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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (NEAD)


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE POLÍTICAS
PÚBLICAS EM GÊNERO E RAÇA (GPP-GeR)

A VIOLÊNCIA VELADA: UM OLHAR SOBRE A MULHER


ESTUDANTE DA EJA DA U. I. M. RAIMUNDO NUNES DA
SILVA EM CAXIAS – MARANHÃO.

FRANCISCA PEREIRA CASTRO ROCHA

CAXIAS – MA.
2012
FRANCISCA PEREIRA CASTRO ROCHA

A VIOLÊNCIA VELADA: UM OLHAR SOBRE A MULHER


ESTUDANTE DA EJA DA U. I. M. RAIMUNDO NUNES DA
SILVA EM CAXIAS – MARANHÃO.

Projeto de pesquisa apresentado ao curso de


Pós- Graduação em Gestão de Políticas
Públicas em Gênero e Raça da Universidade
Federal do Maranhão.

CAXIAS – MA.
2012
RESUMO.......................................................................................................................3

1. JUSTIFICATIVA.......................................................................................................4

2. OBJETIVOS..............................................................................................................7

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................8

4. METODOLOGIA.....................................................................................................10

5. CRONOGRAMA.....................................................................................................12

6. REFERÊNCIAS......................................................................................................13
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RESUMO

A violência velada: Um olhar sobre a mulher estudante da Educação de


Jovens e Adultos da U. I. M. Raimundo Nunes da Silva, é um trabalho cientifico que
partiu de inquietações e reflexões observadas no interior da referida escola. Partindo
desse olhar objetivamos analisar situações que levam mulheres estudantes a
interromper os seus estudos e a retornar à sala de aula, especificamente, na
modalidade de Educação de Jovens e Adultos da U. I. M. Raimundo Nunes da Silva.
Nessa direção entende-se que a escola tem papel social fundamental na vida dessa
mulher, daí a necessidade de um olhar diferenciado, mas atento para a mulher
estudante de EJA, que volta a sala de aula com novas perspectivas de vida.
Observaram-se no primeiro momento da pesquisa que a maioria dos alunos, é do
sexo feminino, dados a priori nos levam a pensar que a interrupção do processo de
escolarização, pode está relacionada com o gênero. Para comprovação científica,
serão utilizados entrevistas e questionários com as alunas da EJA, da referida
escola.
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1. JUSTIFICATIVA

As relações de gênero estão historicamente ligadas à questão de cidadania,


isto se deve a luta dos movimentos sociais que se expandiram em todo o país, a
partir da década de 70.
Os movimentos sociais foram fundamentais nessa nova realidade, produzindo
e projetando, segundo Moraes (2005, p. 09)
“Uma outra concepção de cidadania, baseada no trabalho, na vida e na luta
social. Uma cidadania que busca enfrentar os problemas cotidianos da
coletividade, da exploração, da miséria, da desigualdade social, sempre
presente na formação social brasileira”.

Nos meados dos anos 80, as lutas dos movimentos se intensificaram,


incorporando novos sujeitos, na busca dos direitos sociais e esta nova cidadania
ainda segundo a autora “passou a ser construída no interior das lutas cotidianas,
formando novos sujeitos e novas identidades políticos culturais” Morais (2005, p.
10). E a educação pode exercer papel fundamental na construção dessa nova
identidade, e não pode se separar de questões como estas: Gênero e Raça,
partindo do principio da mudança, de uma “educação transformadora, popular,
crítica, que dialoga com a realidade dos sujeitos envolvidos introduzidas pelo
educador Paulo Freire”. Moraes ( 2005, p. 10).
A educação é uma das possibilidades capaz de transformar realidades, sendo
um instrumento importante e fundamental para o enfrentamento de violências como
as de gênero, além de garantir oportunidades efetivas de participação de todos e
todas nos diferentes espaços sociais. Porque a escola é um lócus privilegiado, um
espaço sócio cultural e democrático em que se encontram e se constituem as
diferentes identidades.
No entanto, apesar da educação ser esta via de transformação, muitos
desistem de estudar, por diversos motivos, tanto que a Lei de diretrizes e Bases da
educação – LDB 9394/96, em seu artigo 37° § 1º determina que:

“Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e adultos,


que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades,
educação reais apropriadas, considerando as características do alunado,
seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e
exames”.
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Partindo dessas reflexões, percebemos a necessidade de se discutir a


seguinte questão: o que leva mulheres estudantes da Educação de Jovens e adultos
a interromper os seus estudos, e retornar à sala de aula?
A escola tem papel social importante na vida dos sujeitos e, nessa direção,
vejo a necessidade de um olhar diferenciado mais atento para a situação sócio-
educacional de mulheres estudantes da EJA, que volta a sala de aula com novas
perspectivas e um sorriso que esconde a dor da violência. Violência que nem
sempre deixa marcas visíveis na pele, portanto não podem ser vistas, porque são
veladas, disfarçadas e que deixam seqüelas profundas por toda a vida.
A violência contra a mulher é um fenômeno antigo, que foi silenciado ao longo
da história, e para se compreender as relações que se estabelecem por trás dessas
multifaces, deve se considerar as condições sociais, geradoras de vários tipos de
violência.
A violência de gênero é um dos maiores problemas enfrentados pela
sociedade e é um fenômeno que atinge as mulheres de todas as classes sociais,
econômicas e culturais. Ocorre tanto nos espaços privados quanto nos espaços
públicos. Na sua história, revela-se a permanência da cultura patriarcal, centrada na
idéia de subordinação e sujeição de força do exercício ao poder masculino.
De acordo com Art. 5º da Lei Maria da Penha 11.340/06

“Configura-se Violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação


ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.

Existem varias formas de violências contra a mulher, entre outras: Violência


física, psicológica sexual, patrimonial e moral.
A violência contra a mulher no ambiente doméstico e familiar é um fenômeno
extremamente complexo, e tem sido apontada pela ONU (Organização das Nações
Unidas) como uma violação dos direitos humanos e reconhecida pela OMS
(Organização Mundial da Saúde) como um problema de saúde pública, pois afeta a
integridade física e saúde mental, ou seja, uma das principais causas de doenças
das mulheres (hipertensão, angústia, depressão, insegurança, ansiedade , reduz
auto estima entre outros.)
Desse modo, para compreendermos melhor o problema da situação
educacional de mulheres na EJA, selecionamos a escola “U. I. M. Raimundo Nunes
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da Silva”, no município de Caxias, que possui esta modalidade de ensino, e que


pude ao longo da minha experiência enquanto professora desta unidade observar e
visualizar jovens e adultas em situação de violência.
Acreditamos que discussões como estas, e ações direcionadas para este
público, no interior das escolas, são importantes e podem contribuir para o
desenvolvimento de políticas públicas que colaboram de modo a minimizar os
percalços percorridos ao longo do caminho, esta subtração e negação dos direitos
fundamentais a vida humana.
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2. OBJETIVOS

2.1. GERAL

Analisar situações que levam mulheres estudantes a interromper os seus


estudos e a retornar à sala de aula, especificamente, na modalidade de Educação
de Jovens e Adultos da U. I. M. Raimundo Nunes da Silva.

2.2. ESPECÍFICOS

 Realizar pesquisa bibliográfica sobre: Educação de Jovens e Adultos,


Violência e Gênero.

 Identificar situações que levam mulheres estudantes a interromper os seus


estudos e a retornar à sala de aula
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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O movimento feminista desencadeou uma verdadeira luta emancipatória


diante da cultura patriarcal que gerou uma sociedade machista, onde a mulher
ocupava um papel de subalternidade.
A mulher excluída, segundo Dias (2004, p. 20) “Ficava confinada ao reduto da
casa, tendo por única missão a assistência da família, a organização do lar, o apoio
ao marido e o cuidado dos filhos”.
Mas mesmo com os avanços, com as conquistas que são visíveis, Dias
(2004, p. 21 ) diz que “as tarefas domésticas e o compromisso em relação aos filhos
permanecem com raríssimas exceções, sendo encargo exclusivamente feminino”.
Mas, além de toda responsabilidade do lar, a mulher teve que sair e trabalhar
para auxiliar no sustento da casa, assumindo muitas vezes a chefia de casa,
passando a ser provedora da família, aumentando, ou melhor, acumulando, assim
várias funções.
Diante dessa e de outras realidades a mulher foi obrigada a interromper os
seus estudos, mas a necessidade a faz voltar às salas de aulas, aumentando a sua
participação no sistema educacional.
O fato é que essa mulher volta a sala de aula com perspectivas de mudanças,
de dá um novo sentindo a sua vida, de melhorar a sua vida e de sua família, de
conseguir um trabalho melhor, de sair do trabalho doméstico a qual a maioria delas
estão inseridas, levantar sua autoestima, de sair do ciclo de violência (Muitas sofrem
violência física, psicológica, moral, sexual e patrimonial ) enfim recuperar um ciclo
da sua vida.
A violência baseada no gênero é praticada contra pessoas subordinadas, e se
apropriar desse conceito, pode nos ajudar a compreender, olhar com mais atenção
“para determinados processos que consolidam diferenças de valor entre o masculino
e o feminino, gerando desigualdades” Abrantes e Almeida (2010, p. 42).
Para SCOOT (2010 apud ABRANTES e ALMEIDA, 2010, p. 11) “O gênero é
um elemento constitutivo de relações sociais percebidas entre os sexos, e o gênero
é uma forma primeira de significar as relações de poder”.
Assim, a educação torna-se um instrumento importante e reflexivo na
construção de novas práticas e a modalidade de ensino EJA, é a porta que se abre
com novas perspectivas de mudanças. Mas será que este ensino atende estas
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expectativas? A escola pode ser esse canal ou ela tem contribuído para a produção
e reprodução das desigualdades de gênero?
Diante de tantos questionamentos a realidade nos mostra a necessidade de
repensar, de se examinar a politica de EJA, haja vista as deficiências de o sistema
escolar produzir e reproduzir ainda pessoas com escolaridade insuficientes
impossibilitando-as de alcançar os seus objetivos, levando-as muitas vezes a
desistirem, e um dos motivos é não visualizar os estudos, enquanto sentido,
significado para sua vida.
A EJA é uma modalidade de ensino, direcionada as pessoas que não
conseguiram dá continuidade aos seus estudos, assim oferta ensino fundamental e
médio, para este público através de cursos, programas, projetos e exames.
Pela estimativa do MEC, há 21 milhões de jovens acima de 18 anos que
perderam o direito ao ensino básico regular. Ou seja, passaram da idade própria
para se matricular. A política educacional procura atender a esse contingente com o
Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), enquanto não chega à situação
ideal para manter os jovens no ensino regular até a conclusão do Ensino Médio a
desistirem no meio do caminho.
O II Plano Nacional de Políticas para Mulheres, coloca que a efetivação deste
plano “ depende, em grande parte, dá implementação, de forma associada, de
outros planos de ação que definem medidas nos campos de inclusão educacional e
melhoria da qualidade da educação, da formação para os direitos humanos e o
enfrentamento de toda forma de discriminação”.Assim, acreditamos na necessidade
de melhorias , no que tange a qualidade do ensino da EJA, e esta qualidade
perpassa também pela formação do professor nesse contexto, especificamente a
violência contra a mulher.
A educação de fato é um caminho para a mudança e segundo Artexes,
( 2012, p. 02) “ Não pode mais está desconectada da realidade e as políticas
públicas precisam incorporar o conhecimento e a cultura da juventude, facilitando o
diálogo entre professores e alunos”. Daí, a importância de agregar a realidade, a
vivência, o dia a dia dessas alunas, na sala de aula. A escola não pode mais se
ausentar destas discussões, porque é fato, é real, é concreto, a violência contra a
mulher.
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4. METODOLOGIA

A violência contra a mulher é um tema complexo e delicado por se tratar de


uma realidade ainda difícil de ser revelada. Muitas mulheres ainda não tem coragem
de denunciar seus agressores e não se percebem também enquanto vítimas da
violência.

Esses dados foram percebíveis durante todo um processo de observação


sistemática, e atividades desenvolvidas enquanto professora do 2º segmento da EJA
da U. E. M Raimundo Nunes da Silva, Caxias Ma.

Partindo dessas observações, e inquietações passamos a olhar diferente e


trabalhar mais a questão nas salas de aula, distribuindo a Lei Maria da Penha e
fazendo um estudo mais detalhado sobre a importância de se conhecer a Lei. Daí
apresentamos a historia e implementação da lei, os conceitos de violência doméstica
e familiar, as formas de violência, exemplos e conseqüências.

Diante das discussões todos e todas conheciam e relataram uma história de


violência contra a mulher, e algumas tiveram coragem de dizer que sofriam ou
tinham sofrido algum tipo de violência de acordo com as especificadas na lei.
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Portanto na pesquisa em foco serão utilizados instrumentos como


observação, questionários e entrevistas com as alunas da referida escola e
posteriormente análise qualitativa para descrever os resultados dos dados
coletados, Segundo JUNIOR ( 2011, p. 132) a análise qualitativa:

“É a descrição dos dados obtidos através de instrumentos de coleta


de dados, tais como: entrevistas, observações, descrição e relatos. Consiste
em buscar a compreensão partindo daquilo que se está investigando, não
se preocupando com generalizações, princípios e leis”.
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5. CRONOGRAMA

ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS DATA DE ENTREGA


PROJETO
08/11/2012
Fazer a revisão do projeto para, depois, transpor as
Projeto revisado
informações para o relatório da monografia .
15/11/2012
Capítulo 1 da monografia Capítulo 1 pronto
Desenvolvimento do percurso metodológico (metodologia da
pesquisa)
Capítulo 2 da monografia
Atendimento do objetivo específico 1: 25/11/2012
Realizar pesquisa bibliográfica sobre: Educação de Capítulo 2 pronto
Jovens e Adultos, Violência e Gênero
Capítulo 3 da monografia
Realização das entrevistas
Análise dos dados
Atendimento do objetivo específico 2: 05/12/2012
Identificar situações que levam mulheres estudantes a Capítulo 3 pronto
interromper os seus estudos e a retornar à sala de aula
Obs: Esse objetivo pode ser desenvolvido em mais um
capítulo de acordo com a necessidade!
15/12/2012
Considerações finais (resultado das análises) Considerações finais
pronta
20/12/2012
Revisão do trabalho e escrita da Introdução
Introdução
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6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da Republica. Secretaria Especial de Políticas para as


Mulheres. II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, 2010.

_________Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394, de 20 de


dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e bases da Educação Nacional.
Brasília, DF: 1996.

_________Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação


Fundamental. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.

DIAS, Maria Berenice. Conversando sobre a mulher e seus direitos – Porto Alegre.
Livraria do advogado Editora, 2004.

Educação e diversidade. Elisabeth Sousa Abrantes. Desni Lopes Almeida. São Luis.
Uemanet, 2010.

Moraes, Eunice Léa de. Relação gênero e raça na política pública de qualificação
social e profissional. – Brasília: MTE, SPPE. DEQ, 2005.

Mais alunos na sala de aula - MEC amplia investimentos para melhorar qualidade do
ensino médio. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.ph?option=com
_content&view=article&id=1539:catid=28&Itemid=23. Acessado em: 12/11/2012.

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