Este documento resume um texto de Oscar Wilde sobre seu livro "Intenções - Quatro Ensaios sobre Estética". Wilde acreditava que a arte deve ser autônoma e não imitar a vida, defendendo que na verdade é a vida que imita a arte. O documento também fornece contexto biográfico sobre Wilde e resume os principais pontos defendidos em cada ensaio do livro.
Este documento resume um texto de Oscar Wilde sobre seu livro "Intenções - Quatro Ensaios sobre Estética". Wilde acreditava que a arte deve ser autônoma e não imitar a vida, defendendo que na verdade é a vida que imita a arte. O documento também fornece contexto biográfico sobre Wilde e resume os principais pontos defendidos em cada ensaio do livro.
Este documento resume um texto de Oscar Wilde sobre seu livro "Intenções - Quatro Ensaios sobre Estética". Wilde acreditava que a arte deve ser autônoma e não imitar a vida, defendendo que na verdade é a vida que imita a arte. O documento também fornece contexto biográfico sobre Wilde e resume os principais pontos defendidos em cada ensaio do livro.
“INTENÇÕES – QUATRO ENSAIOS SOBRE ESTÉTICA”, OSCAR WILDE
Posted by dialogosdeumboneco on 2010/05/15 · Deixe um comentário
Disponível em https://dialogosdeumboneco.wordpress.com/2010/05/15/intencoes- %E2%80%93-quatro-ensaios-sobre-estetica-oscar-wilde/ Acesso 12/06/XX
Para falar sobre Oscar Wilde e, sobretudo do seu livro Intenções, faz-se
necessário relembrar a sua celebre e polêmica frase, que resume seu pensamento sobre a Arte. “A vida imita a arte muito mais do a Arte imita a vida”. Esta será uma das questões discutidas no primeiro de quatro ensaios presentes neste livro, sendo o ponto de partida para a elaboração de todo seu pensamento a respeito do homem e de sua relação com a Arte e a Vida. Dada o forte valor que Wilde dá a Arte, sua relação criada entre Arte – Homem – Vida, faz-se necessário uma breve biografia do autor. Oscar Wilde nasceu em Dublin, Irlanda em 16 de outubro de 1854. Dramaturgo, escritor e poeta, Wilde se destacou na literatura inglesa durante o período Vitoriano, período do reinado da Rainha Vitória, compreendido entre Junho de 1837 e Janeiro de 1901. Se sobressaindo em seus estudos em Dublin, Oscar Wilde recebe uma bolsa de estudos que o leva a Oxford. Lá, continua a apresentar excelentes trabalhos, recebendo diversos prêmios. Ao fim de sua graduação muda-se para Londres, onde começa a ter uma vida social bastante agitada. Em dezembro de 1881, Oscar Wilde viaja aos Estados Unidos para proferir uma serie de palestras sobre estética, em que defendia o belo como resposta aos horrores da sociedade industrial, demonstrando a importância de uma relação próxima com a Arte para o bem estar social. De volta a Europa, em Paris entra para o mundo literário local, abandonando suas antigas teorias estéticas. Volta à Inglaterra, casa-se, tem dois filhos, Cyril e Vyvyan – nome que dará a futuros personagens presentes neste livro – sendo este momento o prenuncio da época mais criativa de Wilde, entre 1887 e 1895. Neste período escreve diversos contos infantis, novelas e peças teatrais, poemas e seu único romance, O Retrato de Dorian Gray. Neste, publicado em 1890, Wilde versa sobre a arte, a vaidade e as manipulações humanas, temas que serão de alguma maneira abordados em Intenções. Em 1895, acusado de homossexualismo, é preso por atos imorais, ficando detido por cerca de dois anos. Em 1900, após forte ataque de meningite, morre em paris aos 46 anos de idade. Dentro de sua biografia, Intenções encontra-se nos anos áureos da vida de Wilde. Sendo uma compilação de quatro ensaios sobre estética apresentados inicialmente em publicações periódicas, tais ensaios foram intensamente revisados para sua publicação conjunta em 1891. Os primeiros dois, O Declínio da Mentira e Pena, Pincel e Veneno, foram pela primeira vez publicados em Janeiro de 1889. O Critico como Artista vem a publico pela primeira vez em 1890 e A Verdade das Mascaras em maio de 1885. O texto de base para esta versão portuguesa encontra-se em The Artist as Critic. Critical Writings of Oscar Wilde, Isobel Murray Ed., Oxford University Press, 1989. Oscar Wilde apresenta no primeiro ensaio deste livro, O Declínio da Mentira, suas principais idéias a respeito da Arte. Acrescentado do subtítulo, Uma Observação, aquele titulo foi o que me levantou o interesse por sua leitura. Esperava encontrar certa apologia ao fim da mentira em arte. Procurava elementos que me levassem a uma estética da verdade, da autenticidade, acreditando que o livro pudesse corroborar a idéia de que o valor estético, a beleza, é proporcional a sua autenticidade, a sua honestidade[1]. Porem, o que o autor nos apresenta, pelo menos a uma primeira leitura, parece ser exatamente o contrario. Apresentado em forma de diálogos, Oscar Wilde nos revela sua visão sobre a arte então em voga e o que ela representa para ele. Como o próprio título evidencia, Wilde começa por lamentar o fim da mentira na arte, o que para ele significa a falta de criatividade do artista, caracterizando seu discurso como uma forma de protesto contra tal acontecimento. Inicialmente discursando mais sobre a questão presente na literatura, defende uma criação artística não imitativa, em que o artista possa atingir a máxima liberdade. Clama por um distanciamento da realidade como forma de atingir a verdadeira arte e a beleza poética. Para ele, “o que justifica um personagem num romance não é que as outras pessoas sejam aquilo que são, mas que o autor seja aquilo que é”. É o que mais a frente no livro irá defender, de que a arte encontra sua inspiração em si própria, não tendo necessidade de se relacionar com seu contexto, com a realidade, com a história. O que lhe interessa não são as pessoas em si, mas a mascara sob a qual o homem se esconde. Parte, portanto da idéia de uma realidade imaginativa, que Wilde salienta na obra de Balzac, nomeadamente no livro Ilusões Perdidas, em que seus personagens aparecem com um vigor quase surreal. Rejeita a modernidade formal, entendida como suporte vulgar da pratica artística. Para ele, “as únicas coisas belas… são as que não nos dizem nada”. Insiste assim na busca por temas que não fazem parte do nosso dia-a-dia, como estimulo à criação da “mentira”. Assim, parece criticar a arte de cunho político, tomando como exemplo o escritor Charles Reade, que para ele, ao adotar forma e assunto modernos, perdeu sua beleza. Sobre a relação entre Arte, Natureza e Vida, Oscar Wilde defende novamente que a arte deve buscar suas inspirações principalmente nela própria. A grande arte está para ele presente quando ela regressa sobre ela mesma, e nela encontra seu meio imaginativo. “A escola certa para aprender a arte não é a Vida, mas a Arte… encontra sua perfeição dentro e não fora de si”. Para o artista, a natureza não deve ter leis nem uniformidades. O artista pode e deve recriá-la de acordo com sua imaginação. Passa então a defender a sua polemica idéia de que “a vida imita a arte”, e também de que “a natureza imita a arte”, sendo a arte a verdadeira realidade. Para ele, as criações representadas não só na literatura como também na pintura e demais artes, tem como matéria-prima a vida e a natureza, mas, ao recriá-las, tornam-se vida e natureza. Personagens da literatura e retratados na pintura passam então a ser imitados pelo homem, exercendo influencia sobre nosso modo de ser, pensar, se vestir, etc. Para exemplificar a imitação da arte pela natureza, cita a pintura Impressionista, nomeadamente Turner, que com suas pinturas suscitou um novo olhar sobre a natureza. O por do sol, a neblina, a tempestade, só passaram a interessar o homem após se tornarem Arte. Somente depois de a natureza ser arte torna-se vida. Assim, literatura e artes visuais antecipam a vida. “Não a copia, mas molda-a aos seus fins”. Do olhar uma coisa a ver uma coisa, passa-se pela Arte, sendo esta a que nos permite ver. “Só quando vemos beleza é que as coisas se tornam existentes”. Em conformidade com tais idéias Wilde passa a discutir a arte como representativo de sua época. Como já apresentado acima, a arte para Wilde é expressão de si mesma. Sua inspiração criativa encontra-se nela mesma, desenvolvendo-se estritamente em seu interior. Portanto, “Não é simbólica de nenhum tempo. Os tempos é que são símbolos seus”. Busca assim libertar-se das referencias estilísticas do passado. Para corroborar tais idéias, Oscar Wilde nos apresenta Thomas Griffiths Wainewright, artista do século XIX que, alem de pintor e escritor, se dedicou também à arte de envenenar, de quem Wilde reconhece influencia. No decorrer da descrição biográfica e psicológica deste homem, Wilde nos apresenta um pouco das idéias de Wainewright a respeito da Arte. Wilde o descreve como sendo um dos primeiros a desenvolver o que hoje podemos chamar de Literatura de Arte do século XIX. Sua forma de abordar a obra de arte tinha como principio o encontro com as leis que se podem deduzir delas mesmas. “Eu penso que nenhuma obra de arte deve ser julgada por outra coisa que não sejam as leis que podem deduzir-se de si mesma; a questão reside em saber se ela é ou não consistente consigo mesma”. Só assim, a Arte pode se tornar intemporal assim como a beleza: “todas as coisas belas pertencem à mesma época”. Mas Wainewright vai além da idéia de intemporalidade da arte. Defendia também a idéia de que todas as artes eram uma só. Os impulsos criativos presentes tanto na pintura como na literatura e demais artes se desenvolviam em um mesmo universo. Assim, dizia ele, as artes pedem emprestadas não à vida, mas umas as outras. Um avanço em uma pode e deve ter conseqüências sobre as outras. A forma de sua critica artística estava assim em extrema sintonia com o que entendia como qualidade artística. Para ele, a obra, mais do que ser alguma coisa, deve suscitar outras. Dessa forma, sua critica tornava-se poema e, novamente a obra de arte gerava outras obras, idéia que Oscar Wilde irá então defender no ensaio seguinte. Em O Critico como Artista, Oscar Wilde volta à forma do dialogo para abordar a questão da critica da arte. Numa primeira parte, acrescenta como subtítulo “Incluindo algumas observações sobre a importância de não fazer nada”. Os personagens agora são Ernest e Gilbert. A primeira questão a que se propõe debater é para que serve a critica de arte. Em um primeiro momento põe em duvida a própria critica, aventando a possibilidade de que talvez a critica seja o que mais limita a liberdade artística. ”Por que devem os que são incapazes de criar chamar a si a apreciação do valor de uma obra criativa?”. Entretanto, logo defende a critica como elemento essencial para a criação artística. Sem visão critica não há arte. Mas, ao contrario do que se possa pensar, para Wilde tal capacidade critica se expressa no ato de discriminação, na seleção e omissão de determinados elementos que vão compor a obra do artista. Esse ato de discriminação nunca é inocente. Traz intrínseca uma consciência de si próprio, que é entendido como sendo seu próprio espírito critico. Deste mesmo ato critico de discriminação e eleição de elementos a serem valorizados, resulta o estilo. Para Oscar Wilde, não há arte onde não há estilo, ao mesmo tempo em que não há estilo onde não há unidade, e a unidade é atributo do individuo. Assim, a consciência de si próprio é vista como elemento essencial para permitir o progresso da arte. Para Wilde, a consciência moral, limitadora da ação humana, deve dar espaço ao instinto. Negar a si mesmo é sinônimo de estagnação. A bondade moral bloqueia as possibilidades artísticas. Na arte, mais vale ser um autentico mal caráter do que um bom dissimulado. A Arte, assim, só é possível se for uma expressão rigorosamente individual. Dessa forma, a leitura critica não deve se prender à realidade da obra, devendo ser feita de modo subjetivo. Não deve ter como finalidade expor as intenções reais do artista, mas as suas infinidades de interpretações. E tanto melhor a obra quanto mais leituras possam ser feitas sobre ela. A obra de arte é assim entendida como um trampolim para novas obras, para novas criações. Assim, critica excessos de intenções intelectuais que o artista possa vir a imprimir em sua obra, determinando seu significado. Portanto, para Wilde a obra finalizada deve ter vida independente podendo e devendo suscitar mensagens completamente diversas da que foi inicialmente intencionada. Não deve impor, deve sugerir. “A beleza revela tudo porque não revela nada… É através da incompletude essencial que a Arte se torna completa na Beleza”. Numa segunda parte de sua discussão sobre o critico como artista, Oscar Wilde acrescenta o subtítulo “Incluindo algumas observações sobre a importância de debater tudo”. Em conformidade com o que escreve, defende que o crítico, entendido como intérprete, pode e deve expor sua personalidade em sua interpretação, assim tornando-a mais convincente e verdadeira. Enfatizando uma critica e ação subjetiva, reconhece a imoralidade da Arte, uma vez que esta deve ter por finalidade a emoção pela emoção, diferentemente da vida e de sua organização prática, em que o autor encontra a emoção dirigida à ação. A partir dessa premissa, passa então a uma critica a vida e aos mecanismos da sociedade. Para Wilde, a estagnação da sociedade, sua ordem costumeira, reside na existência de uma sociedade baseada em uma visão pratica da vida, em que pouco se vê além do presente. O demasiado valor ao fazer em detrimento do ser resulta em uma sociedade que pouco sabe sobre a vida e que pouco pode progredir. A importância de debater tudo se faz neste sentido. O valor da critica é, portanto maior que o da prática. A criação artística, assim como a critica, é absolutamente subjetiva. Mas, para atingir tal subjetiva Wilde entende que é preciso passar pela objetividade. É no interior deste paradoxo, e através de sua resolução que se pode despertar o artista. Para o autor, quanto mais objetiva uma criação pareça ser, mais subjetiva ela é. “o homem é menos ele próprio quando fala em seu próprio nome. Deem-lhe uma mascara e dir-vos-a a verdade”. Reforça assim a idéia da individualidade da Arte, que encontra dentro do próprio individuo sua inspiração. A justificativa de uma critica objetiva, torna-a “impessoal” e, portanto livre para assumir preferências e assim sermos injustos. “A justiça não é uma das qualidades do verdadeiro critico”. Distingue e separa então, a esfera da Arte e a esfera da Ética. Assim, no quarto e ultimo ensaio presente em Intenções, A Verdade das Mascaras, Oscar Wilde condena a critica muitas vezes moralista dirigida à Arte, acusando tais críticos de se apoiarem em uma critica moral por não possuírem o mínimo sentido de beleza. Com um enfoque mais dirigido ao teatro, versa sobre a arqueologia teatral, e a necessidade de uma perfeita autenticidade do cenário para a qualidade da cena teatral. Mas tal autenticidade não basta uma vez que “a essência do efeito artístico é a unidade”.
Sua formação e prática como escritor e sua forte relação com o teatro, além de proporcioná-lo o desenvolvimento de uma escrita extremamente clara e instigante, o levou também a um profundo conhecimento do homem, de seus anseios, inseguranças, etc. Tais qualidades e temas parecem ser retomados neste livro e é exatamente esta união, de um tema tão profundo aliado a uma escrita de certa forma despretensiosa, quase romanceada, que torna Intenções um livro tão interessante e agradável de ler. Especialmente O Declínio da Mentira e O Critico com Artista, ambos apresentados em forma de diálogos. Através de sua leitura, percebe-se a naturalidade e sintonia presente nas suas idéias sobre a vida e o homem, sobre a Arte e critica de arte e a congruência entre forma e conteúdo. Como já apresentado no inicio deste ensaio, a frase “A vida imita a arte, mais do a arte imita à vida” parece exprimir toda a filosofia presente no pensamento de Oscar Wilde. Esta parece resumir de forma bastante convincente não só a sua obra, mas também justifica seu modo de viver. Sua maneira extravagante e provocadora de agir nos faz pensar que Wilde queria viver arte, queria ser arte. Mas de fato essa não é uma afirmação definitiva. Acredito que nem tenha sido esta sua intenção. Condizente com sua obra, suas palavras suscitam muito mais que determinam. Pretendem provocar o leitor mais do afirmar. Obviamente falaciosa, é possível tanto ser confirmada como contestada. É evidente que para haver arte é necessário primeiramente seu agente, o homem e, portanto a vida. Mas ao reagrupar seu pensamento e tomando como principio sua definição de subjetividade e objetividade, podemos corroborar tanto a idéia de que a vida imita a arte como a de que a arte imita a vida. Sua relação apresentada entre vida e arte, parece soar como um método, muito mais filosófico do que prático, que encontra no Homem sua essência. Portanto, para a devida compreensão de seu raciocínio, Wilde, homem da literatura, nos fala sobre o homem. Ao adotar personagens para falar por si, Wilde consegue, através de um método objetivo, mas que resulta no mais alto grau de subjetividade, dissecar o homem em suas angustias mais profundas. Neste ponto é que podemos dizer que há sintonia entre forma e conteúdo na escrita do autor. Aqui, a forma é o próprio conteúdo. Essa leitura objetiva de nós mesmos é o primeiro passo para entrarmos em contato com nós mesmos e, portanto com a Arte. Porque como disse Wilde, a arte não se encontra fora, mas dentro do individuo. A compreensão de si, além dos limites morais a que estamos submetidos permite perceber até que ponto somos influenciados pelas nossas experiências de vida. O individuo contido dentro das morais vigentes apresenta uma subjetividade superficial. A arte realizada neste plano inevitavelmente terá como tema a própria vida, no sentido mais simplório do termo. Versará sobre o que já está aos seus olhos, sobre o presente. Tornar-se-á assim, temporal, não universal. Para se atingir um plano subjetivo mais profundo, não contaminado por normas de boa conduta, faz-se necessário um olhar objetivo. Objetivo no sentido de não influenciado pela moral vigente, sinônimo de autoconhecimento. Encontrar seus anseios, sentimentos e pensamentos livres de qualquer moralidade. Este parece ser o caminho proposto por Wilde e que, portanto encontra a Arte dentro do individuo e não fora dela. A partir do conhecimento interior do homem, com as nossas mais profundas verdades, que muitas vezes custamos a admitir, que podemos encontrar a possibilidade artística presente em cada um. Ao se atingir tal plano, liberta-se o artista para falar além do presente, além do real. Neste sentido, comprova sua idéia de que a arte não é reflexo de sua época. Dessa forma conseguirá o artista a produção de uma arte não imitativa da vida e, portanto, na concepção de Wilde, criadora da “mentira”. É essa “mentira” que permite vermos o que estava diante de nós adormecidos. Que olhávamos, mas não víamos. E ai então, a vida passa a imitar a arte. Tomamos-la como ideal, almejamos sua liberdade. Sua espontaneidade. Sua beleza. A arte, assim, anda sempre a um passo adiante da realidade da vida e da natureza. É nela que nos inspiramos para seguir adiante e evoluir, e é ela que nos mostra a beleza da vida e da natureza, até então desconhecidas por nós. Personagens célebres presentes não só na literatura como na pintura, são vistos pelo homem como modelos a que queremos atingir. Queremos ser vigorosos como Lucien de Rubempré de Balzac. Queremos ver o por do sol, a neblina e a tempestade presente nas pinturas Impressionistas de Turner. Vida e Natureza imitam a Arte, mas raramente conseguem chegar à sua vitalidade. Assim, Intenções, mais do que apresentar ensaios sobre estética, mostra-se um ensaio sobre o homem o que torna seu conteúdo de valor universal. Sob o ponto de vista estritamente artístico, mostra se extremamente atual com relação à Arte contemporânea. Seu incentivo a uma Arte que não diga nada, que se mostre livre para inúmeras interpretações, tem alto poder de critica à Arte produzida nos dias de hoje que, a um primeiro olhar, já se percebe a intenção do autor e obra já se esgota. Porem, ao refletir sobre esse caminho proposto pelo autor, podemos fazer uma leitura que demonstra uma contradição intrínseca a esse pensamento. Encontro uma interpretação que, agora numa segunda leitura, parece comprovar minha suspeita da presença da verdade, da autenticidade na arte. O que estava disposto a acreditar que pertencesse unicamente a disciplina da arquitetura, vejo comprovar-se também nas demais artes, o que também mostra-se em concordância com a idéia de Wainewright, e aceita por Wilde, de que todas as artes são uma só. E são uma porque para se fazer Arte é necessário entrar em contato com as nossas mais profundas intenções, libertas de moralidade, o que significa, acima de tudo, encontrar as nossa verdades mais interiores. A partir dessa compreensão, devemos entender que não a mentira, mas a verdade, a autenticidade do individuo, é a essência do artista. Assim, o artista deve não criar a mentira, mas, pelo contrario a verdade, por mais dolorosa que possa ser. A Arte, se se quiser plena, deve ser essencialmente egoísta; falar de si e para si. Ser a nossa verdade, por mais difícil que possa ser admiti-la.
[1] Tal idéia me parece presente na Arquitetura e esperava encontrar
em Intenções a mesma idéia com relação às demais artes. (recensão crítica realizada para a disciplina Cultura Artística e Contemporânea. Temas e Questões durante o Curso de Doutoramento da F.A.U.P – mai|2009 )