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AULA 10 – TRANSFORMADORES

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

O transformador é um dispositivo de corrente alternada que permite a transferência de energia


entre dois circuitos através de um acoplamento magnético.

É um equipamento usado para reduzir ou aumentar a tensão elétrica

São duas bobinas enroladas sobre um núcleo ferromagnético em comum, onde a primeira bobina
(lado primário – cor vermelha) produz o fluxo magnético que atravessará a segunda bobina (lado
secundário – cor verde).

Pela Lei de Faraday, aplicando-se uma tensão alternada na primeira bobina (vermelha), haverá
uma tensão induzida na segunda bobina (verde) proporcional à variação do fluxo magnético e ao
número de espiras (voltas) da bobina. A figura 4.2 ilustra o princípio de funcionamento do
transformador.

Observe que o gerador envia energia elétrica para um enrolamento, o primário, e esse cria o
campo magnético representado pelas setas vermelhas. Nesse campo, e sem nenhum contato
físico com o primário, introduzimos outro enrolamento, o secundário, que será induzido por esse
campo, gerando energia elétrica, que pode ser percebida em um aparelho como um voltímetro,
que medirá sua intensidade.

O transformador é um dos equipamentos elétricos mais utilizados, dado que permite ajustar
tensões e correntes às necessidades existentes.

Se pensarmos na forma de abastecimento de energia elétrica das cidades, verificamos que, face à
enorme quantidade de utilizadores, a potência necessária para consumo é também enorme.

Em geral, as fontes de produção de energia elétrica (usinas) estão situadas a grandes distâncias
dos locais de maior consumo.

Ocorre que, nas linhas de transmissão (cabos elétricos) que transportam a energia das usinas até
os centros de urbanos, a perda de potência por liberação de calor é proporcional à resistência dos
condutores e ao quadrado da intensidade da corrente que os percorre (P= RI²).

Para diminuir a resistência dos condutores seria necessário usar fios mais grossos, o que os
tornaria mais pesados e extremamente caros.

Conclusão: temos uma enorme potência elétrica a transportar a uma elevada distância que
introduzirá elevadas perdas por efeito Joule (potência dissipada em forma de calor -P = RI²)

EXERCÍCIO: Seja uma central hidroelétrica que tenha um gerador de 300 MVA com tensão de 60
kV. A potência elétrica produzida nesta central deverá abastecer uma cidade a 50 km de
distância, através de um cabo com resistência de 0,2 Ω/km. Qual o percentual da potência
inicialmente transmitida que seria perdido por Efeito Joule (aquecimento dos condutores)?

SOLUÇÃO

1) Corrente que percorrerá o condutor

P 300 MVA 300.000.000 VA


I= = = = 5.000 A
V 60 kV 60.000 V

2) Resistência apresentada pelo cabo condutor nessas condições

R = ρ (Ω / km ) x L (km ) = 0,2 Ω / km x 50 km = 10 Ω
3) Perda por Efeito Joule devido à resistência e corrente, considerando FP = 1

P = R x I ² x cos θ = 10 Ω x (5.000 A)² x 1 = 250.000.000 W = 250.000.000 VA = 250 MVA

Dos 300 MVA iniciais (considerando um fator de potência unitário para facilidade de
entendimento), apenas chegariam 50 MVA (17%). Os 83%restantes teriam sido dissipados sob a
forma de calor na atmosfera.

Sendo a energia dissipada por efeito Joule, função do quadrado da intensidade da corrente, a
perda pode ser diminuída drasticamente se conseguirmos reduzir o valor da corrente.

De fato, tendo o transformador capacidade de transformar tensões e mantendo-se o princípio de


conservação de energia (Pprimário = Psecundário), deduz-se que elevando a tensão se abaixará a
corrente (P = VI), que é o efeito pretendido.

Assim, na central hidroelétrica, à saída do gerador, coloca-se um transformador elevador


(Vsecundário > Vprimário) obtendo-se uma corrente, no secundário, mais baixa (Isecundário < Iprimário) o que
provocará perdas menores por aquecimento. No destino, como a tensão foi elevada para valores
muito altos (na origem), coloca-se um transformador abaixador (ou redutor), agora com o efeito
contrário – abaixar a tensão e elevar a corrente.
A solução, portanto, é o uso do transformador que aumenta a tensão, nas saídas das linhas da
usina, até atingir um valor suficientemente alto para que o valor da corrente desça a níveis
razoáveis (P=V.I). Assim, a potência transportada não se altera e a perda de energia por
aquecimento nos cabos de transmissão estará dentro de limites aceitáveis.

Tensões de linha mais utilizadas no Brasil:

Transmissão: 230kV, 440kV, 500kV, 600 kV(CC), 750kV;


Subtransmissão: 69kV, 138kV;
Distribuição primária: 11,9kV, 13,8kV, 23kV, 34,5kV;
Distribuição secundária: 115V, 127V, 220V;
Sistemas industriais: 220V, 380V, 440V, 2,3kV, 4,16kV e 6,6kV.

Transformador de Subestação
Transformador de Distribuição

Transformador para distribuição de energia ao consumidor final (concessionárias de energia,


cooperativas, instaladoras e empresas de modo geral)

Principais Características
Potência: 30 à 300 kVA
Alta Tensão: 15 ou 24,2 kV
Baixa Tensão: 380/220 ou 220/127 V
Normas: conforme ABNT/IEC.

Transformador Subterrâneo
Transformador de construção adequada à instalação em câmaras, podendo ser prevista sua
utilização onde haja possibilidade de submersão.

Principais Características
Potência: 150 à 2.000 kVA
Alta Tensão: 15 ou 24,2 kV
Baixa Tensão: 216, 5/125; 220/127; 380/220; ou 400/231 V
Normas: conforme NBR 9369/1986 ABNT.

TRANSFORMADOR MONOFÁSICO

Um transformador é constituído de um enrolamento primário (onde se aplica a tensão de entrada),


um enrolamento secundário (onde se obtém a tensão de saída desejada) e um caminho (núcleo)
para o fluxo magnético, construído de material ferromagnético.

Quando a tensão no lado primário é maior que a tensão no lado secundário, diz-se que o
transformador é “abaixador”.

Quando a tensão no primário é menor que no secundário, o transformador é chamado de


“elevador”.
O funcionamento do transformador baseia-se nas leis de Faraday e de Lenz. A movimentação de
um campo magnético sobre um condutor faz surgir uma tensão induzida em seus terminais, isto é,
um campo magnético variável produz fluxo magnético variável, o qual produz a tensão induzida.

Alimentando-se o primário com uma tensão variável (senoidal, por exemplo), fará surgir um fluxo
magnético variável no núcleo ferromagnético. Este fluxo variável atingirá o enrolamento
secundário, produzindo então em seus terminais uma tensão variável induzida. Se for utilizada
uma tensão senoidal com frequência de 60 Hz, isto fará surgir no secundário uma tensão também
com frequência de 60 Hz.

Uma propriedade muito importante nos transformadores, e que o torna tão útil, é a relação entre o
número de espiras nas bobinas dos enrolamentos primário e secundário e os valores das tensões
e correntes obtidas.

A tensão nas bobinas de um transformador é diretamente proporcional ao numero de espiras das


bobinas.

Esta relação é expressa através da equação

Vp= tensão na bobina do primário [V]


Vs= tensão na bobina do secundário [V]
Np=número de espiras da bobina do primário
Ns=número de espiras da bobina do secundário

A razão Vp/Vs é chamada de razão ou relação de tensão. A razão Np/Ns é chamada de razão ou
relação de espiras.

Uma razão de tensão de 1:4 (lê-se um para quatro) significa que para cada volt no primário do
transformador há 4 volts no secundário. Quando a tensão do secundário é maior do que a tensão
do primário, o transformador é chamado de transformador elevador.
Uma razão de tensão de 4:1 significa que para 4V no primário há somente 1V no secundário.
Quando a tensão no secundário for menor do que no primário, o transformador é chamado de
transformador abaixador.

Outra propriedade importante do transformador é que ele não aumenta nem diminui a potência de
um sistema elétrico. Isto é a potência que entra no lado primário, sairá no secundário.

P = potência elétrica em watts.


V = tensão elétrica em volts.
I = corrente elétrica em
ampères.

Pp = Ps , isto é a potência do primário é igual à potência do secundário

Isto que dizer que além da tensão ser diferente nos lados primário e secundário, também a
corrente será diferente.

No lado de maior tensão circulará a corrente de menor intensidade e no lado de menor tensão
circulará a corrente de maior intensidade.
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO

É muito utilizado na distribuição de energia pública e por indústrias.

Pode ser entendido como um conjunto de três transformadores monofásicos idênticos, isto é com
as mesmas características construtivas, número de espiras, seção dos condutores, potência e
principalmente impedância.

Isto significa que haverá três primários e três secundários, cada qual em uma coluna do entreferro
do transformador.

Os terminais do primário são identificados com a letra H e o secundário com a letra X.

A potência total do transformador trifásico será a soma das potências de cada unidade
monofásica.

As ligações dos enrolamentos do primário e do secundário de um transformador trifásico podem


ser em estrela ou em triângulo.
Na prática podemos ter quatro tipos de ligações:

Triângulo - Estrela (∆-Y)


Estrela - Triângulo (Y-∆)
Triângulo - Triângulo (∆-∆)
Estrela - Estrela (Y-Y)

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