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FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA E EDUCAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESPÍRITO-SANTENSE


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

EVERLLYNN SANTANA CARDOSO

PROJETO DE RESTAURO – CADASTRAMENTO

VITÓRIA

2020
EVERLLYNN SANTANA CARDOSO

PROJETO DE RESTAURO - CADASTRAMENTO

Trabalho realizado para matéria de


Projeto de Restauro do Curso de
Graduação em Arquitetura e Urbanismo
apresentado ao Centro Universitário
Espírito-santense, sob orientação da
Profa. Ma. Viviane Pimentel.

VITÓRIA

2020
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................4
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO............................................5
3. CADASTRAMENTO DO BEM EDIFICADO..........................................................7
3.1 Pesquisa Histórica e Iconográfica..............................................................7
3.2 Levantamento Arquitetônico.....................................................................12
3.3 Diagnóstico do Estado de Conservação..................................................14
4 REFERÊNCIA......................................................................................................17
1 INTRODUÇÃO

De acordo com o roteiro da disciplina de Projeto de Restauro, do Curso de


Arquitetura e Urbanismo, do Centro Universitário Espírito Santense, o trabalho
consiste em uma intervenção em imóvel histórico, que foi desenvolvido com a
intenção de pesquisar e adquirir conhecimento sobre o tópico de
cadastramento. A residência escolhida é a Casa da Memória, localizada em
Vila Velha - ES. Dispõe de informações imprescindíveis para o entendimento
projetual, bem como: Apresentação do Imóvel atual, breve histórico, tipologia
original, relação com o entorno, estado de conservação, plantas e perspectivas.
A pesquisa foi bibliográfica, com as informações extraídas das visitas “in loco”
através de conversas com os funcionários do estabelecimento, pesquisas na
internet, como páginas da prefeitura, levantamento de dados do imóvel e fotos
autorais tiradas do local.
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

A prainha, nome dado à praia que fica no município de Vila Velha, é bastante
conhecida por ser o primeiro ponto onde os Portugueses, junto com Vasco
Fernandes Coutinho e sua tripulação apontaram e chegaram ao estado do
Espírito Santo dando início a colonização portuguesa no estado, o primeiro
donatário da capitania, atracou a caravela Glória juntamente à sua comitiva, 35
anos após a chegada dos primeiros portugueses em território brasileiro.
Segundo Faccio e Costa (2013), a colonização do estado do Espírito Santo
mostrou-se relativamente diferente do restante do Brasil, visto que as
sociedades indígenas locais lutaram pelos seus territórios de maneira incisiva,
não permitindo a invasão imediata dos colonizadores e nem reconhecendo o
estabelecimento da capitania.

Figura 1 – Localização geral

Fonte: Google Maps, 2020.

Nessa mesma região está localizado o 38º Batalhão de Infantaria, a Escola de


Aprendizes Marinheiros, a Igreja Nossa Senhora do Rosário, o obelisco a
Vasco Fernandes Coutinho e a Praça da Bandeira e o Museu do nosso objeto
de estudo conhecido como Casa da Memória, que possui documentos sobre a
colonização do município e no estado.

A casa da memória está localizada na Rua Luciano das Neves com Beira Mar,
no sítio histórico da prainha de Vila Velha, teve o início de sua construção em
1893, mas seu registro de fundação é no ano de 1997. A casa da memória foi
iniciada pelo movimento de moradores da prainha com intuito de incentivar o
estudo, pesquisas e deixar registrados acervos, documentos, fotos e objetos
que retratam e contam histórias da região e do estado do Espirito Santo dos
últimos 100 anos. Atualmente a Casa da Memória foi tombada pelo Conselho
Estadual da Cultura.

Além disso, como referenciado na Figura 1 sua localização está próxima de


diversos pontos e importantes da culta e comercio da região, como por
exemplo o convento da penha, a terceira ponte que dá acesso a capital do
estado e um dos bairros de classe mais nobre da região dando uma
valorização geral na área onde está situada a casa da memória.

Figura 2 – Localização Casa da Memória

Fonte: Google Maps, 2020.

Dentre os fatos importantes para a Prainha e seu entorno, é necessário pontuar


a chegada do frei franciscano Pedro Palácios no Espírito Santo, em 1558, e
sua enorme contribuição patrimonial para a história capixaba ao fundar o
Convento da Penha, edificação de destaque para o estado em diversos
sentidos. Nota-se em relação ao posicionamento da Casa da Memória na
Prainha, além do perfil histórico do imóvel, o seu entorno possui edificações
com o mesmo perfil, como por exemplo destacado na imagem acima, alguns
museus, como o Museu Homero Massena (desativado por risco de
desabamento), o acesso ao convento da penha, além do número de comercio
local e de localização do parque estadual da prainha e o 38° Batalhão de
Infantaria, centraliza a valorização do local.

3 CADASTRAMENTO DO BEM EDIFICADO

3.1 Pesquisa Histórica e Iconográfica

Casa da Memória foi construída no final do século XIX, no ano de 1983, sendo
oficialmente fundada em outubro de 1997, tendo como propósito incentivar o
estudo histórico e sociocultural da cidade de Vila Velha e do Estado do
Espírito Santo, sendo uma construção originada do movimento organizado
pela associação de moradores de Prainha, pode ser considerado um
importante ponto cultural e histórico da região. Apesar de existir como museu
há 22 anos e do tombamento ter sido realizado pelo governo do estado em
1980, a construção da edificação foi concluída no ano de 1893. Hoje, abriga
acervo relacionado à história da capitania do Espírito Santo, contando com
fotos antigas, bandeiras, ferramentas, estátuas e diversos outros objetos que
também remontam a colonização e formação da sociedade capixaba. Está
presente no museu, inclusive, o Bonde 42, que representa o transporte coletivo
da cidade entre os anos de 1912 e 1973.

É organizada por uma sociedade civil sem fins lucrativos, que visa
primeiramente incentivar o estudo histórico, geográfico e sociocultural de Vila
Velha e do estado como um todo, e para a formação do seu acervo foram
necessárias doações feitas pelas famílias e também por relatos orais de
gerações passadas, livros, arquivos oficiais, fotográficas e artes em geral.
Figura 3 e 4 – Acervos Casa da Memória

Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.

Todo material é reunido na intenção de contar e preservar a história e a


memória da cidade de Vila Velha, que possui no local imagens expostas por
toda a extensão da casa retratando a evolução do município ao longo dos
últimos cem anos, como a carta do Rei de Portugal doando a capitania, dados
da exploração via navegação dos portugueses e as tecnologias utilizadas,
alguns objetos, o início da colonização, as batalhas com os índios e a trajetória
até sua formação como estado da federação.
Figuras 5 e 6 – Acervos Casa da Memória

Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.

A Casa da Memória está localizada na esquina da Rua Luciano das Neves,


em frente à Praça Tamandaré. Trata-se de um casarão geminado datado do
século XIX, mais especificamente do ano de 1893. De acordo com relatos da
época, a edificação a princípio contava com um quintal voltado para o mar,
desmembrando-se futuramente em três casas. Em uma delas residiu Homero
Massena, importante artista plástico capixaba. Após seu falecimento, o
imóvel foi desapropriado pela prefeitura de Vila Velha e, em seguida,
transformado no Museu Homero de Massena, como afirma Filho (2012):

Edward Alcântara lembra que o imóvel possuía um amplo quintal


voltado para o mar e que se estendia até a Rua Bernardo
Schneider, antiga Rua São Bento. Essa gleba foi desmembrada em
lotes onde foram construídas três casas. Na casa do meio residiu o
artista plástico Homero Massena, que escolhera Vila Velha como
residência permanente. Ao falecer, a casa foi desapropriada pela
Prefeitura Municipal de Vila Velha e lá instalado o Museu Homero
Massena. [...] Vale dizer que na época o casarão possuía um muro
que seccionava seu quintal dos outros três lotes citados. (FILHO,
Walter, 2012).

No casarão também moraram Domício Ferreira Mendes, ex-prefeito de Vila


Velha e o alfaiate Alvino Simões, que havia transformado o local em uma
alfaiataria.

Para que o casarão se tornasse uma instituição, porém, outros passos


tiveram que ser tomados. A Associação de Moradores – Centro, fundada em
1986, contava com um acervo abundante de fotografias e documentos
importantes para a história da capitania, mas carecia de um ambiente ideal
para a exposição. Consideraram, assim, válida a ideia de transformar o
casarão em ruínas em um museu.

Nesse meio tempo, mais especificamente no ano de 1989, o imóvel passou


por uma reforma, visto que as lideranças do bairro consideravam o estilo da
edificação destoante do restante da Prainha. Através do Decreto Estadual nº
4.089 de 23/05/1989, editado pelo Governador Max de Freitas Mauro, e
publicado no Diário Oficial Estadual em 26/05/1989, a edificação foi
desapropriada para fins de utilidade pública e cedida em comodato para ser
sede do Museu Etnográfico e Casa de Música de Vila Velha. Por licitação, o
Departamento de Edificações e Obras (DEO) realizou a contratação do
arquiteto José Daher Filho para trabalhar no projeto de restauro e ampliação
do imóvel, que chegou inclusive a ruir devido à sua má conservação. O início
das suas atividades como instituição data de 1997, cinco anos depois de ser
estabelecido um termo de cessão à Associação de Moradores do Centro de
Vila Velha, ainda no governo de Albuíno de Azeredo.

Não há registros, plantas baixas ou fotografias que comprovem as alterações,


apenas relatos da atual proprietária e sua família. Os esquemas a seguir
mostrados foram montados pelo grupo a partir do levantamento da residência.
Figura 7 – Planta Baixa atual

Fonte: Arquivo, 2019.

Ao longo dos anos, a residência em questão veio sofrendo alterações na sua


forma, características funcionais e estilísticas, que descaracterizaram o
imóvel, tornando sua tipologia quase que irreconhecível.

Segundo a proprietária atual, a primeira alteração foi feita em função da


instalação de um cartório na região de Garrafão que a própria família tomaria
conta e para ampliação do número de quartos da casa, que não era
suficiente para o número de membros residentes.
3.2 Levantamento arquitetônico

A Casa da Memória foi construída no fim do século XIX, época em que o estilo
arquitetônico mais forte no Brasil era o Neoclássico, e é possível notar no
imóvel diversas características muito presentes na corrente.

Figura 8 – Casa da Memória

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.

O Neoclassicismo Brasileiro pode ser caracterizado por referências ao estilo


Clássico, que consistia na valorização das construções gregas e romanas. Nas
edificações neoclássicas, por exemplo, podem ser notadas a presença de
linhas retas, colunas desprovidas de adornos, diminuição do uso de
ornamentos no geral, diferenciando-se de outros estilos que valorizavam muito
os detalhes e linhas orgânicas.

A casa possui diversas modificações em sua estrutura arquitetônica, mas


preserva bem seu estilo arquitetônico desde a fundação do museu.
Figura 9 – Casa da Memória

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.

Na Casa da Memória, as características da corrente estão presentes na


simetria e proporção equilibrada, na planta geométrica, volumes maciços e
linhas ortogonais. Como a sua localização está no sítio histórico da prainha,
ela possui uma boa inserção arquitetônica visual em relação ao seu entorno,
tanto em relação ao estilo arquitetônico como em relação ao número de
pavimentos, cores etc.
3.3 Diagnóstico de conservação

Atualmente, pode-se dizer que o imóvel se encontra entre razoável e bom


estado de conservação. O fato de a instituição estar em funcionamento
frequente demanda medidas frequentes de manutenção, recomposição e
restauro. Entretanto, ainda é possível notar a necessidade de reparos diversos
na edificação.

Figura 10 – Fachada interna Casa da Memória

Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.

Trincas e desintegração de materiais também foram encontradas em diversas


partes da edificação, o que pode ser considerado comprometedor para a sua
integridade. Esses danos podem ter tido origem em problemas estruturais, o
que configura num problema sério, visto que existe a possibilidade de existir
patologias no edifício.

Estão presentes também na edificação, diversos pontos de eflorescência da


pintura das paredes, causada tanto pela ação de chuvas quanto pela umidade
presente na região da Prainha. A umidade, juntamente com mau uso, pode ser
apontada como responsável por um dos danos mais recorrentes no imóvel, que
é o deslocamento da camada de pintura.
Figuras 9 – Umidade

Fonte: Autoral, 2020.

O piso de réguas de madeira, por exemplo, mostra-se desgastado pela ação do


tempo e do uso. Os tacos, originais da construção, apresentam aspecto
desgastado, contando com empenas, bastante arranhões e perda cromática,
possivelmente causada por incidência solar. O restauro seria ideal nesse caso.

Figura 11 e 12 – Desgaste piso de madeira


Fonte: Autoral, 2020.

No decorrer da extensão do imóvel é possível notar diversos danos, sendo o


mais comum entre eles é a presença de umidade, tanto ascendente e
descendente, nas paredes internas e também externas causando o
deslocamento da pintura em diversas partes do edifício e crostas negras
presentes nas partes mais altas da estrutura na parte externa.

Figura 13 – Sujidade

Fonte: Autoral, 2020.

O imóvel, no geral, passou por diversas mudanças ao longo dos anos, inclusive
oriundas de intervenção humana, como instalações de canaletas que
escondem fiações, painéis fixos de vidro e pregos para servir de suporte para
pôsteres e quadros. Todos esses elementos seguem destoando da edificação
original.
REFERÊNCIAS

CORONA, Bianca Aparecida. Pomerisch Huss: A Casa Pomerana no


Espiríto Santo. Vitória, ES. 2012. Editora GM. P.158.

VILA VELHA, Prefeitura. Casa da Memória.


<http://www.vilavelha.es.gov.br/paginas/cultura-esporte-e-lazer-casa-da-
memoria> Acesso em: mar, 2020.

WALTER, Filho. Casa da memória de Vila Velha – Sua História.


<http://www.morrodomoreno.com.br/materias/casa-da-memoria-de-vila-velha-
sua-historia.html> Acesso em: mar, 2020.

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