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Resumo: Atualmente, verificamos na sociedade o consumo exagerado, o rápido descarte pelo consumidor, a
produção em massa, à escassez de recursos naturais e ampla degradação ambiental. Nesse contexto, surge a
necessidade de avaliar como têm sido as práticas na criação de novos produtos, na confecção de vestimentas e os
papéis das empresas de moda em relação ao meio ambiente. Dessa forma, este artigo tem o objetivo de analisar os
impactos ambientais da indústria têxtil, mostrar o contexto da sustentabilidade no mercado de moda e apresentar os
brechós como uma nova tendência para o desenvolvimento sustentável.
1. INTRODUÇÃO
1
Report of the World Commission on Environment and Development, publicado pela ONU em 1987.Disponível em
<http://www.conspect.nl/pdf/Our_Common_Future-Brundtland_Report_1987.pdf>. Acesso em: 4 de agosto de 2014.
2
Termo usado para se referir aos stakeholders, isto é, os funcionários da empresa, os acionistas, os fornecedores, os
concorrentes, por fim, todas as partes interessadas no negócio.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
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Fonte: SEBRAE-SP. Disponível em
<http://www.sebraesp.com.br/arquivos_site/biblioteca/ComeceCerto/comercio_roupas_usadas>. Acesso em: 8 de agosto de
2014.
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Daí em diante, com base nessas discussões globais, debates e ações vem sendo realizados com
o objetivo de desenvolver alternativas que conciliem o crescimento econômico, a melhoria da
qualidade de vida,alinhados coma preservação do ambiente natural(BERLIM; 2012).
Os autores Reis, Fadigas e Carvalho expõem em seu livro Energia, Recursos Naturais e Prática
do Desenvolvimento Sustentável, como deve ser aplicado o modelo estratégico do desenvolvimento
sustentável:
“A implantação de uma estratégia de desenvolvimento, baseada na sustentabilidade, deve
considerar um paradigma que englobe dimensões políticas, econômicas, sociais, tecnológicas
e ambientais e que sirva como base para a procura de soluções de caráter amplo para o
desenvolvimento das populações mundiais” (2005, p.7).
Diante das considerações acima, pode-se observar que vários planos têm sido analisados e
divulgados visando à conscientização e reconhecimento do desenvolvimento sustentável.
O fenômeno da moda está em constante transformação e invade cada vez mais um grande
espaço na sociedade conforme afirmam Aguiar, Martins e Matos (2010) “desde que o homem
começou a se vestir na pré-história, um ciclo de mudanças sociais expressivas passaram a acompanhar
a evolução da moda e seus significados dentro da sociedade”.
De acordo com os mesmos autores, “com o aparecimento de novas tecnologias e a aceleração
das informações e comunicações”, a moda do século XX é caracterizada de forma democrática e com a
intenção de gerar novos valores e significados perante o público (2010).Dessa forma, o ato de se vestir
se transforma em um sistema de busca de identidade, onde se cria e são manifestadosos desejos
pessoais assim como as emoções e personalidades, alémde promover uma constante criação de novas
tendências (BERLIM, 2012).
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É nesse âmbito, de utilizar vestimentas para estabelecer uma comunicação, mostrar uma
identidade e expressar valores para os outros, que as roupas ganham destaque no estudo do consumo
(MIRANDA, 2008).
Nos dias atuais, a vestimenta é a maior representação da moda, e a crescente produção
industrial de roupas, junto com a criação de novas tendências e modelos diversos dedesign nas peças,
fizeramda indústria têxtil um dos setores mais importantes da economia mundial (BERLIM, 2012).
Conforme os dados apresentados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção4(Abit), a indústria têxtil nacional ocupa a quarta posição entre os maiores produtores
mundiais de artigos de vestuário e a quinta posição entre os maiores produtores de manufaturas têxteis.
O Brasil possui uma das cadeias têxteis mais completas no mundo ocidental, nele são produzidas desde
as fibras até os produtos finais. Ainda conforme as informaçõesda Abit, o setor têxtil e de confecção
brasileiro faturou em torno de US$ 56,7 bilhões em 2012, além de ser o campo de maior produtor de
empregos da indústria de transformação no país.
Dado a importância do setor de moda e da indústria têxtil, não se pode deixar de comentar o
ponto de vista negativo que esse ramo tem gerado ao planeta, são cenas de miséria com baixos salários
e exploração de trabalho, transtornos psicológicos nos funcionários e de degradação ambiental,
conforme apresentado adiante. Um cenário desses, frente às necessidades socioambientais vistas até
aqui é de extrema necessidade de mudança, promovendo pesquisas e ações para obter elementos mais
saudáveisno processo de fabricaçãoe desenvolvimento do produto de moda, colaborando assim para o
desenvolvimento sustentável (BERLIM, 2012).
Os produtos têxteis possuem uma relação de grande intimidade com o ser humano, desse modo,
trata-se de uma história complexa de convívio e afeto que fazem parte da nossa vida desde o
nascimento até à morte (BERLIM, 2012).
Entretanto, os bens têxteis tomaram um rumo inesperado e um nível alto de importância dentro
do consumo da sociedade contemporânea, resultando assim, numaprodução que gerou ampla
degradação ambiental. Constata-se que os impactos ambientais estão em todas as etapas operacionais
do sistema fabril, desde a origem dos subsídios, a elaboração de novos produtos até o descarte do
consumidor, conforme mostra a pesquisa de Lilyan Berlim:
4
www.abit.org.br
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“A produção de têxteis foi uma das atividades mais poluidoras do último século e foi tema de
várias pesquisas que recaíram em especial sobre seus principais impactos: a contaminação de
águas e do ar. Além de demandar muita energia na produção e transporte de seus produtos, a
indústria têxtil polui o ar com emissões de gases de efeito estufa; as águas com as químicas
usadas nos beneficiamentos, tingimentos e irrigação de plantações; e o solo, com pesticidas de
alta toxidade. Além disso, os resíduos que permanecem nos produtos podem contaminar quem
os usa” (p. 33, 2012).
Atualmente, a realidade da confecção têxtil mundial tem sido cena de horror de miséria e
exploração de mão-de-obra escrava. A fim de se obter um maior volume e rápidaprodução para
alimentar o mercado consumidor e conservar a lucratividade do comércio de moda, essa indústria vem
se utilizando de alternativas desumanas de trabalhos5.
De acordo com Lilyan Berlim (2012), em geral, as práticas que as empresas oferecem aos seus
colaboradores são condições precárias, tais como: tráfico humano; atividades realizadas em porões
com estruturas precárias, sem segurança e higiene; trabalho infantil sendo explorado; leis trabalhistas
não cumpridas; abuso de mais de 12 horas de trabalho realizado por dia; exploração da falta de
qualificação e conhecimento dos operários que não sabem requerer seus direitos trabalhistas.
No Brasil esse “mercado escravo” é dramático também. Pesquisas mostram que o surgimento
de trabalhadores emigrantes submetidos à confecção vem crescendo ao longo dos anos e de forma
integral, a maioria desses emigrantes vem para o país com a promessa de uma melhor qualidade de
vida e na verdade são obrigados a trabalhar para quitar todo o transporte utilizado para a locomoção de
seus países de origem até o Brasil (BERLIM, 2012).
5
Disponível em: <http://closetonline.com.br/o-trabalho-escravo-dentro-da-industria-da-moda> Acesso em: 9 de setembro
de 2014.
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Exemplos desses flagrantes estão disponíveis na página da ONG Repórter Brasil6 (Organização
de Comunicação e Projetos Sociais), que surgiu em 2001 com o objetivo de identificar a violação dos
direitos trabalhistas na sociedade e publicar essas situações para mobilizar líderes a conquistarem uma
nação de igualdade e respeito aos direitos humanos. Essa mesma instituição mostra reportagens de
vários flagrantes de exploração de trabalho escravo no setor têxtil.
Dessa forma, esse ramo tem sofrido grande pressão para um reposicionamento perante o
mercado de moda com o compromisso de evitar suas drásticas consequências sociaiscausadas pelo
setor têxtil.
6
Fonte: Repórter Brasil. Disponível em <http://reporterbrasil.org.br/2012/07/especial-flagrantes-de-trabalho-escravo-na-
industria-textil-no-brasil/> Acesso em: 10 de setembro de 2014.
7
Disponível em: http://www.greennation.com.br/pt/post/788/Moda-sustent-vel-no-Fashion-Rio. Acesso em: 14 de
setembro de 2014.
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A inclusão da sustentabilidade na moda nos últimos anos tornou-se uma tendência e obrigação
empresarial de promover soluções responsáveis e de preservação ambiental, bem como social,
econômica e cultural (BERLIM, 2012).
Diante desse quadro, novos conceitos e mudanças no mercado têxtil e da moda surgiram.
Foram implantadas práticas de controle como Sistemas de Gestão Ambiental (SGM), Produção Limpa
(PL) e Ecodesign. O primeiro sistema auxilia a empresa a planejar e determinar uma política ambiental
a ser seguida em todos os setores, a fim de promover um ciclo contínuo de verificação e ações
corretivas. Já a PL, tem o objetivo de minimizar os danos dos processos industriais e os desperdícios
de recursos naturais. Por fim, o ecodesign tem a característica de “avaliar os impactos socioambientais
de cada etapa do ciclo de vida dos produtos e tentar eliminar, ou reduzir ao mínimo, os malefícios por
eles causados”, ou seja, promover a durabilidade, reciclagem e reutilização dos produtos (BERLIM, p.
41, 2012).
Outros cenários de um mercado mais sustentável estão em construção, o pesquisador Carlo
Vezzoli do Instituto Politécnico de Milão, apresenta quatros possíveis cenários para um consumo
consciente e a existência de produtos com um ciclo de vida mais extenso (VEZZOLI, 2005). Nos dois
primeiros cenários o ponto principal está no consumidor compartilhar os produtos de moda, já nos dois
últimos cenários, Vezzoli propõe que os consumidores comprariam os produtos de moda, mas teriam
uma relação ‘apaixonada’ com os mesmos, ficando mais tempo com eles, diminuindo assim, a
obsolescência programada nos produtos.
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Disponível em: <http://www.edunonline.com>. Acesso em: 2 de setembro de 2014.
9
Disponível em: <http://osklen.com/site.php>. Acesso em: 2 de setembro de 2014.
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Disponível em: <http://www.dudalina.com.br/>. Acesso em: 4 de setembro de 2014.
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Os brechós são firmas em que se comercializam produtos antigos ou fora de moda e usados que
não atendem mais as necessidades e desejos de seus proprietários. Esse estilo de empreendimento
tornou-se popular para a atual sociedade de consumo consciente e uma referência para a reciclagem e
controle do descarte de vestimentas no mercado de moda(SAMORANO; DUARTE, 2012).
A data de origem desse tipo de comércio não é conhecida, mas segundo pesquisas os brechós
provavelmente tiveram origem na Europa, nas ruas de Londres através de feiras de antiguidades que
reuniam compradores a procura de mercadorias diferenciadas (DUTRA; MIRANDA, 2013).
“As feiras se tornaram a principal fonte de roupas de segunda mão para os jovens integrantes
desubculturas das ruas, estudantes de artes e outros membros de comunidades marginais.
Jovens estilistas, que não queriam trabalhar para cadeias de lojas, tentavam comercializar
seus designs nesses ambientes [...] ao alugar peças “resgatáveis” que então reentravam no
sistema de moda [...] há uma crença geral de que as maiores etiquetas de moda retrabalhavam
os bens já reciclados encontrados nomercado”. (CRANE, 2000, p. 323).
No Brasil, estipula-se que o negócio de roupas usadas surgiu no Rio de Janeiro no século XIX,
formado por um comerciante português chamado Belchior, nome esse que, ao longo do tempo, talvez
por dificuldade de pronúncia, designou o famoso Brechó11.
Ao longo do tempo os brechós se tornam uma excelente opção sustentável para se investir, pois
apresentam um recurso para reduzir o descarte e acúmulo de lixo. Para a consultora de moda Chiara
Gadaleta, ser sustentável com estilo, é “o processo de transformar resíduos ou produtos inúteis em
novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade [...] E nessa quase reciclagem fashion,
os brechós podem ser uma fonte preciosa de matéria-prima12”.
Dentro desse setor de vendas de peças de segunda mão, existem diferentes estilos de brechós
elaborados conforme o perfil de consumidor. Abaixo estão caracterizados segundo a reportagem da
Carolina Samorano e Flávia Duarte13:
11
Fonte: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Brechó>. Acesso em: 16 de setembro de 2014.
12
Fonte: Revista Correio Braziliense. Disponível em<http://www.correiobraziliense.com.br>. Acesso em: 23 de setembro
de 2014.
13
Fonte: Revista Correio Braziliense. Disponível em<http://www.correiobraziliense.com.br>. Acesso em: 23 de setembro
de 2014.
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seja, pegar tudo aquilo que não se usa mais e doar para quem não tem.
Brechós Comerciais - São brechós com estabelecimento comercial físico
No Brasil, ainda existe uma resistência cultural quanto à utilização de objetos usados e
preconceito quanto a imagem de peças de segunda-mão, no entanto, com a moda sustentável em alta,
com a ideia de reaproveitar as coisas e o com aumento do número debrechós em funcionamento,
constata-se o avanço e a aceitação desse segmento no mercado para o futuro (DUTRA; MIRANDA,
2013).
O consumo dos artigos de segunda mão despertam na sociedade o consumo sustentável. Eles
influenciam as pessoas a reutilizar suas roupas paradas e sem uso, transformando em dinheiro ou
doação através do fornecimento delas. Isso permite desacelerar o consumo de massa e negativo ao
meio ambiente.
A ação trazida pelos brechós de reutilização de materiais em desuso colabora para a diminuição
da produção em massa de novos produtos a cada instante, evitando assim a poluição, descarte de lixo e
gerando prevenção quanto à degradação ambiental.
Outra vantagem está no valor econômico de suas mercadorias. Normalmente os brechós
comercializam roupas seminovas, com marcas e estilos atuais, e com preços baixos e justos,
permitindo,assim, o acesso de todas as classes sociaisa estes produtos.
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
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Em uma primeira etapa, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de recolher
referências sobre o tema abordado e analisar materiais já publicados para fundamentar a relação entre
moda e sustentabilidade, assim como exemplificar a ideia do negócio de roupas usadas, o brechó,
como uma nova tendência para o desenvolvimento sustentável no mercado de moda.
Na segunda etapa foi realizada uma pesquisa exploratória, com o propósito de familiarizar-se e
ampliar o conhecimento sobre o objeto de estudo, o brechó. Segundo Cervo e Bervian (2002), os
estudos exploratórios definem objetivos e buscam maiores informações sobre determinado assunto em
estudo. Dessa maneira, essa etapa constou de entrevistas qualitativas semi-estruturadas com donos de
brechós para conhecer e investigar o negócio.
A pesquisa de campo proporcionou as características do perfil do consumidor de roupas usadas,
reuniu o histórico e dados da organização e gestão dos brechós. As informações coletadas do estudo de
campo foram colhidas através de entrevista com os proprietários de brechós e posteriormente
analisadas.
De acordo com a metodologia proposta nesse artigo, foram realizadas entrevistas14 com os
donos de diferentes brechós para colher o material de análise. Foram entrevistados quatro proprietários
através de conversa e contato virtual devido a distância e indisponibilidade de acesso ao local.
Acreditamos que, mesmorealizadas virtualmente, as entrevistas foram producentes e possibilitaram a
obtenção de informações reais e pertinentes ao estudo.
As entrevistas foram feitas com os gestores dos seguintes brechós: Brechó de Troca, localizado
em Porto Alegre no Rio Grande do Sul; Estilo By Celso, localizado no Rio de Janeiro, em
Copacabana; Catherine Labouré – Bazar, Brechó &Artes®, localizado no Rio de janeiro em Ipanema;
Belo’s Brechó, localizado em Niterói, no bairro Engenhoca.
As entrevistas foram realizadas através de questionáriosemiestruturado,focado na avaliação dos
dados dos brechós, elaborado com as seguintes questões:
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Michelle Torres. Entrevista realizada em 20/10/2014. Ver transcrição completa da entrevista nº 4 em anexo.
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Celso Quental. Entrevista realizada em 13/10/2014. Ver transcrição completa da entrevista nº 2 em anexo.
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pagamento e histórico das peças. Nota-se ainda, que existe um critério no ato de aceitar novas
mercadorias, os donos dos Brechós analisam o estado e elegem apenas as roupas em ótimo estado. O
empenho para manter o negócio depende de um bom relacionamento e qualidade no atendimento aos
clientes e fornecedores, além de manter a loja limpa e organizada com todos os produtos etiquetados e
com seus respectivos preços.
Outro destaque desta pesquisa está na identificação das vantagens e desvantagens no trabalho
com o brechó. De acordo com as respostas, as vantagens atribuídas ao negócio estão no benefício de
trabalhar com peças consignadas sem a necessidade de investimento capital; possibilidade de trabalhar
com peças variadas e únicas, tornando-as peças de desejo para os clientes; além da satisfação pessoal
de trabalhar com o que gosta e ver peças sendo utilizadas por mais tempo.
Já as dificuldades encontradas na gestão do negócio, constatou-se, em especial, um aspecto
cultural, ou seja, o preconceito existente em relação aos brechós e a resistência das pessoas ao
consumo de roupas usadas, como completa Celso17, do Estilo By Celso: “o preconceito [...] de que as
roupas são de pessoas mortas... o que no meu caso não são”. Além disso, a dona do Brechó Catherine
Labouré18, informa que em épocas de promoção nas lojas é difícil para o brechó.
Nesse ramo, observamos que o modelo de consignação em certos momentos, pode dificultar o
processo de gestão do brechó, já que periodicamente os proprietários têm que realizar a devolução aos
fornecedores das mercadorias que não foram vendidas no período consignado, “dá literalmente uma
enorme ‘dor de cabeça’, pois é preciso ficar ligando para lembrá-los, e insistir para vir retirar suas
respectivas peças19”, o que acaba atrapalhando no armazenamento e espaço liberado para entrar novas
peças na loja.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
17
Celso Quental. Entrevista realizada em 13/10/2014. Ver transcrição completa da entrevista nº 2 em anexo.
18
Entrevista realizada em 19/10/2014. Ver transcrição completa da entrevista nº 3 em anexo.
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Entrevista realizada em 19/10/2014. Ver transcrição completa da entrevista nº 3 em anexo.
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5. BIBLIOGRAFIA
BERLIM, Lilyan. Moda e sustentabilidade: uma reflexão necessária. São Paulo: Espaço das Letras
e Cores, 2012.
___. Resenha do livro “Moda & Sustentabilidade, Design Para Mudança”, de FLETCHER, K. e
GROSE, L. (Orgs.).Revista IARA edição Vol. 5 Nº 2. São Paulo: SENAC, 2012.
CARVALHO, Henrique. Sustentabilidade Social: Por Que Ela é importante?. Disponível em:
<http://www.pt.slideshare.net/afgelica/sustentabilidade-o-quee>. Acesso em: 04 de junho de 2014.
CERVO, A.; BERVIAN, P. Metodologia Científica. 5ed. São Paulo: MacGraw-Hill do Brasil, 2002.
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NASCIMENTO, Luis Felipe; LEMOS, Ângela Denise da Cunha; MELLO, Maria Celina Abreu de.
Gestão socioambiental estratégica. Porto Alegre: Bookman, 2008.
REIS, Lineu Belicodos; FADIGAS, Eliane A. Amaral; CARVALHO, Cláudio Elias. Energia,
recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. 1ed. São Paulo: Manole, 2005.
SEBRAE-SP. Comece certo: Comércio de roupas usadas. 4ed. São Paulo, 2011. Disponível em:
<http://www.sebraesp.com.br/arquivos_site/biblioteca/ComeceCerto/comercio_roupas_usadas>.
Acesso em: 8 de agosto de 2014.
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Entrevista n°1
Data da entrevista: 09/10/2014
Local: Brechó de Troca – Itinerante, Porto Alegre / RS
Entrevistado: Helena, dona
Tempo de existência (Quando surgiu?): 01/2009
Entrevista n°2
Data da entrevista: 13/10/2014
Local: Estilo By Celso – Copacabana / RJ
Entrevistado: Celso, proprietário
Tempo de existência (Quando surgiu?): “Fará 10 anos em março de 2005.”
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“Na realidade atendo uma gama enorme de clientes, desde donas de casa, executivas, garotas de
programas, e todo o pessoal de Teatro, Tv e Cinema!”
Entrevista n°3
Data da entrevista: 19/10/2014
Local: Catherine Labouré – Bazar, Brechó & Artes® – Ipanema / RJ
Entrevistado: Proprietário preferiu não expor seu nome
Tempo de existência (Quando surgiu?): “Desde Nov/2005.”
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Procuramos estabelecer sempre fortes laços com nossos clientes e fornecedores respeitando a
diversidade e deixando-os sempre à vontade na loja, fazendo-os se sentirem em casa.”
Entrevista n°4
Data da entrevista: 20/10/2014
Local: Belo’s Brechó – Niterói / RJ
Entrevistado: Michelle Torres, dona
Tempo de existência (Quando surgiu?): “Abrimos em 2012, mas ficamos alguns messes fechado para
mudança.”
“Como já tínhamos um brechó de móveis (era o sonho do meu pai), após uma limpa no armário, eu e
minha mãe decidimos nos laçar nesse mercado.”
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