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ONG'S e OSCIP’S - Terceiro Setor

Informações sobre o Terceiro Setor


O Terceiro Setor é assim chamado porque engloba instituições com fins públicos,
porém de caráter privado, que não se enquadram, portanto no Primeiro Setor
(Estado). São regidas pelo direito privado, mas não possuem objetivos mercantis,
também não sendo qualificadas como instituições do Segundo Setor (Mercado).
Fazem parte do denominado espaço público não estatal .
Qualificam-se como entidades do Terceiro Setor as ONG’s, associações,
fundações, entidades de assistência social, educação, saúde, esporte,
meio ambiente, cultura, ciência e tecnologia, entre outras várias
organizações da sociedade civil.

O Terceiro Setor abrange ações públicas que saem do domínio estatal, e


passam a ser encampada por organizações da sociedade civil. É o
surgimento da iniciativa privada com fins públicos, com o objetivo de combater
grandes problemas do mundo atual, como a pobreza, violência, poluição,
analfabetismo, racismo, etc. São instituições com grande potencial de
representatividade, podendo ser vistas como legítimas representantes dos
interesses da sociedade civil.

Dentre as razões que levaram ao crescimento mundial do Terceiro Setor,


encontra-se a pouca representatividade, a capacidade limitada na execução de
tarefas sociais, e a falta de capilaridade por parte de órgãos governamentais,
características necessárias à execução de determinadas ações, e tão típicas
das modernas ONG’s. Além disso, estes órgãos do governo têm dificuldade na
manutenção de programas já implementados, e uma morosidade no repasse
de recursos que torna certas ações inviáveis.

É notório que ações públicas são comprovadamente mais eficazes se realizadas


em parceria, e ações conjuntas entre o governo e organizações da
sociedade civil fazem parte da política global de descentralização, citada em
nossa Constituição Federal (capítulo 3, seções A e C).

As organizações da sociedade civil acumulam infra-estrutura,


conhecimentos, recursos humanos de qualidade, experiência, e estão
perfeitamente aptas a trabalhar em parceria com órgãos públicos.

O crescimento do Terceiro Setor denota um aumento do compromisso da


sociedade com a cidadania, e o produto das organizações da sociedade civil é
um ser humano mudado, consciente de suas responsabilidades como cidadão
global.

Sabe-se que o Terceiro Setor está em pleno crescimento no mundo.


Entretanto, existe uma grande dificuldade no dimensionamento do verdadeiro
potencial das organizações da sociedade civil. Há uma falta de coerência em
informações como cifras, número de instituições, quantidade de
trabalhadores remunerados e voluntários, porém os dados disponíveis nos
indicam um efetivo aumento nas atividades deste setor da sociedade.
Apesar da multiplicação das ONG’s e de outras categorias de organizações
da sociedade civil no Brasil, ainda apresentamos números muito inferiores
aos de países da Europa ou América do Norte. De acordo com o Advogado
Manoel Gomes, em matéria para a Gazeta do Povo, há registros não oficiais de
aproximadamente 200 mil ONG’s no Brasil, empregando mais de 2 milhões de
pessoas.

Nos Estados Unidos, é usual usar o termo terceiro setor paralelamente a


outras expressões, como: ''Organizações sem fins lucrativos - Non Profit
Organizations'', significando um tipo de instituição cujos benefícios
financeiros não podem ser distribuídos entre seus diretores e associados. Ainda
como expressão utilizada - Organizações Voluntárias, com significado
complementar à citada. Em 1990, o setor movimentava 300 bilhões de
dólares, já em 1996, as organizações da sociedade civil americanas
movimentaram 6,3% do PIB, (320 bilhões de dólares, em números absolutos,
metade do PIB brasileiro no mesmo ano).

Hoje, o terceiro setor nos Estados Unidos movimenta anualmente 600 bilhões
de dólares, empregando 12 milhões de trabalhadores remunerados, além de
inúmeros voluntários (Professor Luiz Carlos Merege - FGV). Em países como
Itália, França e Alemanha, as instituições sem fins lucrativos atingem
anualmente mais de 3% do PIB nacional.

De acordo com a pesquisadora Leilah Landim (Universidade Federal do Rio de


Janeiro), houve um crescimento de 30% no setor entre 1991 e 1995, passando
a ocupar cerca de 1,4 milhões de pessoas no Brasil. Este número inclui
funcionários remunerados e voluntários, e representa mais que o dobro do
número de funcionários públicos federais na ativa. A mesma pesquisa cita que
em 1991, o Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda
registrava cerca de 200.000 entidades sem fins lucrativos.

O presidente FHC, em entrevista aos jornais Estado de São Paulo e Folha da


Tarde, declarou que o trabalho das ONG’s sérias potencializa o uso de
recursos e contribui para o gasto eficiente das verbas, em iniciativas de
interesse da população. Quando questionado sobre o crescimento das ações
das ONG’s, denotando ausência do Estado, citou o exemplo do crescimento do
Terceiro Setor em países como a França, Alemanha e Estados Unidos, onde é
difícil imaginar um Estado ausente.

Segundo pesquisadores da John Hopkins University, dos Estados Unidos, o


Terceiro Setor é a oitava força econômica mundial, movimentando 1,1trilhão
de dólares por ano, gerando aproximadamente 10,4 milhões de empregos. O
economista Lester Salamon, da mesma universidade, coordenou uma pesquisa
em 22 países, incluindo o Brasil, que concluiu que o segmento gira 1,1 trilhão
de dólares, empregando 19 milhões de pessoas, excluindo-se os voluntários.
Esta pesquisa levantou o perfil do Terceiro Setor no Brasil, em pessoal
ocupado por área de atuação:
Área de atuação Número de pessoas %

Educação e pesquisa 381.098 34

Saúde 184.040 16,4

Cultura 175.540 15,7

Assistência social 169.663 15,2

Associações profissionais 99.203 8,9

Religião 93.769 8,4

Defesa dos direitos 13.721 1,2

Meio ambiente 2.499 0,2


Fonte: John Hopkins University

O Conselho da Comunidade Solidária informa que o Terceiro Setor no Brasil


conta com aproximadamente 250.000 entidades, empregando 1,5 milhões de
pessoas e 12 milhões de voluntários.

OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse


Público
Com o evidente crescimento do Setor, surgiu a necessidade de valorização das
entidades que realmente buscam fins públicos, e representam grandes
segmentos da sociedade civil, e não somente pequenos grupos. Surgiu então,
a partir de uma consulta do Conselho da Comunidade Solidária, um projeto
de lei (n 4.690/98, de 28/07/98), que mais tarde deu origem à lei 9.790, de
23/03/99, que dispõe sobre a qualificação de entidades como Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público. Esta lei, regulamentada em
30/06/99 (decreto nº 3.100), transforma tais entidades em parceiras dos
órgãos governamentais, aptas a realizarem Termos de Parceria, prestando
contas com grande transparência e publicidade, mantendo a agilidade e
efetividade características do Terceiro Setor.

Diferentemente dos títulos de Utilidade Pública, a qualificação como OSCIP


é um direito da pessoa jurídica, desde que a mesma cumpra os rigorosos
requisitos do Ministério da Justiça, e esteja apta a dar publicidade à sua
movimentação financeira.

Não há obrigatoriedade no cadastramento em OSCIP e é também importante


mencionar que em uma OSCIP, os benefícios não são os mesmos que para
entidades filantrópicas, de utilidade pública e ONG 's (àquelas inscritas no
CNEA). Se a entidade remunerar seus dirigentes poderá perder isenção de
impostos e não ter mais direito a alguns benefícios como imunidade tributária
e isenção do imposto de renda.

Outro grande passo para a melhoria das condições de atuação do Terceiro


Setor no país foi a instituição da lei sobre Serviço Voluntário (nº 9.608, de
10/02/1998), que possibilita à entidade sem fins lucrativos trabalhar com
voluntários, através de um Termo de Adesão específico, sem correr riscos
inerentes à legislação trabalhista.

Apesar destes avanços, o Terceiro Setor ainda carece de uma lei de incentivos
fiscais clara e objetiva, e o próprio governo necessita “aprender” a trabalhar
com as OSCIP’s do país, através do Termo de Parceria. Desta maneira, o
Poder Público estaria apto a utilizar todo o potencial das entidades sérias,
promovendo o desenvolvimento sustentável e solucionando problemas de
nossa sociedade, em parceria com as mais legítimas representantes da
sociedade civil, as OSCIP’s.

Diferenciação
As Organizações da Sociedade Civil podem ser diferenciadas de acordo com
seu formato, formalização, fim e setor. Através de uma análise das
características de cada uma das modalidades a seguir, pode-se qualificar a
instituição como pertencente ou não ao Terceiro Setor.

ONG's - Organização Não-Governamental

Normalmente são iniciativas de pessoas ou grupos que visam colaborar na


solução de problemas da comunidade, como mobilizações, educação,
conscientização e organização de serviços ou programas para o atendimento
de suas necessidades.

Toda Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos é uma ONG.


Em função da falta de conhecimento por parte de seus fundadores,
eventualmente algumas delas adotam nomes não compatíveis com sua
modalidade jurídica.

Sociedade
Organização constituída por duas ou mais pessoas, por meio de um
contrato ou convenção, com o objetivo de obter lucro. Cada um dos sócios
contribui com parte do capital social. Por ter fins lucrativos, não se qualifica
como organização do Terceiro Setor.

Clube
Expressão comumente empregada para qualificar associações de fins
culturais, recreativos, políticos ou desportivos. Em terminologia
comercial, pode ser aplicado para designar sociedade com objetivo de venda
de mercadorias, bens móveis e imóveis, ou quaisquer outros produtos por
meio de sorteios. Neste caso, não é uma entidade sem fins lucrativos,
portanto pertence ao Segundo Setor da sociedade.
Associação
Possui o mesmo sentido da palavra sociedade, porém designa uma entidade
sem fins lucrativos. É toda agremiação ou união de pessoas com um
objetivo determinado, podendo ser este beneficente, científico, político,
desportivo, recreativo, artístico, literário, ativista, social, entre outros. É
forma característica de entidades do Terceiro Setor.

EX: Associação Comercial do Paraná

Associação Brasileira de Agência de Viagens - ABAV

Liga
É uma associação de indivíduos, grupos ou partidos para a defesa de
interesses comuns. È uma forma de associação, geralmente criada com
objetivos sociais. Sempre sem fins lucrativos, é também uma modalidade
característica do Terceiro Setor.

EX: Liga das Senhoras Católicas de Curitiba

Liga de Amadores Brasileiros de Radio Emissão - LABRE

Rede
Semelhante à Liga, tal denominação é comumente empregada para qualificar
uma união de diversas entidades com objetivos comuns. Dependendo das
características destas entidades, também é uma modalidade do Terceiro
Setor.

EX: Rede Brasileira de Proteção aos Recursos Hídricos e Naturais Amigos das
Águas - ADA

Rede Feminina de Combate ao Câncer

Fundação
É uma entidade sem fins lucrativos, que se forma pela constituição de um
patrimônio com o objetivo de servir a fins públicos. A Fundação se constitui
quando tal patrimônio (geralmente doado) adquire personalidade jurídica, e
passa a ser destinado para a consecução de seus objetivos. É sujeita a
legislação específica (lei 3071/16).

EX: Fundação Ronaldinho

Fundação Pedro N. Pizzatto.

Instituto
Categoria atribuída a entidades de diversas áreas, como literária,
artística, científica, política, beneficente, entre outras. Desta forma,
implica na significação do regime particular imposto à entidade, em virtude
das regras em que foi formatada, podendo constituir uma instituição de
qualquer um dos setores da sociedade.

EX: Instituto Ambiental do Paraná (1o. Setor).

Instituto Ecoplan (3o. Setor)


Fundos
PAD e ABONG apresentam levantamento sobre Fundos Públicos e
Privados

Orientações Gerais:

Nos últimos anos, as agências ecumênicas européias e seus parceiros no Brasil


vêm desenvolvendo uma série de atividades no sentido de fortalecer um
processo de articulação e diálogo. Tal iniciativa, nascida nos primeiros anos da
década de 90, vem procurando discutir conjuntamente os problemas relativos
à cooperação internacional e os desafios colocados para as organizações
brasileiras frente ao difícil contexto de crise social em que vêm atuando.

Denominado PAD - Processo de Articulação e Diálogo, o grupo escolheu


trabalhar nos últimos anos em duas frentes. A primeira trata dos temas
relativos ao universo dos Direitos Humanos, concebidos em seu sentido amplo,
não só no sentido dos direitos políticos, mas também abarcando os temas
sociais, econômicos, culturais e ambientais. A segunda frente tomou como
desafio o desenvolvimento da institucionalidade das entidades no Brasil e na
Europa, bem como dos seus processos organizacionais frente à missão maior
de mudar as condições de pobreza e injustiça social da maioria da população
brasileira.
O levantamento contido neste documento foi realizado através de uma parceria
entre o PAD e a ABONG-Associação Brasileira de Organizações Não-
Governamentais, dentro das atividades do campo denominado de
Desenvolvimento Institucional e Organizacional.

Para a ABONG, o levantamento insere-se no seu plano de trabalho de


fortalecimento das ONG’s, uma das áreas de atuação da Associação.
Produzido no primeiro semestre de 2000, o levantamento visa tornar público e
facilitar o acesso dos recursos disponíveis para o trabalho das entidades
envolvidas com o campo do desenvolvimento social e humano no Brasil.
Realizado junto aos órgãos públicos federais e aos setores privados, que
possuem fundos de acesso para organizações sem fins lucrativos, a
veiculação destas informações, além de facilitar a compreensão e o acesso aos
fundos por parte dessas entidades, procura, colaborar no processo de
transparência e controle social sobre tais recursos, contribuindo, desta forma,
para o processo de democratização da sociedade brasileira.

Mais informações e fonte: Associação Brasileira de Organizações não-governamentais -


www.abong.org.br

Legislação Pertinente
Índice de leis Índice temático
Leis Complementares Criação das Pessoas Jurídicas de Direito
Leis Ordinárias Privado
Decretos-lei Certificados e Registros
Medidas Provisórias Relações de trabalho
Decretos Obrigações Previdenciárias
Resoluções Captação de Recursos
Direito Tributário
Contratos
Instruções Normativas
Convênios
Extinção das Entidades Civis

Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973


Institui o Código de Processo Civil.

Lei 8.010, de 20 de março de 1990

Dispõe sobre importações de bens destinados à pesquisa científica e


tecnológica e dá outras providências.

Lei 8.212, de 24 de julho de 1991

Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio


e dá outras providências.

Lei 9.790, de 23 de março de 1999

Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins


lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público,
institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.

Medida Provisória no 2.143-32, de 2 de maio de 2001

Decreto 3.100 de 30 de junho de 1999

Regulamenta a Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999, que dispõe sobre a


qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina
o Termo de Parceria, e dá outras providências.

Lei 9.608 de 18 de fevereiro de 1998

Dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências

Rits
A Rits é uma organização sem fins lucrativos. Nossa missão? Oferecer
informações sobre o terceiro setor e acesso democrático à tecnologia de
comunicação e gerência do conhecimento. Estamos certos de que esses
instrumentos repercutirão positivamente sobre a qualidade e a eficácia das
ações do setor.

http://www.rits.org.br/
Pessoa Jurídica pode deduzir
doações a OSCIP no Imposto de Renda
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), agora podem receber
doações dedutíveis no Imposto de Renda de Pessoa Jurídica. Essa é uma vitória
importantíssima na luta pela implantação do Marco Legal do Terceiro Setor,
encabeçada pelo Conselho da Comunidade Solidária.

A lei nº 9.249/95, que permite a dedução no Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas
até o limite de 2% sobre o lucro operacional das doações efetuadas  a entidades civis,
consideradas de Utilidade Pública, passa a abranger também as entidades qualificadas
como OSCIP, de acordo com a Medida Provisória nº 2113-32, de 21 de junho de
2001, artigos 59 e 60.

O mecanismo tradicional de incentivo à responsabilidade social dos  empresários e à


filantropia privada é a possibilidade de dedução das doações  da base tributável do
Imposto de Renda. Da perspectiva das entidades, as  doações das pessoas jurídicas
constituem hoje uma fonte importante de  sustentabilidade financeira.
À exceção da isenção do Imposto de Renda, acessível a todas as entidades  sem fins
lucrativos que obedecem às determinações constantes do art. 15 da  Lei 9.532/97, as
OSCIP's não tinham, até então, acesso a nenhum incentivo  fiscal.

A aceitação, pela Secretaria da Receita Federal, da inclusão das OSCIP's no universo


das entidades beneficiárias de doações dedutíveis do Imposto de Renda das Pessoas
Jurídicas é mais um passo na direção da mudança do marco  legal do Terceiro Setor.
Agora a batalha continua para a volta da dedutibilidade das doações no Imposto de
Renda das Pessoas Físicas e para implementar outras medidas que foram propostas
pelos interlocutores nas  rodadas de interlocução política.

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