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Iguer Luis Domini dos Santos1 , Geraldo Nunes Silva2
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DCCE/IBILCE/UNESP, São José do Rio Preto, SP, Brazil, iguerluis@hotmail.com
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DCCE/IBILCE/UNESP, São José do Rio Preto, SP,Brazil, gsilva@ibilce.unesp.br
1 Resultados Básicos
Dados a0 , a1 , ... , an , an 6= 0, um polinômio de grau n é escrito na forma
Teorema 1.1 (Teorema Fundamental da Álgebra). Se pn (x) é um polinômio de grau n ≥ 1, então pn (x) possui
pelo menos uma raíz (possivelmente complexa
Corolário 1.1. Sendo pn (x) um polinômio de grau n ≥ 1 e x1 , ..., xk raízes de pn (x), então existem únicos números
inteiros m1 , ..., mk tais que
k
X
mi = n
i=1
e
pn (x) = an (x − x1 )m1 (x − x2 )m2 ... (x − xk )mk
Este corolário diz que pn (x) é escrito de modo único como produto de fatores de sua raízes xi e multiplicidade
mi , sendo i = 1, ..., k.
Teorema 1.2. Se zk = ak + ibk é uma raíz do polinômio de grau n, pn (x), então zk = ak − ibk também é uma
raíz de pn (x). Além disso, se zk possui multiplicidade m, zk também possui multiplicidade m.
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2 Localização dos Zeros
Sendo pn (x) = an xn + an−1 xn−1 + ... + a1 x + a0 um polinômio real (ou seja, todos os seus coeficientes são reais)
de grau n, é possível determinar um círculo de raio R onde todas as raízes de pn (x) estão no interior desse círculo.
O seguinte resultado é devido a Augustin Cauchy:
Teorema 2.1. Seja pn (x) um polinômio real de grau n e A = max{|a0 |, |a1 |, ... , |an−1 |}. Então cada zero de
A
pn (x) pertencem ao círculo centrado na origem e raio R = 1 + .
|an |
Demonstração:Sabemos que |a + b| ≥ |a| − |b|. Logo,
A
Assim, |an − |x|−1 | ≥ 0 o que implica em pn (x) > 0, ou seja, pn (x) não tem raízes reais, o que nos dá uma
contradição. Portanto as raízes de pn (x) devem satisfazer
A A
|an | − |x|−1 < 0 ⇒ |an | < |x|−1 ⇒ |an ||x| − |an | < A ⇒
A
⇒ |an ||x| < A + |an | ⇒ |x| < |an | + 1 = R.
Podemos também prever a localização das raízes de pn (x) através do seguinte resultado
Teorema 2.2. Seja pn (x) polinômio real de grau n e B = max{|a1 |, |a2 |, ... , |an |}. Então as raízes de pn (x) estão
1
fora do círculo de centro 0 e raio r =
1 + |aB0 |
Demonstração:Seja y = x1 . Assim,
1 1 1 1
pn ( ) = an n + an−1 n−1 + ... + a1 + a0 .
y y y y
Considerando Qn (y) := y n Pn ( y1 ), segue que
1
Qn (y) = y n an y1n + an−1 yn−1 + ... + a1 y1 + a0 =
B
|y| ≤ 1 + |a0 | ⇒ | x1 | = |y| ≤ 1 + B
|a0 | ⇒ r= 1 ≤ |x|.
1+ |aB |
0
Dessa forma, dos dois últimos resultados segue que as raízes de um polinômio real de grau n, pn (x) = an xn +
an−1 xn−1 + ... + a1 x + a0 (an 6= 0 e a0 6= 0) estão sempre no anel {z ∈ C; r ≤ |z| ≤ R}.
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Exemplo Seja p3 (x) = x3 − x2 + x − 1. Então, n = 3, a0 = −1, a1 = 1, a2 = −1 e a3 = 1, além disso
|a0 | = 4, |a1 | = 0
A
e do teorema 2.1 segue que R = 1 + |a2 |= 1 + 4 = 5, e portanto os zeros de p2 (x) se encontram num disco centrado
na origem e raio 5. De fato os zeros de p2 (x) são x1 = 2 e x2 = −2.
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3 Avaliação de Polinômios
Seja
pn (x) = an xn + an−1 xn−1 + ... + a1 x + a0
um polinômio real de grau n.
Para calcular pn (x) num ponto x0 dado é necessário efetuar n adições e n + (n − 1) + ... + 2 + 1 = n(n+1)
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multiplicações.
Assim, para n 1 este procedimento se torna inviável. Com o objetivo de minimizar esforços, temos a seguinte
solução:
Teorema 3.1 (Método de Horner). Sendo pn (x) = an xn + an−1 xn−1 + ... + a1 x + a0 .
Se
bn = an e bk = ak + bk+1 x0 , k = 0, 1, ..., n − 1
então b0 = p(x0 ). Além disso, se
p(x) = (x − x0 )Q(x) + b0
pn (x0 ) = b0 = a0 + b1 x0 = a0 + (a1 + b2 x0 )x0 = ... = a0 + (a1 + (a2 + (... + (an−1 + an x0 )x0 ...)x0 )x0 )x0
n(n+1) n n2
e neste caso efetuamos n adições e n multiplicações para calcular x0 . Observe que 2 = 2 + 2 >n⇔n≥2
e então de fato vemos que o esforço para calcular pn (x0 ) é reduzido.
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4 Método de Newton
Seja pn (x) = an xn + an−1 xn−1 + ... + a1 x + a0 e x0 uma aproximação inicial para uma raiz procurada de pn (x).
O Método de Newton consiste, a partir da aproximação inicial x0 , desenvolver aproximações sucessivas para a raíz
ξ a partir da iteração:
p(xk )
xk+1 = xk − (1)
p0 (xk )
Do método de Horner, sabemos que
p(x) = (x − x0 )Q(x) + b0
sendo
p0 (xk ) = Q(xk )
e para cada xk calculamos então Q(x).
Exemplo Considere p2 (x) = (x − 1)(x − 2) = x2 − 3x + 2 e tomemos a aproximação inicial para a raíz ξ = 1,
x0 = 0.5. Utilizando o método iterativo (1) de Newton, temos as seguintes aproximações para ξ
Iteracao xk f (xk )
1 0, 875 0, 140625
2 0, 9875 0, 012657
3 0, 999848 1, 520231.(10)−4
4 0, 999999 1.(10)−6
Neste caso, |x4 − ξ| = 1.10−6 e |f (x4 ) − f (ξ)| = 1.10−6 .
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5 Deflação
Seja P (x) um polinômio de grau n. Ao se obter um zero aproximado xN de P (x), por exemplo pelo método de
Newton, do método de Horner segue que,
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6 Método de Newton-Bairstow
Seja Pn (x) = a0 xn + a1 xn−1 + ... + an−1 x + an um polinômio real de grau n, antes de mencionarmos o método
de Newton-Bairstow faremos algumas considerações:
Inicialmente fazemos a divisão de Pn (x) pelo fator quadrático x2 − px − q, com p, q ∈ R, e obtemos
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∂b0 ∂b1 ∂b2
=0 =0 e = b0 . (9)
∂q ∂q ∂q
Então,
∂bj
= cj−2 (j = 2, 3, ..., n) (10)
∂q
sendo que estas derivadas parciais satisfazem (7). Em particular, de (6) e de (10) as derivadas necessárias para o
método de Newton são
∂bn−1 ∂bn−1 ∂bn ∂bn
= cn−2 = cn−3 = cn−1 = cn−2 (11)
∂p ∂q ∂p ∂q
Consideradas essas preliminares, pode-se iniciar o método iterativo de Newton para solucionar o sistema (3).
A fórmula (11) define os elementos da matriz Jacobiana Φ e do método de Newton segue que
bn cn−3 − bn−1 cn−2 bn−1 cn−1 − bn cn−2
p(k+1) = p(k) + , q (k+1) = q (k) + 2 (12)
c2n−2 − cn−1 cn−3 cn−2 − cn−1 cn−3
O denominador c2n−2 − cn−1 cn−3 é o determinante da matriz Jacobiana Φ. Se este determinante for nulo,
não podemos utilizar a fórmula (12), neste caso, podemos utilizar o método de Newton simplificado ou os valores
iterados p(k) e q (k) podem ser mudados pela adição de números aleatórios.
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(Newton-Bairstow) O Método de Newton-Bairstow consiste na determinação de um fator quadrático x2 − px − q
de um polinômio real Pn (x) de grau n > 2, através dos seguintes passos:
(1) dadas as aproximações p(k) e q (k) , calcule os valores de bj através de (2) e os valores de cj através de (7).
(2) se o determinante da matriz Jacobiana é não nulo, os valores iterados p(k+1) e q (k+1) são calculados através de
(12).
Observe que o Método de Newton-Bairstow possui ordem de convergência quadrática, já que o sistema não
linear (3) é solucionado pela iteração do método de Newton.
Exemplo Considere o polinômio p3 (x) = (x − 1)(x − 2)(x − 10) = x3 − 13x2 + 32x − 20. Neste caso n = 3 aplicando
o método de Newton-Bairstow para p(0) = e q (0) =, segue que
k 0 1 2 3 4 5
p(k) 1 3.03704 2.99470 2.99999 3 –
q (k) 2 2.40741 -2.03530 -2.00002 -2 –
b2 22 4.14950 0.0018281 0.00005 0 –
b3 -22 -31.38273 0.36926 0.00037 0 –
c0 1 1 1 1 1 –
c1 -11 -6.92592 -7.0106 -7.00002 – –
c2 13 -14.47739 -23.02811 -22.99996 – –
∆p(k) – 2.03704 -0.04234 0.00529 0.00001 –
∆q (k) – 0.40741 -4.44271 0.03528 0.00002 –
Assim, x2 − p(4) − q (4) = x2 − 3x + 2 é um fator quadrático de p3 (x), cujos zeros são ξ1 = 2 e ξ2 = 1. Além
disso
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Consideremos agora o caso de raízes complexas.
Exemplo Seja p4 (x) = x4 − 2x3 + 4x2 − 4x + 4. Temos que n = 4, e considerando p0 = 1 e q0 = −1, segue do
último método que
k 0 1
(k)
p 1 2
q (k) -1 -2
b3 -1 0
b4 1 0
c1 0 –
c2 1 –
c3 0 –
∆p(k) – 1
∆q (k) – -1
Portanto x2 − p(1) − q (1) = x2 − 2x + 2 é um fator quadrático exato de p4 (x). Temos também que
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BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL
[1] SCHWARZ, H. R., Numerical Analysis - A comprehensive Introduction, John Wiley, 1989.
[3] RUGGIERO, MÁRCIA A. GOMES, Cálculo Numérico, Makron Books, São Paulo, 1997.
[4] JACQUES, IAN, Numerical Analysis, Chapman and Hall, London, 1987.
[5] ATKINSON, KENDALL E., An Introduction to numerical analysis, J. Wiley, New York, 1988.
[7] CONTE, SAMUEL DANIEL, Elementos de Análise Numérica, Editora Globo, Porto Alegre, 1977.
[8] RUAS, VITORIANO, Curso de Cálculo Numérico, LTC, Rio de Janeiro, 1977.
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