Você está na página 1de 13

UNIDADE TEMÁTICA 1

Exemplo de exegese de unidade textual poética completa


Apresentação de verso por verso
Gratidão e louvor a Iavé: uma abordagem exegética do Salmo 1001

TEXTO BASE 1

GRATIDÃO E LOUVOR A IAVÉ: Uma abordagem exegética do Salmo 100

A compreensão de um texto bíblico depende do esclarecimento de diversas questões e


pequenos detalhes que, normalmente, estão ocultos à primeira vista. Para tentar trazer à
luz alguns destes detalhes referentes ao Salmo 100 do Texto Massorético, conforme se
encontra na Bíblia Hebraica Stuttgartensia, este artigo apresentará uma possibilidade de
abordagem exegética do texto verso por verso. É bom destacar que esta pequena poesia
será analisada verso por verso e não versículo por versículo, o que não levaria em conta
a sua forma poética.

O trabalho consiste da análise e tradução prévia do texto hebraico, da comparação entre


versões correntes do mesmo texto, que aparecerá no corpo do trabalho conforme a
necessidade surja, e de uma breve abordagem a respeito do gênero literário, da estrutura,
do propósito e da teologia do Salmo, antes de uma explicação propriamente dita do
texto como um todo, com a intenção de torná-lo mais compreensível ao leitor atual.

Para as transliterações das palavras hebraicas serão utilizadas as sugestões que


apresento em meu livro "Gramática Instrumental do Hebraico Bíblico",2 editado por
Edições Vida Nova. Normalmente serão utilizadas primeiro as palavras já transliteradas
e, na sequência, ao lado delas, as próprias palavras hebraicas em seus caracteres
normais, para que facilite a busca delas em dicionários, se houver interesse por parte dos
leitor.

1. A TRADUÇÃO PROPOSTA

Depois de realizado o trabalho de exegese chegou-se a uma tradução própria. A


tradução própria proposta para a análise neste artigo, respeitando o título da poesia, e
suas divisões naturais, é a seguinte:

1 Salmo de agradecimento.

1
GUSSO, Antônio Renato. Gratidão e louvor a Iavé: uma abordagem exegética do Salmo 100. In
Revista Via Teológica, número 10, dezembro de 2004. Curitiba: Faculdade Teológica Batista do Paraná.
p.95-111.
2
GUSSO, Antônio Renato. Gramática Instrumental do Hebraico. 3.ed. São Paulo: Edições Vida Nova,
2017.
Aclamai a Iavé, toda a terra.
2 Servi a Iavé com alegria,
vinde perante ele com júbilo.

3 Sabei que só Iavé é Deus,


ele nos fez e não nós (e dele somos),
povo seu e ovelhas de seu rebanho.

4 Entrai (por) seus portões com agradecimento,


(em) seus átrios com louvor,
rendei graças a ele, saudai o seu nome.

5 Pois Iavé é bom,


seu amor é eterno,
e de geração a geração a sua fidelidade.

2. O GÊNERO LITERÁRIO

Geralmente, em um salmo de louvor é possível de se encontrar os seguintes elementos:


a) um convite; b) uma exaltação; c) uma ordem; e d) motivos de glorificação. Este
salmo possui todas essas características. Portanto, ele é um salmo de louvor, os
costumeiramente chamados de hinos e, da mesma forma que outros salmos que
compartilham deste gênero literário têm sua base em dois elementos: o imperativo e o
explicativo.3
Ele foi classificado por Sellin como um hino cultual de época pós-exílica, do ponto de
vista da história da teologia4, mas, também, pode ser classificado como um salmo
teocrático, por relatar a soberania de Deus ou, ainda, como um salmo doxológico,
formado de trechos dos salmos litúrgicos do grupo 94 - 98 (95 - 99 na BHS), conforme
sugestão das notas de rodapé da Bíblia Sagrada de tradução da Editora Ave Maria.
Na verdade, o gênero literário não apresenta maiores dificuldades e pode ser
classificado com segurança como um salmo de louvor, ainda que apresente em seu
conteúdo não tanto palavras de louvor, mas exortações para que Iavé seja louvado.

3. A ESTRUTURA

Ainda que este salmo seja tão breve, uma pequena composição literária que contém sete
imperativos e sete expressões de alegria, não há acordo total quanto à sua estrutura. Por
isso, neste ponto, serão vistas as opiniões de alguns escritores que tratam desta questão.
Para Scroggie, por exemplo, a estrutura deste salmo leva-o a uma condição de profético,
pois inicia e finda com notas de universalidade como: 1) toda a terra; e 2) todas as
gerações. Isto em um tempo no qual as portas do Templo de Jerusalém não se
3
GIRARD, M. Como ler o Livro dos Salmos: espelho da vida do povo. São Paulo: Edições Paulinas,
1992, p. 54 e 55.
4
SELLIN, E. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Edições Paulinas, 1977, p. 424.
encontravam abertas para os gentios. Contudo, ele acha que a interpretação primária se
refere a Israel e, depois, a todas as nações.5
Já na opinião de Hargreaves o Salmo 100 é formado por duas partes iguais que podem
ser destacadas da seguinte maneira: 1) Convite à adoração (vs 1-2) e o motivo do
convite: “porque pertencemos a ele” (v 3); e 2) Convite à adoração (v 4) e o motivo do
convite, porque seu amor dura para sempre (v 5).6
Taylor, por seu lado, afirma que este salmo é composto por dois pequenos hinos. O
primeiro é formado pelos vs 1-3 e deveria ser cantado por um coral que ia à frente do
grupo de adoradores ao se dirigirem em procissão para o interior do Templo. O segundo
pequeno hino, formado pelos vs 4 e 5, era cantado como uma resposta ao primeiro e
convidava o povo a entrar nos pátios do templo.7
Gaebelein concorda com esta dupla divisão do salmo, porém não o separa em dois
pequenos hinos, mas em duas partes que ele chama de:
A. Chamada para o agradecimento (vs 1-2)
B. Celebração da Aliança (v 3)
A’. Chamada para o agradecimento (v 4)
B’. Celebração da Aliança (v 5)
Ele também chama a atenção para o paralelismo imperativo que se percebe com clareza
nos versículos 1, 2 e 4.8
Além do paralelismo imperativo, destacado por Gaebelein, é possível notar, ainda, o
paralelismo de membros existente na composição. O primeiro verso, versículos 1 e 2,
deixando-se de fora o título (mizmôr letôdâ - hd;/tl] r/mzmi), é tricola. Ou seja, ele é
composto por três hemistíquios, que neste caso são simétricos. O paralelismo que ele
apresenta é sinonímico, mostrando em cada um de seus membros a atitude que deve ser
tomada pelo adorador em relação a Iavé.
O segundo verso, versículo 3, também é um tricola. Mas, neste caso, é composto de
forma assimétrica. Quanto ao tipo de paralelismo, não é fácil de se distinguir à primeira
vista, mas, levando-se em consideração que o paralelismo não está baseado em formas
externas apenas, mas “trata-se fundamentalmente de um processo do pensamento pelo
qual uma realidade é precisada ou esclarecida pela evocação de outra” 9, pode-se chegar
à conclusão que também este é sinonímico, pois os três hemistíquios apresentam o
mesmo tema: o senhorio de Iavé.
O terceiro verso da composição, versículo 4, é outro tricola assimétrico, sinonímico, que
enfatiza em seus três hemistíquios a forma de adoração no templo.

5
SCROGGIE, W. G. Know your bible: the psalms, introduction and notes. London: Pickeing & Inglis
Ltda, 1965, p. 300.
6
HARGREAVES, J. A guide to psalms. London: Theological Education Fund, 1973, p. 131.
7
TAYLOR, W. R. In: NOLAN, H. B., (ed. ger.). The interpreter’s bible. Nashville: Abingdon Press,
s/d. v. 4, p. 532.
8
GAEBELEIN, F. E., (ed. ger.). The expositor’s bible commentary. Grand Rapids: Zondervan
Publishing Hause, 1991. v.5, p. 638-640.
9
BALLARINI, T. e outros. Introdução a Bíblia: os livros poéticos. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 18.
Para Tate o último verso desta poesia, o versículo 5, é um bicola assimétrico 4 + 3.10
Taylor, pensando de forma diferente, defende que ele é um tricola assimétrico 2 + 2 +
3.11 Se o verso for tomado como um bicola, o paralelismo é sinonímico, pois o primeiro
hemistíquio, juntando as palavras misericórdia e bondade, “sugere a generosidade e
apoio sólidos com os quais se pode contar na família ou entre grandes amigos” 12, e isto
chama a atenção para o fator fidelidade, o qual também se encontra no segundo
hemistíquio, provavelmente a fidelidade à Aliança feita com Israel.
Por outro lado, se o verso for tomado como um tricola, possivelmente o paralelismo seja
progressivo. Ou, conforme a terminologia de Lowth, sintético.13
Terminando esta parte a respeito da estrutura do Salmo 100, deve-se aludir, ainda, à
questão da métrica. O que a determina, geralmente, é o “número de acentos intensivos
entre uma pausa maior e outra”.14 Isto poderia levar a supor a existência de unanimidade
entre os estudiosos da questão, mas, como se vê, não é isto o que acontece. Para Taylor
a métrica deste salmo é irregular composta desta forma: 3 + 3 + 3 (vs 1-2), 4 + 4 + 3 (v
3), 3 + 2 + 3 (v 4), 2 + 2 + 3 (v 5).15 Tate concorda com Taylor nos três primeiros
versos, mas no quarto apresenta a métrica 4 + 3.16 Anderson, por seu lado, discordando
dos dois anteriores aqui apresentados, defende uma métrica regular 3 + 3 + 3 para o
salmo todo.17 Estas diferenças acontecem por ainda não haver um método universal para
se definir a métrica e também, por ainda não existir concordância geral em relação à
questão da acentuação das palavras do Texto Hebraico.

4. O PROPÓSITO

Boa parte dos estudiosos do Saltério concorda que o Salmo 100 foi composto para ser
utilizado no culto a Iavé, no Templo de Jerusalém. As opiniões divergem apenas nos
detalhes a este respeito, como será visto a seguir.
Mowinckel, por exemplo, mostrou que este salmo pertence a um grupo de salmos que
eram usados no culto durante uma festa, chamada por ele de “Festa de Entronização de

10
TATE, M. E. In: HUBBARD, D. A., (ed. ger.). Word biblical commentary: psalms 51-100. Dallas:
Word Books, 1990. v. 20, p. 533.
11
TAYLOR, W. R. In: NOLAN, H. B., (ed. ger.). The interpreter’s bible. Nashville: Abingdon Press,
s/d. v. 4, p. 533.
12
KIDNER, D. Salmos 73-150: introdução e comentário aos livros III a V dos salmos. São Paulo:
Edições Vida Nova, 1981, p. 131.
13
BALLARINI, T. e outros. Introdução a Bíblia: os livros poéticos. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 24.
14
BALLARINI, T. e outros. Introdução a Bíblia: os livros poéticos. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 30.
15
TAYLOR, W. R. In: NOLAN, H. B., (ed. ger.). The interpreter’s bible. Nashville: Abingdon Press,
s/d. v. 4, p. 533
16
TATE, M. E. In: HUBBARD, D. A., (ed. ger.). Word biblical commentary: psalms 51-100. Dallas:
Word Books, 1990. v. 20, p. 533.
17
ANDERSON, A. A. New century bible commentary: the book of Psalms. Grand Rapids: W. B.
Eerdmans, 1981. v. 2, p. 698.
Iavé”. Ela era celebrada na mesma época da festa dos Tabertnáculos ou, então, no ano
novo.18
Weiser defendeu que ele era cantado, talvez de forma antifônica, por um coro, na
entrada do Templo de Jerusalém. Na opinião dele, certamente, este salmo, era um hino
que fazia parte da liturgia, e que servia para fazer conhecido, da congregação, o “nome”
de Deus, seu “amor”, e a sua “verdade”. Fatos estes que mereciam o reconhecimento e a
exaltação por parte dos adoradores.19
Hargreaves viu na forma de utilização do hino um desenvolvimento. Para ele,
possivelmente, este salmo era cantado, inicialmente, do lado de fora da entrada do
Templo e, mais tarde, adentrou aos portões para ser entoado nos pátios ao redor dele.20
Também a opinião de Thomson é favorável ao Salmo 100 como tendo sido composto
para ser utilizado no Templo. Segundo este autor, o título do salmo, tôdâ (hd;/t), parece
mostrar este propósito. Ele, o título, sugere que o salmo foi composto para expressar
agradecimento na liturgia do Templo.21
Ao que parece, mesmo, é que este salmo destinava-se ao sacrifício de ação de graças,22
o título, de fato, bem demonstra que ele era utilizado como acompanhamento a este
sacrifício23 que, naturalmente, era apresentado no Templo. Então, finalizando esta parte,
é oportuno, ainda, registrar a observação de Ballarini. Ele percebe nas evidências
internas do próprio salmo que, semelhante a outros encontrados na Bíblia, ele tem o
propósito de celebrar o Deus vivo, pelos seus atributos e pelas suas obras de criador e
salvador de Israel.24

5. A TEOLOGIA

Ainda que o Salmo 100 seja uma pequena peça literária, se comparada com o restante
do Saltério, apresenta muito a respeito de Deus e seu relacionamento com o povo de
Israel. Assim, sua teologia é bastante rica. Gaebelein já chamou a atenção para o fato de
que, na posição em que ele se encontra no Saltério, está encerrando, ou concluindo, um
grupo de salmos que proclamam Iavé como Rei (96-99), e mostra o relacionamento de
Deus com o povo da Aliança.25
Vejamos o que outros já encontraram neste salmo a respeito de sua teologia. Taylor
percebeu que o salmo apresenta: a) Iavé como Deus; b) Iavé como criador; c) A
existência de um povo exclusivo de Iavé; d) A bondade de Iavé; e) A imutabilidade do

18
MURPHI, R. E. Jó e Salmos: encontro e confronto com Deus. São Paulo: Edições Paulinas, 1985, p.
14.
19
WEISER, A. Os salmos. São Paulo: Paulus, 1994, p. 495.
20
HARGREAVES, J. A guide to psalms. London: Theological Education Fund, 1973, p. 133.
21
THOMSON, J. G. S. S. In: Douglas, J. D., (ed. ger.). O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Edições
Vida Nova, 1962, p. 1454, 1455.
22
SELLIN, E. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Edições Paulinas, 1977, p. 411.
23
BENTZEN, A. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: ASTE, 1968. v.1, p. 169.
24
BALLARINI, T. e outros. Introdução a Bíblia: os livros poéticos. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 61.
25
GAEBELEIN, F. E., (ed. ger.). The expositor’s bible commentary. Grand Rapids: Zondervan
Publishing Hause, 1991. v.5, p. 638.
caráter de Iavé; e f) A fidelidade de Iavé.26 De fato, tudo isto aparece no salmo de forma
clara, porém não desenvolvida, deixando para o intérprete a tarefa de encontrar o
significado total de cada um destes conceitos esboçados.
Hargreaves encontrou no salmo, certamente sem dificuldade alguma, que Iavé é Deus (v
3a), ou seja, que ele é o único Deus verdadeiro. Também, que ele é o Deus criador (v
3b) e, consequentemente, que a humanidade lhe pertence, por ser devedora de sua
existência. “Sua misericórdia dura para sempre” 27(v 5b). A grandiosidade da
misericórdia (ou do amor) (hesed - ds,j,) ficou evidente aos israelitas através da Aliança
que ele fez com este povo. Esta mesma sentença ocorre no Salmo 136 em todos os vinte
e seis versículos. Além disso, o salmo mostra também a fidelidade de Deus. A palavra
usada aqui é ’emûnâ (hn;WmaÖ) a qual é sinônima de ’emet (tm,aÖ). Tanto uma como a
outra palavra descrevem Deus como sendo fiel. Ou seja, ele sempre cumpre suas
promessas, é constante, imutável em seu caráter, e seguro.
Para encerrar este ponto vale destacar as observações de Weiser. Para ele o principal
tema teológico desta passagem é a “bondade de Deus”. Segundo ele, bondade é parte
essencial da natureza divina. Os atos de graça da parte de Deus não são produto da
manifestação de um momento de humor, mas fazem parte de seu ser. O conhecimento
deste fato é a verdadeira fonte da qual jorra o prazer e o entusiasmo dos adoradores.
Este prazer expresso no salmo, deriva de Deus e está no próprio Deus, vem dele e volta
para ele. Neste processo está baseada toda a adoração no Antigo Testamento e este
salmo não foge ao padrão.28

6. O CONTEÚDO GERAL DO SALMO

Neste ponto será apresentado o conteúdo do salmo procurando esclarecer cada uma de
suas partes. Como auxílio didático a explicação apresentada será feita levando-se em
conta as divisões lógicas do salmo, que são formadas pelo seu título, e pelos versos que
o seguem, não versículos.

6.1. O Título do Salmo

A primeira parte do versículo 1, formada pela frase mismôr letôdâ (hd;/tl] r/mz]mi), não
pertence ao primeiro verso desta composição poética. Ela está separada do salmo
servindo, claramente, como título para a obra toda. Sua primeira palavra, mismôr
(r/mz]mi), na opinião de Archer, descreve um cântico para ser acompanhado por
instrumentos musicais. Este salmo não é o único a ter esta palavra no título. Na verdade,
cinquenta e sete salmos do Saltério são chamados de mismôr (r/mz]mi), palavra que pode

26
TAYLOR, W. R. In: NOLAN, H. B., (ed. ger.). The interpreter’s bible. Nashville: Abingdon Press,
s/d. v. 4, p. 533.
27
HARGREAVES, J. A guide to psalms. London: Theological Education Fund, 1973, p. 130, 131.
28
WEISER, A. Os salmos. São Paulo: Paulus, 1994, p. 497.
derivar da raiz zāmar (rmæz;), que tem o significado de tanger, ou do árabe zamara,
significando tocar taquara.29

A tradução para mismôr (r/mz]mi), nas versões de Ferreira de Almeida, tanto na


Melhores Textos (MT) como na Revista e Atualizada (RA), bem como na Bíblia de
Jerusalém (BJ) e na versão de Matos Soares (MS), aqui comparadas, é uma só: salmo.
Isto por si só demonstra que a palavra não tem apresentado maiores problemas para os
tradutores.

A segunda palavra do título é o termo hebraico tôdâ (hd;/t). Segundo Schwantes,


dependendo do contexto, ela pode ser traduzida por hino de gratidão, confissão,
gratidão; coro.30 Tate, segue em caminho semelhante dizendo que tôdâ (hd;/t) pode ser
traduzida basicamente por “ação de graças” e confissão. A segunda alternativa está
baseada na tradução de Josué 7.19 e Esdras 10.11. Para ele, originalmente, esta palavra
descrevia um sacrifício oferecido em uma cerimônia de ação de graças e, com o passar
do tempo, veio a significar uma canção de louvor, própria para o acompanhamento do
sacrifício.31 Talvez isto explique a diferença nas versões comparadas neste artigo. Duas
delas, a MT e a MS, optaram por traduzir a expressão mismôr letôdâ (hd;/tl] r/mz]mi)
por “Salmo de louvor” e , as outras duas, a BJ e a RA, por “salmo para a (de) ação de
graças”. Infelizmente não existem outros salmos com este título para que se possa fazer
uma avaliação melhor daquilo que ele descreve.

6.2. O Primeiro Verso

O primeiro verso propriamente dito, deste salmo, começa na parte b do versículo 1, com
uma ordem. O salmista ordena aos adoradores que aclamem a Iavé. O verbo empregado
para isto é o rûa‘ (["Wr). Ele se encontra no Hifil, que é causativo de voz ativa, e pode
significar: gritar em alta voz, tocar trombeta de alarme, aclamar e jubilar. Descreve,
claramente, uma ação de grande barulho e alvoroço.
De fato, toda a adoração israelita era feita com muito barulho. Ela era prestada com
gritos, cânticos e danças, além dos corais que cantavam, batendo palmas, respondendo
uns aos outros.32 Assim, no caso deste salmo, o significado mais provável para o verbo
rûa‘ (["Wr) é o grito de júbilo, a aclamação que equivale ao grito de homenagem a um
rei.33 Ele pode se utilizado para descrever a ação de se dar boas-vindas ao rei quando
este entra em sua capital, ou quando do momento em que toma posse de seu trono.34
Esta era a maneira que o povo deveria estar diante de Iavé.

29
ARCHER, G. Merece confiança o Antigo Testamento?: panorama de introdução. 4. ed. São Paulo:
Edições Vida Nova, 1986, p. 402.
30
SCHWANTES, M. In: Dicionário hebraico-português & aramaico-português. São Leopoldo:
Sinodal, 1989, p. 264.
31
TATE, M. E. In: HUBBARD, D. A., (ed. ger.). Word biblical commentary: psalms 51-100. Dallas:
Word Books, 1990. v. 20, p. 533.
32
HARGREAVES, J. A guide to psalms. London: Theological Education Fund, 1973, p. 137.
33
KIDNER, D. Salmos 73-150: introdução e comentário aos livros III a V dos salmos. São Paulo:
Edições Vida Nova, 1981, p. 376.
34
PEROWNE, J. J. S. Commentary on the psalms. Grand Rapids: Kregel Publications, 1989, p. 210.
Meyer, talvez observando esta ordem dada ao povo, chegou à conclusão de que o Salmo
100 é uma exortação baseada na concepção régia de Deus. Daí o dever de todos o
adorarem. Ele opina, também, que o salmo pode ter sido preparado especialmente como
uma antífona, para ser cantado no final dos tempos, quando todos os reinos do mundo
passariam a ser do Filho de Deus.35 Contudo, esta opinião extrapola o conteúdo do
salmo e está baseada em uma análise um tanto estreita do versículo 1, não dando espaço
para a interpretação de que toda a terra (kol hā’ārets - ⋲Jr,a;h;AlK;), neste salmo, possa
significar, apenas, a terra de Israel.
Mesmo assim, Meyer não está só em sua interpretação universalista da expressão
hebraica kol hā’ārets (⋲r,a;h;AlK;). Francisco é outro que opina que o “Salmo 100
convida todos os habitantes da Terra a se reunirem para louvar a Deus como o
verdadeiro criador da humanidade e provedor de todas as coisas boas”. 36 Na mesma
linha, Taylor, pensa que é pouco provável que o salmista esteja limitando o convite a
Israel, como Gunkel e outros o acreditam, porque em outros cânticos, como Salmos 95-
99, por exemplo, a universalidade do governo de Iavé é destacada.37 Por outro lado, não
é fácil de se imaginar uma forma de conciliar um convite universal para a participação
no culto (v 4), com a proibição da entrada de gentios no Templo.
A dificuldade de interpretação, não de tradução, pode ser percebida nas versões aqui
comparadas. Das quatro utilizadas a única a manter a tradução literal, sem artifícios para
“melhorar” o sentido é a BJ. Ela traduz: “terra inteira”. Na versão MT foi acrescentada a
palavra “habitantes”. Na RA a expressão aparece traduzida no plural, quando na
realidade a BHS a apresenta no singular. Finalmente, MS traduz literalmente, porém
com o acréscimo de “povos de”.
Da mesma forma que o primeiro hemistíquio (v 1b), deste primeiro verso, também o
segundo e o terceiro começam com uma forma imperativa. A palavra inicial do segundo
(v.2) é o termo hebraico ‘ābad (dbæ[;). Ela pode ter os seguintes significados no Qal:
trabalhar (o solo), trabalhar como escravo, servir, adorar (a Deus), render culto.38 Sua
ligação com a forma besimḥâ (hj;m]ciB]) é muito interessante, pois demonstra a forma
que o povo deveria se colocar a serviço de Iavé, com muita alegria.
A palavra “servi” é um termo técnico utilizado na adoração (conforme Êx 3.12 e Ml
3.14), e sua marca principal é sempre a alegria.39 De fato, o “servi” a Iavé, no texto, está
em claro paralelo com o “apresentai-vos diante dele”, que aparece no terceiro
hemistíquio. Isto mostra que um ato de adoração está corretamente relacionado com
serviço a Deus.40

35
MEYER, F. B. Biblioteca de livros condensados: joyas de los salmos. El Passo: Casa Bautista de
Publicaciones, 1968. v. 2, p. 27, 28.
36
FRANCISCO, C. T. Introdução ao Velho Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1979, p. 238.
37
TAYLOR, W. R. In: NOLAN, H. B., (ed. ger.). The interpreter’s bible. Nashville: Abingdon Press,
s/d. v. 4, p. 533
38
SCHWANTES, M. In: Dicionário hebraico-português & aramaico-português. São Leopoldo:
Sinodal, 1989, p. 171.
39
TAYLOR, W. R. In: NOLAN, H. B., (ed. ger.). The interpreter’s bible. Nashville: Abingdon Press,
s/d. v. 4, p. 533
40
KIDNER, D. Salmos 73-150: introdução e comentário aos livros III a V dos salmos. São Paulo:
Edições Vida Nova, 1981, p. 376.
Enfim, pode-se dizer que este primeiro verso do salmo, em cada um de seus
hemistíquios, demonstra a atitude que deve ser tomada pelo adorador. Tanto o verbo
hārî‘û (W[yrih;), quanto os substantivos simḥâ (hj;m]ci) e renānâ (hn;n;r]) utilizados nele,
descrevem a atitude entusiástica que deve ser tomada diante de Iavé. Como diz Weiser,
a chamada à adoração tem como endereço a congregação que está no Templo. Ela, a
congregação, deve estar servindo a Iavé com entusiasmo pelo fato de estar em sua
presença.41

6.3. O Segundo Verso

O segundo verso desta poesia é composto pelo versículo 3, de acordo com as versões
atuais. A palavra inicial é o verbo yāda‘ ([dæy;), Qal, que está no imperativo plural (de‘û
- W[D]) e que pode conter, entre outros, os seguintes significados: sabei, experimentai,
reconhecei, aprendei, conhecei, compreendei.42
Saber é a condição básica para o louvor. Para Kidner, o versículo lembra quem é Deus,
de onde o homem procede, quem é o homem e sua condição favorecida no
relacionamento com Deus.43 Weiser, por outro lado, não tem uma opinião tão
universalista quanto Kidner, e limita o conteúdo do versículo a Iavé e sua relação com
Israel. Para ele, neste versículo, só Iavé é Deus e Israel é seu povo eleito.44

O significado da primeira parte do segundo hemistíquio, hû’ ‘āsānû (Wnc;[;AaWh), é fator


de discórdia entre os estudiosos. Há uma corrente que pensa ser ele uma referência à
criação da humanidade e outra que defende ser referência à formação de Israel como
povo. Na sequência serão demonstradas algumas posições sobre isto.
Hargreaves é um dos que defende a possibilidade de ser uma referência à humanidade
em geral. Para ele não se deve confundir as palavras hebraicas bāra’ (aræb;) e ’āsâ
(hcæ[;), que possuem significados bastante parecidos. O termo bāra’ (aræb;) é traduzido,
geralmente por criar e o ’āsâ (hcæ[;) pela palavra “fazer”. A palavra utilizada neste
versículo é ’āsâ (hcæ[;). Segundo ele, a palavra mostra que o ser humano deve ser
dependente e obediente a Deus, pois foi feito por ele com um propósito definido.45

Girard, referindo-se à expressão hebraica hû’ ‘āsānû (Wnc;[;AaWh), afirma que é uma
característica dos salmos de louvor fundamentar-se na teologia bíblica da criação. Para

41
WEISER, A. Os salmos. São Paulo: Paulus, 1994, p. 496.
42
DAVIDSON, B. The analytical hebrew and chaldee lexicon. Peabody: Hendrickson Publishers, 1993,
p. 298.
43
KIDNER, D. Salmos 73-150: introdução e comentário aos livros III a V dos salmos. São Paulo:
Edições Vida Nova, 1981, p. 376.
44
WEISER, A. Os salmos. São Paulo: Paulus, 1994, p. 496.
45
HARGREAVES, J. A guide to psalms. London: Theological Education Fund, 1973, p. 135.
ele, a criação é fator de deslumbramento do ser humano e isto cria nele uma euforia, a
qual se traduz em exclamação de louvor.46

Anderson já apresenta uma opinião diferente e diz que a frase hû’ ‘āsānû (Wnc;[;AaWh)
não é uma referência à criação do ser humano, mas sim uma referência à criação de
Israel como povo de Deus, conforme Isaías 29:23, 44:2 e 60:21.47

A segunda parte do hemistíquio (velō’ ‘anaḥnû - Wnjnæaæ alow]) é outro problema. Das
versões aqui comparadas, uma delas, a de MS, que é uma versão da Vulgata, mantém a
tradução literal (e não nós), as outras traduzem a expressão como “dele somos”. Para
Kidner, tem sido normal as versões mais antigas traduzirem como “...e não nós
mesmos”, enquanto a maioria das traduções modernas apresentam “...e dele somos”.
Isto se dá por causa da ambiguidade possível de ser criada pelas palavras hebraicas lō’
(alo) - não) e lô (/l - dele), as quais possuem sons muito parecidos. Na opinião deste
autor a tradução “dele” é mais natural, porém as duas formas são apropriadas para o
texto.48

Para Delitzsch, tanto lō’ (alo) quanto lô (/l) estão de acordo com o contexto do salmo e
claramente em harmonia com a Escritura. Contudo, ele também é da opinião que velō’
(alow] - e não) é mais natural e mostra a universalidade do salmo. Assim, ele interpreta
que todos os habitantes da terra devem entrar com agradecimento no templo de Deus,
pois foram criados por ele.49 Como se vê, a tradução vai depender, um tanto, das
convicções pessoais da cada tradutor.

Este caso de estar escrito lō’ (alo) - não), no texto hebraico, e ser mais conveniente a
leitura de lô (/l - dele), não é único. Existem mais quinze passagens do Antigo
Testamento onde isto ocorre.50

O terceiro hemistíquio, ‘ammô vetsō’n mar‘itô (/t[ir]mæ ˆaxow] /M[æ) não apresenta
grandes dificuldades para a tradução. As versões aqui comparadas demonstram
unanimidade ao traduzirem: “povo seu e ovelhas de seu pasto”. Ao que parece, a frase
diz duas vezes a mesma coisa. Ser povo de Iavé e ovelhas do pasto de Iavé é ser
propriedade de Iavé. Esta fórmula deve ter sido usada apenas como ênfase e
embelezamento da poesia.
Para Weiser a declaração: somos o seu povo, e rebanho do seu pasto, tem um
significado muito especial. Ela expressa ao mesmo tempo orgulho e humildade, bem
como temor e confiança, sentimentos aparentemente contraditórios.51 Isto, inclusive,
está de acordo com o pensamento de Hargreaves. Para ele, dizer que é rebanho do pasto
de Deus é o mesmo reconhecimento do Salmo 23.1. Esta figura de Deus como pastor se
deve às características protetoras do indivíduo que praticava esta profissão. O pastor

46
GIRARD, M. Como ler o Livro dos Salmos: espelho da vida do povo. São Paulo: Edições Paulinas,
1992, p. 53.
47
ANDERSON, A. A. New century bible commentary: the book of Psalms. Grand Rapids: W. B.
Eerdmans, 1981. v. 2, p. 699.
48
KIDNER, D. Salmos 73-150: introdução e comentário aos livros III a V dos salmos. São Paulo:
Edições Vida Nova, 1981, p. 376, 377.
49
DELITZSCH, F. Commentary on the Old Testament in ten volumes. Grand Rapids: Willian B.
Eerdmans Publishing Company, 1982, p. 105, 106.
50
PEROWNE, J. J. S. Commentary on the psalms. Grand Rapids: Kregel Publications, 1989, p. 212.
51
WEISER, A. Os salmos. São Paulo: Paulus, 1994, p. 497.
guiava o seu rebanho por lugares perigosos até encontrar o pasto adequado. Todo o
labor era para garantir o conforto e a segurança a seu rebanho. O pastor guia, protege e
alimenta, e as ovelhas são dependentes dos cuidados pastorais. Isto faz com que a figura
seja adequada para Iavé e Israel, seu povo.52

6.4. O Terceiro Verso

O terceiro verso deste salmo está em paralelo com o primeiro. Ele utiliza o mesmo
imperativo (bō’û - WaBo) que havia sido utilizado no terceiro hemistíquio do primeiro
verso e reforça o convite aos adoradores, chamando-os para entrarem à presença de
Iavé. Isto é, em seu templo.
A simplicidade do convite pode ocultar a grande maravilha do mesmo. Os átrios são de
Deus (hatserōtâiv - wyt;roxejæ) e as suas portas (sheārâiv - wyr;[;v]) não estavam abertas
para os impuros. Isto em si já é um grande motivo de louvor.53 O povo está sendo
declarado apto a entrar no templo de Deus. Por isso, o adorador deve adentrar ao recinto
com louvor (bithillâ - hL;hit]Bi) e com agradecimento (betôdâ - hd;/tB]), obedecendo à
ordem: “rendei graças a ele”, ou seja, direcionai a gratidão e o louvor a Iavé.

O último verbo deste verso (bārarh - ËræB;), que também é o último de todo o salmo,
está em uma das formas do Piel, que é grau intensivo. Ele descreve muito bem a força
da ação que deve ser praticada pelo adorador, o qual é chamado a bendizer, ou louvar,
com toda a intensidade, o nome (shem - µve) de Iavé.

O nome (shem - µve), para os antigos hebreus, era mais do que uma simples palavra que
distinguia um indivíduo de outro. O nome representava a pessoa mesma, seu caráter e
atributos, o próprio ser.54 Assim fica claro que o louvor e a adoração devem ser
direcionados à pessoa de Iavé.
Quanto às quatro versões aqui comparadas, em relação à tradução deste verso, não há
nenhuma diferença digna de nota. O único fator a chamar a atenção é a divisão do verso
feita em MS que inclui o primeiro hemistíquio do verso seguinte como parte do último
hemistíquio deste verso.

6.5. O Quarto Verso

O quarto verso conclui de forma magistral toda a composição. Ele dá a razão pela qual o
povo deve tratar Iavé como rei (vs 1-2), reconhecer seu senhorio (v 3) e manifestar a
gratidão na sua presença (v 4). A razão é que Iavé é, e sempre será, bom e

52
HARGREAVES, J. A guide to psalms. London: Theological Education Fund, 1973, p. 40.
53
KIDNER, D. Salmos 73-150: introdução e comentário aos livros III a V dos salmos. São Paulo:
Edições Vida Nova, 1981, p. 377.
54
KELLEY, P. H. Êxodo: lhamados a una misión redentora. Nashvile: Casa Bautista de Publicaciones,
1978, p. 30, 31.
misericordioso. Nele o seu povo pode confiar, pois sua fidelidade (’emûnâ - hn;Wma,) é
duradoura.55

A primeira palavra deste último verso é a partícula kî (yKi). Três das versões aqui
comparadas a traduzem como uma conjunção conclusiva (porque) e uma delas, a BJ,
antes da conclusão, apresenta uma partícula demonstrativa (sim!). Já a qualidade tōb
(b/f), ligada a esta partícula, atribuída pelo salmista a Iavé, pode significar, segundo
Raymann, que ele, Iavé, é alegre, agradável, desejável, útil, adequado, amável e
bondoso.56
A frase “a sua misericórdia dura para sempre” se encontra, além de em outros lugares,
também nos Sl 106.1, 107.1, 118.1 e ss, 136.1 e ss, e, ainda, em Jr 33.11, 1 Cr 16.34, 2
Cr 5.13, 7.3 e Ed 3.11, que mostra seu uso em forma de canto alternado. Ela é uma
forma litúrgica que era repetida pela congregação como uma resposta.57

A palavra hesed (ds,j,) tem um significado muito profundo. A BJ a traduziu como


“amor”, tradução aceita também aqui, pois se encaixa perfeitamente como uma síntese
dos seguintes sentidos sugeridos por Schwantes: “solidariedade, lealdade, amizade,
comprometimento; fidelidade, bondade, favor, benevolência; piedade”.58 Para Kidner,
hesed (ds,j,), é a palavra da aliança, que pode ser traduzida como bondade, mas, além
disso, sugere a generosidade e apoio com o qual se pode contar de membros da família,
ou do círculo mais íntimo de amizade. São qualidades sólidas e da mais alta confiança.59
Para encerrar o verso e o salmo como um todo, nada melhor do que a palavra hebraica
’emûnâ (hn;Wma,), que descreve a confiabilidade transmitida pela pessoa de Iavé. Ele não
é inconstante, gerando insegurança nos seus servos. Sua “firmeza, constância,
fidelidade, lealdade, honestidade e segurança”,60 significados sugeridos pelo termo, não
têm fim.

CONCLUSÃO

As versões comparadas neste artigo, inclusive a de Matos Soares, que é baseada na


Vulgata, demonstram uma certa regularidade entre elas. Não divergem em muitos
pontos, mas, pelo menos em um caso se desviam juntamente do Texto Hebraico. Isto
ocorre no v 1, onde três das versões procuram “melhorar” o texto, com a clara intenção
de harmonizá-lo com as interpretações universalistas que seus tradutores optaram.

55
TAYLOR, W. R. In: NOLAN, H. B., (ed. ger.). The interpreter’s bible. Nashville: Abingdon Press,
s/d. v. 4, p. 535.
56
RAYMANN, A. In: Dicionário hebraico-português & aramaico-português. São Leopoldo: Sinodal,
1989, p. 82.
57
WEISER, A. Os salmos. São Paulo: Paulus, 1994, p. 497.
58
SCHWANTES, M. In: Dicionário hebraico-português & aramaico-português. São Leopoldo:
Sinodal, 1989, p. 73.
59
KIDNER, D. Salmos 1 -72: introdução e comentário aos livros I e II dos salmos. São Paulo: Edições
Vida Nova, 1980, p. 131.
60
KIRST, N. In: Dicionário hebraico-português & aramaico-português. São Leopoldo: Sinodal, 1989,
p. 12.
Chegando-se ao final deste artigo onde foi empregada a exegese e a pesquisa
bibliográfica, percebe-se a grande variedade de opiniões existentes em relação a alguns
dos detalhes do Salmo 100. Isto demonstra que muitas das questões que já foram
levantadas ainda não foram suficientemente bem explicadas ou esclarecidas, a ponto de
se chegar, ao menos, a uma relativa concordância sobre alguns pontos especiais. Mas,
mesmo assim, não há nada nele que venha a ofuscar sua beleza poética e sua mensagem
geral de gratidão e louvor a Iavé.

Você também pode gostar