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1.

INTRODUÇÃO
A cidade de São Paulo cresceu e foi urbanizada ao longo do tempo. Segundo o
último censo do IBGE, a cidade tem mais de 11 milhões de habitantes. Em conjunto
com o crescimento populacional, a urbanização também cresceu e áreas como
fundo de vales, áreas de mananciais e ambientalmente frágeis foram ocupadas.
Consequentemente surgiram problemas como alagamentos e inundações.
O Plano Diretor de Drenagem do Município de São Paulo tem o objetivo de orientar
as principais ações voltadas para redução dos problemas de inundações, melhoria
da qualidade da água, promoção de saúde e bem estar da população,
desenvolvimento social e econômico e sustentabilidade.
Com subsídio para os especialistas, porém visando a participação popular para
auxiliar na busca de soluções dos problemas de drenagem.

2. PROBLEMAS IDENTIFICADOS NA CIDADE DE SÃO PAULO (PMAP-SP)


São Paulo é uma grande metrópole que cresceu muito ao longo do tempo. Segundo
o último censo do IBGE, a cidade tem mais de 11 milhões de habitantes.
Junto com o crescimento populacional ocorreu a urbanização e como consequência
a ocupação de áreas de mananciais e ambientalmente frágeis, aumentando o
número de moradores em áreas de risco; a ocupação dos fundos de vales,
especialmente para a implantação de grandes avenidas; a impermeabilização do
solo, que resultou no aumento da velocidade do escoamento superficial das águas e
no assoreamento dos rios. Todos esses fatores colaboraram para ocorrência de
enchentes, intensificada nos verões paulistanos, que leva a enormes prejuízos
sociais e econômicos.

3. OBJETIVOS
O Plano Diretor de Drenagem e Manejo de águas Pluviais de São Paulo tem como
objetivos:
● Redução de Inundações
● Zoneamento
● Minimizar os efeitos da poluição difusa
● Eficiência econômica
● Desenvolvimento da região
● Preservação e melhorias ambientais
● Satisfação das necessidades sociais e de recreação

4. PREMISSAS E ESTRUTURAÇÃO
As premissas técnicas básicas que devem nortear o Plano Diretor são:
● O espaço de planejamento e gestão da drenagem urbana deve ser a bacia
hidrográfica. A segmentação da bacia em sub-bacias deverá ser avaliada em
cada caso, tendo em vista principalmente o tamanho das áreas envolvidas.
● Interferir no escoamento dos canais de tal forma a manter volume e
velocidade o mais próximo possível das condições naturais da bacia, sendo
possível em alguns casos a redução destas características a valores
inferiores aos naturais.
● Considerar que o escoamento superficial transporta a poluição difusa e,
portanto, são necessárias medidas para controle e/ou tratamento da sua
qualidade.
● As ações devem seguir os princípios de sustentabilidade.
● As medidas estruturais de controle do escoamento superficial e as medidas
não estruturais deverão ser consideradas conjuntamente.
● Considerar devidamente, dentro de um horizonte de planejamento, as
condições futuras de uso e ocupação do solo. Para tal, a análise da eficácia
do sistema de drenagem deverá ser bem avaliada, segundo diferentes
cenários de ocupação e uso do solo da bacia.
● Recuperar e/ou preservar, na medida do possível, as áreas de várzea.
● Delimitar as zonas de inundação diante do risco hidrológico. Isto é, as
medidas estruturais de controle de cheias devem ser projetadas em conjunto
com o zoneamento de áreas sujeitas a inundações.

5. PRINCÍPIOS
O planejamento da drenagem urbana é baseado em um conjunto de princípios
fundamentados adotando as bacias hidrográficas como unidade de planejamento. O
Plano de Manejo de Águas Pluviais compreende programas relacionados à
sub-bacias hidrográficas já definidas. Estes programas deverão ser desenvolvidos
tendo em vista os seguintes princípios, objetivos e premissas:
● Dotar a prefeitura de um instrumento de planejamento que possibilite
resolver, no prazo pré definido, os graves problemas de inundação e de
poluição hídrica difusa que assolam a cidade.
○ Sugere-se um horizonte de planejamento de no mínimo 30 anos,
devendo ser definido em conjunto com todos os participantes do Plano
e de acordo com os demais planos e programas estratégicos da
cidade e regionais. Os programas devem prever metas de curto, médio
e longo prazos.
● Reduzir os riscos de inundação na bacia até o nível correspondente a
precipitações de período de retorno definido em conjunto com todos os
planejadores.
○ Sugere-se um período de retorno de 100 anos para a macrodrenagem.
○ As medidas propostas devem prever a facilidade e economia da
manutenção futura.
○ Sustentabilidade.
● Possibilitar uma convivência segura com as cheias que excederem a
capacidade do sistema de drenagem.
○ Aplicar tecnologias de modelagem hidrológica e hidráulica que
permitam mapear as áreas de risco de inundação considerando
diferentes alternativas de intervenções.
○ Destacar as medidas de recuperação de áreas de preservação
permanente e de cobertura vegetal das bacias.
○ Ninguém deve agravar as inundações de terceiros, nem externalizar
seus custos em prejuízos de terceiros.
● Desenvolver critérios urbanísticos e paisagísticos para harmonização das
obras de drenagem com o meio ambiente urbano.
○ Integração do sistema de drenagem urbana de forma positiva ao
ambiente da cidade.
○ Valorização de rios, córregos e suas margens como elementos da
paisagem urbana.
● Estimação dos custos e benefícios das medidas propostas e estabelecimento
de um cronograma de investimentos, detalhando o projeto orçamentário a ser
submetido aos órgãos de planejamentos e finanças.
● Estabelecimento de um sistema de comunicação e participação da população
visando consenso entre a prefeitura e a comunidade em relação às propostas
do Plano de Drenagem.
● Propor medidas de gerenciamento, estratégicas e contigenciais
compreendendo sistemas de alerta e de ações de emergência, divulgação de
mapas de área de risco, entre outras.
● Realizar avaliação ambiental estratégica dos Programas preparando as
bases do futuro licenciamento ambiental.
● Controle de qualidade das águas pluviais.

6. PILARES
O PMAPSP se assenta em três pilares:
● A regulamentação do uso e da ocupação do solo.
○ As questões ligadas ao uso e à ocupação do solo são tratadas no
Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (PDE), nos
Planos Regionais Estratégicos das Subprefeituras (PREs) e na Lei de
Uso e Ocupação do Solo (LUOS). O PMAPSP criará os subsídios para
que essa regulamentação possa ser sempre aprimorada,
contemplando o estado da arte das técnicas de manejo de águas
pluviais.
● O desenvolvimento dos programas de drenagem das bacias do município de
São Paulo.
○ Os programas de drenagem a serem desenvolvidos têm como
objetivos, para cada bacia, diagnosticar e analisar o atual sistema de
macrodrenagem da região e propor um conjunto hierarquizado de
soluções estruturais e não estruturais capazes de reduzir os efeitos
das cheias com resultados para horizontes de curto, médio e longo
prazo, tendo como meta atingir em 2040, o grau de proteção
hidrológica para cheias em um período de retorno de 100 anos. Os
programas deverão considerar implantação de medidas de curto (até 5
anos), médio (até 15 anos) e longo prazo (até 2040), acompanhadas
de análises de custo-benefício e de avaliação ambiental estratégica.
Além disso, os programas fornecerão subsídios para a implantação de
um sistema de gestão sustentável do sistema de águas pluviais e para
a articulação das ações de drenagem com o planejamento territorial e
os serviços de saneamento básico do município de São Paulo. Os
principais produtos dos programas de drenagem de cada sub-bacia
serão: cartografia básica de referência para os planos de informação
georreferenciados, modelos computacionais de simulação hidráulica,
mapeamento das áreas de inundação para diversos riscos
hidrológicos, programa de controle de cheias e portfólio hierarquizado
de medidas estruturais e não estruturais.
● A elaboração do manual de drenagem urbana e manejo de águas pluviais.
○ O terceiro pilar encontra-se no livro “Manual de Drenagem e Manejo
de Águas Pluviais”, que é disponibilizado para a sociedade em três
volumes e tem a função de orientar e subsidiar os profissionais da
PMSM, prestadores de serviços e empreendedores que atuam na área
de planejamentos e projetos de drenagem urbana e uso do solo.

7. FUNDAMENTOS
7.1. Fundamentos da Hidrologia
O comportamento de uma bacia hidrográfica urbanizada é muito
diferente do comportamento de uma bacia em condições naturais. A
impermeabilização do solo, causada pelas ocupação do solo
(pavimentação, construções e etc.), altera consideravelmente o
escoamento superficial das águas pluviais. O volume que antes era
retido pela vegetação e infiltrava no solo, hoje escoa de maneira muito
veloz até atingir o sistema de drenagem, resultando em um aumento
significativo da vazão máxima do corpo receptor, podendo causar
inundações urbanas que podem vir a ter consequências catastróficas.
A velocidade elevada do escoamento, pode vir a causar o transporte
de sedimentos devido a erosão do solo. Como podemos observar na
figura 1.

Figura 1 - Efeito da urbanização no aumento das inundações e a poluição

É necessário conhecer o elemento gerador do processo que é a


precipitação: sua magnitude, o risco de ocorrência, sua distribuição
temporal e espacial. A infiltração possui um papel fundamental, uma
vez que determina o volume de água disponível para o escoamento
superficial.
Sendo fundamental o conhecimento da ocupação das sub-bacias, pois
isso influi diretamente nas taxas de infiltração e no escoamento
superficial. Além das características hidrográficas da bacia, como área
drenada, declividade e forma, e o grau de intervenções no sistema de
drenagem natural, como a existência de canais, galerias, reservatórios
de detenção, etc. Também interferem na magnitude das vazões
durante as chuvas intensas.

7.1.1. Precipitações máximas


São definidas como aquelas cujas intensidades ultrapassam um
determinado valor mínimo. Essa intensidade é obtida a partir da
relação entre o total precipitado e o tempo decorrido, normalmente
expressa em milímetros por hora.
7.1.2. Distribuição Temporal
A distribuição temporal dos volumes precipitados condicionará o
volume infiltrado e a forma do hidrograma de escoamento superficial
direto originado pela chuva excedente.
7.1.3. Distribuição Espacial
Os valores de precipitação registrados em um posto pluviométrico são
representativos para uma área ao redor do posto. Dependendo das
condições topográficas e das características climáticas de uma região.
7.1.4. Período de retorno
Para os projetos de obras de drenagem urbana, deve ser considerada
a natureza das obras projetadas. Devem ser levados em conta os
riscos relacionados com a segurança da população e com as perdas
materiais envolvidas.
7.1.5. Observações
O objetivo principal das obras de microdrenagem é esgotar as vazões
oriundas das chuvas mais frequentes e implicitamente se admite a
ocorrência de alagamentos com alta frequência.
As obras de macrodrenagem não constituem soluções definitivas para
os problemas de inundações e é conveniente que sejam
complementadas por outras medidas que visem a aumentar a
proteção oferecida pelas obras, como: sistema de alerta, desvio de
rotas, desocupação de áreas, zoneamento de áreas inundáveis, entre
outros.
7.1.6. Vazões de projeto
Em geral, poucas bacias urbanas contam com redes de
monitoramento de vazões. Dessa forma, as vazões de projeto são
normalmente definidas a partir de modelos chuva-vazão, como o
método racional, o hidrograma unitário, etc. A metodologia geral parte
da determinação da chuva de projeto, geralmente a partir de relações
I-D-F, cálculo da chuva excedente (precipitação menos infiltração e
outras perdas) e, finalmente, definição do hidrograma ou vazão de
projeto. A obtenção da vazão de projeto passa pela análise criteriosa
do escoamento superficial, que inclui a determinação da vazão de
pico, o volume, e a forma do hidrograma bem como o período de
retorno associado a estes valores.
7.2. Modelagem matemática de Bacias Urbanas
Usualmente os planos adotam a bacia hidrográfica como unidade de
planejamento e procuram quantificar o desempenho de uma bacia
urbana levando em conta todos os elementos (naturais ou construídos
pelo homem) que possam ter significado importante na geração e
controle das inundações. Assim, devem ser analisados, de forma
integrada, o comportamento hidrológico e hidráulico de trechos de
bacias, canais naturais, canalizações, galerias, reservatórios de
amortecimento, estações de bombeamento e outros elementos.
Muitos modelos foram sendo criados com diferentes complexidades e
diferentes formas de alimentar o sistema, o que por muitas vezes um
sistema mais complexo possa trazer maior qualidade no resultado,
porém necessita de muitas informações para ser utilizado.
tros.
Os resultados de uma simulação dependem não só da adequação e
correção do modelo mas também, em grande proporção, dos dados
utilizados para alimentá-lo. Como raramente se dispõe de dados em
quantidade e qualidade adequadas, os resultados costumam
apresentar erros e incertezas que precisam ser corretamente
analisadas e interpretados.

Modelos hidrológicos constituem ferramentas indispensáveis para o


tratamento de problemas referentes a drenagem urbana, quanto maior
a complexidade, melhor o resultado. Como podemos observar um
exemplo na figura 2, onde temos 3 cenários diferentes:
● Cenário 1: Situação de pré-desenvolvimento em que as várzeas
de inundação estão desocupadas;
● Cenário 2: Uso e ocupação do solo intenso e desordenado. A
cidade invadiu as várzeas e está sujeita a altos riscos de
inundações;
● Cenário 3: Mostra um conjunto de medidas para minimização e
mitigação dos impactos das inundações;

Figura 2 - Desenvolvimento urbano e seu impacto no sistema de drenagem

7.3. Tormenta de Projeto


As bacias hidrográficas relativamente pequenas (menores do que 10
km2), a homogeneidade da chuva pode ser admitidas como realista.
Porém, a cidade de São Paulo contém diversas bacias maiores do que
a faixa citada e, nesses casos, a distribuição espacial da tormenta por
ter efeito significativo no comportamento dos escoamentos na rede
hidrográfica da bacia.
A análise dos sistemas de drenagem de bacias urbanas constitui
problema de grande complexidade principalmente devido ao
dinamismo do uso e ocupação do solo e à implantação de estruturas
hidráulicas tais como canais, soleiras, diques, reservatórios e a própria
ampliação do sistema de drenagem. Estas modificações alteram as
condições hidráulicas da bacia, fazendo com que suas respostas
hidrológicas sejam significativamente influenciadas pela distribuição
tempo-espaço das tormentas.
Ainda não existe metodologia amplamente aceita para considerar as
variações espaciais e temporais das tormentas de projeto. Entretanto,
quando se dispõe de relativa abundância de dados pluviométricos, é
possível desenvolver e aplicar procedimentos que representam
significativo avanço em relação à hipótese da distribuição espacial
homogênea. O termo “concepção de cenários de tormentas de projeto”
vem sendo utilizado para denominar essa metodologia, como se
descreve a seguir:
● As precipitações são medidas em pontos discretos de uma
bacia hidrográfica, por meio de postos pluviométricos de solo ou
são estimadas em maiores áreas por intermédio de radares
meteorológicos. A aquisição e análise sistemática destes dados
permitem reunir uma coleção de “tormentas críticas”, assim
denominadas por causarem cheias de impacto significativo.
● Cada uma dessas tormentas constitui um cenário de
precipitação e o conjunto delas é a base da metodologia de
concepção de cenários de tormentas;
● A bacia é então dividida em quadrículas, definidas por suas
coordenadas X e Y. A cada quadrícula associa-se um vetor de
precipitação (Intensidade x Tempo). Trata-se, portanto, de uma
representação em quatro dimensões, como ilustrado a seguir.
● Por meio de um modelo de transformação de chuva em vazão
simula-se o comportamento da bacia para os diversos cenários
de tormentas críticas obtendo-se os correspondentes cenários
de vazões, níveis, áreas inundadas e outras variáveis de
interesse.
● A decisão sobre as melhores alternativas de controle de
inundações na bacia pode então ser tomada a partir de um
conjunto de informações muito mais rico, abrangente e realista.

Observa-se que cada sub-bacia pode sofrer influência de mais


de uma quadrícula, sendo necessário obter um hietograma composto
pelas quadrículas que influem sobre a área da bacia. Cada quadrícula
possui um valor de intensidade de chuva para cada intervalo de
tempo, em que esta informação pode ser obtida de uma rede
pluviométrica ou através de informações de radar meteorológico.
O monitoramento hidrológico do Sistema de Alerta a
Inundações de São Paulo (SAISP) é feito pela Rede Telemétrica de
Hidrologia e pelo Radar Meteorológico de São Paulo. A Rede
Telemétrica fornece, em tempo real, informações hidrológicas obtidas
de estações fluviométricas e pluviométricas. Essas estações
automáticas foram configuradas para fornecer informações num
intervalo de 5 minutos.

7.4. Medidas de controle do escoamento superficial


O princípio de funcionamento das medidas de controle do escoamento
superficial baseia-se na retenção temporária e na infiltração do
excesso de escoamento provocado por ações antrópicas, promovendo
a restauração parcial do ciclo hidrológico natural.
O papel das medidas de controle do escoamento superficial é o de
proporcionar soluções para a retenção, infiltração e abatimento do
escoamento superficial. Diferentemente da visão dos sistemas
tradicionais de drenagem, que é a de acelerar o escoamento e se
desfazer rapidamente dos volumes de água, as medidas de controle
do escoamento superficial visam a retardar e a reduzir o escoamento
com a ajuda dos dispositivos de controle, sendo eles:
● Dispositivos de Infiltração: são as valas de infiltração,
pavimentos porosos, trincheiras de infiltração e valas gramadas.
Estes dispositivos têm a função de destinar a água para a sua
absorção pelo solo, o que reduz a quantidade de água no
sistema pluvial.
● Dispositivos de Armazenamento: O objetivo principal do
dispositivo de armazenamento é a retenção do escoamento,
para posterior liberação do volume. Entre eles estão bacias de
detenção, retenção nos lotes e microdrenagem de forma linear.
● Dispositivos Mistos: Os dispositivos mistos influem a infiltração
e o armazenamento, podendo em algumas situações ser mais
eficientes do que os dispositivos isolados. Sua utilização é
recomendada em regiões com pouca área disponível para
obras, permitindo a melhor utilização do espaço e se
adequando melhor às características da bacia.

8. ELABORAÇÃO DO PDDU

O PDDU de São Paulo foi dividido em 3 volumes: Gerenciamento do Sistema de


Drenagem Urbana, Aspectos Tecnológicos: Fundamentos e Aspectos Tecnológicos:
Diretrizes para Projetos.
Dentro do PDDU existe o Programa de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais que
prevê um conjunto de atividades técnicas. São elas:

Atividade 1 - Plano de Trabalho: Documento base norteador de todas as atividades


técnicas que serão executadas.

Atividade 2 - Levantamento de Informações Básicas: Levantamento de dados


cadastrais do sistema de drenagem; Uso e Ocupação do Solo atual para
determinação da impermeabilidade; Geologia e geotecnia para determinar as áreas
de risco; Caracterização da cobertura vegetal atual e passada; população atual e
projeção de crescimento; Dados atualizados das obras hidráulicas; estudos
hidrológicos; Dados de curvas de descarga das estruturas hidráulicas existentes;
Pontos de alagamento e inundação; dados de monitoramento de qualidade da água,
monitoramento hidrológico e hidráulico. Todos os dados que permitem traçar o
diagnóstico do município.

Atividade 3 - Levantamento de Campo para Complementação de Cadastro: Nessa


atividade será executado o levantamento dos dados topológicos que forem
necessários para à modelagem hidráulico-hidrológica do sistema.

Atividade 4 - Cartografias das Bacias a Serem Estudadas: Nesta atividade deve ser
preparado a cartografia de referência para elaboração dos layers (ou plano de
informação) georreferenciados dos temas que serão abordados no programa.

Atividade 5 - Diagnóstico Hidrológico e Hidráulico - Desenvolvimento dos Modelos


Computacionais de Simulação: Para o diagnóstico do sistema hidráulico atual,
sugere-se que a utilização de modelos computacionais, assim como verificar a
viabilidade das alternativas estudadas. Para desenvolvimento dessa atividade é
necessário monitoramento hidráulico-hidrológico da bacia, desenvolvimento do
modelo para eventos contínuos no tempo e para linhas de inundação, calibração e
verificação do modelo desenvolvido e mapeamento das áreas de inundação para
verificação do ajuste do modelo.

Atividade 6 - Programa de Controle de Cheias - Parte 1:


6.1 - Definição dos componentes básicos do Projeto: Nesta atividade serão
definidos horizontes e grau de proteção, levando em consideração o
dimensionamento das intervenções associadas a eventos produzidos por chuvas
com período de retorno previamente determinado. Serão definidas 3 etapas: Curto
prazo (5 anos), médio prazo (15 anos) e longo prazo e horizonte de planejamento
(30 anos).
6.2 - Prospecção do Crescimento Populacional e Uso e Ocupação do Solo: Será
determinado as projeções populacionais e uso e ocupação solo.
6.3 - Cenários Hidrológicos: Podem ser:
Cenários Hidrológicos Atual: Impacto da urbanização sobre o sistema de drenagem
existente
Cenário Hidrológico Tendencial:Impacto da urbanização futura sobre o sistema de
drenagem atual
Cenário Hidrológico Alternativo de Planejamento: Apresentas os efeitos das
alternativas estudadas no programa.

Atividade 7 - Programa de Controle de Cheias - Parte 2: Nessa atividade serão


propostas medidas estruturais na bacia e na fonte, e medidas não estruturais. A
medida estrutural na bacia controla do volume que sairá no exutório, para isso será
implantado reservatórios na bacia. Prevê, para o controle na fonte criação de
parques e áreas de infiltração, recuperação de vegetação ciliar e aplicação de
pavimentos permeáveis, por exemplo. Como medidas não estruturais é proposto um
esquema de monitoramento hidrológico em tempo real.

Atividade 8 - Anteprojeto das Medidas Estruturais: Os anteprojetos serão utilizados


para a previsão de áreas a serem reservadas para as medidas de controle e
elaboração de orçamento estimativo. Devem conter os seguintes elementos:
● Planta geral das bacias com a localização das obras propostas por etapas e
com a indicação de suas principais características.
● Plantas de implantação das obras em escala 1:500 ou maior.
● Cortes e detalhes em escalas compatíveis com a precisão do orçamento, a
serem definidas no Plano de Trabalho
● Para as obras lineares deve ser apresentadas plantas de implantação e perfis
em escalas: 1:500 (horizontal) e 1:50 (vertical).
● Diagramas unifilares de instalações elétricas.
● Especificações dos equipamentos eletromecânicos.
● Memorial geológico e geotécnico, elaborado a partir de dados secundários e
de observações de campo, com a predefinição das fundações, taludes, obras
de contenção e demais obras geotécnicas.
● Especificações de métodos construtivos.
● Memorial de cálculos
● Memoriais de cálculos de orçamentos
● Memoriais de cálculo de custos de operação e manutenção.
● Manual de manutenção e operação das obras previstas no Programa.

Atividade 9 - Modelo de Suporte à Decisão


Uma vez definidas as alternativas de ações estruturais e não estruturais a serem
analisadas num programa de controle de cheias, realiza-se o processo de tomada
de decisão. Ele deve ser participativo, ou seja, ter suporte da população local e do
poder público.
Normalmente a participação pública se dá através de representantes das diversas
organizações existentes na região. Forma-se então um colegiado que se reúnem
para discutir as alternativas e o objetivo é chegar a uma solução de consenso.
Para dar suporte ao processo decisório, dispõem-se dos modelos de análise de
decisão multicritério (ADMC), que permitem explicitar os conflitos e determinar o
quão pròxima ou distantes estão as posições divergentes.
Os modelos ADMC permitem aos decisores expressar suas preferências em relação
às alternativas propostas, hierarquizando-as em função de um conjunto de critérios
previamente definidos.

Atividade 10 - Participação Pública: A participação da população deve ocorrer na


tomada de decisão e não ser apenas informativa. A participação pública deve ser
embasada em 3 princípios: da cooperação, onde a perspectiva deve ser de
negociação; da co responsabilidade, onde cada ator tem o seu papel mas deve se
comprometer com as críticas, sugestões e propostas apresentadas e com as
propostas finais apresentadas; da transparência, onde os órgãos administradores se
comprometem em ser transparentes.

Atividade 11 - Recomendações de Aprimoramento Institucional: Deve ser feito um


aprimoramento da base técnica, gerencial, metodológica e legal para que o
programa possa ser implantado com coerência

Atividade 12 - Avaliação de Quantitativos e Custos das Obras: Deve ser feito o


levantamento dos custos referente às medidas estruturais propostas, desde a
implantação, operação e manutenção; das medidas não estruturais; e das medidas
estruturais de controle do escoamento superficial, considerando os controles de
erosão e assoreamento, a adequação de estruturas hidráulicas.

Atividade 13 - Métodos Construtivos: Os métodos construtivos devem ser os que


causam o menor impacto ambiental, que sejam compatíveis com o escalonamento
das ações de curto, médio e longo prazo. As técnicas utilizadas devem ser
otimizadas possibilitando melhor aproveitamento dos recursos disponíveis.

Atividade 14 - Análise Custo/Benefício:


As estimativas de custos das obras devem ser elaboradas em dois níveis: Curvas
de custos e o orçamentos dos anteprojetos elaborados. Os benefícios devem ser
avaliados pelo método dos custos evitados, onde se considera que os benefícios
são equivalentes aos danos evitados pela implantação das medidas de controle ou
pelo método da disposição a pagar que considera os benefícios como iguais à
valorização das propriedades beneficiadas.
Com o custo e o benefício determinados, calcula-se a relação benefício/custo e
taxas de retorno para o horizonte de projeto, e para o tempo de vida útil das obras,
que pode ser considerado 30 anos

Atividade 15 - Viabilidade Ambiental das Obras Propostas: Essa atividade vai avaliar
a viabilidade ambiental com uma metodologia que considera a área de influência
direta e indireta, avaliando os impactos positivos e negativos e considerando
propostas de programas ambientais cruzadas com medidas estruturais de controle.

9. ASPECTOS TECNOLÓGICOS
9.1. Desenvolvimento das atividades de viabilidade
9.1.1. Estudo de Alternativas
Os estudos preliminares são divididos nas seguintes subetapas:
1. Levantamento de dados, onde são reunidos,
sistematizados e analisados todos os dados, informações
estudos e projetos já existentes, e aqueles executados
especificamente para o projeto. Os dados de interesse
devem referir a vários tópicos. Dentre eles estão a planta
da bacia hidrográfica, as características da faixa de
implantação das obras, interferência com as principais
utilidades públicas (luz, telefone, etc) e a cobertura
vegetal e condições de ocupação da bacia atual e futura.
2. Definição de procedimentos hidrológicos e hidráulicos,
onde aconselha-se a definição destes procedimentos
minimamente aceitáveis na fase dos estudos
preliminares, para que este não apresente grandes
diferenças de resultados no projeto final.
3. Diagnóstico hidrológico-hidráulico da situação atual, que
é de fundamental importância para se ter uma avaliação
física do funcionamento do sistema de drenagem
existente, que embasará as alternativas e soluções a
serem propostas.
4. Programação e levantamento de dados adicionais, caso
julgue-se necessário, para o complemento e melhor
desenvolvimento das alternativas. Geralmente, são
dados referentes a informações hidrometeorológicas,
topográficas, geológicas ou relacionadas com o meio
ambiente local.
5. Análise da urbanização e projeções demográficas,
analisando plantas, mapas, fotos aéreas para
caracterizar as condições da cobertura vegetal e de
ocupação urbana da bacia em estudo.
6. Definição das taxas de escoamento superficial, onde
deve-se entrar com as condições de escoamento
superficial e seus parâmetros específicos. Para a cidade
de São Paulo, recomendou-se adotar o coeficiente
número de curva (CN: curve number), que é estimado a
partir da classificação dos solos e do tipo de cobertura
existentes na área a ser drenada.
9.1.2. Estudos Hidrológicos
Compreendem a análise dos estabelecimentos de critérios
hidrológicos de projeto e a determinação das vazões de projeto.

9.1.3. Formulação e Análise de Alternativas


As análises compreendem os estudos de alternativas de arranjo
e projeto hidráulico, a avaliação dos danos evitados para um
determinado porte de obra e a análise de custos e benefícios.
9.1.4. Relatório dos Estudos de Viabilidade
O relatório final dos estudos devem conter:
● Sumário dos estudos e conclusões;
● Introdução/Apresentação;
● Justificativas do empreendimento e sua inserção
regional;
● Histórico de obras e estudos existentes;
● Levantamentos e investigações efetuadas;
● Análises hidrológicas e hidráulicas realizadas;
● Alternativas analisadas;
● Análises de custo-benefício e;
● Conclusões e recomendações.

9.2. Comparação de alternativas: Método ADMC


9.2.1. Elaboração das alternativas
A elaboração é a junção das medidas estruturais, não
estruturais e os controles de poluição na fonte e elas devem
considerar o diagnóstico preliminar, o levantamento de campo,
as diretrizes legais e os objetivos e critérios definidos
especificamente para o plano.
A alternativa deve ser conceitualmente consistente,
tecnicamente exequível, econômica e financeiramente viável,
ambientalmente aceitável (através do estudo de avaliação de
impactos), legalmente e politicamente aceitáveis, além de
administrativamente possíveis.
9.2.2. Definição dos critérios para pontuação das alternativas
Para escolher qual alternativa elaborada é a mais adequada
para a solução ou prevenção das inundações, deve-se julgá-la
com os critérios:
● Custos de construção;
● Prejuízos evitados;
● Grau de prevenção dos danos;
● Grau de utilização das várzeas;
● Grau de agressividade ao meio ambiente;
● Nível de atendimento à comunidade e;
● Grau de atendimento geral dos objetivos.
Depois de definida a melhor alternativa, deve-se elaborar um
memorial técnico indicando e descrevendo as medidas
estruturais e não estruturais e suas metodologias de
implantação.
A figura descreve o fluxograma das etapas que devem ser
seguidas para escolha da melhor alternativa:
9.3. Análises das alternativas diante dos critérios
O procedimento de análise multicritério é uma ferramenta que, para
ser bem aplicada, deve ser abrangente, incluindo diversos decisores
de diversas áreas de atuação. Com isso, é importante que seja
homogeneizada a avaliação dos critérios, ao nível de conhecimento de
todos os participantes. A homogeneidade é garantida com uma
descrição de qual será o conteúdo abordado por cada critério,
discorrendo a respeito da sua abrangência.
Alguns critérios a serem considerados são os prejuízos evitados, os
impactos adicionais, os reflexos da obra e os custos/benefícios da
construção, tendo este, metodologias específicas para para avaliação,
considerando que o benefício líquido será a máxima diferença entre o
benefício e o custo.
Do ponto de vista econômico, deve-se adotar as seguintes funções:
● Máximo benefício líquido (Benefício líquido = Benefício - Custo):
projeto que proporciona o maior incremento de renda.
● Máxima relação benefício/custo (Relação Benefício Custo =
Benefício/Custo): projeto que proporciona maior rentabilidade
do capital investido.
1. Considerações Finais
O plano diretor de drenagem urbana de São Paulo foi construído em conjunto com o
PDMAT3, o Plano diretor de macrodrenagem do Alto do Tietê, o que mostra a
vontade de solucionar o problema de drenagem como um todo. O PMASP é um
documento completo mas também é genérico, e pode ser usado como base para
elaboração do Plano Diretor de Drenagem Urbana de qualquer cidade.

10. Referências
SÃO PAULO. ​Manual de drenagem e manejo de águas pluviais. ​São Paulo:
SMDU,2012. 1v. Disponível em:
<​https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/desenvolvimento_urban
o/arquivos/manual-drenagem_v1.pdf​>. Acesso em: 08 de julho. 2019.

SÃO PAULO. ​Manual de drenagem e manejo de águas pluviais. ​São Paulo:


SMDU,2012. 2v. Disponível em:
<​https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/desenvolvimento_urban
o/arquivos/manual-drenagem_v2.pdf​>. Acesso em: 08 de julho. 2019.

SÃO PAULO. ​Manual de drenagem e manejo de águas pluviais. ​São Paulo:


SMDU,2012. 3v. Disponível em:
<​https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/desenvolvimento_urban
o/arquivos/manual-drenagem_v3.pdf​ >. Acesso em: 08 de julho. 2019.

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