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Engenharia de Automação e Controle

Engenharia Elétrica

Circuitos Digitais

Prof. José dos Santos Garcia Neto

São Paulo
2014
Prof. José dos Santos Garcia Neto 1
Introdução

Esta apostila tem como objetivo fornecer informações básicas sobre elementos da
Eletrônica Digital de tal forma que se possa desenvolver circuitos digitais que resolvam
problemas da Engenharia a partir da análise do problema, construção da tabela verdade e
elaboração de expressões booleanas.

Seu conteúdo trata de:

- portas lógicas básicas


- postulados da álgebra de Boole para simplificação de expressões algébricas
- construção de tabelas verdade
- elaboração de equações booleanas
o método do Produto Canônico
o método do Mapa de Karnaugh
- exemplo prático

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POSTULADOS.
POSTULADO DA COMPLEMENTAÇÃO: regras da complementação na álgebra de Boole.
Chamaremos de A  o complemento de A:
1º) Se A = 0  A1
  0
2º) Se A = 1  A

3º) Se A = 1  A  A  1
Se A = 0  A  A  0
A
Então estabelecemos a identidade  A

POSTULADO DA ADIÇÃO: são as regras da adição na álgebra de Boole:


1º) 0 + 0 = 0
2º) 0 + 1 = 1
3º) 1 + 0 = 1
4º) 1 + 1 = 1
Então estabelecemos a identidades:
1º) A + 0 = A
Se A = 0  0 + 0 = 0
Se A = 1  1 + 0 = 1
2º) A + 1 = 1
Se A = 0  0 + 1 = 1
Se A = 1  1 + 1 = 1
3º) A + A = A
Se A = 0  0 + 0 = 0
Se A = 1  1 + 1 = 1
=1
4º) A + A
Se A = 0  0 + 0 = 0 + 1 = 1
Se A = 1  1 + 1 = 1 + 0 = 1

POSTULADO DA MULTIPLICAÇÃO: regras da multiplicação na álgebra de Boole:


1º) 0 . 0 = 0
2º) 0 . 1 = 0
3º) 1 . 0 = 0
4º) 1 . 1 = 1
Então estabelecemos as identidades:
1º) A . 0 = 0
Se A = 0  0 . 0 = 0
Se A = 1  1 . 0 = 0
2º) A . 1 = A
Se A = 0  0 . 1 = 0
Se A = 1  1 . 1 = 1
3º) A . A = A
Se A = 0  0 . 0 = 0
Se A = 1  1 . 1 = 1
=0
4º) A . A
Se A = 0  0 . 0 = 0 . 1 = 0
Se A = 1  1 .+ 1 = 1 . 0 = 0

PROPRIEDADES.
PROPRIEDADE COMUTATIVA: estão propriedade é valida na adição e na multiplicação:
ADIÇÃO: A + B = B + A
MULIPLICAÇÃO: A . B = B . A

PROPRIEDADE ASSOCIATIVA: da mesma forma que a anterior esta propriedade é valida


na adição e na multiplicação:
ADIÇÃO: A + (B + C) = (A + B) + C = A + B + C
MULIPLICAÇÃO: A . (B . C) = (A . B) . C = A . B .C

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PROPRIEDADE DISTRIBUTIVA: regra da propriedade distributiva na álgebra de Boole:
Expressão Booleana: A . (B + C) = A . B + A . C

TEOREMA DE MORGAN.
Os teoremas de De Morgan são muito empregados na prática, em simplificações de
expressões booleanas e, ainda, no desenvolvimento de circuitos digitais.

1º TEOREMA DE DE MORGAN: o complemento do produto é igual a soma dos


complementos:
Então:   B
A . B  A 
Estendendo o teorema:   B
A . B . C . … N  A  C … N


2º TEOREMA DE DE MORGAN: o complemento da soma é igual ao produto dos


complementos.
 . B
Então: A  . …
 . C  .
. N   
A B C ⋯ … N

Este teorema é uma extensão do primeiro:


Então:

1º Teorema  A .  B
B  A 
 
 B
Aplicando a identidade X  X  A . B  A  (equação 1)
A é o complemento de A  , vamos chama-lo de X, então A   X e A X 
 
B é o complemento de B, vamos chama-lo de Y, então B  Y e B  Y  
Escrevendo a equação 1 em termos de X e Y  X  . Y
  X

Y
Trocando as variáveis temos o 2º Teorema de De Morgan A  . B 
  A B

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OBTENDO UMA IDENTIDADE AUXILIAR
A partir de uma expressão booleana obtida, seja por qualquer método, estudamos e
realizamos sua simplificação aplicando os Postulados, as Identidades, as Propriedades, os
Teoremas de De Morgan e também a Identidades Auxiliares conhecidas, com o objetivo de
simplifica a expressão definindo assim uma Identidade Auxiliar que nos facilita a
simplificação de outras expressões.

 . B
Expressão Booleana a ser estudada  A  B

X  X  
Aplicando a identidade  B A  . B


no próximo passo sai a 1ª inversão

Aplicando o 2º Teorema. De Morgan X   . Y


Y  X 
 . B 
B 
 . B
 . A 
chamando X=B e Y=A



 . B

no próximo passo sai a inversão em A

  Y  no termo A



 . B

Aplicando o 1º Teorema. De Morgan X. Y  X
 e Y=B 
  B  B
 . A   B 
 . A B  B
 . A B . B 
 = B 
 . A 0 = B
 . A
chamando X=A


Aplicando o 1º Teorema. De Morgan X.  Y
Y  X  onde X=B  A
 e Y=A  B  =  B A


Elaborado o desenvolvimento expressão com o auxilio das “REGRAS” para analise de


circuitos digitais, concluímos a dedução de mais uma identidade auxiliar que incluímos no
formulários, no livro adotado temos a dedução de outras identidades auxiliares utilizando o
Teorema de De Morgan Identidade incluída:
 .    
  

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PROJETOS DE CIRCUITOS COMBINACIONAIS
PASSOS A SEREM EXECUTADOS
- Entender o que esta sendo pedido (rascunhe bastante)
- Estabelecer as variáveis de ENTRADA e quais são as variáveis de SAIDA
- Obter a tabela verdade do projeto
- Obter a equação (equações) que implementam o projeto
- Desenhar o circuito lógico
- Desenhar o esquema elétrico
- Implementar a solução e testar

O QUE É TABELA VERDADE?


A tabela verdade é uma tabela que relaciona o comportamento das variáveis de
entrada com as respectivas saídas. A quantidade de linhas de uma tabela verdade depende
do numero de variáveis de entrada e segue sempre a potencia de 2.
Exemplo:
2 variáveis de entrada: 22 = 4  tabela verdade com 4 linhas.
3 variáveis de entrada: 23 = 8  tabela verdade com 8 linhas.
4 variáveis de entrada: 24= 16  tabela verdade com 16 linhas.
5 variáveis de entrada: 25 = 32  tabela verdade com 32 linhas.
6 variáveis de entrada: 26 = 64  tabela verdade com 64 linhas.
.
.
.
.
n variáveis de entrada: 2n = 2n  tabela verdade com 2n linhas.

Tabela verdade
2 variáveis 3 variáveis 4 variáveis

A B A B C A B C D
0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 1 0 0 1 0 0 0 1
1 0 0 1 0 0 0 1 0
1 1 0 1 1 0 0 1 1
1 0 0 0 1 0 0
1 0 1 0 1 0 1
1 1 0 0 1 1 0
1 1 1 0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 0 1
1 0 1 0
1 0 1 1
1 1 0 0
1 1 0 1
1 1 1 0
1 1 1 1
EXERCICIOS
Obter a tabela verdade e desenhar o circuito lógico para as seguintes funções:

a) S  A C B
b) S  A C . B
c) S  A. B  C
d) S  A. B B. C

e) S  A B  C D

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RESOLVENDO

a) S  A C B
A B C
C A C) 
A C S  
A C B
0 0 0 1 1 0 0
0 0 1 0 0 1 1
0 1 0 1 1 0 1
0 1 1 0 0 1 1
1 0 0 1 1 0 0
1 0 1 0 1 0 0
1 1 0 1 1 0 1
1 1 1 0 1 0 1

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FORMAS DE SE OBTER A EQUAÇÃO BOOLEANA
Em um projeto de circuitos combinacionais a sequencia deve ser respeitada:
1-Entendimento do projeto
2-Determinação das variáveis de entrada e das variáveis de saída.
3-Elaboração da tabela verdade que implementa a solução
4-Equações Booleanas minimizadas
5-Circuitos Lógicos
6-Esquema elétrico

Para obtenção das equações booleanas os seguintes métodos são utilizados:


1-PRODUTO CANÔNICO E TEOREMA DA SOMA: dada uma tabela verdade cada linha
corresponde ao produto (AND) das variáveis de entrada barradas se for 0(zero), não
barradas se for 1(um).
EXEMPLOS:

A B Produto Canônico A B C Produto Canônico


0 0  . B
A  0 0 0  . B
A  . C
0 1  . B
A 0 0 1  . B
A  . C
1 0 A . B 0 1 0 A . B . C

1 1 A . B 0 1 1  . B . C
A
1 0 0 A . B . C
1 0 1 A . B . C
1 1 0 A . B . C
1 1 1 A . B. C

Dada uma tabela verdade que representa a solução de um problema qualquer, a equação
booleana será formada por uma soma (OR) dos produtos canônicos, onde a função assume
valor 1(um).
EXEMPLOS:
a-Tabela verdade de uma proposta qualquer.

A B S Produto Canônico Analise


0 0 1  . B
A  S = 1 faz parte da solução
0 1 0 
A . B S = 0 NÃO faz parte da solução
1 0 0 A . B S = 0 NÃO faz parte da solução
1 1 1 A . B S = 1 faz parte da solução
Da analise da tabela verdade selecionamos as linhas cujos S sejam iguais a 1, e esta
seleção comporá a equação booleana a solução para o problema, então:
 . B
S  A  A . B

A B C S Produto Canônico Analise


0 0 0 0  . B
A  . C S = 0 NÃO faz parte da solução
0 0 1 0  . B
A  . C S = 0 NÃO faz parte da solução
0 1 0 0 A . B . C
 S = 0 NÃO faz parte da solução
0 1 1 1  . B . C
A S = 1 faz parte da solução
1 0 0 0 A . B . C S = 0 NÃO faz parte da solução
1 0 1 1 A . B . C S = 1 faz parte da solução
1 1 0 0 A . B . C S = 0 NÃO faz parte da solução
1 1 1 1 A . B. C S = 1 faz parte da solução
Da analise da tabela verdade selecionamos as linhas cujos S sejam iguais a 1, e esta
seleção comporá a equação booleana a solução para o problema, então:
 . B . C A . B
S  A  . C A . B . C

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2-MAPA DE VEITCH-KARNAUGH: em um sistema de coordenadas binárias onde cada
célula (“quadradinho”) corresponde ao resultado (coluna S) de uma determinada linha da
tabela verdade, isto é corresponde aos possíveis resultados da tabela verdade.

2.1 Mapa com 2 variáveis de entrada:

A B S 0 1
0 0 P 0 P P
0 1 P 1 P P
1 0 P
1 1 P

2.2 Mapa com 3 variáveis de entrada: neste caso coluna tem duas variáveis de entrada e a
seqüencia das combinações sempre tem que ser essa, o segundo sinal igual ao primeiro do
seguinte, assim variando apenas o estado de 1 sinal (variável) por vez na mudança de
condição.
2º sinal = 0 sendo igual ao
1º sinal do seguinte= 0

2º sinal = 1 sendo igual ao


A B C S 1º sinal do seguinte= 1
0 0 0 P 2º sinal = 1 sendo igual ao
0 0 1 P
1º sinal do seguinte= 1
0 1 0 P
0 1 1 P
1 0 0 P 00 01 11 10
1 0 1 P 0 P P P! P
1 1 0 P! 1 P P P" P
1 1 1 P"

2.3 Mapa com 4 variáveis de entrada: 00 01 11 10


00 P P P P#
A B C D S Montagem do Mapa de Karnaugh A=0, B=0,
C=0, D=0
A=0, B=1,
C=0, D=0
A=1, B=1
C=0, D=0
A=1, B=0,
C=0, D=0
: 0 0 0 0 P 01 P P P P$
0 0 0 1 P 00 01 11 10 A=0, B=0, A=0, B=1, A=1, B=1, A=1, B=0,
C=0, D=1 C=0, D=1 C=0, D=1 C=0, D=1

0 0 1 0 P 00 P P P P# 11 P P" P P


0 0 1 1 P 01 P P P P$ A=0, B=0,
C=1, D=1
A=0, B=1,
C=1, D=1
A=1, B=1,
C=1, D=1
A=1, B=0,
C=1, D=1

0 1 0 0 P 11 P P" P P 10 P P! P P


A=0, B=0, A=0, B=1, A=1, B=1, A=1, B=0,
0 1 0 1 P 10 P P! P P C=1, D=0 C=1, D=0 C=1, D=0 C=1, D=0

0 1 1 0 P!
Mapa 1. Mapa 1 complemento
0 1 1 1 P"
1 0 0 0 P# Outra apresentação, muito interessante, da montagem do MK segue:
1 0 0 1 P$
1 0 1 0 P B
A  B
A AB AB B
A  B
A AB AB
1 0 1 1 P CD
 P P P P# CD
 B
A  . CD
  B. CD
A  AB. CD AB. CD
1 1 0 0 P CD P P P P$ CD B
A  . CD  B . CD
A AB . CD  . CD
AB
1 1 0 1 P CD P P" P P   . CD  B . CD  . CD
CD AB A AB . CD AB
1 1 1 0 P 
CD P P! P P CD B
A  . CD  B . CD
A  AB . CD  . CD
AB 
1 1 1 1 P
Mapa 2. Mapa 2 complemento

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ROTEIRO: para obtenção da equação booleana minimizada a partir do mapa de Karnaugh.
1-Obter o mapa de Karnaugh
2-Localizar todas células com valor 1(um)
3-Procurar formar grupos de vizinhos com as células de valor 1(um)
3.1-cada grupo deve ser o maior possível
3.2-obter a menor quantidade de grupos
4-Cada grupo de produtos correspondera a um produto (AND) das variáveis de
entrada que não mudam de valor barradas se for 0(zero), não barradas de for 1(um)
5-A equação booleana final será formada por uma soma (OR) das soluções de cada
grupo de vizinhos.
COMO PODEM SER OS GRUPOS DE VIZINHOS?
1-Variável independente: seu conjunto é formado por 1 célula apenas com valor 1.
0 1  . B

SA
0 1 0
1 0 0

2-Grupos de Vizinhos com 2(duas) células: são conjuntos de 2 células com valor 1 que
possuem a propriedades de ao se deslocar pelas 2 células consideradas apenas uma
variável de entrada muda de valor.
0 1 0 1 0 1
0 1 1 0 1 0 0 1 0
1 0 0 1 1 0 1 0 1

Passo a passo:  . B
S  A  A. B
SB  A
 . A SA  . B B
 Diagonal Não é Grupos de Vizinhos
SB  . 1 ∴ S  B
 SA  . 1 ∴ S  A
 Resultado elaborado por 2 variáveis
Grupos de Vizinhos localizados independentes

00 01 11 10 Resolução 00 01 11 10
no próximo
0 1 1 0 1 tópico 0 1 0 0 1
1 0 0 0 1 1 0 1 1 0

SA  . C A . B
 S = C . B C . B

Localizados 2 Grupos de Vizinhos

00 01 11 10
0 1 1 0 1 Localizados 4 Grupos de Vizinhos
1 0 1 1 0

S  C . B
 C . A
 A
 . B C . B

3-Grupos de Vizinhos com 4(quatro) células: são conjuntos de 4 células com valor 1 que
possuem a propriedades de ao se deslocar pelas 4 células consideradas apenas duas
variáveis de entrada mudam de valor.
00 01 11 10 00 01 11 10
0 1 1 0 0 0 1 1 1 1
1 1 1 0 0 1 0 0 0 0

SA  S  C
Localizado 1 Grupo de Vizinhos Localizado 1 Grupo de Vizinhos

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4-Grupos de Vizinhos com 8(oito) células: são conjuntos de 8 células com valor 1 que
possuem a propriedades de ao se deslocar pelas 8 células consideradas tres variáveis de
entrada mudam de valor.
00 01 11 10 00 01 11 10
00 1 0 0 1 00 0 1 1 0
01 1 0 0 1 01 0 1 1 0
11 1 0 0 1 11 0 1 1 0
10 1 0 0 1 10 0 1 1 0

SB  S  B
Localizado 1 Grupo de Vizinhos Localizado 1 Grupo de Vizinhos

OBSERVAÇÃO: OS GRUPOS DE VIZINHOS SEGUEM SEMPRE A POTENCIA DE 2.


2, 4, 8, 16, 16, .......CELULAS

APLICANDO O METODO DO PRODUTO CONICO E MAPA DE KARNAUGH.


Encontrando as expressões Booleanas pelo método dos Produtos Canônicos.
Exemplo 1: Tabela verdade Exemplo 2: Tabela verdade

A B C S produto canônico A B C S produto canônico


0 0 0 1  . B
A  . C 0 0 0 1  . B
A  . C
0 0 1 0  . B
A  . C 0 0 1 0  . B
A  . C
0 1 0 1 A . B . C
 0 1 0 0 A . B . C

0 1 1 0  . B . C
A 0 1 1 1  . B . C
A
1 0 0 1 A . B . C 1 0 0 1 A . B . C
1 0 1 1 A . B . C 1 0 1 0 A . B . C
1 1 0 0 A . B . C 1 1 0 0 A . B . C
1 1 1 0 A . B . C 1 1 1 1 A . B . C
S=A  . B
 . C + A . B . C + A . B
 . C + A . B
 . C S=A  . B
 . C + A . B . C + A . B
 . C + A . B . C
S=A  . C . C C + A . B  . C C S=A  . B
 . C B . C + A . B . C B . C
S=A  . C . 1 + A . B  . 1  . C B . C . A
S = B  A
S=A  . C + A . B  . C B . C . 1 ∴ S = C . B C . B
S = B 
Encontrando as expressões Booleanas pelo método do Mapa de Karnaugh.
Exemplo 1: Exemplo 2:
00 01 11 10 Localizados 00 01 11 10
2 grupos de
0 1 1 0 1 vizinhos 0 1 0 0 1
1 0 0 0 1 1 0 1 1 0

Passo a passo:
S  C . A
 . B
 A  . B S  A . B  C . C  . B A . B
S  C . A S  C . A
 . B
 A . B

   
S  C . A . B B S  A . B 0 
S  C . B. A A   
S  C . B. A A
S  C . A
 . 1 ) 
S  A . B S  C. &B. 1 '  C. B S  C . &B
. 1 '  C . B 
  
S  A. C A . B  
S = C . B C . B
Pode-se observar que simplificando a expressão fornecida pelo produto canônico o
resultado é a mesma expressão obtida pelo mapa de Karnaugh. Localizados os grupos de
vizinhança e solucionando de maneira algébrica o mapa de Karnaugh é encontrada a
expressão solução da tabela verdade.
Analisando o grupo de vizinhança em destaque abaixo, podemos generalizar que quando
ocorrerem as situações abaixo as expressões resultante serão sempre as mesmas.

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Individualizando:
Analise a partir da coluna 1 Analise a partir da linha 2
Os elementos que forem complementares durante a
resolução algébrica resultam em “1”, com isto este elemento
não fará parte da expressão resultante. Então no caso em
 B resulta “1”, resultando em S  A . 1
analise o termo B

Analise facilitada pois o resultado será o elemento


Daí o termo: barrado se for 0 e o próprio elemento se for 1. No caso
SA  . 1  A
 em analise apontou para 0 então o resultado será S  C

Resultado
Os elementos que não forem complementares durante a Como trata-se de uma operação AND a componente
resolução algébrica resultam no elemento barrado se for “0 e  . C
fornecida pelo par de vizinhança é S  A
0” ou no próprio elemento se for “1 e 1”. Então no caso em
 . 1
analise o resultado será S  A

Aplicação direta para obtenção do maior beneficio do mapa de Karnaugh: a obtenção de


expressões algébricas simplificadas, rapidamente, tornando o projeto do circuito otimizado.
1 – Analisar individualmente linhas e colunas do grupo de vizinhança
2 – Elementos complementares (0 – 1 ou 1 – 0) NÃO fazem parte do resultado
3 – Elementos em 0 e 0  fazem parte do resultado porem barrados
4 – Elementos em 1 e 1  fazem parte do resultado
5 – O resultado da analise da linha é multiplicado pelo resultado da coluna e vice-versa
6 – Os resultados de todos os grupos de vizinhança devem ser somados (OR)

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EXEMPLOS

1- 2-
0 1 0 1
0 1 0 0 1 1
1 1 0 1 0 1


SA  A
SB

3- 00 01 11 10 4- 00 01 11 10
0 1 0 0 0 0 1 1 1 1
1 0 1 1 1 1 0 1 0 0

S S 

5- 6-
00 01 11 10 00 01 11 10
00 1 0 0 1 00 1 0 0 1
01 0 1 1 0 01 1 0 0 1
11 0 1 1 0 11 1 0 1 1
10 1 0 0 1 10 1 0 0 1

S S 

7- 00 01 11 10 00 01 11 10
00 1 1 1 1 0 1 1 1 0
01 0 1 1 0 1 0 1 0 0
11 0 1 0 0
S 
10 0 0 1 1

S

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O QUE SÃO CONDIÇÕES IRRELEVANTES?
Chamamos de condição irrelevante (X) a situação de entrada onde a saída pode assumir 0
ou 1 indiferentemente. Esta condição ocorre principalmente pela impossibilidade prática do
caso de acontecer, sendo por vezes utilizadas. Para a utilização em diagramas de
Karnaugh, devemos para cada condição irrelevante adotar como valor de X, 1 ou 2,
escolhemos aquele que possibilitar melhor agrupamento com isto resultando uma expressão
mais simplificada.

A B C S 00 01 11 10
0 0 0 X 0 X 1 0 0
0 0 1 1 1 1 1 0 0
0 1 0 1
0 1 1 1 Supor X = 0
1 0 0 0 00 01 11 10
1 0 1 0 0 0 1 0 0 S  C . A
 A
 . B
1 1 0 0
1 1 1 0 0
1 1 1 0
Supor X = 1
00 01 11 10
0 1 1 0 0 
SA
1 1 1 0 0

A B C D S 00 01 11 10
0 0 0 0 X 00 X 1 0 0
0 0 0 1 0 01 0 0 1 X
0 0 1 0 1 11 1 1 X 0
0 0 1 1 X 10 X 1 0 X
0 1 0 0 1
0 1 0 1 0 Supor X = 0
0 1 1 0 1
00 01 11 10
0 1 1 1 1 4 grupos
00 0 1 0 0 S
1 0 0 0 0
1 0 0 1 1 01 0 0 1 0
1 0 1 0 X 11 1 1 0 0
1 0 1 1 0 10 0 1 0 0
1 1 0 0 0
1 1 0 1 X Supor X = 1
1 1 1 0 0 00 01 11 10
5 grupos
1 1 1 1 X 00 1 1 0 0 S
01 0 0 1 1
11 1 1 1 0
10 1 1 0 1

Supor X = 0 ou X = 1
00 01 11 10
3 grupos
00 1 1 0 0 S
01 0 0 1 1
11 1 1 0 0
10 1 1 0 0

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O que são agrupamentos de ZEROS?
Também podemos agrupar as células que valem 0 para obtermos a expressão booleana
simplificada em diagrama de Karnaugh, porem, nestas condições obtemos o complemento
da função, ou seja S e não S.

A B C S
0 0 0 0
0 0 1 1
0 1 0 0
0 1 1 1
1 0 0 1
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 1

Aplicando o método tradicional de grupamentos de 1, o mapa de Karnaugh resulta em:

00 01 11 10
0 0 0 1 1
1 1 1 1 1

S  A C

Aplicando o método de grupamentos de 0, o mapa de Karnaugh resulta em:

00 01 11 10
0 0 0 1 1
1 1 1 1 1

S  C . A
 ∴ S  C 
 . A

Conforme o 1º Teorema de De Morgan   B
A . B  A 
Fazemos X  C e Y  A 

 
Substituímos em S  C . A então S  X .
Y
Aplicando 1º teorema   Y
X . Y  X  então S  X
 Y

Voltando as variáveis originais X  C e Y  A 
SA  C ∴ S  A C

Um tanto quanto trabalhoso, mas é possível.

Prof. José dos Santos Garcia Neto 18


Exemplo Prático.
Em uma estação de distribuição de água existe um reservatório abastecido por uma poço
artesiano, este reservatório deve ser completado até seu nível máximo sempre que o
mesmo atingir um nível mínimo, sendo o nível máximo e mínimo determinados por
sensores, o controle da maquina de estado deve ser elaborado de forma a garantir que a
bomba de recalque seja acionada somente quando o nível mínimo for atingido e desligada
quando alcançado o nível máximo do reservatório, assim evitando-se partidas
desnecessárias da bomba. Utilizar neste projeto somente porta E (AND), OU (OR) e
INVERSOR (NOT). Também elaborar a tabela verdade da maquina de estado.

Primeiro circuito elaborado sem a aplicação das técnicas envolvidas neste tipo de projeto,
utilizando somente as portas lógicas:

Segundo circuito elaborado sem a aplicação das técnicas envolvidas neste tipo de projeto,
utilizando somente as portas lógicas. Sabemos que o circuito acima opera da maneira

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desejada, porem ficou muito caro a sua produção. Devemos otimizar a expressão booleana
encontrada para minimizar custos. Todos deverão tentar otimizar a equação mesmo que
não consiga devera entregar a tentativa.

Expressão booleana a ser simplificada


Expressão booleana simplificada, e circuito resultante da expressão booleana, resultado
esperado (porem ainda não é o melhor)

Depois de todas as tentativas e observado que é possível a elaboração de tal maquina de


estado vamos ao projeto, agora com aplicação das técnicas de circuitos lógicos digitais:
A sensor de caixa cheia B Sensor de caixa vazia C Motor S  Solução
A B M S produto canônico
0 0 0 1  . B
A  . C Atingiu nível mínimoligar bomba
0 0 1 1 
A . B . C Começou enchimentobomba ligada
0 1 0 0  . B . C
A esvaziandobomba desligada
0 1 1 1  . B . C
A Caixa enchendobomba ligada
1 0 0 Falha A . B . C Falha de sensor
1 0 1 Falha A . B . C Falha de sensor
1 1 0 0 A . B . C Caixa cheia – bomba desligada
1 1 1 0 A . B . C Caixa cheia – desligar bomba
Expressão Booleana para o sistema utilizando o método do Mapa de Karnaugh:

00 01 11 10
0 1 0 0 0
1 1 1 0 0

SA  . B
 C . A  ∴ S  A . B
 C
Expressão Booleana para o sistema utilizando o método dos Produtos Canônicos:
SA  . B
 . C A
 . B  . B . C ∴
 . C A
   
S  A . B . C B . C B . C ∴
SA  . B
 . C C. B  B ∴
SA  . B
 . C C. 1 ∴

S  A . B . C C
Como podemos observar a expressão pelo método dos produtos canônicos, resultou
diferente da expressão obtida pelo mapa de Karnaugh, sabemos que isto não pode
acontecer. Isto nos diz que uma das expressões não esta simplificada ao máximo, também
sabemos que o mapa de karnaugh resulta em uma expressão muito simplificada então
vamos tratar a expressão resultado do método dos produtos canônicos.
SA  . B
 . C C ( SA  . B
 C (afirmação 1)
Observando os resultados podemos supor que B . C C  B    C , para que as
equações S  A  . B
 . C C e S  A  . B
 C sejam iguais, então vamos manipular a
 
equação . C C :
B
Aplicando a identidade auxiliar   .      vem:
SA  . B
 C = SA  . B
 C

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Esta identidade auxiliar possibilita a confirmação da afirmação que a expressão resultante
da aplicação do método dos produtos canônicos é igual a equação resultante do mapa de
Karnaugh. Então podemos concluir que o resultado é o mesmo, porem os caminhos podem
sem muito mais complicados. Isto justifica porque a técnica mais utilizada para obtenção de
expressões booleanas é a do MAPA de KARNAUGH.

 . B
CIRCUITO DA EXPRESSÃO BOOLEANA SIMPLIFICADA S  A  C

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REFERÊNCIAS
IDOETA, Ivan Valeije, CAPUANO, Francisco Gabriel. Elementos de Eletrônica Digital. 40ª
edição. São Paulo, Editora Erika, 2009.

TOCCI, Ronald J., WIDNER, Neal S., MOSS, Gregory L. Sistemas Digitais Princípios e
Aplicações. 11ª edição. São Paulo, Editora Pearso, 2012.

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