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MELHORIA DA AUTOMAÇÃO DOS PROCESSOS DE UMA ESTAÇÃO DE

TRATAMENTO DE ESGOTO

Rodrigo Tenorio Fritz

Projeto de Graduação apresentado ao


Curso de Engenharia de Controle e
Automação, da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Engenheiro de
Controle e Automação.

Orientador: Armando Carlos de Pina Filho

Rio de Janeiro
Setembro de 2017
MELHORIA DA AUTOMAÇÃO DOS PROCESSOS DE UMA ESTAÇÃO DE
TRATAMENTO DE ESGOTO

Rodrigo Tenorio Fritz

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE


ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA À OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE CONTROLE E
AUTOMAÇÃO.

Examinado por:

_________________________________
Prof: Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc.

_________________________________
Profa. Andrea Valdman, D.Sc.

_________________________________
Prof. Bruno Didier Olivier Capron, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


SETEMBRO DE 2017
Fritz, Rodrigo Tenorio
Melhoria da Automação dos Processos de uma Estação de
Tratamento de Esgotos/ Rodrigo Tenorio Fritz. – Rio de
Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2017.
XI, 58 p.: il.; 29,7cm.
Orientador: Armando Carlos de Pina Filho
Projeto de graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Curso de Engenharia de Controle e Automação, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 67 – 69.
1. Automação. 2. Estação de Tratamento de Esgotos. 3.
Otimização. I. Carlos de Pina Filho, Armando. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola
Politécnica, Curso de Engenharia de Controle e
Automação. III. Título.

iii
Dedico este trabalho às pessoas
que me apoiaram nesse longo
período de experiência de vida e
trajeto até a graduação em
Engenharia de Controle e
Automação. Meus pais, meus avós,
família, namorada, amigos, colegas
de curso, e a todos aqueles que
contribuíram de alguma forma,
mesmo de forma pessimista, e
agora compartilham a minha alegria
em finalmente concluir essa difícil
etapa de vida. A alegria é dividida e
tenho certeza que por todos. A
sensação de transformar o
aprendizado em resultado prático na
busca de uma sociedade melhor e
com mais qualidade de vida
A vida é como uma viagem de trem,
não fique parado na estação.

iv
Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos que me deram suporte para a conclusão dessa jornada,
em primeiro lugar, ao meu orientador, Armando Carlos de Pina Filho, que me deu todo auxilio
para o desenvolvimento deste trabalho. Aos companheiros da empresa que auxiliaram nas
respostas a parte de tratamento de esgotos, ao meu sócio e tio Marcelo Tenorio que auxilia
diariamente no desenvolvimento de novos projetos na empresa, além de amigos de curso,
que me auxiliaram a mitigar os problemas de desenvolvimento do projeto.
Aos membros da banca, que aceitaram me avaliar e, que tanto contribuíram para
melhora da qualidade deste trabalho com suas sugestões. A LTROTTA Engenharia, empresa
que possibilitou a oportunidade de estagiar e desenvolver o embrião deste projeto, além da
FACE Ambiental que possibilitou a escolha do tema e sempre auxiliou nas melhores soluções
que poderiam ser desenvolvidas.
Agradeço a todos os docentes e colegas das mais diversas turmas que me
acompanharam durante a graduação. A todos os meus familiares, inclusive os que nos
deixaram, à minha namorada e amigos mais próximos, que me deram todo suporte, carinho
e apoio necessários para o meu sucesso.

v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à POLI/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Controle e Automação.

MELHORIA DA AUTOMAÇÃO DOS PROCESSOS DE UMA ESTAÇÃO DE


TRATAMENTO DE ESGOTOS.

Rodrigo Tenorio Fritz


Setembro/2017

Orientador: Armando Carlos de Pina Filho

Curso: Engenharia de Controle e Automação

A partir de meados do século XX, com o aumento da população e das indústrias, o


aspecto ambiental passou a ser valorizado, com o tratamento através da remoção, entre
muitos outros, de nitrogênio e fósforo, além da canalização de esgotos domésticos e
industriais destinados a uma estação de tratamento de esgotos (ETE). A principal função
de uma ETE é tratar os dejetos para reduzir a poluição a níveis aceitáveis, antes de
enviar os efluentes aos corpos hídricos receptores. Na estação são necessários
diversos componentes de automação como motores, sensores, blocos lógicos,
temporizadores e contadores. Este trabalho foi desenvolvido buscando uma solução a
possíveis falhas humanas, além da redução de custos com a mão de obra,
apresentando uma estação de tratamento de efluentes existentes, e sua integração com
equipamentos e instrumentos pertinentes. A metodologia foi dividida em pesquisa
bibliográfica, para definir o planejamento global através de referências teóricas, seguida
pelo estudo da atual estação de tratamento em que se buscou um maior detalhamento
do processo e a inserção de ideias para aprimorar o sistema. O objetivo do trabalho é
implementar automação em uma ETE existente, auxiliar nesse processo de melhoria da
automação, e buscar um aprimoramento no atual serviço. A automação foi realizada
pela linguagem LADDER, em programas que simulam a operação dos Controladores
Lógicos Programáveis (PLC). Com a implementação dessa automação é possível evitar
falhas humanas e redução de custos de manutenção do sistema.

Palavras-chave: Automação, Estação de Tratamento de Esgotos, Otimização.

vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Control and Automation Enginner.

IMPROVING THE AUTOMATION OF THE PROCESSES OF A SEWAGE


TREATMENT STATION.

Rodrigo Tenorio Fritz


September/2017

Advisor: Armando Carlos de Pina Filho

Course: Control and Automation Engineering

Since the middle of the 20th century, with the increase of population and industries, the
environmental aspect has come to be valued, with the treatment through the removal,
among many others, of nitrogen and phosphorus, as well as the channeling of domestic
and industrial sewage to a sewage treatment plant (ETE). The main function of a TEE is
to treat waste to reduce pollution to acceptable levels before sending effluents to
receiving water bodies. At the station, various automation components such as motors,
sensors, logic blocks, timers and meters are required. This work was developed to find
a solution to possible human faults, besides reducing labor costs, presenting an existing
effluent treatment plant, and its integration with relevant equipment and instruments. The
methodology was divided into bibliographic research, to define the overall planning
through theoretical references, followed by the study of the current treatment station in
which a greater detail of the process was sought and the insertion of ideas to improve
the system. The objective of the work is to implement automation in an existing ETE,
assist in this process of improving automation, and seek an improvement in the current
service. The automation was performed by the LADDER language, in programs that
simulate the operation of the Programmable Logic Controllers (PLC). With the
implementation of this automation it is possible to avoid human failures and reduce
system maintenance costs.

Keywords: Automation, Sewage Treatment Plant, Optimization

vii
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS X
LISTA DE TABELAS XI

CAPÍTULO 1 12

INTRODUÇÃO 12

1.1 PROBLEMAS 14
1.2 OBJETIVOS 14
1.3 AUTOMAÇÃO 15
1.4 METODOLOGIA 15

CAPÍTULO 2 17

TRATAMENTO DE EFLUENTES 17

2.1 TRATAMENTO PRIMÁRIO 18


2.2 TRATAMENTO SECUNDÁRIO 20
2.3 TRATAMENTO TERCIÁRIO 22

CAPÍTULO 3 25

DETALHAMENTO DA AUTOMAÇÃO 25

3.1 CONTROLE DE PROCESSOS 25


3.2 CONTROLE PID 27
3.3 SISTEMA DE SUPERVISÃO 28

CAPÍTULO 4 31

EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS 31

4.1 INVERSOR DE FREQUÊNCIA 31


4.2 SOFT-STARTERS 31
4.3 VÁLVULAS ELETRO-PNEUMÁTICAS E CILINDROS PNEUMÁTICOS 32
4.4 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL - PLC 33

viii
4.5 IHM (INTERFACE HOMEM MÁQUINA) LOCAL 35
4.6 MEDIDORES DE GRANDEZAS ELÉTRICAS 35
4.7 DOSADOR DE CLORO 35
4.8 ANALISADOR DE CLORO 36
4.9 ANALISADOR DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) 36
4.10 MEDIDOR DE VAZÃO ULTRASSÔNICO / CALHA PARSHALL 37
4.11 CHAVES BOIA 37

CAPÍTULO 5 38

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS 38

5.1 FLUXOGRAMA DO PROCESSO 40


5.2 CANAL DE ENTRADA 40
5.3 TANQUE DE AERAÇÃO 42
5.4 DECANTADOR SECUNDÁRIO 43
5.5 TANQUE DE LODO 43

CAPÍTULO 6 45

AUTOMAÇÃO NA ETE 45

6.1 DIAGRAMA DE COMANDO 45


6.1.1 OPERAÇÃO MANUAL 47
6.2 OTIMIZAÇÃO 47
6.3 PARÂMETROS MONITORADOS E CONTROLADOS 50
6.3.1 MEDIÇÃO DA VAZÃO 50
6.3.2 RECALQUE DE ESGOTO BRUTO AFLUENTE COM CONTROLE DE VAZÃO 51
6.3.3 REATOR AERÓBIO 54
6.3.4 ADENSAMENTO E DESAGUAMENTO DE LODO 57
6.3.5 ENERGIA ELÉTRICA 59
6.4 REDE PETRI 59

CAPÍTULO 7 66

ANÁLISE DOS RESULTADOS 66

CONSIDERAÇÕES FINAIS 66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 67

ix
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma do processo ..................................................................................................14


Figura 2 - Detalhe do sistema de gradeamento em uma estação de tratamento de água ..........18
Figura 3 - Tanques de decantação em estação de tratamento de esgoto no Rio de Janeiro .....19
Figura 4 - Tanque de flotação em estação de tratamento de água ................................................19
Figura 5 - Esquema das fases de um tratamento secundário com lodo ativado ..........................20
Figura 6 - Lagoa aerada de uma estação de tratamento de esgoto ..............................................21
Figura 7 - Lodo ativado em uma estação de tratamento .................................................................21
Figura 8 - Ilustração de osmose reversa ...........................................................................................23
Figura 9 – Malha de controle PID com a interferência de cada parcela no controle do erro .......27
Figura 10 – Sistema supervisório da ETE Lavapés .........................................................................29
Figura 11 – Chave de partida Soft-Starter ........................................................................................ 32
Figura 12 – Válvulas de Controle .......................................................................................................33
Figura 13 – Ciclo de varredura do PLC .............................................................................................34
Figura 14 – Analisador de Cloro.........................................................................................................36
Figura 15 – Localização ETE Shopping Lagos.................................................................................38
Figura 16 – Arranjo Geral ETE Shopping Lagos ..............................................................................39
Figura 17 – Diagrama P&ID do processo..........................................................................................40
Figura 18 – Configuração do Canal de Entrada e Elevatória ..........................................................41
Figura 19 – Tanque de Aeração.........................................................................................................42
Figura 20 – Decantador Secundário ..................................................................................................43
Figura 21 – Tanque de Lodo ..............................................................................................................44
Figura 22 – Diagrama de Força e Diagrama de Comando - ETE Shopping Lagos......................46
Figura 23 – Diagrama Ladder para controle das válvulas do descarte do lodo ............................ 49
Figura 24 –Medidor de vazão ultrassonico para canais abertos e calha Parshall ........................ 51
Figura 25 – Diagrama Ladder com controle de funcionamento das bombas ................................52
Figura 26 – Inversor de frequência CFW08, indicado para controlar a rotação e vazão das
bombas .................................................................................................................................................54
Figura 27 – Sistema de análise do Oxigênio Dissolvido ..................................................................54
Figura 28 – Diagrama Ladder com controle de funcionamento dos sopradores. .........................56
Figura 29 – Diagrama Ladder com controle do nível do tanque de lodo. ......................................58
Figura 30 – Multimedidor de Grandezas Elétricas ...........................................................................59
Figura 31 – Rede Petri para a passagem do lodo ............................................................................61
Figura 32 – Rede Petri para o funcionamento das bombas ............................................................ 63
Figura 33 – Rede Petri para o funcionamento dos sopradores ......................................................65

x
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Transições e Lugares para a Rede Petri da malha do lodo .........................................60


Tabela 2 – Transições e Lugares para a Rede Petri da malha das bombas da elevatória .........62
Tabela 3 – Transições e Lugares para a Rede Petri da malha do funcionamento dos
sopradores............................................................................................................................................64

xi
Capítulo 1

Introdução

Desde o início e até meados do século XX, os principais objetivos com o


tratamento de esgoto e o saneamento básico eram evitar a transmissão de doenças. No
princípio, o tratamento focava na remoção do material coloidal, suspenso e flotado, além
do tratamento do material orgânico biodegradável, buscando a eliminação de agentes
patogênicos.

Até meados do século XX os recursos naturais eram abundantes e nunca foi


preocupação a preservação e o cuidado com a escassez dos mesmos. No entanto, com
o aumento exponencial da população, principalmente nas grandes cidades, e das
indústrias a partir da década de 1970, o aspecto ambiental passou a ser valorizado.
Devido à crescente diminuição dos recursos naturais, diversas leis e normas foram
criadas buscando deixar os padrões de emissão mais rígidos, e com o passar dos anos
regularizaram o tratamento de água e dos efluentes.

Com isso, uma série de exigências foram criadas, que levaram a uma evolução
na qualidade do tratamento dos dejetos. Assim, o tratamento das águas usadas é
incontestavelmente fundamental, pois reduzem ou evitam a proliferação de organismos
patogênicos que podem contaminar o homem e animais através da água.

Desta forma, a implantação de novas ETEs, assim como o aumento das redes
de tratamento de águas em geral, permitem uma melhor qualidade de vida, visto que
evitam doenças que podem ter sérias consequências como o aumento da mortalidade
infantil, redução da produtividade e aumento do custo hospitalar. É importante ressaltar
que o tratamento das águas usadas também reduz os efeitos poluidores sobre os
ecossistemas aquáticos.

A conscientização para o tratamento dos efluentes e controle da poluição teve


inicio recente. Quando começaram as “preocupações” com os dejetos industriais foi
criada a “política da chaminé alta”, onde os empresários e donos de fábricas migraram
de suas cidades para países onde pudessem criar filiais “para evitar prescrições do
próprio país de origem”. (Gutberlet, 1996)

Somente após a revolução industrial que se iniciou a preocupação com os danos


ao meio ambiente, com a instalação de filtros e a realização de programas de redução
das emissões de poluentes. Uma das primeiras normatizações existentes relacionadas
à poluição e ao desperdício de água foi a Carta Européia da Água (criada em 06 de
maio de 1968 pelo Conselho da Europa). (Gutberlet, 1996)

Os efluentes são caracterizados pela água acrescida das impurezas devidas ao


uso. Dejetos industriais e residenciais são os principais responsáveis pela degradação
da qualidade da água (PERIAÑEZ, 2004). No caso do esgoto residencial, sua maior
parte é constituída por água e o restante é comumente chamado de lodo, cuja

12
composição é formada por partículas suspensas ou dissolvidas, material orgânico,
nutrientes e organismos patogênicos, como vírus, bactérias, protozoários e helmintos,
sendo estes a maior preocupação para o tratamento dos esgotos. As principais doenças
transmitidas pela água, que acarretam muitas mortes por dia, são a diarreia infecciosa,
a cólera, a hepatite, a leptospirose e a esquistossomose (SANTOS et al., 2003).

Para embasamento teórico sobre tratamento de efluentes, foram utilizadas a


Resolução n° 357, de 17 de Março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) – que estabelece as condições de padrões de lançamento de efluentes –, a
Diretriz 215 do INEA, que estabelece o controle de carga orgânica biodegradável em
efluentes líquidos, a Constituição Federal de 1988 e a Lei n° 6938 de 31 de agosto de
1981 que visa controlar o lançamento de poluentes no meio ambiente, além dos autores
citados neste texto.

A principal função de uma Estação de Tratamento é reduzir a poluição do esgoto


bruto a níveis aceitáveis, de acordo com as normas, antes de enviar os efluentes aos
corpos hídricos como mares ou rios. Este tratamento pode ser realizado por ETE
automáticas ou semiautomáticas que utilizam diversos componentes para tal finalidade
como motores, sensores, além de blocos lógicos, temporizadores e contadores. Hoje
em dia a automação de processos tem grande destaque nas indústrias e é utilizada
numa escala crescente, proporcionando uma maior qualidade, produtividade e
aperfeiçoamento dos processos e uma otimização geral dos sistemas.

De modo a garantir a qualidade da água e seu posterior uso ou emissão nos


corpos hídricos, os tratamentos de efluentes podem ser classificados em primário,
secundário e terciário. O tratamento primário utiliza principalmente os processos físico-
químicos para separar os sólidos do efluente, enquanto o tratamento secundário realiza
a remoção da matéria orgânica com reações bioquímicas. Os tratamentos terciários
utilizam métodos físico-químicos ou biológicos para a retirada dos poluentes, compostos
tóxicos e microrganismos que não foram removidos pelos outros processos. (VON
SPERLING, 2005).

Já um sistema de esgoto tem seu fluxo definido pela ação da lei da gravidade, e
pode ser dividido entre a rede coletora e estações elevatórias. As redes coletoras
recolhem os efluentes de diversos estabelecimentos ou indústrias e enviam os dejetos
até a estação de tratamento. Nas estações elevatórias, é realizado o bombeamento dos
esgotos nas redes coletoras para auxiliar o direcionamento do fluxo.

O início do tratamento dos efluentes ocorre desde as estações elevatórias, onde


os materiais sólidos de grande porte são eliminados pelo gradeamento existente. Após
o gradeamento, os efluentes vão para o tanque de aeração em que se introduz o
oxigênio para acelerar o desenvolvimento de microrganismos que assimilam e
processam grande parte da matéria presente no esgoto. Posteriormente, o lodo que se
forma se dirige ao decantador, para que novamente a gravidade entre em ação e
processe esse material. Após o processo de aeração e decantação, o líquido
processado está livre das substancias nocivas ao meio ambiente, e ele é então
despejado nos corpos hídricos, enquanto que o lodo excedente vai para o adensador
de lodo, para reduzir o seu volume, antes de ser enviado para uma estação de
tratamento pública. Na Figura 1 é possível observar o fluxograma do processo.

13
Figura 1 – Fluxograma do processo
Fonte:Autor

Durante o tratamento, existem uma série de parâmetros químicos, físicos e


biológicos que necessitam de um monitoramento constante e um controle eficaz para o
seu correto funcionamento. A utilização de processos manuais para monitoramento dos
parâmetros, permite que ocorram falhas em função da intervenção de um operador.
Nesse sentido, a automação, o controle e o monitoramento, se tornam necessários para
um melhor funcionamento do sistema e uma melhor eficiência no tratamento desses
efluentes.

A automação em uma estação de tratamento está presente em todos os setores


do processo, seja pelo controle dos níveis, controle dos poluentes, sensores, motores,
válvulas, controladores lógicos programáveis (CLP) e relés, além dos sistemas
supervisórios que gerenciam todos os processos (NT SABESP – 018, 2011).

1.1 PROBLEMAS
Para implementar a automação nas ETEs existentes, frequentemente ocorre
problemas ligados a limitações do espaço, pois por muitas vezes no projeto inicial da
ETE, não era previsto um espaço destinado aos componentes necessários para a
automação. Nas novas ETEs, este problema não é encontrado pois já são construídas
com o devido espaço para implementar a automação.

Outro problema que existe nas estações de tratamento é a comunicação entre


os equipamentos, pois devido aos diferentes fabricantes, cada um desenvolve seu
equipamento priorizando sua linguagem ou alguma linguagem parceira, dificultando a
comunicação entre eles. Para resolver essa questão é necessária a utilização dos
padrões globais de comunicação.

1.2 OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivos, apresentar como a automação permitiu uma
melhoria nos sistemas de tratamento, descrever um sistema atual, com seu tipo de
tratamento de efluentes existentes, e a integração com os equipamentos e os
instrumentos.

O principal objetivo é sugerir propostas de melhorias no atual funcionamento da


estação de tratamento de esgotos e aprimoramento da automação. Através da
linguagem Ladder e PLC, buscar a modernização do atual serviço.

14
• Descrever sobre os processos de tratamentos dos efluentes;
• Abordar o processo de automação de uma Estação de Tratamento de Esgotos;
• Detalhar a utilização dos equipamentos e instrumentos;
• Apresentar os resultados do aprimoramento do processo da Automação da
ETE.

Foi escolhido como sugestão a implementação da automação, como estratégia


empresarial, o processo de passagem do lodo.

Atualmente nesse processo o lodo é reintroduzido ao sistema no tanque de


aeração e uma vez por dia o operador altera o posicionamento das válvulas para
eliminar o excesso de lodo para o tanque digestor aeróbio de lodo.

Com essa sugestão de automação, esse processo passa a ser automático,


realizando a recirculação do lodo e de acordo com as configurações ativando o descarte
do lodo quando necessário. Após o funcionamento por determinado momento o sistema
retorna para a posição inicial, alterando as válvulas para a recirculação.

Para essa passagem foi desenvolvido em LADDER um projeto de controle das


válvulas com o PLC para o correto manejo do lodo.

1.3 AUTOMAÇÃO
A busca pela automação no saneamento não é algo novo, sua significativa
melhora em eficiência energética e em qualidade de tratamento, aliado a equipamentos
mais modernos leva a automação ao caminho natural do desenvolvimento da qualidade
dos tratamentos.

A possibilidade de realizar um monitoramento remoto em todas as etapas, desde


o tratamento da água, seu armazenamento e distribuição, além da coleta de esgoto,
tratamento e retorno ao meio ambiente, traz um ganho significativo para o saneamento
básico devido à automação.

Desta forma com a automação é possível tornar o sistema mais eficiente, em


função do monitoramento e controle de todo o processo. Aliado ao atual cenário de
aumento populacional e um aumento na poluição, é preciso atuar na melhoria da
qualidade com a redução de custos energéticos do tratamento, coleta e distribuição das
águas e efluentes.

1.4 METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho foi dividida em pesquisa bibliográfica, para definir
o planejamento global através de referências teóricas, seguida pelo estudo de caso em
que se buscou um maior detalhamento do processo e a inserção de ideias para
aprimorar o sistema.

A automação desenvolvida para a estação foi realizada em linguagem LADDER,


em programas que simulam a operação dos Controladores Lógicos Programáveis
(CLP). Além da simulação do funcionamento do sistema, com seus sensores e
atuadores.

15
A automação de uma estação de tratamento compreende seis funções:

i) Sensoriamento ou sinalização: é responsável por indicar os


componentes da estação que estão acionados ou não, através de
lâmpadas indicadoras de cores verdes ou vermelhas;
ii) Acionamento Motor: gerencia o funcionamento dos motores
presentes na estação, como aqueles responsáveis por bombas
elevatórias, decantadores, tanques de aeração e adensadores;
iii) Atuação de Válvulas: controla o funcionamento das válvulas
presentes na estação de tratamento, através de comandos que
permitem a abertura ou fechamento das mesmas, seguindo as
orientações do sistema e de acordo com os valores encontrados
pelos sensores dispostos ao longo das instalações;
iv) Iluminação: iluminar os ambientes interiores através de um sensor de
presença e iluminar o ambiente externo com a falta de luz natural;
v) Alarme: seu objetivo é alertar para a entrada de invasores nas
dependências da estação e alertar para problemas ocorridos durante
algum processo monitorado;
vi) Supervisório: monitora as condições dos diversos componentes da
estação, proporcionando ao operador todas as informações para uma
eventual tomada de decisão.

16
Capítulo 2

TRATAMENTO DE EFLUENTES

Desde o início da humanidade, a obtenção de recursos para a sobrevivência


sempre foi de suma importância. Com isso, os seres humanos tendem a se estabelecer
em regiões onde esses recursos naturais estão disponíveis permitindo a sua
manutenção (CAVINATTO, 2001). Com o passar do tempo, os conhecimentos
adquiridos sobre a necessidade de conservação dos recursos naturais levaram a
implantação de uma série de medidas para mitigar os efeitos causados pela sua
exploração. Uma das medidas foi promover a fabricação de sistemas para preservar
esses recursos, como o controle da poluição e sistemas de saneamento e
aproveitamento de energia.

Antigamente alguns povos desenvolveram técnicas de captação, condução,


armazenamento e utilização da água, como no Egito, quando utilizavam técnicas de
irrigação do solo na agricultura e armazenamento da água. Esse líquido era retirado
durante as cheias do rio Nilo e ficava parado por um ano para que a sujeira
sedimentasse até o fundo do recipiente, processo conhecido atualmente como
decantação. Um procedimento de filtração, em que a água era filtrada através de tecidos
que tiravam suas impurezas, foi descoberto por arqueólogos ao encontrarem gravuras
em túmulos. Apesar de não terem conhecimento sobre microrganismos, observaram
que quem tomava a água não filtrada contraía doenças.

No século XIV alguns decretos sobre a limpeza pública espalharam-se pela


Europa. A ideia de preservar os recursos tornou-se importante, pois era possível
perceber que ainda não existia infraestrutura nas cidades, não existiam ruas, calçadas,
canalização, distribuição central de água e coleta de lixo.

A situação era pior na Inglaterra, Alemanha, França e Bélgica, em que o lixo e


fezes eram armazenados em reservatórios públicos e muitas vezes atirados nas ruas.
Neste período, as áreas industriais cresciam exponencialmente e os serviços de
saneamento básico não acompanhavam essa expansão, levando a epidemias nas
cidades como a Cólera, Febre Tifóide e a Peste Negra (CAVINATTO, 2001).
Basicamente, este quadro de epidemias só ocorreu devido a poluição ligada ao lixo e
fezes que contaminavam principalmente a água levando a dizimar a população europeia
nesta época.

A poluição das águas é uma das formas de poluição do meio ambiente mais
preocupantes. Isto fez com que diversas medidas para o seu tratamento tenham se
iniciado, como por exemplo o tratamento dos efluentes, que são constituídos por
resíduos líquidos lançados para o meio ambiente a partir dos esgotos domésticos, da
agricultura e de atividades industriais. Esses tipos de efluentes podem ser bastante
nocivos, pois podem conter metais pesados, óleos e outras substâncias que causam
problemas ambientais graves.

17
Antes de serem lançados nos corpos hídricos, os efluentes devem ser tratados
de acordo com seu índice de poluição e da presença dos contaminantes. Existem
algumas tecnologias para o tratamento, dentre as estas, as amplamente utilizadas no
mercado são o tratamento primário, secundário e terciário.

2.1 TRATAMENTO PRIMÁRIO


O tratamento primário, amplamente utilizado nas estações de tratamento é
aquele que utiliza processos físico-químicos para separar da água os sólidos em
suspensão e o sobrenadante (materiais que ficam flutuando). Este tipo de tratamento é
extremamente importante no funcionamento do sistema, pois evita o entupimento da
tubulação e auxilia no correto funcionamento das estações (VON SPERLING, 2005).

Um dos processos de tratamento primário utilizados é o gradeamento, conforme


visto na Figura 2, muito comum nas ETAs (Estações de Tratamento de água), onde a
água captada dos corpos hídricos como rios, lagos ou poços passa por grades
posicionadas em locais estratégicos para impedir a passagem de detritos (e também de
peixes e plantas). Este processo também é utilizado nas ETEs (Estações de tratamento
de esgoto) e EEEs (Estações Elevatórias de esgoto) para eliminar os resíduos maiores
evitando desta forma o entupimento da tubulação.

Figura 2 - Detalhe do sistema de gradeamento em uma estação de tratamento de água


Fonte: Brasil Escola acesso em 16/12/2016

Outro processo de suma importância para o tratamento dos efluentes é a


decantação, sua origem vem desde os tempos da antiguidade, e é uma técnica física
de separação de misturas formadas principalmente por sólidos e líquidos. O método
consiste em deixar a mistura em repouso para que com a ação da gravidade e da
diferença de densidade, ocorra a sedimentação dos sólidos para o fundo do recipiente,
enquanto que o liquido fica na parte superior. Nos tratamentos de esgoto a decantação

18
separa o lodo no processo. Na Figura 3, é possível observar os tanques de decantação
da estação de tratamento de esgotos da CEDAE no Rio de Janeiro.

Figura 3 - Tanques de decantação em estação de tratamento de esgoto no Rio de Janeiro


Fonte: CEDAE acesso em 24/04/2017

Além dos processos já citados, é importante no tratamento de efluentes o


processo da Flotação que é uma técnica que consiste na separação físico-química ao
se adicionar bolhas de ar em uma suspensão coloidal. Neste processo, as impurezas
em suspensão como partículas sólidas e óleos ficam aderidas as bolhas e são
arrastadas para a superfície do líquido, formando aglomerados de espuma para serem
removidas da solução. Na Figura 4, pode-se observar um tanque de flotação, com
detalhe para as impurezas prontas a serem removidas.

Figura 4 - Tanque de flotação em estação de tratamento de água


Fonte: Brasil Escola acesso em 16/12/2016

A Separação de óleo também é realizada no tratamento primário. Neste


processo são utilizados os separadores de água e óleo, que são equipamentos que
realizam uma separação física por meio da diferença de densidade destes dois
compostos. Esse processo é importante para efluentes vindos de áreas de manutenção,
lavagem de veículos e máquinas em oficinas mecânicas que geralmente estão
contaminados com óleos e graxas.

Outra técnica é a eletrocoagulação. Neste processo é induzida a passagem de


corrente elétrica pela água que desestabiliza a solução e coagula os contaminantes a
partir das reações de oxirredução. Assim os estados químicos ficam menos reativos,

19
insolúveis e de maior estabilidade. Essas partículas insolúveis formadas podem ser
separadas da água pelas outras técnicas de separação, como a decantação e a
flotação. A vantagem desse sistema é que não se utiliza a adição de produtos químicos
e não há a necessidade de correção do pH (FOGAÇA, 2017).

A função da técnica da equalização é absorver variações bruscas na qualidade


ou quantidade do efluente. O dimensionamento deste tipo de unidade pode ser realizado
segundo duas abordagens distintas: regularização de vazões ou regularização de
concentrações (METCALF & EDDY, 2003).

A técnica da neutralização busca neutralizar o pH do efluente através da


utilização de produtos químicos. O pH neutro é igual a 7 e o ideal é eliminar o efluente
quando ele chega próximo a esse valor.

É importante ressaltar que a eficiência de um tratamento primário pode chegar a


60% ou mais, dependendo do tipo de unidade de tratamento e da operação da estação,
e assim o efluente ainda não está pronto para ser lançado no meio ambiente. Ele precisa
ainda passar pelos outros tratamentos para a eliminação adequada.

2.2 TRATAMENTO SECUNDÁRIO


Neste tipo de tratamento, denominado de tratamento secundário, ocorre a
remoção da matéria orgânica através de reações bioquímicas realizadas por
microrganismos, de modo a garantir a qualidade do efluente que será lançado no meio
ambiente (VON SPERLING, 2005).

Este procedimento é o mais utilizado nas atuais estações de tratamento de


esgotos, devido sua capacidade de remoção de DBO (Demanda Bioquímica de
Oxigênio). Com essa remoção de DBO é possível atender aos padrões impostos na
legislação brasileira pelo CONAMA e INEA. Na Figura 5, encontra-se o esquema das
fases de um tratamento secundário com as lagoas para tratamento secundário.

Neste procedimento são utilizados reatores, como lagoas de estabilização, lodo


ativado, filtro biológico ou variantes. Os reatores são constituídos por tanques com
grande quantidade de microrganismos aeróbios, que necessitam de um ambiente com
a presença de oxigênio, ou anaeróbios, que não necessitam da presença de oxigênio,
cuja função é a retirada de substâncias biodegradáveis presentes no efluente. Estas
substâncias presentes no esgoto estão sob forma de matéria orgânica dissolvida ou em
suspensão, são decompostas a partir da ação de microrganismos decompositores.
Esses processos bioquímicos de decomposição são acelerados nos reatores.

Figura 5 - Esquema das fases de um tratamento secundário com lodo ativado


Fonte: http://www.revistatae.com.br/7197-noticias acesso em 18/09/2017

20
As lagoas de estabilização são os locais em que se realizam o tratamento a fim
de reter a matéria orgânica e gerar água de qualidade para ser devolvida aos corpos
receptores, enquanto que as lagoas facultativas são reservatórios onde a DBO solúvel
é estabilizada por bactérias aeróbicas. Neste caso, o oxigênio requerido é fornecido por
algas que realizam fotossíntese e consomem parte dos nutrientes dissolvidos como os
sais de nitrogênio e fósforo. A complementação do processo com a DBO que vai para o
fundo do tanque, é estabilizada por bactérias anaeróbias. Essa estabilização pode ser
feita a partir da fermentação mecânica, com atuação dos microrganismos sem presença
de oxigênio ou através da adição de produtos químicos, tais como cloreto férrico, cal,
sulfato de alumínio e polímeros orgânicos (FOGAÇA, 2017).

As lagoas aeradas são uma modalidade de tratamento dos efluentes por lagoas
de estabilização. O oxigênio é garantido devido a uma aeração eletromecânica que
fornece um suprimento de oxigênio contínuo para o metabolismo dos organismos
decompositores da matéria orgânica (JORDÃO & PESSOA, 1995). A mistura desse
processo é enviada aos tanques de decantação, e após a sedimentação e estabilização
da mistura, passa a se chamar lodo, que é recolhido e separado do efluente tratado. Na
Figura 6, é possível observar uma lagoa aerada em funcionamento.

Figura 6 - Lagoa aerada de uma estação de tratamento de esgoto


Fonte: CESA/UFRJ acesso em 02/02/2017

O processo com o lodo ativado ocorre com a volta desse lodo ao tanque de
aeração. Na Figura 7, observa-se o lodo ativado de uma estação de tratamento, o
objetivo é ocorrer uma reativação da população dos microrganismos com a recirculação
da biomassa do decantador secundário no tanque de aeração. Assim aumentar a
eficiência do processo, podendo também ser utilizada para remover nitrogênio e fósforo.
(CESA/UFRJ, 2017)

Figura 7 - Lodo ativado em uma estação de tratamento


Fonte: CESA/UFRJ acesso em 02/02/2017

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Os filtros de percolação também fazem parte do processo de tratamento
secundário, esse filtro é constituído por um tanque com material de enchimento
formando um leito fixo. A percolação permite o crescimento bacteriano na superfície
desse material de enchimento, formando uma película ativa, constituída por colônias
gelatinosas de microrganismos (METCALF & EDDY, 2003). Assim, os compostos
orgânicos do efluente entram em contato com a biomassa e são convertidos por meio
de uma oxidação bioquímica aeróbica. Os fungos também estão presentes nos biofilmes
e competem com as bactérias na degradação do substrato orgânico (JORDÃO &
PESSOA, 1995).

A eficiência de um tratamento secundário pode chegar a 95% ou mais,


dependendo da operação da ETE, por isso esse modelo atualmente é um dos mais
utilizados no Rio de Janeiro. O efluente do reator contém ainda matéria orgânica
remanescente e grande quantidade de microrganismos, sendo muitas vezes necessário
um tratamento terciário, dependendo do tipo de poluentes que existem na água
(FOGAÇA, 2017).

2.3 TRATAMENTO TERCIÁRIO


Os tratamentos terciários são utilizados na desinfecção do resíduo do efluente,
através da remoção dos microrganismos e determinados poluentes, que podem
potencializar a degradação dos corpos hídricos. Normalmente, este tratamento é
realizado antes do lançamento final no corpo receptor.

Os tratamentos terciários utilizam métodos físico-químicos ou biológicos para a


retirada dos poluentes e microrganismos que não foram removidos pelos outros
processos. O tipo de tratamento está ligado ao tipo de poluição do efluente e são
classificados em técnicas de transferência de fase e técnicas destrutivas. Nas técnicas
de transferência, o poluente é passado para outro estado agregado podendo ser
eliminado para a atmosfera ou transformados em resíduo sólido, enquanto que nas
técnicas destrutivas, o poluente é transformado através da oxidação da matéria
orgânica.

Dentre os processos do tratamento terciário pode-se destacar os processos de


filtração, que são classificados de acordo com a remoção das partículas. Na
microfiltração, ocorre a separação do material sólido poluente da parte líquida através
de uma filtração sob pressão utilizando-se membranas com poros muito finos, que
variam de 0,1μm a 1μm de diâmetro. Pode remover partículas como bactérias, cistos e
oocistos (JORDÃO & PESSOA, 1995).

Enquanto que a ultrafiltração utiliza pressões elevadas para o fracionamento


seletivo, seus poros variam de 0,01 a0,1 μm e pode remover partículas e moléculas
grandes, inclusive bactérias e vírus (JORDÃO & PESSOA, 1995).

Outro processo de tratamento é a precipitação e coagulação, em que são


adicionadas substâncias químicas coagulantes no efluente, formando flocos de resíduos
em suspensão para sua posterior separação.

22
No processo de adsorção ou carvão ativado, os poluentes ficam adsorvidos na
superfície do carvão, podendo ocorrer de maneira física por meio de interações
intermoleculares do tipo Van der Waals ou de maneira química por meio de ligações
químicas do tipo covalentes (FOGAÇA, 2017).

Já no processo de troca iônica, certos polímeros são utilizados para poder reter
íons. Assim os íons poluentes presentes nos efluentes ficam retidos na resina polimérica
e são substituídos por outros íons de mesma carga.

A osmose reserva funciona por meio da aplicação de uma pressão na água do


efluente de modo a forçar a passagem por uma membrana semipermeável do solvente
da solução mais concentrada para a mais diluída (JORDÃO & PESSOA, 1995).

Na Figura 8, observa-se o funcionamento da osmose reversa. Esse método é


usado para dessalinizar a água, no processo de tratamento do chorume ou também
para eliminar contaminantes no processo de tratamento de água.

Figura 8 - Ilustração de osmose reversa


Fonte: Brasil Escola acesso em 16/12/2016

O processo da eletrodiálise ocorre através de uma série de membranas


semipermeáveis colocadas de modo vertical e alternadamente no interior de uma célula
elétrica. Na membrana só passam pequenos cátions ou ânions. Assim, utiliza-se uma
corrente elétrica que decompõe a água em seus íons, que migram para os polos
correspondentes. Dessa forma, o líquido fica mais concentrado em certas partes e, em
outras, fica menos concentrado em íons. Com essa separação se descarta a parte
concentrada de íons e a água purificada é devolvida ao meio ambiente.

23
A cloração está presente no processo de tratamento, seu funcionamento é com
a adição de cloro na água do efluente, tanto para anular a atividade de microrganismos
como para agir como agente oxidante de compostos orgânicos presentes na água. Além
disso também atua como controle do odor, remoção de DBO, controle na proliferação
de moscas e destruição e remoção de agentes poluentes como cianeto, fenóis e
nitrogênio (JORDÃO & PESSOA, 1995).

Dentre os processos de oxidação, o ozônio é usado como um agente oxidante


de compostos orgânicos não biodegradáveis, além de ser facilmente absorvido pela
água. Além do ozônio, a oxidação química também pode ser realizada com o uso de
peróxido de hidrogênio ou outro oxidante convencional. Para acelerar esses processos
usam-se radicais extremamente oxidantes e pouco seletivos que podem ser obtidos por
meio de diferentes combinações entre a radiação ultravioleta, peróxido de oxigênio,
ozônio e fotocatalisadores.

Após o tratamento terciário o efluente já se encontra adequado para a devolução


no meio ambiente.

24
Capítulo 3

DETALHAMENTO DA AUTOMAÇÃO

Sabe-se que a automação está cada dia mais presente na vida das pessoas,
seja por coisas mais simples como os caixas eletrônicos dos bancos e os serviços
domésticos, aos mais complexos presentes nas indústrias. É evidente que o seu
desenvolvimento conduz a um notável ganho para a população devido a melhoria da
qualidade da produção com uma maior eficiência energética.

O conceito de automação é a substituição do homem ou animal por máquina,


operando automaticamente por controle remoto, automático significa ter um mecanismo
de atuação própria, que realize uma função requerida em um tempo determinado ou em
resposta a determinadas condições (RIBEIRO, 2010).

3.1 CONTROLE DE PROCESSOS


Em qualquer processo industrial, as condições de operação estão sujeitas às
variações ao longo do tempo, como o nível de líquido em um tanque, a pressão em um
recipiente, a vazão de um fluido; todas estas condições podem variar. Mesmo as
variáveis que inicialmente consideram-se constantes, como a temperatura ambiente,
variam durante o processo. Nesse cenário é onde se faz necessário realizar o controle
de processos, de maneira a levar o sistema as condições estabelecidas no estado
estacionário.

Para embasar o conceito de sistemas de controle, é importante entender o que


é um processo. Processo é um termo utilizado para descrever os métodos de mudança
ou refinamento de matérias-primas para obter produtos finais. As matérias primas
podem ser de diversos estados físicos e são transferidas, medidas, misturadas,
aquecidas, resfriadas, filtradas, armazenadas ou tratadas de uma determinada forma
para desenvolver o produto final (FRANCHI, 2011).

Controlar um processo consiste em manter uma variável controlada, no seu valor


desejado. Essa variável é conhecida como variável manipulada, é nela que se atua para
chegar ao valor desejado, seja por controle manual ou controle automático, modificando
seus valores. Quando o operador atua diretamente no processo, tem-se um controle
manual, já o controle automático é quando não há ou é mínima a intervenção do
operador.

Nos sistemas de controle, os processos podem ser monitorados por um


operador. Através da utilização de sensores ou indicadores, as variáveis são
acompanhadas, e com a programação já existente ou atuação do operador, podem
ocorrer ajustes para que sejam realizadas correções que se fizerem necessárias no
sistema. Geralmente, o sistema possui ferramentas para um controle por alarmes.
Esses alarmes são instalados para sinalizarem que determinada variável ultrapassou
as faixas de limites de segurança estabelecidos.

25
De acordo com a programação, o sistema pode acionar um intertravamento para
desligar ou ligar algum equipamento e assim manter a segurança do processo.
Automatizar um processo é integrar, coordenar e agir em todas as funções de medição,
controle, atuação, alarme e supervisão.

Em um processo podem existir milhares de sensores e elementos de controle


para serem operados. Geralmente, o controle de processo ocorre utilizando-se os
seguintes itens:

a) malha de sensores: atuam na detecção das variáveis que se desejam


controlar;

b) transmissor: recebe o sinal do sensor e converte em um sinal pneumático ou


elétrico equivalente, e transmite esse sinal para o controlador;

c) controlador: analisa o sinal recebido e compara esse valor com o valor


desejado e produz um sinal de controle;

d) atuador: que altera a variável manipulada.

e) sistema de proteção ou sistema de intertravamento: acionado caso alguma


das variáveis tenham algum valor anormal, ou algum equipamento apresente
alguma falha, esse sistema é acionado para evitar maiores danos ao
processo.

Antigamente existia dificuldade em manter o controle das plantas industriais.


Com a evolução da instrumentação e dos equipamentos, houve uma necessidade de
distinguir as indústrias pelo ramo de atividade. Sendo assim surgiram duas formas para
diferenciar o ramo de atividade das indústrias, como as as industrias com processo
discreto e as indústrias de processo contínuo: (...) que envolve variáveis contínuas no
tempo, e a produção é medida por toneladas ou metros cúbicos, e o processo produtivo
essencialmente manipula fluidos. (...) As variáveis mais usuais são temperatura,
pressão, vazão e nível (ALVES, 2005).

A outra forma de Indústrias, são as de processamento discreto: (...) unidades


industriais cujo processo produtivo envolve variáveis discretas no tempo. (...) Nos
processos discretos as variáveis de interesse normalmente são ligado, desligado e
limites de quaisquer variáveis (ALVES, 2005).

Outra forma de processo comumente utilizada nas estações de tratamento de


esgoto é a batelada. O tratamento consiste em acelerar os fenômenos biológicos que
ocorreriam nos cursos d’água, e assim possibilitar seu descarte conforme parâmetros
exigidos pela legislação brasileira, reduzindo os impactos ambientais.

O processo do tipo de batelada fornece produtos finais em quantidades


discretas, de acordo com a legislação. Após a inserção da matéria-prima do tratamento,
ocorre o processo em um determinado intervalo de tempo e o resultado é o produto em
sua forma final. A unidade de batelada deve ser trabalhada e operada por uma
sequência apropriada de etapas. (JORDÃO & PESSOA, 1995)

26
Nas ETEs são várias etapas de tratamento em batelada, com isso a vazão de
saída para o rio não é continua. Alguns fatores influenciam como a vazão de entrada e
o tempo ajustado no processo.

3.2 CONTROLE PID


O controle PID é o algoritmo de controle feedback mais utilizado na indústria
para o sistema de controle. Sua utilização é ampla devido à sua robustez e às diversas
condições e simplicidade no seu funcionamento, o que facilita sua operação.

O controle PID é composto por três termos que, sozinhos ou combinados,


auxiliam no desenvolvimento do controle. Os coeficientes são ajustados para se obter a
resposta desejada da variável de controle.

O funcionamento desses controladores está ligado ao cálculo inicial do erro entre


a variável controlada, que é medida no processo, e seu valor desejado ou setpoint. O
algoritmo PID usa o erro nas parcelas proporcional, integral e derivativo, para produzir
o sinal de saída de forma a estabilizar e manter estável o sistema da melhor forma
possível no setpoint (OGATA, 2003).

A ideia básica por trás de um controlador PID é ler um sensor, calcular a resposta
de saída do controlador através do cálculo proporcional, integral e derivativo e então
somar os três componentes para calcular a saída. Alguns sistemas possuem as parcelas
de forma independentes atuando no controlador.

A ação proporcional do controlador altera o sinal de saída proporcionalmente ao


erro, a ação integral move o atuador conforme a integral do erro no tempo e a ação
derivativa tem a finalidade de acelerar a ação de controle, antecipando variações do
erro a partir da sua derivada. Isto é importante em processos lentos, pois reduz o tempo
de retorno ao setpoint e melhora o tempo de atraso de resposta do controlador
resultante da ação integral.

Na Figura 9 observa-se a malha de controle PID, em que cada parcela do


controlador atua de forma a encontrar o valor desejado.

Figura 9 – Malha de controle PID com a interferência de cada parcela no controle do erro
Fonte: https://www.embarcados.com.br/pid-digital-metodo-de-calculo-numerico/ acesso em
16/04/2017

27
Em um sistema de controle padrão, a variável do processo é a grandeza física
do sistema que precisa ser controlada. Ela é conhecida como variável controlada, que
pode ser a temperatura (°C), a pressão (Pa), nível (m) ou vazão (litros/segundos). Um
sensor é usado para medir a variável de processo e fornecer essa informação
(feedback) para o sistema de controle. O setpoint é o valor desejado da variável de
processo, por exemplo 100°C no caso de um sistema de controle de temperatura, 20
l/segundos para um sistema de controle de vazão. Essa diferença entre a variável de
processo e o setpoint, corresponde ao erro do sistema, é usada pelo algoritmo do
sistema de controle, para determinar a saída do atuador, que irá afetar o funcionamento
do sistema ou da planta.

Por exemplo, se a variável de processo temperatura medida é de 100 °C e o


setpoint da temperatura desejada é de 150 º C, então a saída do atuador especificada
pelo algoritmo de controle pode ser a ação de um aquecedor, ou redução do liquido de
resfriamento. Assim, o comando do atuador para ligar um aquecedor faz com que a
temperatura do sistema fique mais elevada, e ocorra aumento na variável de processo
temperatura.

Esse sistema é denominado de controle em malha fechada, pois o processo de


leitura dos sensores para fornecer um feedback constante e o cálculo para definir a
saída desejada do atuador se repete continuamente. Esse processo continua até a
saída do sistema atingir um valor desejado para o erro no estado estacionário. As
parcelas do controle PID influenciam na tomada de decisão do atuador para se chegar
ao valor do setpoint.

Geralmente tenta-se projetar o sistema de controle para minimizar os efeitos dos


distúrbios sobre a variável de processo. Esses distúrbios são bem comuns no sistema.
No caso da temperatura, o liquido de resfriamento pode chegar num valor de
temperatura mais elevado, o que vai demandar maior tempo para o resfriamento do
sistema, ou então numa câmara de temperatura de ar pode ter uma fonte de ar que por
algumas vezes sopre ar para dentro da câmara, alterando a temperatura e levando mais
tempo para a estabilização. Na maioria dos casos, além da saída do atuador, os ruídos
e distúrbios também influenciam no comportamento do sistema.

3.3 SISTEMA DE SUPERVISÃO


Em um processo produtivo existe a necessidade de monitoramento das
informações relacionadas ao processo, essas informações são captadas pelos
sensores, mas é preciso tomar à decisão com essas informações, manipular, armazenar
e posteriormente apresentar esses dados ao usuário. O sistema supervisório se encaixa
nesse cenário, recebendo e analisando essas informações, para auxiliar o usuário nas
tomadas de decisão para o sistema.

O sistema supervisório também é chamado de SCADA (Supervisory Control and


Data Aquisition). O sistema supervisório atua no campo de leitura e processamento das
variáveis captadas pelos sensores, para auxiliar o operador na análise das informações
processadas para modificações necessárias. O sistema SCADA permite ao operador,
controlar os processos em locais distantes, monitorar alarmes, abrir ou fechar válvulas
além de armazenar informações sobre o processo, facilitando a tomada de decisão
(Boyer, 1993).

28
Atualmente os sistemas de automação industrial utilizam tecnologias de
computação e comunicação modernas para automatizar, monitorar e controlar os
processos industriais. A coleta de dados sendo realizada em tempo real e a apresentada
ao operador, com recursos elaborados e conteúdo para facilitar o seu entendimento e a
sua operabilidade.

Para um processo sendo utilizado um sistema supervisório é possível observar


as seguintes vantagens:

• Geração de relatórios e gráficos: De acordo com os dados coletados, é possível gerar


relatórios, gráficos com as informações sobre os alarmes e tendências.
• Análise de tendências: É possível tomar ações proativas para maximizar a produção
da planta ou evitar possíveis erros baseado no histórico das informações do banco
de dados.
• Operação remota no processo: intervenção e análise do processo na sala de controle.
• Alarmes: sinaliza falhas no processo em tempo real e registra essa falha no banco
de dados para consultas futuras e possíveis correções.
• Aumentar a disponibilidade da planta: A partir das informações geradas em tempo
real, permite identificar falhas e otimizar as tomadas de decisão para manter a planta
em operação para maximizar a produção.

Na Figura 10 pode-se verificar o sistema supervisório da ETE Lavapés em São


Paulo, nele se monitora os parâmetros da estação de tratamento.

Figura 10 – Sistema supervisório da ETE Lavapés


Fonte: Sabesp acesso em 12/02/2017

29
É possível observar no sistema supervisório todas as informações pertinentes
ao funcionamento da ETE, como o controle da vazão, vazão dos insumos de tratamento,
vazão do efluente final e com isso desenvolver a melhor estratégia de funcionamento
para o melhor tratamento da ETE.

As informações dos parâmetros da ETE são importantes para o monitoramento


e o controle da qualidade do efluente final.

30
Capítulo 4

EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS

Os equipamentos e instrumentos são vitais para o funcionamento da automação


na ETE, eles atuam desde a captação dos dados com os sensores, passando pelo
monitoramento com os sistemas supervisórios até a ação que foi decidida com os
atuadores. Dentre os equipamentos é importante descrever o funcionamento de cada
um deles.

4.1 Inversor de Frequência


O inversor de frequência é um equipamento utilizado para acionar motores
elétricos que utilizam corrente alternada, sua função é manipular a velocidade e o torque
dos motores utilizando um comando eletrônico. Na automação industrial ganhou
destaque devido ao fato de atuar na eficiência energética das fábricas pois facilita o uso
de motores alimentados por corrente alternada já que no Brasil é a forma de distribuição
da energia. O inversor de frequência passou a ser utilizado na indústria para o
acionamento de motores de corrente alternada pois contribui para a redução do número
de partidas e paradas bruscas.

No caso das estações de tratamento de esgotos, o principal objetivo do inversor


é reduzir custos com a energia elétrica, o inversor de frequência geralmente atua nos
motores das bombas do sistema e melhora a eficácia operacional do sistema de
bombeamento. Têm a função de variar a frequência da rede elétrica e alterar as
velocidades dos motores que acionam as bombas, controlando assim a vazão dos
efluentes conforme a capacidade de tratamento ou a demanda de vazão do consumo
ou em casos de manutenções. Os inversores substituem os antigos painéis do tipo soft-
starter, que acionam os motores de forma contínua, ou seja, sem variação da
frequência.

Uma desvantagem na utilização de inversores de frequência é a geração de


transientes harmônicos na energia elétrica, isso prejudica a qualidade da alimentação
de energia tanto no lugar físico da instalação quanto na linha de distribuição da
concessionária. Muitas vezes a concessionária de energia solicita a instalação de filtros
harmônicos para amenizar esse problema que é causado pela potência dos motores.
Alguns equipamentos já possuem estes filtros incorporados, não sendo necessário a
instalação para a ETE

4.2 Soft-starters
A chave soft-starter como sendo um módulo eletrônico, para partida suave de
motores de indução trifásicos do tipo gaiola, que substitui as técnicas tradicionais como
estrela-triângulo, chave compensadora e autotransformador. São destinadas a

31
aceleração e desaceleração, além da proteção de motores de indução. A chave soft-
starter inicia a transferência gradual e suave de energia para o motor para aceleração
do mesmo, reduzindo os trancos e golpes nos componentes mecânicos e sobrecarga
na rede elétrica durante a partida.

O controle da tensão aplicada ao motor, mediante o ajuste do ângulo de disparo


dos tiristores, permite obter partidas e paradas suaves. Com o ajuste adequado das
variáveis, o torque produzido é ajustado à necessidade da carga, garantindo, desta
forma, que a corrente solicitada seja a mínima necessária para a partida. Podem ser
utilizadas nas bombas centrífugas, ventiladores, exaustores, sopradores, compressores
de ar, misturadores, aeradores, centrífugas.

Nas ETEs os principais equipamentos motorizados utilizam softstarters, através


de uma rede de comunicação com o CLP e do sistema supervisório, é possível monitorar
a corrente dos motores e diagnóstico de falhas, e utilizar essas informações para
manutenção preventiva e reduzir as falhas.

Na Figura 11 tem-se a chave de partida soft-starter, com o ajuste adequado das


variáveis, o torque produzido é ajustado à necessidade da carga, garantindo, desta
forma, que a corrente solicitada seja a mínima necessária para a partida.

Figura 11 – Chave de partida Soft-Starter


Fonte: https://goo.gl/HVs8SY acesso em 29/08/2017

4.3 Válvulas eletro-pneumáticas e cilindros pneumáticos


As válvulas hidráulicas da ETE para as principais etapas do processo são
comandadas eletricamente pelo CLP e atuadas através de cilindros pneumáticos, sobre
elas que atuam o controle do sistema, definindo a forma como vão se comportar para
as decisões que foram tomadas.

As válvulas de comando eletropneumático são componentes de um sistema


automatizado que recebe comandos do circuito elétrico de controle, acionando os
elementos de trabalho pneumático. Seu funcionamento baseia-se no deslocamento de

32
um núcleo metálico, mediante a ação de um campo magnético, determinando a trajetória
do fluxo de ar. Este acionamento é realizado por solenoides e pode ser unidirecional,
acionado por um, ou bidirecional, quando acionado por dois solenóides, o principal
problema na hora da programação é definir qual o tipo de falha de segurança que deve
ser decidido, falha aberta ou falha fechada, quando se escolhe de que maneira a válvula
irá funcionar caso ocorra algum erro com o sistema.

Já um cilindro pneumático é um dispositivo utilizado quando a rede é pneumática


pura, gerando força a partir da energia de um gás sob pressão. O cilindro basicamente
é composto de uma câmara cilíndrica com um pistão móvel e canais de admissão e
descarga, quando o ar comprimido é bombeado para o fundo do cilindro, este se
expande, assim gerando força e empurrando para cima o pistão móvel. Com um
compressor o gás é pressurizado e transportado dentro da ETE para as válvulas que
utilizam esse tipo de cilindro pneumático em seu funcionamento.

Na Figura 12, tem-se as válvulas de controle. As válvulas com atuadores


elétricos possuem um microcontrolador que ajusta e calibra a válvula. Além de um
sistema de posicionamento indutivo que dispensa o uso de potenciômetros.

Figura 12 – Válvulas de Controle


Fonte http://www.elan.ind.br/valvulas/valvulas-globo.html acesso em 29/08/2017

4.4 Controlador Lógico Programável - PLC


Os Controladores Lógicos Programáveis - CLP - (CLP é marca registrada da
Rockwell Automation, no Brasil costuma-se usar a abreviação do nome inglês, PLC) são
amplamente utilizados nas indústrias devido a sua facilidade de implementação e de
hardware, tem como finalidade desempenhar funções lógicas, sequenciais,
temporização, contagem e aritmética. O PLC e seus periféricos associados são
projetados para serem facilmente integráveis em um sistema de controle industrial, e
tendem a ser baseados na norma IEC-61131, facilitando assim sua operação por parte
dos profissionais ao se utilizar o mesmo padrão para diversos fabricantes.

33
O PLC inicialmente foi desenvolvido devido a grande dificuldade de mudar a
lógica de controle dos painéis de comando a cada mudança na linha de montagem, tais
mudanças implicavam altos gastos de tempo e dinheiro, assim, inicialmente, o PLC iria
substituir os relés recebendo os sinais de entrada e acionando as saídas conforme as
especificações pré-estabelecidas, seja atuando sobre motores, válvulas ou alarmes. As
vantagens do PLC em relação aos painéis de comandos eletromagnéticos são o menor
espaço a ser disponibilizado, o menor consumo de energia elétrica, a facilidade para
reutilização e reprogramação do sistema, a maior confiabilidade e flexibilidade para o
sistema, além da rapidez para a elaboração dos projetos e a interface de comunicação
com outros PLC’s, computadores e os usuários do sistema.

Na Figura 13 observa-se o ciclo de varredura do PLC, com as etapas realizadas


para o seu funcionamento.

Figura 13 – Ciclo de varredura do PLC


Fonte: http://engmecatonico.blogspot.com.br/2010/11/principio-de-funcionamento-do-clp.html/
acesso em 26/02/2017

Quando o PLC é ligado um programa pré-armazenado faz a verificação geral de


vários itens para o reconhecimento dos módulos de entradas e saídas, além do estado
da memória para analisar se existe algum programa instalado. Após o processo inicial,
com os hardwares em funcionamento, o programa de inicialização da partida no
programa do usuário para começar a realizar um ciclo repetitivo denominado de ciclo de
varredura. Esse ciclo consiste em verificar o estado das entradas e saídas, armazenar
esta informação na memória, fazer a comparação desta imagem com o programa do
usuário e atualizar as saídas caso a imagem esteja diferindo do programa. Sendo
repetido até ser parado por um comando externo do operador, ou algum comando
armazenado na memória de execução. Após a atualização da saída, e concluída a
varredura, o PLC transferirá os dados processados para a interface de saída.

Os sinais dos sensores são aplicados as entradas do controlador para realizar a


análise dos dados capturados, e a cada ciclo de varredura todos esses sinais são lidos
e transferidos para a unidade de memória interna. O sinal de entrada pode ser analógico
ou digital, de acordo com os dados contínuos ou discretos.

34
Para a escolha do modelo do controlador é de suma importância o tempo de
varredura, analisando a capacidade de armazenamento do programa, as instruções
programadas e sua resposta. A escolha desse controlador irá influenciar na saída do
sistema, no tempo de resposta as informações de entrada, nas instruções de saída e da
lógica de controle.

A padronização dessas linguagens utilizadas pelo PLC é feita pelo IEC –


International Electrotechnical Committee, através da norma IEC 1131-3 Programing
Languages. Com essa padronização, PLCs de diferentes fabricantes conseguem se
comunicar. As configurações de comunicação são as linguagens tubulares, textuais e
gráficas. A linguagem tubular é a Tabela de Decisão, já as linguagens textuais são a
Lista de Instrução e Texto Estruturado, enquanto as linguagens gráficas são o Diagrama
de Escada, o Diagrama de Blocos Funcionais e Diagrama Funcional. Todos utilizados
para as configurações do PLC através da programação feita pelo usuário.

Cada PLC possui as suas configurações e especificidade, o que torna um


trabalho minucioso de escolha para a ETE qual o melhor fabricante, o que atende melhor
as especificações de projeto, para a implementação na operação e características de
trabalho.

4.5 IHM (Interface Homem Máquina) Local


A IHM se faz presente no sistema das ETEs para facilitar a interação com a
planta, tornando o sistema flexível. O operador consegue analisar todas as variáveis do
sistema e pode interferir em alguma tomada de decisão. A rede de comunicação leva
as informações e dados para o controle integrando os sistemas, são mais econômicas
que um sistema de supervisão além de permitir ao operador qualquer ajuste a partir das
informações verificadas.

Armazenam as variáveis iniciais e setpoints gravados em arquivos que definem


as parametrizações do sistema, com isso liberam a CPU do controlador da monitoração
de anomalias do processo gerando sinais de alarme. Podem se comunicar com outros
computadores possibilitando trocas dinâmicas de dados, e agem na monitoração das
tags com possibilidade de apresentarem defeitos, inclusive podendo sugerir qual a
alteração necessária para correção de possíveis falhas.

4.6 Medidores de Grandezas Elétricas


Dentre os instrumentos utilizados na ETE, os medidores de grandezas elétricas
possuem fácil manuseio e monitoram as principais grandezas elétricas do sistema como
corrente, tensão, potência ativa e aparente, fator de potência, esses dados podem ser
visualizados na IHM para as tomadas de decisões que são importantes na planta.

4.7 Dosador de Cloro


Já os dosadores de cloro geralmente funcionam a gás e operam com um sistema
sob vácuo remoto produzido pelo ejetor. Sua função é definir a dosagem de cloro que
será aplicado no efluente a ser tratado. O gás dos cilindros de cloro é ajustado pela
válvula reguladora, que com essa pressão do gás, faz com que o diafragma atue na
agulha da válvula, e assim liberar a passagem do gás até o módulo de dosagem.
Atuando diretamente no fluxo de vazão.

35
A dosagem desejada para o tratamento é controlada pela válvula agulha ou por
controlador automático através do controle do fluxo do gás, esse gás segue até o ejetor
criando uma solução com água, essa solução fortemente clorada vai para o ponto de
aplicação.

4.8 Analisador de Cloro


Os sensores utilizados para medir as concentrações de cloro funcionam através
de membranas que separam os eletrodos, permitindo a passagem do cloro residual. O
cloro residual se encontra com os eletrólitos pois estes estão com um nível menor de
pH, assim a maioria de OCI é convertida em HOCI. O HOCI reduz-se nos eletrodos de
ouro gerando uma corrente proporcional à quantidade de cloro livre ou total, a corrente
é captada pelos sensores e o valor de cloro presente e é estimado em ppm ou mg/l.

Na Figura 14, observa-se o analisador de cloro. A corrente gerada é enviada ao


PLC para o correto controle da dosagem de cloro.

Figura 14 – Analisador de Cloro


Fonte: http://www.hexis.com.br/produto/sensor-analisador-cloro-digital-9184sc-hocl acesso em
29/08/2017

4.9 Analisador de Oxigênio Dissolvido (OD)


A medição confiável e em tempo continuo do oxigênio dissolvido possui extrema
importância no tratamento de efluentes, o oxigênio é necessário para a respiração das
bactérias e microrganismos aeróbios. A medição em tempo real de toda a operação do
processo é importante na otimização e eficiência no tratamento dos efluentes, pois o
desempenho do sistema de controle de aeração tem relação direta com a carga de
oxigênio no tanque de tratamento.

As reações eletroquímicas do sistema de análise de oxigênio são processadas


nas células galvânicas, essas reações na célula produzem uma corrente que circula
pelo circuito externo do sensor. A intensidade da corrente varia de acordo com a
composição da solução eletrolítica, da temperatura, da natureza dos eletrodos e da
forma como é constituída a célula. Para cada sistema de tratamento é preciso um estudo
sobre os sensores para verificar qual melhor se adapta ao tipo de ETE.

36
O controle do oxigênio dissolvido apresenta fundamental importância no
processo de aeração nas estações de tratamento, seu nível deve ser minimamente
definido para evitar que com o excesso as bactérias patogênicas se proliferem e a com
sua escassez mate as bactérias que realizam a digestão do lodo.

Além de o custo com energia elétrica de sistemas de aeração representar o


maior custo variável numa ETE. A medição de oxigênio permite um controle proporcional
à necessidade de oxigênio, evitando desperdício energético e de vida útil do
equipamento, além de garantir a dosagem exata necessária pelo processo.

4.10 Medidor de Vazão Ultrassônico / Calha Parshall


A calha Parshal é muito utilizada para a medição de vazão em canais abertos,
amplamente utilizada para o saneamento e também em aplicações industriais. Sua
medição é em forma contínua para vazões de entrada e saída, e também atua como
misturador o que facilita a dispersão durante o processo dos coagulantes. Sua vazão é
obtida mediante a leitura do nível da lâmina d’água, sendo esse valor em centímetros
comparado a uma tabela de vazão. Para se alcançar o valor de vazão ou nível da calha
em processos automatizados é utilizado um sensor ultrassônico.

Através de fenômenos físicos, incluindo a velocidade de propagação do som, é


possível relacionar-se com sua densidade, porém se esta densidade for constante, o
tempo de reflexão do som no fluido ou o tempo de travessia do fluído é uma forma para
se determinar sua vazão. Em função disso o sensor de nível ultrassônico utiliza o tempo
que uma onda sonora precisa para se deslocar em um meio, com isso o sensor emite
uma onda na frequência do ultrassom e aguarda a reflexão da onda na superfície e
retorno da onda ao sensor para a medição de vazão.

O tempo que a onda leva entre a emissão e o retorno ao sensor é utilizado para
o cálculo da distância percorrida, assim o sinal é processado por um algoritmo no
módulo eletrônico para ser convertido em valor de vazão, nível ou alguma outra variável.
Além de ser responsável pelo cálculo, o módulo também gerencia algumas outras
funções como a linearização do sinal para saída de 4 a20 mA, a totalização de vazão,
alarme para erros e comunicação digital.

4.11 Chaves Boia


As chaves controladora de nível tipo boia são amplamente utilizadas nos
sistemas de saneamento para o controle do nível tanto em reservatórios, como em
elevatórias e estações de tratamento. Seu funcionamento se baseia na movimentação
de uma boia ao redor de uma haste, quando a boia atinge os limites pré definidos da
faixa de nível um contato elétrico é acionado, permitindo assim a ação de controle
desejada. Ao se atingir o limite do nível, o movimento da boia transmite esse valor do
nível, possibilitando o controle em tempo real do líquido dentro do tanque ou
reservatório.

37
Capítulo 5

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

A ETE escolhida para o desenvolvimento do estudo foi a ETE SHOPPING


PARQUE LAGOS, localizada no Shopping Parque Lagos na Av. Cel. Ferreira em Cabo
Frio – RJ. A ETE foi desenvolvida e implementada pela FACE Ambiental LTDA. A
localização da ETE pode ser vista pela Figura 15.

Figura 15 – Localização ETE Shopping Lagos


Fonte: Google Earth acesso em 26/03/2017

O sistema escolhido para tratamento foi o secundário, em virtude da sua


confiabilidade e das condições de implantação. Sendo do tipo lodos ativados por
aeração prolongada, esse sistema será precedido por tratamento preliminar, composto
de gradeamento, para eliminação de grandes materiais sólidos, desarenação, além
medidor de vazão para coletar informações sobre o sistema. O tratamento preliminar
tem por finalidade remover os sólidos grosseiros e areia que poderiam obstruir ou até
danificar bombas e demais componentes do sistema.

Na figura 16, pode-se ver o arranjo geral da estação de tratamento, a disposição


dos equipamentos é feita de forma a otimizar o funcionamento da estação.

38
Figura 16 – Arranjo Geral ETE Shopping Lagos
Fonte: Autor

39
5.1 Fluxograma do Processo
O esgoto bruto não tratado vem da rede coletora e passa pela grade de barras
no canal de entrada, o objetivo é eliminar sólidos de grande porte, após a primeira etapa
o esgoto passa na caixa de areia para ocorrer a desarenação.

Na estação elevatória, os efluentes são bombeados para entrar nos tanques de


aeração, em média os efluentes percorrem os tanques de aeração em 16 horas, em que
ocorre uma aeração artificial no efluente. No tanque de aeração ocorre a mistura das
águas residuárias com o lodo proveniente da recirculação, o objetivo é impulsionar a
floculação. Após essa etapa, os efluentes vão para o decantador secundário, em que é
separado o lodo da fase líquida do efluente.

O efluente do decantador secundário possui as características estabelecidas


pela legislação para poderem ser devolvidas ao meio ambiente, assim é direcionado
para o corpo receptor disponível.

Na Figura 17, é possível observar o diagrama P&ID que representa o fluxograma


do processo.

Figura 17 – Diagrama P&ID do processo


Fonte: Autor

5.2 Canal de Entrada


No canal de entrada estão presentes os despejos sanitários que veem do
empreendimento, a chegada ao canal tem a ação da força de gravidade. Com uma
vazão de 5,39 l/s e um diâmetro de 200 mm.

No canal está presente a grade de barras, sua função é eliminar materiais


grosseiros. O gradeamento possui um conjunto de barras com espaçamento de trinta
milímetros e tem por finalidade reter sólidos que são carreados juntos do esgoto. Dessa
forma, ficam retidos na grade: papel, estopas, sacos, garrafas, cotonetes,
contraceptivos, dentre outros. A entrada desse material na estação pode danificar a
parte interna de bombas, tubulações, peças e dispositivos mecânicos.

O cesto de detritos é utilizado acoplado à Grade de Barras e tem por finalidade


armazenar os resíduos retirados para secagem. Quando secos, estes são
acondicionados em sacolas plásticas para serem posteriormente encaminhados à
destinação final adequada.

40
Também se encontra no canal o medidor de vazão tipo Vertedor Thompson, sua
vazão é determinada com relação à altura da superfície de água a montante. A caixa de
areia, cuja função é realizar a desarenação também se encontra no canal de entrada.
Caso a areia entre nas bombas pode danificar os equipamentos, assim a caixa previne
abrasão de bombas e equipamentos móveis, acumulação no fundo de digestores,
obstrução de canalizações, etc.

No canal de entrada também se encontram dois dispositivos de emergência, a


comporta em PVC tipo "stop-log" de bloqueio eventual, caso tenha alguma necessidade
de impedir a entrada de efluentes. Além do By pass, em PVC com diâmetro de 200 mm.
A função do By pass é levar o efluente direto para a galeria de águas pluviais, caso
ocorra algum problema com a estação de tratamento.

A estação elevatória recebe os efluentes após o canal de entrada e insere no


tanque de aeração. Possui três bombas submersíveis, com funcionamento de forma
alternado e acionamento automático conforme o painel de comando.

A Figura 18 a seguir apresenta a configuração do canal de entrada da estação


com seus equipamentos e componentes.

CAIXA DE AREIA

Figura 18 – Configuração do Canal de Entrada e Elevatória


Fonte:Autor

A intervenção de operação manual na Estrutura de Entrada se restringe a


limpeza diária dos sólidos grosseiros retidos na grade de barras, e periódica, em função
do volume acumulado, da areia retida na Caixa de Areia. Esses resíduos, serão
acumulados temporariamente em recipiente apropriado e coletado pelo Serviço Público
de Coleta de Lixo que atende ao empreendimento.

41
5.3 Tanque de Aeração
No sistema proposto o esgoto afluente, isento de sólidos grosseiros e areia,
penetra na massa líquida através de um "baffle" que o obriga ao percurso de baixo para
cima, atravessando, portanto, o colchão de lodo sedimentado formado no fundo dos
tanques de aeração. Ocorrendo uma mistura de águas residuais com um certo volume
de lodo biologicamente ativo.

Os baffles são uma complementação ao processo de tratamento, auxiliando no


aumento da velocidade de sedimentação dos sólidos dissolvidos que não foram
totalmente degradados no biodigestor.

A mistura é mantida em suspensão na presença de uma quantidade adequada


de oxigênio, durante o tempo necessário para elaborar e flocular uma grande parte de
substâncias coloidais. O oxigênio será utilizado na manutenção celular dos
microrganismos aeróbicos, os quais consumirão a matéria orgânica (DBO) presente nos
despejos, realizando a síntese da DBO, transformando-a em substâncias estáveis que
sofrem poucas reações químicas tais como CO2, H2O, etc.

O sistema de aeração é composto por dois tanques de aeração, além de dois


sopradores do tipo "Roots", localizados na casa de máquinas. Os sopradores insuflam
ar comprimido nos tanques com vazão de ar de 433 m³/h através da malha de difusores
de bolhas finas (membrana).

Na Figura 19 é possível observar a configuração dos tanques de aeração, com


as malhas de aeração e os difusores, os sopradores se localizam na casa de máquinas.

Figura 19 – Tanque de Aeração


Fonte: Autor

O ajuste operacional deverá ser realizado através do controle das características


da massa líquida no interior do tanque, como o pH, a massa de sólidos suspensos
voláteis formados no tanque de aeração e a idade lodo, definida em função do tempo
de permanência da biomassa no sistema. Enquanto que a eficiência do sistema deve
ser avaliada através da análise do afluente e do efluente da ETE.

Após esse processo é iniciada a etapa de decantação, ocorrida no decantador


secundário.

42
5.4 Decantador Secundário
Nessa etapa ocorre a separação da fase sólida (lodo) com a fase líquida. O
efluente do decantador secundário, com características físico-químicas compatíveis aos
limites estabelecidos pela legislação ambiental vigente, é então direcionado ao sistema
público de águas pluviais ou corpo receptor mais próximo.

O lodo acumulado no decantador secundário é, em grande parte, reincorporado


ao processo (tanque de aeração) e o excesso é encaminhado ao tanque digestor
aeróbio de lodo. A adoção de digestor aeróbio de lodo, além de eliminar os odores
desagradáveis, presentes nos digestores aneróbios, promove a redução do volume de
lodo, minimizando custos com transporte para as ETEs públicas que possuem
dispositivos de secagem de lodo.

Na Figura 20 se encontra o sistema dos decantadores secundários, neles se


encontram o sistema de recirculação de lodo (air-lift) e limpeza de superfície, placa
retentora de sólidos e vertedor triangular da calha de efluente tratado.

Figura 20 – Decantador Secundário


Fonte:Autor

5.5 Tanque de Lodo


O sistema de aeração utiliza os sopradores citados anteriormente e conta com
malha de difusores de bolhas finas (membrana), posicionada no fundo do tanque. O
excesso de lodo gerado no sistema será encaminhado ao digestor aeróbico através do
sistema de air-lift, instalado no decantador final.

Periodicamente, a cada três meses em média, o lodo estabilizado será retirado


do digestor, por caminhões tipo limpa-fossa, para ser encaminhado a uma ETE pública
ou privada, dotada de sistema de secagem de lodo, de onde, após o processo de
desidratação será encaminhado ao destino final em aterro sanitário licenciado pelo
INEA. O lodo se apresentará com volume reduzido em cerca de 40% e inteiramente
inócuo.

Na Figura 21, é possível observar a configuração do tanque de lodo, com seus


equipamentos e seu funcionamento.

43
Figura 21 – Tanque de Lodo
Fonte:Autor

De acordo com a descrição apresentada para a ETE, os efluentes finais, antes


de serem lançados no corpo receptor, deverão ser amostrados, analisados e
controlados.

Essas análises garantem que os efluentes estão sendo lançados nos corpos
receptores de acordo com as características compatíveis da legislação vigente.

44
Capítulo 6

AUTOMAÇÃO NA ETE
Pela descrição dos processos, depreende-se que as ETE necessitam de
diversos motores, sensores e válvulas, que precisam de Controladores Lógicos
Programáveis (PLC) para funcionar e de sistemas supervisórios que monitorem a
operação dos mesmos (CASTRUCCI, 2007).

Apesar de operar automaticamente, a ETE deverá contar com uma supervisão


de operação qualificada, capaz de interpretar os resultados das análises laboratoriais
do esgoto bruto e do efluente tratado, necessárias a avaliação da eficiência do
tratamento.

6.1 Diagrama de Comando

Na Figura 22 a seguir, é possível observar o quadro do comando atual da ETE


escolhida, apesar de seu funcionamento simples a atual configuração permite de forma
automática realizar a operação da estação.

Como desvantagens, não existe monitoramento adequado, isso é uma


motivação para o desenvolvimento das etapas futuras, com o sensoriamento e
monitoramento da estação.

45
Figura 22 – Diagrama de Força e Diagrama de Comando - ETE Shopping Lagos
Fonte: Autor

46
O diagrama de comando define o funcionamento da estação, através de
escolhas para o funcionamento dos equipamentos toda a parte de automação da
estação é iniciada.

Os sopradores são representados pelas tags 1S1 e 2S1, os exaustores pelas


tags 3S1, 4S1, 5S1 e 6S1, a bomba da elevatória pela tag 7S1.

Ao se ligar a tag 1S1 do soprador no manual o contator 1K1 é acionado, na


posição automático, ele ativa com energia o relé temporizado 1T1. Após o tempo
necessário ele ativa o contator 1K1, com o contator reversível do relé temporizado.

O soprador 2S1, funciona com a mesma configuração para automático e para


manual, com o contator sendo ativado pelo relé temporizado ou no manual, com a
passagem de energia.

As tags do exaustor funcionam em liga ou desliga, ativando assim os contatores


5K1 e 6 K1.

Os contatores 3K1 e 4K1 estão ligados aos contatores dos sopradores 1K1 e
2K1.

Os controladores de nível ativam os contatores K1, para nível baixo, K2, para
nível médio e K3, para nível alto. Os dillers K1, K2, K3 são acionados de acordo com os
níveis do sistema.

6.1.1 Operação manual

No caso de haver a necessidade de se estabelecer a operação manual do


sistema, tal procedimento poderá ser feito através das chaves comutadoras de 3
posições instaladas na frente do painel de comando.

Cada equipamento dispõe da proteção elétrica própria e uma chave comutadora


de três posições, sendo "M", operação manual, onde os equipamentos são ligados
independentemente do controle automático; "O", os equipamentos são desligados; e "A"
os equipamentos operam no modo automático, controlados pelo CLP.

6.2 Otimização

Para otimizar o processo de descarte do lodo foi escolhido o controle de válvulas


e desenvolvido na linguagem LADDER um projeto de monitoramento das válvulas com
o PLC. Foi utilizado o programa Easy CLP para a simulação do processo.

No processo de passagem do lodo, as válvulas são identificadas como válvula


de recirculação e válvula de passagem. A válvula de recirculação configurada como
válvula direta, funcionará aberta e uma vez configurada fechará a passagem do lodo. A
válvula de passagem ficará fechada e diariamente irá abrir fazendo o descarte do lodo
para o tanque de lodo. Esse processo pode ser modificado por botões manuais caso
tenha alguma necessidade especial na ETE.

47
Na Figura 23 a seguir, a programação do Ladder é exibida, com as configurações
para o funcionamento do sistema, controle das válvulas e temporizadores das válvulas.

O PLC é configurado para funcionamento em modo automático inicialmente,


porém existe a possibilidade de controle manual das válvulas. A programação para a
recirculação ou para a passagem do lodo é definida de acordo com as configurações
estabelecidas ou com as opções selecionadas pelo operador nos botões manuais.

No modo automático, se ativa inicialmente a recirculação, abrindo a válvula de


recirculação e iniciando a contagem de tempo de recirculação, após o tempo de
recirculação se inicia a passagem do lodo, fechando a válvula de recirculação e abrindo
a válvula de passagem do lodo. Após o tempo do descarte do lodo, a válvula do lodo se
fecha e se abre a válvula de recirculação, repetindo o processo.

No modo manual, as válvulas ficam aguardando o comando do operador, seja


para a recirculação ou para a passagem do lodo.

Os controladores automáticos pré-programados funcionam de acordo com o


tempo definido seja para a recirculação ou para a passagem do lodo. Após toda a leitura
das linhas do programa, não existem mais ações e o programa retorna para o estágio
inicial.

Existe um mecanismo de proteção para evitar a passagem do lodo caso o tanque


de lodo esteja com o nível alto, caso esse nível esteja ativado o sistema impede a
passagem do lodo.

Com essa implementação é possível um monitoramento e controle da passagem


do lodo, além da redução de custos com a prevenção de falhas e maior rapidez para
ação caso ocorra algum problema no funcionamento da estação.

48
F i g ur a 2 3 – Di a gr a m a L a d d er p ar a c o n tr ol e d a s v álv ul a s d o d e s c a rt e d o l o d o
F o nte:A utor

49
6.3 Parâmetros Monitorados e Controlados
Para a definição dos parâmetros controlados e monitorados, para uma segunda
fase do projeto, em que se seguiu as normas das Diretrizes Técnicas para Projeto e
Implantação de Estação Local de Tratamento de Esgotos para Empreendimentos
Imobiliários da Sabesp.

O intuito é de seguir os padrões da companhia de saneamento para a


implantação do monitoramento e controle da estação de tratamento, com isso foi
desenvolvido também na linguagem Ladder, a programação para esse monitoramento
e controle.

A ETE local deve possuir nível de automação suficiente para dispensar a


presença de operador. Os seguintes requisitos mínimos são obrigatórios:

• Todos os sinais (analógicos e digitais) provenientes do monitoramento e


controle da estação devem convergir para um Controlador Lógico Programável – CLP
alojado em um painel na estação. O CLP deverá conter as rotinas operacionais e
intertravamentos de forma que, em situações de falha de comunicação com o sistema
de supervisão, a instalação continue operando localmente e com as devidas proteções;

• A instrumentação analógica deverá utilizar o padrão de sinal 4 a 20 mA ou


redes de campo;

6.3.1 Medição da Vazão


Nas medições realizadas no canal de entrada será utilizado o medidor de vazão
do tipo Vertedor Thompsom, indicado para vazões até 50 m³/h. Na canaleta de
recirculação que são medições em canais abertos, será utilizada a calha Parshall,
indicada para canais abertos com vazão superior a 50 m³/h.

Ambos os medidores acompanham um medidor de vazão ultrassônico para


canais abertos e calha Parshall, conforme visto na Figura 24.

O medidor de vazão é composto de duas partes, o painel de indicador remoto ou


local e o sensor de medição externo, montado sobre a calha Parshall ou vertedor tipo
Thompsom.

É possível visualizar no display a vazão instantânea ou a vazão total, distância


do nível ao sensor, ou o nível de líquido, a intensidade do sinal, o status dos reles, tipo
de calha selecionada, data e hora atual. Criando assim um histórico de medições do
sensor.

Nos outros pontos de medição, será aplicado um medidor de vazão


eletromagnético para esgotos. Esses medidores eletromagnéticos possuem um
conversor eletrônico com saídas analógicas entre 4-20 mA, além de saídas de
comunicação com microcontroladores e CLPs.

O CLP recebe as informações sobre as vazões para controle e informação geral


sobre os processos.

50
Figura 24 –Medidor de vazão ultrassonico para canais abertos e calha Parshall
Fonte: http://www.ecr-sc.com.br/loja2/br/canais-abertos/27-medidor-de-vazao-ultrassonico-
para-canais-abertos.html (Acesso em 01/08/2017).

6.3.2 Recalque de Esgoto Bruto Afluente com Controle de Vazão


A automação da estação elevatória é possibilitada pelos sensores de pressão e
vazão do canal de entrada. Esses sensores verificam a entrada de vazão pelo canal de
entrada e inicia o acionamento dos motores, quando o sistema está acionado em
funcionamento automático. Nesse momento os contatos das bombas passam para o
estado de repouso normalmente aberto para fechado, acionando automaticamente as
bombas da elevatória.

Quando não houver nenhuma vazão de entrada no sistema, os sensores voltam


ao estado de repouso e desligam as bombas de recalque.

Na Figura 25, é possível observar a programação LADDER para os medidores


de vazão, os medidores de pressão, sensores de nível no poço de sucção, além do
controle de utilização da bomba.

A pressão de recalque e a vazão são monitoradas para detecção de anomalias


na tubulação por onde passam os efluentes pressurizados, com previsão de alarme e
desarme dos motores. Qualquer erro será indicado pelos alarmes do sistema.

No modo automático, o sistema fica aguardando a entrada de algum efluente


através dos sensores de pressão e vazão. Ao receber o sinal, se inicia o processo de
ativação das bombas da elevatória alterando entre as bombas 1 e 2 o funcionamento.
Caso tenha algum problema com as bombas, a bomba reserva é ativada.

No modo manual, a bomba entra em funcionamento com o comando de início


até que ocorra o comando de parada. Em qualquer momento o sistema pode ser
interrompido através do bloco de parada.

O sistema de segurança se ativa com algum problema na pressão ou vazão de


recalque. As bombas param de funcionar e entra em funcionamento o sinal de alarme,
até que não ocorra mais nenhum problema na linha de recalque.

51
F i g ur a 2 5 – Di a gr a m a L a d d er c o m c o n tr ol e d e f u n ci o n a m e n t o d a s b o m b a s
F o nte:A utor

52
O controle das vazões das bombas de recalque de esgoto deve ser realizado por
variação automática da rotação dos motores, em função do nível no poço de sucção.
Essa variação da rotação será realizada por um inversor de frequência, controlando a
rotação das bombas.

O principal objetivo do inversor é reduzir custos com a energia elétrica,


provocando uma variação controlada na potência dos motores, controlando assim a
vazão dos efluentes de acordo com o nível do poço de sucção.

Atualmente as bombas funcionam com o controle on off por boia que ativa a
bomba na vazão máxima quando o sensor de nível máximo fica ativado, e desliga as
bombas quando o sensor de nível mínimo é ativado.

Para atingir a otimização do controle das bombas, ao se atingir o nível baixo,


como forma de segurança, o inversor de frequência entra em funcionamento com fluxo
controlado. Com informações do sensor de nível, também será variado a rotação da
bomba e assim obter um ganho em eficiência energética.

O controle disponível no equipamento é realizado com a operação do inversor


otimizada para o motor em uso, obtendo-se um melhor desempenho em termos de
torque e regulação de velocidade.

Esse controle não necessita de um sinal de realimentação de velocidade. Para


que o fluxo no entreferro do motor, e consequentemente, a sua capacidade de torque,
se mantenha constante durante toda a faixa de variação de velocidade é utilizado um
algoritmo sofisticado de controle que leva em conta o modelo matemático do motor de
indução, no caso as bombas da estação.

Dessa forma, consegue-se manter o fluxo no entreferro do motor


aproximadamente constante para frequências de até aproximadamente 1Hz. Outra
grande vantagem do controle vetorial, é a sua inerente facilidade de ajuste. O inversor
se autoconfigura para a aplicação em questão e está pronto para funcionar de maneira
otimizada. Apenas sendo necessária a configuração em relação a bomba que será
utilizada.

Trabalhando com a variação de rotação consegue-se uma regulação de


velocidade na ordem de 0.5% da rotação nominal. Por exemplo, para um motor de IV
pólos e 60Hz, obtém-se uma variação de velocidade na faixa de 10rpm. Atuando
diretamente na vazão que será direcionada para o tanque de aeração.

A Figura 26 representa um inversor de frequência utilizado para bombas de


estações elevatórias.

53
Figura 26 – Inversor de frequência CFW08, indicado para controlar a rotação e vazão das
bombas
Fonte: https://goo.gl/8JTFp5 (Acesso em 03/08/2017).

6.3.3 Reator Aeróbio


O controle da operação dos sopradores atua em função do oxigênio dissolvido
no reator. O CLP também monitora todos os sinais de funcionamento, como ligado ou
desligado além de sobrecorrente nos sopradores.

O maior custo variável em uma estação de tratamento está ligado ao


funcionamento dos sopradores do sistema de aeração. Com a utilização de sensores
de oxigênio, é possível um controle proporcional à necessidade de oxigênio em tempo
real, evitando desperdício, garantindo a dosagem exata necessária pelo processo

Na Figura 27, observa-se o sistema de análise do oxigênio dissolvido, a


informação do oxigênio no tanque de aeração atua no CLP de forma a determinar o
funcionamento dos sopradores.

Figura 27 – Sistema de análise do Oxigênio Dissolvido


Fonte: https://goo.gl/U4qino (Acesso em 28/08/2017).

54
O controle de funcionamento dos sopradores será em função da análise de OD,
com o envio do sinal para definição do correto funcionamento do equipamento. Além do
controle do soprador, também será realizado a proteção do sistema em função de
sobrecorrente, paralisando o funcionamento dos sopradores e ativando a iluminação de
aviso de sobrecorrente.

Na Figura 28, observa-se o controle do funcionamento dos sopradores em


função da análise de OD, o controle em função da sobrecorrente e os acionamentos da
iluminação de aviso de acordo com o funcionamento do equipamento.

No modo automático é iniciado o processo, com funcionamento dos sopradores,


controladores de OD e a iluminação de funcionamento.

No modo manual, o soprador somente é ativado com o comando para o


funcionamento até o comando de parada manual.

Caso ocorra o comando de parada o sistema é interrompido, desativando os


sopradores e ativando a iluminação de parada.

Ao se identificar alguma anomalia, as lâmpadas de alarme ficam ativadas e os


sopradores desativados até que não ocorra mais nenhum tipo de problema.

55
F i g ur a 2 8 – Di a gr a m a L a d d er c o m c o n tr ol e d e f u n ci o n a m e n t o d o s s o pr a d or e s .
F o nte: A utor

56
6.3.4 Adensamento e Desaguamento de lodo
O nível do tanque de adensamento deverá ser monitorado pelo CLP e impedir
descarte de lodo em função do limite de extravasamento.

O descarte do tanque do lodo para o sistema de desaguamento será manual,


através de um caminhão limpa fossa com destino a uma ETE pública, com
sensoriamento de nível e alarme luminoso para indicação de nível alto e necessidade
de descarte do lodo para a ETE pública.

Para esse controle de nível será inserida no comando do LADDER, as funções


referentes ao controle de nível, seguindo as mesmas características da Figura 22. As
alterações para o controle do nível do tanque de lodo podem ser vistas na Figura 29,
com destaque para a luminária de emergência em função do nível no tanque.

Caso o tanque de lodo esteja no nível máximo, o sistema não permitirá a


realização da passagem do lodo, evitando assim extravasamento dos efluentes e
propagação de poluição.

57
F i g ur a 2 9 – Di a gr a m a L a d d er c o m c o n tr ol e d o nív el d o ta n q u e d e l o d o.
F o nte: A utor

58
6.3.5 Energia Elétrica
A estação deverá ser provida de um medidor multigrandesas alojado no painel
de entrada, onde monitorará tensão, corrente e falta de fase e encaminhará estas
grandezas para o CLP da estação.

Esse medidor será acoplado aos principais equipamentos da estação, como


bombas elevatórias e sopradores. Na Figura 30, observa-se o multimedidor de
grandezas elétricas, é possível observar as variações nas tensões, correntes, potência.
A ligação em rede permite que sejam monitoradas as grandezas elétricas de diversos
pontos.

Figura 30 – Multimedidor de Grandezas Elétricas


Fonte: http://www.celval.com.br/5685528-Multimedidor-de-Grandezas-Eletricas-MMW01-
144x144MM-WEG (Acesso em 28/08/2017).

6.4 Rede Petri


De acordo com o adotado para a melhoria da atual automação na estação de
tratamento, foi desenvolvido a Rede Petri nas malhas da passagem do lodo, do controle
de bombas da elevatória e do uso dos sopradores.

A Tabela 1, apresenta as transições e lugares da rede Petri da malha do lodo. E


seu funcionamento segue o que foi executado para o PLC. No estado inicial, o sistema
fica aguardando o comando para funcionamento em automático ou manual.

Para funcionamento em automático, se dá o início do comando de recirculação


e parando o comando de passagem do lodo. Após o tempo da recirculação, o sistema
inicia a passagem do lodo parando a recirculação. No processo de passagem do lodo,
existe a proteção para o nível alto do tanque de lodo. Após o tempo da passagem do
lodo, o sistema retorna ao início do processo, no estado inicial da recirculação.

Caso o sistema esteja em funcionamento manual, ele fica aguardando o


comando para a passagem do lodo ou a recirculação, executando os processos de
acordo com o comando.

Em qualquer momento o sistema pode ser interrompido através do bloco de


parada.

59
Tabela 1 – Transições e Lugares para a Rede Petri da malha do lodo
MALHA PASSAGEM DO LODO
TRANSIÇÕES LUGARES
TAG DESCRIÇÃO TAG DESCRIÇÃO
Tp00 Botão Automático Pp00 Estado Inicial aguardando comando
Tp01 Sinal de recirculação Pp01 Início Automático
Tp02 Temporizador 23 hrs Pp02 Estado da recirculação ativada
Estado da passagem do lodo
Tp03 Temporizador 1 hora Pp03 desativada
Tp04 Botão stop Pp04 Estado da recirculação desativada
Tp05 Botão Start Pp05 Estado da passagem do lodo ativada
Início Manual com recirculação e
Tp06 Botão Recirculação Pp06 passagem desativadas

Tp07 Temporizador 23 hrs Pp07 Inicia o comando da Recirculação


Inicia o comando da passagem do
Tp08 Botão Passagem do Lodo Pp08 lodo
Tp09 Temporizador 1 hora Pp09 Estado tanque de lodo cheio
Sinal sensor nível alto tanque de
Tp10 lodo Pp10 Lâmpada Amarela ativa

Tp11 Ativar lâmpada amarela

A rede Petri para a passagem do lodo pode ser observada na Figura 31

60
F i g u r a 3 1 – R e d e P et ri p ar a a p a s s a g e m d o lo d o
F o nte: A utor

61
A Tabela 2, apresenta a rede Petri para as transições e lugares na malha das
bombas da elevatória. No estado inicial, o sistema fica aguardando o comando para
funcionamento em automático ou manual.

Para funcionamento em automático, o sistema fica aguardando a entrada de


algum efluente através dos sensores de pressão e vazão para iniciar a ativação das
bombas. Ao receber o sinal, se inicia o processo de ativação alterando entre as bombas
1 e 2 o funcionamento. Caso tenha algum problema com as bombas, a bomba reserva
é ativada.

No funcionamento em manual, se inicia o processo de ativação da bomba até


que ocorra o comando de parada manual.

O sistema de alarme identifica alguma anomalia na pressão ou vazão de


recalque, emite um alarme e desativa as bombas até não existir mais problemas no
recalque.

Em qualquer momento o sistema pode ser interrompido através do bloco de


parada.

Tabela 2 – Transições e Lugares para a Rede Petri da malha das bombas da elevatória
MALHA FUNCIONAMENTO DAS BOMBAS
Estado Inicial aguardando
Tb00 Botão Automático Pb00 comando
Tb01 Sinal de vazão de entrada Pb01 Início Automático
Tb02 Sinal de Pressão de entrada Pb02 Estado para ativar as bombas
Tb03 Seleção da bomba 1 Pb03 Bomba 1 ligada
Tb04 Temporizador 12 hrs Pb04 Bomba 1 desligada
Tb05 Seleção da bomba 2 Pb05 Bomba 2 ligada
Tb06 Temporizador 12 hrs Pb06 Bomba 2 desligada
Tb07 Botão stop
Tb08 Desativar bomba 1 Pb07 Estado para desligar as bombas
Tb09 Desativar Bomba 2
Tb10 Sinal bombas desligadas
Estado das bombas com
Tb11 Seleção da bomba reserva Pb08 problemas
Tb12 Botão Start Pb09 Bomba reserva em funcionamento
Tb13 Seleção da bomba 1 em manual Pb10 Inicio manual
Tb14 Sinal anomalia pressão recalque Pb11 Bomba 1 ligada
Tb15 Sinal anomalia vazão recalque Pb12 Estado de segurança do recalque
Tb16 Desativar bomba 1 Pb13 Estado de bombas desativadas
Tb17 Desativar Bomba 2 Pb14 Estado do alarme
Tb18 Ativar Alarme
Tb19 Sinal recalque em funcionamento

A rede Petri para o funcionamento das bombas pode ser observada na Figura
32.

62
F i g u r a 3 2 – R e d e P et ri p ar a o f u n ci o n a m e n t o d a s b o m b a s
F o nte: A utor

63
A Tabela 3, apresenta a rede Petri para as transições e lugares na malha do
funcionamento dos sopradores. No estado inicial, o sistema fica aguardando o comando
para funcionamento em automático ou manual.

Para funcionamento em automático o sistema dá início ao processo, ativando os


os sopradores, controladores de OD e as lâmpadas de indicação de funcionamento.

No funcionamento em manual, o soprador é ativado de acordo com o comando


para o funcionamento até que ocorra o comando de parada manual.

No bloco de segurança, caso alguma anomalia seja identificada, as lâmpadas de


alarme ficam ativadas e os sopradores desativados até que não ocorra mais nenhum
tipo de problema.

Em qualquer momento o sistema pode ser interrompido através do bloco de


parada, desativando os sopradores e ativando a iluminação de parada.

Tabela 3 – Transições e Lugares para a Rede Petri da malha do funcionamento dos


sopradores
MALHA FUNCIONAMENTO DOS SOPRADORES
Estado Inicial aguardando
Ts00 Botão Automático Ps00 comando
Ts01 Controlador OD tanque 1 Ps01 Início Automático
Estado de funcionamento do
Ts02 Controlador OD tanque 2 Ps02 soprador 1
Estado de funcionamento do
Ts03 Ativar lâmpada verde Ps03 soprador 2
Ts04 Botão Start Ps04 Lâmpada verde ativa
Ts05 Seleção do soprador 1 em manual Ps05 Inicio manual
Ts06 Botão stop Ps06 Soprador 1 ligado
Ts07 Ativar lâmpada vermelha Ps07 Estado para desligar os sopradores
Ts08 Desativar soprador 1
Ts09 Desativar soprador 2
Ts10 Sinal sobrecorrente
Ts11 Ativar lâmpada amarela Ps08 Estado de segurança
Ts12 Desativar soprador 1 Ps09 Lampada amarela ativa
Ts13 Desativar soprador 2 Ps10 Estado sopradores desligados
Ts14 Sinal sem anomalias na corrente Ps11 Lampada vermelha ativa
Ts15 Ativar lâmpada vermelha
Ts16 Sinal sopradores desligados

A rede Petri para o funcionamento dos sopradores pode ser observada na Figura
33.

64
F i g u r a 3 3 – R e d e P et ri p ar a o f u n ci o n a m e n t o d o s s o p r a d o r e s
F o nte: A utor

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Capítulo 7

Análise dos resultados


A implementação de uma estação de tratamento de esgotos, representa um
ganho ambiental significativo na conservação dos recursos naturais. O projeto de
automação da estação auxilia na manutenção e preservação das águas limpas. Dessa
forma, projetos que visem uma melhor qualidade do efluente e uma melhoria do sistema
proporcionam qualidade de vida para uma região.

Conforme o objetivo deste trabalho de se atuar para a melhoria da automação


de uma ETE, com a presença dos PLCs, é possível verificar a influência direta na
melhoria do sistema pois com a automação, se aumenta o monitoramento com o uso de
sensores.

A principal vantagem na utilização do PLC é verificada com a redução de custos,


pois se elimina a necessidade do operador na passagem do lodo, deslocando ele para
outras manutenções internas. Com isso se reduz a possibilidade de falhas humanas
devido ao sistema ser automatizado em seu monitoramento.

Considerações Finais
Com a vantagem econômica da implantação do PLC, além da redução da
possibilidade de falhas humanas, o sistema traz benefícios de amplo monitoramento
com os sensores. Acompanhando com maior velocidade as variáveis do sistema.

Infelizmente devido aos custos de implementação, as fases de controle das


rotações das bombas, medidores de vazão, sensores de OD, não serão implementados
e ficarão como recomendações para futuros trabalhos. Um dos grandes
questionamentos em relação a automação é o custo de implantação, pois para uma
estação pequena e de médio porte o custo dos equipamentos é o mesmo, inviabilizando
a instalação em estações menores.

Como recomendação futura a implantação do sistema supervisório é de suma


importância pois com ele é possível monitorar todos os parâmetros da ETE, como
controle da vazão de entrada, vazão dos insumos de tratamento, vazão do efluente final.
Além de definir a melhor estratégia de funcionamento para o tratamento da ETE.

Além do completo sensoriamento da estação, pois com ele se monitora além dos
aspectos ambientais os aspectos energéticos para atuar numa melhor eficiência para a
estação.

66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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