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TEA – Transtorno do Espectro Autista

ou Autismo: causas e tratamento


8 de janeiro de 2017
  |  Tempo de leitura: 11 minutos

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) refere-se a uma série de condições


caracterizadas por desafios com habilidades sociais, comportamentos
repetitivos, fala e comunicação não-verbal, bem como por forças e diferenças
únicas.

Os sinais mais óbvios do Transtorno do Espectro Autista tendem a aparecer


entre 2 e 3 anos de idade. Em alguns casos, ele pode ser diagnosticado por
volta dos 18 meses.

Sabemos agora que não há um autismo, mas muitos tipos, causados por
diferentes combinações de influências genéticas e ambientais. O termo
“espectro” reflete a ampla variação nos desafios e pontos fortes possuídos por
cada pessoa com autismo.

Alguns atrasos no desenvolvimento associados ao autismo podem ser


identificados e abordados bem cedo. Recomenda-se que os pais com
preocupações busquem uma avaliação sem demora, uma vez que a
intervenção precoce pode melhorar os resultados.

O Autismo
O autismo é apenas um dos transtornos que integram o quadro de Transtorno
do Espectro Autista (TEA). O TEA foi definido pela última edição do DSM-V
como uma série de quadros (que podem variar quanto à intensidade dos
sintomas e prejuízo gerando na rotina do indivíduo).

Outros exemplos de transtornos que fazem parte do espectro –  e que


anteriormente eram considerados diagnósticos distintos – são: a Síndrome de
Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento.

É importante ressaltar que se tratam de transtornos do neurodesenvolvimento,


caracterizados por alterações em dois domínios principais:

1. Comunicação e interação social.
2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento.

Alguns fatos sobre o autismo


Institutos de controle e prevenção de doenças americanos, como o
CDC Centers for Disease Control and Prevention -, estimam a prevalência do
Transtorno do Espectro Autista como 1 em 68 crianças nos Estados Unidos.
Isso inclui 1 em 42 meninos e 1 em 189 meninas. Esse mesmo instituto afirma
que hoje existe 1 caso de autismo para cada 110 pessoas. Extrapolando esses
números, estima-se que o Brasil tenha hoje cerca de 2 milhões de autistas.
Aproximadamente 407 mil pessoas somente no estado de São Paulo

 Estima-se que 50.000 adolescentes com autismo tornam-se adultos – e


perdem serviços de autismo escolarizados – a cada ano.
 Cerca de um terço das pessoas com autismo permanecem não-verbais.
 Cerca de um terço das pessoas com autismo têm uma deficiência
intelectual.
 Certos problemas médicos e de saúde mental frequentemente
acompanham o autismo. Eles incluem distúrbios gastrointestinais,
convulsões, distúrbios do sono, déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH), ansiedade e fobias.
Transtorno do Espectro Autista e suas possíveis
causas
Uma das perguntas mais comuns feitas após um diagnóstico de autismo, é o
que causou a condição.

Sabemos que não há uma única causa de autismo. Pesquisas sugerem que o
autismo se desenvolve a partir de uma combinação de influências genéticas e
não genéticas, ou ambientais.

Essas influências parecem aumentar o risco de uma criança desenvolver


autismo. No entanto, é importante ter em mente que o aumento do risco não é
a mesma causa. Por exemplo, algumas alterações genéticas associadas ao
autismo também podem ser encontradas em pessoas que não têm o distúrbio.
Da mesma forma, nem todos expostos a um fator de risco ambiental para o
autismo desenvolvem o distúrbio. Na verdade, a maioria não.

A origem do autismo se deve a diversos fatores, englobando a relação


de fatores descritos abaixo:

– Genéticos: Fatores complexos, uma vez que não há um gene específico


associado ao transtorno do espectro autista, e sim uma variedade de mutações
e anomalias cromossômicas que vem sendo associadas a ele. Em relação ao
gênero, a proporção é de meninos 4:1 meninas.

– Neurológicos Há maior prevalência de TEA associados a atrasos cognitivos


e quadros epilepsia, por exemplo .
– Ambientais: Interação de genes com o ambiente, infecções e intoxicações
durante o período pré-natal, prematuridade, baixo peso e complicações no
parto são alguns dos fatores que podem contribuir negativamente.

Importância do diagnóstico precoce


A maioria dos casos ainda é detectada tardiamente. Porém, é crescente o
número de estudos voltados à importância da detecção precoce. Ainda na
primeira infância. Neste período inicial da vida, há alguns comportamentos que
fogem ao chamado “desenvolvimento típico”, e já podem servir de alerta a
familiares e profissionais da saúde.

Principais exemplos de sinais que podem ser rastreados precocemente, e


servir de alerta:  

 Dificuldade em sustentar contato visual enquanto é alimentado;


 Ausência de resposta clara ao ser chamado pelo nome (importante
descartar hipótese de perda auditiva);
 Atraso no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal  (não
apontar, não responder a sorrisos, demorar para balbuciar e falar, ou
regressão de linguagem);
 Desconforto com afagos e ao ser pego no colo;
 Aversão ou fixação a algumas texturas, incômodos com determinados
sons e barulhos, comportamentos repetitivos e estereotipados (enfileirar
brinquedos, rodopiar em torno de si mesmo, balançar o corpo).

Quanto mais cedo a família e a escola forem orientadas sobre o quadro da


criança, melhor será sua inserção social e aquisição de autonomia. A
intervenção precoce (que pode ocorrer mesmo antes do diagnóstico
conclusivo) visa estimular as potencialidades e auxiliar no desenvolvimento de
formas adaptativas de comunicação e interação.

Os fatores de risco ambientais do autismo


Pesquisas também apontam que certas influências ambientais podem
aumentar ainda mais – ou reduzir – o risco de autismo em pessoas que são
geneticamente predispostas ao transtorno. É importante notar que o aumento
ou diminuição do risco parece ser pequeno para qualquer um desses fatores de
risco:

Risco aumentado:
 Idade avançada dos pais (qualquer dos pais)
 Gravidez e complicações no parto (por exemplo, prematuridade extrema
[antes de 26 semanas], baixo peso ao nascer, gestações múltiplas
[dupla, tripleto, etc.])
 Gravidez com espaçamento inferior a um ano
Risco diminuído:
 Vitaminas pré-natais contendo ácido fólico, antes e durante a concepção
e durante a gravidez

Nenhum efeito sobre o risco:


 Vacinas. Cada família tem uma experiência única com um diagnóstico
de autismo, e para alguns, corresponde ao momento da vacinação do
seu filho. Ao mesmo tempo, os cientistas têm realizado extensas
pesquisas ao longo das últimas duas décadas para determinar se existe
alguma ligação entre a vacinação infantil e o autismo. Os resultados
desta pesquisa são claros: As vacinas não causam autismo.

Sinais do transtorno do espectro autista


O tempo e a gravidade dos primeiros sintomas do Transtorno do Espectro
Autista podem variar amplamente. Algumas crianças com autismo mostram
sugestões de problemas futuros dentro dos primeiros meses de vida. Em
outros, os sintomas podem não tornar-se óbvio até 24 meses ou mais tarde.
Algumas crianças com autismo parecem desenvolver normalmente até cerca
de 18 a 24 meses de idade e, em seguida, parar de ganhar novas habilidades e
/ ou começam a perder habilidades.

As seguintes “bandeiras vermelhas” sugerem que uma criança está em risco de


sofrer de autismo. Algumas crianças sem autismo têm alguns desses sintomas,
e nem todas as crianças com autismo mostram todos eles. É por isso que uma
avaliação mais aprofundada é crucial. Se o seu filho apresentar algum dos
seguintes, por favor, veja o Passo 2: Faça a sua criança ser examinada.

Possíveis sinais de autismo em bebês e


crianças:
 Por volta dos 6 meses de idade, nenhum sorriso social ou outras
expressões quentes, alegres dirigidas às pessoas;
 Até 6 meses, contato visual limitado ou inexistente;
 Por volta dos 9 meses, nenhuma partilha de sons vocais, sorrisos ou
outra comunicação não-verbal;
 Com 12 meses, nenhum balbucio;
 Por volta dos 12 meses, nenhum uso de gestos para se comunicar (por
exemplo, apontar, alcançar, acenar etc.);
 Com 12 meses, nenhuma resposta ao nome quando chamado;
 Por volta dos 16 meses, sem palavras;
 Em 24 meses, não há expressões significativas de duas palavras;
 Qualquer perda de qualquer discurso adquirido anteriormente, balbuciar
ou habilidades sociais.
Possíveis sinais de autismo em qualquer idade:
 Evita contato visual e prefere ficar sozinho;
 Luta com a compreensão dos sentimentos de outras pessoas;
 Permanece não verbal ou atrasou o desenvolvimento da linguagem;
 Repete palavras e frases mais e mais (ecolalia);
 Obtém perturbado por pequenas alterações na rotina ou arredores;
 Tem interesses muito restritos;
 Realiza comportamentos repetitivos como bater, balançar ou girar;
 Tem reações incomuns e muitas vezes intensas a sons, odores,
sabores, texturas, luzes e / ou cores.

Inclusão Social
Com o diagnóstico conclusivo é possível exigir o cumprimento de direitos como
a inclusão nas escolas.  Por lei, a criança com Transtorno do Espectro Autista
tem direito a um professor-acompanhante em sala de aula, por exemplo.
A inclusão de crianças autistas nas escolas é fundamental e garantida por lei.

É importante frisar que ainda temos muito a avançar na prática da inclusão e


no acesso a tratamentos especializados. Na rede pública, tenho experiência
com o PSF ( Programa da Saúde da Família). Atuante na maioria das unidades
básicas de saúde de Grande São Paulo.

Na Unidade Básica de Saúde (UBS) na qual trabalho, geralmente são


levantadas suspeitas em consultas de puericultura.  Nestes casos, o
profissional encaminha a criança para avaliação psicológica e fonoaudiológica
na própria UBS. Caso seja confirmada a hipótese de TEA, o caso é discutido
com o CAPS Infantil (serviço mais especializado). O CAPS nos auxilia na
conclusão do diagnóstico e absorve os casos mais comprometidos. Há muitas
ONGs ou Associações de Pais que também oferecem suporte às crianças e
famílias.

O trabalho de psicólogos e equipes multidisciplinares


Nos planos de saúde ou tratamentos particulares é importante seguir as
recomendações dadas pelo profissional que forneceu o diagnóstico. E então
buscar terapias nas áreas indicadas a contribuir com o caso. Psicoterapia,
fonoaudiologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, atividade física,
musicoterapia, etc.

A família precisa de muito apoio e orientação em todo o processo, pois não é


fácil a busca por tratamentos e aceitação do diagnóstico. Há uma série de
mudanças na dinâmica familiar, a fim de se re-organizar para comparecer às
terapias propostas, além do cuidado da criança em casa, que pode ser bem
desgastante (especialmente em situações de agitação e crises). 

Se necessário, a família deve ser encaminhada para orientação e


acompanhamento psicológico. O psicólogo atuará no fortalecimento e apoio
emocional durante as várias adaptações que o tratamento exige dos familiares.
Quanto mais orientada a família, maiores as chances de compreensão em
relação ao quadro. Também é maior a probabilidade de estímulo às
potencialidades do indivíduo, evitando proteção excessiva e isolamento.

Procure orientação profissional. Encontre um psicólogo especializado em


transtornos de desenvolvimento e agende uma consulta.

Plataformas como a Vittude podem facilitar a busca por um psicólogo que


atenda a requisitos específicos para atender a todos que precisem de
acompanhamento. Acesse nosso site e confira você mesmo todas as
oportunidades oferecidas!

Lívia Burin, psicóloga pela PUC-SP. É especializada em Psicossomática


(PUC-SP) e Psico-Oncologia/Luto (Hosp. Santa Paula). Psicóloga clínica
há dez anos. Atua com psicoterapia infantil e adulto, orientação a
pais/gestantes.

Fontes:
Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição (2013)

Site:
https://www.autismspeaks.org

 Vídeos

DOENÇAS E SINTOMAS

Transtorno do Espectro Autista (TEA)


O  Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes condições marcadas por
perturbações do desenvolvimento neurológico, todas relacionadas com dificuldade no
relacionamento social.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes condições marcadas por


perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais,
que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de
comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para
lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento
restritivo e repetitivo.

Veja também: Infográfico: Seu filho tem autismo?

Também chamado de Desordens do Espectro Autista (DEA ou ASD em inglês), recebe


o nome de espectro (spectrum), porque envolve situações e apresentações muito
diferentes umas das outras, numa gradação que vai da mais leves à mais grave. Todas,
porém, em menor ou maior grau estão relacionadas, com as dificuldades de
comunicação e relacionamento social.

 
TIPOS DE AUTISMO
 

De acordo com o quadro clinico, o TEA pode ser classificado em:

 Autismo clássico: Grau de comprometimento pode variar de muito. De maneira geral,


os indivíduos são voltados para si mesmos, não estabelecem contato visual com as
pessoas nem com o ambiente; conseguem falar, mas não usam a fala como
ferramenta de comunicação. Embora possam entender enunciados simples, têm
dificuldade de compreensão e apreendem apenas o sentido literal das palavras. Não
compreendem metáforas nem o duplo sentido. Nas formas mais graves, demonstram
ausência completa de qualquer contato interpessoal. São crianças isoladas, que não
aprendem a falar, não olham para as outras pessoas nos olhos, não retribuem sorrisos,
repetem movimentos estereotipados, sem muito significado ou ficam girando ao redor
de si mesmas e apresentam deficiência mental importante;
 Autismo de alto desempenho (também chamado de síndrome de Asperger): Os
portadores apresentam as mesmas dificuldades dos outros autistas, mas numa medida
bem reduzida. São verbais e inteligentes. Tão inteligentes que chegam a ser
confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em que se
especializam. Quanto menor a dificuldade de interação social, mais eles conseguem
levar vida próxima à normal.
 Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação (DGD-SOE): Os
indivíduos são considerados dentro do espectro do autismo (dificuldade de
comunicação e de interação social), mas os sintomas não são suficientes para incluí-los
em nenhuma das categorias específicas do transtorno, o que torna o diagnóstico muito
mais difícil.

Veja também: Autismo na adolescência 

INCIDÊNCIA DO AUTISMO
 

Não faz muito tempo, o autismo era considerado uma condição rara, que atingia uma em
cada 2 mil crianças. Hoje, as pesquisas mostram que uma em cada cem crianças
(algumas pesquisas indicam que o transtorno é ainda mais frequente) pode ser
diagnosticada com algum grau do espectro, que afeta mais os meninos do que as
meninas.  Em geral, o transtorno se instala nos três primeiros anos de vida, quando
os neurônios que coordenam a comunicação e os relacionamentos sociais deixam de
formar as conexões necessárias.

As manifestações na adolescência e na vida adulta estão correlacionadas com o grau de


comprometimento e com a capacidade de superar as dificuldades seguindo as condutas
terapêuticas adequadas para cada caso desde cedo.

O diagnóstico é essencialmente clínico. Baseia-se nos sinais e sintomas e leva em conta


os critérios estabelecidos por DSM–IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da
Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional
de Doenças da OMS), o comprometimento e o histórico do paciente.

CAUSAS DO AUTISMO
 

Estudos iniciais consideravam o transtorno resultado de dinâmica familiar problemática


e de condições de ordem psicológica alteradas, hipótese que se mostrou improcedente.
A tendência atual é admitir a existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles,
fatores genéticos, biológicos e ambientais. No entanto, saber como o cérebro dessas
pessoas ainda é um mistério para ciência. 

Veja também: Dr. Drauzio escreve sobre as possíveis causas do autismo

TRATAMENTO DO AUTISMO
 

Ainda não se conhece a cura definitiva para o transtorno do espectro do autismo. Da


mesma forma não existe um padrão de tratamento que possa ser aplicado em todos os
portadores do distúrbio. Cada paciente exige um tipo de acompanhamento específico e
individualizado que exige a participação dos pais, dos familiares e de uma equipe
profissional multidisciplinar visando à reabilitação global do paciente. O uso de
medicamentos só é indicado quando surgem complicações e comorbidades.

Veja também: MMS – A perigosa solução que promete a cura de doenças

PAPEL DA FAMÍLIA AO LIDAR COM O AUTISMO


 

O diagnóstico de autismo traz sempre sofrimento para a família inteira. Por isso, as
pessoas envolvidas – pais, irmãos, parentes – precisam conhecer as características do
espectro e aprender técnicas que facilitam a autossuficiência e a comunicação da criança
e o relacionamento entre todos que com ela convivem.

Crianças com autismo precisam de tratamento e suas famílias de apoio, informação e


treinamento. A AMA (Associação dos Amigos dos Autistas) é uma entidade sem fins
lucrativos que presta importantes serviços nesse sentido.
 

RECOMENDAÇÕES PARA LIDAR COM O AUTISMO


 

 Ter em casa uma pessoa com formas graves de autismo pode representar um fator de
desequilíbrio para toda a família. Por isso, todos os envolvidos precisam de
atendimento e orientação especializados;
 É fundamental descobrir um meio ou técnica, não importam quais, que possibilitem
estabelecer algum tipo de comunicação com o autista;
 Autistas têm dificuldade de lidar com mudanças, por menores que sejam; por isso é
importante manter o seu mundo organizado e dentro da rotina;
 Apesar de a tendência atual ser a inclusão de alunos com deficiência em escolas
regulares, as limitações que o transtorno provoca devem ser respeitadas. Há casos em
que o melhor é procurar uma instituição que ofereça atendimento mais
individualizado;
 Autistas de bom rendimento podem apresentar desempenho em determinadas áreas
do conhecimento com características de genialidade.

PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE AUTISMO


 

Vacina causa autismo?

Não! Isso é fake news. Não há evidência de uma associação causal entre a vacina
contra sarampo, caxumba e rubéola e o transtorno do espectro autista. Estudos
anteriores que sugerem uma ligação causal estavam marcados por erros metodológicos
(o médico responsável por tais estudos inclusive teve seu registro cassado). Também
não há evidências de que qualquer outra vacina infantil possa aumentar o risco do
transtorno do espectro autista. Ao contrário: as revisões sobre a relação entre o
conservante timerosal ou os adjuvantes de alumínio contidos em vacinas inativadas
e a possibilidade de desenvolvimento do transtorno concluíram firmemente que
não há risco algum.

MMS cura autismo?

Não, o autismo não tem cura. A substância conhecida como MMS é um alvejante usado
industrialmente, semelhante à água sanitária. Nada que você deva dar para seu
filho. Leia mais sobre ele aqui.

Quais as principais características de uma criança com autismo?


O mais comum é que os sinais fiquem evidentes antes da criança completar 3 anos. Os
sintomas variam muito conforme o tipo, mas os mais frequentes são: ausência completa
ou dificuldade de manter contato interpessoal (principalmente contato visual),
incapacidade de aprender a falar (ou não usa a fala como forma de comunicação),
incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental, o paciente
fica ausente ou voltado para si mesmo, comprometimento da compreensão. Veja nesta
ilustração os principais sinais do transtorno.

Uma criança com autismo pode levar uma vida normal?

Depende do grau do transtorno. Com frequência, os autistas com grau leve são muito
inteligentes, somente são sensíveis a mudanças súbitas, o que faz com que possam ter
uma vida bem próxima da normalidade. Alguns podem viver anos sem receber o
diagnóstico, e não raro, são confundidos com pessoas que são apenas muito tímidas. Em
graus mais graves, porém, que implicam em grande dificuldade de relacionamento, pode
haver comprometimento da qualidade de vida que exige acompanhamento
especializado.

Existe remédio natural para autismo?

Não. Autismo não tem cura. Medicamentos são prescritos na presença de agressividade
e de outras doenças paralelas, como depressão e ansiedade.

O tratamento deve ser multidisciplinar, englobando médicos, fonoaudiólogos,


fisioterapeutas, psicólogos e pedagogos, de forma a incentivar o paciente a realizar
sozinho tarefas cotidianas

O que é autismo?

Saiba a definição do Transtorno do Espectro do


Autismo (TEA)

⚠️ As informações a seguir não dispensam a consulta a um


médico especialista para o diagnóstico de autismo.
O autismo – nome técnico oficial: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) – é
uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social
(socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse
restrito e movimentos repetitivos). Não há só um, mas muitos subtipos do
transtorno. Tão abrangente que se usa o termo “espectro”, pelos vários níveis de
comprometimento — há desde pessoas com outras doenças e condições associadas
(comorbidades), como deficiência intelectual e epilepsia, até pessoas
independentes, com vida comum, algumas nem sabem que são autistas, pois
jamais tiveram diagnóstico.

As causas do autismo cada vez mais apontam para a genética.


Confirmando estudos recentes anteriores, um trabalho científico de
2019 demonstrou que fatores genéticos são os mais importantes na determinação
das causas (estimados entre 97% e 99%, sendo 81% hereditário — e ligados a
mais de 900 genes), além de fatores ambientais (de 1% a 3%) ainda controversos,
também possam estar associados, como, por exemplo, a idade paterna avançada
ou o uso de ácido valpróico na gravidez. Existem atualmente 913 genes já
mapeados e implicados como fatores de risco para o transtorno — sendo 102
genes os principais.

Gráfico de prevalência de autismo nos EUA, com dados bianuais do CDC – CDC
(Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo norte-americano)

Tratamento e sinais
Alguns sinais de autismo já podem aparecer a partir de um ano e meio de idade,
até mesmo antes em casos mais graves. Há uma grande importância de se iniciar
o tratamento o quanto antes — mesmo que ainda seja apenas uma suspeita clínica,
ainda sem diagnóstico fechado —, pois quanto antes comecem as intervenções,
maiores são as possibilidade de melhorar a qualidade de vida da pessoa. O
tratamento psicológico com mais evidência de eficácia, segundo a Associação
Americana de Psiquiatria, é a terapia de intervenção comportamental — aplicada
por psicólogos. A mais usada delas é o ABA (sigla em inglês para Applied Behavior
Analysis — em português, análise aplicada do comportamento). O tratamento para
autismo é personalizado e interdisciplinar, ou seja, além da psicologia, pacientes
podem se beneficiar com intervenções de fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre
outros profissionais, conforme a necessidade de cada autista. Na escola, um
mediador pode trazer grandes benefícios, no aprendizado e na socialização.

Alguns sintomas como irritabilidade, agitação, autoagressividade, hiperatividade,


impulsividade, desatenção, insônia e outros podem ser tratados com
medicamentos, que devem ser prescritos por um médico. Dentre os medicamentos
indicados a risperidona, que é da classe dos antipsicóticos atípicos, é o mais comum
deles.

O símbolo do autismo é o quebra-cabeça, que denota sua diversidade e


complexidade.

A seguir, relacionamos alguns sinais de autismo. Apenas três deles presentes numa
criança de um ano e meio já justificam uma suspeita para se consultar um médico
neuropediatra ou um psiquiatra da infância e da juventude. Testes como o M-
CHAT (inclusive a versão em português) estão disponíveis na internet para serem
aplicados por profissionais.

 Não manter contato visual por mais de 2 segundos;


 Não atender quando chamado pelo nome;
 Isolar-se ou não se interessar por outras crianças;
 Alinhar objetos;
 Ser muito preso a rotinas a ponto de entrar em crise;
 Não brincar com brinquedos de forma convencional;
 Fazer movimentos repetitivos sem função aparente;
 Não falar ou não fazer gestos para mostrar algo;
 Repetir frases ou palavras em momentos inadequados, sem a devida
função (ecolalia);
 Não compartilhar seus interesses  e atenção, apontando para algo ou não
olhar quando apontamos algo;
 Girar objetos sem uma função aparente;
 Interesse restrito ou hiperfoco;
 Não imitar;
 Não brincar de faz-de-conta.

Números e informações do Brasil e do mundo


 O termo “Transtorno do Espectro do Autismo” passou a ser usado a partir
de 2013, na nova versão do Manual de Diagnóstico e Estatística dos
Transtornos Mentais, publicação oficial da Associação Americana de
Psiquiatria, o DSM-5, quando foram fundidos quatro diagnósticos sob o
código 299.00 para TEA: Autismo, Transtorno Desintegrativo da Infância,
Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação e
Síndrome de Asperger. Na atual Classificação Internacional de Doenças,
a CID-11, o autismo recebe o código a 6A02 (antigo F84, na CID-10),
atualizada em junho de 2018, também sob o nome de TEA.
 Aproximadamente um terço das pessoas com autismo permanecem não-
verbais (não desenvolvem a fala) — conforme estudos de 2005 e 2012.
 Estima-se que um terço das pessoas com autismo tem algum nível de
deficiência intelectual.
 Há algumas condições clínicas associadas ao autismo com mais
frequência, como: distúrbios gastrointestinais, convulsões, distúrbios do
sono, Transtorno de Déficit da Atenção com Hiperatividade (TDAH),
ansiedade e fobias — segundo estudos de 2012, 2017 e 2018.
 Em 2007, a ONU decretou todo 2 de abril como o Dia Mundial de
Conscientização do Autismo ( em inglês, World Autism Awareness Day),
quando vários cartões-postais do mundo iluminam-se de azul em prol da
causa para chamar a atenção da sociedade ao tema, como o Cristo
Redentor, no Brasil, o Empire State, nos EUA, a CN Tower, no Canadá, a
Torre Eiffel, na França, as pirâmides do Egito, entre outros.
 No Brasil, a “Lei Berenice Piana” — Lei 12.764, de 2012, que criou a
Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro do Autismo, regulamentada pelo Decreto 8.368, de 2014 —
garante os direitos dos autistas e os equipara às pessoas com deficiência.
 Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do
governo (CDC, na sigla em inglês: Centers for Disease Control and
Prevention) estima a prevalência de autismo em 1 a cada 54
crianças naquele país — números divulgados em 26.mar.2020, referentes
a pesquisa de 2016. O número de meninos é quatro vezes maior que o
de meninas.
 Estudos na Ásia, Europa e América do Norte dão conta de números entre
1% (1 para cada 100) e  2% (1 para cada 50) com autismo.
 A ONU, através da Organização Mundial da Saúde (OMS), considera a
estimativa de que aproximadamente 1% da população mundial esteja
dentro do espectro do autismo, a maioria sem diagnóstico ainda.
 No Brasil, temos apenas um estudo de prevalência de TEA até hoje,
um estudo-piloto, de 2011, em Atibaia (SP), de 1 autista para cada
367 habitantes (ou 27,2 por 10.000) — a pesquisa foi feita apenas em
um bairro de 20 mil habitantes da cidade. Segundo a estimativa da OMS,
o Brasil pode ter mais de 2 milhões de autistas.
 Um mapa online, do site Spectrum News, traz todos os estudos
científicos de prevalência de autismo publicados em todo o planeta. Veja
na versão online deste texto no site RevistaAutismo.com.br.
 Os Estados Unidos ainda não têm nenhuma estimativa confiável da
prevalência de autismo entre adultos, destacando que esta é uma
condição vitalícia para a maioria das pessoas. A cada ano, cerca de 50
mil jovens com TEA cruzam a maioridade dos 18 anos nos EUA. No Brasil
não há números a esse respeito.
 Um estudo da Autism Speaks, em 2012, aferiu o custo anual do autismo
para os EUA, de US$ 126 bilhões, e para o Reino Unido, £34 bilhões (US$
54 bilhões).
 A idade média de diagnóstico nos EUA é de 4 anos de idade,
segundo estudo de 2018 em 11 estados. No Brasil, um estudo-
piloto somente na cidade de São Paulo (SP), também em 2018, chegou
ao número de 4 anos e 11 meses e meio (4,97) como idade média de
diagnóstico de autismo, mas com uma variação bem grande — mais
estudos devem ser feitos.
 Há síndromes e outros transtornos neurológicos de origem genética
ligados ao autismo como: Síndrome de Rett, CDKL5, Síndrome de
Timothy, Síndrome do X Frágil, Síndrome de Angelman, Síndrome de
Prader-Willi, Síndrome de Phelan-McDermid, entre outras.
 Segundo pesquisa global de 2019, com mais de 2 milhões de pessoas, de
5 diferentes países, de 97% a 99% dos casos de autismo podem ter
causa genética, sendo 81% hereditário; e de 1% a 3% apenas podem
ter causas ambientais, ainda controversas, como, a idade paterna
avançada ou o uso de ácido valpróico na gravidez. Existem
atualmente mais de novecentos de genes (precisamente 913, em
fev/2020) já mapeados e implicados como fatores de risco para o
transtorno.

O que é o Autismo?
Assista ao vídeo.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) reúne desordens do desenvolvimento
neurológico presentes desde o nascimento ou começo da infância. São elas: Autismo
Infantil Precoce, Autismo Infantil, Autismo de Kanner, Autismo de Alto Funcionamento,
Autismo Atípico, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra
especificação, Transtorno Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Asperger.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 (referência
mundial de critérios para diagnósticos), pessoas dentro do espectro podem apresentar
déficit na comunicação social ou interação social (como nas linguagens verbal ou não
verbal e na reciprocidade socioemocional) e padrões restritos e repetitivos de
comportamento, como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade
a estímulos sensoriais. Todos os pacientes com autismo partilham estas dificuldades, mas
cada um deles será afetado em intensidades diferentes, resultando em situações bem
particulares. Apesar de ainda ser chamado de autismo infantil, pelo diagnóstico ser comum
em crianças e até bebês, os transtornos são condições permanentes que acompanham a
pessoa por todas as etapas da vida.

Entenda
As causas do TEA não são totalmente conhecidas, e a pesquisa científica sempre
concentrou esforços no estudo da predisposição genética, analisando mutações
espontâneas que podem ocorrer no desenvolvimento do feto e a herança genética
passada de pais para filhos. No entanto, já há evidências de que as causas hereditárias
explicariam apenas metade do risco de desenvolver TEA. Fatores ambientais que
impactam o feto, como estresse, infecções, exposição a substâncias tóxicas, complicações
durante a gravidez e desequilíbrios metabólicos teriam o mesmo peso na possibilidade de
aparecimento do distúrbio.
 Características
 Diagnóstico
 Tratamentos
O TEA afeta o comportamento do indivíduo, e os primeiros sinais podem ser notados em
bebês de poucos meses. No geral, uma criança do espectro autista apresenta os
seguintes sintomas:
 Dificuldade para interagir socialmente, como manter o contato visual, expressão
facial, gestos, expressar as próprias emoções e fazer amigos;
 Dificuldade na comunicação, optando pelo uso repetitivo da linguagem e bloqueios
para começar e manter um diálogo;
 Alterações comportamentais, como manias, apego excessivo a rotinas, ações
repetitivas, interesse intenso em coisas específicas, dificuldade de imaginação e
sensibilidade sensorial (hiper ou hipo).
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 rotula estes distúrbios
como um espectro justamente por se manifestarem em diferentes níveis de intensidade.
Uma pessoa diagnosticada como de alta funcionalidade apresenta prejuízos leves, que
podem não a impedir de estudar, trabalhar e se relacionar. Um portador de média
funcionalidade tem um menor grau de independência e necessita de algum auxílio para
desempenhar funções cotidianas, como tomar banho ou preparar a sua refeição. Já o
paciente de baixa funcionalidade vai manifestar dificuldades graves e costuma precisar
de apoio especializado ao longo da vida.
Por outro lado, o diagnóstico de TEA pode ser acompanhado de habilidades
impressionantes, como facilidade para aprender visualmente, muita atenção aos detalhes
e à exatidão; capacidade de memória acima da média e grande concentração em uma
área de interesse específica durante um longo período de tempo.
Cada indivíduo dentro do espectro vai desenvolver o seu conjunto de sintomas variados e
características bastante particulares. Tudo isso vai influenciar como cada pessoa se
relaciona, se expressa e se comporta.
Marcos Históricos
Pesquisadores e médicos de todo o mundo estudam o autismo há mais de 100
anos. Perseverança, compromisso com a ciência e compaixão com as crianças
autistas permeiam a história das descobertas que melhoraram a vida destes
pacientes. Conheça os principais pontos desta caminhada.
O que é o Autismo?

MARCOS HISTÓRICOS
O termo autismo foi criado em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler
para descrever a fuga da realidade para um mundo interior observado
em pacientes esquizofrênicos. Veja abaixo outros pontos fundamentais
da história do autismo.

1943
O psiquiatra Leo Kanner publica a obra “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”,
descrevendo 11 casos de crianças com “um isolamento extremo desde o início da
vida e um desejo obsessivo pela preservação da mesmices”. Ele usa o termo
“autismo infantil precoce”, pois os sintomas já eram evidentes na primeira infância,
e observa que essas crianças apresentavam maneirismos motores e aspectos não
usuais na comunicação, como a inversão de pronomes e a tendência ao eco.

1944
Hans Asperger escreve o artigo “A psicopatia autista na infância”, destacando a
ocorrência preferencial em meninos, que apresentam falta de empatia, baixa
capacidade de fazer amizades, conversação unilateral, foco intenso e movimentos
descoordenados. As crianças são chamadas de pequenos professores, devido à
habilidade de discorrer sobre um tema detalhadamente. Como seu trabalho foi
publicado em alemão na época da guerra, o relato recebeu pouca atenção e, só
em 1980, foi reconhecido como um pioneiro no segmento.

1952
A Associação Americana de Psiquiatria publica a primeira edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais DSM-1. Referência mundial para
pesquisadores e clínicos do segmento, este manual fornece as nomenclaturas e os
critérios padrão para o diagnóstico dos transtornos mentais estabelecidos. Nesta
primeira edição, os diversos sintomas de autismo eram classificados como um
subgrupo da esquizofrenia infantil, não sendo entendido como uma condição
específica e separada.
Anos 50 e 60
Durante os anos 50, houve muita confusão sobre a natureza do autismo, e a
crença mais comum era de que o distúrbio seria causado por pais emocionalmente
distantes (hipótese da “mãe geladeira”, criada por Leo Kanner). No entanto, nos
anos 60, crescem as evidências sugerindo que o autismo era um transtorno
cerebral presente desde a infância e encontrado em todos os países e grupos
socioeconômicos e étnico-raciais. Leo Kanner tentou se retratar e, mais tarde a
teoria mostrou-se totalmente infundada.

1965
Diagnosticada com Síndrome de Asperger, Temple Grandin cria a “Máquina do
Abraço”, aparelho que simulava um abraço e acalmava pessoas com autismo. Ela
revolucionou as práticas de abate para animais e suas técnicas e projetos de
instalação são referências internacionais. Além de prestar consultoria para a
indústria pecuária em manejo, instalações e cuidado de animais, Temple Grandin
ministra palestras pelo mundo todo, explicando a importância de ajudar crianças
com autismo a desenvolver suas potencialidades.

1978
O psiquiatra Michael Rutter classifica o autismo como um distúrbio do
desenvolvimento cognitivo, criando um marco na compreensão do transtorno. Ele
propõe uma definição com base em quatro critérios:

1. atraso e desvio sociais não só como deficiência intelectual;


2. problemas de comunicação não só em função de deficiência intelectual
associada;
3. comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e
maneirismos; e
4. início antes dos 30 meses de idade.

1980
A definição inovadora de Michael Rutter e a crescente produção de pesquisas
científicas sobre o autismo influenciam a elaboração do DSM-3. Nesta edição do
manual, o autismo é reconhecido pela primeira vez como uma condição específica
e colocado em uma nova classe, a dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento
(TID). Este termo reflete o fato de que múltiplas áreas de funcionamento do
cérebro são afetadas pelo autismo e pelas condições a ele relacionadas.

1981
A psiquiatra Lorna Wing desenvolve o conceito de autismo como um espectro e
cunha o termo Síndrome de Asperger, em referência à Hans Asperger. Seu
trabalho revolucionou a forma como o autismo era considerado, e sua influência foi
sentida em todo o mundo. Como pesquisadora e clínica, bem como mãe de uma
criança autista, ela defendeu uma melhor compreensão e serviços para indivíduos
com TEA e suas famílias. Fundou a National Autistic Society, juntamente com
Judith Gold, e o Centro Lorna Wing.

1988
O psicólogo Ivar Lovaas publica um estudo sobre a análise do comportamento,
demonstrando os benefícios da terapia comportamental intensiva. Dezenove
crianças autistas entre 4 e 5 anos foram submetidas a 40 horas de atendimento e,
depois de dois anos, o QI delas havia aumentado 20 pontos em média. Durante os
anos 1980 e 1990, a terapia comportamental e os ambientes de aprendizagem
altamente controlados emergem como os principais tratamentos para o autismo e
condições relacionadas.

1988
Sucesso de bilheteria, Rain Man torna-se um dos primeiros filmes comerciais a
caracterizar um personagem com autismo. Embora o filme tenha sido fundamental
para aumentar a conscientização e sensibilizar a opinião pública sobre o
transtorno, ele também contribuiu para a interpretação incorreta de que todas as
pessoas com TEA também possuem habilidades “savant” (disfunção cerebral rara
em que a pessoa apresenta aptidões altamentes desenvolvidas em certas áreas).

1994
Novos critérios para o autismo foram avaliados em um estudo internacional
multicêntrico, com mais de mil casos analisados por mais de 100 avaliadores
clínicos. Os sistemas do DSM-4 e da CID-10 (Classificação Estatística
Internacional de Doenças) tornaram-se equivalentes para evitar confusão entre
pesquisadores e clínicos. A Síndrome de Asperger é adicionada ao DSM,
ampliando o espectro do autismo, que passa a incluir casos mais leves, em que os
indivíduos tendem a ser mais funcionais.

1998
A revista Lancet publicou um artigo do cientista Andrew Wakefield, no qual
afirmava que algumas vacinas poderiam causar autismo. Este estudo foi
totalmente desacreditado por outros cientistas e descartado. Em maio de 2014, o
cientista perdeu seu registro médico. A revista Lancet também se retratou e retirou
o estudo de seus arquivos pela falta de comprovação dos resultados. Mais de 20
estudos seguintes mostraram que a associação da vacina ao autismo não tem
fundamento. Saiba mais no blog.

2007
A ONU instituiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial da Conscientização do
Autismo para chamar atenção da população em geral para importância de
conhecer e tratar o transtorno, que afeta cerca de 70 milhões de pessoas no
mundo todo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Em 2018, o 2 de abril
passa a fazer parte do calendário brasileiro oficial como Dia Nacional de
Conscientização sobre o Autismo.

2012
É sancionada, no Brasil, a Lei Berenice Piana (12.764/12), que instituiu a Política
Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
Este foi um marco legal relevante para garantir direitos aos portadores de TEA. A
legislação determina o acesso a um diagnóstico precoce, tratamento, terapias e
medicamento pelo Sistema Único de Saúde; à educação e à proteção social; ao
trabalho e a serviços que propiciem a igualdade de oportunidades.

2013
O DSM-5 passa a abrigar todas as subcategorias do autismo em um único
diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os indivíduos são agora
diagnosticados em um único espectro com diferentes níveis de gravidade. A
Síndrome de Asperger não é mais considerada uma condição separada e o
diagnóstico para autismo passa a ser definido por dois critérios: as deficiências
sociais e de comunicação e a presença de comportamentos repetitivos e
estereotipados.

2014
O maior estudo já realizado sobre as causas do autismo revelou que os fatores
ambientais são tão importantes quanto a genética para o desenvolvimento do
transtorno. Isto contrariou estimativas anteriores, que atribuíam à genética de 80%
a 90% do risco do desenvolvimento de TEA. Foram acompanhadas mais de 2
milhões de pessoas na Suécia entre 1982 e 2006, com avaliação de fatores como
complicações no parto, infecções sofridas pela mãe e o uso de drogas antes e
durante a gravidez.

2015
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (13.145/15) cria o Estatuto
da Pessoa com Deficiência, que aumenta a proteção aos portadores de TEA ao
definir a pessoa com deficiência como “aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial”. O Estatuto é um símbolo
importante na defesa da igualdade de direitos dos deficientes, do combate à
discriminação e da regulamentação da acessibilidade e do atendimento prioritário.

Transtornos do espectro
autista
Por 
 

Stephen Brian Sulkes


, MD, Golisano Children’s Hospital at Strong, University of Rochester School of Medicine
and Dentistry

Professional.Manuals.TopicPage.LastRevisionDate| Última modificação do conteúdo abr


2018
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Transtornos do espectro autista são distúrbios do


neurodesenvolvimento caracterizado por deficiente interação e
comunicação social, padrões estereotipados e repetitivos de
comportamento e desenvolvimento intelectual irregular, frequentemente
com retardo mental. Os sintomas começam cedo na infância. Na maioria
das crianças, a causa é desconhecida, embora, em alguns casos,
existam evidências de um componente genético ou uma causa médica.
O diagnóstico é baseado na história sobre o desenvolvimento e
observação. O tratamento consiste no controle do comportamento e às
vezes tratamento medicamentoso.

Transtornos do espectro autista representam uma gama das diferenças do


neurodesenvolvimento que são consideradas transtornos do desenvolvimento
neurológico.

Distúrbios de neurodesenvolvimento são condições neurológicas que aparecem


precocemente na infância, geralmente antes da idade escolar, e afetam o
desenvolvimento do funcionamento pessoal, social, acadêmico e/ou profissional.
Normalmente envolvem dificuldades na aquisição, retenção ou aplicação de habilidades
ou conjuntos de informações específicas. Distúrbios de neurodesenvolvimento podem
envolver distúrbios de atenção, memória, percepção, linguagem, solução de problemas
ou interação social. Outros transtornos neurodesenvolvimentais comuns
incluem transtorno de déficit de atenção/hiperatividade , transtornos de aprendizagem  (p.
ex., dislexia ) e deficiência intelectual .
As estimativas atuais da prevalência de transtornos do espectro do autismo estão no
intervalo de 1/68 nos EUA, com intervalos semelhantes em outros países. O autismo é
cerca de 4 vezes mais frequente entre meninos. Na última década houve um aumento no
diagnóstico dos transtornos do espectro autista, parcialmente devido às alterações dos
critérios diagnósticos.

Visão geral do transtorno do espectro autista


VIDEO

Etiologia
A causa específica, na maioria das vezes, dos transtornos do espectro do autismo
permanece elusiva. Entretanto, alguns casos ocorrem com a síndrome da rubéola
congênita, doença de inclusão citomegálica , fenilcetonúria, complexo esclerose
tuberosa  ou síndrome do X frágil .
Fortes evidências levam a componentes genéticos. Pais de uma criança com transtornos
do espectro autista têm risco 50 a 100 vezes maior de ter outro filho com transtorno do
espectro do autismo. A taxa de concordância em gêmeos monozigóticos do autismo é
elevada. Pesquisas sobre famílias sugeriram várias potenciais áreas de genes alvo,
incluindo aquelas relacionadas aos receptores de neurotransmissores ( serotonina e
ácido gama-aminobutírico [GABA]) e controle estrutural do SNC (genes HOX). Houve
suspeitas de causas ambientais, mas elas não foram provadas. Há fortes evidências de
que vacinas não causam autismo, e o estudo preliminar que sugeriu essa associação foi
desconsiderado porque seu autor falsificou dados (ver também vacina contra MMR e
autismo ).
As diferenças na estrutura e função cerebrais provavelmente formam a base da etiologia
dos transtornos do espectro autista. Algumas crianças com transtornos do espectro do
autismo têm aumento dos ventrículos, algumas apresentam hipoplasia do vérmis
cerebelar e outras têm anormalidades dos núcleos do tronco cerebral.

Sinais e sintomas
Transtornos do espectro do autismo podem se manifestar durante o primeiro ano de
vida, mas, dependendo da gravidade dos sintomas, o diagnóstico só ser claro na idade
escolar.

Duas características principais definem transtornos do espectro do autismo:


 Déficits persistentes na comunicação e interação sociais

 Padrões repetitivos restritos de comportamento, interesses e/ou atividades

Essas duas características devem estar presentes em uma idade jovem (embora possam
não ser reconhecidas naquele momento) e devem ser graves o suficiente para prejudicar
significativamente a capacidade da criança de conviver em casa, na escola ou em outras
situações. As manifestações devem ser mais pronunciadas do que o esperado para o
nível de desenvolvimento da criança e ajustadas às normas nas diferentes culturas.

Exemplos de déficits de comunicação e interação sociais incluem


 Déficits na reciprocidade social e/ou emocional (p. ex., incapacidade de iniciar ou
responder a interações sociais ou conversas, nenhum compartilhamento de
emoções)

 Déficits de comunicação social não verbal (p. ex., dificuldade de interpretar a


linguagem corporal, gestos e expressões das outras pessoas; redução nas
expressões faciais e gestos e/ou contato visual)

 Déficits no desenvolvimento e na manutenção de relacionamentos (p. ex.,


estabelecer amizades, ajustar o comportamento a situações diferentes)
As primeiras manifestações observadas pelos pais podem ser atraso no
desenvolvimento da linguagem, não apontar para coisas de certa distância e falta de
interesse pelos pais ou em brincadeiras típicas.

Exemplos dos padrões, repetitivos e restritos de comportamento, interesses e/ou


atividades incluem
 Falas ou movimentos estereotipados ou repetitivos (p. ex., agitar as mãos ou
estalar os dedos repetidamente, repetir frases idiossincráticas ou ecolalia, alinhar
brinquedos)

 Adesão inflexível a rotinas e/ou rituais (p. ex., sentir aflição extrema em
pequenas mudanças nas refeições ou roupas, ter rituais de saudação
estereotipados)

 Interesses muito restritos anormalmente fixos (p. ex., preocupação com


aspiradores de pó, pacientes mais velhos que anotam horários de voos)

 Reação exagerada ou falta de reação a estímulos sensoriais (p. ex., aversão


extrema a cheiros, aromas ou texturas específicas; indiferença aparente à dor ou
temperatura)

Algumas crianças se autoagridem. Cerca de 25% dos afetados têm perda das
habilidades adquiridas anteriormente.

Todas as crianças com um transtorno do espectro autista têm problemas pelo menos
alguma dificuldade com a interação, comportamento e comunicação; entretanto, a
gravidade dos problemas varia significativamente.

Uma das teorias atuais comumente defendida afirma que o problema fundamental do
espectro do transtorno do autismo é a "cegueira mental", ou seja, a inabilidade de
imaginar o que a outra pessoa possa estar pensando. Admite-se que esta dificuldade
resulte em interações anômalas, que, por sua vez, levam ao desenvolvimento anormal
da linguagem. Um dos marcadores mais precoces e sensíveis para o autismo é a
inabilidade de uma criança de 1 ano de idade apontar objetos à distância de maneira
comunicativa. A hipótese é de que a criança não consegue imaginar que outra pessoa
entenda o que está sendo indicado; no lugar disto, a criança indica o desejado objeto
apenas pelo toque físico ou usando a mão do adulto como ferramenta. Pesquisas
recentes também sugerem que diferenças no processamento sensorial estão por trás
das diferenças na interação e comunicação sociais presentes em crianças pequenas
com transtornos do espectro do autismo.

Condições comórbidas são comuns, particularmente deficiência intelectual  e distúrbios


de aprendizagem. Os dados neurológicos não focais incluem caminhar incoordenado e
movimentos motores estereotipados. As convulsões ocorrem em 20 a 40% destas
crianças (particularmente aquelas com quociente de inteligência QI] < 50).
Diagnóstico
 Avaliação clínica

O diagnóstico dos transtornos do espectro do autismo é clínico e baseia-se nos critérios


do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5), e requer
evidências do comprometimento da interação e comunicação sociais e a presença de ≥ 2
comportamentos ou interesses estereotipados, repetitivos e limitados. Embora as
manifestações dos transtornos do espectro do autismo posam variar significativamente
em termos da extensão e gravidade, as categorizações anteriores como síndrome de
Asperger, transtorno desintegrativo da infância e transtorno invasivo do desenvolvimento
são agrupadas sob transtornos do espectro do autismo e não mais são distinguidas.
Os testes de triagem incluem o Social Communication Questionnaire  e o Modified
Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT-R) . (Ver também the American Academy of
Neurology’s guideline summary  for the screening and diagnosis of autism and the
American Academy of Pediatrics' Identification and Evaluation of Children with Autism
Spectrum Disorders .) Testes diagnósticos padrão formais, como o Autism Diagnostic
Observation Schedule-2 (ADOS-2), baseados nos critérios do DSM-5, normalmente são
aplicados por psicólogos ou pediatras especialistas em desenvolvimento e
comportamento. As crianças com transtornos do especto autista são difíceis de testar e
geralmente saem-se melhor nos itens de desempenho do que nos testes de QI, podendo
revelar exemplos de desempenhos próprios da idade, apesar do retardo na maioria dos
demais testes. Entretanto, o diagnóstico confiável dos transtornos do espectro do
autismo está se tornando cada vez mais disponível em idades mais jovens. Um teste de
QI bem aplicado por um examinador experiente pode fornecer prognósticos úteis.
Tratamento
 Terapia comportamental

 Fonoterapia

 Ocasionalmente terapia física e ocupacional

 Terapia medicamentosa

O tratamento dos transtornos do espectro do autismo é geralmente multidisciplinar, e


estudos recentes mostram benefícios mensuráveis de abordagens baseadas no
comportamento que encorajam a interação e a compreensão da comunicação.
Psicólogos e educadores dão ênfase a uma análise do comportamento e a seguir
cruzam as estratégias de orientação comportamental com os problemas específicos de
comportamento da pessoa em casa ou na escola. Ver também Management of Children
with Autism Spectrum Disorders  da American Academy of Pediatrics.
A terapia da fala e linguagem deve começar cedo e utilizar uma variedade de métodos,
incluindo sinais, troca de fotos e dispositivos de comunicação aprimorada como aqueles
que geram fala com base em sinais que a criança seleciona em um tablet ou dispositivo
portátil, bem como fala. Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais planejam e
implementam estratégias para ajudar as crianças a compensarem déficits específicos da
função motora e processamento sensorial.
Tratamento medicamentoso pode ajudar a aliviar os sintomas. Há evidências de que
fármacos antipsicóticos atípicos (p. ex., risperidona, aripiprazol) ajudam a aliviar
problemas comportamentais, como comportamentos ritualísticos, autoprejudiciais e
agressivos. Outros fármacos são às vezes utilizados para controlar sintomas específicos,
incluindo ISRSs para comportamentos ritualísticos, estabilizadores de humor (p. ex.,
valproato) para comportamentos intempestivos e de autolesão e estimulantes e outros
fármacos para TDAH para desatenção, impulsividade e hiperatividade.
Intervenções dietéticas, incluindo alguns suplementos vitamínicos e uma dieta livre de
glúten e sem caseína, não são úteis o suficiente para que possam ser recomendadas;
mas muitas famílias optam por usá-las, levando à necessidade de monitorar
insuficiências e excessos alimentares. Outras abordagens de complementação e
investigação (p. ex., facilitação na comunicabilidade, terapia com quelação, treinamento
de integração auditiva, terapia com oxigênio hiperbárico) não mostraram ser eficazes.

Pontos-chave
 As crianças têm alguma combinação caracterizada por deficiente interação
e comunicação social, padrões estereotipados e repetitivos de
comportamento e desenvolvimento intelectual irregular, frequentemente com
retardo mental.

 A causa é geralmente desconhecida, mas parece haver um componente


genético; vacinas não são causadoras.

 Os testes de triagem incluem o Social Communication Questionnaire e o


Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT-R).

 Testes diagnósticos formais geralmente são feitos por psicólogos ou


pediatras especialistas em desenvolvimento e comportamento.

 O tratamento é geralmente multidisciplinar e utiliza abordagens baseadas


no comportamento que encorajam a interação e a comunicação.

 Fármacos (p. ex., antipsicóticos atípicos) podem ajudar em distúrbios


comportamentais graves (p. ex., autolesão, agressão).
Como identificar o transtorno do espectro
autista?
 Atualizado em 14.02.2020 Tempo de leitura: 6 minutos Rafael Polakiewicz Enfermagem, Saúde da
CriançaQuer avaliar esse conteúdo? Avaliar
O transtorno do espectro do autista (TEA) é um transtorno relacionado ao
desenvolvimento neurológico. Sua caracterização é feita pelos sinais e sintomas
apresentados pela pessoa, que compreendem dificuldade em se comunicar,
dificuldade de interação social e por interesses ou movimentos repetidos realizados
pela pessoa. A gravidade é variável podendo haver peculiaridades de acordo com a
subjetividade da pessoa. O prognóstico é de acordo com possíveis intervenções, por
isso, profissionais e familiares devem estar preparados para realizar intervenções
corretas objetivando autonomia.

Transtorno do espectro autista (TEA)


Inicia-se nos primeiros anos de vida e apenas em alguns casos os sintomas são
aparentes logo após o nascimento. Na maioria dos casos a doença apenas é
identificada após o primeiro ano de vida, período no qual há maior exigência da
comunicação, nas relações sociais, no manuseio de objetos. O diagnóstico evita uma
série de problemas para a criança. Normalmente o atraso no desenvolvimento motor
e a regressão de habilidades já desenvolvidas sinalizam o aparecimento da doença,
assim como apresentar dificuldade na relação com sons, ruídos e vozes em dado
ambiente.

Característica importantes devem ser levadas em consideração. Em muitos casos, a


criança não apresenta sorriso social, apresentando baixo contato ocular e demonstrar
maior interesse por objetos a pessoas. O toque e a verbalização diminuída ou ausente
podem ainda ser sintomas comuns na criança com autismo. Sendo necessário
observar distúrbios do sono que muitas vezes pode ser um quadro grave e dificuldade
de permanecer no colo da mãe com pouca resposta durante a amamentação. Essa
avaliação pode contribuir para identificar o autismo ainda quando a criança não
completou um ano.

Os casos de autismo aumentaram muito no mundo. Nos Estados Unidos da América


entre 2000 e 2002, a cada 150 crianças 1 criança apresentava o transtorno. Já no ano
de 2014 1 a cada 58 crianças apresentaram autismo no mesmo local de estudo. A
prevalência é maior em meninos e 1/3 das crianças diagnosticadas apresentam
deficiência intelectual. Ainda há relação do TEA com outros transtornos psíquicos e
problemas motores.

Não são claros os avanços epidemiológicos da doença, mas fatores ambientais, sociais
e genéticos já foram considerados, bem como idade dos país na concepção,
negligência infantil, exposição medicamentosa ou a drogas no período pré-natal, pelo
fator teratogênico, baixo peso e prematuridade.
Leia também: Animais de estimação robóticos no tratamento de crianças com
autismo e idosos
Sinais de alerta
 Seis meses: poucas expressões faciais, baixo contato ocular, ausência de
sorriso social e pouco engajamento sociocomunicativo;
 Nove meses: não faz parte de turno participativo, não balbucia, não olha
quando chamado, não olha pra onde o adulto aponta, imitação pouca ou ausente;
 12 meses: ausência de balbucios, não apresenta gestos convencionais como
abanar para dar tchau, não fala mamãe ou papai, ausência de atenção
compartilhada;
 Em qualquer idade: perdeu habilidades.

Síndrome de Asperger

A síndrome de Asperger está classificada dentro do TEA. Pessoas com esse diagnóstico
apresentam sintomas mais tardios, uma vez que esses sintomas excluem problemas
iniciais com a linguagem verbal e cognição. Geralmente apresentam dificuldade de
sustentar o olhar e poucas expressões faciais. Habilidades supranormais podem ser
identificadas em muitos dessas crianças.

Crianças que apresentem qualquer sintoma relacionada ao TEA e que apresente


comprovado atraso psicomotor deve ser encaminhada para avaliação por
profissionais especializados.

Triagem MCHAT-R

A identificação precoce do autismo é muito importante. Os sinais clínicos podem ser


identificados após o primeiro ano de vida. Para tal proposição um famoso instrumento
foi criado. O instrumento de triagem MCHAT-R (Modifield Checklist for Autism in
Toddlers) serve para identificar possíveis problemas relacionados e servir de
orientação para os pais, quanto a estimulação correta. Esse instrumento é um teste de
triagem, não sendo um teste diagnóstico. O objetivo do teste é identificar sinais
precoces de autismo.
Quando o MCHAT-R se apresenta alterado, a estimulação adequada deve ser realizada
evitando problemas futuros. Medidas como maior interação entre pais-criança,
orientação quanto a sons e ruídos no lar, contato afetivo, condições do sono, tempo
de exposição a instrumentos tecnológicos, alimentação e atividades ao ar livre devem
ser avaliados.

O instrumento deve ser acionado durante a consulta do profissional e o objetivo é a


busca de suspeita de TAE. Um resultado positivo não quer dizer que o mesmo tenha o
diagnóstico de TAE, mas o teste pode indicar outros transtornos do desenvolvimento.
O questionário é online e totalmente autoexplicativo e fácil de ser utilizado. São 20
questões claras com respostas objetivas (sim/não). Ao final um resultado será
revelado indicando o baixo risco, o risco moderado ou alto risco.

Mais do autor: Enfermagem estética: normatização e atuação


A seguir podemos compreender melhor a pontuação do instrumento:

 Risco baixo: pontuação no valor total de 0-2 em crianças menores de 24


meses deve-se repetir o processo em até 24 meses, com a exceção de a criança
apresentar outros sinais clínicos no período;
 Risco moderado: pontuação entre 3-7, realizar teste adicional denominado
MCHAT- R/F, para coletar informações adicionais sobre risco de TAE. Se o MCHAT-
R/F se a pontuação permanecer igual ou maior que 2, a criança possui evidencias
positivas para TEA, mas se for inferior (0-1) a pontuação será negativo na triagem de
TEA. Em outras consultas a criança deve repetir o exame;
 Risco alto: A pontuação para esse tipo de teste é entre 8-20, necessitando de
encaminhar a criança para avaliação e possível diagnóstico, necessitando de
intervenção.
Quadro 1: M-CHAT-R. Para triagem, as perguntas abaixo devem ser respondidas. Em
caso de o comportamento ter acontecido algumas vezes (por exemplo, uma ou duas
vezes), mas não for habitual, a resposta deve ser “não”.
Se você apontar para qualquer coisa do outro lado do cômodo, sua criança olha para o que
  você está apontando? (Por exemplo: se você apontar para um brinquedo ou um animal, sua Sim
1. criança olha para o brinquedo ou animal?)

2. Alguma vez você já se perguntou se sua criança poderia ser surda? Sim

Sua criança brinca de faz-de-conta? (Por exemplo, finge que está bebendo em um copo vazio ou
3. Sim
falando ao telefone, ou finge que dá comida a uma boneca ou a um bicho de pelúcia?)

4. Sua criança gosta de subir nas coisas? (Por exemplo, móveis, brinquedos de parque ou escadas) Sim

Sua criança faz movimentos incomuns com os dedos perto dos olhos? (Por exemplo, abana os
5. Sim
dedos perto dos olhos?)

Sua criança aponta com o dedo para pedir algo ou para conseguir ajuda? (Por exemplo, aponta
6. Sim
para um alimento ou brinquedo que está fora do seu alcance?)

Sua criança aponta com o dedo para lhe mostrar algo interessante? (Por exemplo, aponta para
7. Sim
um avião no céu ou um caminhão grande na estrada?)

Sua criança interessa-se por outras crianças? (Por exemplo, sua criança observa outras crianças,
8. Sim
sorri para elas ou aproxima-se delas?)
Sua criança mostra-lhe coisas, trazendo-as ou segurando-as para que você as veja – não para
9. obter ajuda, mas apenas para compartilhar com você? (Por exemplo, mostra uma flor, um bicho Sim
de pelúcia ou um caminhão de brinquedo?)

Sua criança responde quando você a chama pelo nome? (Por exemplo, olha, fala ou balbucia ou
10. Sim
para o que está fazendo, quando você a chama pelo nome?)

11. Quando você sorri para sua criança, ela sorri de volta para você? Sim

Sua criança fica incomodada com os ruídos do dia a dia? (Por exemplo, sua criança grita ou
12. Sim
chora com barulhos como o do aspirador ou de música alta?)

13. Sua criança já anda? Sim

14. Sua criança olha você nos olhos quando você fala com ela, brinca com ela ou veste-a? Sim

Sua criança tenta imitar aquilo que você faz? (Por exemplo, dá tchau, bate palmas ou faz sons
15. Sim
engraçados quando você os faz?)

Se você virar a sua cabeça para olhar para alguma coisa, sua criança olha em volta para ver o
16. Sim
que é que você está olhando?

Sua criança busca que você preste atenção nela? (Por exemplo, sua criança olha para você para
17. Sim
receber um elogio ou lhe diz “olha” ou “olha para mim”?)

Sua criança compreende quando você lhe diz para fazer alguma coisa? (Por exemplo, se você
18. Sim
não apontar, ela consegue compreender “ponha o livro na cadeira” ou “traga o cobertor”?)

Quando alguma coisa nova acontece, sua criança olha para o seu rosto para ver sua reação?
19. (Por exemplo, se ela ouve um barulho estranho ou engraçado, ou vê um brinquedo novo, ela Sim
olha para o seu rosto?)

Sua criança gosta de atividades com movimento? (Por exemplo, ser balançada ou pular nos
20. Sim
seus joelhos?)

MCHAT-R/F

O MCHAT-R/F é construído para ser utilizado com o MCHAT-R, a ideia é utilizar para
rastreio em crianças entre 16 e 30 meses ou nos casos de pontuação entre 3-7 do
MCHAT-R. O MCHAT R-F possui os mesmos itens do MCHAT-R no entanto, as respostas
devem ser passa ou falha, não sendo apenas sim ou não. Nos itens em que a criança
falhou deve ser feita a entrevista completa encontrada neste link!
Se a entrevista tiver resultado positivo, encontrando falhas em qualquer item na
entrevista de seguimento então deve a família ser encaminhada para consulta com
especialista e já orientada sobre estimulação diária à criança. Os profissionais e os pais
que permanecerem na dúvida de qualquer resultado do teste devem buscar outros
tipos de avaliação. A utilização dos instrumentos devem ser realizadas acompanhados
de uma avaliação clínica. Todas as informações trazidas pelos familiares devem ser
consideradas.

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Autor:
Referências bibliográficas:
 American Psychiatric Association. Manual de diagnóstico e estatistico de
transtornos mentais: DSM-V. 5. ed. Porto Alegre: Artmed; 2014. 848 p.
 Grinker RR. Autismo um mundo obscuro e conturbado. São Paulo: Larrousse
do Brasil; 2010. 320 p.
 Ribeiro TC, Casella CB, Polanczyk GV. Transtorno do Espectro do Autismo. In:
Miotto E, Lucia M, Scaff M, editors. Neuropsicologia Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro:
Roca; 2017.
 Robins D, Fein D, Barton M, Resegue RM (Trad. Questionário Modificado para a
Triagem do Autismo em Crianças entre 16 e 30 meses, Revisado, com Entrevista de
Seguimento (M-CHAT-F/F)TM [Internet]. 2009 Available from:
http://www.mchatscreen.com. [cited 2020 Jan 22].
 SPB. Sociedade Brasileira de Pediatria. Transtorno do espectro autista. Manual
de orientação. Departamento de pediatria do desenvolvimento e comportamento.
Nº5, 2019.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

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