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Xô,

Preguiça!
Vencendo a procrastinação na era das grandes
distrações


Dr. Wessel Friedrich

Todos os direitos reservados
Sumário


Sumário
Procrastinação, o inimigo de todos nós
Nosso tempo vale muito mais do que o nosso dinheiro.
CAPÍTULO 1
IDENTIFICANDO O PROBLEMA
CAPÍTULO 2
AKRASIA
CAPÍTULO 3
CONSEQUÊNCIAS DA PROCRASTINAÇÃO
CAPÍTULO 4
POR QUE PROCRASTINAMOS?
v QUANDO NÃO ESTAMOS MOTIVADOS
v QUANDO ESTAMOS COM MEDO
v QUANDO NÃO NOS SENTIMOS CONFIANTES
v INCONSISTÊNCIA TEMPORAL
v QUANDO NÃO GOSTAMOS DO QUE FAZEMOS
CAPÍTULO 5
A LINHA DA PROCRASTINAÇÃO & CICLO DE CONTATO
v PRÉ CONTATO OU SENSAÇÃO
v INICIO DO CONTATO
v ÚLTIMO CONTATO
v PÓS CONTATO
v CICLOS INCOMPLETOS
CAPÍTULO 6
PRAZO X SEM PRAZO
v COM PRAZO
v SEM PRAZO
CAPÍTULO 7
COMO PARAR DE PROCRASTINAR
v COM PLANEJAMENTO
v PLANO DE CURTO PRAZO
v PLANO DE LONGO PRAZO
v COM O SISTEMA DE RECOMPENSA
Você precisa se privar desta atividade agradável em outros momentos do seu dia a dia.
Lembre-se que estamos tentando deixar as coisas o mais fáceis possíveis para que seu corpo não
apresente tanta recusa natural para a atividade.
Você só poderá ir à praia quando fizer o orçamento da viagem.
v COM O SISTEMA DE PUNIÇÃO
Por isso, precisamos tornar as consequências mais imediatas.
Se eu não escrever 500 palavras desta pesquisa hoje, eu terei que escrever 1000 amanhã.
v Método 1.
Para cada dia que eu não escrever a meta de 500 palavras neste projeto, eu ficarei um dia sem
consumir açúcar na minha alimentação.
v Método 2.
CAPITULO 8
METAS IRREALISTAS
v Encontre a raiz do problema
v Qualidade x Quantidade
v Não faça comparações
v Não faça planos para tentar vencer os outros, e sim você mesmo.
CAPÍTULO 9
MAIS SOBRE COMO PARAR DE PROCRASTINAR
v MANTENHA UMA ROTINA DIÁRIA
v ORGANIZE SUAS METAS POR PRIORIDADE
v SIGA A ORDEM IMPOSTA
v REALIZE UMA TAREFA DE CADA VEZ
v MOVA TAREFAS INACABADAS PARA A PRÓXIMA LISTA
v SIGA ESTE MÉTODO DIARIAMENTE
v UTILIZE INCENTIVOS VISUAIS
v Incentivos Visuais são ótimos gatilhos
v Melhor visualização do progresso feito
v Motivação
CAPÍTULO 10
PRODUTIVIDADE E HÁBITO
Se conseguimos cumprir diversas tarefas no tempo que temos, podemos nos considerar produtivos e
de forma geral mais eficientes em nossos trabalhos.
Regra dos 2 minutos
“Já que eu estou pronto(a) e tenho tudo que preciso, é melhor ir.”
v Siga os seus planos, não o plano de outras pessoas
v Menos decisões diárias = Mais produtividade
v Saiba valorizar os começos imperfeitos


Procrastinação, o inimigo de todos nós
Você já parou para pensar sobre a importância do tempo? Esse elemento que faz parte das nossas
vidas é basicamente o que rege todos os aspectos de como vivemos e nos comportamos. Tudo que
fazemos, planejamos, pensamos acaba se resumindo ao tempo. Estamos constantemente pensando
nele, analisando o que fizemos no passado e sonhamos com o que queremos fazer no futuro,
lamentando o quanto perdemos e pensando em quanto ainda teremos.

Tempo é o único recurso que não é renovável, o tempo que perdemos não pode ser recuperado
uma vez perdido, uma vez desperdiçado. Você pode ganhar mais dinheiro, adquirir novos bens, criar
novas coisas, voltar a um lugar que visitou. O que nós realmente não podemos fazer é ganhar tempo.
Tudo que podemos fazer com relação a ele é gastá-lo, as vezes com sabedoria ou não.

Não sei se compartilham do mesmo sentimento, mas a ideia de perder tempo sempre me
assustou. Para algo que é tão valioso para nós, é surpreendente o quanto podemos acabar
desprezando o quão limitado ele é. O tempo é fator determinante quando falamos em personalidade,
afinal, o que você passa o seu tempo fazendo determina seus gostos, quem você é, o que gosta e o
que não gosta de fazer, inclusive as suas prioridades.

O que você não faz durante o seu tempo tem a mesma importância. O tempo que negligenciamos
sem fazer nada daquilo que precisamos também afeta quem somos e o rumo das nossas vidas. O que
decidimos fazer ou não fazer no tempo que temos agora irá determinar como teremos que gastar o
nosso tempo do futuro, e não ter controle sobre como poderemos usá-lo me soa como uma péssima
ideia.

Precisamos de tempo para ganhar dinheiro, para conquistar nossos objetivos, para crescermos
em nossas carreiras, ver nossa família crescer... Para tudo nós precisamos de tempo, e muitas vezes
bastante doses dele. Não podemos citar quase nada que seja instantâneo, para tudo há um processo,
etapas, tempo de espera.

Passamos a vida basicamente trocando nosso tempo por coisas que julgamos importantes. Sejam
elas dinheiro, diversão, trabalho, etc. E nós, em geral, temos escolha sobre como queremos dividir o
tempo que temos. Alguns decidem trabalhar mais pois vem prioridade no dinheiro, outros preferem
gastar menos tempo trabalhando porque estão satisfeitos com uma vida mais simples e preferem
usar o tempo com outras coisas. Podemos fazer o que quisermos.

Algo que sempre me fascinou a respeito do tempo é o fato de todos nós possuirmos a mesma
quantidade de horas para ser usada, independente de quem somos ou da nossa personalidade, todos
temos 24 horas diárias para decidir o que queremos fazer, ao contrário de todas as outras
particularidades e oportunidades que nos fazem únicos, o tempo é estável para todos.

Nosso tempo vale muito mais do que o nosso dinheiro.


Você pode usar o seu tempo para conseguir dinheiro e basicamente qualquer outra coisa que
deseja, mas nada... absolutamente nada lhe dar o poder de adquirir mais tempo. Isto
automaticamente torna o tempo um recurso muito mais importante e valioso, e mesmo assim,
frequentemente fazemos má escolhas sobre como usá-lo.

Ao contrário do dinheiro, nem sempre se trata sobre ter mais em quantidade, e sim sobre
valorizar o quanto tempos. Usá-lo da melhor forma e ter a confiança de que gastamos nosso tempo
fazendo boas escolhas. Tudo em nossas vidas, se resume a tempo.

Tempo é uma ferramenta de investimento. Se deseja algo, deve investir seu tempo em torno do
que almeja. Quando encontramos alguém bem-sucedido, a primeira coisa que pensamos é quanto
tempo de trabalho ele precisou para chegar a esse nível. Quando vemos um médico, logo pensamos
nos anos e anos de estudo que foram dedicados para conseguir se graduar e se especializar.
Quando somos um profissional que não investe nenhum tempo em aprimorar nosso
conhecimento, muito provavelmente não seremos o melhor da nossa área. Os profissionais mais
bem-sucedidos dedicaram muito mais tempo em aperfeiçoar seus métodos enquanto estávamos
ocupando nosso tempo com coisas triviais. E quando somos deixados para trás não entendemos
muito bem porque tudo aconteceu.

Ao contrário, quando entendemos nossos objetivos e estamos determinados a alcançá-los tudo se


torna mais fácil, pois queremos dedicar nosso tempo a este objetivo, mesmo sendo difícil e
cansativo, sabemos que todo o esforço vale a pena.

Você já parou para sentar e analisar os seus planos e sonhos? E como você pode alcançá-los?
Como você está usando o seu tempo para chegar até ele? Quanto tempo você precisará para
alcança-lo? Ou se apenas esse sonho é um pensamento que você nunca levou adiante mesmo tendo
todas ferramentas disponíveis para começar? Caso ainda não tenha parado para fazer esses
questionamentos a si mesmo, esta talvez seja uma boa hora para começar.

A diferença determinante entre duas pessoas com uma mesma ideia, ou seja, o que vai decidir
aquele que irá ter sucesso ou não, é o tempo. Quem realmente vai usar os seus dias para pôr o
planejado em prática. Os que agem e investem seu tempo em algo serão muito mais sucedidos do
que os que apenas deixam tudo no papel.

Além disso, valorizamos muito mais aquilo que leva mais tempo para conseguir, de fato, não
vemos de forma positiva as conquistas que vieram “rápido demais”, como se elas não merecessem
ser tão prestigiadas quanto as que levamos anos para conseguir. Consideramos algo que vem rápido
demais como “instável”, que pode a qualquer momento ser perdido e buscamos evita-las porque
entendemos que tudo é um processo.

Com a tamanha importância que o tempo tem sobre nossas vidas, é estranho perceber como é
comum deixar ele de lado e desperdiçar grandes quantidades todos os dias como se não houvesse
amanhã, como se estivéssemos bebendo de um poço sem fundo. Imagina viver nossas vidas
decidindo usar o nosso tempo em coisas que sabemos serem prejudiciais e adiar o tempo todo as
coisas que realmente precisamos fazer.

Precisamos distribuir o nosso tempo em uma forma melhor, tomar decisões melhores e investir
nossos dias em coisas melhores para nós mesmos. Invista seu tempo em construir algo bom para
você em seu ambiente de trabalho, faculdade e empreitadas para você e as pessoas ao seu redor, ao
invés de gastá-lo com coisas que não deveria estar fazendo. Quanto mais entendemos sua
importância, mais experientes ficamos em usá-lo a nosso favor. Tenha controle sobre ele e use-o
como uma ferramenta para realizar seus sonhos.
CAPÍTULO 1
IDENTIFICANDO O PROBLEMA

“Você pode se atrasar, mas o tempo não, e o tempo perdido nunca volta.” ´- Benjamin Franklin

Todos nós já deixamos para o último minuto algo que deveríamos ter começado dias antes ou
até mesmo meses antes. Sim, você também. Não adianta fingir que não é com você, afinal de contas,
está lendo este livro, o que convenhamos já é um ótimo sinal. Apesar de nossos maiores esforços,
parece que nós, como humanos, simplesmente somos imunes ao hábito de começar nossas tarefas
com antecedência, mesmo sabendo que provavelmente teríamos o privilégio de finalizar tudo que
precisamos com sucesso, menos estresse e dores de cabeça.

Parece que estamos sempre esperando pelo momento certo para começar algo, e esse momento
definitivamente não é agora. Afinal, o que lhe faria sair do conforto da sua casa em um dia de chuva
para aquela visita a biblioteca? O que lhe faria parar de assistir vídeos bobos em rede sociais para
começar aquele projeto estressante e tedioso da faculdade? Eu respondo... Nada. Nada mais
importa para nós além da situação, eu diria até fácil, em que estamos no momento. Notas baixas?
Não sabemos o que são; Reclamações do nosso supervisor no trabalho? Podemos lidar com isso em
outra hora! Preferimos nos submeter a correrias desnecessárias como a de tentar concluir
downloads de diversos artigos online enquanto nos preparamos para sair de casa para conseguir
escrever no carro ou ónibus, e se com um pouco de sorte conseguirmos entregar aquele projeto a
tempo, começam as rezas para pelo menos uma nota cinco, por favor.

Um momento! Aquela famosa desculpa de que “trabalho melhor sob pressão” não convence
aqui, afinal, se este fosse o nosso caso, por que então você estaria lendo este livro? Estamos aqui
conversando porque você conseguiu dar um pequeno passo, o de admitir e reconhecer que há algo
errado. Por tanto, não volte atrás agora, você realmente consegue ser mais produtivo quando
submetido a altos níveis de estresse, correria, suor e dores de cabeça? Ou talvez esteja procurando
motivos para justificar suas ações?

Tenho plena confiança de que, no fundo, você também sabe que está propositalmente adiando
suas responsabilidades, talvez até fugindo delas. Não apenas isso, talvez você não satisfeito com as
distrações que naturalmente podem surgir, procura por elas você mesmo, como desculpa para não
fazer as suas obrigações. Vai me dizer que você ainda não se deu conta que deixar o smartphone do
ladinho da sua mesa de estudo é uma péssima ideia...

Chances são de que você, como milhões de outras pessoas, prefere deixar tudo para a última
hora. Sim, sejamos honestos, na maioria das vezes, você mesmo decide se distrair com as coisas
mais banais, na tentativa de adir o máximo possível um dever que você puramente não quer
cumprir.

“Não é culpa minha!”. Claro que não, como esperar que você siga um plano inicialmente
preparado para que tudo ocorresse bem? Imprevistos acontecem, outros problemas surgem, e é sua
prioridade dispor sua atenção total a eles. Todo o resto pode esperar. Você consegue escrever
artigos em poucas horas, e aquela apresentação para os sócios da empresa nem é tão urgente assim,
não é mesmo?

Deixa-me adivinhar, você sempre espera pela Segunda-Feira para começar a sua dieta, e utiliza
todos os seus esforços e ferramentas para convencer a você mesmo que existe uma lógica válida em
começar qualquer plano apenas em uma Segunda-Feira, como se todos os outros dias da semana
fossem impróprios e automaticamente significassem um erro no fluxo das suas metas. Começar algo
a noite então... Impossível! Não é assim que as coisas devem ser, a noite não é um horário bom para
começar nada, apenas descansar.

Sinto informar leitor, que a Segunda-Feira é apenas mais um dia como outro qualquer, uma
desculpa que você usa talvez a anos para adiar sua reeducação alimentar. Não apenas isso, um dia
corresponde ao tempo que a Terra leva para dar uma volta completa sobre si mesma, ela não tem
nada a ver com os seus ou meus objetivos. Quantas Segundas-feiras você irá esperar antes de
realmente começar a trabalhar para realizar seus sonhos? Parece que a Segunda-feira correta nunca
chegará, sempre haverá uma nova semana, sempre haverá horas extras para organizar a casa, ou
para começar a procurar por um novo trabalho, você sempre poderá começar a escrever o seu
primeiro livro amanhã. A ideia de começar a trabalhar no agora parece assustadora demais.

Tudo bem, eu entendo que talvez alguns de nós adiamos tarefas propositalmente, e que talvez
para essas pessoas realmente é mais produtivo trabalhar sob pressão. Supondo que você caiu de
paraquedas neste livro, e que no fundo você não estava procurando soluções para este problema,
proponho um pequeno desafio, na verdade, uma análise. É muito simples, apenas precisa pensar em
seus projetos nas últimas semanas na faculdade, escola, trabalho ou até mesmo planos mais
pessoais, de longo e curto prazo, desde arrumar seu quarto a começar o seu projeto de conclusão de
curso.

Pronto? Então vamos lá. Você sempre consegue fazer tudo que previamente havia planejado para
a sua pesquisa? Seus artigos sempre são aclamados pela banca acadêmica? Você adiou, porém,
conseguiu resultados positivos em sua nova vida fitness? Você conseguiu seguir pelo menos 70% das
metas que fez para este ano? Você foi promovido ou ganhou um aumento de salário? Não? Tudo
bem, tomar a iniciativa de ler este livro já é um ótimo começo, e muito irá aprender aqui sobre a raiz
dos seus problemas.

Suas respostas foram sim? Bem, se todos estes questionamentos receberam uma réplica positiva,
significa que de alguma forma, você conseguiu atingir bons resultados mesmo na correria. Porém,
nada está tão bom que não possa ser melhorado. Se você acha que apenas é produtivo nos últimos
momentos de prazo, talvez você nunca tenha se proposto a tentar realizar tudo com mais calma,
logo, não conhece outra realidade. Você já tentou fazer essas mesmas atividades com antecedência?
Afinal, se você pode conseguir os mesmos resultados sem a fadiga, estresse e muitas vezes cansaço
físico e mental que fazer tudo no último momento podem lhe trazer, por que não pelo menos tentar?

Caso você seja do time “Eu admito”, estamos no caminho correto. Afinal de contas, todos nós
buscamos maneiras mais eficientes de resolver problemas, e reconhecer que os seus são muito mais
complexos e longos do que deveriam puramente por decisões tomadas por impulso já é um começo,
e provavelmente você poderá se identificar com as situações abordadas neste livro.

A primeira delas é que para muitos, a decisão de ignorar sua própria intuição e deixar tudo
para depois são sempre seguidas de arrependimento. Você sabe que deveria ter começado sua
pesquisa meses atrás e que deixar para a última hora pode afetar gravemente a qualidade do
projeto. Agora é tarde demais para tentar melhorá-lo e não há chances do seu orientador lhe
conceder mais tempo. O que fazer nessa situação? Culpar o seu cachorro de estimação e jurar que
ele destruiu o seu trabalho perfeito que certamente receberia um 10 e implorar por mais tempo
para refazê-lo ou aprender com a situação e tentar evitá-la no futuro?

Mesmo com situações semelhantes a essa que mais parecem ter saído direto dos nossos piores
pesadelos, o medo parece não ser forte o suficiente para lhe fazer estudar com antecedência. Ciente
do erro, você insiste em tentar convencer a si mesmo que dará tempo e você entregará tudo sem
maiores problemas. Até tudo dar errado.

Após mais uma Segunda-Feira ter passado, você lamenta não ter começado a dieta na semana
anterior, e apenas ter visitado a academia quinze dos trinta dias que pagou. Melhor ainda, como
“falhou” na sua dieta na Terça-Feira ou qualquer outro dia da semana, você obviamente agora
deverá esperar até a próxima Segunda-Feira, porque novamente, não se pode começar nada no meio
da semana. Você lamenta, se arrepende, se frustra, compra aquele pote de sorvete favorito para se
sentir melhor, e repete tudo na semana seguinte.

Da lamentação, passa para a raiva e sentimento de culpa. Você se cobra por continuar
delongando seus afazeres mesmo sabendo das consequências negativas, planeja tudo novamente
para a semana seguinte, sem realmente entender a raiz dos problemas. Não se pode esperar
resultados diferentes agindo da mesma forma repetidamente. Sem um entendimento mais profundo
do que nos faz agir desta maneira, apenas se frustrará novamente na semana seguinte.

Mas como entender e se livrar desse hábito tão prejudicial? Há várias hipóteses válidas sobre
os motivos que nos levam a agir dessa forma, algo tão complicado que resiste a maioria das nossas
tentativas de mudar, nos prendendo em um ciclo vicioso de culpa e repetição de erro. Alguns podem
tentar argumentar que se trata apenas da famosa preguiça, acredito, porém, que um preguiçoso não
gostaria de lidar repetidamente com a grande carga de afazeres para serem resolvidos em pouco
tempo que o adiamento por causar. Ao contrário da preguiça, que representa apatia e aquela
vontade de não fazer nada, neste caso você ativamente decide fazer outra coisa, tudo além do que
você realmente deveria estar fazendo. Vamos então, considerar a preguiça oficialmente inocente por
enquanto.

Outro famoso suspeito que podemos tentar acusar é a falta de planejamento, e embora ela
também possa prejudicar seus planos e seja essencial para o sucesso dos mesmos, talvez ele não
seja ainda o principal responsável por seus problemas, afinal de contas, você pode até planejar seu
esboço com metas diárias, o problema começa quando você não consegue seguir esse planejamento.
Logo, vamos considerar a falta de planejamento também inocente. Mas não esqueça dela, ela será
parte importante em alguns capítulos.

Bom, sendo assim, então quem, ou melhor, o que é responsável por todo esse estresse ao qual
somos submetidos quando deixamos para começar nossos estudos na noite anterior a uma prova?
Ou a carga de adrenalina que recebemos quando optamos por começar a fazer nossas malas para
trinta dias de viagem poucas horas antes do voo? Quem nunca, naquele conforto único que só nossa
própria cama pode proporcionar, decidiu continuar embaixo das cobertas na noite de sexta-feira ao
invés de estar na academia, mesmo que essa mesma academia custe um valor salgado para o nosso
bolso no fim do mês? Por que continuamos a tomar decisões que sabemos não ser as ideais a longo
prazo?

Nos capítulos seguintes, iremos abordar todos os aspectos do hábito que está prejudicando os
seus negócios, planos e projetos. Discutir maneiras e ferramentas para combatê-lo de forma efetiva
e simples, sem que seu corpo resmungue um não e retorne à estaca zero. Vamos começar a entender
melhor o vilão da sua eficiência, de forma que, ao final desta leitura consiga identificar possíveis
comportamentos de auto sabotagem e retomar o controle do seu dia-a-dia. Eu lhes apresento, a
procrastinação.
CAPÍTULO 2
AKRASIA
“Meu conselho é jamais deixar para amanha o que pode ser feito hoje. Procrastinação é o ladrão
do tempo”. - Charles Dickens

Nós sempre queremos mais. Encontrar uma única pessoa que esteja completamente satisfeita
em todos os aspectos que envolvem sua vida como relacionamentos, trabalhos, hobbies, vida social,
estudos, planos e cuidado pessoal parece ser uma missão impossível. Mesmo aqueles que ao nossos
olhos aparentemente possuem tudo que precisam ainda acumulam objetivos, planos e sonhos, e para
os casos mais extremos, a vida que levam hoje é completamente diferente da que gostariam de ter.
Dentre os mais variados possíveis motivos para essa constante insatisfação com nossas vidas está o
que trabalharemos neste livro, a procrastinação, quando tudo está a um passo do nosso alcance,
mas estamos ocupados demais deixando para depois.

Não há muito sentindo em reclamar da sua situação atual quando não se adota nenhuma
decisão para tentar mudá-la. A verdade é apenas uma, suas notas não vão subir de um básico cinco
para dez magicamente, e os quilinhos a mais também não vão desaparecer da noite para o dia.
Grande parte das nossas insatisfações são consequências das ações que tomamos, ou até mesmo,
daquelas que não tomamos.

Diariamente somos bombardeados de opções e questionamentos pequenos que podem causar um


grande impacto no futuro. E não é um futuro muito distante! O simples hábito de começar a fazer
seu trabalho poucas horas antes do fim do expediente já te coloca atrás dos outros funcionários que
passam o dia de trabalho sendo produtivos. Quando esse ato ocasional vira um hábito, pode
influenciar sua carreira como um todo, lhe tornando um mal profissional ou estudante. Ninguém
quer ser deixado para trás não é mesmo? Somos naturalmente competitivos e não conseguimos
evitar aquele “poderia ser eu” pensamento ao ver o colega ganhando uma superpromoção.
Realmente, poderia e deveria ser você! Mas, você decidiu que passar o dia inteiro navegando nas
redes sociais era mais importante.

Não estou, no entanto, implicando que deve trabalhar horas extras, ou puxar o saco do seu chefe
para conseguir um aumento. Estamos falando de obrigações básicas. Entenda que, você deve passar
as horas de trabalho... Trabalhando! Não é um bônus ou um extra, é fazer o que está sendo pago
para fazer naquele horário, ou no fim das contas terá que passar suas noites correndo para finalizar
projetos, ao invés de estar descansando ou aproveitando um bom jantar com os amigos.

Fora do ambiente de trabalho tudo funciona basicamente da mesma forma. Quanto mais você
adiar aquela organização bastante necessária no seu apartamento, mais dor de cabeça terá quando
for tentar limpar uma grande quantidade de cômodos em um só dia. Eu sei que você odeia organizar
a casa, e que por mais que você tente começar, não consegue evitar adiar até o último segundo,
quando já não há mais para onde correr. Se esse é seu caso, não se preocupe, não há nada de
estranho com você, você só tem que notar a presença de um certo comportamento, que está o
impedindo de começar seus afazeres, mesmo sabendo da urgência dos mesmos.

Especificamente, como nós podemos descrever esse comportamento? Quando começamos a


abdicar propositalmente das nossas responsabilidades? A resposta é a muito, muito tempo. Seres
humanos estão procrastinando a séculos. A conduta é tão antiga que filósofos da Grécia Antiga como
Sócrates e Aristóteles decidiram em uma palavra que representasse essa ação: Akrasia.

A palavra que soa estranho aos nossos ouvidos, para eles, significava “O ator de agir contra o seu
melhor julgamento”. Confuso? Basicamente é o ato de fazer algo, mesmo quando você está ciente de
que essa não é a melhor opção. Ou mais comumente no nosso caso, optar por não fazer algo, mesmo
quando estamos cientes que deveríamos fazê-las para o nosso próprio bem-estar. É quando você
decide ir ao cinema, mesmo sabendo que poderia estar começando sua pesquisa acadêmica, ou
quando decide assistir mais um episódio da sua série de TV favorita, mesmo sabendo que precisa
responder e-mails importantes.

Exibir comportamento de Akrasia significa perder controle, o que filósofos chamam de “fraqueza
de vontade”. O indivíduo que apresentasse esse hábito era chamado na Grécia antiga de “Akrates”,
ou seja, não possuíam “Kratos”. Calma, não precisa se desesperar e abandonar esta leitura devido a
quantidade de palavras novas e um pouco estranhas. Apenas compreenda este conceito: Akrates,
uma pessoa que não possui Kratos, é uma pessoa que perdeu uma batalha consigo mesma. Mas
como exatamente alguém pode perder para si mesmo?

O conceito original de Akrasia é bastante amplo e se refere ao ato de decidir fazer algo mesmo
sabendo que não é a escolha adequada, podendo ser aplicado a inúmeras situações e sendo
frequentemente ligado a falta de autocontrole. Quando optamos por comprar a peça de roupa mais
cara mesmo sabendo que a diferença de qualidade para a opção mais barata é mínima, nosso
comportamento pode ser definido como Akrasia. Nesse caso, o problema não é possuir um mau
julgamento do que é correto ou errado, você está completamente ciente da diferença de valores e
qualidade dos produtos, e entende que a melhor opção seria adquirir a peça mais barata. Todo o
planejamento é feito de forma harmonizada e você tem todas as informações que precisa para tomar
a melhor decisão. Porém, há uma falha no momento de executar o que foi planejamento, você acaba
pagando mais caro e não entende exatamente o que te levou a essa decisão. Assim, você acabou de
perder uma batalha contra o seu impulso de compra.

Não entendeu? Atente-se a este exemplo: Não há nenhum fumante que não saiba os malefícios
do cigarro. Todos estão a par das consequências que anos de fumo provocam à saúde. Muitos
inclusive, aconselham outras pessoas a não fumar, informam sobre os perigos do vício e procuram
evitar que outros sigam seus passos. Sabemos que existem vários empecilhos e dificuldades que
acompanham a decisão de largar o fumo, preciso que foquem essencialmente no conceito principal
da situação, no ato de fazer algo que você sabe não ser “bom” ou o ideal, de tomar decisões que
podem prejudicar o nosso próprio bem estar a longo prazo, a prática de ignorar tudo que sabemos e
seguir apenas um impulso de momento. Falta de controle, lembra?

Jogar precauções, consequências e basicamente a razão pela janela propositalmente


priorizando escolhas que são tecnicamente prejudiciais pode parecer um conceito difícil de se
acostumar. Pensamos em como alguém pode se auto sabotar? Simplesmente não faz sentido, é um
comportamento fora do esperado. Alguns filósofos inclusive, argumentam que no fim das contas, é
improvável uma pessoa decidir ativamente por fazer algo que prejudique a si mesmo, nosso instinto
de autoproteção seria forte demais.

Mas espera aí! Nós sabemos que estas escolhas de fato acontecem, nós mesmos as praticamos
diariamente. Você facilmente conseguiria recordar situações semelhantes no seu dia a dia, seja ele
acadêmico, de trabalho ou pessoal. Sendo assim, como é possível que elas não existam? Estaríamos
na verdade, buscando motivos e justificativas para disfarçar a nossa própria irresponsabilidade e
fraqueza de vontade? Qual seria o mecanismo que explica o porquê tomamos decisões erradas e
bobas? Por ser algo tão fora da linha quem nós deveríamos seguir, obviamente, não somos os
primeiros a estranhar esse conceito. Há vários possíveis fatores que podem ser discutidos na
tentativa de procurar soluções ou justificativas para a Akrasia, como os diversos motivos e gatilhos
mentais de recompensa e consequência que podem-nos transformar em uma pessoa Akrates. Mas
calma, um passo de cada vez.
CAPÍTULO 3
CONSEQUÊNCIAS DA PROCRASTINAÇÃO
“Nada é tão cansativo quanto o peso de uma tarefa inacabada”. - William James

Todos nós já tivemos problemas com a procrastinação em algum momento de nossas vidas.
Alguns mais do que outros, verdade, mas todos nós já adiamos ao máximo que podíamos uma tarefa
que simplesmente não queríamos fazer, ou talvez porque possuímos coisas demais na nossa cabeça,
não sabemos por onde começar, o que priorizar e acabamos não fazendo nada. Outras vezes nós
mesmos procuramos distrações, só para depois argumentar que não tivemos tempo e que nossas
vidas são tão ocupadas e cheia de afazeres que não dá para dar conta de tudo ao mesmo tempo.

Sabemos que é bastante difícil levar uma vida sem absolutamente nenhuma procrastinação e
que todos nós eventualmente iremos procrastinar. No entanto, estamos falando de pessoas que
permitem que esse comportamento se torne um hábito diário, alguns inclusive procrastinam várias
tarefas no mesmo dia, de forma que essas decisões afetam pontos importantes de nossas carreiras.
Se trata daquele momento onde notamos que poderíamos ser um escritor melhor se parássemos de
procrastinar, que seriamos um professor melhor se preparássemos o material das aulas com
antecedência, que provavelmente já estaríamos notando um tanquinho se apenas tivéssemos
começado a academia meses atrás. Cansados, finalmente decidimos fazer algo a respeito.

Se você chegou até aqui é porque provavelmente entende que poderia ser um profissional
melhor se parasse de procrastinar, talvez conseguiria aquele aumento que tanto almeja; Dinheiro
suficiente para fazer aquela viagem dos sonhos no fim do ano, trocar de carro, comprar livros novos
e quem sabe até adquirir um novo apartamento. Tudo se resume a eficiência, e a procrastinação
pode acabar se tornando uma grande inimiga das suas conquistas. Talvez, quem sabe, você apenas
esteja cansado das cargas de estresse e preocupação que procrastinar lhe causa. Talvez o seu corpo
e principalmente a sua mente estejam pedindo uma pausa da correria. Engana-se quem pensa que
procrastinar não é um problema tão grande assim, que não afeta nossa saúde e bem-estar de forma
significativa. Você e eu sabemos bem que isso não é verdade, e que postergar afazeres pode ter um
peso gigantesco em todos os aspectos de nossas vidas.

Procrastinar pode causar em suas maiores vítimas problemas de ansiedade e fadiga. O


esgotamento que fazer tudo em cima da hora causa pode aumentar riscos de problemas de saúde
em pessoas suscetíveis. Você se alimenta mal, para de fazer exercícios físicos, está sempre ocupado
demais para ir ao médico fazer um check up e devido ao estresse sua imunidade pode cair bastante.
Você se encontra não conseguindo passar um dia inteiro sem dores de cabeça e não entende o que
está acontecendo.

Talvez você esteja maltratando seu próprio corpo sem se dar conta. Toda essa adrenalina pode
ser a causa das suas noites de sono mal dormidas, deixando você exausto física e mentalmente. Esse
cansaço afeta diretamente o nosso humor e podemos acabar descontando nossas frustrações em
amigos e familiares, prejudicando nossos relacionamentos. Quem nunca acabou sendo um pouco
mais ríspido com colegas de trabalho depois de ter virado a noite tentando terminar um relatório do
qual você já tinha conhecimento da necessidade a semanas? No fim das contas seus amigos não têm
culpa, é você quem está tomando essas decisões.

Procrastinadores perdem bastante tempo. Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas adiar
começar aquele curso profissionalizante por meses e meses lhe faz perder uma quantidade absurda
de tempo precioso. Quando se der conta, anos já se passaram e você não começou nenhum dos
planos que tinha planejando para “daqui a 2 meses”. Quem nunca fez mil e uma promessas no
começo do ano, planos, metas que você jurou que alcançaria, mas acabou adiando por meses. Ano
após ano você continua listando as mesmas metas porque não consegue realmente pôr em prática
nada do que planejou.

Sua autoestima também sofrera com os seus hábitos. Talvez você saiba disso, procrastinadores
podem e na maioria das vezes são perfeccionistas e cobram bastante de si mesmos. No fim das
contas, é difícil manter o nosso ego quando vemos todos ao nosso redor aproveitando todas essas
incríveis oportunidades enquanto continuamos presos no mesmo lugar. Não avançamos em nenhum
aspecto de nossas vidas e começamos a nos considerar perdedores e questionar se talvez somos
apenas incapazes.

A baixa autoestima também pode afetar suas decisões. No meio da correria para entregar aquela
pesquisa que você realizou em duas horas seus critérios e padrões caem bruscamente. De repente
aquela nota oito que você queria tanto pode facilmente se tornar um cinco, e você está de acordo
com essa possibilidade. Como está sob imensa pressão, você é mais suscetível a fazer escolhas
ruins.

Perder dinheiro. Com certeza essa frase é suficiente pra assustar qualquer pessoa.
Procrastinar pode lhe fazer perder dinheiro. Você deixa para pagar suas contas no dia do
vencimento todo mês, um imprevisto acontece e você não consegue realizar esse pagamento e agora
terá que pagar juros. Mesmo já possuindo o valor do pagamento, você adia o quanto pode, como se
estivesse esperando a dívida magicamente desaparecer. Procrastinar também pode lhe custar
aquela promoção que tanto queria desde o momento quer foi contratado. Você não só perderá o
prestigio e a satisfação de subir de cargos como aquele bom aumento de salário que viria com ele.

Se identificou com tudo listado neste capítulo? Não perca as esperanças, parar de procrastinar
é possível e não significa que você é preguiçoso ou incapaz. É apenas um hábito, e todo hábito pode
ser eliminado ou transformado. Obviamente, seria ótimo se pudéssemos apertar um botão nas
nossas cabeças e acordar na manhã seguinte livres da procrastinação, isso, no entanto,
provavelmente não irá acontecer. Para a maioria dos procrastinadores o processo é lento, mas
pequenas mudanças diárias já podem significar uma grande diferença. Primeiro, você precisa
entender por que nós procrastinamos.


CAPÍTULO 4
POR QUE PROCRASTINAMOS?
“O que pode ser feito em qualquer momento não será feito em momento algum”. – Provérbio
Escocês

Nós agora entendemos e conseguimos identificar a raiz do nosso problema, procrastinamos.


Também descobrimos o que exatamente é a procrastinação, e apesar de saber que entender o
conceito é essencial, ainda podem restar algumas dúvidas, sendo a mais essencial “por que nós
procrastinamos”.

Agora que um pequeno passo já foi dado precisamos entender o que nos leva a agir dessa forma,
visto que o conceito da procrastinação e Akrasia parecem difíceis de digerir, por que faríamos tudo
isso conosco? Quem faria, por vontade própria, escolhas ruins para sua vida profissional e
acadêmica? O que nos levaria a esse comportamento?

Muitos podem acreditar que é apenas preguiça, descaso e talvez até uma falta de senso de
responsabilidade. Seria simples, confesso, se pudéssemos resumir todos os nossos problemas a
preguiça, a verdade é muito mais complexa e envolve as raízes do comportamento humano sobre
determinadas influências, nossas reações, como nos sentimos, nossos medos e nossos receios. Com
um pouco de ajuda, podemos começar a entender nossos motivos e porque a procrastinação
consegue atingir tantos de nós.

v QUANDO NÃO ESTAMOS MOTIVADOS


Motivação. Precisamos estar dispostos a agir em prol dos nossos objetivos, e a motivação é o
nosso principal combustível para que os projetos saiam do papel. Quando estamos animados sobre
algo como um evento, ocasião ou objetivo, tudo irá fluir mais facilmente. A expectativa nos
influencia a querer fazer algo a respeito agora, pois quando fazemos algo relacionado ao nosso
objetivo temos a falsa sensação de que já estamos vivendo aquilo que sonhamos. O problema é que o
que decidimos fazer, muitas vezes, não é relevante para a realização do projeto em si, e sim apenas
algo que nos faz sentir dessa forma.

Quem nunca decidiu levar uma vida mais ativa e decidiu ir ao Shopping mais próximo comprar
vestimentas adequadas para exercícios físicos quando deveríamos, na verdade, assinar o plano da
academia? Da mesma forma, comprar mais frutas e verduras nos impõe a sensação de que já
estamos nos alimentando melhor. Todas essas ações são frutos da nossa motivação, a todo o vapor,
nos incentivando a agir agora.

Após assistir um incrível documentário sobre negócios online e ler dez diferentes artigos sobre
empreendedorismo estamos mergulhados em estímulos e energia para finalmente começamos a
nossa Start Up; após uma conversa muito agradável com amigos bem-sucedidos nos sentimos
prontos para dar a volta por cima nos nossos estudos, aumentar nossas médias, nos destacar na
multidão. Seremos referência de excelência em qualquer coisa que fizermos; seria realmente uma
pena se a nossa motivação acabasse...

Sim! Motivação acaba... Rápido. Aquela onda de adrenalina que nos passa a impressão que
conseguimos realizar todos os nossos maiores sonhos apenas se colocarmos a nossa mente e
dedicação em nossas metas passa muito rápido. Logo somos bombardeados com a realidade, e ela
envolve todos os passos burocráticos e difíceis que acompanham literalmente qualquer coisa que
nós decidimos fazer. A energia esgotou, e você agora está desmotivado(a) e apático(a). Aqueles
assuntos que faziam seu coração palpitar apenas alguns dias atrás agora são chatos e cansativos,
você então finalmente os guarda em uma pequena gaveta do consciente... para depois.

v QUANDO ESTAMOS COM MEDO


Medo. Sim, esta palavra assim, única, pode explicar por que procrastinamos. Bem, pelo menos
uma das possíveis respostas aceitadas por pessoas no mundo inteiro. Temos medo! Medo de falhar,
medo de não sermos bons o suficiente. Engajar em atividades que são importantes nos apavoram,
não sabemos por onde começar, como terminar, nos estressamos por que colocamos grande pressão
em nós mesmo, sofremos com ansiedade, por antecipação.

Você já notou como é “mais fácil” para nós resolvermos coisas que não consideramos tão
importantes assim? Não pensamos muito sobre elas e com calma finalizamos uma a uma, sem
maiores problemas e dores de cabeça. As vezes nem nos damos conta que já está tudo resolvido,
parece fácil demais... Ou talvez o fato de não a consideramos tão importantes nos faz relaxar.
Calmos e mais racionais e lógicos, conseguimos finalizar tudo com muito mais facilidade.

Ao depositarmos maior importância em certas atividades ficamos com tanto medo de


falhar, que não temos coragem de começar. A ideia de fracassarmos em algo que é tão
importante para nós é muito mais intimidante do que simplesmente não começar, travamos. Caso
você já possua um histórico de falhas nesta atividade... Aí é que tudo piora. Você já fez o download
de vários tutoriais de Francês e tentou engajar em um hábito de estudo diário diversas vezes, e
falhou. Agora, você se recorda da má experiência, e praticamente se convence de que também não
irá conseguir dessa vez.

“Ué, se não vamos conseguir mesmo... por que tentar?”

Sentimos medo para nos proteger. Ele serve para nos avisar do perigo a tempo de agirmos para
escapar de qualquer situação que possa nos machucar. A partir do momento que você acredita que
uma ação irá genuinamente falhar, seu cérebro fará de tudo para te convencer a não o fazer para
preservar o seu bem-estar. Não somos, pelo menos a maioria de nós, masoquistas. Jamais
decidiremos fazer algo propositalmente que sabemos que não vai dar certo, que é errado. O medo te
impede de correr riscos, quando nada podemos conquistar sem sair da nossa zona de conforto.

v QUANDO NÃO NOS SENTIMOS CONFIANTES


Talvez para você não seja medo. Você não teme desvios no caminho e adora correr riscos, ama
se aventurar e tentar coisas novas. No entanto, claramente algo ainda te impede de dar o primeiro
passo em busca dos seus objetivos.

Você não acredita que possui o conhecimento necessário para resolver a situação.
Enquanto o medo de falhar discutido no tópico anterior se refere ao produto final e sua qualidade ou
efetividade, aqui, você não sabe nem por onde começar. Ou talvez, pelo menos você se convenceu
que não. Aqui, não é sobre seu livro que tanto sonhou em publicar ser ruim, difícil de ler, de péssima
qualidade; mas sim, sobre você não saber como e por onde deve começar.

Quando você não dispõe confiança em suas habilidades tende a evitar projetos em que seja
necessário usá-las! Naturalmente não gostamos de realizar tarefas que consideramos difíceis e
desconfortáveis, e muito do nosso desconforto quanto a um projeto está relacionado a termos
confiança que sabemos ou não, de fato, fazê-los.

O motivo para você procrastinar o início do seu projeto de conclusão de curso é a insegurança
de não conseguir sair do lugar. Às vezes, pode até tentar começar, decido(a) a finalizar pelo menos a
introdução; Depois de escrever quinze versões diferentes da primeira frase você finalmente desiste
e decide aposentar o computador pela noite, você não se acha capaz de avançar em suas próprias
metas.

Admitir dificuldade em alguma habilidade necessária ao seu dia a dia significa reconhecer que
você pode e deve melhorar. Você está ciente que uma hora ou outra não terá outra escolha a não ser
finalmente começar o seu projeto de conclusão, e que sentir dificuldades no desenvolvimento dele
significa ter ainda mais trabalho para tentar adquirir um conhecimento que você já deveria possuir.
Mais trabalho? Escrever uma monografia por si só já é bastante trabalho, e saber que
precisaremos aplicar ainda mais tempo e dedicação do que o esperado nos frustra. Decidimos então,
lidar com esse problema depois.

v INCONSISTÊNCIA TEMPORAL
Peço que não se assustem, mas talvez seja preciso misturar um pouco de ciência ao nosso
debate. Não é nenhum bicho de sete cabeças, prometo. Se trata de algo chamado “Time
Inconsistency” e ela pode ser uma das explicações para todos os seus questionamentos. Time
Inconsistency, no português “Inconsistência Temporal” é um dos temas de estudo da Psicologia
comportamental, ou Behaviorismo, e é um dos possíveis culpados mais frequentemente citados por
diversos autores como motivo para agirmos contra o nosso julgamento. Ela se refere a nossa
tendência de valorizarmos recompensas mais imediatas comparado a recompensas futuras.

Para entender esse conceito preciso que imagine duas versões de você mesmo, duas personas.
Vamos lá, eles serão quem você é agora e quem você almeja ser, ou seja, como você se vê agora e
como você se vê daqui a um intervalo de tempo. Todo e qualquer plano que você faz para o futuro
como perder peso, escrever um livro, melhorar suas notas, ser mais organizado, não acumular
dividas, etc... São planos que você faz para a sua versão futura, aquela que você quer ser. Funciona
como se você estivesse fazendo planos para você no futuro, são metas a médio e longo prazo.
Quando você planeja qualquer coisa que levará mais tempo para ser alcançado. Lembre-se, você
está fazendo planos para o seu futuro eu, e não para quem você é agora.

A inconsistência Temporal mostra que conseguimos entender muito melhor o valor das nossas
ações quando pensamos no nosso “futuro eu”. Pensa da seguinte forma: Nós sabemos que para ter
uma média oito no fim do semestre precisamos melhorar nossa vida acadêmica agora, e que essa
decisão é extremamente importante para atingir o resultado que queremos. Da mesma forma,
sabemos que para conseguirmos publicar um livro de trezentas páginas em seis meses, precisamos
começar a escreve-lo agora, é imprescindível que comecemos, afinal, não se escreve um livro em
apenas algumas horas. Conseguiu acompanhar?

Até aqui o que você precisa saber é que os planos que fazemos são para quem nós queremos
ser, e não para quem somos agora. Que quando analisamos nossas possibilidades e opções pensando
nessa futura versão de nós mesmos conseguimos valorizar muito mais as ações que precisamos
aplicar para atingir nossos objetivos. O nosso “futuro eu” entende o valor de recompensas de longo
prazo e o trabalho que deve ser dedicado a conquistar tudo que planejamos, mas o nosso eu de
agora... Não. Nosso “futuro eu” consegue fazer quantos planos e metas ele quiser, para que essas
metas virem realidade só existe um caminho... O nosso “eu do presente” precisa agir. E é aqui que
tudo fica mais complicado para nós meros mortais imperfeitos.

Nós sabemos que na hora de tomar decisões, apenas nós mesmos, agora, no presente
momento podemos decidir e agir sobre algo. Tudo que o nosso “futuro eu” pode fazer é planejar, e
infelizmente, ele é extremamente dependente de quem somos agora. O gatilho mental que complica
todo o nosso poder de fazer a escolha certa é esse: Nós apenas pensamos no agora.

O mecanismo funciona da seguinte forma, quando você planeja perder cinco quilos em três
meses, na verdade você está planejando estar cinco quilos mais magro(a) em três meses. Esta
pessoa com cinco quilos a menos é uma versão futura de você mesmo, no entanto, quando você
decide não aceitar aquele bolo de chocolate que seu colega de trabalho lhe ofereceu, você está
tomando uma decisão para o seu agora. Desta forma é simples de entender que, apesar de
querermos certo resultado no futuro, precisamos agir agora, e o nosso “eu de agora” não quer se
preocupar com planos futuros.

Mas por que o nosso agora quer tanto boicotar os nossos planos?

Ambas as versões sabem que melhorar suas notas é algo importante. A diferença está em como
reagimos a recompensas de curto e longo prazo. Nosso agora adora recompensas imediatas, e não
tem tempo para ficar imaginando ou sonhando com algo que ainda vai demorar meses para chegar.
Estamos muito mais preocupados em ser feliz agora, estar confortável agora, sentir o sabor do
chocolate agora, e isso pesa mais do que qualquer recompensa de longo prazo.

Essa diferença de interesse faz com que vivamos em combate com nós mesmos, e somos
obrigados a voltar ao autocontrole do qual nos referimos anteriormente. O seu futuro quer uma nota
melhor, mas o seu agora quer assistir aquele filme aclamado que ganhou o Oscar do ano. O seu
futuro pode até querer começar o seu próprio negócio, mas o seu agora se sente mais confortável
usando o tempo livre no fim de semana para aquela cervejinha com os amigos. Aprender um novo
idioma vai ter que esperar, o seu agora prefere ouvir o álbum novo do seu artista favorito. E ai de
quem tentar te aconselhar a abaixar o volume do som, o álbum é a sua prioridade e todo o resto
automaticamente se torna algo para depois.

Entendemos que nós priorizamos as recompensas imediatas e que elas vão influenciar
completamente as nossas decisões diárias. Mas e as consequências? Como elas irão afetar as nossas
decisões? Ninguém quer ser punido, não é mesmo? A linha de raciocínio para ambos é muito similar.
Nós estamos cientes das consequências de nossos atos, e mais uma vez priorizamos as
consequências a curto prazo comparado as de longo prazo.

Nós sabemos que jovens adultos e adultos com dietas pobres em nutrientes e ricas em
gorduras saturadas assim como um elevado consumo de açúcar podem nos deixar bastante doentes
no futuro, como diabéticos e com sobrepeso. Mas veja bem! Acabamos de citar a palavra chave de
todo o motivo pelo qual procrastinamos a nossa mudança alimentar.

“Pode nos deixar bastantes doentes... No futuro”

Esse futuro não nos interessa agora, assim como qualquer outra consequência de longo prazo.
Todos nós sabemos da importância de salvar aquele dinheiro todo mês para uma aposentadoria mais
tranquila e confortável. “Pelo amor de Deus! Eu tenho apenas 25 anos!” Se aposentar está a
anos de distância para muitos de nós, logo, ela está no fim da nossa lista de prioridades. É muito
mais fácil para nós, jovens e adultos, valorizarmos mais aquela viagem para a mesma cidade que já
visitamos outras dez vezes, por que não?

A inconsistência temporal é uma das razões que lhe faz desistir de planos para os quais você
estava totalmente animado horas antes. Quem nunca marcou aquela baladinha com os amigos para
o fim de semana, mas acabou inventando as desculpas mais tolas para cancelar tudo porque você só
conseguia pensar em ficar embaixo das cobertas dormindo? Descansar neste caso é muito mais
atrativo para você no momento do que dirigir para o outro lado da cidade. Naquele momento você
odeia baladas; precisa guardar dinheiro de todo jeito; acha que está até começando a sentir um
pouco de dor de cabeça. Você sabe que não quer sair de casa e tenta se convencer de que esta é a
melhor decisão, que é a decisão correta.

v QUANDO NÃO GOSTAMOS DO QUE FAZEMOS


Já tentou fazer algo que você não gosta? Pois é, não é das coisas mais fáceis de se acostumar.
Inevitavelmente tentamos ficar o mais longe possível das tarefas tediosas que mais nos oferecem
tédio do que prazer. Se você não tem medo de tentar coisas novas, não acredita que o problema está
em sua determinação ou não se identificou com a teoria da Inconsistência Temporal, talvez lhe falte
amar o que faz.

Tudo bem, sei que é difícil amar ir ao banco resolver aquelas pendências burocráticas. Não
somos de ferro. Quero que pense em objetivos maiores, na sua carreira, nos seus planos, sonhos.
Será que eles realmente representam seus maiores desejos?

Talvez você não ame tanto aquele livro de 150 páginas que está tentando ler a seis meses; talvez
você não goste tanto assim de fazer exercícios físicos, talvez você está bem com os quilinhos a mais,
talvez, no fundo, você sabe que odeia todo o processo envolto na criação da sua empresa.

Sabemos que é impossível gostar de tudo. Sempre haverá coisas que lhe causarão arrepios só de
imaginar, faz parte de ser adulto e a vida não é feita apenas de coisas prazerosas. Todos nós
simplesmente amamos pagar contas, principalmente quando elas estão recheadas de juros, não é
mesmo? Óbvio que não, mas precisamos paga-las do mesmo jeito e sabemos de sua importância.

Parte de ser alguém responsável é lidar com as tarefas que nós não gostamos de fazer. Até
porque, se pudéssemos escolher trabalhar apenas naquilo que gostamos, ou pagar apenas as contas
que achamos que devemos, todos nós viveríamos em caos. Tudo que você precisa aprender é como
passar por cima da barreira do “não estou afim” e pôr em prática ações que resolvam problemas. Se
você acredita que não há chances para mudar, que já passou do limite de salvação e que está
destinado a continuar procrastinando, de uma chance a você mesmo. Procrastinar é um hábito e
todo hábito pode ser modificado ou eliminado, lembra? Você pode aprender a parar de
procrastinar.
CAPÍTULO 5
A LINHA DA PROCRASTINAÇÃO & CICLO DE CONTATO
“Se adiar tudo até que se sinta preparado nunca irá realizar nada”. - Norman Vincent Peale

O ciclo de contato se refere ao ciclo que iniciamos quando começamos algo e a necessidade
que sentimos para finalizá-lo. Para algumas pessoas, ele é chamado de Ciclo de Gestalt ou ciclo de
experiência; Independentemente de como você o chame, este ciclo poderia ser descrito como a
imagem do processo que deveríamos seguir para completar tarefas com sucesso, e é nele que
falhamos quando procrastinamos.

Este ciclo possui várias etapas que devem ser seguidas corretamente e completadas para que
o nosso processo de troca de experiências ocorra. Apesar de existir diversas diferentes
interpretações e conceitos de uso, vamos usar neste livro o modelo utilizado por Joseph Zinker,
terapeuta altamente responsável pelo crescimento da teoria de Gestalt.

O ciclo de contato possui quatro diferentes fases e em cada uma destas fases agimos de forma
diferente. Completar todas as fases com sucesso seria o ideal para nós, por exemplo, não
procrastinarmos. Tudo funciona assim:

v PRÉ CONTATO OU SENSAÇÃO


Na fase de pré contato nós recebemos algum estimulo externo que nos faz sentir algo. É uma
sensação ou animação a respeito de algo que desperta nosso interesse e capta a nossa atenção.
Tratamos o nosso próprio corpo aqui como fundo, um quadro em branco que recebe uma onda de
impulsos que nos permite notar algo, nos faz consciente de alguma situação.

Apesar deste conceito talvez parecer vago demais para você, as possibilidades de exemplo para
esta fase são inúmeras para se listar.

Exemplo de situações caraterizadas pelo pré contato:

v Quando notamos a urgência de uma situação;

v Quando ficamos animados com uma viagem;

v Quando nos animamos ao saber que iremos encontrar alguém que gostamos;

v Quando nosso coração bate mais forte ao ver alguém que nos interessa;

v Quando percebemos que uma data importante está chegando.

Esta fase se refere exclusivamente a nossa percepção a um incitamento causado por algo ou
alguém, estamos apenas reagindo a algo e não agindo para algo.

Para ficar ainda mais fácil, essa fase seria quando você se torna ciente de um trabalho que
precisa ser realizado.

v INICIO DO CONTATO
A segunda fase se caracteriza em uma fase ativa, onde decidimos agir para resolver algo, ou
resolver uma situação que nos interessou. Se atente ao fato de que essa fase não se refere a resolver
os problemas em si, mas ao processo de decidir agir a respeito de algo e dar continuidade ao
processo que foi iniciado na fase de pré contato.

Dando continuidade aos exemplos dados, esta seria a situação do ciclo:


v Decidir fazer algo para resolver a situação;

v Decidir comprar passagens para que a viagem aconteça;

v Decidir ir ao encontro desta pessoa;

v Decidir se declarar para quem amamos;

v Decidir começar o projeto que devemos entregar.

É nesta fase que as falhas principais ocorrem. Quando não conseguimos seguir adiante com esta
fase, as coisas que começamos não podem ser finalizadas, continuam abertas, como negócios
inacabados. Esta situação nos incomoda bastante, na maioria das vezes, nos incomoda muito mais
do que o desconforto que trabalhar em algo que não gostamos pode nos trazer.

Nesta fase, seria como você decidir começar a trabalhar no projeto que precisa realizar.

v ÚLTIMO CONTATO
A terceira etapa do ciclo se refere a ação em si, quando realmente agimos para que o que
planejamos se torne realidade. É quando nos movemos, e saímos do estado estático que nos
encontrávamos. Esta fase é importante por que liga você a aquilo que planejou, ou aquilo que lhe
despertou interesse. Nesta fase, toda a sua atenção é voltada na ação que está realizando e não há
dúvidas ou questionamentos.

Ainda seguindo os exemplos que estamos usando, esta seria a configuração atual:

v Buscar resolver a situação que lhe deixou aflito (a);

v Realizar a viagem;

v Encontrar esta pessoa;

v Concluir a declaração para a pessoa amada;

v Começar a escrever ou pesquisar o projeto.

Esta fase nem sempre será confortável, afinal de contas, nem sempre agir em prol de algo que
devemos realizar é algo extremamente prazeroso. No entanto, essa fase do ciclo é muito mais
satisfatória do que não estar nela. É muito comum que pessoas que procrastinem e parem na fase 2
do ciclo, se sintam extremamente desconfortáveis e aflitos. Logo, não importa o qual ruim essa fase
possa lhe parecer, evitá-la, muitas vezes, se mostrar ser muito pior.

Aqui, você ligaria o seu computador e começaria a pesquisa.

v PÓS CONTATO
Na fase de Pós contanto, finalizamos a ação que começamos. É fechar ou concluir aquilo que
você começou, de forma que essa troca vira uma experiencia que será armazenada no seu cérebro;
algo que seria adicionado a uma grande biblioteca de momentos e realizações que inclusive,
serviram de referências para ciclos futuros. E é por isso que é tão importante passar por todo o ciclo
por mais difícil e complexo que ele pareça.

Durante essa fase, há uma retração. Você para de agir e sente-se satisfeito. Você fechou um ciclo
e viveu algo que queria ou que precisava viver. Nesta fase, não há estresse, apenas aquele suspiro
de alivio que damos após conseguir entregar algo com um deadline apertado, ou quando chegamos
em nossa casa após suar na academia; ou aquela sensação de esperança que sentimentos após
assinar nossos primeiros contratos. É a melhor parte do ciclo, porque nos sentimentos realizados e
prontos para mais ciclos, mais tarefas, mais aventuras.
v CICLOS INCOMPLETOS
A realização destes ciclos é de extrema importância. Veja bem leitor, acumular ciclos
“incompletos” em sua galeria, ou seja, em sua mente e tempo pode ter diversas consequências.
Imagine aquele papeis que você precisa assinar no trabalho, todos os dias cerca de cinco diferentes
papeis chegam até você. Cada um desses papeis possui temas diferentes, são sobre coisas diferentes
e possuem diferentes datas de entrega. Você então, lê todos, mas decide não começar a assiná-los
pois sabe que é um trabalho tedioso, longo e simplesmente lhe aparenta ser uma tarefa desgastante
demais para agora. Como são apenas cinco documentos você deixa para depois.

O problema é que como sabemos, todos os dias você receberá novos documentos, com novos
temas e novos prazos. Apenas após dias acumulando ciclos incompletos você sente certa urgência
em resolver suas pendências e se depara com uma bola de neve de projetos que você mesmo
acumulou. Quando decide então, finalmente começar a assinar os papeis, o fato de ter muito mais do
que os primeiros cinco que chegaram é ainda mais um motivo para você desanimar e não querer
começar. Quando tomar essa decisão eis a questão: por onde começo?

O acumulo de tantas coisas que demandam a sua atenção ao mesmo tempo dificulta ainda mais a
tarefa de escolher ou priorizar as mais importantes. Não apenas isso, sabemos que temos coisas
“inacabadas” e não conseguimos relaxar. Quando você procrastina sabe o que está fazendo, e nem
por um momento se esquece das coisas que tem que fazer. Você está a todo tempo ciente daquela
tarefa, pensando nela, contemplando começá-la e por todos os motivos que citamos em Por que
procrastinamos, você não consegue transformar essa energia em ações.

Viver preocupado não é uma das melhores experiências, e é assim que vive um procrastinador,
constantemente pensando nas coisas que não fez; em prazos, datas, na gritaria do chefe, quem sabe
até na demissão caso falhe em suas tarefas básicas. Ocupados com as coisas pendentes, não
estamos abertos a novas experiências voluntárias. É quando dizemos aos amigos que não podemos ir
para a balada porque “temos que terminar algo” e acabamos passando a noite encarando a tela do
computador sem digitar uma simples letra.
CAPÍTULO 6
PRAZO X SEM PRAZO
“Procrastinação é a assassina da oportunidade”. - Victor Kiam

Procrastinar é uma ação. Um hábito. Ela é consequência; uma reação; talvez até uma defesa
que criamos para evitar algo que para nós é desconfortável. Seja por medo de falhar ou porque você
odeia aquela tarefa que tem que ser finalizada para ontem, você procura qualquer distração para
tirar a sua mente do dever do qual está fugindo. Como discutimos anteriormente, procrastinar está
longe de ser apenas preguiça, e envolve vários mecanismos diferentes no nosso cérebro como
ansiedade, mecanismos de recompensa, etc... Com quase todas as definições fora do nosso caminho,
está na hora de finalmente, listar ferramentas e gatilhos mentais que podem nos ajudar a começar a
fazer tudo que precisamos e queremos agora, nesse momento.

Deixar as coisas para depois é apenas uma decisão. Porém, para que este capitulo e os
seguintes sejam mais didáticos e leves, a partir de agora, trataremos a procrastinação em duas
diferentes categorias, elas são:

v A procrastinação das metas que possuem prazo

v A procrastinação das metas que não possuem prazo

Essas duas categorias são de extrema importância a partir deste momento, pois elas nos ajudarão
a classificar os nossos objetivos, e implementar as ações mais adequadas para cada situação. Sei
que já deve estar exausto(a) de definições, mas me perdoe enquanto escrevo o conceito de cada uma
dessas categorias e o que elas significam na prática.

v COM PRAZO
Uma tarefa ou afazer com prazo, como o nome já diz, é aquele projeto que tem uma data
especifica de entrega, um vencimento. Você precisa entregar ou finalizar ele em determinado dia e
hora. Este tipo de projeto é muito mais comum no nosso dia a dia, lidamos com ele na nossa vida
acadêmica, no nosso trabalho, e a maior parte das nossas tarefas diárias também possuem prazos.

Você tem uma data especifica para defender o seu TCC; o semestre da faculdade tem data para
acabar e você precisa entregar e finalizar seus trabalhos acadêmicos até lá; a prova tão difícil que
toda a sua turma está morrendo de medo de fazer também tem uma data. Mesmo saindo da vida
acadêmica, colocamos prazos para quase tudo que fazemos e tudo que nos rodeia de forma
involuntária ou essas datas são impostas para todos nós. A fatura do cartão de crédito chega no
nosso endereço em uma data exata e também tem data de vencimento. Se não pagamos a tempo,
seremos multados com taxas de juros absurdamente altas por atraso.

Basicamente, se trata de tudo aquilo que não é opção, e sim obrigação. Você tem que fazer todos
os seus pagamentos, caso não pretenda ter jantares a luz de velas quando cancelaram a sua energia,
e aposto que também não está animado(a) com a possibilidade de ouvir um sermão do seu chefe
sobre o relatório que você deveria ter entregue dois dias atrás. Para esse tipo de tarefa nós somos
cobrados constantemente, seja por uma pessoa real de carne e osso, ou pela situação em si.

v SEM PRAZO
Os nossos projetos sem prazo podem ser definidos como os nossos desejos. São aquelas coisas
que pretendemos fazer, temos vontade, são planos ao invés de projetos definidos. Seriam eles aquele
sonho de viajar duas vezes ao ano, ou o objetivo de aumentar nossas notas, ou o desejo de começar
o próprio negócio, adquirir um imóvel, mudar de cidade. São aquelas coisas que queremos fazer,
mas não definimos nenhum prazo especifico para elas.

Esses objetivos são tão importantes para nós quanto aqueles que possuem um prazo
delimitado, mas por não termos uma data especifica para a entrega, sentimos mais liberdade quanto
a esses projetos, o que nos dá muito mais espaço para procrastinar. Essas atividades sem prazo são
as que mais sofrem com a nossa procrastinação. Na verdade, as que causam danos mais desastrosos
para procrastinadores. Por que? Bom, se não tivéssemos um chefe esbravejando em nossos ouvidos,
com certeza nos sentiríamos mais tranquilos para fazer nossas obrigações apenas horas depois do
combinado, ou talvez até nem as fazer. Quando há inúmeras oportunidades para o “amanha”,
procrastinadores irão usufruir de todas elas.

Funciona basicamente da seguinte forma: Estes dois tipos de atividades são iguais até um
determinado momento, até que se separam em pontos essenciais. Ambas as tarefas são importantes
para nós, são nossas prioridades e sabemos que temos que realizá-las, que a finalização delas nos
daria grande satisfação. Como procrastinadores natos, nós adiamos ambos os tipos de tarefa, e
sofremos todas as consequências dessa decisão. Nos sentimentos frustrados, estressados, com altos
níveis de ansiedade, e até a maior parte do tempo que temos disponível, isso nos impede de agir.

É quando, a partir daí tudo muda. Na nossa tarefa com prazo, o peso da data de entrega ou de
finalização, em algum momento, falará mais alto. Lembre-se que para essa categoria nós não temos
escolha. Ou você faz o seu TCC ou você reprova em seu projeto de conclusão e terá que repetir o
semestre. Esse medo, esse desespero, neste momento, quando faltam duas horas para o fim do
prazo, lhe fazem agir. É como se o seu senso de preservação te desse um empurro e gritasse aos
seus ouvidos que você tem que entregar... Algo. Pelo menos um rascunho. Pelo menos um artigo mal
feito e cheio de erros ortográficos, mas você simplesmente não pode decidir não entregar esse
projeto, essa não é uma das opções, ela não existe.

Esse desespero combinado a uma onda de adrenalina percorrendo o seu corpo lhe dá forças para
de alguma forma terminar de escrever a quantidade mínima de páginas, talvez fazer uma capa às
pressas em um programa gratuito de edição de imagens, o importante é entregar. É finalizar aquilo
que você se propôs a fazer. Este tipo de tarefa só te dá essa única opção.

O projeto sem prazo, no entanto... te dá opções demais. Você não se sente pressionado a fazê-los
pois não há um vencimento, não há uma data, você não precisa prestar contas a ninguém a não ser
você mesmo. Se essa tarefa te causa desconforto de alguma forma ou te força a sair da sua zona de
conforto, você pode adiá-la infinitamente. O problema fica ainda maior porque dessa forma, anos e
anos podem passar e você não fez nada daquilo que queria anos atrás. Anos podem se passar e fases
importantes da sua vida passarão com eles, sem você ter feito nada do que queria ter realizado em
cada fase.

A viagem dos sonhos que você quer fazer com destino a África desde os seus vinte e cinco anos;
O sonho de dar o pontapé naquela Startup que salvaria sua situação financeira que você planeja a
mais de cinco anos; Fazer a sua segunda graduação no curso que você sempre amou; Quem sabe até
comprar um imóvel, ou criar uma família. Sonhos que você sempre pode deixar para depois até que
simplesmente não possa mais.

Veja bem, não estou lhe aconselhando a se jogar em seus planos mais loucos com a cara e a
coragem, sem nenhum planejamento e apenas torcer para que de alguma forma der certo. Estamos
falando da linha tênue entre não estarmos genuinamente preparados para algo, ou usar essa
desculpa para não fazer aquilo que devemos ou queremos, porque nos assusta.

Estes, no fim das contas, são os sonhos que mais nos frustram, porque sentimos que perdemos
grandes oportunidades e que agora é tarde demais para correr atrás do prejuízo. Você agora tem
uma família e filhos pequenos e não pode se ausentar por tanto tempo para sua viagem à África,
muito menos tem tempo para fazer outra graduação, pagar as contas é mais importante. Aquela
Startup que parecia ser uma ideia genial já não aparenta mais ser um bom plano. O comércio
mudou, os negócios mudaram e o timing já não funciona mais.

Apesar de ambos os tipos de atividades nos deixarem extremamente frustrados as consequências


para ambos são diferentes em grau de gravidade a longo prazo. Enquanto umas podem prejudicar o
seu semestre na faculdade, outras podem prejudicar todo o planejamento da sua vida. Sim, isso
mesmo, de toda a sua vida. Todos os planos para o seu futuro daqui a dez anos dependem do que
você faz agora. E procrastinar esses planos parece a receita perfeita para se transformar em sua
pessoa confusa e frustrada daqui a dez anos.

A procrastinação dos objetivos sem prazo nos faz carregar uma carga muito maior de culpa,
porque sabemos que os únicos responsáveis por não termos conseguido fazer algo somos nós
mesmos. Não temos ninguém mais para culpar; não temos como jogar a responsabilidade para os
nossos sócios, ou para o nosso chefe. A realização desses objetos dependia exclusivamente de nós
mesmos, e esse pensamento para muitos é simplesmente assustador pois não queremos ser aquela
pessoa em anos cheias de arrependimentos. “Para onde foram todos os anos?”; “A vida passa muito
rápido”.

Como essas duas categorias possuem consequências distintas os métodos usados para ambas
também serão diferentes. Levando em consideração também que combater procrastinações com
prazo são, se é que podemos chamar assim, um pouco mais fácil comparado as procrastinações sem
prazo. Essas requerem muito mais energia e muito mais dedicação daqueles que se dispõem a
começar a trabalhar em seus objetivos e realizá-los agora, não depois.
CAPÍTULO 7
COMO PARAR DE PROCRASTINAR
“Procrastinação, é sempre sombra de dúvida, nossa forma favorita de auto sabotagem”. Alyce P.
Cornyn-Selby

Já chega de conceitos, prometo. Vamos parar de procrastinar. Nos seguintes tópicos


abordaremos inicialmente três diferentes métodos que lhe ajudarão a diminuir consideravelmente
seu hábito de procrastinador.

No primeiro tópico trataremos do PLANEJAMENTO. Esse fator é de extrema importância para


garantir que você saiba exatamente o que precisa fazer a curto e longo prazo, esta etapa evita
sustos e surpresas, aquela situação de nos darmos conta de uma tarefa 24 horas antes do prazo. O
segundo tópico abordado se refere ao famoso sistema de RECOMPENSA, e como elas podem ser
suas melhores aliadas para ser produtivo. Para esta etapa, nós falaremos em como “enganar” o
nosso cérebro a sentir vontade de fazer tarefas árduas que normalmente evitaríamos no nosso dia-a-
dia. No terceiro tópico deste capítulo trataremos da PUNIÇÃO, e como ela pode condicionar o seu
comportamento para não procrastinar mais. Aqui nós ensinaremos nossas mentes a reconhecer que
a consequência da procrastinação tem afetos imediatos e não a longo prazo.

Pronto(a) para começar a mudar o hábito de procrastinar e tomar as rédeas dos seus projetos e
da sua vida? Vamos lá!

v COM PLANEJAMENTO
Como primeiro tópico abordado o planejamento tem papel fundamental em tudo que faremos.
O primeiro passo para a organização de seus projetos e afazeres é decidir as etapas que você
precisa completar para finalizar tudo com calma e qualidade. O planejamento permite que você
minimize as chances de erros e imprevistos, e o que nós estamos tentando fazer é justamente
prevenir os erros no nosso processo não é mesmo?

Se você não possui um calendário, pare tudo que está fazendo e corra para a loja de conveniência
mais próxima. Você precisa ter um calendário de tamanho razoável a sua disposição. É nele que
você vai organizar todas as suas metas e objetivos, sem exceções. Por mais que você possua
calendários no seu smartphone, compre um calendário físico para deixar na sua mesa de estudos ou
home office. Caso não goste de escrever a mão, vale a pena a busca por aplicativos de calendário
para computares ou notebooks. De preferência, algum modelo que possa ser instalado no seu papel
de parede do computador. Isso mesmo! O importante é que o calendário esteja a todo momento
visível para você e de fácil acesso.

Agora que você já tem seu calendário em mãos ou no seu computador, o próximo passo é anotar
as suas tarefas. Sim! Pode parecer um passo talvez até bobo, mas muitos de nós frequentemente
perdemos a noção de quanto trabalho realmente temos para fazer quando não colocamos tudo no
papel. Separe alguns minutos do seu dia para fazer uma lista de todos os afazeres, objetivos e
planos que você possui. Nesta fase, não importa se o prazo de entrega é para ontem ou se o projeto
é para daqui a dois anos, apenas anote tudo que você quer realizar, todas as coisas que você tem
que fazer.

Com a sua lista, que imagino estar gigantesca a este ponto, você irá agora categorizar os seus
planos! Todos os itens que você listou agora serão segregados em três grandes categorias:

v Planos de curto prazo


v Planos de médio prazo

v Planos de longo prazo (Ou planos sem prazo)

Ué? Mas nós não já falamos de prazos? Exatamente. Lembra quando falamos que os prazos, de
certa forma, ajudam a evitar a procrastinação, visto que ao nos aproximarmos da entrega entramos
em estado de desespero e agimos? Pois bem, isso não quer dizer, é claro, que quero que vivam em
estresse e desespero, um passo de cada vez. Inicialmente, essas categorias nos ajudam a ter uma
noção melhor de quando temos que finalizar algo e nos ajuda a ser mais organizados. Com o uso
dessas categorias, conseguimos visualizar de forma mais clara o que precisamos fazer e quando
precisamos fazer.

Para deixar a classificação mais clara, o critério que você deverá usar para organizar seus planos
são:

v Plano de curto prazo = Aqueles projetos que levarão menos tempo para serem
realizados. O ideal é que esses planos não possuam um deadline maior a 1 mês. Aqui
você colocará planos como: Arrumar o seu quarto; começar a frequentar a academia;
organizar os arquivos do seu computador; desfazer as malas de uma viagem; etc.

v Plano de médio prazo = Nesta categoria estarão os projetos que levarão um pouco mais
de tempo para serem concluídos. Coloque aqui planos que não ultrapassem 3 meses,
como: Perder 2kg; finalizar um artigo de pesquisa; concluir 10 aulas de inglês ou do
idioma de preferência; etc.

v Plano de longo prazo = Sabe aquela viagem dos sonhos que citamos várias vezes neste
livro? Ela será classificada aqui. Esses são os projetos que precisarão de mais de 3
meses para serem concluídos, como: Uma viagem; retirar a carteira de motorista;
terminar o seu TCC; etc. Nesta categoria também estarão os planos sem prazo, aqueles
que você quer realizar, mas não escolheu uma data especifica ainda, como a compra de
um novo imóvel, por exemplo.

É importante lembrar, no entanto, que estes são apenas alguns exemplos e você deverá
classificar os seus próprios projetos de acordo os prazos da forma que acha mais adequada. Afinal,
todos nós temos planos diferentes, com prazos diferentes e importâncias diferentes.

Agora que os seus projetos já estão devidamente classificados, o próximo passo é transformá-los
em metas. Basicamente, você vai quebrar grandes projetos em pedaços menores; transformar um
grande prazo em vários prazos menores. Isto irá lhe ajudar a manter o fluxo de trabalho muito mais
tranquilo e organizado.

Se você ainda não entendeu o conceito dos prazos, aqui estão alguns exemplos para cada um dos
tipos apresentados.

v PLANO DE CURTO PRAZO


Você tem uma reunião importante com representantes de alguns clientes e precisa apresentar
números dos avanços dos negócios realizados pela sua empresa, assim como dar amostras das ideias
que pretendem implementar no futuro. Seu chefe lhe informou desta reunião hoje, e ela acontecerá
daqui a exatamente três semanas, o que a configura como um afazer de curto prazo.

Suponhamos que você precise apresentar as provas de crescimento ou desenvolvimento de seis


diferentes clientes parceiros. Isto significa que você precisa montar uma apresentação e coletar
dados e informações destes seis clientes para a reunião que acontece em três semanas.

Como um bom procrastinador, em outra situação você ficaria tranquilo com o intervalo de tempo
que possui até a data da reunião e deixaria para começar a recolher a papelada na semana em que a
reunião está agendada. No entanto, desta vez tentaremos algo diferente.

Você sabe que possui dias muito puxados no trabalho e dias mais leves, onde a carga de afazeres
é menor. Suas metas então, serão separadas de acordo com esses dias. Como? Neste caso é simples,
você tem a papelada de seis clientes e três semanas de prazo. Isto significa que em cada semana,
você selecionará dois clientes para serem as metas daquela semana. Nossa situação estará mais ou
menos assim:

Desta forma, ao invés de acumular tudo que precisa fazer para apenas um dia, esses afazeres
serão separados em dias diferentes, em metas menores. O ideal será que os dias escolhidos para a
realização do trabalho sejam aqueles em que sabe que possui mais tempo disponível, para que a
carga de trabalho não fique grande demais para o espaço de tempo definido.

Todas essas datas serão adicionadas em seu calendário que deverá estar bem visível, lembra?
Assim você vai saber exatamente os dias em que terá que coletar a papelada. Pessoas habituadas a
dividir seus projetos em metas perceberam grande melhoria na organização de seus projetos. Desta
forma não há sustos ou correria nas últimas horas. Dias antes da reunião tudo já estará pronto.

Quando você já estiver familiarizado com o uso do calendário e da definição de metas, elas
podem ficar cada vez mais detalhadas e especificas. Estes dias do nosso exemplo poderiam ser
quebrados ainda mais, dividindo o trabalho em mais partes ainda. Tudo depende do seu
conhecimento sobre a sua rotina e os dias que achar propícios para dar aquela adiantada em alguns
de seus projetos.

v PLANO DE LONGO PRAZO


Para uma situação de longo prazo, imaginaremos que você está sonhando em fazer uma viagem
para a Europa no final deste ano. Você tem trabalhado muito e acha que merece essa recompensa.
Sem contar que seus amigos ou familiares sonham em viajar para a Europa a muito tempo e seria a
grande realização de um sonho.

Suponhamos que você tem exatamente 12 meses de prazo para essa viagem. Nesse tempo você
terá que cuidar de todos os tramites e documentos que uma viagem exige, e muito provavelmente
eles não serão resolvidos em três semanas como no exemplo anterior. Neste caso você também irá
definir metas, só que metas com prazos maiores.

O primeiro passo é fazer uma lista de todas as etapas que você precisa concluir para que essa
viagem saia do papel. Precisará fazer orçamento, comprar passagens, reservar hotéis, escrever
itinerário ou contratar agência de turismo, preparar passaportes, se preparar financeiramente, etc...

Uma vez que a lista esteja pronta, você irá definir prazos para os itens. Esse passo é essencial, já
que em projetos como esse uma etapa normalmente leva a outra. Não daria para, por exemplo,
deixar o cálculo do orçamento como última meta, ela é a primeira coisa que deve ser feita e irá ser
fator decisivo para a escolha das passagens, hotéis e tempo de viagem.

Segregando um projeto grande e de longo prazo, em pequenas tarefas com prazos menores
dificilmente ocorrerá algum erro durante o processo. E mesmo que ocorra, apenas aquela meta
sofrerá um atraso, e não o projeto todo. Pense neste processo como tentar alinhar peças de dominó
e ter o cuidado de deixar um espaço a cada grupo de 10 peças, para que caso alguma peça caia e
derrube a fila de peças, termos a confiança de que apenas 10 peças cairão, e não a linha de dominós
inteira.

Este método pode e deve ser aplicado em literalmente tudo que rodear a sua vida e seus planos.
Seus projetos escolares, seu TCC, o planejamento do seu negócio, planejamento de viagens, de
comprar um imóvel, de mudança de cidade, compra de um carro do ano, troca de celular por um
smartphone mais moderno... Literalmente tudo pode ser transformado em metas, e essas metas são
a garantia de que a linha dos seus objetivos não será derrubada.

v COM O SISTEMA DE RECOMPENSA


Nós já sabemos que o nosso cérebro prefere recompensas imediatas graças ao capítulo 4. Nós
sempre daremos prioridade as ações que nos dão prazer agora, comparado a benefícios de longo
prazo, e o nosso cérebro é algo muito difícil de ser mudado. É da nossa natureza tentar nos
preservar o máximo possível e evitar problemas. Entenda que, independente do que você faça, seu
cérebro sempre tentará lhe convencer a assistir o campeonato de Tênis que está no ar com os seus
atletas favoritos se a outra opção for responder e-mails.

O que podemos fazer então, para transformar uma desvantagem em vantagem e “enganar” o
nosso cérebro para aceitar fazer aquilo que não gostamos ou ainda melhor, fazer com que o nosso
cérebro queira realizar essas tarefas?

É bastante simples, a partir de agora suas ações não andarão sozinhas.

A linha de pensamento funciona assim: Você não irá fazer apenas uma tarefa ruim... ou apenas
uma tarefa que lhe proporciona prazer. Agora elas andarão juntas, e você irá realizá-las em
conjunto. Uma dependerá da outra.

Este método é utilizado para fazer com que as suas recompensas sejam mais imediatas e para
que sua mente entenda que, caso realize uma tarefa chata que você realmente não quer fazer,
receberá uma recompensa agora, nesse exato momento, e não daqui a seis meses. O processo
funciona da seguinte forma: Para cada atividade que você tende a procrastinar, você deverá
adicionar uma atividade que você gosta de fazer a ela, e você apenas poderá fazer a atividade
boa quando fizer a ruim. Ou seja, cada vez que você lutar contra a vontade de procrastinar e
finalizar uma tarefa, você será recompensado imediatamente com algo que lhe proporcione prazer.

É imprescritível que a tarefa “agradável” dependa da finalização da sua tarefa “desagradável”.


Aqui, você está condicionando o seu cérebro a assimilar atividades que antes você considerava ruins
por qualquer um dos motivos citados neste livro a uma atividade prazerosa.

Você precisa se privar desta atividade agradável em outros momentos do


seu dia a dia.
A questão em jogo é que não podemos dar a sua mente a opção de escolher entre uma situação
mais fácil e outra mais difícil, pois sabemos que ela sempre optará pela primeira opção. Você deverá
seguir exemplos como estes:

v Você só deve fazer as unhas quando estiver respondendo seus e-mails;

v Você só pode comer seu chocolate favorito quando ler 50 páginas do livro;

v Você só pode ir jogar golfe após preparar o material da reunião;

v Você só pode tomar uma taça de vinho favorita quando preparar o material de aula para
seus alunos;

v Você só pode assistir sua serie de TV favorita enquanto organiza seu quarto.

Sendo assim, por exemplo, não decida ir jogar golfe espontaneamente no meio da semana. Caso
faça isso, seu cérebro não mais fara uma ligação com a atividade que queríamos conectar, e quando
for preciso escolher entre jogar golfe após organizar documentos e somente jogar golfe, você
sempre irá escolher jogar golfe espontaneamente, como nós já discutimos.

Por tanto, essas atividades só poderão ser realizadas quando conectadas aos seus afazeres.
Assim, quando uma tarefa for finalizada, ou seja, quando o projeto no qual estava trabalhando for
entregue, você poderá voltar a fazer suas atividades divertidas livremente até que um novo projeto
que precise de sua atenção apareça.

É importante ressaltar também, que as atividades escolhidas para acompanharem seus projetos
são totalmente uma escolha sua. Quanto mais importante para você for a tarefa que esta ligada a
este método mais efetivo ele será. É o que chamamos de “Acúmulo de tentação”. Quando a
expectativa para assistir aquele jogo de futebol for imensa, você se sentirá muito mais inclinado a
começar a trabalhar. Por que estou falando isso? Bem, se você tentar por outro lado “trapacear” o
método e conectar uma atividade que você talvez nem goste tanto assim de fazer com uma
obrigação, talvez não sentirá vontade de trabalhar e este método se torna falho. Por tanto, esteja
desposto(a) a realmente mudar, do contrário esses métodos não serão tão efetivos.

Você pode usar esse recurso também para tarefas de longo prazo. A diferença será que nessas
situações você provavelmente terá tarefas mais espaçadas que ocuparão mais tempo no geral para
serem finalizadas, mas que não necessariamente ocuparão muito tempo no seu dia a dia. Sendo
assim, você deverá escolher atividades que você também não faz frequentemente para evitar
períodos longos demais de restrição, o que pode prejudicar o seu bem-estar e lhe causar estresse.

Ainda utilizando o exemplo da viagem que citamos anteriormente, imaginaremos que foi decidido
que durante o primeiro mês de planejamento você deverá começar a trabalhar no orçamento da
viagem, e no segundo mês reservar as passagens aéreas. Suponhamos que para fazer o cálculo do
orçamento você precisará tirar um tempo dos seus dias para listar possíveis gastos pelo menos duas
vezes, para garantir que o orçamento está correto e realista. Isto então, significa que você precisará
segregar esta tarefa mensal em duas pequenas tarefas, duas diferentes ocasiões para finalizar o
orçamento.

Você então, precisará escolher uma atividade para ligar ao cálculo do orçamento. Neste caso, é
mais adequado que você escolha atividades que você costuma fazer duas ou três vezes ao mês,
lembra? Ir a academia, por exemplo, uma atividade que você realiza diariamente não seria uma boa
opção para essa ligação, pois significaria que abrir mão da academia seria um sacrifício muito
grande para a realização da tarefa e a recompensa que teríamos não valeria a pena pelo “esforço”
de fazer os cálculos.

Lembre-se que estamos tentando deixar as coisas o mais fáceis possíveis


para que seu corpo não apresente tanta recusa natural para a atividade.
Neste exemplo, você notou que o tempo na sua cidade não está tão bom assim, o que limita a
quantidade de ocasiões que você poderá ir à praia. Percebendo que nos últimos meses você
frequentou praias ou piscinas de duas a três vezes no mês, esta seria então uma boa opção para
fazer o link com o orçamento.

Você só poderá ir à praia quando fizer o orçamento da viagem.


Utilizando este método, você estará unindo prazeres de longo prazo (a realização da viagem) com
os prazeres de curto prazo (a ida à praia). O que “engana” o seu cérebro e lhe torna mais disposto a
realizar as atividades que você em outra situação evitaria e acabaria procrastinando por meses, até
se dar conta que vários meses se passaram sem que houvesse nenhum progresso. Tudo se resume a
receber recompensas imediatas e ensinarmos a nós mesmos que todas as atividades, mesmo as que
não gostamos, trazem benefícios.

v COM O SISTEMA DE PUNIÇÃO


Nós evitamos as consequências tão quanto perseguimos as recompensas. Logo, essa também se
torna uma ferramenta para usarmos na luta contra a procrastinação. Similar as recompensas, nós
também valorizamos e tememos muito mais as consequências a curto prazo comparado as de longo
prazo. Faltar a academia apenas um dia não lhe deixará com mais peso ou menos peso, todos os
músculos que cultivou em meses de academia não irão desaparecer em apenas um dia. Logo, decidir
ficar em casa naquele dia de chuva parece não ter consequências reais, ou pelo menos parece ter
consequências brandas demais comparadas ao prazer de ficar embaixo das cobertas.

Por isso, precisamos tornar as consequências mais imediatas.


Apenas quando abdicar de algo que sabemos que deveríamos fazer possuir uma consequência
imediata começaremos a tentar evitá-las a todo custo. Isso significa que após um tempo, você
entenderá que é muito melhor se levantar do sofá e começar a trabalhar, visto que procrastinar não
valerá mais a pena.

Para aplicarmos esse método nas nossas tarefas usaremos um conceito similar ao das
recompensas. Porém, ao contrário de fazer ligações entre nossas recompensas de longo prazo com
as de curto prazo, nós ligaremos as consequências de longo prazo com as de curto prazo.

Tudo que você precisará fazer é aplicar uma consequência para a sua procrastinação. Exemplo:

Se eu não escrever 500 palavras desta pesquisa hoje, eu terei que escrever
1000 amanhã.
Correto? Errado! Esta frase lhe soa familiar? Exatamente, isso é basicamente... a procrastinação
e uma clássica consequência da mesma. Quando procrastinamos um projeto hoje teremos o dobro
de trabalho neste mesmo projeto amanhã. Logo, aplicar esse método desta forma estaria na verdade
incentivando a procrastinação, a alimentando. Para as punições, faremos as coisas um pouco
diferentes.


v Método 1.
Para essa fase, você terá que conectar a consequência de longo prazo com uma consequência de
curto prazo. No entanto, a consequência de curto prazo deverá ser diferente da consequência que já
ocorreria com a procrastinação. Ficou tudo um pouco confuso? Veja este exemplo:

Para cada dia que eu não escrever a meta de 500 palavras neste projeto, eu
ficarei um dia sem consumir açúcar na minha alimentação.
Quem, em sã consciência iria preferir se privar de açúcar por um dia inteiro do que trabalhar por
20 minutos em um artigo? A consequência parece muito alta para o “crime”, não é mesmo? E ela
tem que ser. Precisamos treinar o nosso comportamento e nossos hábitos para que a procrastinação
não nos traga prazer. Lembre-se que procrastinamos, em parte, porque o nosso cérebro é
condicionado a escolher as opções mais fáceis. Logo, precisamos transformar a procrastinação
na escolha mais difícil.
v Método 2.
Outra opção similar é ligar as suas atividades as de outra pessoa. Caso você esteja na tentativa
de parar de procrastinar com a ajuda de algum amigo ou familiar, vocês podem conectar as suas
tarefas de forma que um sofrerá a consequência da procrastinação do outro. Obviamente, não
queremos que outras pessoas tenham que sofrer as consequências dos nossos próprios atos, logo,
tendemos a fazer de tudo para evitar que situações como essa ocorram. Imagina ser o responsável
por seu melhor amigo não poder jogar videogames por uma semana? Ou levar a culpa por sua irmã
não poder assistir sua série favorita? Imagina então, não ter direto a praticar aquele esporte que
tanto gosta porque seu amigo não cumpriu sua parte do acordo? Quando colocados na balança,
essas ações irão pesar muito mais e você irá evitá-las.

Independente da estratégia escolhida, é necessário mudar a forma como enxergamos a


procrastinação. Ela não pode ser considerada como uma solução para os seus problemas ou a
desculpa perfeita para adiar as coisas que não quer fazer. Você perde muito mais procrastinando do
que trabalhando em seus objetivos, estes só lhe trarão benefícios e conquistas. Não podemos ficar
eternamente esperando o momento certo para começar algo, esse momento é agora.

Sem esforços e sacrifícios nada mudará, você não acordará um belo dia com animo para fazer
tudo de uma só vez e mesmo que isso acontecesse, logo viriam mais e mais responsabilidades
porque sempre estamos em busca de algo. Nós sempre sonharemos com algo, sempre teremos um
objetivo, e com objetivos vem as obrigações e as tarefas mais burocráticas e cansativas. Tudo faz
parte do processo e precisamos aprender a lidar com ele. Do contrário, corremos o risco de nos
tornar pessoas frustradas eternamente, que passam todo o seu tempo procrastinando e reclamando
do hábito.

Ninguém resolverá o problema para você e as coisas não mudarão da noite para o dia. Porém,
aplicando os métodos de recompensa e punição podemos sozinhos mudar os nossos hábitos e levar
uma vida mais leve e responsável. Em algum momento todo esse sistema se tornará um hábito e
você se verá o aplicando para novos projetos sem nem se dar conta.

Não precisa começar com passos largos, o que importa não é a velocidade. Comece aplicando a
recompensa em apenas um de seus planos e veja os resultados. Inicie com punições pequenas, não
precisa abrir mão de todos os seus prazeres para se tornar uma pessoa organizada. De passos
pequenos para chegar mais longe. Passos pequenos são melhores do que continuar parado.
CAPITULO 8
METAS IRREALISTAS
“Eu sempre disse que as pessoas têm expectativas irrealistas.” - Bette Midler

Da mesma forma que uma meta realizada pode lhe proporcionar uma onda de energia e
disposição, um projeto falho pode quebrar a sua autoestima. Não gostamos de falhar e ficamos
desanimados e frustrados quando não conseguimos finalizar algo. Nesta situação, estaríamos
falando daquela meta que você quer muito realizar, muito! Sonha, planeja, planeja mais um pouco,
procrastina e acaba não finalizando o que pretendia. Falhou.

O que muitas pessoas não sabem, ou optam por ignorar, é que muitas vezes o motivo de não
estarmos conseguindo realizar nossos sonhos é porque eles são irrealistas demais. São metas
praticamente inalcançáveis. Tentamos várias vezes e não saímos do lugar porque o lugar para qual
queremos ir não existe. Por isso é essencial que as suas metas sejam viáveis, de nada adiantará criar
metas para evitar a procrastinação se você as configurou difíceis demais para resolver. No fim das
contas, pode acabar culpando o método como um todo ao invés de notar que o erro estava em outro
lugar. Por isso, precisamos aprender a lidar com as metas irrealistas.

v Encontre a raiz do problema


Caso você esteja passando por esse obstáculo, o primeiro passo é tentar encontrar onde está o
problema. Faça uma analisa das suas metas de curto, médio e longo prazo para encontrar a meta
que se sobressai comparado as outras. Faça pesquisas e se eduque sobre os assuntos necessários
para que você possa construir metas melhores da próxima vez.

Desconfie das metas que parecem boas demais para ser verdade. Como falamos, não existem
soluções rápidas e contos de fadas. Você não irá perder 20kg em um mês, e colocar esse número
como meta é apenas mais uma auto sabotagem. Uma visita ao nutricionista ou uma boa pesquisa
sobre o assunto lhe mostraria que um valor menor seria a melhor opção, logo... estude as suas
metas e os assuntos que as envolvem, principalmente em projetos maiores como
empreendedorismo, viagens e negócios.

v Qualidade x Quantidade
Qualidade sempre valerá mais que quantidade. Esse lema também serve para a procrastinação e
consequentemente para as suas metas. Escolha com atenção as empreitadas que pretende começar
e procure não acumular coisas em sua cabeça e em sua mesa. Espere pela finalização de um
projeto já inicializado antes de se aventurar em desafios novos.

Quantos mais trabalhos simultâneos você possuir mais difícil será organizá-los e decidir para
quais dar mais prioridade. Procure não atropelar os seus objetivos e tentar resolver tudo de uma
vez, isso pode acabar bagunçando ainda mais o seu cronograma, criando uma bola de neve de
afazeres que você não sabe por onde começar a tentar organizar.

Se possuir muitos afazeres de curto prazo, dê prioridade aqueles que terão consequências mais
sérias, principalmente os que envolvem sua vida acadêmica, finanças, filhos e trabalho. Deixar
projetos que não são tão importantes assim e que caiam mais na categoria de querer do que de
dever não é procrastinação, é organização. Cuidado, no entanto, para não utilizar esses critérios
para trapacear o seu planejamento. Por isso, é importante ter o dobro de atenção quando
organizando seus afazeres e os separando em metas.

v Não faça comparações


Seu colega de trabalho conseguiu vários bônus na empresa em um ano e você não conseguiu
nada. Logo, você começa a acumular tarefas pensando que irá conseguir seguir o mesmo ritmo e
falha... O resto da história nós já sabemos. Organização é muito de saber o seu limite e conhecer os
próprios hábitos. Como discutimos, nós sempre sabemos quando estamos procrastinando,
reconhecemos esse hábito e entendemos que há um problema. Faça o mesmo para os seus limites.

Pode ser que alguém consiga gerenciar família, vida pessoal, trabalho, cuidados e muito mais ao
mesmo tempo. Parece tão incrível que você não sabe se acredita que aquilo é realidade e que
existem pessoas que não se enrolam e sofrem com a procrastinação como você. Bate a culpa e você
se sente inferior e menos capaz. Por favor leitor, não se compare. Todos nós possuímos realidades
diferentes e medir todos com a nossa própria régua nunca será uma boa ideia.

v Não faça planos para tentar vencer os outros, e sim você mesmo.
Parar de procrastinar não é uma competição com o seu vizinho ou colega de classe, é uma luta
para tentar melhorar você mesmo. Comparações são bobas e são incentivos para que você faça mais
planos do que pode cumprir. Ao invés de basear os seus planos em outras pessoas, compare-os com
os seus resultados anteriores.

Se antes você costumava finalizar seus trabalhos no caminho para a faculdade, tente tê-los
prontos inicialmente um dia antes da entrega. A medida que facilmente conseguir realizar o feito,
tente ter tudo pronto 3 ou 4 dias antes. Compare você somente com você mesmo e seus resultados
somente com os seus próprios resultados, veja um progresso, uma melhoria. Não é porque alguém
perdeu 10kg em 30 dias que você deve traçar essas mesmas metas. Nossos corpos são diferentes e
podem reagir ao mesmo estimulo de forma diferente. Em sua última tentativa, você conseguiu
perder 1kg em um mês... dessa vez, tente perder 2kg. Sempre construa suas metas para que você se
torne uma versão melhor de você mesmo, e não outra pessoa.

Caso queira se inspirar em alguém, procure pessoas com realidades parecidas com a sua.
Pessoas que tem objetivos similares ao seus. Que tal procurar alguém que também quer começar
uma Start Up; ou arrumar um parceiro de academia; alguém que também esteja estudando Francês.
O importante é que a sua melhoria seja o objetivo sempre, e não outras pessoas.

Metas irrealistas são uma bomba prestes a explodir. Somos nós traçando objetivos grandes
demais e com riscos demais para nós mesmos, quase como se quiséssemos falhar de propósito.
Aumente as suas chances de ter sucesso traçando não objetivos “fáceis’, mas planos realistas que
condizem com um progresso, e não um pulo quilométrico. Estabilidade e Longevidade serão seus
melhores amigos a longo prazo. Crie uma rotina que você sabe que conseguirá seguir e se esforce
para que dê certo, esteja disposto(a) a começar mesmo dando passos pequenos para fazer
coisas gigantescas.
CAPÍTULO 9
MAIS SOBRE COMO PARAR DE PROCRASTINAR
“Em um momento de decisão, a melhor coisa que você pode fazer é a escolha certa, a segunda
melhor coisa é a escolha errada, e a pior coisa que você pode fazer é não fazer nada.” – Theodore
Roosevelt

Durante a sua luta contra a procrastinação é importante ser consistente. Criar um hábito que
você consiga manter em longo período de tempo é a melhor opção para não se sentir tentando e
acabar voltando a estaca zero. Talvez os passos mostrados até agora não sejam suficientes para que
você consiga vencer de vez a procrastinação, já que cada um de nós possuímos rotinas diferentes e
limites diferentes. Pensando nisso, há alguns outros métodos que você pode utilizar em conjunto
com as metas e sistemas de recompensa e punição para dar um pouco mais de força ao processo.

v MANTENHA UMA ROTINA DIÁRIA


Alguns dos motivos culpados por acabarmos falhando na nossa tentativa de mudar é que muitas
vezes damos mais prioridade as nossas metas do que ao sistema que desenvolvemos para realizá-los.
Traçar metas é apenas um dos passos para que consigamos trabalhar aos poucos ao invés de
acumular conteúdo, um dos fatores mais importante é se o nosso sistema de trabalho é efetivo para
a nossa rotina.

Uma das falhas principais é não conseguirmos priorizar corretamente as tarefas mais urgentes.
Quando estamos trabalhos em pequenos projetos e levamos uma vida mais tranquila não temos
tanta urgência e podemos ir trabalhando em todas as metas ao longo do tempo. Porém, quando
temos uma vida mais corrida e uma quantidade maior de prazos a cumprir, podemos ficar perdidos
com tantas metas e prazos diferentes.

Uma das soluções para esse problema é entender a dificuldade de cada meta, além do tempo que
ela provavelmente levará para ser finalizada. Exemplo: Escrever 10 páginas do TCC e escrever 10
páginas de conteúdo para postar em um blog particular não tem o mesmo nível de dificuldade. Logo,
colocar essas metas igualmente em nossos calendários apenas levando em consideração o número
de páginas e não a complexidade da tarefa pode se tornar uma armadilha. Nesse caso, o ideal é que
você separe as metas de forma consciente e análise as tarefas de forma qualitativa e não
quantitativa.

Além disso, a alguns sistemas prontos que podemos aplicar no nosso dia a dia que poderão
facilitar a nossa organização. Como roteiros que podemos seguir para garantir a efetividade do
nosso sistema de metas. Um dos sistemas mais simples e usados é o chamado “The Ivy Lee
Method” ou em português “O método de Ivy Lee”. Este método possui cinco etapas diferentes:

v ORGANIZE SUAS METAS POR PRIORIDADE


Nós já aprendemos a separar nossos objetivos em metas menores e também falamos sobre dar
prioridade aos projetos que tem maior complexidade, um prazo mais apertado e de maior
importância. Pois bem, precisamos usar os mesmos métodos para as metas.

O problema é o seguinte, após separar todas as suas metas você se dá conta que acabou com
cerca de 10 metas diárias em determinado período de tempo. Apesar de já ter aplicado certa
prioridade em seus projetos, igualmente aos planos maiores, possuir muitas metas pode causar
problemas no ciclo de contanto que falamos anteriormente. Mesmo sendo menores, as metas ainda
podem acumular e atrapalhar o fluxo do sistema, você não saber por onde começar e sabemos que
quando isso acontece, provavelmente não faremos nada.
Logo, para garantir que isso não ocorra, na noite anterior organize a sua lista de metas para o dia
seguinte em ordem de prioridade.

v SIGA A ORDEM IMPOSTA


Algumas metas podem parecer mais fáceis do que outras e você pode se sentir tentado a resolver
as mais simples primeiro, mesmo que elas não tenham prioridade e tanta urgência assim. Portanto,
você deve seguir a lista da noite anterior rigorosamente.

Acumular as tarefas “mais difíceis” para depois pode causar ansiedade e estresse, pois mesmo
depois de ter trabalhado bastante nas metas mais simples você se verá com ainda um grande
número de metas que são ainda maiores do que as que você já fez. Siga a lista de prioridade e
comece pela meta que possuem mais urgência, e não pela mais fácil.

v REALIZE UMA TAREFA DE CADA VEZ


Sabemos que tarefas inacabadas atrapalham o nosso ciclo de contato porque não conseguimos
abandonar aquelas metas que ainda precisam ser concluídas. Não comece uma nova meta antes de
terminar a que já começou, dedique sua total concentração e tempo para finalizar uma de cada vez e
riscá-las das suas anotações.

Não apenas isso irá prevenir que várias metas inacabadas se acumulem, como você também irá
se sentir melhor e mais calmo assim que ver que está finalizando o que precisa ser feito. Lembre-se
que muitas vezes o estresse de possuir metas “abertas” é muito pior do que a possível complexidade
do trabalho que está realizando.

v MOVA TAREFAS INACABADAS PARA A PRÓXIMA LISTA


Caso tenha seguido todos os passos corretamente, mas simplesmente lhe faltou horas para
completar tudo que precisava, mova as tarefas que não conseguiu começar para a primeira
prioridade do dia seguinte. Dessa forma, não corre o risco de você continuar adiando aquela mesma
tarefa todos os dias e não a cumprir nunca.

Faça um esforço, no entanto, para seguir o sistema e conseguir finalizar tudo que se dispõe a
fazer. Lembre-se que o objetivo da criação das metas é não acumular trabalho e que se você não
está conseguindo finalizar tudo por vários dias consecutivos provavelmente você cometeu algum
erro enquanto estava determinando suas metas. Nesse caso, talvez seja necessário reavaliar seus
projetos no capítulo 7.

v SIGA ESTE MÉTODO DIARIAMENTE


Muito provavelmente você terá metas diárias menores e maiores. É importante que você se
esforce para seguir o sistema diariamente no intuito de não quebrar o fluxo de trabalho. Apenas um
dia sem trabalhar já pode gerar um acumulo muito grande de conteúdo a ser concluído.

Nós já sabemos que um dos motivos pelos quais procrastinamos é a dificuldade de começar, que
muitas vezes é acionada pela quantidade de trabalho que temos para fazer e que todo nosso sistema
se baseia em quebrar projetos maiores em peças menores. Logo, é importante que você se
mantenha dedicado diariamente para não acumular afazeres. É muito mais fácil e eficiente trabalhar
um pouco todos os dias do que passar 48 horas trabalhando sem parar.

v UTILIZE INCENTIVOS VISUAIS


Lembra quando falamos sobre a importância de ter um calendário a vista constantemente? Pois
bem, vamos explicar um pouco mais sobre a importante de ter incentivos visuais em todo lugar.

Alguns de nós somos extremamente visuais, gostamos mais de assistir TV do que ouvir rádio ou
um podcast porque mais de um senso está envolvido. Seguindo a mesma linha de pensamento, ter
incentivos visuais que ajudam a manter o foco poderá ser mais eficiente do que ter apenas um aviso
no celular por exemplo.

v Incentivos Visuais são ótimos gatilhos


Muitas vezes nós gostamos de nos iludir com relação a quantidade real de trabalho que
precisamos fazer. Quando queremos procrastinar, buscamos justificativas que validem as nossas
decisões. Repetimos para nós mesmos que “Nem é tanta coisa assim, posso fazer outra hora”,
porém, com incentivos visuais como um calendário que esteja constantemente à sua vista você terá
uma melhor noção da quantidade de tarefas que precisa fazer, além de ser uma ótima ferramenta
para a organização do trabalho.

Não se trata de propositalmente causar ansiedade, afinal de contas, a essa altura já fizemos
nossa lista de afazeres e a separamos em pequenas metas. Logo, realizar essas tarefas é importante
para o progresso do projeto inteiro e manter anotações visíveis que te lembrem exatamente o que
precisa ser feito pode ser de grande ajuda.


v Melhor visualização do progresso feito
Quando estamos lidando com uma carga maior de trabalho podemos facilmente nos confundir e
não ter uma real noção de quanto progredimos, porém, tarefas concluídas com sucesso nos
proporcionam satisfações e alivio por temos finalizado nossas metas. Logo, ter controle de quanto
trabalhamos concluímos é tão importante quanto ter controle do trabalho que precisamos concluir.

Ao percebermos o progresso do nosso trabalho e a eficiência do sistema que implantamos nos


sentimentos mais motivados a continuar a rotina e concluir ainda mais metas. Essa etapa também é
importante para conseguirmos apontar falhas na nossa rotina e adaptar a nossa estratégia até
acharmos uma que funcione melhor para a nossa carga de trabalhos e projetos principalmente
quando estamos lidando com uma demanda maior.

v Motivação
Além de manter controle sobre suas metas e progresso os incentivos visuais são ótimas
ferramentas para dar um gás na nossa motivação. Construa um mural de inspiração que possua
relação direta com os seus objetivos. Por exemplo: A foto de um par de calça jeans que lhe servia
perfeitamente no passado e já não lhe serve mais para incentivar a sua reeducação alimentar; A foto
de um belo apartamento para lhe incentivar a economizar mais dinheiro e estudar mais sobre
finanças e como conseguir independência financeira; A foto de uma beca de formatura para lhe
motivar a estudar mais para as suas provas, etc.

Mantenha os incentivos visuais em lugares estratégicos, aqueles em que passa mais tempo
trabalhando ou lugares onde o incentivo ficará a vista como a tela do seu computador, smartphone,
ou um mural ao lado da sua mesa de trabalho. Renove seus incentivos assim que finalizar metas e
novas surgirem ou crie duas seções no mural: Concluídos e Em Andamento. Visualizar o
progresso que já fez e as outras metas que conseguiu realizar lhe darão o incentivo que precisa para
continuar sendo produtivo e não retornar aos seus hábitos de procrastinar.

Comprovando a eficiência do método, muitas pessoas de grande sucesso utilizam de incentivos


visuais em seu dia a dia para não quebrar o sistema imposto e continuar sendo produtivos. Talvez
você se sinta mais motivado a tentar ao saber das histórias de Jerry Seinfeld e Trent Dyrsmid.

Jerry Seinfeld, comediante de sucesso nos Estados Unidos que faz fortunas todos os anos, contou
a um de seus pupilos que estavam em busca de sucesso na área o segredo para continuar sendo
produtivo. Ele explicou que o segredo para escrever piadas de sucesso era escrever bastante e
melhorar a técnica de escrita ao praticar diariamente. Seinfeld explicou que um bom método era
comprar um grande calendário de vários meses ou até mesmo um ano inteiro e definir uma meta
diária. Todos os dias em que as metam eram completadas com sucesso ele marcava o dia com um X,
e após dias e meses ele conseguiu criar uma cadeia de X em seu calendário.

Seinfeld gostava de ver a cadeia crescer e não ser interrompida, era um incentivo visual!
Diariamente ele se esforçava para concluir suas metas e continuar crescendo a cadeia de X pois isso
lhe proporcionava satisfação. Durantes diversos anos a única preocupação dele era manter a cadeia
“viva” e crescendo, e ele acredita que um dos grandes motivos de seu sucesso foi o hábito de
escrever diariamente. Hábito esse que foi impulsionado por um incentivo visual!

Não diferente de Seinfeld, Trent Dyrsmid que conseguiu uma carreira de sucesso aos 25 anos
trabalhando em um pequeno banco da cidade onde morava, explicou que utilizava de um método
chamado “O método dos clipes de papel”. Todos os dias, Dyrsmid começava o dia com uma jarra
completa com 120 clipes de papel e cada vez que ele fazia uma ligação para empresas ou possíveis
clientes tentando recrutá-los para o banco ele movia um clipe de papel para outra jarra vazia.

A meta de Dyrsmid era mover todos os 120 clipes diariamente e a quando conseguia mover todos
isso lhe causava satisfação. Manter um incentivo visual ao ver o jarro que começou cheio esvaziando
e o jarro que começou vazio enchendo proporcionava a motivação que ele precisava para continuar
fazendo as ligações, o que resultou em mais de 5 milhões de reais adicionados ao banco graças aos
esforços de Dyrsmid.

Seguindo o mesmo exemplo dos dois exemplos de sucesso você pode utilizar o método no seu dia
a dia também! Veja estes exemplos:

v Se a sua meta for escrever 1000 palavras de uma pesquisa diariamente, mova 1 clipe de
papel para cada 100 palavras que escrever.

v Se a sua meta for organizar os cômodos da sua casa e você possui 10 cômodos, mova 1 clipe
de papel para cada cômodo que arrumar.

v Se a sua meta for perder 10 kg, mova 1 clipe de papel para cada kg perdido.

v Se a sua meta for responder 15 e-mails por dia, mova 1 clipe de papel para cada e-mail
respondido.

Incentivos visuais podem ser a ferramenta que faltava no seu planejamento para que você
abandone de vez a procrastinação. Sinta o progresso dos seus sonhos e principalmente, veja o
progresso. Anime-se e continue trabalhando até a sua jarra estar completamente vazia, apenas para
começar novamente no dia seguinte.
CAPÍTULO 10
PRODUTIVIDADE E HÁBITO
“Não é porque as coisas são difíceis que nós não tentamos, é porque não tentamos que as coisas
são difíceis.” - Seneca.

Independentemente de ser um procrastinador ou não, há algo que todos buscamos melhorar


diariamente, a nossa produtividade. Algumas pessoas tendem a confundir os termos e achar que um
é o oposto do outro, isso não é necessariamente verdade. Nós sabemos que procrastinadores são
aquelas pessoas que empurram tudo para a última hora, evitando tarefas simplesmente porque não
querem se comprometer, por medo de falhar, por falta de planejamento e muitos outros motivos. Já
uma pessoa produtiva é alguém que consegue finalizar tarefas com eficiência e tem um bom fluxo de
trabalho. O procrastinador, no entanto, também pode ser uma pessoa produtiva.

A confusão acontece porque muitos tendem a acreditar que produtividade e procrastinação


tem relação exclusiva com o tempo e nada mais. Nós sabemos, no entanto, que procrastinar não se
resume apenas ao tempo, afinal, muitas pessoas mesmo procrastinando conseguem realizar tarefas
com certa qualidade e podem até ser mais criativos e produtivos quando trabalham em cima da
hora. São procrastinadores! Mas também são produtivos, já que realizam suas tarefas com eficiência
e qualidade. Lembre-se que procrastinar passa a virar um problema quando ela afeta o nosso
trabalho, a qualidade do que fazemos, o nosso bem-estar e o sucesso dos nossos projetos.

Se conseguimos cumprir diversas tarefas no tempo que temos, podemos nos


considerar produtivos e de forma geral mais eficientes em nossos trabalhos.
Esta afirmação é incorreta, basicamente porque produtividade se trata muito mais da
qualidade do que de quantidade. Uma pessoa produtiva, portanto, é aquela que consegue realizar
tarefas importantes com eficiência, mesmo que de última hora, e os métodos que listamos até esse
ponto são métodos que podem ser aplicados para que você consiga não apenas realizar tarefas, mas
fazê-las bem. A partir do momento que você conseguir seguir as dicas deste livro com consistência
será então uma pessoa mais produtiva. Logo, não poderíamos deixar de fora dicas extras que podem
lhe ajudar ainda mais nesse processo. Afinal, você sairá deste livro com todas as informações que
precisa para mudar completamente a forma como trabalha.

Regra dos 2 minutos


A regra dos 2 minutos é um método bastante simples que pode ser aplicado em suas metas
diárias para evitar a procrastinação e lhe tornar uma pessoa mais produtiva. Você já possui as suas
metas diárias que em conjunto representam um grande projeto, mas você ainda precisa, de fato,
realizá-las. Sabemos também que você deve começar pelas mais importantes, e não pelas mais
fáceis, logo isso pode se tornar um desafio. Por isso, você pode usar a Regra dos 2 minutos para lhe
impedir de acabar procrastinando suas metas.

O conceito da regra é o seguinte: Para tudo que você for fazer, independentemente do quão difícil
for inicialmente, voce deve modificá-la para que a tarefa leve no máximo dois minutos para ser
iniciada. Funciona da seguinte forma, sabemos que temos que para começar a responder e-mails
efetivamente precisamos começar a digitar, no entanto, provavelmente isto é algo com o qual voce
não quer lidar no momento, do contrário não estaria tentado(a) a procrastinar. Por tanto, ao invés de
começar a digitar e enviar e-mails, nos transformarmos o começo dessa atividade em apenas “ligar o
computador”.

Para toda atividade que precisamos fazer diariamente, é possível diminuir a dificuldade do
começo para que se torne algo muito menor. Podemos então, citar vários exemplos.
v Ir a academia se torna = Calçar um par de tênis.

v Ir a faculdade se torna = Pegar as chaves do carro.

v Responder e-mails se torna = Ligar o computador.

v Lavar as roupas se torna = Recolher a roupa suja.

v Limpar o quarto se torna = Pegar os matérias de limpeza.

O objetivo deste método é tornar o começo das suas metas o mais fácil possível, de forma que
você não se sinta desencorajado a começar. Você sabe que a sua meta não é calçar um par de tênis e
sim ir à academia malhar, mas você tornou o começo da ação em uma tarefa muito mais simples
como calçar os sapatos, uma tarefa tão prática que é quase impossível não a cumprir. Uma vez que
este passo esteja pronto, muito provavelmente você não irá resolver tirar os tênis novamente e
voltar para o sofá. Estando pronto para sair, é muito mais simples apenas ir do que retirar tudo e
voltar para o sofá.

“Já que eu estou pronto(a) e tenho tudo que preciso, é melhor ir.”
Este método é eficiente porque ele reforça o que nós já sabemos sobre a procrastinação: Fazer
algo não é difícil, difícil é começar. Ao tornar o começo da nossa tarefa algo tão simples que você
não precisa nem pensar muito a respeito, você estimula a criação do hábito. Após algum tempo
calçando os seus tênis diariamente isso se tornará algo que você faz quase que involuntariamente.
“São 7 da noite vou calçar os meus sapatos”, e uma vez que você já está pronto(a) para a academia
será muito improvável que você desista de ir.

v Siga os seus planos, não o plano de outras pessoas


A internet é algo maravilhoso. Ela tem o poder de unir as pessoas e nos deixar a um clique de
distância um do outro. Com as redes sociais conseguimos acompanhar em tempo real o que todo
mundo está fazendo e isso pode se tornar um problema. Portanto, nossa segunda dica de
produtividade é seguir a sua rotina, antes de acompanhar a dos outros.

Que tal não checar suas redes sociais antes de finalizar pelo menos uma meta diária? Que tal
antes de responder e-mails, você trabalhar em algo que seja importante para você? Faça planos para
o seu dia e tente seguir o seu cronograma antes de começar a apenas reagir a outras pessoas.
Muitos de nós podemos facilmente passar horas na cama checando o que foi postado enquanto
estávamos nos dormindo... Horas, antes de começar a trabalhar em nós mesmos.

Isto não quer dizer que você deve correr e deletar todas as suas contas e se isolar, mas que
checar o que os outros estão fazendo não deve ser sua prioridade, e sim trabalhar em você mesmo e
nas suas metas e projetos. Quando terminar pelo menos uma meta diária, você pode dar uma
conferida e logo voltar ao trabalho. Apenas pessoas determinadas conseguem resultados, coloque
você em primeiro lugar e veja seus projetos acontecerem de forma muito mais fácil e fluida.

v Menos decisões diárias = Mais produtividade


Lembra quando falamos que o nosso cérebro sempre escolhe a opção mais fácil e que por isso
não podemos dar a ele essa opção? Pois bem, a nossa próxima dica de produtividade é eliminar as
opções que podem lhe distrair ou serem tentadoras durante o tempo em que você está trabalhando.
Existem inclusive, aplicativos e programas que bloqueiam o acesso a internet no seu computador
por um período de tempo determinado pelo usuário, o que pode ser uma boa opção caso você se
distraia facilmente.
Alguns de nós nutrimos o hábito de trabalhar em nossos computadores com as redes sociais
abertas, sites de streaming, portais de notícias entre outras coisas. Estamos literalmente nos dando
opções para procrastinar e na maioria das vezes acabamos clicando nas janelas abertas e checando
o que foi postado a cada cinco minutos mesmo quando sabemos que nada aconteceu durante o curto
espaço de tempo que passamos realmente trabalhando.

É comprovado cientificamente que fazer muitas escolhas em um curto período de tempo afeta a
nossa força de vontade. Como? Bem, é algo chamado “Fadiga de decisão”, e basicamente significa
que se você tiver que escolher constantemente entre escrever o seu artigo e clicar no janela do e-
mail, você pode até resistir por um certo período de tempo, normalmente um curto período, mas
eventualmente irá simplesmente “perder as forças” e decidir clicar logo apenas para se “livrar” do
impasse.

Após você se render e começar a checar outras coisas que estão abertas em seu navegador isso
vira um hábito que você construiu em poucos minutos. Quando se der conta, você está fazendo a
mesma coisa diversas vezes e está passando mais tempo navegando em outros sites do que
escrevendo. Do computador, você começar a checar o celular, ver as mensagens, checar todas as 10
redes sociais que você provavelmente possui e quando decidir voltar a trabalhar já terá “perdido”
quase uma hora. Assim... sem nem perceber.

Desligue qualquer coisa que possa te distrair, deixe seu celular em outro cômodo da casa, feche
todas as janelas abertas no navegador que não sejam de pesquisa e volte para elas assim que
finalizar. Você não precisa passar o dia inteiro longe das coisas que lhe proporcionam entretimento,
mas deve saber o horário em que elas não são adequadas. Quando tentamos fazer muitas coisas
simultaneamente acabamos não fazendo nada. Trabalhe agora para poder se divertir depois.

v Saiba valorizar os começos imperfeitos


Comece, querido leitor. Apenas comece. Na dúvida apenas vá e faça algo a respeito. Você não
precisa ter tudo pronto antes de começar, corra riscos e mesmo que acabe errando, pelo menos você
fez algo. Pessoas de sucesso conseguiram realizar coisa incríveis porque tentaram criar algo novo
mesmo quando outras pessoas não acreditaram em suas ideias, o que impede você então de
finalmente tirar os planos do papel?

Comece a sua dieta agora, comece seu Star Up agora, comece a praticar um esporte agora,
comece a estudar para a prova agora, comece a aprender outro idioma agora. Não pense muito,
apenas se levante e vá até a escola de línguas mais próxima e pergunte sobre procedimento de
matricula. Se sentir dificuldade, comece utilizando a Regra dos 2 minutos e transforme ir à escola
em apenas organizar os documentos que podem ser necessários como seus dados pessoais. Tenha
tudo em mãos e apenas vá.

Em qualquer nova empreitada você se sentirá assustado, com medo e receoso, isso é algo
completamente normal. Muitos de nós usamos a motivação como desculpa. “Precisamos estar
motivados”; focamos muito em “preciso estar motivado” quando a realidade é que ninguém acorda
as 5 da manha animado para correr 10km, ou para estudar aquela matéria que você nem gosta. É
impossível enganar o nosso cérebro a gostar de algo que nós odiamos, o que podemos, no entanto, e
o que estamos tentando fazer é educar nós mesmo a simplesmente fazer, relacionando essas
atividades a coisas que gostamos e tornando o processo o mais simples possível de se começar.

Começar é mais importante do que ser bem-sucedido. Por mais que algo lhe assuste, você precisa
estar disposto a começar de alguma forma, principalmente porque as consequências de não
começar são muito maiores do que as de falhar. No mínimo, o seu erro vai lhe ensinar lições
valiosas, você vai ter ótimas histórias para contar e agora terá mais experiência no assunto, o que
significa que suas chances de errar em uma segunda tentativa são ainda menores.

Quando optamos por não começar algo estamos trocando 50% de chance por 0%. Veja bem,
quando começamos algo as chances de nossa decisão ser a correta é 50% e também 50% de ser a
decisão errada. Quanto mais conhecimento e experiência temos sobre o que estamos tentando fazer,
maior a chance de dar certo será. Esses 50% poderão se tornar 60% ou até 70%. Porém, quando
decidimos não começar estamos optando por uma chance de 0% de tudo dar certo. Apenas as
pessoas que começam têm a chance de terminar.

Acredite, você não está sozinho. Todos temos que enfrentar problemas e todos nós chegamos em
bloqueios de criatividade, queremos procrastinar e as vezes até desistir. A diferença é que algumas
pessoas, normalmente aquelas que atingem o sucesso, conseguem passar por cima de tudo isso e
começar.

O máximo que pode acontecer é falharmos, e quando pensamos nas consequências de não fazer
nada, falhar não parece a pior das ideias. O importante é você ter a iniciativa de tentar mudar uma
realidade da qual você não está satisfeito (a). Muito mais vale tentar parar de procrastinar em prol
da sua melhoria no trabalho do que ficar eternamente frustrado(a) por não avançar em sua carreira.

Para várias coisas em nossas vidas é impossível estar totalmente preparado, aprendemos a
medida de que tentamos, aprendemos no processo, na prática e não apenas na teoria. Também não
aprendemos nada quando não tentamos nada, não é mesmo? Por tanto, tente pelo menos uma vez,
vá aos poucos, deixando sempre um espaço na sua fileira de dominós. Entenda a importância do que
você faz e aprecie o progresso. Quanto mais você avançar mais se sentirá motivado a continuar.

Implemente os métodos deste livro na sua rotina, tente mudar, dedique-se a isso e aceite as
consequências da decisão que escolher. Se errar, aperfeiçoe o sistema e tente novamente. Se
acertar, ótimo, vamos para a próxima meta. Independentemente do resultado, apenas tente ao invés
de ficar parado e diga a si mesmo...

...Xô, preguiça!

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