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O Grafeno pode ser considerado um material de (quase) 1001 utilidades, tão

ou mais revolucionário que o plástico e o silício – este último usado em grande


quantidade na fabricação de diversos componentes eletrônicos. Já é conhecido
como um dos elementos que vão revolucionar a indústria tecnológica como um
todo devido a sua resistência, leveza, transparência e flexibilidade, além de ser
um ótimo condutor de eletricidade.
Com tantas vantagens e características promissoras, você certamente já deve
ler lido alguma coisa sobre esse poderoso material que, muito em breve, estará
nos nossos tablets, celulares inteligentes e outros dispositivos do dia a dia. E
olha que a era do grafeno está apenas começando. Por exemplo, você já
imaginou recarregar seu smartphone em apenas 15 minutos e só precisá-lo
plugar na tomada uma semana depois? Ou ainda poder dobrar, amassar e
contorcer seu aparelho telefônico sem danificar seu funcionamento? As
possibilidades são muitas, e incluem ainda raquetes de tênis e até
preservativos.

Descoberta

Embora esteja em evidência só agora, as pesquisas com grafeno começaram


em 1947 pelo físico Philip Russel Wallace, o primeiro a descobrir e estudar,
mesmo que de uma forma bastante limitada, os princípios do material. Ele se
tornou realidade só em 1962 através dos químicos alemães Ulrich Hofmann e
Hanns-Peter Boehm, quando o próprio Boehm batizou o composto, resultado
da junção das palavras "grafite" e o sufixo "-eno".

Até então, o grafeno era conhecido apenas pela comunidade científica. Mas em
2004 isso mudou, graças aos cientistas Konstantin Novoselov (russo-britânico)
e Andre Geim (russo-holandês), ambos da Universidade de Manchester, na
Inglaterra. Na época, os dois resolveram testar o potencial do grafeno como
transistor, uma alternativa ao silício usado em semicondutores.

Geim e Novoselov continuaram seus estudos melhorando a condutividade do


grafeno, tornando-o cada vez mais fino até chegar - acreditem - à espessura de
um átomo. Mesmo sendo submetido a esse processo, o material manteve sua
estrutura e não teve sua condutividade danificada. A descoberta rendeu aos
cientistas, seis anos depois, o Prêmio Nobel de Física pelo desenvolvimento do
transistor de grafeno e, a partir daí, os testes com a substância não pararam
mais. Só em 2010, foram publicados cerca de 3.000 estudos que comprovam
os recursos aparentemente ilimitados do componente.

Então, o que é esse tal de grafeno?

Basicamente, o grafeno é um material constituído por uma camada


extremamente fina de grafite, o mesmo encontrado em qualquer lápis comum
usado para escrever. A diferença é que o grafeno possui uma estrutura
hexagonal cujos átomos individuais estão distribuídos, gerando uma fina
camada de carbono.

Na prática, o grafeno é o material mais forte (200 vezes mais resistente do que
o aço), mais leve e mais fino (espessura de um átomo) que existe. Para se ter
ideia, 3 milhões de camadas de grafeno empilhadas têm altura de apenas 1
milímetro. Fora isso, ele é transparente, elástico, pode ser mergulhado em
líquido sem enferrujar ou danificar sua composição e conduz eletricidade e
calor melhor do que qualquer outro componente. Além disso, o grafeno é
extremamente barato para ser produzido. Daí vem a tal revolução que o
material pode trazer, já que tem muito mais qualidades que o plástico e o
silício.

Possibilidades infinitas

A facilidade de manuseio do grafeno vai permitir que ele seja aplicado em


quase todos os setores da indústria. A mais comentada atualmente é empregar
o material no mercado tecnológico, mais especificamente nos dispositivos
móveis, como tablets e smartphones.

No futuro, esses gadgets vão abandonar o design retangular e conservador dos


modelos vendidos hoje em dia para adotar visuais dignos de filmes de ficção
científica. Será possível fabricar um celular totalmente flexível que poderá ser
literalmente dobrado, colocado no bolso e desenrolado de volta sem prejudicar
seu funcionamento ou sua tela de altíssima definição. Ele também poderá ser
transparente como o vidro e ter a espessura de uma folha de papel.

Além de flexíveis, as baterias dos aparelhos deixarão de ser o pesadelo dos


usuários que passam o dia com o smartphone ligado. Em 2011, pesquisadores
da Northwestern University, nos EUA, criaram uma bateria que mantém o
celular carregado por mais de uma semana e demora apenas 15 minutos para
completar uma recarga. Em fevereiro de 2013, Richard Kaner, pesquisador da
Universidade da Califórnia, desenvolveu baterias para celulares e notebooks
que recarregam em um tempo ainda menor: cinco e 10 segundos,
respectivamente.
A sua internet também será mais rápida. Em julho do ano passado,
pesquisadores das Universidades britânicas de Bath e Exeter usaram
interruptores ópticos feitos com base no grafeno que aumentaram em 100
vezes a velocidade de transmissão de dados. Há ainda uma antena de grafeno
extremamente fina feita por cientistas do Instituto de Tecnologia da Geórgia
(EUA) que permite transmitir 128 GB (ou 1 terabit) em apenas um segundo, a
um metro de distância.

Os avanços não se limitam apenas à eletrônica. O grafeno ainda poderá


revolucionar outros setores, como o automotivo, o naval e até mesmo a
aeronáutica com a produção de veículos bem mais leves e econômicos. O
componente também pode ser usado na fabricação de fones de ouvido e
painéis solares, além da capacidade de desintoxicar água contaminada, filtrar a
água salgada dos oceanos, transmitir sinal FM e produzir chips e dispositivos
biônicos que poderão ser implantados no corpo humano. Até a camisinha
poderá ser feita de grafeno - um projeto liderado pela Fundação Bill e Melinda
Gates.
A parte mais difícil

Você viu que são inúmeras as propriedades do grafeno. No entanto, o maior


desafio das empresas e desenvolvedores que apostam na tecnologia é tornar a
produção do material viável comercialmente e em larga escala – a maioria dos
testes é feita hoje em laboratórios. A situação não é muito diferente do que
aconteceu logo quando o silício foi descoberto, que só passou a ser usado em
transistores cerca de sete anos após seu surgimento. Os primeiros circuitos
integrados demoraram ainda mais tempo para utilizar o silício, e só foram
fabricados cerca de 20 anos depois.
Esse cenário deve mudar com a chegada de novos procedimentos que tentam
viabilizar a fabricação do grafeno para as massas. Uma das descobertas mais
importantes aconteceu em abril deste ano: pesquisadores do Instituto de
Tecnologia da Samsung (SAIT) e da Universidade Sungkyunkwan, na Coreia
do Sul, anunciaram uma nova técnica que permite criar grafeno de alta
qualidade a partir de pastilhas de silício. Dessa forma, a substância poderia ser
usada na produção de transistores de grafeno.

As pesquisas com o grafeno também ocasionaram na criação do Graphene


Flagship Consortium, um grupo europeu liderado pela Nokia que inclui outros
73 parceiros, entre universidades e companhias de vários setores, todos
interessados em explorar as capacidades do grafeno. Além da Nokia
e Samsung, cientistas da IBM e da SanDisk realizam experiências com o
material.
E o Brasil não está de fora. A Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São
Paulo, investiu cerca de R$ 20 milhões para levantar o primeiro centro de
pesquisas com grafeno no país. Apesar de ainda não ter previsão para ser
inaugurado, o MackGrafe (Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno,
Nanomateriais e Nanotecnologia) ocupará um edifício de 4.230 m2 no campus
da instituição, na Rua da Consolação, na capital paulista.
Assim como as pesquisas com o grafeno continuam a todo vapor, também
devem continuar as batalhas judiciais entre empresas de tecnologia pela
disputa de patentes relacionadas ao material. Só a Samsung tem 38 patentes e
pelo menos 17 aplicativos que usam a palavra "grafeno" no resumo de
invenções, todas registradas no Escritório de Patentes e Marcas dos Estados
Unidos USPTO). No mesmo órgão, a Apple tem ao menos dois pedidos
relacionados ao componente.
SAIBA MAIS

– O grafeno é uma das formas alotrópicas do carbono, assim como o


diamante, o carvão e o grafite, do qual é oriundo, caracterizando-se pela
organização hexagonal dos átomos. Foi isolado pela primeira vez em 2004, na
Inglaterra, pelos cientistas Andre K. Geim e Konstantin S. Novoselov, em uma
pesquisa que ganhou o Prêmio Nobel de Física.

– Caracteriza-se por ser um material de elevada transparência, leve, maleável,


resistente ao impacto e à flexão, ótimo condutor de calor e de eletricidade,
entre outras propriedades.

– O grafeno é o material mais leve e resistente do mundo, superando até mesmo o
diamante. Para se ter uma ideia, uma folha de grafeno de 1 metro quadrado pesa
0,0077 gramas e é capaz de suportar o peso de até 4 kg.

– Também é o material mais fino que existe (da espessura de um átomo, ou 1
milhão de vezes menor que um fio de cabelo).

– É, ainda, um material com elevada condutividade elétrica. Isso porque os


elétrons se movem através do grafeno praticamente sem nenhuma resistência e
aparentemente sem massa, o que faz com que ele transporte eletricidade de forma
muito rápida, eficiente e precisa.

– Por ser uma tecnologia disruptiva, o grafeno tende a competir com tecnologias
existentes e substituir materiais que já tem décadas de uso. Seu uso permitirá
desenvolver novos materiais, com elevadíssima resistência mecânica,
capacidade de transmissão de dados e economia de energia.
– Como material de alta engenharia, suas aplicações se voltam para a
nanotecnologia, na produção de telas e displays LCD e touchscreen de
televisores, computadores e celulares, mais resistentes e flexíveis, componentes
eletrônicos com altíssima capacidade de armazenamento e processamento de
dados, baterias de recarga instantânea, entre outras, além de desenvolvimento de
polímeros, tintas e solventes mais resistentes, tecidos inteligentes e equipamentos
de segurança.

grafeno

A empresa italiana Directa Plus, produtora e fornecedora de produtos à


base de grafeno, juntou-se à Colmar, a empresa de roupas esportivas de
ponta numa nova coleção de jaquetas SKI contendo produtos à base de
grafeno. A nova jaqueta de tecnologia SKI contém grafeno Plus (G +) e
foi usada pela equipe nacional de SKI para vários torneios de
sucesso. Foi explicado que o principal benefício da incorporação do G + é
que ele permite que o tecido atue como um filtro entre o corpo e o
ambiente externo, garantindo a temperatura ideal para o usuário.

Devido às propriedades condutoras térmicas do grafeno, o calor


produzido pelo corpo humano é preservado e distribuído uniformemente
em climas frios e permite uma temperatura corporal uniforme durante a
atividade física. Uma empresa chinesa chamada Kyorene também
desenvolveu uma fibra de grafeno que tem sido usada para produzir
roupas de trabalho, roupas esportivas e roupas íntimas.

Recentemente, os pesquisadores projetaram um método de baixo custo,


sustentável e ecologicamente correto para fazer tecidos condutores de
algodão usando o grafeno. Esses tecidos podem levar a tecidos
inteligentes e roupas interativas que encontrarão aplicações na área de
saúde, vestíveis e muito mais. A funcionalização destes tecidos
condutores de algodão foi feita por redução térmica do óxido de grafeno
(GO) adsorvido no algodão. Além disso, os pesquisadores criaram duas
maneiras de aplicar folhas finas de grafeno que tornam o tecido super-
hidrofóbico ou super-hidrofílico.

ETIQUETA: GRAFENO
PUBLICADO EM19/11/2019
Quanto mais o grafeno se dobra, mais suave fica
Ilustração de uma curva bicamada de grafeno. Cortesia gráfica de Blanka
Janicek, Pinshane Huang Lab.

Novas pesquisas de engenheiros da Universidade de Illinois combinam


experimentação em escala atômica com modelagem computacional para
determinar quanta energia é necessária para dobrar o grafeno de múltiplas
camadas, uma questão que escapou aos cientistas desde que o grafeno foi
isolado pela primeira vez. tempo Os resultados são relatados na revista Nature
Materials.
O grafeno, uma única camada de átomos de carbono organizados em rede, é o
material mais forte do mundo e tão fino que é flexível, disseram os
pesquisadores. É considerado um dos principais ingredientes das futuras
tecnologias.

A maioria das pesquisas atuais sobre grafeno é direcionada ao


desenvolvimento de dispositivos eletrônicos em nanoescala. No entanto, os
pesquisadores dizem que muitas tecnologias, desde eletrônicos extensíveis a
pequenos robôs tão pequenos que não podem ser vistos a olho nu, exigem um
entendimento da mecânica do grafeno, particularmente como ela se flexiona e
se dobra, para liberar seu potencial. .

” A rigidez à flexão de um material é uma de suas propriedades mecânicas


mais fundamentais “, disse Edmund Han, estudante de ciências e engenharia
de materiais e co-autor do estudo. «Embora estudemos grafeno há duas
décadas, ainda temos que resolver essa propriedade fundamental. A razão é
que diferentes grupos de pesquisa encontraram respostas diferentes que
cobrem ordens de magnitude.

A equipe descobriu por que os esforços de pesquisa anteriores


discordavam. “Eles dobraram um pouco o material ou dobraram muito”, disse
Jaehyung Yu, estudante de ciências mecânicas e engenharia e co-autor do
estudo. «Mas descobrimos que o grafeno se comporta de maneira diferente
nessas duas situações. Quando você dobra um pouco o grafeno multicamada,
ele age mais como uma placa rígida ou um pedaço de madeira. Quando você
dobra muito, ele age como uma pilha de papéis onde as camadas atômicas
podem deslizar umas nas outras.

” O interessante deste trabalho é que mostra que, embora todos discordassem,
todos estavam realmente certos ” , disse Arend van der Zande, professor de
ciências mecânicas e engenharia e co-autor do estudo. « Cada grupo estava
medindo algo diferente. O que descobrimos é um modelo para explicar todas
as divergências, mostrando como elas se relacionam através de diferentes
graus de flexão .

Para fabricar o grafeno dobrado, Yu fabricou camadas atômicas individuais de


nitreto de boro hexagonal, outro material 2D, em etapas de escala atômica,
depois o grafeno estampado no topo. Usando um feixe de íons focado, Han
cortou uma fatia do material e imaginou a estrutura atômica com um
microscópio eletrônico para ver onde estava cada camada de grafeno.

Em seguida, a equipe desenvolveu um conjunto de equações e simulações


para calcular a rigidez à flexão usando o formato da curva de grafeno.

Ao colocar várias camadas de grafeno em uma etapa com apenas um a cinco


átomos de altura, os pesquisadores criaram uma maneira controlada e precisa
de medir como o material se curvaria sobre a etapa em diferentes
configurações.
” Nesta estrutura simples, existem dois tipos de forças envolvidas na dobragem
de grafeno ” , disse Pinshane Huang, professor de ciência e engenharia de
materiais e co-autor do estudo. «A adesão, ou a atração de átomos à
superfície, tenta puxar o material para baixo. Quanto mais rígido o material,
mais ele tentará subir novamente, resistindo à tração da adesão. A maneira
como o grafeno executa as etapas atômicas codifica todas as informações
sobre a rigidez do material .

O estudo controlou sistematicamente exatamente quanto do material foi


dobrado e como as propriedades do grafeno foram alteradas.

” Como estudamos grafeno dobrado em diferentes quantidades, pudemos ver a


transição de um regime para outro, do rígido para o flexível e do
comportamento da chapa para a chapa ” , disse o professor de ciências
mecânicas e engenharia Elif Ertekin, que liderou a peça de modelagem por
computador. da investigação. “ Construímos modelos em escala atômica para
mostrar que a razão pela qual isso poderia acontecer é que camadas
individuais podem deslizar umas sobre as outras. Uma vez que tivemos essa
idéia, pudemos usar o microscópio eletrônico para confirmar o deslizamento
entre as camadas individuais «.

Os novos resultados têm implicações para a criação de máquinas pequenas e


flexíveis o suficiente para interagir com células ou material biológico, disseram
os pesquisadores.

“As células podem mudar de forma e responder ao seu ambiente, e se


queremos avançar na direção de micróbios ou sistemas com capacidade de
sistemas biológicos, precisamos ter sistemas eletrônicos que possam mudar de
forma e também serem muito suaves”, disse ele. van der Zande. ” Tirando
vantagem do deslizamento da camada intermediária, mostramos que o grafeno
pode ser de uma ordem de magnitude mais suave que os materiais
convencionais da mesma espessura “.
PUBLICADO EM19/11/2019

Novo método de produção de grafeno de alto desempenho

Pesquisadores da CSIC e ICN2 desenvolveram um reator eletroquímico


inovador e um procedimento para obter grafeno. Eles testaram um reator
protótipo com excelentes resultados. Além do bom funcionamento, destacam a
possibilidade de modular com precisão a oxidação do grafeno. Agora eles
estão procurando fabricantes interessados no protótipo para continuar o
desenvolvimento através de uma licença de patente.
Uma folha de grafeno de alta qualidade obtida com o novo método

A tecnologia é baseada na esfoliação eletroquímica de grafite (mesmo poeira)


e permite a fabricação de grafeno com alto desempenho. Com o novo design
do reator eletroquímico e um procedimento simples, foi alcançado um ajuste
preciso do grau de oxidação da chapa de grafeno. Este método permite a
fabricação de grafeno adequado para muitas das aplicações atuais, nas quais o
controle do nível de oxidação é uma parte importante.

Assim, pode ser obtido de um produto de alta qualidade, sem qualquer defeito
ou conteúdo de oxigênio, a um produto de alta oxidação, como óxido de
grafeno reduzido ou mesmo óxido de grafite.

Um produto de alta qualidade é obtido com eficiência, em comparação com


outros métodos de fabricação eletroquímicos. É modular e facilmente
escalável. Possui baixo consumo de energia e requer menos tempo e menos
matéria-prima do que outros métodos. Em particular, eletrodos de carbono não
são necessários. Os resíduos podem ser usados novamente no reator sem a
necessidade de tratamento.

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