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Fundamentos Metodológicos

do Ensino de História
e Geografia
Metodologias de Ensino de História e Geografia

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Vivian Fiori

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Metodologias de Ensino
de História e Geografia

• Metodologias de ensino de História e Geografia;


• Os métodos e as metodologias;
• As metodologias de ensino para História e Geografia;
• O uso de múltiplas linguagens no ensino de Geografia e História.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Refletir sobre métodos e metodologias do ensino escolar em História e Geografia;
• Propor o uso de múltiplas linguagens no ensino de História e Geografia.
UNIDADE Metodologias de Ensino de História e Geografia

Os Métodos e as Metodologias
Neste texto, traremos algumas reflexões sobre procedimentos e metodologias de
ensino em Geografia e História, dando ênfase a algumas estratégias que podem ser
usadas no processo de ensino-aprendizagem.
É necessário compreender o papel das atividades e práticas no ensino funda-
mental e levar em conta sempre as mediações das características socioculturais das
turmas, a faixa etária, as experiências prévias que os alunos tenham, bem como o
método e as metodologias usadas.
Convém relembrar que método é a concepção teórica na qual o professor abor-
dará o conhecimento geográfico ou histórico – pode ser, por exemplo, positivista,
dialético, entre outros. Já as metodologias são os procedimentos ou estratégias
que serão usadas na sala de aula ou em atividades extraclasse, tais como: aula
expositivo-dialogada, estudo do meio, painéis em grupo; debate com a sala toda;
leitura e interpretação de textos; dramatização e simulações; entre tantas outras.
Na prática docente na escola é necessário considerar as estratégias no proces-
so de ensino-aprendizagem tanto do ponto de vista teórico quanto de sua prática.
É essencial que o professor conheça os fundamentos científicos e pedagógicos da
Geografia e História, bem como das áreas de Educação, adequando-as à sua reali-
dade escolar e ao processo de ensino-aprendizagem.
Para isso, cabe ao professor planejar suas aulas, utilizando-se de diferentes lin-
guagens para que essa aula não seja tradicional e buscando uma lógica que não seja
a formal, pois não basta somente variar as estratégias e metodologias usadas se o
raciocínio desenvolvido em aula seguir a lógica formal.
Sejam quais forem as estratégias a serem desenvolvidas no processo de ensino-
-aprendizagem, é essencial contextualizar os conteúdos a serem tratados nas ati-
vidades em aula ou extraclasse. Se o tema é, por exemplo, as migrações internas
no Brasil, cabe questionar: em qual contexto ocorrem ou ocorreram tais migra-
ções? Quais os fatores que levaram a tais migrações? Quais os atores envolvidos
nesse processo? Quais os papéis que cada um dos atores envolvidos teve? Con-
textualizar assim do ponto de vista cultural, social, econômico, político, ou seja,
considerando-se o espaço geográfico e a história em suas multidimensionalidades.
É essencial que o professor busque, conforme propõe a lógica dialética, estimu-
lar o educando a questionar o que é posto como verdade. Deve buscar compreen-
der o que vai além da aparência dos fenômenos, além da memorização, buscando
a essência das questões geográficas e históricas e suas diversas inter-relações.
Para que uma aula busque ser questionadora, não dá para o professor apenas
fazer uso de aulas expositivas, sem procurar criar possibilidades de participação
mais efetiva dos alunos, com outras linguagens e formas de diálogo.

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É essencial utilizar diferentes meios de leituras sobre um tema, portanto, é fun-
damental criar estratégias de ensino variadas, com variados recursos, e também ler
criticamente os acontecimentos que tenham relação com a Geografia e História.

Com as crianças, por exemplo, realizar estudos das diferenças sociais, culturais,
naturais existentes nas paisagens. Pode-se estudar mediante um estudo do meio, análise
e comparação de fotografias, produção de painéis com desenhos, uso imagens etc.

As Metodologias de Ensino
para História e Geografia
Para as crianças, é fundamental partir da escala local e depois ir relacionando
os acontecimentos e situações a outros lugares mais distantes. Às vezes, sobretudo
com as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs), a criança tem
contato por meio de imagens e vídeos com realidades distantes, por isso não deve-
mos pensar na escala local somente.

Trocando ideias... Importante!


Partindo da Realidade Local
Tanto em História quanto em Geografia é importante partir da escala local, sobretudo
nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Como afirma a pesquisadora Vilma Fernan-
des Neves (s/d, p.15):
Todas essas atividades devem ser em processo e introduzidas aos poucos e deve-se es-
perar respostas pertinentes ao desenvolvimento e ao processo de aprendizagem dos
alunos. Precisa ficar claro que não se pretende criar mini historiadores: o que se pensa
é na possibilidade de se construir-reconstruir as experiências humanas – uma postura
pedagógica e não historiográfica. Penso que se o professor trabalha com a História Oral,
com a História do Cotidiano e com a História Local em sala de aula, escolhendo eixos
temáticos mais apropriados, ele e os alunos travam um debate com o passado, mas cons-
troem (ou reconstroem) uma história no presente que provavelmente não está nos livros
e que pode ser generalizável pelo seu caráter de humanidade. Daí poder falar-se, assim,
em construção-reconstrução do conhecimento.

Adquire-se conhecimento mediante a própria ação e prática docente; porém,


essa não termina apenas em uma mediação tecnocrática e nem se deve supervalo-
rizar a prática em relação à teoria geográfica e educacional.

Corroboramos com a afirmação dos pesquisadores (REIGOTA; SANTOS, 2014,


p. 960):
Com essa proposta pedagógica, ficam excluídas as atividades de trans-
missão de conhecimentos, da forma como as conhecemos no ensino
tradicional. Os momentos de transmissão de conhecimentos de uma tema

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específico ocorrerão quando os alunos e os professores consideraram o


momento conveniente. Para a aplicação da metodologia aqui proposta é
necessário um conhecimento aprofundado das tendências pedagógicas
contemporâneas, principalmente as relacionadas com a pedagogia dialó-
gica, conforme preconizava o educador Paulo Freire.

Dessa maneira, é essencial desenvolver metodologias nas quais os participantes se-


jam atuantes e em que haja respeito pelo conhecimento pre-existente, mas, ao mesmo
tempo, avancem para problematizações em busca de transformações socioespaciais.

Nesse sentido, a produção e o uso de diversificados materiais didáticos são fun-


damentais, observando-se as possibilidades de uso e as mediações existentes em
cada contexto escolar. O material didático não deve ter um fim em si mesmo, assim
como também os conteúdos possíveis de serem desenvolvidos a partir deles.

É importante realçar que ação uma atividade de ensino de História e Geografia


engloba, e que essa ação é também mediada por um processo de comunicação
entre o educador e o público-alvo da atividade.

Como afirma Silvio de Oliveira Santos (2014, p. 507):


A ação educativa engloba os processos de ensino e de aprendizagem que
são mediados pelo processo de comunicação. A passagem de saberes e
informações, fundamentados ou não na tarefa de ensinar, na prática só
se concretiza quando estes são comunicados. Por sua vez, a comunica-
ção engloba os conceitos de emissão e recepção da informação que está
sendo veiculada. A aprendizagem só acontece quando existe recepção da
mensagem e seu posterior aproveitamento e incorporação ao universo
conceitual e/ou comportamental do indíviduo. Essa recepção é, portanto,
parte integrante e fundamental do processo da comunicação educativa.

Nesse sentido, é essencial que exista uma retroalimentação entre quem emite e
quem recebe a mensagem, a percepção por parte do educador se sua mensagem
está sendo compreendida, internalizada (Vygotsky) é importante.

Silvio de Oliveira Santos (2014) define algumas mídias educativas, destacamos


entre elas: o quadro negro; o álbum seriado (flip chart); a ilustração; o cartaz; o
folheto; o jogo educativo; o modelo, o filme educativo; os recusos informatizados;
entre tantas outras possibilidades de serem usadas como material educativo.

Por isso, a seleção de mídias de comunicação é essencial, considerando-se al-


gumas premissas básicas: as condições de infraestrutura e materiais disponíveis no
desenvolvimento de uma atividade de educativa; os conhecimentos prévios da co-
munidade e dos participantes; o conhecimento das diferentes mídias educacionais
pelo professor, sabendo como usá-las para cada situação; diversificar o uso de ma-
teriais didáticos e mídias educacionais, sobretudo quando a proposta de atividade
requiser mais tempo; adaptação à realidade local.

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Contudo, cabe lembrar que qualquer resultado dependerá também do método
utilizado. Não basta, por exemplo, em uma atividade de jogos educativos sobre es-
cravidão no Brasil, fazermos questionamentos no jogo com perguntas e respostas
diretas, com vistas apenas a observar a memorização sobre o tema.

É necessário a problematização sobre o tema. Por que houve escravidão? Como


viviam os escravos no Brasil e faziam quais tipos de trabalho? Como eram trazidos
ao Brasil? Em que contexto a escravidão acabou?

A leitura do mundo deve ser feita por diferentes linguagens: textuais, orais, por
imagens, gráficas, cartográficas etc. Cabe à escola criar possibilidades de o aluno
aprender a ler o mundo a partir de múltiplas linguagens.

O Uso de Múltiplas Linguagens


no ensino de Geografia e História
Para desenvolver uma consciência crítica no ensino, é importante definir métodos
e metodologias que não sejam tradicionais. Seja por meio de uma abordagem crítica
ou construtivista, é importante usar múltiplas linguagens, para o desenvolvimento
de atividades de Geografia e História na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.

Entre as múltiplas linguagens, citamos algumas seguir: o uso de vídeos, filmes e


imagens de forma significativa; atividades lúdicas (jogos e brincadeiras), dramatiza-
ções e simulações; o uso de recursos informatizados, entre outros, sempre conside-
rando as mediações e o contexto no qual as atividades serão desenvolvidas.

A seguir, explicaremos alguns recursos e procedimentos-estratégias no processo


de ensino-aprendizagem.

Algumas linguagens visuais e de comunicação: música, filmes, vídeos


As mensagens transmitidas por meio das imagens, músicas, textos, entre outras
linguagens propiciam formas variadas de leitura em função das experiências de vida
de cada um, já que a experiência e a cultura podem variar conforme cada grupo
sociocultural, faixa etária, formação educacional etc., mas também há o papel das
estratégias usadas e da forma como são desenvolvidas e conduzidas pelo professor.

Para que o vídeo, uma música, filmes e imagens, em geral, sejam utilizados com
fins educativos, tais formas de linguagem precisam ser analisadas pelo professor
e pelos alunos, pois, como recurso de comunicação, é importante considerar não
apenas a linguagem visual e sonora, mas também o que se pretende dizer, para
quem e com qual finalidade.

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UNIDADE Metodologias de Ensino de História e Geografia

O que pretendemos que nossos alunos alcancem ao assistirem a determinado


filme? O filme em si é um recurso pedagógico, mas torna-se um procedimento me-
todológico na medida em que eu defino como professor qual o objetivo que preten-
do alcançar com tal recurso e traço as estratégias a serem usadas a partir do filme.
Farei um debate com a sala toda? Os alunos farão um resumo das ideias principais?
Haverá uma exposição dialogada com a turma sobre o filme posterior? Os alunos
receberão instruções anteriores para que observem alguns aspectos do filme?

Por meio de um filme é possível discutir inúmeros aspectos geográficos e his-


tóricos, sejam relacionados aos aspectos físico-ambientais e suas paisagens, aos
diferentes usos do território, às questões territoriais e culturais, às temáticas rela-
cionadas à geopolítica, voltar ao passado e estabelecer as formas espaciais e as
paisagens do passado, entre outros.

Contudo, cabe a mediação do professor, pois um filme é uma representação da


realidade, e não a própria realidade. Cabe, portanto, uma leitura crítica dos filmes,
vídeos etc., levando em conta a ideologia do diretor, sua forma de contar e repre-
sentar um determinado tema, situação ou espaço histórico-geográfico.

É fundamental o papel do professor na leitura, da representação da realidade,


que ajude o educando/aluno e/ou participante de uma atividade escolar, questio-
nando-o sobre uma determinada representação da realidade.

Como explica o documento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de


Geografia para o Ensino Fundamental:

Na escola, assim, fotos comuns, fotos aéreas, filmes, gravuras e vídeos também
podem ser utilizados como fontes de informação e de leitura do espaço e da pai-
sagem. É preciso que o professor analise as imagens na sua totalidade e procure
contextualizá-las em seu processo de produção: por quem foram feitas, quando,
com que finalidade, etc., e tomar esses dados como referência na leitura de infor-
mações mais particularizadas, ensinando aos alunos que as imagens são produtos
do trabalho humano, localizáveis no tempo e no espaço, cujas intencionalidades
podem ser encontradas de forma explícita ou implícita (BRASIL, 1997, p. 78).

No caso do uso de um filme ou vídeo, por exemplo, esses precisam ser decodi-
ficados, analisados, refletidos e nisso está o papel do educador em conduzir a re-
flexão de forma que essa se torne participativa, com diálogo entre os participantes
para a construção do conhecimento.

Como afirma Barbosa (1999, p. 115): “A realidade do real ou da ficção não é um


dado nem é dada de imediato pelo ‘acontecimento’ na tela. A realidade é construída
por meio das leituras do sujeito observador”. A imagem é uma representação da
realidade, tanto em um filme quanto em um mapa ou imagem da internet.

Outro aspecto a ser considerado é que se o filme for longo o ideal será mostrar
um trecho ou optar por um vídeo que retrate o mesmo tema, com um tempo me-
nor. Afinal, do ponto de vista da prática, não é adequado ficar passando um filme
por três aulas, por exemplo.

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Leia o trecho literal extraído de CAMPOS, R. R. de. Cinema, Geografia e sala
de aula:

Aquele que não é ocidental é o outro, o não civilizado. Por isso que a visão é nor-
malmente etnocêntrica. Em filmes sobre os árabes, além de sempre terem papéis
menores, as atividades que exercem são exóticas, as mulheres são prostitutas ou
dançarinas do ventre, e sempre aparecem o minarete, os desertos e os camelos.
Apresentar os outros como exóticos desqualifica as diferenças culturais de outras
sociedades. E nesse aspecto cabe observar com cuidado as imagens de Hollywood
sobre o Brasil. O que geralmente aparece são florestas ou sol, praias, carnaval, fave-
las e mulheres sensuais. Inventaram um país cenográfico, onde alguém pode estar
em Copacabana e, de repente, estar no Pelourinho e, em seguida, nas cataratas de
Iguaçu. A beleza tropical fica aliada à naturalização de determinados estereótipos,
como a malandragem, a permissividade e outras. Não é à toa que o personagem
euro/estadunidense que vem para cá é quase sempre um bandido, um traficante,
um golpista, fugindo do castigo em seu país de origem e que busca abrigo em um
território desprovido de leis. Piora o problema o fato de, muitas vezes, cineastas bra-
sileiros, com o intuito de criar uma linguagem universal para conquistar os mercados
da Europa e dos EUA, incorporarem essas imagens em seus filmes. O cinema não é,
portanto, um registrador da realidade; é uma construção de códigos, convenções,
mitos e ideologias da cultura de quem os realiza. Diversas vezes faz parte de uma
estratégia de dominação, de divulgação de estilos de vida e de concepções de mun-
do, para modificar a identidade cultural de determinada nação. Existe, muitas vezes,
para atuar sobre determinada tradição cultural, para modificar corações e mentes,
para que pensem e ajam de modo diferente. Além de subjetivo, não é uma constru-
ção isolada do sistema sociocultural do qual se origina. Há, inclusive, coisas pouco
perceptíveis, como o jogo de planos e de enquadramentos (alto/baixo, perto/longe,
vertical/horizontal), cujas sequências são criadas para se constituir em significações
nas quais os personagens transmitem sensações de angústia, de solidão.

Fonte: https://bit.ly/3403n0F

Como atualmente muitos desses vídeos são encontrados em sites da internet, é


possível solicitar aos alunos que os assistam por inteiro de outras formas. Já os ví-
deos, muito deles encontrados em sites de busca da internet, existem de tamanhos
variados e cujo tempo permite serem desenvolvidos em sala de aula. Há inúmeras
temáticas que podem ser discutidas a partir deles, caso de problemas de ocupação
e ambientais, guerras e disputas territoriais, questões agrárias e urbanas, os meios
de transporte, as fontes de energia, as migrações, entre tantos outros.

No artigo Cinema, Geografia e sala de aula, de Rui Ribeiro Campos (2006),


o autor cita inúmeros filmes que podem servir para serem usados em uma aula
de Geografia.

Em relação à linguagem musical, essa pode ser desenvolvida em sala de aula,


de diferentes modos: desde a criação de paródias musicais sobre uma determinada
temática; a produção de novas letras de música feitas pelos alunos individualmente
ou em grupos; até a leitura crítica de uma determinada letra em uma atividade pro-
posta pelo professor.

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Também podem ser associadas aos tipos de territorialidades musicais existentes,


já que as questões cultural e territorial podem ser associadas aos tipos de música,
por exemplo, pois existem territorialidades do samba, do funk, do axé, do rock, da
música indiana etc. Assim como é interessante discutir a indústria da música e os
novos meios de circulação dessas com os meios informatizados e de como foram
evoluindo do ponto de vista técnico (gramofones, toca disco, toca cd player, por
USB, MP3 etc.) ao longo do tempo.

Seja para destacar temáticas ambientais, urbanas, de situações no campo, de


desigualdades espaciais, a história dos bairros ou da cidade, de migrações, entre
outras, é importante a leitura crítica da música, podendo ser usados diferentes es-
tilos musicais para isso, desde que possam ser adequados à realidade escolar e à
faixa etária das turmas.

Estudo do meio
Uma atividade usual na Geografia e História é o estudo do meio, pois esse per-
mite ao aluno um contato mais próximo da realidade, aliando teoria e prática. Pode
ser utilizado para desenvolver problemáticas e conteúdos relacionados à urbaniza-
ção, à questão socioambiental, à agricultura, às formas de transportes, mediante
uma leitura da paisagem e do espaço geográfico, relacionando os diversos elemen-
tos geográficos e contextualizando-o.

Para a realização do estudo do meio é necessário seguir alguns passos, entre os


quais destacamos:
• O professor, de preferência, deve realizar um reconhecimento do local a ser
estudado, para que tenha condições de definir as atividades que poderão
ser propostas;
• Propor um roteiro de locais a serem visitados;
• Definir os conteúdos e conceitos que serão desenvolvidos nessa pesquisa;
• Elaborar um formulário ou texto de orientação para os participantes, com pe-
queno texto, imagens, mapas ou croquis;
• Propor que os participantes realizem observações, entrevistas no local da ati-
vidade, produzam desenhos, tirem fotografias etc.;
• Solicitar relatórios dos participantes conforme roteiro e atividade desenvolvida.

Além disso, desenvolver uma atividade em que promova o diálogo entre o pro-
fessor e os alunos, de modo que o educador não seja o único a falar durante a
atividade de estudo do meio. O aluno tem de ser protagonista também!

É importante estar atento a algumas questões ao realizar esse tipo de ativida-


de educativa. Como explicam os geógrafos Claudivan Lopes e Nídia Pontuschka
(2009, p. 180):

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Os Estudos do Meio podem ser realizados em todos os níveis de ensino e,
inclusive, nos processos de formação continuada de professores. Contudo,
é preciso lembrar que sua realização, especialmente nos Ensino Funda-
mental e Médio, requer atenção especial dos organizadores quanto à segu-
rança dos alunos. Além da prévia autorização dos pais ou responsáveis e
da contratação, quando necessária, de transporte e de alojamento, a elabo-
ração dos roteiros de observação e pesquisa devem levar em consideração
o estágio de desenvolvimento cognitivo e emocional dos estudantes. Deste
modo, a definição do espaço a ser estudado não pode prescindir de uma
prévia visita ao local e da identificação, considerando as características dos
participantes, de um itinerário que não coloque em risco a sua segurança.

Logo, é necessário um planejamento prévio do professor para elaboração de um


estudo do meio, que, ao mesmo tempo, envolva os alunos como protagonistas e
participantes atuantes.

Recursos Informatizados
No atual período da história existem diversificadas possibilidades de criar e de-
senvolver materiais didáticos de apoio às atividades propostas em aula. As novas
tecnologias informacionais, por exemplo, permitem a produção de novos conheci-
mentos, bem como podem servir para ampliar a possibilidade de tornar os conteú-
dos geográficos e históricos mais significativos.

Nesse sentido, buscar usá-los adequando-os à realidade escolar é importante e


se torna imperativa a discussão e a operacionalização de diversificadas linguagens
para o ensino.

Se os alunos têm habilidade de usar os meios informacionais e as tecnologias de


informação e comunicação (TICs), é importante aproveitar essa pré-condição do
aluno. Assim como, se há laboratório de informática na escola, é interessante usá-lo
para desenvolver atividades sobre temáticas de Geografia e História.

Desse modo, o bom professor é aquele que consegue a adequar-se às situações


existentes, à realidade do aluno e de sua comunidade, sem subestimá-lo.

O Ministério da Educação (MEC) tem incentivado a inserção das novas tecnolo-


gias de informação no ensino fundamental. A incorporação dessas tecnologias nas
políticas educacionais é inclusive imposta por órgãos internacionais, tais como o
Banco Mundial e a UNESCO.

Embora seja importante o uso das TICS em aula, é necessário que não sejam
apenas mudanças superficiais, caso, por exemplo, do manuseio de equipamentos e
suas técnicas, pois a supervalorização das tecnologias muitas vezes ocorre em detri-
mento da condição e do papel do professor. Assim, não é apenas a tecnologia que
transformará e melhorará uma determinada aula ou atividade educativa, cabe ao
professor definir como serão usadas tais tecnologias para uma atividade educativa.

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Por outro lado, é importante reconhecer que tais tecnologias podem tornar a
aula mais atrativa e dinâmica, sobretudo para uma geração acostumada ao uso de
tecnologias de informação e comunicação. Por isso, o professor precisa inteirar-se
sobre tais formas de usos e suas possibilidades educativas.

Outra estratégia é o uso de TICs, caso do Google Street View, Google Earth,
Movie Maker (programa que permite produção de pequenos vídeos), entre outros,
para atividades que busquem evidenciar e levantar as características socioambien-
tais do território, tais como: áreas verdes, lixo, ocupações em áreas de risco, os
recursos hídricos existentes (rios, córregos, represas, lagos); buscando, por meio
das imagens, observar as formas de ocupação e os problemas e potencialidades
ambientais existentes em um determinado lugar.

O Google Earth é um programa da empresa Google que possibilita a observa-


ção da Terra em 3 dimensões. Tais imagens são construídas a partir de fotografias
de satélite obtidas de diferentes fontes. A utilização desse programa como recurso
didático permite selecionar um lugar determinado no mundo, observar as caracte-
rísticas de diferentes lugares e conhecer algumas das suas principais cidades, suas
paisagens, assim como ter contato com patrimônios culturais, religiosos e históricos
à distância.

Já o Google Street View é uma ferramenta importante para fazer comparações


entre a imagem satélite produzida por satélites artificiais que fotografam a Terra e a
imagem de fotos que são tiradas das ruas, estradas e avenidas dos espaços urbanos
e rurais. Isso permite um recurso de comparação entre as diferentes características
geográficas- físico-ambientais, de moradia e formas de ocupação, de transporte
etc., ou seja, das formas espaciais e suas diferentes características morfológicas.

Tais programas, associados ao uso de imagens produzidas em um estudo do


meio, permitirão a produção de materiais didáticos, como, por exemplo, vídeo (pro-
duzido pelo Movie Maker ou pelo celular que atualmente é bastante disseminado),
cartilhas, jornalzinho ambiental, Power Point (com imagem e som etc.).

Um recurso simples que pode ser usado é copiar e colar imagem, editando-as
no programa denominado Paint (vide Figura 1). Basta copiar uma imagem, com a
tecla print screen (prt-sc), que se encontra no computador, e copiar para o Paint.
A partir daí, você poderá cortar, recortar, copiar, apagar e salvar, entre outras
ações, bem como colocar legenda e texto com o ícone A (veja na Figura 1). Tal
produção poderá ser usada em apresentações de Power Point, vídeos, em formato
de cartilha, jornal etc.

Figura 1 - Imagem do Aplicativo do Paint

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Em uma atividade, por exemplo, sobre áreas verdes e sua importância ambien-
tal, o uso de recursos informatizados (imagem do Google Earth, Google Street
View, internet) auxilia na identificaçao das coberturas vegetais. O estudo do meio
pode ser interessante para reconhecimento in loco, bem como o uso de jogos edu-
cativos pode compor um rol de estratégias interessantes.

Contudo, para que as atividades se tornem significativas (Ausubel), e não pro-


duzam apenas um aprendizado mecânico, é necessário que se estabeleçam pontes
com a construção do conhecimento com a medição do professor e com o protago-
nismo dos participantes, que não devem ser apenas expectadores.

Citamos como exemplo uma atividade sobre áreas de riscos, muito comuns nas
cidades brasileiras. Quais estratégias e metodologias podem ser usadas para a rea-
lização de uma atividade que tenha como tema gerador áreas de riscos? Podem ser
inúmeras, mas destacamos algumas: usar imagens de diferentes tipos de áreas de
riscos, solicitando que a turma divida-se em grupos e cada grupo fique com uma
imagem diferente, a partir daí, pedir-lhes que expliquem o que pode ser observado
na imagem e que assim ocorra o debate sobre os tipos de problemas existentes e as
possíveis soluções; criar painéis por grupos com os quais cada grupo apresente os
tipos de áreas de riscos existentes em sua comunidade.

O educador vai mediando o debate e as apresentações, anotando em um quadro


ou flip-chart as respostas, buscando fazer uma síntese e reconstruindo os depoi-
mentos. Nessas duas dinâmicas de grupo, é importante evidenciar os diferentes
tipos de situações em áreas de risco; os indicadores visíveis que podem servir de
exemplo para detectá-los, e as possíveis soluções.

Outro recurso interessante para se utilizar como estratégia de ensino são os


infográficos, cujos produtos apresentam uma combinação de informações (dados),
imagens (gráficos, figuras, mapas), para explicar determinados fenômenos. Em di-
versos meios de comunicação, como jornais e revistas, são aplicados infográficos
como complemento da notícia tratada na matéria, assim como em artigos científi-
cos publicados em periódicos especializados.

Ao apresentar um recurso visual, o infográfico contempla o objetivo de direcio-


nar claramente as informações ao leitor, utilizando as imagens como recurso inte-
grado aos dados apresentados. O infográfico atende o perfil de uma nova geração
de leitores os quais encontram-se habituados a vivenciar um cotidiano permeado
por elementos de linguagem visual, bem como linguagem icônica. Ainda, esse pú-
blico busca recursos imagéticos com frequência, além de almejar por praticidade e
rapidez das informações.

A organização dos infográficos inicia-se com a fragmentação dos conteúdos a


serem tratados, sendo esses compostos por textos verbais e imagens, as quais es-
tabelecem um sistema de ligação direta. As informações são inseridas em blocos,
sendo que cada bloco possui um significado completo. Todavia, cada bloco se com-
plementa, conferindo um sentido específico a totalidade do infográfico.

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UNIDADE Metodologias de Ensino de História e Geografia

A construção do infográfico deve permitir ao leitor efetuar uma compreensão


natural das conexões entre os blocos de informações, bem como a interligação en-
tre as imagens e os elementos textuais.

Desse modo, como motivo para utilizar infográficos como estratégia de ensino,
há a possibilidade de se apresentar interfaces visuais, as quais aproximam o edu-
cando do seu convívio diário com o conteúdo a ser apreendido. Destaca-se nesse
contexto que a geração atual se encontra sob constante e indissociável influência do
domínio visual, assim como a instantaneidade das informações.

Entrevistas e aplicação de questionários


A entrevista e aplicação de questionários podem ser desenvolvidas como estra-
tégia de aula e atividade com alunos do ensino fundamental I.

É fundamental no caso de entrevistas que sejam definidos o tema da entrevista,


algumas questões basilares a serem questionadas ao entrevistado, sendo que esse
processo pode ser gravado e depois transcritos alguns trechos, ou não. Outro as-
pecto importante é buscar definir o público a ser entrevistado, esse deve conter,
nesse caso, pessoas chave que possam contribuir para dar um depoimento – caso,
por exemplo, de um morador antigo de um bairro se a atividade tem como objetivo
compreender a história de uma localidade.

A entrevista é uma conversação que envolve duas ou mais pessoas. Para isso,
cabe ao professor orientar os alunos no passo a passo de uma entrevista:
• Qual o tema da entrevista?
• Qual o objetivo da entrevista?
• Qual público-alvo?
• Elaborar um roteiro para a entrevista, com alguns questionamentos essenciais;
• Gravar a entrevista e reescrever alguns trechos mais importantes;
• Discutir os resultados das entrevistas com a turma.

Importante não confundir entrevista com questionário, pois a entrevista é mais


aberta, busca ser mais qualitativa, enquanto o questionário tem perguntas abertas
ou fechadas, algumas inclusive com alternativas que possibilitam a tabulação e men-
suração das respostas. Exemplo de questionário:

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1. Qual seu nome?
2. Onde nasceu?
3. Qual sua profissão?
4. Qual sua religião?
a) ( ) católica b) ( ) protestante c) ( ) espírita d) ( ) budista
e) ( ) não tem religião f) ( ) outra Qual?
5. Quanto tempo mora neste bairro?
a) ( ) menos de 1 ano b) ( ) 1 a 5 anos c) ( ) 5 a 10 anos d) ( ) 10 a 20 anos
e) ( ) mais de 20 anos
6. O que falta em seu bairro (pode marcar até duas possibilidades):
a) ( ) equipamentos de saúde b) ( ) áreas de lazer c) ( ) equipamentos culturais
d) ( ) saneamento básico e) ( ) segurança f) ( ) transportes adequados
g) ( ) moradia adequada h) ( ) coleta de lixo i) ( ) comércio
j) ( ) escolas efaculdades k) ( ) outro

Tanto a entrevista quanto o questionário possibilitam a investigação sobre uma


questão, tema ou situação. Contudo, a entrevista pode ser feita com uma ou duas
pessoas, já o questionário tem de ser aplicado em um número maior de pessoas,
em uma amostragem, para que essa possa ser validada cientificamente. Por isso,
cada aluno da turma pode ser responsável por aplicar um número x de questioná-
rios e, no todo da sala, esses podem ser quantificados.

A definição das perguntas feitas no questionário pode ser elaborada junto com os
alunos ou não, mas é fundamental que eles compreendam como realizar esse instru-
mento. Para isso, a orientação do professor e a simulação do questionário é importante.

Logo, finalizando esta unidade, não se esqueça que é fundamental usar diferen-
tes linguagens nas práticas de ensino de Geografia e História.

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UNIDADE Metodologias de Ensino de História e Geografia

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
Aprenda a planejar aulas de História alinhadas à BNCC
https://bit.ly/2US2enz
Como trabalhar Geografia e História de acordo com a BNCC
https://youtu.be/-LvsP5Nn-cA

 Leitura
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