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O vídeo pode ser usado em sala de aula

como um instrumento de leitura crítica da mídia.


O pesquisador José Manuel Morán mostra, no artigo a seguir,
como a incorporação da tecnologia ao ensino auxilia na formação
de alunos mais conscientes.

Finalmente o vídeo está


chegando à sala de aula. E
dele se esperam, como em tec-
nologias anteriores, soluções
imediatas para os problemas
crônicos do ensino-aprendiza-
gem. O vídeo ajuda a um pro-
fessor, atrai os alunos, mas
não modifica substancialmen-
te a relação pedagógica.
Aproxima a sala de aula do
cotidiano, das linguagens de
aprendizagem e comunicação
da sociedade urbana, e também introduz no-
vas questões no processo educacional.
O vídeo está umbilicalmente ligado à
televisão e a um contexto de lazer, de entre- Professor do L
Televisão da LLA-uar. Pes
tenimento, que passa imperceptivelmente
para a sala de aula. Vídeo, na concepção dos
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alunos, significa descanso e não "aula", o vadas ou criadas no computador. Um ver


que modifica a postura e as expectativas em que está situado no presente, mas que o
relação ao seu uso. Precisamos aproveitar interliga não-linearmente com o passado e
essa expectativa positiva para atrair o aluno com o futuro.
para os assuntos do nosso planejamento O ver está, na maior parte das vezes,
pedagógico. Mas, ao mesmo tempo, saber apoiando o falar, o narrar, o contar histórias.
A fala aproxima o vídeo do cotidiano, de co-
que necessitamos prestar atenção para esta-
mo as pessoas se comunicam habitualmen-
belecer novas pontes entre o vídeo e as
te. Os diálogos, em geral, expressam a fala
outras dinâmicas da aula. coloquial, enquanto o narrador (normal-
Vídeo significa também uma forma de mente em ojf) "costura" a cena, as outras
contar multilinguística, de superposição de
falas, dentro da norma culta, orientando a
códigos e significações, predominantemen-
significação do conjunto. A narraçãofalada
te audiovisuais, mais próxima da sensibili-
ancora todo o processo de significação.
dade e prática do homem urbano e ainda
A música e os efeitos sonoros servem
distante da linguagem educacional, mais
como evocação, lembrança, ilustração -
apoiada no discurso verbal-escrito.
associados a personagens do presente, co-
mo nas telenovelas - e de criação de expec-
tativas, antecipando reações e informações.
O vídeo é também escrita. Os textos,
O vídeo parte do concreto, do visível, legendas, citações aparecem cada vez mais
do imediato, do próximo, que toca todos na tela, principalmente nas traduções (legen-
os sentidos. Mexe com o corpo, com a das de filmes) e nas entrevistas com estran-
pele - nos toca e "tocamos" os outros, que geiros. A escrita na tela hoje é fácil, através
estão ao nosso alcance, através dos recor- do gerador de caracteres, que permite colo-
tes visuais, do close, do som estéreo car na tela textos coloridos, de vários tama-
envolvente. nhos e com rapidez, fixando ainda mais a
significação atribufda h narrativa falada.
Pelo vídeo sentimos, experienciarnossenso-
rialmente o outro, o mundo, nós mesmos. O vídeo é sensorial, visual, linguagem
falada, linguagem musical e escrita.
O vídeo explora também, e basicamen- Linguagens que interagem superpostas,
te, o ver, o visualizar, o ter diante de n6s as interligadas, somadas, não-separadas.
situações, as pessoas, os cenários, as cores, Daí a sua força. Somos atingidos por to-
as relações espaciais (próximo-distante, dos os sentidos e de todas as maneiras.
alto-baixo, direita-esquerda, grande- O vídeo nos seduz, informa, entretém,
pequeno, equilíbrio-desequilíbrio). Desen- projeta em outras realidades (no imagi-
volve um ver entrecortado, com múltiplos nário), em outros tempos e espaços.
recortes da realidade, através dos planos e
muitos ritmos visuais: imagens estáticas e O vídeo combina a comunicação senso-
dinâmicas, câmera fixa ou em movimento, rial-cinestésica com a audiovisual, a intui-
uma ou várias câmeras, personagens quie- ção com a lógica, a emoção com a razão.
tos ou se movendo, imagens ao vivo, gra- Combina, mas começa pelo sensorial, pelo
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emocional e pelo intuitivo, para atingir pos- O jovem lê o que pode visualizar, precisa
teriormente o racional. ver para compreender: Toda a sua fala é
TV e vídeo encontraram a fórmula de mais sensorial-visual do que racional e abs-
comunicar-se com a maioria das pessoas, trata. Lê, vendo.
tanto crianças como adultas. O ritmo toma-se A linguagem audiovisual desenvolve
cada vez mais alucinante (por exemplo, nos múltiplas atitudes perceptivas: solicita
videoclipes). A Iógica da narrativa não se constantemente a imaginação e reinveste a
baseia necessariamente na causalidade, mas afetividade com um papel de mediação pri-
na contigüidade, em colocar um pedaço de mordial no mundo, enquanto que a lingua-
imagem ou história ao lado da outra. A sua gem escrita desenvolve mais o rigor, a orga-
retórica conseguiu encontrar fórmulas que se nização e a análise lógica.
adaptam perfeitamente A sensibilidade do
homem contemporâneo. As narrativas usam
uma linguagem concreta, plástica, de cenas
curtas, com pouca informação, com ritmo
acelerado e contrastado, multiplicando os Propomos, a seguir, um roteiro simplifi-
pontos de vista, os cenários, os personagens, cado e esquemático com algumas formas de
os sons, as imagens, os ângulos, os efeitos. trabalhar com o vídeo na sala de aula. Como
Os temas são pouco aprofundados, roteiro não há uma ordem rigorosa e pressu-
explorando os ângulos emocionais, contra- põe total liberdade de adaptação destas pro-
ditórios, inesperados. Passam a informação postas h realidade de cada professor e dos
em pequenas doses (compacto), organiza- seus alunos.
das em forma de mosaico (rápidas sínteses
de cada assunto) e com apresentação varia- Usos inadequados em sala de aula
da (cada tema dura pouco e é ilustrado).
As mensagens dos meios audiovisuais a) Vídeo tapa-buraco: colocar vídeo
exigem pouco esforço e envolvimento do quando há um problema inesperado, como
receptor. Este tem cada vez mais opções, ausência do professor. Usar este expediente
mais possibilidades de escolha (controle eventualmente pode ser útil mas, se for feito
remoto, canais por satélite, por cabo, es- com freqüência, desvaloriza o uso do vídeo
colha de filmes em vídeo). Há maior pos- e o associa - na cabeça do aluno - a não ter
sibilidade de interação: televisão bidire- aula;
cional, jogos interativos, videodisco e CD b) Vídeo-enrolação: exibir um vídeo
(Compact Disc). A possibilidade de esco- sem muita ligação com a matéria. O aluno
lha e participação e a liberdade de canal e percebe que o vídeo 6 usado como forma de
acesso facilitam a relação do espectador camuflar a aula. Pode concordar na hora,
com os meios. mas discorda do seu mau uso;
C) Vldeo-deslumbramento: o professor
As linguagens da TV e do video respon- que acaba de descobrir o uso do vídeo cos-
dem h sensibilidade dos jovens e da gran- tuma empolgar-se e passar vídeo em todas
de maioria da população adulta. São as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais
dinâmicas, dirigem-se antes B afetividade pertinentes. O uso exagerado do vídeo dimi-
do que B razão. nui a sua eficácia e empobrece as aulas;
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d) Vídeo-pegeição: existem professo- d) Vídeo como simulação. É uma ilus-


res que questionam todos os vídeos possí- tração mais sofisticada. O vídeo pode
veis, porque possuem defeitos de informa- simular experiências de química que
ção ou estéticos. Os vídeos que apresentam seriam perigosas em laboratório ou que
conceitos problemáticos podem ser usados exigiriam muito tempo e recursos. Um
para descobri-los junto com os alunos, e vídeo pode mostrar o crescimento acelera-
questioná-los; do de uma planta, de uma árvore - da
e) Só vídeo: não é satisfatório didatica- semente até à maturidade - em poucos
mente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem inte- segundos;
grá-lo com o assunto de aula, sem voltar e e) Vídeo como conteúdo de ensino.
mostrar alguns momentos mais importantes. Vídeo que mostra determinado assunto,
de forma direta ou indireta. De forma
Propostas de utilização direta, quando informa sobre um tema
específico orientando a sua interpretação.
a) Começar por vídeos mais simples, De forma indireta, quando mostra um
mais fáceis e exibir depois vídeos mais tema, permitindo abordagens múltiplas,
complexos e difíceis, tanto do ponto de interdisciplinares;
vista temático quanto técnico. Pode-se par- f) Vídeo como produção.
tir de vídeos ligados à televisão, vídeos - Como documentação: registro de
próximos à sensibilidade dos alunos, eventos, de aulas, de estudos do meio, de
vídeos mais atraentes, e deixar para depois experiências, de entrevistas, de depoimen-
a exibição de vídeos mais artísticos, mais tos. Isso facilita o trabalho do professor,
elaborados; dos alunos e dos futuros alunos. O profes-
b) Vídeo como sensibilização. É, do sor deve poder documentar o que é mais
nosso ponto de vista, o uso mais importante importante para o seu trabalho, ter o seu
na escola. Um bom vídeo é interessantíssi- próprio material de vídeo, assim como tem
mo para introduzir um novo assunto, para os seus livros e apostilas para preparar as
despertar a curiosidade, a motivação para suas aulas. O professor estará atento para
novos temas. Isso facilitará o desejo de pes- gravar o material audiovisual mais utiliza-
quisa nos alunos para aprofundar o assunto do, para não depender sempre do emprés-
do vídeo e da matéria; timo ou aluguel dos mesmos programas.
c) Vídeo como ilustração. O vídeo - Como intervenção: interferir, modifi-
muitas vezes ajuda a mostrar o que se fala car um determinado programa, um material
em aula, a compor cenários desconhecidos audiovisual, acrescentando uma nova trilha
dos alunos. Por exemplo, um vídeo que sonora, ou editando o material de forma
exemplifica como eram os romanos na compacta ou introduzindo novas cenas com
época de Júlio César ou Nero, mesmo que novos significados. O professor precisa per-
não seja totalmente fiel, ajuda a situar os der o medo, o excessivo "respeito" ao ví-
alunos no tempo histórico. Um vídeo traz deo. Assim como ele interfere num texto
para a sala de aula realidades distantes dos escrito, modificando-o, acrescentando no-
alunos, como por exemplo a Amazônia, a vos dados, novas interpretações e contextos
África ou a Europa. A vida aproxima-se da mais próximos do aluno, assim ele poderá
escola através do vídeo; fazê-lo com o vídeo.
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- Como expressão: como nova forma Alugar ou comprar filmes de longa-metra-


de comunicação adaptada à sensibilidade gem, documentários para ampliar o conhe-
principalmente das crianças e dos jovens. cimento de cinema, iniciar os alunos na lin-
As crianças adoram fazer vídeo e a escola guagem audiovisual.
precisa incentivar o máximo possível a - Vídeo interagindo com outras
produção de pesquisas em vídeo pelos alu- mídias como o computador, o video-
nos. A produção em vídeo tem uma dimen- disco, o CD-ROM, o CD-I (Compact-Disk
são moderna, lúdica. Moderna, como meio Interactive), com os videogames, com o
contemporâneo, novo e que integra lingua- telefone (videofone). O videofone possi-
gens. Lúdica, pela miniaturização da bilita interligar, com imagem e som, pro-
câmera, que permite brincar com a realida- fessores com colegas de outras escolas e
de, levá-la junto para qualquer lugar. com grupos de alunos, abrindo as salas de
Filmar é uma das experiências mais envol- aula para novos intercâmbios pedagógi-
ventes tanto para as crianças como para os cos e comunicacionais.
adultos.
Os alunos podem ser incentivados a
produzir dentro de uma determinada maté- COMO VER O VÍDEO
ria ou dentro de um trabalho interdiscipli-
nar. E também produzir programas infor- Antes da exibição
mativos, feitos por eles mesmos e colocá-
10s em lugares visíveis dentro da escola e a) Informar somente aspectos gerais
em horários em que muitas crianças pos- do vídeo (autor, duração, prêmios etc.).
sam assistir; Não interpretar antes da exibição, não pre-
g) Vídeo como avaliação: dos alunos, julgar (para que cada um possa fazer a sua
do professor, do processo. leitura);
- Vídeo-espelho. Ver-se na tela para poder b) Checar o vídeo antes. Conhecê-lo.
compreender-se, para descobrir o próprio cor- Ver a qualidade da cópia. Deixá-lo no pon-
po, os gestos, os cacoetes. Vídeo-espelho to antes da exibição. Zerar a numeração
para análise do grupo e dos papéis de cada (apertar a tecla RESET). Apertar também a
um; para acompanhar o comportamento de tecla MEMORY para voltar ao ponto dese-
cada um, do ponto de vista participativo; jado. Checar o som (volume), o canal de
para incentivar os mais retraídos e pedir aos exibição (3 ou 4), o TRACKING (a regula-
que falam muito para darem mais espaço gem de gravação), o sistema (NTSC ou
aos colegas. PAL-M).
O vídeo-espelho é de grande utilidade
para o professor se ver na tela, examinar sua Durante a exibição
comunicação com os alunos, suas qualida-
des e defeitos; a) Anotar as cenas mais importantes;
h) Vídeo como integração/suporte de b) Se for necessário (para regulagem ou
outras mídias. fazer um rápido comentário) apertar o
- Vídeo como suporte da televisão e do PAUSE ou STILL, sem demorar muito nele,
cinema. Gravar em vídeo programas impor- porque danifica a fita;
tantes da televisão para utilização em aula. c) Observar as reações do grupo.
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Depois da exibição Se houver tempo, essas perguntas serão


respondidas primeiro em grupos menores e
a) Voltar a fita ao começo (RESETI depois relatadaslescritas no plenário. O pro-
MEMORY); fessor e os alunos destacam as coincidên-
b) Rever as cenas mais importantes ou cias e divergências. O professor faz a sínte-
difíceis. Se o vídeo é complexo, exibi-lo se final, devolvendo ao grupo as leituras
uma segunda vez, chamando a atenção para predominantes (em que se expressam valo-
determinadas cenas, para a trilha musical, res, que mostram como o grupo é).
diálogos, situações;
c) Passar quadro a quadro as imagens Leitura concentrada
mais significativas;
d) Observar o som, a música, os efeitos, Escolher, depois da exibição, uma ou
as frases mais importantes. duas cenas marcantes. Revê-las uma ou
Propomos alguns caminhos - entre muitos mais vezes.
possíveis - para a análise do vídeo em classe. Perguntar (oralmente ou por escrito):
- O que chama mais a atenção (ima-
gem/sorn/palavra);
- O que dizem as cenas (significados);
- Conseqüências, aplicações (para a
Leitura em conjunto nossa vida, para o grupo).

Leitura "funcional"
O professor exibe as cenas mais impor-
tantes e as comenta junto com os alunos, a
Antes da exibição, escolher algumas
partir do que estes destacam ou perguntam.
funções ou tarefas (desenvolvidas por
É uma conversa sobre o vídeo, com o pro-
vários alunos) - o contador de cenas (descri-
fessor como moderador.
ção sumária, por um ou mais alunos):
O professor não deve ser o primeiro a
- Anotar as palavras-chave;
dar a sua opinião, principalmente em maté-
rias controvertidas, nem monopolizar a dis-
- Anotar as imagens mais significativas;
cussão, tampouco deve ficar em cima do
- Caracterização dos personagens;
muro. Deve posicionar-se, depois dos alu-
- Música e efeitos;
- Mudanças acontecidas no vídeo (do
nos, trabalhando sempre dois planos: o ideal
começo até o final).
e o real; o que deveria ser (modelo ideal) e
Depois da exibição, cada aluno fala e o
o que costuma ser (modelo real).
resultado é colocado no quadro negro ou
flanelógrafo. A partir do quadro, o professor
Leitura globalizante
completa com os alunos as informações,
relaciona os dados, questiona as soluções
Fazer, depois da exibição, estas quatro
apresentadas.
perguntas:
- Aspectos positivos do vídeo; Análise da linguagem
- Aspectos negativos;
- Idéias principais que passa; a) Que história é contada (reconstrução
- O que vocês mudariam neste vídeo. da história).
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b) Como é contada essa história: material adaptado à sua realidade, à sua sen-
- o que lhe chamou a atenção visual- sibilidade.
mente;
- o que destacaria nos diálogos e na
música.
c) Que idéias passa claramente o pro- a) Contar em vídeo um determinado
grama (o que diz claramente esta histó- assunto;
ria): b) Pesquisa em jornais, revistas, entre-
- o que contam e representam os perso- vistas com pessoas;
nagens; c) Elaboração do roteiro, gravação, edi-
- qual o modelo de sociedade apresen- ção, sonorização;
tado. d) Exibição em classe elou em circuito
d) Ideologia do programa: interno;
- mensagens não questionadas (pressu- e) Comentários positivos e negativos.
postos ou hipóteses aceitos de antemão, sem A diferença entre a intenção e o resultado
discussão); obtido.
- valores afirmados e negados pelo pro-
grama (como são apresentados a justiça, o
trabalho, o amor, o mundo);
- como cada participante julga esses A câmera registra pessoas ou grupos e
valores (concordâncias e discordâncias nos depois se observa o resultado com comentá-
sistemas de valores envolvidos). A partir rios de cada um sobre seu desempenho e so-
de que momento cada um de nós julga a bre o dos outros.
história. O professor olha seu próprio desempe-
nho, comenta e ouve o comentário dos outros.
Completar o vídeo
Outras dinâmicas interessantes
a) Exibe-se um vídeo até um determina-
do ponto; a) Dramatizar situações importantes do
b) Os alunos desenvolvem, em grupos, vídeo já visto e discuti-las comparativa-
um final próprio e justificam o porquê da mente. Usar a representação, o teatro como
escolha; meio de expressão do que o vídeo mostrou,
c) Exibe-se o final do vídeo; adaptando-o à realidade dos alunos. Um
d) Comparam-se os finais propostos e o exemplo: alguns alunos escolhem persona-
professor manifesta também a sua opinião. gens de um vídeo e os representam adap-
tando-os à sua realidade. Depois, compa-
Modificar o vídeo ram-se os personagens do vídeo e os da
representação, a história do vídeo com a
a) Os alunos procuram vídeos e outros adaptada pelos alunos;
materiais audiovisuais sobre um determina- b) Adaptar o vídeo ao grupo: contar
do assunto; oralmente, por escrito ou audiovisualmente
b) Modificam, adaptam, editam, nar- situações nossas próximas às mostradas no
ram, sonorizam diferentemente. Criam um vídeo;
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c) Desenhar uma tela de televisão e dois analisem os jornais impressos (cada


colocar o que mais impressionou os alunos. grupo um jornal).
O professor exibe num mural os desenhos e Questões para análise do telejornal:
todos comentarão as coincidências princi- - Que notícias chamaram mais a sua
pais e o seu significado; atenção (notícias que sensibilizaram mais,
d) Comparar - principalmente em aulas que marcaram mais). Por quê?
de literatura - um vídeo baseado em uma - Que notícias são mais importantes
obra literária com o texto original. Destacar para cada um ou para o grupo. Por quê?
os pontos fortes e fracos do livro e da adap- - O que considerou positivo nesta edi-
tação audiovisual. ção do telejornal (técnicas, tratamento de
algumas matérias, interpretação...)
- Do que discorda neste telejornal
(de algumas notícias em particular ou em
geral).
Um dos campos mais interessantes de Questões para análise dojornal impresso.
utilização do vídeo para compreender a tele- - Notícias mais importantes para o jor-
visão na sala de aula é o da análise da infor- nal (quais são as mais importantes da pri-
mação, para ajudar professores e alunos a per- meira página); que enfoque é dado.
ceber melhor as possibilidades e limites da - Que notícias coincidem com o telejor-
televisão e do jornal como meio informativo. na1 (notícias que o telejornal anterior não
O professor pode propor inicialmente divulgou).
algumas questões gerais sobre a informação - Qual é a opinião do jornal neste dia
para serem discutidas em pequenos grupos e (análise dos editoriais, das matérias, que
depois no plenário. normalmente estão na segunda ou terceira
- Como eu me informo. página e não estão assinadas).
- Que telejornal prefiro e por quê. O professor pode reconstruir a seqüên-
- Do que não gosto neste telejornal e co- cia das notícias por escrito na frente do ple-
mo faria para mudar. nário e pedir ao cronometrista que anote a
- Que semelhanças e diferenças percebo duração de cada matéria.
nos vários telejornais. Cada grupo coloca no plenário as res-
- Que análise faço dos dois principais postas à primeira questão. O professor pro-
jornais impressos. cura reconstruir com todos os alunos as
Pode-se fazer uma análise de um pro- notícias mais importantes para a emissora e
grama informativo da televisão (por para o jornal impresso. Vê as coincidências
exemplo, do Jornal Nacional) e de dois e as discrepâncias. Convém analisar a notí-
jornais impressos do dia seguinte. O pro- cia mais importante com calma, exibindo-a
fessor pede a um dos alunos que anote a de novo, observando a estrutura, as técnicas
seqüência das notícias do telejornal e a utilizadas, as palavras-chave, a interpreta-
outro que cronometre a duração de cada ção. E assim vão respondendo as outras três
notícia. questões, sempre confrontando a informa-
Depois da exibição, o professor pede ção da televisão com a do jornal impresso,
que os alunos se dividam em grupos e que observando as omissões elou acréscimos
alguns analisem o telejornal, e pelo menos mais importantes.
Comunicação e Educaçao, São Paulo, (2):27 a 35, jan./abr. 1995 35

co - num quadro negro ou cartolina. Dis-


Com esta análise não se chega a uma cutem-se no plenário as coincidências e as
visão de conjunto, mas se percebe a par- diferenças de cada grupo na seleção e trata-
cialidade na seleção das notícias, na ênfa- mento do mesmo material informativo inicial.
se dada, na relativização da televisão e, Numa segunda etapa os alunos relatam
sobretudo, na espetacularização da tele- acontecimentos que presenciaram - pes-
visão como uma das armas importantes soalmente ou que conhecem bem - e os
para atrair o telespectador. compara como apareceram nos jornais e na
televisão.
Esta técnica enriquece a análise com o
A informação a partir da produção processo de seleção de cada grupo.
Exemplifica os mecanismos envolvidos no
A análise também pode partir de uma tratamento da informação mais claramente,
dinâmica que utiliza a produção de um jor- porque são percebidos na análise da pró-
nal pelo grupo utilizando o mesmo material pria produção. De outro lado, as interferên-
informativo prévio. O coordenador grava cias ideológicas no processo de escolha
um ou dois telejornais da mesma noite e também se mostram mais evidentes. De
adquire alguns exemplares de dois ou três qualquer forma, mais que a análise de um
jornais impressos do dia seguinte. programa, o importante é tomar a pessoa
Os grupos recebem os mesmos jornais mais atenta a todo o processo informativo,
impressos. Cada grupo eleborará um noti- às mediações conjunturais e do processo
ciário radiofônico, de cinco minutos, a par- de produção da indústria cultural, que
tir dos jornais, seguindo a ordem que achar interfere nos resultados informativos.
mais conveniente. Os alunos também podem fazer um
Cada grupo grava o seu noticiário ou lê pequeno jornal impresso ou em vídeo, com
como se fosse ao vivo. Pede-se a alguns par- notícias das aulas e da vida deles. Depois, o
ticipantes que anotem a seqüência das notí- professor discute com os alunos como foi o
cias, a sua duração e as palavras-chave de ca- processo de seleção das notícias e de produ-
da noticia. Colocam-se esses dados em públi- ção do jornal ou telejornal.

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