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emocional e pelo intuitivo, para atingir pos- O jovem lê o que pode visualizar, precisa
teriormente o racional. ver para compreender: Toda a sua fala é
TV e vídeo encontraram a fórmula de mais sensorial-visual do que racional e abs-
comunicar-se com a maioria das pessoas, trata. Lê, vendo.
tanto crianças como adultas. O ritmo toma-se A linguagem audiovisual desenvolve
cada vez mais alucinante (por exemplo, nos múltiplas atitudes perceptivas: solicita
videoclipes). A Iógica da narrativa não se constantemente a imaginação e reinveste a
baseia necessariamente na causalidade, mas afetividade com um papel de mediação pri-
na contigüidade, em colocar um pedaço de mordial no mundo, enquanto que a lingua-
imagem ou história ao lado da outra. A sua gem escrita desenvolve mais o rigor, a orga-
retórica conseguiu encontrar fórmulas que se nização e a análise lógica.
adaptam perfeitamente A sensibilidade do
homem contemporâneo. As narrativas usam
uma linguagem concreta, plástica, de cenas
curtas, com pouca informação, com ritmo
acelerado e contrastado, multiplicando os Propomos, a seguir, um roteiro simplifi-
pontos de vista, os cenários, os personagens, cado e esquemático com algumas formas de
os sons, as imagens, os ângulos, os efeitos. trabalhar com o vídeo na sala de aula. Como
Os temas são pouco aprofundados, roteiro não há uma ordem rigorosa e pressu-
explorando os ângulos emocionais, contra- põe total liberdade de adaptação destas pro-
ditórios, inesperados. Passam a informação postas h realidade de cada professor e dos
em pequenas doses (compacto), organiza- seus alunos.
das em forma de mosaico (rápidas sínteses
de cada assunto) e com apresentação varia- Usos inadequados em sala de aula
da (cada tema dura pouco e é ilustrado).
As mensagens dos meios audiovisuais a) Vídeo tapa-buraco: colocar vídeo
exigem pouco esforço e envolvimento do quando há um problema inesperado, como
receptor. Este tem cada vez mais opções, ausência do professor. Usar este expediente
mais possibilidades de escolha (controle eventualmente pode ser útil mas, se for feito
remoto, canais por satélite, por cabo, es- com freqüência, desvaloriza o uso do vídeo
colha de filmes em vídeo). Há maior pos- e o associa - na cabeça do aluno - a não ter
sibilidade de interação: televisão bidire- aula;
cional, jogos interativos, videodisco e CD b) Vídeo-enrolação: exibir um vídeo
(Compact Disc). A possibilidade de esco- sem muita ligação com a matéria. O aluno
lha e participação e a liberdade de canal e percebe que o vídeo 6 usado como forma de
acesso facilitam a relação do espectador camuflar a aula. Pode concordar na hora,
com os meios. mas discorda do seu mau uso;
C) Vldeo-deslumbramento: o professor
As linguagens da TV e do video respon- que acaba de descobrir o uso do vídeo cos-
dem h sensibilidade dos jovens e da gran- tuma empolgar-se e passar vídeo em todas
de maioria da população adulta. São as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais
dinâmicas, dirigem-se antes B afetividade pertinentes. O uso exagerado do vídeo dimi-
do que B razão. nui a sua eficácia e empobrece as aulas;
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Leitura "funcional"
O professor exibe as cenas mais impor-
tantes e as comenta junto com os alunos, a
Antes da exibição, escolher algumas
partir do que estes destacam ou perguntam.
funções ou tarefas (desenvolvidas por
É uma conversa sobre o vídeo, com o pro-
vários alunos) - o contador de cenas (descri-
fessor como moderador.
ção sumária, por um ou mais alunos):
O professor não deve ser o primeiro a
- Anotar as palavras-chave;
dar a sua opinião, principalmente em maté-
rias controvertidas, nem monopolizar a dis-
- Anotar as imagens mais significativas;
cussão, tampouco deve ficar em cima do
- Caracterização dos personagens;
muro. Deve posicionar-se, depois dos alu-
- Música e efeitos;
- Mudanças acontecidas no vídeo (do
nos, trabalhando sempre dois planos: o ideal
começo até o final).
e o real; o que deveria ser (modelo ideal) e
Depois da exibição, cada aluno fala e o
o que costuma ser (modelo real).
resultado é colocado no quadro negro ou
flanelógrafo. A partir do quadro, o professor
Leitura globalizante
completa com os alunos as informações,
relaciona os dados, questiona as soluções
Fazer, depois da exibição, estas quatro
apresentadas.
perguntas:
- Aspectos positivos do vídeo; Análise da linguagem
- Aspectos negativos;
- Idéias principais que passa; a) Que história é contada (reconstrução
- O que vocês mudariam neste vídeo. da história).
Comunicação e Educação, São Paulo, (21: 27 a 35, jan./abr. 1995 33
b) Como é contada essa história: material adaptado à sua realidade, à sua sen-
- o que lhe chamou a atenção visual- sibilidade.
mente;
- o que destacaria nos diálogos e na
música.
c) Que idéias passa claramente o pro- a) Contar em vídeo um determinado
grama (o que diz claramente esta histó- assunto;
ria): b) Pesquisa em jornais, revistas, entre-
- o que contam e representam os perso- vistas com pessoas;
nagens; c) Elaboração do roteiro, gravação, edi-
- qual o modelo de sociedade apresen- ção, sonorização;
tado. d) Exibição em classe elou em circuito
d) Ideologia do programa: interno;
- mensagens não questionadas (pressu- e) Comentários positivos e negativos.
postos ou hipóteses aceitos de antemão, sem A diferença entre a intenção e o resultado
discussão); obtido.
- valores afirmados e negados pelo pro-
grama (como são apresentados a justiça, o
trabalho, o amor, o mundo);
- como cada participante julga esses A câmera registra pessoas ou grupos e
valores (concordâncias e discordâncias nos depois se observa o resultado com comentá-
sistemas de valores envolvidos). A partir rios de cada um sobre seu desempenho e so-
de que momento cada um de nós julga a bre o dos outros.
história. O professor olha seu próprio desempe-
nho, comenta e ouve o comentário dos outros.
Completar o vídeo
Outras dinâmicas interessantes
a) Exibe-se um vídeo até um determina-
do ponto; a) Dramatizar situações importantes do
b) Os alunos desenvolvem, em grupos, vídeo já visto e discuti-las comparativa-
um final próprio e justificam o porquê da mente. Usar a representação, o teatro como
escolha; meio de expressão do que o vídeo mostrou,
c) Exibe-se o final do vídeo; adaptando-o à realidade dos alunos. Um
d) Comparam-se os finais propostos e o exemplo: alguns alunos escolhem persona-
professor manifesta também a sua opinião. gens de um vídeo e os representam adap-
tando-os à sua realidade. Depois, compa-
Modificar o vídeo ram-se os personagens do vídeo e os da
representação, a história do vídeo com a
a) Os alunos procuram vídeos e outros adaptada pelos alunos;
materiais audiovisuais sobre um determina- b) Adaptar o vídeo ao grupo: contar
do assunto; oralmente, por escrito ou audiovisualmente
b) Modificam, adaptam, editam, nar- situações nossas próximas às mostradas no
ram, sonorizam diferentemente. Criam um vídeo;
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