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O POVO BRASILEIRO - DARCY RIBEIRO

RESENHA MATRIZ INDÍGENA

Primeiramente o que mais chama a atenção, é o fato de que mesmo que esta obra
seja de 25 anos atrás e permaneça como uma das mais expressivas obras sobre a
formação cultural e étnica do povo brasileiro, seu conteúdo permanece longe daquilo que
vemos ainda em sala de aula, já que, o que ainda vemos é a fala sobre o “descobrimento
do Brasil” sob a perspectiva do olhar de Portugal. Neste vídeo que abre a série deste
documentário, Darcy Ribeiro faz uma reflexão e onde ressalto o seguinte trecho(...) “Antes
de o Brasil existir como é que era o mundo? O Brasil nasce sob o signo da utopia, a terra
sem males, a morada de Deus”. Nos levando a refletir sobre algo que muitas vezes
infelizmente nos passa desapercebido o fato de que o Brasil já existia há muito tempo
antes de sua colonização em 1500, assim o documentário nos leva para uma nova
perspectiva sobre o universo dos povos Tupi antes da chegada dos portugueses,
ressaltando como era a organização das aldeias, as práticas agrícolas, o sistema de
crenças, a antropofagia, as festas e também as guerras.
Podemos começar pelo que concerne o nome do país Brasil, diferente do que
aprendemos o nome não provem da árvore Pau-Brasil cujo nome científico é Caesalpinia
echinata, já que o vocábulo possui registro histórico numa carta náutica elaborada em
1325 pelo genovês Angelo Dalorto, "Brasil" é palavra que pertence à toponímia utópica dos
tempos medievais, designando uma ilha de sonho, terra da felicidade imaginada, ou seja
muito antes da nossa colonização. Assim os primeiros grupos tribais encontrados foram
chamados pelos navegadores europeus de “brasis”.
[...] geralmente identificado com o pau-de-tinta é na verdade muito mais
antigo. Velhas cartas e lendas do mar oceano traziam registros de uma "ilha
Brasil" referida provavelmente por pescadores ibéricos que andavam à cata
de bacalhau. Mas ele foi quase imediatamente referido à nova terra, ainda
que o governo português quisesse lhe dar nomes pios, que não pegaram.
(p.126).

Brasil, uma grande ilha, já habitada por povos indígenas, tendo como pioneiros em
terra Brasileira os tupis, povo este que possuíam muito conhecimento sobre como
“funcionava” a natureza provinda de cerca de 10 mil anos de vivencia, de experiencia e de
migração pela grande ilha Brasil. Para esta humanidade indígena, a finalidade da vida era
viver, onde na força da sua cultura se bastava. Vivendo em malocas com cerca de 600
pessoas cada, eles eram auto suficientes, dividiam os trabalhos pelo sexo, homens
ficavam responsáveis, pela caça, pelos armamentos e pela guerra, já as mulheres pelos
trabalhos da roça, pelas tarefas “domésticas”, pela preparação dos alimentos e até da
bebida servida nas festas e rituais, para eles nunca houve uma delimitação entre trabalho
e a arte. Mas mesmo havendo esta distinção nas tarefas, havia também uma grande
liberdade sexual, e até era visto comumente a homossexualidade.
Os tupinambás, enalteciam a guerra, a qual se dedicavam mais, e esta tinha uma
função social que era ter mais ascendentes geográficos que as demais tribos. Para a
guerra estes utilizavam técnicas bélicas sofisticadas para caçar seus inimigos, como
atividade mais honrada de um tupinambá a guerra possuía ética e também uma estética.
Seus prisioneiros eram sacrificados e comidos em um grande ritual.
Os povos indígenas, muito diferentes, mas muitos parecidos também e para todos a
terra é um bem comum, o que um sabe todos podem saber também, o chefe é o
representante, um grande mediador, mas não para dar ordens, nos povos indígenas
ninguém ordena ninguém. Enaltecem e sabem de cor a sua genealogia, pois este é o seu
maior orgulho.
Para nós restaram grandes heranças como o contato com a natureza, técnicas de
sobrevivência, de se deslocar, consumo de frutos, conhecimento sobre as árvores, ervas,
em seu trato seu uso, banho diário e a maior de todas que podemos viver integrados com
a natureza, em uma coexistência pacífica e amistosa.
Segundo Darcy Ribeiro “Somos uma cultura sincrética, um povo novo, que apesar
de fruto da fusão de matrizes diferenciadas, se comporta como uma só gente sem se
apegar a nenhum passado.” Somos como uma colcha de retalhos, possuímos pequenos
traços de diferentes culturas e significados somados que formam a nossa cultura, somos
diferentes entre cada um de nós, mas únicos diante do resto do mundo.
Referência Bibliográfica e Digital

 RIBEIRO, Darcy. O NOVO MUNDO: MATRIZES ÉTNICAS. In: ______. O Povo


Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das
letras, 1995.
 O Povo Brasileiro - Capitulo 1. por María Laura Longo. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=3wNOuXwvSvk. Acesso em: 27 março 2020.
 O Povo Brasileiro. publicado em 2001 por Isa Grinspum Ferraz. Disponível em:
https://canalcurta.tv.br/series/serie.aspx?serieId=336. Acesso em: 27 março 2020.
 Darcy Ribeiro e 'O Povo Brasileiro' - obra ainda é chave para entender a
formação étnica e cultural do Brasil. Por Andréia Martins. Disponível em:
https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/darcy-ribeiro-e-o-
povo-brasileiro-obra-ainda-e-chave-para-entender-a-formacao-etnica-e-cultural-do-
brasil.htm. Acesso em: 27 março 2020.

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