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LEI N. 8.

069/1990
Infiltração Policial Virtual
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INFILTRAÇÃO POLICIAL VIRTUAL

RELEMBRANDO
Conforme visto no bloco anterior, criou-se no Brasil uma terceira previsão de infiltração
policial disciplinada pelos arts. 190-A a 190-E do ECA, inseridos pela Lei n. 13.441/2017,
tendo-se como principais características dessa espécie de infiltração:
• Prazo de 90 dias, sendo permitidas renovações, mas o prazo total da infiltração não
poderá exceder 720 dias;
• Só poderá ser adotada se a prova não puder ser produzida por outros meios disponí-
veis;
• A infiltração de agentes ocorre apenas na internet.

Vale ressaltar que é perfeitamente possível que o agente policial seja infiltrado para inves-
tigar algum dos delitos do art. 190-A do ECA e, durante a infiltração, descubra outros crimes,
como, por exemplo, tráfico de drogas, tráfico de pessoas, favorecimento da prostituição de
adultos etc.
Neste caso, os elementos indiciários ("provas") desses outros crimes, coletados pelo
agente infiltrado, também serão considerados válidos. Isso porque, neste caso, ocorreu o cha-
mado fenômeno da serendipidade (tradução literal da palavra inglesa serendipity), também
conhecida como “descoberta casual” ou “encontro fortuito”, que consiste na descoberta for-
tuita de delitos que não são objeto da investigação.
Esse é o entendimento do STJ nos casos de interceptação telefônica, raciocínio que pode
ser transportado para a infiltração policial. Confira precedente recente do Tribunal:
(...)
1. Não há violação ao princípio da ampla defesa a ausência das decisões que decretaram
a quebra de sigilo telefônico em investigação originária, na qual de modo fortuito ou serendi-
pidade se constatou a existência de indícios da prática de crime diverso do que se buscava,
servindo os documentos juntados aos autos como mera notitia criminis, em razão da total
independência e autonomia das investigações por não haver conexão delitiva.
2. O chamado fenômeno da serendipidade ou o encontro fortuito de provas – que se carac-
teriza pela descoberta de outros crimes ou sujeitos ativos em investigação com fim diverso
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– não acarreta qualquer nulidade ao inquérito que se sucede no foro competente, desde que
remetidos os autos à instância competente tão logo verificados indícios em face da auto-
ridade. (…).
Segundo a lei, “concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante
a operação deverão ser registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao
Ministério Público, juntamente com relatório circunstanciado.” Tais atos, deverão ser “reunidos
em autos apartados e apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial,
assegurando-se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das
crianças e dos adolescentes envolvidos.”

DIRETO DO CONCURSO
1. (DELEGADO-MATO GROSSO/2017) A Lei n. 13.441/2017 instituiu no Estatuto da Criança
5m e do Adolescente (artigos 190-A a 190-E da Lei n. 8.069/1990) a infiltração policial virtual,
nova modalidade de infiltração de agentes de polícia caracterizada por ser efetuada não
no ambiente físico (como já previsto na Lei de Drogas e na Lei de Organização Crimino-
sa), mas na internet. A novidade, portanto, não foi a instituição da figura do agente infil-
trado (já prevista no artigo 53, I, da Lei n. 11.343/2006, bem como no artigo 10 da Lei n.
12.850/2013 e artigo 20 da Convenção de Palermo – Decreto n. 5.015/2004), mas, sim, a
normatização dessa técnica investigativa em meio cibernético.
A infiltração policial consiste em técnica especial e subsidiária de investigação, qualificada
pela atuação dissimulada (com ocultação da real identidade) e sigilosa de agente policial,
seja presencial ou virtualmente, face a um criminoso ou grupo de criminosos, com o fim
de localizar fontes de prova, identificar criminosos e obter elementos de convicção para
elucidar o delito e desarticular associação ou organização criminosa, auxiliando também
na prevenção de ilícitos penais. A infiltração policial é gênero do qual são espécies a pre-
sencial (física) e a virtual (cibernética ou eletrônica).
Assinale verdadeiro ou falso:
I – ( ) As infiltrações policiais, tanto física como eletronicamente, são gêneros contidos
no artigo 20 da Convenção de Palermo.
II – ( ) A Lei n. 13.441/2017 dispõe que crimes de pedofilia e a corrupção de menores não
10m podem ser investigados no ambiente real (físico), mas apenas por meio cibernético.
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III – ( ) Atualmente a infiltração policial virtual está normatizada na Lei n. 8.069/1990 (Es-
tatuto da Criança e do Adolescente).
IV – ( ) A corrente do rol de crimes autorizadores de infiltração virtual do tipo exemplifica-
tivo deve ser utilizada nos crimes virtuais, mesmo quando não estão esgotados todos
os meios extremos de investigação.
V – ( ) A atuação dissimulada é a principal modalidade de investigação face a grupos cri-
minosos que auxiliam na investigação de crimes graves cometidos através da internet.

COMENTÁRIO
I – A Convenção de Palermo permite apenas a infiltração física de agentes policiais.
II – Conforme o ECA, a investigação cibernética somente será concedida pelo juiz em último
caso, ou seja, quando não houver outro meio de prova mais efetivo.
III – De fato, a infiltração policial virtual está normatizada na Lei n. 8.069/1990.
IV – A doutrina entende como taxativo o rol de crimes autorizadores de infiltração virtual, que
deve ocorrer, conforme visto, apenas em último caso.
V – A atuação dissimulada consiste em uma exceção de modalidade de investigação.

ATENÇÃO
É importante que, para evitar pegadinhas da banca, o candidato esteja atento ao fato de
15m
que existem algumas previsões de crimes que possuem a mesma denominação tanto no
Estatuto da Criança e do Adolescente como no Código Penal como, por exemplo:

Corrupção de menor
• ECA: o crime de corrupção de menor tipificado pelo Estatuto da Criança e do Adoles-
cente está relacionado ao ato de maior de idade induzir a criança ou o adolescente a
praticar um ato infracional. Nessa espécie de delito, não poderá haver a infiltração policial
virtual e o maior responderá tanto pelo crime de roubo quanto pela corrupção de menor.
• CP: no Código Penal. O crime de corrupção de menor está relacionado à dignidade
sexual da criança, cabendo infiltração policial virtual conforme expresso pelo artigo
190-A.
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Prostituição infantil
• ECA: expressa pelo artigo 244, a prostituição infantil conceitua-se como o ato de sub-
meter criança ou adolescente à prostituição.
• CP: mais abrangente que a conceitualização dada pelo ECA, no Código Penal, a prosti-
tuição infantil consiste em submeter, atrair ou induzir menor de 18 anos à prostituição. Por
estar relacionada à dignidade sexual da criança, pode haver, no CP, a infiltração policial.

Cabe destacar, ainda, que a pena para prostituição infantil presente no ECA é diferente da
pena prevista pelo CP: além da reclusão da multa, o criminoso perderá os bens e valores
que foram utilizados na prática da ilegalidade, perda que não é prevista no CP.

GABARITO

1.
I – F
II – F
III – V
IV – F
V – F

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Adriane Sousa.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.
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