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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ

2ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública da Comarca de Teresina DA COMARCA DE


TERESINA
Praça Edgard Nogueira, Cabral, TERESINA - PI - CEP: 64000-830

PROCESSO Nº: 0805870-85.2020.8.18.0140


CLASSE: AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (64)
ASSUNTO(S): [Dano ao Erário]
AUTOR: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PIAUI

Nome: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PIAUI


Endereço: Avenida Lindolfo Monteiro, 911, Fátima, TERESINA - PI - CEP: 64049-440

RÉU: FRANCISCO DE ASSIS DE OLIVEIRA COSTA, FLORENTINO ALVES VERAS NETO

Nome: FRANCISCO DE ASSIS DE OLIVEIRA COSTA


Endereço: Rodovia BR-343, 24, Beira Rio, TERESINA - PI - CEP: 64075-532
Nome: FLORENTINO ALVES VERAS NETO
Endereço: Avenida Pedro Freitas, 2002, São Pedro, TERESINA - PI - CEP: 64019-368
DECISÃO O(a) Dr.(a) nomeJuizOrgaoJulgador, MM. Juiz(a) de Direito da 2ª Vara dos Feitos da
Fazenda Pública da Comarca de Teresina da Comarca de TERESINA, MANDA o Oficial de Justiça
designado que, em cumprimento ao presente Despacho-mandado, proceda a CITAÇÃO/INTIMAÇÃO
conforme decisão abaixo

DECISÃO-MANDADO
1. Trata-se de AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATOS DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA ajuizada pelo Ministério Público em desfavor
de FRANCISCO DE ASSIS DE OLIVEIRA COSTA e FLORENTINO ALVES
VERAS NETO, devidamente qualificados na inicial, na qual se aduz a prática
de atos de improbidade administrativa que, além de importarem em
enriquecimento ilícito, causaram danos ao erário e ofenderam os princípios
da Administração Pública.
De acordo com a exordial, a 42ª Promotoria de Justiça, instaurou
Procedimento Administrativo de n.º 002489-019/2019, convertido
posteriormente no Inquérito Civil n.º 002489-019/2019, para apurar possível
improbidade administrativa dos responsáveis pelos repasses de
cofinanciamento da Atenção Básica do Estado do Piauí para os seus
municípios. Informa que o procedimento investigativo acima citado
fundamentou-se no ofício n.º 01636/2019, encaminhado pela 12ª Promotoria
de Justiça, o qual informava da expedição da Recomendação Administrativa
n.º 27/2019, a fim de dar cabo às irregularidades verificadas no âmbito da
SESAPI, suscitadas no Relatório de Auditoria DENASUS n.º 18.167.
2. Ressalta que a 12ª Promotoria de Justiça instaurou, em 14 de setembro de
2018, o Procedimento Administrativo nº 12/2018, seguido do Inquérito Civil
Público nº 20/2019 (SIMP: 000144-027/2018), para apurar irregularidades
nos repasses de cofinanciamento da Atenção Básica do Estado do Piauí
para os seus municípios e adequar o pagamento das parcelas mensais
devidas, conforme Portaria nº 130/2019 (Doc. 01 – anexo).
3. Afirma que diversas diligências foram deflagradas a fim de colacionar vasta
gama de informações para uma resolução extrajudicial, ou para subsidiar
eventual judicialização do caso. Inicialmente, foi juntado aos autos do
referido procedimento o Relatório de Auditoria nº 18.167 , elaborado pelo

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Departamento Nacional de Auditoria do SUS, órgão vinculado ao Ministério
da Saúde, cujo objetivo foi “verificar se a SESAPI tem prestado apoio aos
Municípios no processo de implantação, acompanhamento, ampliação e
consolidação da Estratégia Saúde da Família, no cofinanciamento tripartite,
monitoramento da utilização dos recursos federais, na consolidação e
qualificação da atenção básica, para que seja resolutiva e ordenadora da
rede de saúde”.
4. Ressalta que tal relatório constatou, em sua página 12, que “a SESAPI, nos
exercícios de 2016 e 2017, deixou de repassar aos municípios o valor de R$
32.820.888,97 (trinta e dois milhões, oitocentos e vinte mil, oitocentos e
oitenta e oito reais e noventa e sete centavos), relativos ao
cofinanciamento”.
5. Destaca ainda que, desse montante, R$ 24.496.719,35 (vinte e quatro
milhões, quatrocentos e noventa e seis mil, setecentos e dezenove reais e
trinta e cinco centavos) são relativos à Atenção Básica. Ademais, verificou-
se que os repasses, quando feitos, não obedeciam quaisquer critérios de
imparcialidade, ficando ao bel prazer do gestor estadual a escolha de quais
municípios seriam ou não contemplados com as parcelas devidas.
6. Ainda neste tema, os Anexos I e II do relatório do DENASUS apresentam as
parcelas mensais pagas e os valores devidos a cada município nos anos,
respectivamente, de 2016 e 2017.
7. À vista disso, a 12ª Promotoria de Justiça expediu ao Secretário Estadual de
Saúde, sr. Florentino Alves Veras Neto, a Recomendação Administrativa Nº
03/2018, na qual recomendou ao destinatário que providenciasse a
regularização do pagamento das parcelas referentes ao repasse à Atenção
Básica à Saúde dos municípios, bem assim o pagamento dos valores em
atraso. A referida Recomendação foi expedida em 14 de setembro de 2018 e
recebida pelo Excelentíssimo Secretário de Saúde na data de 18 de
setembro do mesmo ano.
8. Observa que, a Secretaria de Estado da Saúde restou silente sobre o
documento, mesmo após as diversas tentativas de comunicação via ofícios
expedidos pela 12ª Promotoria de Justiça de Teresina.
9. Esclarece que o relatório da Corte de Contas, no que se refere ao exercício
de 2016, o TCE-PI explanou a seguinte situação encontrada: “Devido ao
atraso dos repasses de cofinanciamento para saúde dos municípios no
exercício de 2016 […] constatou-se um parcelamento em 10 (dez) vezes no
montante de R$ 18.473.966,49. Constatou-se ainda que o cumprimento da
obrigação ocorre de forma desconexa, sem ordem cronológica. Ora pagam
parcelas em atraso de 2016, oram pagam cofinanciamentos de 2017 ou
referente ao exercício de 2018 e até do exercício de 2019. […] há atraso no
parcelamento do cofinanciamento referente ao exercício de 2016, de forma
que até maio/2019 foi pago o total de R$ 7.758.053,94, correspondendo ao
percentual de 41,99% do montante devido. Assim, a SESAPI/FUNSAÚDE
deixou de repassar aos municípios o valor de R$ 10.715.912,55 [...]”.

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10. Conclui que, tendo em vista a situação fática exposta e o flagrante atraso
por parte do Estado do Piauí em repassar os recursos do cofinanciamento
da Atenção Básica para os Municípios piauienses, bem como a inexistência
de regularidade e de critérios objetivos para a ocorrência desses repasses,
vem este representante do Ministério Público do Estado do Piauí impetrar a
presente Ação de Improbidade.
11. Juntou documentos.
Requer, em sede de liminar, a indisponibilidade dos bens dos
requeridos FRANCISCO DE ASSIS DE OLIVEIRA COSTA e
FLORENTINO ALVES VERAS NETO, até o montante do prejuízo
econômico causado ao erário.
É o relatório. Decido.
Compulsando os autos, em análise perfunctória, típica do momento
processual, vislumbro a existência de veementes indícios de
irregularidades que podem implicar grave prejuízo ao patrimônio público.
Entendo que, embora a referida medida restritiva patrimonial não enseje
expropriação imediata dos bens ou não necessite de comprovação de
dilapidação patrimonial para a sua concessão, há que se aferir, como
requisito mínimo, a existência de vestígios de comprovação dos de
improbidade apontados.
Nesse sentido, observo que a análise da matéria fática para efeitos de
liminar confunde-se com o próprio mérito final de demanda, visto que para
o deferimento de liminar é condição necessária a verificação da existência
de prática dos atos ímprobos dos requeridos.
Considere-se, ainda, que para a discriminação dos atos de improbidade
eventualmente praticados requer-se análise minuciosa, pois são 21 réus
apontados na demanda, o que somente poderá ser aferido após a regular
instrução do feito.
Assim, indefiro o pedido liminar de indisponibilidade de bens dos
requeridos.
2- Conforme artigo 17, § 7º, da Lei nº 8.429/92, determino a notificação dos
requeridos para, querendo, apresentarem manifestação, no prazo de 15
(quinze) dias.
Intime-se.
12. DETERMINO QUE O PRESENTE DOCUMENTO SIRVA, AO MESMO TEMPO, COMO
DESPACHO E COMO MANDADO.

13. Por este documento, fica o Oficial de Justiça que o portar autorizado a requisitar força policial
para o cumprimento da diligência nele determinada. CUMPRA-SE, NA FORMA E SOB AS
PENAS DA LEI. Poderá o Oficial de Justiça, para o cumprimento da diligência do mandado,
proceder conforme o disposto no § 2º do art. 212 do CPC.

TERESINA-PI, 4 de março de 2020.

Juiz(a) de Direito da 2ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública da Comarca de Teresina

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