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Material de apoio

Revisão
Estrutura Cristalina Ideal;

1
Célula Unitária
 Como a rede cristalina tem uma estrutura repetitiva, é
possível descrevê-la a partir de uma estrutura básica, como
um “tijolo”, que é repetida por todo o espaço.

Células Não-Unitárias

Célula Unitária
Menor “tijolo” que repetido
reproduz a rede cristalina 2
Os 7 Sistemas Cristalinos
 Só existem 7 tipos de células unitárias que preenchem
totalmente o espaço

Cúbica Tetragonal Ortorrômbica


a=b=c, ° a=bc, ° abc, °

Romboédrica Hexagonal* Monoclínica Triclínica


a=b=c, ° a=bc, °° abc, °  abc, °
3
Sistemas Cristalinos e Redes de Bravais
 Os sistemas cristalinos são apenas entidades geométricas.
Quando posicionamos átomos dentro destes sistemas formamos
redes (ou estruturas) cristalinas.
 Existem apenas 14 redes que permitem preencher o espaço 3D.
 Nós vamos estudar apenas as redes mais simples:
a cúbica simples - cs (sc - simple cubic)
a cúbica de corpo centrado - ccc (bcc - body centered cubic)
a cúbica de face centrada - cfc (fcc - face centered cubic)
a hexagonal compacta - hc (hcp - hexagonal close packed)

4
As 14 Redes de Bravais

Cúbica Simples Cúbica de Cúbica de Face Tetragonal Tetragonal de


Corpo Centrado Centrada Simples Corpo Centrado

Ortorrrômbica Ortorrrômbica de Ortorrrômbica de Ortorrrômbica de Romboédrica


Simples Corpo Centrado Base Centrada Face Centrada Simples

Hexagonal Monoclínica Monoclínica de Triclínica


Simples Base Centrada

5
Estruturas Cristalinas dos Metais
 Como a ligação metálica é não direcional não há grandes
restrições quanto ao número e posição de átomos vizinhos.
Assim, os metais terão NC alto e empilhamento compacto.
 A maior parte dos metais se estrutura nas redes cfc, ccc e hc
 Daqui para frente representaremos os átomos como esferas
rígidas que se tocam. As esferas estarão centradas nos
pontos da rede cristalina.

6
A rede ccc
 A rede cúbica de corpo centrado é uma rede cúbica na qual
existe um átomo em cada vértice e um átomo no centro do
cubo. Os átomos se tocam ao longo da diagonal.
Fator de empacotamento atômico
(APF - atomic packing factor)
Volume (átomos )
FEA  
a Volume (célula )
R N (átomos )V (1átomo)
 3

a
4
N (átomos ) R 3
1 átomo inteiro 1/8 de átomo  3
a3
Número de átomos na célula unitária
4 8 3
Na= 1 + 8x(1/8) = 2 2  R 3 R
3 3 3
Relação entre a e r FEAccc  3
 3
   0,68
4R = a3 => a = 4R/3 NC = 8  4R  64 R 8
 
 3 3 3
7
A rede cfc
 A rede cúbica de face centrada é uma rede cúbica na qual
existe um átomo em cada vértice e um átomo no centro de cada
face do cubo. Os átomos se tocam ao longo das diagonais das
faces do cubo.

a
1/8 de átomo

R
1/2 átomo

Número de átomos na célula unitária Fator de empacotamento atômico


Na= 6x1/2 + 8x(1/8) = 4 FEAcfc = Volume dos átomos = 0.74
Relação entre a e r Volume da célula
4R = a2 => a = 2R2 NC = 12 A rede cfc é a mais compacta
8
A rede hc
 A rede hexagonal compacta pode ser representada por um
prisma com base hexagonal, com átomos na base e topo e um
plano de átomos no meio da altura.

Número de átomos na célula unitária


Na= 12x1/6 + 2x(1/2) + 3 = 6
Relação entre a e r
c 2R = a
FEA = 0.74 NC =12
A rede hc é tão compacta quanto a cfc
c/2

9
A rede hc (cont.)
 Cálculo da razão c/a Vista de topo

a/2
30º
d
a dcos30° = a/2
c/2 d3/2 = a/2
d = a/3

a d
a2 = a2/3 +c 2/4  c2 = 8a2/3
a a
a2 = d2 +(c/2)2 Razão c/a ideal
c/a= 8/3 = 1.633
no entanto este valor varia em metais reais
10
A rede hc (cont.)
 Cálculo do fator de empacotamento atômico
Vatomos
FEA 
Vcelula
4
Vatomos  6  r 3  8r 3
3 Vista de topo
Vcelula  Abase  Altura  Ahexagono  c  6  Atriang.  c
3
a a
b h 2  a2 3
Atriang.  
2 2 4
3 3 8
Vcelula  6  a 2  c  6  a2  a  3 2a 3  3 2 8r 3 h
4 4 3
60º
8r 3 
FEA  3
  0.74
3 2 8r 3 2 a
11
Empilhamento ótimo
 O fator de empilhamento de 0.74, obtido nas redes cfc e hc, é o
maior possível para empilhar esferas em 3D.

A A A
B B
cfc C C C
A A A A
B B B
C C C C
A A A A A
B B B B
C C C
A A A A
B B B
hc C C
A A A

12
Sistemas de deslizamento (cont.)

Deslizamento de um plano compacto Deslizamento de um plano não compacto


Pequeno deslizamento  Pequena energia Grande deslizamento  Grande energia
 Mais provável  Menos provável
13
Determinação da estrutura
• Pergunta básica
 Como se pode determinar experimentalmente a estrutura
cristalina de um material ?
• Uma boa resposta
 Estudar os efeitos causados pelo material sobre um feixe
de radiação.
• Qual radiação seria mais sensível à estrutura ?
 Radiação cujo comprimento de onda seja semelhante ao
espaçamento interplanar (da ordem de 0.1 nm).
 Difração de raios-x.

14
O CRISTAL REAL

Defeitos na Estrutura Cristalina

15
Resposta mecânica (cont.)

16
Exemplo

17
DETERMINAR AS
PROPRIEDADES MECÂNICAS
DOS METAIS

Ensaio de Tração;
Ensaio de Dureza;
Ensaio de Charpy;
Ensaio de Fadiga;
Ensaio de Fluência.

18
Propriedades Mecânicas de Metais
• Como os metais são materiais estruturais, o
conhecimento de suas propriedades mecânicas é
fundamental para sua aplicação.
• Um grande número de propriedades pode ser derivado
de um único tipo de experimento, o teste de tração.
• Neste tipo de teste um material é tracionado e se
deforma até fraturar. Mede-se o valor da força e do
elongamento a cada instante, e gera-se uma curva
tensão-deformação.

19
Curva Tensão-Deformação
100

Carga (103N)
Célula de Carga
50

0
Gage 0 1 2 3 4 5
Amostra Elongamento (mm)
Length
500
Normalização para

Tensão,  (MPa)
eliminar influência
da geometria da
250 amostra

0
Tração 0 0.02 0.04 0.05 0.08 0.10
Deformação,  (mm/mm) 20
Curva Tensão-Deformação (cont.)
• Normalização
  = P/A0 onde P é a carga e A0 é a seção reta da amostra
  = (L-L0)/L0 onde L é o comprimento para uma dada carga e L0 é o
comprimento original
• A curva  pode ser dividida em duas regiões.
 Região elástica
  é proporcional a  => =E. E=módulo de Young
 A deformação é reversível.
 Ligações atômicas são alongadas mas não se rompem.
 Região plástica
  não é linearmente proporcional a .
 A deformação é quase toda não reversível.
 Ligações atômicas são alongadas e se rompem.

21
Curva Tensão-Deformação (cont.)
Elástica
500 Limite de escoamento

Plástica
Tensão,  (MPa)

250

fratura

0
0 0.02 0.04 0.05 0.08 0.10 0 0.002 0.004 0.005 0.008 0.010
Deformação, e (mm/mm) Deformação,  (mm/mm)
Como não existe um limite claro entre as regiões
O Módulo de Young, E, (ou módulo de
elasticidade) é dado pela derivada da curva elástica e plástica, define-se o Limite de
escoamento, como a tensão que, após liberada,
na região linear.
causa uma pequena deformação residual de 0.2%.
22
Cisalhamento
• Uma tensão cisalhante causa uma deformação cisalhante, de
forma análoga a uma tração.
 Tensão cisalhante
  = F/A0
 onde A0 é a área paralela a
aplicação da força.
 Deformação cisalhante
  = tan  = y/z0
 onde  é o ângulo de
deformação
• Módulo de cisalhamento G
 =G

23
Coeficiente de Poisson
• Quando ocorre elongamento ao longo de
uma direção, ocorre contração no plano
perpendicular.
• A Relação entre as deformações é dada
pelo coeficiente de Poisson .
  = - x / z = - y / z
 o sinal de menos apenas indica que uma
extensão gera uma contração e vice-versa
 Os valores de  para diversos metais estão
entre 0.25 e 0.35.
• E = 2G(1+)
24
Exercícios 1.1 e 1.2
 1.1 - Uma peça de cobre de 305 mm é tracionada com uma
tensão de 276 MPa. Se a deformação é totalmente elástica, qual
será o elongamento ?
  = E. = E.L/L0 => L =  L0/E
 E é obtido de uma tabela ECu = 11.0 x 104 MPa
 Assim L = 276 . 305/11.0 x 104 =0.76 mm
 1.2 - Um cilindro de latão com diâmetro de 10 mm é tracionado
ao longo do seu eixo. Qual é a força necessária para causar uma
mudança de 2.5 µm no diâmetro, no regime elástico ?
 x = d/d0 = -2.5 x10-3 /10 = -2.5 x10-4
 z = - x/  -2.5 x10-4 / 0.35 = 7.14 x10-4
  = E. z = 10.1 MPa x 7.14 x10-4 = 7211 Pa
 F =  A0 =  d02/4 = 7211 x (10-2)2/4 = 5820 N

25
Estricção e limite de resistência

Limite de
resistência
Tensão, 

estricção

A partir do limite de
resistência começa a ocorrer
um estricção no corpo de
prova. A tensão se concentra
nesta região, levando à
fratura.

Deformação, 
26
Conceito de Ductilidade
• Ductilidade é uma medida da extensão da deformação que
ocorre até a fratura.
• Ductilidade pode ser definida como
 Elongamento percentual %EL = 100 x (Lf - L0)/L0
 onde Lf é o elongamento na fratura
 uma fração substancial da deformação se concentra na estricção, o que faz com
que %EL dependa do comprimento do corpo de prova. Assim o valor de L0 deve
ser citado.
 Redução de área percentual %AR = 100 x(A0 - Af)/A0
 onde A0 e Af se referem à área da seção reta original e na fratura.
 Independente de A0 e L0 e em geral  de EL%

27
Resiliência
• Resiliência é a capacidade que o material possui de
absorver energia elástica sob tração e devolvê-la quando
relaxado.
 área sob a curva dada pelo limite de escoamento e pela
deformação no escoamento.
 Módulo de resiliência Ur = d com limites de 0 a y
 Na região linear Ur =yy /2 =y(y /E)/2 = y2/2E
 Assim, materiais de alta resiliência possuem alto limite de
escoamento e baixo módulo de elasticidade.
 Estes materiais seriam ideais para uso em molas.

28
Curva  para Cobre Recozido

Tensão (MPa)

Elongamento (mm)

29
Curva  para Cobre Endurecido a Frio

Tensão (MPa)

Elongamento (mm)

30
Comparação

Recozido
Endurecido a frio
Tensão (MPa)

Elongamento (mm)

31
Tenacidade
• Tenacidade (toughness) é a capacidade que o material
possui de absorver energia mecânica até a fratura.
 área sob a curva  até a fratura.

Frágil
Dúctil O material frágil tem maior limite
de escoamento e maior limite de
Tensão, 

resistência. No entanto, tem menor


tenacidade devido a falta de
ductilidade (a área sob a curva
correspondente é muito menor).

Deformação, 
32
Resumo da curva  e propriedades
 Região elástica (deformação reversível) e região plástica (deformação
quase toda irreversível).
 Módulo de Young ou módulo de elasticidade => derivada da curva na
região elástica (linear).
 Limite de escoamento (yield strength) => define a transição entre
região elástica e plástica => tensão que, liberada, gera uma deformação
residual de 0.2%.
 Limite de resistência (tensile strength) => tensão máxima na curva
 de engenharia.
 Ductilidade => medida da deformabilidade do material
 Resiliência => medida da capacidade de absorver e devolver energia
mecânica => área sob a região linear.
 Tenacidade (toughness) => medida da capacidade de absorver energia
mecânica até a fratura=> área sob a curva até a fratura.

33
A curva  real
 A curva  obtida
experimentalmente é denominada fratura
curva S-e de engenharia.
 Esta curva passa por um máximo de
tensão, parecendo indicar que, a partir curva  real
deste valor, o material se torna mais
fraco, o que não é verdade.
 Isto, na verdade, é uma consequência da Curva S-e de engenharia
estricção, que concentra o esforço numa
área menor. fratura
 Pode-se corrigir este efeito levando
em conta a diminuição de área,
gerando assim a curva  real.

34
Sistemas de deslizamento (rev.)
Número de
Estrutura Planos de Direções de Geometria da
Sistemas de Exemplos
Cristalina Deslizamento Deslizamento Célula Unitária
Deslizamento

{110} 6x2 = 12
-Fe, Mo,
CCC {211} <111> 12
W
{321} 24

Al, Cu,
CFC {111} <110> 4x3 = 12
-Fe, Ni

{0001}
3
{1010} Cd, Mg, -
HC <1120> 3
{1011} Ti, Zn
6

A tabela mostra os sistemas de deslizamento das 3 redes básicas. Em vermelho aparecem os sistemas
principais. Em cinza aparecem os secundários. Por exemplo: Como a rede CFC tem 4 vezes mais
sistemas primários que a HC, ela será muito mais dúctil.
35
Deslizamento em mono-cristais
• A aplicação de tração ou compressão uniaxais trará
componentes de cisalhamento em planos e direções que não
sejam paralelos ou normais ao eixo de aplicação da tensão.
• Isto explica a relação entre a curva  e a resposta mecânica
de discordâncias, que só se movem sob a aplicação de tensões
cisalhantes.
• Para estabelecer numericamente a relação entre tração (ou
compressão) e tensão cisalhante, deve-se projetar a tração (ou
compressão) no plano e direção de deslizamento.

36
Tensão cisalhante resolvida
F
Plano de  O sistema de deslizamento que
deslizamento sofrer a maior R, será o primeiro
Direção de a operar.
deslizamento
 A deformação plástica começa a
ocorrer quando a tração excede a
tensão cisalhante resolvida
crítica (CRSS - critical resolved
shear stress).

R =  cos  cos 
onde
 = F/A

F 37
Deformação plástica em materiais policristalinos
• A deformação em materiais policristalinos é mais
complexa porque diferentes grãos estarão orientados
diferentemente em relação a direção de aplicação da
tensão.
• Além disso, os grãos estão unidos por fronteiras de
grão que se mantém íntegras, o que coloca mais
restrições a deformação de cada grão.
• Materiais policristalinos são mais resistentes do que
seus mono-cristais, exigindo maiores tensões para
gerar deformação plástica.
38
Mecanismos de Aumento de Resistência
• A deformação plástica depende diretamente do
movimento das discordâncias. Quanto maior a
facilidade de movimento, menos resistente é o
material.
• Para aumentar a resistência, procura-se restringir o
movimento das discordâncias. Os mecanismos básicos
para isso são:
 Redução de tamanho de grão
 Solução sólida
 Deformação a frio (encruamento, trabalho a frio, strain
hardening, cold working)
39
Redução de tamanho de grão
• As fronteiras de grão funcionam como barreiras para o
movimento de discordâncias. Isto porque
 Ao passar de um grão com uma certa orientação para outro
com orientação muito diferente (fronteiras de alto ângulo) a
discordância tem que mudar de direção, o que envolve muitas
distorções locais na rede cristalina.
 A fronteira é uma região desordenada, o que faz com que os
planos de deslizamento sofram discontinuidades.
• Como um material com grãos menores tem mais
fronteiras de grão, ele será mais resistente.

40
Redução de tamanho de grão (cont.)
• Para muitos materiais, é
possível encontrar uma
d (mm)
relação entre o limite de
escoamento, y, e o tamanho

Limite de escoamento (kpsi)

Limite de escoamento (MPa)


médio de grão, d.
 y = 0 + kyd-1/2
 onde 0 e ky são constantes Latão
para um dado material (70Cu-30Zn)

d-1/2 (mm-1/2) 41
Solução sólida
• Nesta técnica, a presença de impurezas substitucionais
ou intersticiais leva a um aumento da resistência do
material. Metais ultra puros são sempre mais macios e
fracos do que suas ligas.

Limite de resistência (MPa)


Limite de resistência (kpsi)

Liga Cu-Zn

Concentração de Zn (%) 42
Deformação a frio
• O aumento de resistência por deformação mecânica
(strain hardening) ocorre porque
 o número de discordâncias aumenta com a deformação
 isto causa maior interação entre as discordâncias
 o que, por sua vez, dificulta o movimento das
discordâncias, aumentando a resistência.
• Como este tipo de deformação se dá a temperaturas
muito abaixo da temperatura de fusão, costuma-se
denominar este método deformação a frio (cold work).

43
Deformação a frio (cont.)

%CW=100x(A0-Ad)/A0
Aço 1040
Limite de escoamento (kpsi)

Limite de escoamento (MPa)

Ductilidade (%EL)
Latão
Latão

Cobre

Cobre
Aço
1040

% Trabalho a frio (%CW) % Trabalho a frio (%CW)


44
Recuperação e Recristalização
• Como já vimos, a deformação plástica de materiais a
baixas temperaturas causa mudanças microestruturais e
de propriedades.
• Estes efeitos podem ser revertidos, e as propriedades
restauradas, através de tratamentos térmicos a altas
temperaturas.
• Os dois processos básicos para que isto ocorra são
 Recuperação - uma parte das deformações acumuladas é
eliminada através do movimento de discordâncias,
facilitado por maior difusão a altas temperaturas.
 Recristalização - formação de novos grãos, não
deformados, que crescem até substituir completamente o
material original. 45
Recristalização
Latão 33%CW 3 segundos a 580ºC 4 segundos a 580ºC
deformado a frio início da recristalização avanço da recristalização

8 segundos a 580ºC 15 minutos a 580ºC 10 minutos a 700ºC


recristalização completa crescimento de grão maior crescimento de grão

46
Recristalização (cont.)
Temperatura de recristalização: é a
temperatura para a qual ocorre
recristalização total após uma hora de
Latão tratamento térmico. Tipicamente entre
1 hora 1/3 e 1/2 da temperatura de fusão.

No caso do latão do gráfico ao lado


Trec=475ºC e Tf=900ºC

Neste gráfico também é possível


obervar o crescimento de grão em
função da temperatura.
Falta analisar o crescimento de grão
em função do tempo.

47
Crescimento de grão
• Como os contornos de grão são regiões deformadas do
material, existe uma energia mecânica associada a eles.
• O crescimento de grãos ocorre porque desta forma a
área total de contornos se reduz, reduzindo a energia
mecânica associada.
• No crescimento de grão, grãos grandes crescem às
expensas de grãos pequenos que diminuem. Desta
forma o tamanho médio de grão aumenta com o tempo.

48
Crescimento de grão (cont.)
• Para muitos materiais poli-
cristalinos vale a seguinte
relação para o diâmetro
médio de grão d, em
função do tempo t.
 dn - d0n =Kt
 onde d0 é o diâmetro
original (t=0)
 K e n são constantes e em
geral n2 Diâmetro de grão (mm)

Tempo (min) 49
Fratura
• O processo de fratura é normalmente súbito e
catastrófico, podendo gerar grandes acidentes.

• Envolve duas etapas: formação de trinca e propagação.


• Pode assumir dois modos: dúctil e frágil.
50
Fratura dúctil e frágil
• Fratura dúctil
 o material se deforma substancialmente antes de fraturar.
 O processo se desenvolve de forma relativamente lenta à
medida que a trinca propaga.
 Este tipo de trinca é denomidado estável porque ela para de
se propagar a menos que haja uma aumento da tensão
aplicada no material.

51
Fratura dúctil e frágil (cont.)
• Fratura frágil
 O material se deforma pouco, antes de fraturar.
 O processo de propagação de trinca pode ser muito veloz, gerando
situações catastróficas.
 A partir de um certo ponto, a trinca é dita instável porque se
propagará mesmo sem aumento da tensão aplicada sobre o material.

52
Transição dúctil-frágil
• A ductilidade dos materiais é função da temperatura e
da presença de impurezas.
• Materiais dúcteis se tornam frágeis a temperaturas mais
baixas. Isto pode gerar situações desastrosas caso a
temperatura de teste do material não corresponda a
temperatura efetiva de trabalho.
 Ex: Os navios tipo Liberty, da época da 2ª Guerra, que
literalmente quebraram ao meio. Eles eram fabricados de
aço com baixa concentração de carbono, que se tornou
frágil em contato com as águas frias do mar.

53
Transição dúctil-frágil (cont.)
Energia de Impacto (J)

Temperatura (ºC) Temperatura (ºC)


Aços com diferentes Aços com diferentes
concentrações de carbono concentrações de manganês

54
Teste de impacto (Charpy)
• Um martelo cai como um
pêndulo e bate na
amostra, que fratura.
• A energia necessária para
fraturar, a energia de
impacto, é obtida Posição
diretamente da diferença inicial Martelo

entre altura final e altura


inicial do martelo. Posição
final Amostra h

h’

55
Fadiga
• Fadiga é um tipo de falha que ocorre em materiais
sujeitos à tensão que varia no tempo.
• A falha pode ocorrer a níveis de tensão
substancialmente mais baixos do que o limite de
resistência do material.
• É responsável por  90% de todas as falhas de metais,
afetando também polímeros e cerâmicas.
• Ocorre subitamente e sem aviso prévio.
• A falha por fadiga é do tipo frágil, com muito pouca
deformação plástica.
56
Teste de fadiga
Limite de resitência
Tensão

fratura

Tempo

motor
junta contador
amostra flexível
carga carga

57
A curva S-N
• A curva Stress-Number of cycles é um gráfico que
relaciona o número de ciclos até a fratura com a tensão
aplicada. Quanto menor a tensão, maior é o número de
ciclos que o material tolera.
Ligas ferrosas normalmente possuem um
limite de fadiga. Para tensões abaixo deste
valor o material não apresenta fadiga.
Tensão,S (MPa)

Limite de fadiga
Ligas não ferrosas não possuem um (35 a 60%) do
S1 limite de
limite de fadiga. A fadiga sempre
resistência (T.S.)
ocorre mesmo para tensões baixas e Vida de fadiga a
grande número de ciclos. uma tensão S1

Número de ciclos até a fratura, N 58


Fatores que afetam a vida de fadiga
• Nível médio de tensão
 Quanto maior o valor médio da tensão, menor é a vida.
• Efeitos de superfície
 A maior parte das trincas que iniciam o processo de falha se origina
na superfície do material. Isto implica que as condições da superfície
afetam fortemente a vida de fadiga.
 Projeto da superfície: evitando cantos vivos.
 Tratamento da superfície:
 Eliminar arranhões ou marcas através de polimento.
 Tratar a superfície para gerar camadas mais duras (carbonetação) e que geram
tensões compressivas que compensam parcialmente a tensão externa.

59
x.X - Ensaio de Fluência
• Fluência é a deformação
plástica que ocorre em
materiais sujeitos a tensões
constantes, a temperaturas
elevadas.
Forno
 Turbinas de jatos, geradores a
vapor.
 É muitas vezes o fator limitante
na vida útil da peça.
 Se torna importante, para metais,
a temperaturas 0.4Tf
Carga constante
60
Curva de fluência
Na região primária o material
encrua, tornando-se mais rígido,
 vida de ruptura
Terciária
e a taxa de crescimento da
deformação com o tempo
diminui.
Secundária
Na região secundária a taxa de
crescimento é constante (estado
Primária estacionário), devido a uma
competição entre encruamento e
recuperação.

Na região terciária ocorre uma


aceleração da deformação
Deformação instantânea causada por mudanças
(elástica) microestruturais tais como
rompimento das fronteiras de
Tempo
grão. 61
Influência da temperatura e tensão
• As curvas de fluência variam em função da
temperatura de trabalho e da tensão aplicada.
 A taxa de estado estacionário aumenta
 Temperatura aumentando  Tensão aumentando

Tempo Tempo 62
Influência da tensão
• Relação entre  e a taxa de fluência estacionária
   K1
 n

 ln   ln K1  n ln 
 onde K1 e n são constantes do material

Tensão (MPa)
Taxa de fluência estacionária (%/1000 h) 63
Influência da temperatura
• Relação entre  e a taxa

Taxa de fluência estacionária (%/1000 h)


de fluência estacionária
  Qc 
   K 2 exp  
n

 RT 

 onde K2 e n são
constantes do material

 Qc é a energia de
ativação para fluência

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Bibliografia
PACIORNIK, S. Slides das Aulas da disciplina Ciências e Engenharia de
Materiais. Rio de Janeiro – RJ – PUC – Rio, 2005.
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GARCIA, Amauri; SPIM, Jaime Alvares; SANTOS, Carlos Alexandre dos.
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SOUZA, S. A. Ensaios mecânicos de materiais metálicos. Fundamentos
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