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75-82 (Jun-Ago 2014) Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research - BJSCR
1. Acadêmicas do 9º período do curso de graduação em Medicina do IMES/FAMEVAÇO* Ipatinga, MG; 2. Especialista Alergia & Imunologia Der-
matologia Imunopatologia das Doenças Infecto Parasitárias; Medicina do trabalho; Medicina Ortomolecular; Medicina do Trânsito; Nutrologia; Pedi-
atria. Diretora Clínica da CLIMEDI. Coordenadora do Programa RespirAR Adulto em Ipatinga - MG. Professora de pediatria na Faculdade de Medi-
cina de Ipatinga – MG. MSc. em Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade; Doutoranda em Gestão pela UTAD; Supervisora do PEP em Ipatinga,
MG.
* IMES (FAMEVAÇO) – Av. Marechal Cândido Rondon 850, Ipatinga, Minas Gerais, Brasil. CEP: 35164-314. rayssa.lourenco@hotmail.com
Em neonatos, o uso de fraldas pode causar erupções, que Candidíase eritematosa: Pode ocorrer independente
é uma manifestação comum de Candida cutânea. A for- ou simultaneamente à forma pseudomembranosa. Tra-
ma disseminada da candidíase é rara, e ocorre em paci- ta-se de uma lesão sintomática (Figura 3), cuja sensibi-
entes terminais com doenças debilitantes, neoplásicas, lidade é intensa devido às numerosas erosões dispersas
doenças imunossupressivas e após transplantes de órgãos. pela mucosa e à inflamação presente, com localização
Nesses casos, pode acometer diferentes órgãos e tecidos preferencial ao longo do dorso da língua. Na maior parte
como: pulmões, meninges, rins, bexiga, articulações, dos casos as lesões evoluem de maneira assintomática,
fígado, coração e olhos5. podendo somente causar ardência mediante a ingestão de
alimentos ácidos ou quentes. É a forma clínica mais fre-
Infecções mucosas (candidíase orofaríngea,
quente entre pacientes não infectados pelo HIV2.
esofagite, candidíase vulvovaginal, balanite)
Candidíase orofaríngea
A Candida albicans é um microrganismo presente na
flora normal da região orofaríngea. Sua transformação
de microrganismo comensal para patógeno está relacio-
nada a fatores locais e sistêmicos2. É particularmente
provável que ocorra no diabético, em gestantes e em
pessoas obesas. Antibióticos sistêmicos, corticóides orais
e inalatórios e agentes contraceptivos orais podem con-
tribuir para o desencadeamento das lesões6.
A candidíase também pode ser causada pela disfun-
ção das células T, principalmente em pacientes com in-
fecção por HIV e é a infecção oportunista mais comu-
mente relatada em pacientes com AIDS. O aparecimento Figura 3. Candidíase eritematosa.
Fonte: http://cac-php.unioeste.br/projetos/patologia/lesoes_fundamentais/mancha
de candidíase oral em indivíduo anteriormente saudável
sem fatores de risco conhecidos deve levantar imediata- Candidíase atrófica crônica: Conhecida como
mente a suspeita de infecção por HIV1. “estomatite por dentadura” (Figura 4) ocorre frequente-
As manifestações orofaríngeas da candidíase podem mente em pessoas que usam próteses superiores com-
ser agudas ou crônicas. A candidíase aguda apresenta as pletas1. Clinicamente, apresenta-se com uma superfície
formas: pseudomembranosa e eritematosa; a forma crô- vermelha viva, de aveludada a pedregosa, de forma cir-
nica da doença é conhecida como atrófica. cunscrita ou difusa e ulcerada ou não. O palato encon-
Candidíase pseudomembranosa: Conhecida como tra-se hiperemiado e doloroso. Os sintomas clínicos são:
“sapinho”, é a forma mais comum e se manifesta por dor, irritação e distúrbios da salivação, entretanto, mui-
placas ou nódulos branco-amarelados, de consistência tos pacientes são assintomáticos2.
mole à gelatinosa, na mucosa bucal, no palato, na orofa-
ringe ou na língua, que são facilmente removidas, reve-
lando uma mucosa eritematosa e não ulcerada sob as
placas (Figura 2)1. Na maioria dos casos, essa forma da
doença apresenta lesões assintomáticas, a não ser nos
casos mais graves onde os pacientes queixam-se de sen-
sibilidade, ardência e disfagia2.
mal adaptadas e a não remoção da prótese durante a noi- de que ciclos menstruais regulares se tornam fatores de
te associada à má higiene do paciente2. risco para CVV pode ser explicada, pois picos de certos
hormônios facilitam a invasão fúngica da mucosa vagi-
Esofagite
nal, considerando-se que ao longo do ciclo menstrual
A candidíase em mucosa esofágica pode ocorrer com regular, existem picos hormonais de FSH, LH, estradiol
ou sem candidíase orofaríngea. O aparecimento de eso- e progesterona que determinam a ovulação e formação
fagite por Candida é quase sempre relacionado com dis- do corpo lúteo e que estão alterados ou ausentes nas
função imune e não somente com fatores locais1. mulheres de ciclos irregulares22.
Dentre os fatores de risco, incluem a supressão far- Aproximadamente 5% das mulheres com CVV de-
macológica da produção de ácido gástrico, uso de anti- senvolvem a candidíase vulvovaginal recorrente, defini-
bióticos, vagotomia anterior, alterações esofágicas fun- da como a ocorrência de quatro ou mais episódios de
cionais ou mecânicas, e as doenças endócrinas, como CVV no período de 12 meses3. Essa forma ocorre quan-
diabetes mellitus, hipotireoidismo e hipoparatireoidismo. do o fungo não é completamente eliminado da vagina
A desnutrição, alcoolismo, idade avançada, e terapia permanecendo baixas concentrações de microrganismos
com corticosteroides - sistêmica ou inalada - também e relaciona-se com fatores inerentes ao hospedeiro
tem sido implicado7. (imunológicos ou não) e não com a virulência do hospe-
O envolvimento esofágico é o tipo mais frequente da deiro10.
doença de mucosa significativa. Os sintomas incluem
Balanite
odinofagia subesternal, refluxo gastroesofágico ou a
náusea sem dor subesternal8. A balanite (ou balanopostite, inflamação aguda ou
crônica da glande do pênis) pode ser assintomática, com
Candidíase vulvovaginal
apenas um leve prurido, ou sintomática, iniciando-se
A candidíase vulvovaginal (CVV) é uma infecção da com vesículas no pênis que evoluem nos casos intensos,
vulva e da vagina, causada pelas várias espécies de Can- gerando placas pseudomembranosas, eritema generali-
dida, que podem tornar-se patogênicas sob determinadas zado, prurido intenso, dor, fissuras, erosões, pústulas
condições que alteram o ambiente vaginal9. superficiais na glande e no sulco balanoprepucial. As
A CVV é um dos diagnósticos mais frequentes na lesões podem estender-se ao escroto e às pregas da pele,
pratica diária em ginecologia e sua incidência tem au- com presença de prurido, e em alguns casos, causar uma
mentado drasticamente, tornando-se a segunda infecção uretrite transitória. Candida albicans é a espécie isolada
genital mais frequente nos EUA e no Brasil, precedida com maior frequência. Existem diversos fatores que pre-
pela vaginose bacteriana3. 20 a 25% das mulheres adul- dispõem os pacientes a desenvolver a balanite, como
tas apresentam colonização assintomática9. Cerca de relações sexuais com parceiro infectado, recente terapia
75% tiveram episódios de candidíase vulvovaginal du- antibiótica, descontrole no diabetes mellitus, sendo co-
rante a vida, com a prevalência de Candida albicans de mum em homens não circuncidados4.
70 a 90%4.
Infecções cutâneas (candidíase cutânea, candi-
Essa infecção caracteriza-se por prurido, dispareunia
díase mucocutânea crônica, candidíase congê-
e pela eliminação de um corrimento vaginal em grumos,
nita)
semelhante à nata de leite. Com frequência, a vulva e a
vagina encontram-se edemaciadas e hiperemiadas, al- Candidíase cutânea
gumas vezes acompanhadas de ardor ao urinar e sensa-
A candidíase cutânea frequentemente ocorre quando
ção de queimação. As lesões podem se estender pelo
há condições de umidade e temperatura, como as dobras
períneo, região perianal e inguinal. O corrimento, que
da pele, embaixo das fraldas de recém-nascidos, e em
geralmente é branco e espesso, é inodoro. Em casos tí-
climas tropicais ou durante meses de verão. Diabetes
picos, nas paredes vaginais e no colo uterino aparecem
mellitus e HIV também estão associados4.
pequenos pontos branco-amarelados. Os sintomas se
As lesões são eritematosas, pruriginosas, muitas ve-
intensificam no período pré-menstrual, quando a acidez
zes pustulares, com bordas bem delimitadas e quase
vaginal aumenta3.
sempre associadas a lesões satélites menores. A presença
Alguns fatores de risco potenciais para a CVV têm
de lesões satélites ajuda a distinguir a candidíase da ti-
sido relatados, como: presença de ciclos menstruais re-
nea cruris ou corporis1.
gulares, gravidez, uso de contraceptivos orais de altas
A candidíase cutânea aguda pode-se apresentar de
doses, terapia de reposição hormonal, diabetes mellitus,
diferentes formas: intertrigo (localizado nas dobras da
infecção pelo HIV, uso de antibióticos sistêmicos ou
pele como axilas, virilha, sulco interglúteo, prega sub-
tópicos, hábitos de higiene inadequados, uso de roupas
mamária, e em pessoas obesas na prega suprapúbica)
intimas justas e/ou sintéticas, determinando pouca aera-
produzindo intenso eritema, edema, exsudato purulento e
ção nos órgãos genitais aumentando a umidade9. A teoria
pústulas; erosão interdigital; foliculite (principalmente
em pacientes com HIV); onicomicose e paroníquia4. A dos pés) e dobras da pele são as áreas mais afetadas. O
onicomicose por Candida (Figura 5) resulta em unhas principal fator que gera a candidíase cutânea congênita é
friáveis, espessas e opacas. A Candida também causa a candidíase vulvovaginal na mulher durante a gravidez.
paroníquia, especialmente, em pessoas cuja ocupação A candidíase cutânea congênita pode evoluir para uma
envolve imersão frequente das mãos na água1. forma disseminada, forma esta que gera muitos óbitos de
recém-nascidos4.
Infecções disseminadas (candidemia)
Candidemia
É a manifestação mais comum de infecção dissemi-
nada por Candida. As espécies mais comumente isoladas
são C. albicans, C. tropicalis, C. parapsilosis, C. gla-
brata e C. krusei. A mortalidade atribuída direta ou indi-
retamente à candidemia é de 40% a 60%1,11.
O principal mecanismo de transmissão da candide-
mia é por via endógena, em que espécies
de Candida que constituem a microbiota de vários sítios
anatômicos e sob condições de debilidade do hospedeiro,
Figura 5. Onicomise por Candida. comportam-se como patógenos oportunistas12. Outro
Fonte: http://www.dermis.net/dermisroot/pt/16108/image.htm
mecanismo para transmissão é por via exógena, por
Candidíase mucocutânea crônica meio das mãos de profissionais da saúde que cuidam dos
pacientes, materiais médico-hospitalares, como cateteres
Em alguns casos, infecções superficiais podem tor-
e soluções intravenosas que estejam contaminadas por
nar-se severas e de difícil tratamento, produzindo rara-
fungos11.
mente uma desordem conhecida como candidíase mu-
Dentre os fatores de risco ligados ao hospedeiro,
cocutânea crônica, caracterizada pela deficiência de cé-
destacam-se: uso de antibióticos de largo espectro, tem-
lulas T helper, situação que consiste em persistentes e
po prolongado de internação hospitalar, neutropenia,
recorrentes infecções de membranas mucosas, couro
nutrição parental, sonda vesical, ventilação mecânica,
cabeludo, pele e unhas, com uma variedade de manifes-
cateter venoso central e colonização de vários sítios
tações4.
anatômicos por leveduras. Além desses fatores, outros
As lesões típicas na pele são geralmente averme-
merecem ser destacados, como idade extrema, imunos-
lhadas, sobressaltadas, e com hiperqueratinização, e
supressão, insuficiência renal, diabetes, quimioterapia,
usualmente indolores. Microabscessos na epiderme são
radioterapia, lesão de mucosas, hemodiálise, cirurgia
comuns na candidíase cutânea aguda, porém raros na
prévia e corticoterapia11.
candidíase mucocutânea crônica. O envolvimento da
Os pacientes podem apresentar choque séptico e dis-
unha pode ser severo nesta condição, produzindo acen-
seminação para múltiplos órgãos sem positividade em
tuado engrossamento, distorção e fragmentação da unha,
hemoculturas. O quadro clínico da candidíase dissemi-
com inchaço crônico da falange distal. Alguns pacientes
nada é indistinguível daquele apresentado na infecção
apresentam endocrinopatias associadas, como hipopara-
bacteriana. O quadro histológico caracteriza-se por múl-
tireoidismo, hipotireoidismo e hipoadrenismo1.
tiplos microabscessos em diversos órgãos. Olhos, rins,
Candidíase congênita fígado, baço e cérebro são os locais mais comumente
acometidos, mas já houve relatos de microabscessos
A candidíase no recém-nascido com baixo peso é
causados por Candida em quase todos os órgãos. Os
frequente mundialmente. Nesses pacientes, a doença
eventos que sugerem o diagnóstico de candidemia in-
pode estar presente ao nascimento, sendo designada com
cluem o surgimento de lesões cutâneas e retinianas. As
infecção congênita ou neonatal. Porém, a infecção pode
lesões cutâneas são indolores e não pruriginosas, papu-
ser adquirida tardiamente pelo bebê no ambiente hospi-
lares e pustulares e cercadas por uma área de eritema. As
talar, sendo considerada uma infecção nosocomial5.
lesões oculares manifestam-se como exsudatos brancos
Dentre as principais lesões na pele, destacamos:
característicos na retina; com a extensão do processo ao
erupções generalizadas; extensas regiões eritematosas
humor vítreo, a retina torna-se escurecida1.
(presentes em achados iniciais); vesículas, pápulas e
A disseminação hematogênica das diversas espécies
pústulas (lesões de morfologias variadas que represen-
de Candida pode afetar outros sítios. A endocardite é
tam diferentes estágios de evolução, e que geralmente
uma complicação não muito frequente e que pode levar à
coexistem). Na maioria dos casos, quase toda extensão
morte, em especial, em usuários de drogas injetáveis,
do recém-nascido é tomada de lesões, porém regiões
além daqueles pacientes com próteses valvares cardíacas
como o dorso, extremidades (palmas das mãos e solas
e com cateteres venosos centrais. Formas de infecções pre abordado como infecção sistêmica. Todavia, não há
focais invasivas mais comuns são no trato urinário, os- ainda um teste diagnóstico eficiente que diferencie os
teoarticulares, endoftalmite, peritonite e meningite. Elas pacientes com semeadura inconsequente do sangue, da-
resultam da inoculação local ou disseminação tanto por queles cujas hemoculturas positivas representam disse-
contiguidade como hematogênica1. minação hematogênica para diversos órgãos. Para os
pacientes mais graves com suspeita de candidíase, o sur-
Diagnóstico gimento de lesões cutâneas pustulares ou lesões retinia-
nas típicas pode fortalecer essa hipótese1, 16, 17,18.
Para que se alcance o isolamento e identificação do
patógeno é importante que o tipo e a qualidade da amos- Tratamento
tra biológica, submetida ao laboratório de micologia,
As opções terapêuticas efetivas para o tratamento da
seja de boa qualidade. A assepsia antes da coleta e a
Candida são compostas por quatro grupos de drogas
quantidade da amostra são fatores primordiais para o
(Tabela 1):
sucesso do diagnóstico fúngico por leveduras do gênero
Candida. Procedimentos para a coleta de amostras são Tabela 1. Grupos de medicamentos para tratamento de Candidíase.
estabelecidos de acordo com a manifestação clínica, por Grupo Poliênicos Triazólicos Equinocandinas Fluocitosina
exemplo, temos os pedaços de pele e unhas, raspados de Nistatina Fluconazol Caspofugina
mucosa oral, vaginal ou anal, secreção do trato respira- Anfotericina Itraconazol Micafungina
B Voriconazol Anidulafungina
tório, sangue, líquor, urina, fezes, dentre outros4. Posaconazol
Ao exame clínico, na maioria das vezes, é possível Exemplos
forma de pastilha oral ou comprimidos de 10mg, admi- toconazol (duas cápsulas de 200 mg) durante cinco dias
nistrados durante 14 dias, cinco vezes por dia. Reco- após a menstruação e por período de seis meses, ou o
menda-se que a Nistatina (agente poliênico) seja o fár- uso de Fluconazol (150 mg) administrados durante um
maco de primeira escolha, devido a sua eficácia, ausên- mês, ou ainda o uso de Itraconazol (uma cápsula de 200
cia de efeitos colaterais graves (via oral) e custo reduzi- mg) durante um mês20,21.
do em comparação outras drogas2,19.
Tratamento da balanite por Candida
Tratamento da candidíase vulvovaginal
A pomada de Nistatina tópica é o tratamento inicial
O tratamento do candidíase vulvovaginal (CVV) visa quando as lesões são pouco eritematosas ou apresentam
garantir a melhora da sintomatologia, podendo ser efe- erosão superficial. Compressas úmidas com Acetato de
tuado por via oral ou tópico (Tabela 3). No tratamento Alumínio diluído durante 15 minutos, duas vezes por dia,
oral, indica-se a administração de um dos fármacos ci- podem amenizar rapidamente as sensações de queimação
tados a seguir: Fluconazol (150 mg) em dose única, Ce- ou prurido. A cronicidade e as recidivas, especialmente
toconazol (200 mg) uma vez dia, por 14 dias ou Cetoco- após contato sexual, sugerem a reinfecção a partir de um
nazol (400 mg) uma vez por dia, por 14 dias. Já o trata- parceiro sexual que deve ser tratado6,8.
mento local, por via intravaginal, engloba o uso de Clo-
Tratamento das unhas e paroníquia
trimazol (100 mg/comprimido) durante 7 dias, ou o uso
de Terconazol 0,8% - creme (aplicação completa de 5 g) Consiste na aplicação de solução de Clotrimazol a
durante três dias, ou ainda o uso de Ácido Bórico (600 1%, duas vezes por dia. Como opção pode ser utilizado o
mg/supositório) duas vezes por dia por período de 14 Timol a 4% em etanol uma vez ao dia6,8.
dias20,21.
Tratamento da candidíase cutânea
Tabela 3. Tratamento da Candidíase Vulvovaginal.
Duração Deve-se aplicar pomada de Nistatina ou o creme de
Nome Formulação Dose trata- Clotrimazol a 1%, ou com creme de Hidrocortisona a
mento
1 aplicador (5 1%, duas vezes ao dia6,8.
Butoco- Dose
Creme a 2% gramas) intra-
nazol
vaginal
única Tratamento da candidíase sistêmica
1 aplicador (5
Clotri-
Creme a 1% gramas) intra-
7-14 Os casos sistêmicos graves, como a meningite, o tra-
mazol noites
vaginal tamento consiste na prescrição de Anfotericina-B, recei-
1 aplicador (5
Miconazol Creme a 2% gramas) intra- 7 noites tado pelo médico e administrado em nível hospitalar,
vaginal pois o medicamento é por via intravenosa e com altos
1 aplicador (4
Nistatina
100.000UI/4
gramas) intra- 14 noites
níveis de nefrotoxicidade6,8.
Adm G
tópica vaginal
Tioconazol
Creme a
1 aplicador (5
gramas) intra-
Dose 4. CONCLUSÃO
6,5% única
vaginal
1 aplicador (5 A presente revisão da literatura abordou a candidíase,
Creme a
0,4%
gramas) intra- 7 noites que corresponde à infecção micótica mais prevalente.
vaginal
Terconazol Candidíase é uma infecção fúngica de grande importân-
Creme a
1 aplicador (5 cia em saúde pública, incluída também como DST. São
gramas) intra- 3 noites
0,8%
vaginal diversas as espécies já reconhecidas como agentes cau-
sais, embora a mais bem estudada seja a C. albicans, já
Fluconazol
Comprimido 1 comprimido Dose que é mais confirmado seu isolamento e sua identifica-
150mg de 150 mg única
Adm ção.
sistêmica 1 comprimido Os trabalhos consultados para a realização desta re-
Cetocona- Comprimido
zol 200-400mg
de 200-400 14 dias visão destacaram a importância desta patologia e sua
mg/dia
associação com fatores locais e sistêmicos predisponen-
Fonte: Adaptado de SOGIMIG, 2012. tes, tais como, paciente recém-nascido, prótese superior,
imunossupressão, paciente neoplásico e AIDS. A atuação
Para a manifestação vulvovaginal recorrente poderá dos referidos fatores na etiopatogenia da lesão evidencia
ser prescrito um tratamento antifúngico mais longo com a diversidade de situações clínicas que exigem o conhe-
o intuito de erradicar agente. A profilaxia pode ser local cimento necessário para o diagnóstico dos tipos de can-
ou por via oral. No tratamento local, preconiza-se o uso didíase, que pode ser formulado a partir de dados clíni-
de Clotrimazol (duas cápsulas de 100 mg) duas vezes cos e ou laboratoriais. Torna-se assim imprescindível o
por semana durante seis meses ou o uso de Terconazol diagnóstico correto e tratamento precoce desta afecção
0,8% - creme (aplicação completa de 5 g) durante sete visando assim a prevenção de complicações mais graves
dias. Já o tratamento por via oral engloba o uso de Ce-
BJSCR Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/bjscr
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