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A evolução da DIT - Divisão Internacional do Trabalho –

do colonialismo à globalização
O que é a DIT

 É a Divisão Internacional do Trabalho, ou seja, o


conjunto de especificidades presentes no sistema global
de distribuição das atividades produtivas e de serviços
pelo espaço geográfico mundial.
 A DIT se baseia em uma economia mundial, ou seja, em um
sistema de relações de produção e de relações de troca que
envolvam o mundo todo.

 Além disso, a DIT está fortemente atrelada ao sistema de


acumulação de capital, ou seja, ao CAPITALISMO.

 A DIT marcou a organização do espaço geográfico sob o


domínio do capitalismo.

 Nenhum país no mundo é autossuficiente do ponto de vista


econômico. Nenhum país tem todos os recursos naturais de
que necessita ou tecnologia suficiente para promover seu
desenvolvimento e suprir todas as necessidades de sua
população. É necessário buscar recursos e técnicas fora de
suas fronteiras.
 Mascomo surgiu esse sistema de
acumulação de capital?

 Seres Humanos Coletores ► Seres Humanos


Produtores ► Excedente ► Trocas Diretas ►
Mercados ► Moeda ► Trocas Indiretas ►
Fortalecimento do Estado/Surgimento dos
Grandes Estados Nacionais Europeus ►
Mercantilismo ► Capitalismo.
 E o que é CAPITALISMO?

 É o sistema socioeconômico em que os meios de


produção (terras, fábricas, máquinas, edifícios) e o capital
(dinheiro) são propriedade privada, ou seja, têm um dono.

 Principais características:
✓ toda mercadoria é destinada para a venda e não para o uso
pessoal;
✓ o trabalhador recebe um salário em troca do seu trabalho;
✓ toda negociação é feita com dinheiro;
✓ o capitalista pode admitir ou demitir trabalhadores, já que é
dono de tudo (o capital e a propriedade).
 As características da DIT variam de acordo com
o cenário geoeconômico do momento, assim,
pode-se dizer que a Divisão Internacional do
Trabalho sofreu fortes transformações ao
longo do tempo histórico.

 Ou seja, a DIT não é inalterável; ela se modifica


de acordo com a conjuntura internacional. As
crises do capitalismo levam a reestruturações
econômicas e espaciais, podendo mudar o
papel dos países nessa divisão.
A DIT no Capitalismo Comercial
(Período – séc. XV ao XVIII)

Matérias-primas, Metais Preciosos e Especiarias


COLÔNIAS METRÓPOLES
Produtos Manufaturados

Nesse período havia:


Produção Manual ► Produção Pequena em Quantidade e
Diversidade ► Limitação dos Mercado/Comércio ► Limitação dos
Lucros.
A DIT no Capitalismo Industrial
Período do Surgimento das Máquinas (Período – séc. XVIII ao XX)

A DIT da fase do capitalismo industrial, na realidade, mudou muito


pouco em relação à do capitalismo comercial. A diferença principal é
que as metrópoles passaram a ser industrializadas.
Matérias-primas e mercados consumidores
COLÔNIAS METRÓPOLES
Produtos Industrializados

Nesse período havia:


Produção Mecanizada ► Produção Grande em Quantidade e
Diversidade ► Ampliação dos Mercado/Comércio ► Ampliação dos
Lucros
 As DITs do Capitalismo Financeiro
(Séc. XX aos dias atuais)
A descolonização das colônias da África e da Ásia, o surgimento dos países
subdesenvolvidos industrializados e a expansão das
multinacionais/transnacionais estabeleceram 3 DITs bem diferentes que se
sucederam durante a fase do Capitalismo Financeiro:

1 - DIT do Imperialismo (1918 a 1945) – Estabelecia-se entre as


metrópoles europeias e as colônias asiáticas/africanas e ex-
colônias americanas:

Matérias-primas

COLÔNIAS METRÓPOLES

Produtos industrializados
 2 - DIT Clássica (1947 – 1975) – Com a
descolonização da África e da Ásia, há o aumento
do número de países subdesenvolvidos (união de
ex-colônias africanas, asiáticas e americanas).

Matérias-primas
PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS
NÃO INDUSTRIALIZADOS PAÍSES DESENVOLVIDOS
Produtos industrializados, investimentos e concessão de empréstimos
3 - DIT da NOVA ORDEM MUNDIAL (a partir de 1975)

Produtos industrializados, tecnologia e capital – empréstimos e


investimentos (produtivos e especulativos)

Países Desenvolvidos Países Subdesenvolvidos


Industrializados
Matéria-prima, produtos industrializados de uso de intensiva mão
de obra e capital – lucros das transnacionais e do capital
especulativo, pagamento de juros e da dívida externa, e royalties
pela propriedade intelectual.
No Capitalismo Financeiro surgem:

# Monopólios – uma empresa domina a oferta de


determinado produto ou serviço.

# Oligopólios – um grupo de empresas domina o mercado


de determinado produto ou serviço.

 ► Tipos de OLIGOPÓLIOS

1. Cartel – acordos entre empresas de um mesmo


setor para dominar o mercado de seus produtos.
2. Truste – empresas que abrem mão de sua
independência legal e se unem a outras para constituir
uma única organização.
Podem ser:
Horizontais – fusão de empresas de um mesmo setor.
Verticais – fusão de empresas de setores diferentes,
formada por empresas que cuidam de todo o processo de
produção desde a matéria-prima até o produto acabado.
3. Conglomerado – é constituído por empresas que
diversificam sua produção para dominar a oferta de
certos produtos ou serviços. Exemplo: MITSUBISHI –
Carros, TV, Canetas etc.
4. Holding – é o estágio mais avançado do capitalismo. É
uma empresa criada para administrar outras, através da
posse da maioria das ações.
As Empresas Globais

► Após a Segunda Guerra Mundial, as grandes empresas


dos países desenvolvidos “invadiram” os países
subdesenvolvidos, buscando:

Matéria-Prima + Mercado Consumidor + Mão de Obra


Barata = Ampliação dos Lucros

► PARA:
1. Aumentar a fabricação de seus produtos e seus
mercados de consumo.
2. Para fugir de pesados impostos e de severas leis
trabalhistas existentes nos países de origem.
Surgimento e Evolução das Empresas Globais:
►Multinacionais – empresas com um país de origem – MATRIZ – que
se espalham pelo mundo – FILIAIS.

►Transnacionais – não são empresas de vários países, mas empresas


de um só país cuja ação ultrapassa fronteiras.

►Fábrica Global (Surge a partir de 1980)


✓Fragmentação da produção.
✓Aproveita as vantagens que as diferentes partes do espaço mundial
oferecem.
✓O processo de produção passa a ser mundializado, isto é, possuem
unidades de produção complementares em vários países.
✓Busca o aumento dos lucros com a maior redução de custos com
matéria-prima e mão de obra.
VALE RESSALTAR...
Para que haja a DIT, são necessárias algumas
condições, dentre elas, o diferenciado grau de estágio
socioeconômico dos territórios, das suas forças
produtivas, e dos diferentes NÍVEIS DE
DESENVOLVIMENTO HUMANO.

Além disso, a DIT se relaciona com a diversidade do


meio natural e das condições sociais.
O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – e
os Níveis de Desenvolvimento

►Os Níveis de Desenvolvimento – dividem os territórios da


atualidade a partir de critérios socioeconômicos – avaliados
a partir do IDH.

►O IDH avalia a qualidade de vida da população de um


território com base na renda per capita, no grau de saúde
(expectativa de vida e mortalidade infantil) e nas condições
educacionais (analfabetismo e taxa de matrículas na
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio) da
população.
O IDH varia de 0 a 1

IDH igual ou superior a 0,800 – indicativo de elevado


desenvolvimento humano – território desenvolvido.

IDH de 0,500 a 0,799 – indicativo de desenvolvimento


humano médio – território em desenvolvimento
(emergentes e/ou subdesenvolvidos industrializados).

IDH abaixo de 0,500 – indicativo de baixo


desenvolvimento humano – território
subdesenvolvido.
Características dos Territórios DESENVOLVIDOS
1. Elevado padrão de vida na maior parcela da população.
2. Dominação econômica, tecnológica e política sobre países subdesenvolvidos.
3. Desenvolvimento industrial e tecnológico.
4. Os setores secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços) abrigam a
maior parte da população economicamente ativa.
5. Elevados investimentos em educação, ciência e tecnologia.
6. Baixo índice de mortalidade infantil e de analfabetismo.
7. Ingestão de calorias diárias muito acima do mínimo recomendado.
8. Predomínio de população urbana.
9. Grande expectativa de vida – além dos setenta anos.
10. Acesso aos benefícios sociais à maioria da população.
11. Emprego predominante de técnicas modernas, de máquinas e mão de obra
qualificada no campo.
12. Modernos e eficientes meios de comunicação e de transporte.

►Apesar dos territórios desenvolvidos apresentarem tais características, o grau


de ocorrência dessas particularidades varia entre eles.
Características dos Territórios EM DESENVOLVIMENTO
1. Apresentam crescimento econômico e social maior que os demais países
subdesenvolvidos.
2. Possuem mão de obra, recursos naturais abundantes e baratos, incentivos
fiscais, ausência de legislação ambiental rigorosa, etc., ... – aumentam a
capacidade de atrair investimentos internacionais.
3. Não acabaram com os seguintes problemas característicos dos países
subdesenvolvidos: 1 - altas taxas de desemprego, subemprego e analfabetismo;
2 - mortalidade infantil elevada; 3 - carência de moradias e de saneamento
básico.
4. Formam um grande mercado consumidor – população de cerca de 2,8 bilhões
de pessoas.
5. Instabilidade econômica e política – falta de confiança nos governos locais.
6. Significativa produção industrial.
7. Dependência tecnológica dos países desenvolvidos – há falta de investimentos
em pesquisas e educação, no desenvolvimento social e cultural da população,
torna-os meros compradores de tecnologia e conhecimento.

►Apesar dos territórios em desenvolvimento apresentarem tais características, o


grau de ocorrência dessas particularidades varia entre eles.
Características dos Territórios SUBDESENVOLVIDOS
1. Má distribuição de renda – concentração da riqueza.
2. Dependência econômica, política, tecnológica e até mesmo cultural em
relação aos países desenvolvidos.
3. Economia predominantemente primário-exportadora (países pouco
industrializados)
4. Altos índices de analfabetismo, de mortalidade e de natalidade.
5. Elevado crescimento populacional.
6. Desnutrição crônica.
7. Alto índice de pessoas vivendo em submoradias.
8. Grandes dívidas externas impagáveis.
9. Proliferação de grandes centros urbanos sem instalação de infraestrutura,
com grandes problemas ambientais.
10. Os setores primário (agricultura, pecuária e extrativismo) e terciário
(comércio e serviços) da economia e o mercado informal abrigam a maior parte
da população empregada.

►Apesar dos territórios subdesenvolvidos apresentarem tais características, o


grau de ocorrência dessas particularidades varia entre eles.
Algumas considerações sobre o conceito de
Desenvolvimento Humano

►Os índices avaliados pelo IDH reforçam a ideia estreita e simplificada


do conceito de desenvolvimento humano, como relacionado apenas à
expansão da escolarização, da saúde e ao aumento da renda per capita.

►O amplo conceito de Desenvolvimento Humano deve levar em conta,


também, as liberdades políticas, a participação na vida da comunidade e
a segurança física das pessoas, pois esses direitos são tão importantes
quanto saber ler e gozar de boa saúde.

►Para existir o pleno desenvolvimento humano nas nações é necessário


haver mudanças sociais contínuas e profundas, além das
transformações econômicas.
1. Zonas de Densidade X Zonas de Rarefação (Critério – População);

2. Espaços de Fluidez X Espaços de Viscosidade (Critério –


Socioeconômico);

3. Espaços de Rapidez X Espaços de Lentidão (Critério – Econômico);

4. Espaços Luminosos X Espaços Opacos (Critério – Tecnológico);

5. Espaços que Mandam X Espaços que Obedecem (Critério –


Geopolítico);

6. Países Centrais X Países Periféricos (Critério – Geopolítico).


O Espaço Geográfico Globalizado e a Formação do Mundo em
Rede

► Com a GLOBALIZAÇÃO, o mundo está cada vez mais integrado, as


barreiras e fronteiras entre os territórios não são mais obstáculos para
os fluxos de mercadorias, informações, capitais, pessoas, etc.

► Desses fluxos surgem as redes, que são essenciais para a atual DIT
(Divisão Internacional do Trabalho).

► O espaço geográfico em rede acabou com a necessidade de fixar as


atividades econômicas num determinado lugar. Muitos serviços podem
ser oferecidos de qualquer lugar do mundo para qualquer outro, basta
que esses locais estejam conectados.

► Nesse contexto, em que a produção e a distribuição de mercadorias


se estruturam em redes, é possível comprar um boné com a marca de
um empresa norte-americana, produzida numa fábrica da Índia, e
importada para o Brasil por uma empresa holandesa.
 Por fim, vale ressaltar que a riqueza gerada na economia globalizada
tem sido apropriada pelas nações desenvolvidas, que, dispondo de
mais recursos, elevam cada vez mais seu nível tecnológico. Em
contrapartida, os países subdesenvolvidos tornam-se ainda mais
pobres, com grande limitação de recursos financeiros, o que constitui
um sério entrave ao desenvolvimento e à capacidade de gerar novas
tecnologias. Assim, podemos concluir que na atual divisão
internacional do trabalho existe uma sequência de etapas ligadas ao
nível de desenvolvimento tecnológico, tanto nos países desenvolvidos
quanto nos países subdesenvolvidos. (13)
Países subdesenvolvidos Países desenvolvidos
Nível tecnológico Nível tecnológico
Desenvolvimento elevado
Incapacidade de reduzido
gerar novas 1 de novas 1
tecnologias
tecnologias 5 5
Exploração Exploração
2 de produtos 2 de produtos
menos altamente
valorizados valorizados

Baixo 4 4
Grandes
investimento em 3 Menor captação investimento em
3
de recursos Maior captação
pesquisa , ciência pesquisa , ciência
financeiros de recursos
e tecnologia e tecnologia financeiros
(1) SAMPAIO, Fernando dos Santos & SUCENA, Ivone Silveira. Geografia: Ser Protagonista. Vol. 1. p.
18-19. São Paulo: Edições SM, 2010.
(2) http://www.infoescola.com/historia/capitalismo/. Acesso em: 13/07/2012.
(3) SAMPAIO, Fernando dos Santos & SUCENA, Ivone Silveira. Geografia: Ser Protagonista. Vol. 1. p.
18-19. São Paulo: Edições SM, 2010.
(4) ALMEIDA, Lúcia Mariana Alves de & RIGOLIN, Tércio Barbosa. Geografia. Vol. Único. p. 200. São
Paulo: Ática, 2003.
(5) ALMEIDA, Lúcia Mariana Alves de & RIGOLIN, Tércio Barbosa. Geografia. Vol. Único. p. 201. São
Paulo: Ática, 2003.
(6) ALMEIDA, Lúcia Mariana Alves de & RIGOLIN, Tércio Barbosa. Geografia. Vol. Único. p. 203. São
Paulo: Ática, 2003.
(7) ALMEIDA, Lúcia Mariana Alves de & RIGOLIN, Tércio Barbosa. Geografia. Vol. Único. p. 203. São
Paulo: Ática, 2003.
(8) ALMEIDA, Lúcia Mariana Alves de & RIGOLIN, Tércio Barbosa. Geografia. Vol. Único. p. 203. São
Paulo: Ática, 2003.
(9) ALMEIDA, Lúcia Mariana Alves de & RIGOLIN, Tércio Barbosa. Geografia. Vol. Único. p. 201-202.
São Paulo: Ática, 2003.
(10) ALMEIDA, Lúcia Mariana Alves de & RIGOLIN, Tércio Barbosa. Geografia. Vol. Único. p. 201-202.
São Paulo: Ática, 2003.
(11) SANTOS, Milton; SILVEIRA, Laura. M. O Brasil, território e sociedade no início do século XXI.
12° Ed. p. 259-278. Rio de Janeiro: Record, 2008.
(12) MARTINEZ, Rogério; GARCIA, Wanessa; ALVES, Andressa & BOLIGIAN, Levon. Geografia:
Espaço e Vivência. Vol. 9. p. 58. São Paulo: Atual, 2009.
(13) MARTINEZ, Rogério; GARCIA, Wanessa; ALVES, Andressa & BOLIGIAN, Levon. Geografia:
Espaço e Vivência. Vol. 9. p. 58. São Paulo: Atual, 2009.
(14) SAMPAIO, Fernando dos Santos & SUCENA, Ivone Silveira. Geografia: Ser Protagonista. Vol. 1.
p. 25. São Paulo: Edições SM, 2010.
(15) SAMPAIO, Fernando dos Santos & SUCENA, Ivone Silveira. Geografia: Ser Protagonista. Vol. 1.
p. 25. São Paulo: Edições SM, 2010.
(16) SAMPAIO, Fernando dos Santos & SUCENA, Ivone Silveira. Geografia: Ser Protagonista. Vol. 1.
p. 24. São Paulo: Edições SM, 2010.
(17) SAMPAIO, Fernando dos Santos & SUCENA, Ivone Silveira. Geografia: Ser Protagonista. Vol. 1.
p. 24. São Paulo: Edições SM, 2010.

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