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David Szpilman
Brazilian Lifesaving Society - Sobrasa
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Venomous and Poisonous Aquatic Animals: clinical, epidemiological and preventive studies. View project
All content following this page was uploaded by David Szpilman on 18 December 2014.
PREPARAR
PARA PREVENIR
PREVENÇÃO
Este é um consenso entre especialistas
em resgate e salvamento aquático e so-
corristas que atendem este tipo de ocor-
rência: a prevenção é a única maneira
de reduzir os óbitos por afogamento.
“Nada substitui o trabalho do guarda-
vidas. Porém, é impossível que este pro-
fissional esteja em todos os lugares, por
isto, o trabalho de prevenção deve ser
muito forte”, destaca o presidente da So-
brasa, coronel RR Joel Prates Pedroso.
Ele destaca que o trabalho da entidade
tem seus pilares fixados na prevenção,
com o objetivo de diminuir a mortalida-
de por afogamento, por meio da consci-
entização de toda população em diferen-
tes faixas etárias. “Para isto, contamos
com dirigentes da diretoria em 22 esta-
dos”, diz. Para chegar a este objetivo, a
Sobrasa realiza inúmeras atividades du-
rante todo o ano, eventos esportivos, re-
creativos, culturais e educacionais, por
intermédio dos serviços de salvamento
estaduais ou regionais, por todo Brasil.
“Cada estado possui uma realidade. Al-
guns têm praia durante o ano inteiro. Em
outros, a época de praia é sazonal. Ou-
tros não contam com litoral, mas pos-
suem praias de água doce, piscinas etc.
Sendo assim, os estados se responsabili-
zam pelo serviço de salvamento e é com
eles que atuamos para implementar, cada
vez mais, ações para a prevenção”, deta-
lha Prates.
TÉCNICAS
As técnicas para busca e resgate aquá-
tico variam de acordo com a situação e
com o local onde ocorrem. Entretanto,
Szpilman enfatiza a preocupação em
unificar os treinamentos a fim de for-
necer todo o conhecimento necessário
aos guarda-vidas, onde quer que atuem.
“Estamos voltados para a prevenção e
para unir todos os profissionais no senti-
do de termos uma grade curricular úni-
ca, ou seja, para que o guarda-vidas que
seja formado no Rio de Janeiro seja pare-
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cido com o do Rio Grande do Norte e
DAVID SZPILMAN
com o da Bahia. Então, temos uma gra-
de curricular em que o guarda-vidas de
piscina tem que fazer 52 horas/aula na
sua formação; o guarda-vidas de rio, 90
horas/aula e o guarda-vidas de praia, 110
horas/aula. Existe uma diferença que é
justamente para o guarda-vidas de pisci-
nas, pois sobre o mar, corrente, oceano-
grafia, tempo, estes temas não precisam
ser ensinados”, reitera Szpilman.
De acordo com o “Manual de Salva-
mento Aquático da Sociedade Brasilei-
Sobrasa pretende unificar
ra de Salvamento Aquático – Sobrasa”, os treinamentos para
uma vez que resgate de vítima submersa guarda-vidas
e busca de cadáver são duas situações
diferentes, as técnicas para quem atua cientes de varredura que variam em fun- por quadro, sem deixar nenhum ponto
nestas ocorrências também se diferem. ção dos recursos disponíveis e das con- de fora. Outra opção é a varredura cir-
A publicação aponta três ocasiões e as dições locais: visibilidade da água, cor- cular, a partir de um ponto fixo, poden-
técnicas usadas no resgate de vítimas rente marinha, número de socorristas ou do ser realizada por uma ou duas pes-
submersas (veja Box Técnicas para Res- mergulhadores disponíveis, tipo de fun- soas. Por último, a varredura pendular,
gate de Vítimas Submersas). do, tamanho e formato da área de pes- que é feita em locais de forte corrente-
O manual informa, ainda, que a difi- quisa, etc. Entre estes, está a técnica de za. Para qualquer destas técnicas, um kit
culdade da busca de cadáver está em 90°, a mais indicada para um guarda-vi- básico é necessário: nadadeiras, máscara,
estabelecer um método que assegure que das, porém, depende da visibilidade da snorkel, corda, uma boia de marcação e
todos os pontos próximos à área sejam água. um peso.
observados ou varridos. Um único pon- Existe também a varredura linear, fei- Com quase 20 anos de experiência em
to sequer que fique fora pode, teorica- ta de maneira quadricular, na qual o treinamento de resgate, o especialista em
mente, ser o lugar onde o corpo será en- guarda-vidas conta com o auxílio de um Fisiologia Humana e do Esforço, Ronal-
contrado. Existem vários métodos efi- cabo de cerca de dois metros, quadro do Furlan Tafuri, explica pontos impor-
Como prevenir
não é novidade, há anos é realizado em
países desenvolvidos”, completa, afir-
mando ainda que a responsabilidade
também é dos administradores munici-
ZAções educativas e de conscientização são as principais pais. “Se somarmos a estas ações boa
ferramentas para reduzir números alarmantes de afogamentos vontade dos poderes públicos em levan-
tarem e cruzarem dados de acidentes em
Para prevenir o afogamento, um dos impactando a população, como pela represas, lagoas, bairros, agressões físi-
pontos iniciais é trabalhar diretamente mídia, mostrando e alertando que acon- cas, idade das vítimas etc, teríamos como
com a população. Por isto, ações que for- tece com qualquer um. Assim, ela se mapear o município e, a curto e médio
neçam informação, que esclareçam e, sensibiliza desta possibilidade e procu- prazo, inserir programas de segurança
principalmente, alertem para a iminência ra conhecer melhor a prevenção”, de- na sociedade de acordo com a realidade
do perigo de afogamentos, são essenci- fende David Szpilman, diretor médico local”, diz o fisiologista.
ais. “O afogamento envolve, principal- e fundador da Sobrasa. Neste sentido, a Sobrasa atua enfatica-
mente, o comportamento do banhista. O especialista em Fisiologia Humana mente para que o conhecimento se mul-
Em tese, todo espelho d’água é perigoso. e do Esforço, Ronaldo Furlan Tafuri, di- tiplique em todo o território nacional por
Em São Paulo, temos afogamentos em vide a mesma opinião. “Este é o grande meio de cursos, ações e projetos realiza-
baldes, vasos sanitários, entre outros. Os problema, digo sempre: o Brasil não tem dos periodicamente. Em cada encontro
países que conseguiram controlar este cultura nem educação em segurança”, efetivado, são entregues panfletos infor-
tipo de acidente, o fizeram principal- declara. Ele defende que a prevenção mativos sobre prevenção em todos os
mente por meio da educação. Campa- não somente de afogamentos, mas co- cenários como lago, rio, piscina, mar, em
nhas educativas são fundamentais. O
banhista, seja de praias, represas, rios ou
piscinas, deve ser esclarecido sobre co- CUIDADOS QUE PODEM AUXILIAR NA
mo deve se comportar nestes locais”, é PREVENÇÃO DE AFOGAMENTOS
o que afirma o subcomandante do GBMar
(Grupamento de Bombeiros Marítimo de 1 Contratar um guarda-vidas para festas em
6 Desligar o filtro em caso de uso da piscina,
São Paulo), major PM Carlos Eduardo residências com piscina; pois diminui o risco de sucção;
Smicelato. Segundo ele, para evitar es- Isolar a piscina, colocando grades ao redor Não permitir mergulhos de cabeça em locais
tas ocorrências, alguns itens são funda- 2 com, no mínimo, 1,5 metro de altura. Esta
7 de profundidade menor que 1,8 m. Fixar aviso;
mentais, como conhecer o local, saber iniciativa pode reduzir os afogamentos em
onde nadar, onde não entrar, evitar bebi- 50 a 70%; 8 Não praticar hiperventilação para aumentar
o fôlego sem supervisão confiável;
das alcoólicas antes do banho de mar, 3 Ensinar adultos e, principalmente, crianças
ou rio, etc. “E, principalmente, só entrar a nadar. Apesar de parecer um pouco contro- 9 Evitar a ingestão de bebidas alcoólicas e
alimentos pesados antes do banho de piscina;
em locais protegidos por guarda-vidas. verso para alguns, o ideal seria a partir de
Este profissional é a pessoa habilitada dois anos. Porém, existe natação para bebês
10 Sair imediatamente da piscina se houver
para informar sobre a segurança dos lo- com seis meses, que ensina a flutuação etc; relâmpagos;
cais de banho, bem como para fazer o 4 Incentivar o uso de coletes salva-vidas para
11 Não permitir brincadeiras violentas que au-
salvamento quando necessário”, comple- crianças menores de cinco anos ou pessoas mentem o risco de trauma craniano e perda
ta. “Precisamos impactar a população, sem conhecimento de natação. Não permitir súbita da consciência;
fazê-la acreditar que o afogamento é o uso de objetos de flutuação, como boias
uma possibilidade que atinge a todos.
de braço, pranchas, pneus, bolas e outros; 12 Evitar a hidrocussão ou choque térmico. Antes
de entrar na água, molhar a face e a nuca.
Eu acho que este é o ponto X da ques- 5 Evitar deixar brinquedos próximos à piscina,
tão. Só conseguiremos atuar realmente isto atrai as crianças; Fontes: Sobrasa e Waltecir Lopes
lamenta.
Pensando nestes e em outros proble-
mas verificados durante sua atuação nos
estados, a Sobrasa propôs, em 2003, um
projeto de lei para reconhecimento da
profissão de guarda-vidas em geral. De-
pois de longa tramitação na Câmara, o
PLC 66/2011 aguarda parecer da Co-
missão de Assuntos Sociais do Senado
Federal. “A nossa proposta de aprovação
desta lei federal envolve o que é preciso
para ser um guarda-vidas, quanto tempo
de treinamento é preciso, quem é o res-
Reconhecer e regulamentar a ponsável por este treinamento e quem
profissão de guarda-vidas aumentará deve organizar este treinamento. Isto é
a segurança em áreas espelhadas
fundamental”, comenta Szpilman. Quem
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acompanha de perto o andamento do que abranja todo o território nacional e ponsabilidade direta dos SISSAR. No
PL é o tenente-coronel Márcio Morato, que aponte especificações para a atuação caso de emergências com navios, embar-
do Corpo de Bombeiros do Distrito Fe- destes profissionais em diferentes locais, cações, etc, a responsabilidade é do Ser-
deral. “Hoje, este serviço é desempenha- carga horária obrigatória também para viço de Busca e Salvamento Marítimo
do pelo Corpo de Bombeiros e onde es- os diferentes fins, salário, funções, en- (Salvamar), da Marinha do Brasil, que a
tas corporações estão não tem tanto pro- tre outras questões. “Nosso objetivo é seu critério aciona os recursos da FAB”,
blema. Mas em locais que não contam o reconhecimento e a regulamentação informa Silvio Monteiro Junior, piloto
com este serviço, quem atende?”, ques- da profissão, para aumentar a segurança e coordenador de Operações SAR.
tiona, apontando o aumento da quali- em áreas espelhadas. Atualmente não é Cada estado possui suas característi-
dade e segurança deste serviço como regulamentado. Portanto, é função, não cas, particularidades e sistemas. O Rio
foco da necessidade de uma legislação profissão”, afirma. de Janeiro, por exemplo, registra uma si-
tuação diferenciada, já que o Comando
Cenários específicos
de Bombeiros de Atividades de Salva-
mentos Marítimos, atua de forma inin-
terrupta. “Como aqui é verão o ano in-
teiro, o treinamento ocorre durante todo
ZAções dos guarda-vidas têm suas especificações de acordo o período. Sendo que no verão estas ins-
com cada estado, porém, com muitos aspectos comuns truções ficam paradas por conta da utili-
zação de todos os militares nas praias
No Brasil, os Corpos de Bombeiros ma de Busca e Salvamento Aeronáutico da orla de todo o estado, de Paraty a
de cada estado são os responsáveis pe- (SISSAR), constituído pela portaria Campos”, afirma o coronel Marcos Al-
las ações que envolvem resgate e salva- 1.162/GC3/05, prevê como sua finali- meida, comandante das atividades de
mento nas águas internas e nas praias dade trazer de volta à segurança vítimas salvamentos marítimos da corporação.
num limite de até 20 milhas da costa. de acidentes aeronáuticos e marítimos. Desde então, o comando é o responsá-
Além deste limite, é acionada a Marinha Assim sendo, a FAB participa de todas vel por traçar todas as determinações e
do Brasil, que por meio de Acordo Ope- as emergências aeronáuticas e marítimas diretrizes a serem executadas nas instru-
racional, pode solicitar reforço da FAB que tem conhecimento. Importante res- ções tecnoprofissionais, como resgate
(Força Aérea Brasileira) e de outras saltar que os casos de aeronaves em e- no mar, aquisição de equipamentos, pri-
corporações governamentais (Polícia, mergência sobre o mar são consideradas meiros socorros, RCP, prevenção, orien-
Bombeiros, Defesa Civil, etc). “O Siste- Operações SAR aeronáuticas e sob res- tação de banhistas, entre outras. Anual-