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[Psicologia 12º ] Daniela Lima | 2010-211

Objecto de estudo da Psicologia

psiché (mente) + logos(razão, estudo)

Definição actual: estudo cientifico do comportamento e dos processos mentais

Objecto de estudo:

 Comportamento - tudo o que um organismo faz


Alvo de observação
 Processos mentais - fenómenos internos e subjectivos da mente
- inferidos a partir dos comportamentos observados e registo

- sensações, percepções, sonhos, pensamentos,….

Método científico da Psicologia

 Método e linguagem rigorosas


 Experimentação
 Verificação

Objectivos

Objectivos teóricos Objectivos práticos

- Descrever - comportamentos, processos mentais -Prever - comportamentos(exige a identificação das


causas)
- Explicar - identificar as causas que os determinam
(Porquê?) -Controlar – as circunstâncias em que ocorrem os
comportamentos (implica explicação e previsão)

Dicotomias na Psicologia

Dicotomias – Ideias com 2 pólos ou 2 posições extremas

- Inato/Adquirido
- Interno/Externo
Dicotomias
- Individual/Social
-Continuidade/Descontinuidade
- Estabilidade/Mudança
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1ª Dicotomia do Inato/Adquirido

Inato Adquirido
 Mecanismos de Natureza hereditária  Mecanismos ambientais
 Determinantes biológicas (Genética) - Relação com o meio
 Experiência, cultura, socialização

2ª Dicotomia do Interno/Externo

Interno (dentro) Externo (fora)


 Factores interiores  Factores exteriores
- corpo, mente, personalidade, saúde - socialização, cultura - estímulos

Passividade do sujeito

3ª Dicotomia do Individual/Social

Individual Social
 Autodeterminação  Influência Social
- Individuo - Sociedade – Pertença a uma comunidade
- Emoções - Padrões Culturais / Sociais
Individualidade Sociabilidade

4ª Dicotomia da Continuidade/Descontinuidade

Continuidade Descontinuidade
 Mudança Gradual  Mudança abrupta
- Desenvolvimento continuo - Alteração – transformação abrupta
- Acumulação Ex. Freud e Piaget
Ex. Watson Adolescência - Adulto
Adolescência /Infância

Desenvolvimento
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5ª Dicotomia da Estabilidade/Mudança

Estabilidade Mudança
 Permanência  Transformação

Personalidade

Concepções de Homem

Perspectiva mental interna Perspectiva Comportamental externa

Processos mentais Comportamento


(interioridade do ser humano) (aquilo que o ser humano faz)

W. Wundt – consciência J. Watson – Comportamento (behavior)


S. Freud – inconsciente

Perspectiva Integradora
A defesa exclusiva de um dos pólos conduz a uma visão
redutora do ser humano

Wilhelm Wundt (1832 – 1920)

 Pioneiro da Psicologia cientifica, fundando o primeiro laboratório de psicologia experimental.

Objecto de estudo: consciência – lembranças, pensamentos, sensações - processos mentais

A consciência decompõe-se em
constituições mais simples

Decomposições mais simples da consciência

Sensações
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Estímulo Órgão dos sentidos (individuo)

Sensação

Análise objectiva de uma sensação:

 Intensidade (Fraca – forte)


 Modalidade (sentido estimulado – olfacto, visão, audição,…)
 Duração (curta – longa)

Análise subjectiva – “Sentimentos” – Percepção

Componente subjectiva pois cada individuo vivencia uma sensação de modo diferente.

Conjunto complexo de sentimentos – “Emoções” / “Ideias”

Metodologia utilizada por Wundt -> Introspecção controlada

Os trabalhos de Wundt começavam com uma recolha de dados com o objectivo de analisar a “Experiência
consciente”, reduzida, em última instância, a um conjunto de sensações. Assim, provocava nos sujeitos pequenas
sensações de luz ou som, pedindo-lhes que analisassem e descrevessem o que sentiam. Como psicólogo, cabia-lhe o
papel de anotar e interpretar os resultados.

Para garantir rigor na descrição, eram utilizados observadores treinados, mas mesmo assim é considerado um
processo subjectivo.

Auto-observa-se Anota

Sujeito

Descreve
= Interpreta
Psicólogo

Criticas a Wundt/Limitações do método introspectivo:

As criticas ao método introspectivo incidem na falta de rigor e nas suas limitações:

1. Identidade sujeito/objecto (o observador é o observado)


2. O estado mental e a sua observação não coincidem no tempo, levando ao uso da memória, que conduz a
distorções.
3. A tomada de consciência de um fenómeno, altera esse fenómeno -> introspecção
4. É impossível aceder aos estados mentais de outrem, logo é impossível para o psicólogo os analisar
directamente sem interferência do sujeito.
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5. Inadequação da linguagem por parte dos sujeitos


Sigmund Freud (1856-1939)

 Médico judeu que estudou com Charcot e Breuer a histeria.

Objectivo: estudar uma zona do psiquismo ignorada até ao momento, o Inconsciente.

1ª tópica freudiana

Freud descreve o Psiquismo em três instâncias: o consciente, o subconsciente (ou pré-consciente) e o inconsciente.

Consciente - Corresponde aos pensamentos, sentimentos a que o sujeito tem acesso directo
- Necessidades e desejos controlados por nós
Ex.: não gosto deste texto; gostava de ir ao cinema; aquele colega irrita-me

Subconsciente - Zona do psiquismo entre o consciente e o inconsciente


- Constituída por conteúdos que podem ser trazidos à consciência (lembranças, fantasias, ...)
Ex.: lembranças do 1º filme que vi, do 1º dia de aulas, do nome de alguém…

Inconsciente - Pulsões, desejos, sentimentos, recordações recalcadas cujo acesso ao consciente é impedido
pela censura
- Carácter instintivo, contendo pulsões agressivas/ sexuais
Ex.: experiências traumáticas de infância, desejos sexuais recalcados

Recalcamento -> Funciona como uma barreira que evita que os desejos do inconsciente emergiam. O recalcamento
excessivo pode levar a comportamentos neuróticos uma vez que o Inconsciente é apenas censurado, não
desaparecendo.

2ª tópica freudiana

ID - Nasce connosco
(infra-eu) - Zona inconsciente, primitiva, instintiva, imoral
- Rege-se pelo principio do Prazer, que tem como objectivo a realização imediata e pulsões e desejos;
na grande maioria pulsões sexuais ou de violência ou impulsos como a fome ou a sede
- Ausência de regras ou normas
- Assegura a sobrevivência individual e a continuidade da espécie

Ego - Forma-se a partir do ID, no 1º ou 2º ano de existência


(Eu) - Zona consciente, lógica e racional
- Rege-se pelo principio da realidade, modera a impulsividade do ID
- É o mediador entre o ID e o Superego

Superego - Forma-se aos 6 anos, pela interiorização de normas e valores sociais e morais
(Super-eu) - Resulta do processo de socialização
- É semi-consciente, ético, moral e idealista
- Pressiona o Ego para controlar o ID, com o Recalcamento (censura)
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ID Conflito Superego

Eu quero isso Pessoas bem formadas


agora não fazem isso

Ego

Talvez se consiga
um acordo

Estádios do Desenvolvimento Psicosexual

Para Freud, o desenvolvimento da personalidade processa-se numa sequência de estádios psicossexuais que
decorrem desde o nascimento até à adolescência.

A cada estádio corresponde uma zona erógena (sexualmente estimulada) e um conflito psicossexual especifico de
cada estádio.

O desenvolvimento da personalidade estaria relacionado com a qualidade das experiências emocionais vividas nos
diferentes estádios.

São eles os estádios:

 Oral

 Anal

 Fálico

 De Latência
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 Genital

Estádio oral - Forma-se o Ego


(do nascimento até - Zona erógena – boca (prazer em mamar, levar objectos à boca, sugar, chuchar)
aos 12 meses) - Conflito - Desmame

Estádio Anal - Controlo dos esfíncteres -> educação para a higiene


(1-3 anos) - Zona erógena – Anûs
- Conflito - Ambivalência entre o prazer/dor no expulsar/reter

Estádio Fálico - Curiosidade pelos órgãos sexuais


(3-5/6 anos) - Zona erógena – região genital
- Conflito – Complexo de Édipo
(atracção da criança pelo progenitor do sexo oposto e agressividade para com o progenitor do
mesmo sexo)
Superação -> a criança identifica-se com o progenitor do mesmo sexo, pelas semelhanças

Estádio de latência - Atenuação da actividade sexual


(5/6 anos até à - Amnésia infantil – esquecimento dos outros estádios anteriores, reprimindo o inconsciente
puberdade) - Investimento de energia na escola, em actividades e em relacionamentos

Estádio Genital - Reactivação da actividade sexual, atenuada no período de latência


(a partir da - Zona erógena – todo o corpo, envolvendo todas as zonas erógenas anteriores,
puberdade) principalmente a zona genital
- Conflito – Reactivação do complexo de Édipo, apesar do investimento em relações fora da
família
Resolução -> Luto das imagens idealizadas dos pais (típicas de estádio anteriores) e
desenvolvimento de Autonomia em relação a estes

Problemas no desenvolvimento destes estádios resultam por vezes em problemas de personalidade/carácter.

Mecanismo de defesa do EGO

Recalcamento - Processo constante de reenvio para o inconsciente dos desejos e pulsões que procuram
energia no consciente e no comportamento

- Resulta da censura aplicada pelo Superego

- Quando excessivo pode conduzir a comportamentos neuróticos

Regressão - Adopção de comportamentos característicos de uma fase anterior de desenvolvimento, em que o sjeito se
sentia seguro e confortavel

Deslocamento - Manifestação disfarçada de um desejo recalcado

Ex. Sonhos
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Conteúdo manifesto

(texto, imagem, aparência do sonho)


Deslocamento
Conteúdo Latente

(desejo recalcado)

Transferência - Transferência de sentimentos para os psicanalistas dos afectos inconscientemente investidos noutra pessoa

Actos falhados - Erros na linguagem, quando ao falar o inconsciente troca propositadamente uma palavra por outra, que é
um desejo recalcado

Sublimação - Substituir o objecto que satisfaça o inconsciente (o desejo) por outro socialmente aceite

Ex.: Arte, religião, profissão

Estes mecanismo tentam manter a nossa sanidade mental.

 Equilíbrio interno Garantir a integridade


psicológica
 Equilíbrio social

Metodologia de investigação

 Hipnose -> abandonada enquanto método terapêutico, mantida como método de investigação

 Associação livre -> o psicanalista pede ao analisado que diga tudo o que sente ou pensa, sem qualquer
omissão, mesmo que lhe pareça sem importância, absurdo ou desagradável. Durante o processo mostram-se
resistências, desejos, recordações e recalcamentos.

 Interpretação de sonhos -> interpretação de sonhos narrados pelo paciente, identificando o seu sentido
(conteúdo latente – desejos, medos, recalcamentos)

 Análise de actos falhados

 Análise do processo de transferência


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John Watson e o Behaviourismo

- Darwinista – não há psicologia humana sem psicologia animal

- Insere-se no comportalismo – perspectiva comportamentalista externa

- Adquirido/Inato

- Interno/externo

- Social/individual

Comportamento -> conjunto de respostas adaptativas, objectivamente observáveis que o organismo, considerado
como um todo, executa em resposta a estímulos, também eles objectivamente observáveis, provenientes do meio
físico e social em que o organismo está inserido.

R = f(S) ------ Resposta(comportamento) em função da situação (estímulos)

C = f(E) Estímulo ------- Resposta

Causa ----------- Efeito

Estímulo Situação Meio

O Meio é o principal condicionamento da aprendizagem

- Rejeição total da importância da hereditariedade

- O Meio constrói o homem

Ser completamente passivo

Objectivo de Watson -> enunciar as Leis do comportamento através das quais e pela observação, quantificação e
descrição do comportamento enquanto relação causa-efeito objectivamente observáveis

Método experimental

Método -> depende de uma amostra de população

E R Variável Variável

Causa – efeito independente dependente

Determinar
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Experimental – varia o factor que se considera responsável pelo comportamento (v. independente)

1. Divisão em 2 grupos
Controlo – não há qualquer intervenção

2. Comparação do comportamento dos 2 grupos


3. Conclusão de que a variável que se manipulou modifica/não modifica o comportamento
4. Confirmação (repetição da experiência)
5. Generalização (a toda a população)

Criticas a Watson

Aspectos positivos:

- Psicologia científica

- Definição de objecto e método científico

Aspectos menos positivos:

- Reducionismo behaviourista:

- Concepção do comportamento simplista e limitado ( E -> R)

- Afastar do estudo da Psicologia os processos mentais e os comportamentos complexos

- Sujeito – papel passivo (condicionado pelo meio)

Jean Piaget

Perspectiva integradora

Desenvolvimento
Teoria Cognitiva

Cognitivo

“Mistura” entre o Gestaltismo (inatismo) e o Behaviouriso (adquirido -> ambiente)


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Cognição

Processos de conhecimento – mecanismos psicológicos que nos


permitem adquirir, tratar, conservar e explorar essas informações

Produto do conhecimento – informações que dispomos para resolver


problemas do quotidiano

Factores de Desenvolvimento Cognitivo

 Hereditariedade – esquemas mentais


 Experiência física – acção sobre o meio Equilibração
 Transmissão social - cultura

Mecanismos do desenvolvimento cognitivo

Esquemas -> esquemas mentais que organizadas formam estruturas

Assimilação -> processo de integração dos dados da experiência nas estruturas do sujeito

Acomodação -> modificação das estruturas do sujeito para se adaptar aos novos elementos provenientes do meio

Assimilação Acomodação

Adaptação

Estádios do desenvolvimento cognitivo

1º estádio sensório motor (até aos 2 anos)

- Baseado em sentidos e movimentos


Inteligência prática (acção directa)
- Permanência de objectos

2º estádio pré-operatório (dos 2 aos 6/7 anos)

- Aquisição da linguagem – representação simbólica da realidade


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Imaginação

- Pensamento intuitivo – baseado nos dados imediatos da percepção

Egocentrismo (centração)

- O Pensamento ainda não é reversível

3º estádio das operações concretas (dos 6/7 aos 11/12 anos)

- Pensamento concreto -> forma conceitos (espaço, tempo, número) e realiza operações mentais, na presença dos
objectos, situações

- Reversibilidade

4º estádio das operações formais (dos 11/12 aos 16 anos)

- Raciocínio abstracto -> formular hipóteses, trabalhar variáveis

- Reflexão cientifica e filosófica

- Egocentrismo intelectual

Metodologia

 Observação naturalista – observar o comportamento infantil no seu ambiente natural ( quotidiano,


escola, brincar, etc)

 Entrevista cliníca – sobre o que pensavam as crianças

- supõe uma atitude de abertura, ou seja, as respostas das crianças guiam o diálogo

Piaget - influências

- Ruptura com a forma como era encarada a criança

- 1ª grande teoria sobre a inteligência – não é um dado, é uma construção que resulta do desenvolvimento
intelectual

- Influência na pedagogia/educação

- Interdisciplinidade psicologia - sociologia


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