Por décadas a África do Sul sofreu com um regime de segregação racial
que se encerrou a 25 anos o que chamaram de Apartheid, na etimologia
buscando seu significado e encontramos, na língua Africâner, o termo “separação”. Em geral o Apartheid foi um regime de segregação racial em forma de lei implementada na África do sul entre 1948 e 1994. Desde sua colonização que teve início no século XVII ( dezessete ) com a Companhia Holandesa das Índias Orientais, descendentes desses colonizadores identificados como “bôeres”, observamos todo o processo da escravidão que foi tomando conta dos recursos e nativos daquela região, com a chegados de novos colonizadores britânicos não foi diferente a segregação era o menor dos problemas comparado com a dor da escravidão que aquele povo sentiu. Décadas mais tarde depois dos britânicos e bôeres disputarem pelas riquezas naturais (Jazidas de ouro e diamante), fez com que os bôeres fundarem ao norte repúblicas independentes, República de Orange e a República de Transvaal e mais tarde com o fim da escravidão, os sistemas segregacionistas não paravam de aumentar. Temos povos negros, mestiços e qualquer outra etnia não branca sendo jogados a margens inferiores a pessoas de pele branca. Os britânicos dominaram grande parte do que hoje chamamos de África do Sul, décadas mais tarde, antes do Apartheid já se criaram juridicamente leis para impedir “não brancos” de participar da política. Em 1910 “não brancos” não poderiam quebrar contratos com brancos, no ano de 1918 “não brancos” são obrigados a viverem em bairros específicos (Bantustões), os mesmos também não podiam estar em uma relação com brancos e nem frequentar os mesmos estabelecimentos. Usando de fonte o sistema de estatísticas da África do Sul analisamos que 68,6% da população em 1946 era negra, 20,8% branca, 8,1% mestiça e 2,5% asiática. Em 1948 toda a opressão que os negros sentiam se tornou legal, naquele ano chegando ao poder o Partido Nacional, um partido de supremacistas brancos, e com Daniel François Malan que foi seu primeiro ministro, em dois anos pessoas negras precisavam de pass para ir e vir entre outros bairros, e caso fossem abordados por autoridades e estivessem sem os documentos multas eram cobradas além de violência moral e física. Em 1953 foi segregado também o sistema educacional. Durante anos os não brancos foram democraticamente ignorados pois sucessivamente o partido nacional se manteve no poder. Claro que o povo negro não se calou diante de toda falsa democracia, em 1912 o partido CNA – Congresso Nacional Africano que vinham defendendo causas de pessoas negras e mais tarde entre outras etnias. Entre manifestações, uma ficou marcada na história, de forma pacífica em Sharpeville (Joanesburgo) pessoas negras queimaram seus pass em forma de protesto e foram reprimidas pelo governo de forma brutal, o número de feridos passou de 200 (duzentos) e de mortos o número chegou a 69 (sessenta e nove). Entre figuras, temos nomes como Steve Biko e Nelson Mandela que após de muitas marchas, boicotes civis e manifestações pacíficas, encontraram outro meio de luta, colocando suas mãos em armas e bombas atacando o estado. Toda essa repressão gerou comoção em partes do mundo todo, a África do Sul havia sido excluída militar e economicamente por causa de sua violência gerada o que acabou resultando em mais repressão. Nelson Mandela é considerado traidor da pátria e depois preso condenado a prisão perpetua, em 1989 Frederik William de Klerk, mais tarde negocia a saída de Mandela, se torna presidente se uni em 1990 com partidos formados por pessoas negras para abrir um parlamento pois o Apartheid estava em fracasso e trazendo o declínio do país. Nelson Mandela junto com Klerk são homenageados com o Nobel da Paz, em 1994 Mandela também se torna o primeiro presidente, da África do Sul, negro impondo um fim no Apartheid e a partir desse ato se promovem no país eleições multirraciais onde o Congresso Nacional Africano se elege em maior número. Com isso, o país se unifica e guerras civis não são clamadas, as divisões étnicas têm seus fins e agora pessoas de todas as cores possuem o mesmo direito, toda a politica gerada a partir do mandato de Mandela faz com que a África do Sul volta a se conectar com os outros países, a economia volta a crescer e o país toma seu lugar hoje conhecido como um dos BRICS ao lado dos países Brasil, Rússia, Índia e China. Mandela é visto como uma das figuras mais importantes na luta contra o racismo, pela democracia e defensor dos direitos de pessoas negras, seu governo foi de 1994 a 1999 e faleceu em 2013. O seu partido Congresso Nacional Africano continua no poder, Jacob Zuma, um dos presidentes companheiros de Mandela, foi acusado de corrupção entre outros crimes, no mesmo aniversario de 70 ( setenta ) anos do regime Apartheid, o mesmo renunciou e agora em seu segundo mandato Cyril Ramaphosa preside com firmeza visando a democracia com os mesmos olhos e ideias de seus antecessores colegas do CNA. Fazem 25 (vinte e cinco ) anos o encerramento do Apartheid, um grande acontecimento nos dias de hoje foi a competição de Miss Universo onde a vencedora da competição de 2019 se chama Zozibini Tunzi uma mulher negra Sul africana, em seu discurso ela cita nomes como o de Mandela e fala também sobre a importância da luta contra o racismo.