As provisões correspondem ao ajustamento do valor


original (custo de aquisição – valor da redução)

Custo de Valor de Mais


Menos
Aquisição* Mercado valias
Títulos valias
potenciai
potenciais
Unitário Total Unitário Total s

Acções
7,6 11400 8,9 13350 1950 0
ALAR, SA

Obrigações
2,5 12706 2,4 12000 0 -706,25
PORTE, SA

*Após os lançamentos já considerados

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Auditoria Financeira

Assim, as acções deverão ser valorizadas ao custo (11400) e as


obrigações ao valor de mercado (12000). Deve ser constituida uma
provisão no valor de 706,25.

Lançamentos de Correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

4 R 26 - Outros Devedores e Credores 1

26.8.9 - Juros a receber que não são


93,75
proveitos

15 - Títulos Negociáveis

15.2.3 - Obrigações - Outras Empresas 93,75

5 A 27 - Acréscimos e Diferimentos 2

27.1.1 - Juros a Receber 187,5

78 - Proveitos e Ganhos Financeiros

78.1.2 - Juros Obtidos - Obrigações e


187,5
Títulos de Participação

6 A 15 - Títulos Negociáveis 3

15.1.3 - Acções - Outras Empresas 13200

78 - Proveitos e Ganhos Financeiros

78.7 - Ganhos na Alienação de Aplicações


11400
de Tesouraria

15 - Títulos Negociáveis

15.1.3 - Acções - Outras Empresas 11400

78 - Proveitos e Ganhos Financeiros

78.7 - Ganhos na Alienação de Aplicações


13200
de Tesouraria

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Auditoria Financeira

Nº Tipo Contas Notas Valores

7 A 78 - Proveitos e Ganhos Financeiros 4

78.8.6 - Ajustamentos de Valor em Títulos


3750
Negociáveis

15 - Títulos Negociáveis

15.1.3 - Acções - Outras Empresas 3750

8 A 15 - Títulos Negociáveis 5

15.2.3 - Obrigações - Outras Empresas 800

68 - Custos e Perdas Financeiras

68.8.6 - Ajustamentos de Valor em Títulos


800
Negociáveis

9 A 68 - Custos e Perdas Financeiras 6

68.4.1 - Provisões para Aplicações


706,25
Financeiras - Títulos Negociáveis

19 - Provisões para Aplicações de


Tesouraria

19.1.2 - Obrigações e Títulos de


706,25
Participação

Notas:

1. Correcção do custo de aquisição das obrigações face aos juros


decorridos até à data de compra.

2. Especialização dos juros à data do Balanço.

3. Reconhecimento do custo dos títulos vendidos e do valor da venda.


A diferença corresponde à mais valia obtida.

4. Anulação do ajustamento efectuado relativo às acções.

5. Anulação do ajustamento efectuado relativo às obrigações.

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Auditoria Financeira

6. Constituição da provisão para menos valias.

Contratos de Futuros

A margem inicial corresponde ao valor que a Sequóia, SA entregou para


fazer face a situações de eventual incumprimento, devendo ser
considerada um activo. A conta 15.8.1 Instrumentos Derivados -
Margens em Contratos de Futuros foi introduzida pela Directriz
Contabilística nº 17 para estas situações.

Os ajustamentos diários são tratados diferentemente consoante sejam


operações de especulação ou de cobertura. No primeiro caso são
consideradas resultados financeiros, e no segundo são objecto de
diferimento (27.5 - Ajustes Diários Diferidos em Contratos de Futuros).
Sendo uma operação de cobertura temos as seguintes correcções
contabilísticas:

Nº Tipo Contas Notas Valores

10 A 15 - Títulos Negociáveis 1

15.8.1 - Instrumentos Derivados -


3000
Margens em Contratos de Futuros

68 - Custos e Perdas Financeiras

68.8.5 - Custos e Perdas em


3000
Contratos de Futuros

11 A 78 - Proveitos e Ganhos Financeiros 2

78.8.5 - Proveitos e Ganhos em


500
Contratos de Futuros

27 - Acréscimos e Diferimentos

27.5 - Ajustes Diários Diferidos em


500
Contratos de Futuros

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Auditoria Financeira

Notas:

1. Reconhecimento da margem inicial como um activo.

2. Correcção dos ajustes diários.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 2 – COMPRAS DE BENS E


SERVIÇOS, PESSOAL E DÍVIDAS A PAGAR

1. AJUSTAMENTOS E RECLASSIFICAÇÕES

Encargos com Férias

Os encargos relacionados com as férias do pessoal devem ser


considerados no exercício em que o trabalho é prestado, como é
preconizado nos princípios de contabilidade geralmente aceites. Estes
encargos são compostos pela remuneração correspondente ao período de
férias, o subsídio de férias, as contribuições para a segurança social e o
seguro de acidentes de trabalho.

Quando as diferenças de estimativa não são relevantes, devem ser


reconhecidas como resultados correntes do exercício (se a diferença for
relevante, possivelmente existe um erro).

Na presente situação, a diferença de estimativa apurada em 2002 não


foi corrigida dos encargos a pagar em 2003, não considerando o aumento
para esse ano.

Lançamentos de correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

1 A 27 - Acréscimos e Diferimentos 1

27.3.2 - Remunerações a Liquidar 5000

64 - Custos com o Pessoal

64.2 - Remuneração do Pessoal 4000

64.5 - Encargos sobre Remunerações 950

64.6 - Seguro de Acidentes de Trabalho


50
e Acidentes Pessoais

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Auditoria Financeira

Nº Tipo Contas Notas Valores

2 A 64 - Custos com o Pessoal 2

64.2 - Remuneração do Pessoal 4000

64.5 - Encargos sobre Remunerações 10450

64.6 - Seguro de Acidentes de Trabalho


550
e Acidentes Pessoais

27 - Acréscimos e Diferimentos

27.3.2 - Remunerações a Liquidar 15000

Notas:

1. Correcção da diferença de estimativa:

Estimativa (2001) – Encargos Pagos (2002)

50000 – 45000 = 5000

Remunerações = Diferença Estimativa / (1 +


Encargos)

5000 / (1 + 23,75 +
4000
1,25) =

Segurança Social
950
(23,75%)

Seguro (1,25%) 50

2. Ajustamento da estimativa de encargos com férias a pagar


em 2003

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Auditoria Financeira

1 Remuneração Férias: 22000

2 Subsídio Férias: 22000

44000

3 Segurança Social (44000 x 23,75%): 10450

4 Seguro(44000 x 1,25%): 550

5 Total a considerar (1+2+3+4): 55000

6 Diferença Estimativa – Encargos a Pagar: 44000 – 4000


40000 =

7 Valor a Ajustar: (44000 – 40000) + 10450 + 550 15000

Locação

Reflectindo o saldo relativo à Leaseart o valor total das rendas e o valor


da opção de compra, deduzido das amortizações de capital efectuadas
até 31/12/2002, indicia que o bem foi contabilizado atendendo ao total
de pagamentos a efectuar (deveria ser somente considerado o custo do
bem) e que os juros têm sido reconhecidos como custos financeiros
(somente tem sido debitada na conta corrente da locadora a
amortização de capital).

Lançamentos de correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

3 R 26 - Outros Devedores e Credores 1

26.1.1 - Fornecedores de
7500
Imobilizado, c/c

42 - Imobilizações

42.2 - Equipamento de Transporte 7500

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Auditoria Financeira

Notas:

1. Correcção do saldo da locadora:

Valor Total a Pagar à Leaseart: 32500

Prestações: 16 x 2000 = 32000

Valor de Opção de Compra = 500

Preço do Bem: 25000

500 / 1,02

Juros Indevidamente Capitalizados: 7500

32500 - 25000

Fornecedor

Lançamentos de correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

4 R 31 - Compras 1

31.6.1 - Matérias-primas 19000

22 - Fornecedores

22.1 - Fornecedores, c/c 19000

36 - Matérias-primas, subsidiárias e de
5 R 2
consumo

36.1 - Matérias-primas 19000

31 - Compras

31.9 - Transferências 19000

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Auditoria Financeira

Nº Tipo Contas Notas Valores

61 - Custo das Mercadorias Vendidas e


6 A 3
das Matérias Consumidas

61.6.1 - Matérias-primas 19000

36 - Matérias-primas, subsidiárias e de
consumo

36.1 - Matérias-primas 19000

36 - Matérias-primas, subsidiárias e de
7 A 4
consumo

36.5 - Matérias e Materiais em Trânsito 12324

61 - Custo das Mercadorias Vendidas e


das Matérias Consumidas

61.6.1 - Matérias-primas 12324

8 R 31 - Compras 5

31.6.1 - Matérias-primas 9063

22 - Fornecedores

22.8 - Fornecedores - Facturas em


9063
Recepção e Conferência

36 - Matérias-primas, subsidiárias e de
9 R 6
consumo

36.5 - Matérias e Materiais em Trânsito 9063

31 - Compras

31.9 - Transferências 9063

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Auditoria Financeira

Notas:

1. Contabilização da factura 986/02

2. Transferência do movimento na conta de compras (referente


à factura 986/02)

3. Regularização do custo das matérias-primas consumidas


(referente à factura 986/02)

4. Regularização das matérias em trânsito (referente à factura


1025//02)

5. Contabilização da factura 1037/02

6. Transferência do movimento na conta de compras (referente


à factura 1037/02)

Imposto a Pagar

A determinação do imposto a pagar rege-se pelo apuramento do lucro


apurado segundo as regras fiscais, em detrimento do resultado do
exercício evidenciado nas demonstrações financeiras.

Lucro Fiscal do Exercício 9000

IRC a Liquidar (30% x 9000) 2700

Derrama (10% x 2700) 270

Imposto Estimado 2970

Pagamentos por conta realizados em


-1500
2002

Retenções efectuadas por terceiros -250

Imposto a Pagar 1220

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Auditoria Financeira

Lançamentos de correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

86 - Imposto sobre o Rendimento do


4 A 1
Exercício

24 - Estado e Outros Entes Públicos 2970

24.1 - Imposto sobre o Rendimento 2970

5 A 69 - Custos e Perdas Extraordinários 2

69.8.1 - Insuficiência da Estimativa para


120
Impostos

24 - Estado e Outros Entes Públicos

24.1 - Imposto sobre o Rendimento 120

Notas:

1. Contabilização da estimativa de imposto sobre o rendimento

2. Regularização da estimativa efectuada em 2001


relativamente ao imposto sobre o rendimento.

2. O IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO NO BALANÇO

A Sequóia, SA tem responsabilidades em termos de imposto sobre o


rendimento no valor de 1220 euro. Apesar do imposto estimado ascender
a 2970 euro, a empresa liquidou já parte do imposto em sede dos
pagamentos por conta e retenções efectuadas por terceiros. O valor do
imposto a pagar, 1220 euro, deve ser inscrito no Balanço do exercício de
2002.

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Auditoria Financeira

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 3 - EXISTÊNCIAS

1) DA RAZOABILIDADE OU NÃO DA VALORIZAÇÃO DAS EXISTÊNCIAS DA


EMPRESA SEQUÓIA.

Valorização das existências:

Preço de
Compra Custos de Custo Custo
Factura Quantidade Câmbio
compras Total Unitário
USD EURO

F264/02 300 22000 1,09 23980,00 2398,00 26378,00 87,93

F369/02 150 11200 1,083 12129,60 1212,96 13342,56 88,95

F795/02 200 15500 1,077 16693,50 1669,35 18362,85 91,81

F32/03* 100 7900 1,07 8453,00 845,30 9298,30 92,98

Custeio das existências:

• Critério FIFO

• Unidades em stock: 420

Unidades em Custo
Factura Total
Stock Unitário

F795/02 70 88,95 6226,53

F369/02 150 91,81 13772,14

F264/02 200 92,98 18596,60

TOTAL 420 38595,27

• Valorização pelo contabilista: 420 un x 91,88€ = 38589,6

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Auditoria Financeira

A diferença entre o valor das existências armazenadas custeadas


segundo o critério FIFO e a valorização efectuada pelo contabilista
(91,88) não é relevante (38595,27 – 38589,6 = 5,67), pelo que se julga
apropriado o custo total das existências, pese embora o valor
corresponder ao custo médio dos artigos existentes.

O aumento do custo unitário deve ser considerado para efeitos de


balanço, uma vez que a introdução de um novo produto concorrente a
um preço consideravelmente mais reduzido, poderá implicar a não
realização do valor de aquisição. Perante esta provável redução de
preços, as existências deverão ser valorizadas atendendo ao valor
realizável líquido:

Unidades em armazém em
420
31/12/2002

Vendas após 31/12/2002 15

Saldo em armazém 405

Preço Esperado de Venda 36000

405 X 85 = 34425

15 X 105 = 1575

Despesas de Venda: 36000 X


2700
7,5%

Valor Realizável Líquido 33300

2)AJUSTAMENTOS (A) E RECLASSIFICAÇÕES (R).

Deve ser constituída uma provisão para depreciação de existências, em


virtude do Valor Realizável Líquido (33300 euro) ser inferior ao Valor das
Mercadorias (38589,6 euro). É a diferença entre estes dois valores que
deverá ser inscrita na provisão (5289,6 euro).

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Auditoria Financeira

É possível reconhecer o prejuízo potencial das encomendas que a


Sequóia efectuou em 2002, e que só forma satisfeitas em 2003:

Encomenda de 2002 satisfeita em 2003


9298,30
(Valor)

Quantidade 100

Preço de Mercado 85

Custo das vendas 7,5%

Valor a inscrever na Provisão* 1435,8

*Valor Encomenda – Valor de Venda – Custos com a


Venda =

9298,30-100*85-100*85*7,5% = 1435,8

O valor total da provisão para depreciação de existências a constituir é


de 6725,4 euro (5289,6 + 1435,8).

Lançamentos de Correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

1 A 67 - Provisões do Exercício 1

67.3.1 - Para Depreciação de Existências 6725,4

39 - Provisões para Depreciação de


Existências

39.2 - Mercadorias 6725,4

Notas:

1. Contabilização da Provisão para Depreciação de Existências

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 151


Auditoria Financeira

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 4 – IMOBILIZAÇÕES


INCORPÓREAS

1) MAPA RESUMO DOS LANÇAMENTOS EFECTUADOS PELA SEQUÓIA, SA.

Lançamentos
Saldos Efectuados
Contas Saldos Finais
Iniciais
Débito Crédito

12 - Depósitos à Ordem 2350000 75000 2275000

2800000 2350000 450000


26.8 - Devedores e
Credores Diversos
850000 -850000

43.1.4 - Despesas de 850000 850000


Instalação - Benfeitorias
em Propriedades Alheias 75000 75000

44.1 - Investimentos
Financeiros em curso - 2450000 2450000 0
Imóveis

48.3.1 - Amortizações
Acumuladas de 46250 -46250
Despesas de Instalação

66.3.1 - Amortizações
de Despesas de 46250 46250
Instalação

79.4.1 - Alienação de
Investimentos 2450000 2800000 -350000
Financeiros

TOTAL 8571250 8571250

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 152


Auditoria Financeira

2) AJUSTAMENTOS E RECLASSIFICAÇÕES

Lançamentos de Correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

1 A 59 - Resultados Transitados 1 950000

43 - Imobilizações Incorpóreas

43.1.4 - Despesas de Instalação - Benfeitorias


600000
em Propriedades Alheias

79 - Proveitos e Ganhos Extraordinários

79.4.1 - Alienação de Investimentos


350000
Financeiros

2 R 27 - Acréscimos e Diferimentos 2

27.2.1 - Custos Diferidos - Obras de


250000
Remodelação

43 - Imobilizações Incorpóreas

43.1.4 - Despesas de Instalação - Benfeitorias


250000
em Propriedades Alheias

3 A 48 - Amortizações Acumuladas

48.3.1 - Amortizações Acumuladas de


46250
Despesas de Instalação

66 - Amortizações do Exercício

66.3.1 - Amortizações de Despesas de


46250
Instalação

4 A 62 - Fornecimento de Serviços Externos

62.2.37 - Gastos com a Mudança de Armazém 16667

27 - Acréscimos e Diferimentos

27.2.1 - Custos Diferidos - Obras de


16667
Remodelação

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 153


Auditoria Financeira

Notas:

1. Correcção dos custos financeiros capitalizados em 2001, que por


via da alienação do imóvel se encontram debitados na conta
79.4.1 - Alienação de Investimentos Financeiros; correcção das
beneficiações inexistentes (mais que provável sobrefacturação das
obras de adaptação realizadas pela Imobifins, SA) debitadas a
título de compensação do valor excessivo (face ao valor de
mercado) da transacção, afectando a conta de proveitos e ganhos
extraordinários.

2. Reclassificação dos gastos correspondentes às obras de


remodelação e adptação do imóvel arrendado.

3. Anulação das amortizações do exercício.

4. Imputação ao custo do exercício dos custos diferidos com base no


contrato de arrendamento – despesas de instalação / período de
vigência do contrato (15 anos).

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 5 – IMOBILIZAÇÕES CORPÓREAS

Resolução:

Equipamento Básico

- Alienação do comercial ligeiro RENKAN

Resultado obtido na alienação:

Custo de Aquisição 18000

Taxa de amortização anual 20%

Taxa de amortização mensal 1,67%

Amortizações Acumuladas 16200

Alienação 7000

Valor Contabilístico* 1800

Ganho na Alienação 5200

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 154


Auditoria Financeira

* Valor Contabilístico = Custo Aquisição - Amortizações Acumuladas

Exercício Meses Amortizações

1998 12 3600

1999 12 3600

2000 12 3600

2001 12 3600

2002 6 1800

Amortizações acumuladas 16200

Amortização do comercial RENTRA calculada em 2002

Amortização do Comercial O que deve ser


Contabilizado
Novo contabilizado

(valor factura)
Valor base (custo de aquisição) 30000
23000

Taxa de amortização anual (20%)

Taxa de amortização mensal (1,67%)

Amortização do Exercício (6
2300 3000
meses)

Amortização do Comercial usado (12 meses) 3600 (6 meses) 1800

Total de Amortizações do
5900 4800
Exercício

Usado 2300 3000

Novo 3600 1800

Amortização em excesso 1100

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 155


Auditoria Financeira

Lançamentos de correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

1 A 42 - Imobilizações Corpóreas 1

42.3 - Equipamento Básico 7000

79 - Proveitos e Ganhos Extraordinários

79.4.2 - Alienação de Imobilizações


7000
Corpóreas

2 R 79 - Proveitos e Ganhos Extraordinários 2

79.4.2 - Alienação de Imobilizações


18000
Corpóreas

42 - Imobilizações Corpóreas

42.3 - Equipamento Básico 18000

3 A 48 - Amortizações Acumuladas 3

48.2.3 - Amortizações Acumuladas de


16200
Equipamento Básico

79 - Proveitos e Ganhos Extraordinários

79.4.2 - Alienação de Imobilizações


16200
Corpóreas

4 A 48 - Amortizações Acumuladas 4

48.2.3 - Amortizações Acumuladas de


1100
Equipamento Básico

66 - Amortizações do Exercício

66.2.3 - Amortizações de Equipamento


1100
Básico

Notas:

1. Contabilização da retoma do comercial usado.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 156


Auditoria Financeira

2. Contabilização da alienação do comercial usado (custo de


aquisição).

3. Contabilização da alienação do comercial usado (amortizações


acumuladas).

4. Rectificação da amortização acumulada calculada pela Sequóia,


SA em 2002.

- Aquisição do forno de alta temperatura

O método das quotas degressivas não é enquadrável nos princípios


contabilísticos geralmente aceites, pois não atendem à correlação entre
custos e proveitos.

Quotas Quotas
Degressivas Constantes

Custo de Aquisição 85000 85000

Vida Útil 8 8

Taxa Anual 12,5% 12,5%

Coeficiente a aplicar 2,5

Taxa Anual Corrigida 31,25%

Amortização do 1º
26562,5 10625
ano

Valor por amortizar 15937,5

Lançamentos de correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

4 A 48 - Amortizações Acumuladas 1

48.2.3 - Amortizações Acumuladas de


15938
Equipamento Básico

66 - Amortizações do Exercício

15938
66.2.3 - Amortizações de Equipamento

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 157


Auditoria Financeira

Básico

Notas:

1. Anulação da amortização efectuada em excesso.

- Imobilizações em Curso

As despesas incorridas durante o período de construção são capitalizáveis


nas imobilizações em curso. O montante referente ao pagamento de
juros no financiamento obtido do período compreendido entre
01/08/2002 a 31/10/2002, 5850 euro, por ser posterior à entrada em
funcionamento da linha de produção, foi indevidamente capitalizado.

Por outro lado, aquando da entrada em funcionamento pleno, as


imobilizações em curso deverão ser transferidas para a conta de
Imobilizado Corpóreo correspondente, ficando sujeitas à respectiva
amortização.

Amortizações não contabilizadas

Custo de Aquisição 174150

Vida Útil 10

Taxa Anual 10,0%

Amortização do 1º ano 17415

Amortização entre 1/07/2002 e 31/12/2002 (6


8707,5
meses)

Lançamentos de correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

1 A 68 - Custos e Pedras Financeiros 1

68.1.1 - Juros de Empréstimos


5850
Bancários

44 - Imobilizações em Curso

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 158


Auditoria Financeira

44.2 Linha de Produção 5850

Nº Tipo Contas Notas Valores

2 R 42 - Imobilizações Corpóreas 2

42.3 - Equipamento Básico 174150

44 - Imobilizações em Curso

44.2 Linha de Produção 174150

3 A 66 - Amortizações do Exercício 3

66.2.3 - Amortizações de Equipamento


8708
Básico

48 - Amortizações Acumuladas

48.2.3 - Amortizações Acumuladas de


8708
Equipamento Básico

Notas:

1. Anulação das despesas indevidamente capitalizadas

2. Transferência de imobilizações em curso para imobilizado


corpóreo

3. Amortização correspondente ao período compreendido entre


1/07/2002 e 31/12/2002

- Reservas - Subsídios

A contabilização dos subsídios ao investimento não deve ser feita directa


e integralmente no capital próprio (salve se não forem amortizáveis),
mas sim atendendo ao princípio da especialidade do exercício, diferidos e
imputados a resultados extraordinários com base nas amortizações dos
equipamentos adqiridos.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 159


Auditoria Financeira

A amortização da linha de montagem anual ascende a 11250 euro


(amortização mensal de 937,5 euro).

Custo de Aquisição 90000

Vida Útil (8 anos) 12,5


%

Amortização anual 11250

Amortização mensal 937,5

Amortizações 15000
Acumuladas

Comparticipação 67%

Subsídio 60000

Correspondendo o subsídio a 67 % do valor do bem, as amortizações


serão imputadas na mesma base percentual aos resultados
extraordinários:

Parcela mensal a imputar aos resultados extraordinários: 937,5 x


67% = 625

Amortizações acumuladas a imputar: 15000 x 67% = 10000

Ano 2001 – 4 meses (01/09/01 a 31/12/2001): 625 x 4 =


2500

Ano 2002 – 12 meses: 625 x 12 = 7500

Lançamentos de correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

1 A 57 - Reservas 1

57.5 . Subsídios 60000

27 - Acréscimos e Diferimentos

27.4.5 - Subsídios para Investimentos 60000

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 160


Auditoria Financeira

Nº Tipo Contas Notas Valores

2 A 27 - Acréscimos e Diferimentos 2

27.4.5 - Subsídios para Investimentos 10000

79 Proveitos e Ganhos Extraordinários

79.7 - Correcções relativas a exercícios


2500
anteriores

79.8.3 - Subsídios para Investimento 7500

Notas:

1. Transferência do saldo de Reservas para Diferimentos

2. Imputação do subsídio a resultados extraordinários

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 6 – INVESTIMENTOS


FINANCEIROS

Acções Próprias

A contabilização de operações de aquisição e alienação de acções


próprias deve ser efectuada em contas de capital próprio e não como
investimentos financeiros, tal como o procedimento da Sequóia, SA.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 161


Auditoria Financeira

Os valores relativos à aquisição de acções próprias pela Sequóia, SA, são


os seguintes:

Valor
Designação
(€)

1. Custo de Aquisição Unitário 16,2

2. Valor Nominal 15

3 .Prémio por acção (1 – 2 ) 1,2

4. Quantidade Adquirida 12000

5. Prémio Total (4 x 3) 14400

6. Valor Total de Aquisição (4


194400
x 1)

A Sequóia, SA procedeu à indisponibilização da Reserva Legal,


contabilizando 194400 euro na conta Reservas Indisponíveis (mesmo
valor da aquisição de acções próprias).

No que respeita à alienação, esta foi indevidamente reconhecida


enquanto resultado extraordinário.

Valor
Designação
(€)

1. Preço de Venda 16,7

2. Valor Nominal 15

3. Prémio Venda Unitário (1 – 2 ) 1,7

4. Acções Vendidas 6000

5. Premio Venda Total (4 x 3) 10200

6. Preço de Aquisição 16,2

7. Resultado da Operação [4 x (1-


3000
6)]

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 162


Auditoria Financeira

A empresa não reduziu o saldo da conta Reservas Indisponíveis na parte


correspondente às acções próprias alienadas: 97200

Lançamentos de Correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

1 A 52 - Acções Próprias 1

52.1 - Valor Nominal 90000

52.2 – Prémio 7200

41 - Investimentos Financeiros

41.1.1 - Empresas do Grupo 97200

2 A 79 - Proveitos e Ganhos Extraordinários 2

79.4.1 - Alienação de Investimentos


3000
Financeiros

57 – Reservas

57.4 - Reservas Livres 3000

3 R 57 – Reservas 3

57.4.X - Reservas Legais – Indisponíveis 97200

57 – Reservas

57.4 - Reservas Livres 97200

Notas:

1. Trasferência do saldo das acções próprias em carteira no final


do exercício para as contas de Capital Próprio onde devem ser
contabilizadas (e não em Investimentos Financeiros)

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 163


Auditoria Financeira

2. Transferência de Resultados individamente considerados


relativamente à alienação de acções próprias para Capital
Próprio (Reservas).

3. Redução do saldo das reservas indisponíveis por via da


alienação das acções próprias.

Partes de Capital em Empresas Associadas

A aquisição de parte do capital da Sepela, SA pela Sequóia, SA ascendeu


a 154000 euro:

Participação da Sequóia na Sépela:

Nº acções 10000

Valor Nominal 15

Valor Aquisição 15,4


Unitário

Investimento Total 154000

O valor debitado (71000 euro) na conta Investimentos Financeiros –


Partes de Capital em Empresas Associadas foi uma forma de ajustar o o
custo da aquisição da parte de capital da Sepela, SA aototal do capital
próprio no final do exercício dde 2001. Este lançamento é incorrecto, pelo
que se deve efectuar o estorno e contabilizar de forma propícia a
alteração do critério de valorimetria para o método de equivalência
patrimonial.

Lançamentos de Correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

1 A 79 - Proveitos e Ganhos Extraordinários 1

79.4.1 - Alienação de Investimentos Financeiros 17000

41 - Investimentos Financeiros

41.1.2 - Empresas Associadas 17000

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 164


Auditoria Financeira

Nº Tipo Contas Notas Valores

2 A 41 - Investimentos Financeiros 2

41.1.2 - Empresas Associadas 2000

55 - Ajustamentos de Partes de Capital em


Filiais e Associadas

55.1 - Ajustamento de Transição 2000

3 A 41 - Investimentos Financeiros 3

41.1.2 - Empresas Associadas 25000

55 - Ajustamentos de Partes de Capital em


Filiais e Associadas

55.3 - Outras Variações nos Capitais


25000
Próprios

4 A 41 - Investimentos Financeiros 4

41.1.2 - Empresas Associadas 18000

78 - Proveitos e Ganhos Financeiros

78.2 - Ganhos em Empresas do Grupo e


18000
Associadas

Notas:

1. Estorno do débito em Investimentos Financeiros.

2. Ajustamento de transição devido à mudança do método do


custo para o método da equivalência patrimonial:

Capital Próprio 900000

Participação 25%

Valor Participação
225000
Correspondente

Custo de Aquisição 154000

Diferença 71000

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 165


Auditoria Financeira

3. Imputação da reserva de reavaliação criada em 2002 na empresa


Sepela à Sequóia:

Reserva de Reavaliação da Sepela,


140000
SA

Imputação à Sequóia, SA 35000

4. Imputação do lucro da Sepela à Sequóia:

Lucro Sépela 160000

Participação nos
40000
Resultados

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 7 - VENDAS, PRESTAÇÕES DE


SERVIÇOS E DÍVIDAS A RECEBER

1) AJUSTAMENTOS (A) E RECLASSIFICAÇÕES (R)

Clientes

As correcções a efectuar no âmbito da contabilização das operações


relativas a Clientes prendem-se com os seguintes aspectos:

- Letras a receber vencidas ainda incluídas na conta de Clientes-


Títulos a receber

- Adiantamentos indevidamente classificados e relativos a


transacções já concretizadas

- Dívidas a receber de clientes já falidos

- Dívidas em mora num período superior a 12 meses e não


provisionadas convenientemente

- Deficiências na contabilização de alguns pagamentos do cliente


Festsi considerados pela Sequóia, SA como de cobrança
duvidosa

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 166


Auditoria Financeira

Lançamentos de Correcção:

Nº Tipo Contas Notas Valores

1 R 21 – Clientes 1

21.3 - Clientes -Títulos Aceites 35000

21 – Clientes

21.2 - Clientes -Títulos a Receber 35000

2 R 21 – Clientes 2

21.9 - Adiantamentos a Clientes 25000

26 - Outros Devedores e Credores

26.9 - Adiantamentos por Conta de


25000
Vendas

3 R 26 - Outros Devedores e Credores 3

26.9 - Adiantamentos por Conta de


25000
Vendas

21 – Clientes

21.1 - Clientes - c/corrente 25000

4 A 69 - Custos e Perdas Extraordinários 4

69.7 - Correcções Relativas a Exercícios


23500
Anteriores

21 – Clientes

21.8 - Clientes de Cobrança Duvidosa 23500

5 R 21 – Clientes 5

21.1 - Clientes - c/corrente 5200

21 – Clientes

21.8 - Clientes de Cobrança Duvidosa 5200

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 167


Auditoria Financeira

Nº Tipo Contas Notas Valores

6 A 67 - Provisões do Exercício 6

67.1.1 - Para Cobranças Duvidosas -


91210
Dividas de Clientes

21 – Clientes

21.8 - Clientes de Cobrança Duvidosa 91210

Notas:

1. Anulação das letras vencidas a 30/11/2002 e devolvidas peol


Banco por falta de cobrança.

2. Reclassificação do adiantamento, uma vez que a operação foi


efectuada com o preço previamente fixado.

3. Regularização do adiantamento, pois está concretizada a operação.

4. Anulação da dívida a receber do cliente entretanto falido.

5. Correcção da contabilização das prestações pagas pelo cliente


Festsi.

6. Reforço da provisão para cobranças duvidosas:

Cliente Dívida

Festsi (39000-
33800
5200)

Brugal 17600

Ranier 37930

Destivo 25880

Provisão
115210
Necessária

Provisão Existente -24000

Reforço 91210

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 168


Auditoria Financeira

Descontos Comerciais

Atendendo ao princípio da especialização do exercício, os descontos


comerciais decorrentes de vendas efectuadas em 2002 devem ser
contabilizados no Balanço do referido ano , ainda que os créditos sejam
emitidos em 2003.

Nº Tipo Contas Notas Valores

7 A 71 - Vendas 1

71.8 - Descontos e Abatimentos 23000

21 - Clientes

21.5 - Clientes - c/Créditos a Emitir 23000

8 A 71 - Vendas 2

71.7 - Devoluções de Vendas 178000

21 - Clientes

21.5 - Clientes - c/Créditos a Emitir 178000

9 A 32 - Mercadorias 3

32.6 - Mercadorias em Poder de Terceiros 142400

61 - Custo das Mercadorias Vendidas e


das Matérias Consumidas

61.2 - Mercadorias 142400

1. Notas:

2. Contabilização dos descontos especiais, cujos créditos foram


emitidos em 2003.

3. Reconhecimento das devoluções efectuadas em 2003.

4. Correcção do custo das existências vendidas.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 169


Auditoria Financeira

Vendas

Nesta operação é necessária a diferenciação entre o proveito resultante


da venda e o proveito inerente ao diferimento do pagamento:

Nº Tipo Contas Notas Valores

10 A 71 - Vendas 1

71.2 - Mercadorias 16287

27 . Acréscimos e Diferimentos

27.4.9 - Outros Proveitos


12215
Diferidos

78 - Proveitos e Ganhos
Financeiros

78.1.8 - Outros Juros 4072

Notas:

1. Correcção do valor da venda.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 170


Auditoria Financeira

Publicidade

Como a campanha publicitária não produzirá benefícios económicos


futuros, deverão ser considerados extintos os gastos totais incorridos.

Nº Tipo Contas Notas Valores

62. Fornecimento e Serviços


11 A 1
Externos

62.2.33 - Publicidade e
38000
Propaganda

27 . Acréscimos e Diferimentos

27.2.2 - Publicidade e Propaganda 38000

Notas:

1. Ajustamento dos custos diferidos.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 8 – CAPITAL PRÓPRIO

1) AJUSTAMENTOS (A) E RECLASSIFICAÇÕES (R)

Prestações Suplementares

As prestações suplementares estão regulamentadas nos artigos 210º a


213º do Código das Sociedades Comerciais, sendo aplicáveis somente em
sociedades por quotas, têm de estar previstas no contrato de sociedade,
não vencem juros e são realizadas em dinheiro. Assim, a empresa
contabilizou mal o suprimento, pois deveria tê-lo considerado como
empréstimo de sócios, e inscrever a quantia no Passivo.

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 171


Auditoria Financeira

Lançamentos de Correcção

Nº Tipo Contas Notas Valores

1 A 53 - Prestações Suplementares 1 120000

25 - Sócios

25.5.1 - Empréstimos 120000

2 R 69 - Custos e Perdas Extraordinários 2

69.7 - Correcções Relativas a Exercícios


900
Anteriores

68 - Custos e Perdas Financeiras

68.1.3 - Juros de Outros Empréstimos


900
Obtidos

3 A 68 - Custos e Perdas Financeiras 3

68.1.3 - Juros de Outros Empréstimos


900
Obtidos

27 - Acréscimos e Diferimentos

27.3.3 - Juros a Liquidar 900

Notas:

1. Transferência dos suprimentos para empréstimos de sócios.

2. Parte dos juros pagos e contabilizados referem-se a Dezembro de


2001.

Montante 120000

Taxa de Juro
9,0%
Anual

Juros Anuais 10800

Juros Mensais 900

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 172


Auditoria Financeira

3. Juros de Dezembro de 2002, que serão pagos em 2003.

Reservas de Reavaliação

A reavaliação do imobilizado corpóreo implica a actualização do custo de


aquisição e das amortizações acumuladas. A empresa não procedeu à
actualização destas, pelo que tem de o fazer para o Balanço transmitir a
correcta imagem da situação financeira.

Nº Tipo Contas Notas Valores

4 A 56 - Reservas de Reavaliação 4

56.3 - Decreto-Lei 27/2003 223533

48 - Amortizações Acumuladas

48.2.2 - Edifícios e Outras


223533
Construções

Notas:

1. Contabilização do efeito da reavaliação nas amortizações acumuladas,


31/12/2002:

Designação Valor

Amortizações Acumuladas (50000*17*0,75*2%) constantes no


45900
Balanço

Coeficiente de Actualização Monetária 5,87

Amortizações Acumuladas Actualizadas 269433

Diferença (269433 – 45900) 223533

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 173


Auditoria Financeira

14
Bibliografia
ALMEIDA, MARCELO CAVALCANTI, Auditoria Contábil: teoria e
prática, Atlas, Lisboa, 1996.

ARENS, ALVIN A., LOEBBECKE, JAMES K., Auditing, 7ª Edição,


Prentice Hall, New Jersey, 1997

BORGES, ANTÓNIO, et al; Elementos de Contabilidade Geral;


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MARQUES, MADEIRA JOSÉ FILIPE (1997), Auditoria e Gestão,


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OROC, Normas Técnicas, Recomendações Técnicas, Directrizes


Técnicas, Directrizes de Revisão/Auditoria e Interpretações Técnicas

LINKS DE INTERESSE

Normalização Contabilística

www.cnc.min-financas.pt (Comissão Nacional de Normalização


Contabilística)

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 174


Auditoria Financeira

www.iasc.org.uk (International Accounting Standards Board)

www.fasb.org (Financial Accounting Standards Boards

Noções de Auditoria:

www.monografias.com/trabajos14/apun-auditoria/apun-
auditoria.shtml (definições, auditoria interna e externa, controlo
interno, técnicas)

www.monografias.com/trabajos14/matriz-control/matriz-
control.shtml (matriz de controlo interno)

www.monografias.com/trabajos14/inventario/inventario.shtml
(trabalho de inventário)

www.monografias.com/trabajos14/usotrabajo/usotrabajo.shtml
(trabalho do auditor: objectivos e procedimentos):

Organizações Profissionais (Âmbito Nacional)

www.cidadevirtual.pt/croc (Ordem dos Revisores Oficiais de Contas)

www.ctoc.pt (Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas)

www.icaew.co.uk (Intitute of Chartered Accountants in Ireland)

www.icaew.co.uk (Institute of Chartered Accountants in England &


Wales)

www.iscas.org.uk (Institute of Chartered Accountants of Scotland)

www.idw.de (Institut Der Wirtschaftsprüfer - Alemanha)

www.aswa.org (American Society of Women Accountants)

www.acaus.org (Association of Chartered Accountants in the U.S.)

www.aicpa.org (American Institute of Certified Public Accountants)

Organizações Profissionais (Âmbito Internacional)

www.ifac.org (International Federation of Accountants - EUA)

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 175


Auditoria Financeira

www.eaa-online.org (European Accounting Association – Europa)

www.euro.fee.be (Féderation des Experts Comptables Européens –


Europa)

As “Big 4”:

www.pwc.com/pt (Price Waterhouse Coopers)

www.ey.com/global/content.nsf/Portugal/Ernst_&_Young_Home_Page
(Ernst & Young)

www.kpmg.pt (KPMG)

www.deloitte.pt (Deloitte & Touche Tohmatsu)

Escândalos Financeiros:

www.news.bbc.co.uk/1/hi/business/3398913.stm (Enron / Andersen)

www.news.bbc.co.uk/1/hi/business/3232559.stm (MCI Worldcom /


KPMG)

www.news.bbc.co.uk/1/hi/in_depth/business/2002/scandals/default.s
tm (Outros casos)

Companhia Própria – Formação & Consultoria, Lda 176

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