Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
METROLÓGICA
SUPERVISOR DA QUALIDADE
CONFIABILIDADE METROLÓGICA
1
© PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998.
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, bem como a produção de apostilas, sem
autorização prévia, por escrito, da Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS.
MENDES, Alexandre
Confiabilidade Metrológica /CEFET Química de Nilópolis/RJ. Rio de Janeiro, 2007.
13 p.:il.
2
INDICE
CAPÍTULO I...........................................................................................................................................9
SISTEMAS DE UNIDADES ...................................................................................................................9
1.1. SISTEMA INTERNACIONAL ......................................................................................................... 9
1.2. UNIDADES BÁSICAS E DERIVADAS DO SI .................................................................................. 10
a. Unidades de base....................................................................................................................11
b. Unidades derivadas .................................................................................................................13
1.3. MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DECIMAIS ................................................................................... 15
1.4. REGRAS DE ESCRITA E EMPREGO DE SÍMBOLOS DAS UNIDADES SI ............................................. 16
1.5. REGRAS PARA EMPREGO DOS PREFIXOS NO SI ........................................................................ 17
1.6. ERROS MAIS COMUNS ............................................................................................................ 17
1.7. SISTEMAS DE UNIDADES NÃO OFICIAIS ..................................................................................... 18
a. Unidades em uso com o SI......................................................................................................18
b. Unidades admitidas temporariamente .....................................................................................18
c. Outras unidades de medida .....................................................................................................19
CAPÍTULO II........................................................................................................................................23
SISTEMA DE MEDIÇÃO .....................................................................................................................23
2.1. AGENTES METROLÓGICOS ..................................................................................................... 23
a. Método de Medição .................................................................................................................24
b. Amostra ...................................................................................................................................24
c. Operador .................................................................................................................................25
d. Condições Ambientais .............................................................................................................25
e. Equipamento ...........................................................................................................................25
2.2. REALIZAÇÃO DA MEDIÇÃO ..................................................................................................... 26
a. Medição direta .........................................................................................................................26
b. Medição indireta ......................................................................................................................26
2.3. CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO ....................................................................... 27
a. Faixa de Indicação ..................................................................................................................27
b. Faixa de Medição ....................................................................................................................28
c. Valor de uma Divisão (VD) ......................................................................................................28
d. Incremento Digital....................................................................................................................28
e. Resolução ...............................................................................................................................28
f. Repetitividade...........................................................................................................................29
g. Curva de Calibração ................................................................................................................29
h. Exatidão de um instrumento de medição.................................................................................30
i. Classe de exatidão ...................................................................................................................30
j. Sensibilidade ............................................................................................................................31
2.4. ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS ................................................................................................ 31
a. Conversão de Unidades ..........................................................................................................33
b. Arredondamento......................................................................................................................33
c. Operações com Algarismos Significativos ...............................................................................34
CAPÍTULO III......................................................................................................................................36
ERRO E INCERTEZA DE MEDIÇÃO ..................................................................................................36
3.1. TIPOS DE ERROS ................................................................................................................... 37
a. Erro relativo .............................................................................................................................37
b. Erro Grosseiro .........................................................................................................................37
c. Erro Fiducial.............................................................................................................................37
d. Erro Máximo Admissível ..........................................................................................................38
e. Erro Sistemático ......................................................................................................................38
f. Tendência.................................................................................................................................38
g. Correção..................................................................................................................................39
h. Histerese (erro de)...................................................................................................................39
i. Erro Aleatório............................................................................................................................39
3
3.2. EXEMPLO DE ERRO SISTEMÁTICO E ALEATÓRIO ....................................................................... 40
3.3. INCERTEZA DE MEDIÇÃO ........................................................................................................ 42
a. Função Distribuição de Probabilidade .....................................................................................42
b. Média Aritmética......................................................................................................................43
c. Medidas de Dispersão .............................................................................................................44
d. Distribuições de Probabilidade ................................................................................................47
d. Teorema do Limite Central ......................................................................................................49
e. Incerteza de Medição ..............................................................................................................49
CAPÍTULO IV ......................................................................................................................................55
PADRÕES E FAIXAS DE MEDIÇÃO ..................................................................................................55
4.1 RASTREABILIDADE DE PADRÕES .............................................................................................. 55
Rastreabilidade............................................................................................................................55
4.2 ESCOLHA DO PADRÃO ADEQUADO .......................................................................................... 56
4.3 FAIXA DE TOLERÂNCIA ............................................................................................................ 57
CAPÍTULO V .......................................................................................................................................60
CRITÉRIOS DE REJEIÇÃO ................................................................................................................60
5.1 CRITÉRIO DE CHAUVENET ....................................................................................................... 60
5.2. TESTE DE DIXON ................................................................................................................... 63
CAPÍTULO VI .....................................................................................................................................65
ANÁLISE DE VARIÂNCIAS ................................................................................................................65
6.1. TESTE DE COCHRAN (HOMOGENEIDADE DE VARIÂNCIAS).......................................................... 65
6.2. COMPARAÇÃO DE VARIÂNCIAS - F DE SNEDECOR .................................................................... 67
6.3. ANOVA ............................................................................................................................... 71
CAPÍTULO VII ....................................................................................................................................74
CONFIABILIDADE METROLÓGICA...................................................................................................74
7.1. CALIBRAÇÃO E SELEÇÃO DO INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO .......................................................... 74
7.2. A DEFINIÇÃO DO MENSURANDO E O MÉTODO DE MEDIÇÃO ......................................................... 74
7.3. SELEÇÃO EM FUNÇÃO DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO DO INSTRUMENTO ......................................... 75
7.4. SELEÇÃO EM FUNÇÃO DA INCERTEZA TOTAL DA MEDIÇÃO ......................................................... 76
7.5. CONTROLE DO SISTEMA DE MEDIÇÃO....................................................................................... 79
a. Individual .................................................................................................................................79
b. Pior caso (ou mais estreito) .....................................................................................................80
7.6. TIPOS DE CONFIRMAÇÃO METROLÓGICA .................................................................................. 80
a. Calibração ...............................................................................................................................81
b. Verificação...............................................................................................................................81
c. Não aplicável ...........................................................................................................................81
7.7. HIERARQUIA DOS PADRÕES E RASTREABILIDADE ...................................................................... 81
a. Hierarquia dos padrões ...........................................................................................................81
b. Rastreabilidade........................................................................................................................83
7.8. DOCUMENTAÇÃO DO SISTEMA DE COMPROVAÇÃO .................................................................... 83
a. Plano de calibração dos equipamentos de inspeção, medição e ensaios (norma geral) .........84
b. Freqüências de calibração e critérios para ajustes ..................................................................84
c. Procedimentos para controle das condições ambientais (quando as calibrações forem
internas) ......................................................................................................................................84
7.9. FREQÜÊNCIAS DE CALIBRAÇÃO ............................................................................................... 84
a. Escolha da freqüência inicial ...................................................................................................84
b. Métodos para ajustes das freqüências ....................................................................................85
7.10. ADEQUAÇÃO AO USO ........................................................................................................... 86
7.11. ETIQUETAS DE COMPROVAÇÃO ............................................................................................. 87
7.12. CERTIFICADOS DE CALIBRAÇÃO ............................................................................................ 88
7.13. CONDIÇÕES AMBIENTAIS ...................................................................................................... 90
7.14. ARMAZENAMENTO, MANUSEIO E PRESERVAÇÃO ..................................................................... 90
a. Local de armazenamento ........................................................................................................90
b. Manuseio .................................................................................................................................91
c. Preservação.............................................................................................................................91
7.15. LACRE ................................................................................................................................ 91
CAPÍTULO VIII ...................................................................................................................................94
4
LABORATÓRIO DE CALIBRAÇÃO E ENSAIO..................................................................................94
8.1. LABORATÓRIOS DE CALIBRAÇÃO ACREDITADOS (REDE BRASILEIRA DE CALIBRAÇÃO – RBC) .... 94
8.2. LABORATÓRIOS DE ENSAIO ACREDITADOS (REDE BRASILEIRA DE LABORATÓRIOS DE ENSAIO –
RBLE.)....................................................................................................................................... 96
8.3. LABORATÓRIOS METROLÓGICOS DO INMETRO ......................................................................... 96
8.4. LABORATÓRIOS DESIGNADOS ................................................................................................ 97
8.5. VANTAGENS DA ACREDITAÇÃO ............................................................................................... 97
Para as organizações acreditadas:..............................................................................................97
Para os usuários avaliados:.........................................................................................................97
Para os avaliadores/auditores: ....................................................................................................97
Para os consumidores finais:.......................................................................................................98
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................99
5
LISTA DE FIGURAS
6
LISTA DE TABELAS
7
APRESENTAÇÃO
Metrologia é a ciência das medições. A formação da palavra metrologia vem do grego “metro”,
que significa medir, e “logia”, que significa estudo. Literalmente, metrologia é a medição das
grandezas fundamentais como: massa, comprimento, tempo, corrente elétrica, temperatura,
intensidade luminosa e quantidade de matéria. A partir dessas grandezas, todas as outras são
derivadas.
O objetivo de um sistema de comprovação metrológica é obter confiança nos resultados de
medição. A obtenção de resultados confiáveis requer uma série de ações e decisões que, se tratadas
em conjunto, nos levam ao resultado esperado e, conseqüentemente, ao atendimento dos requisitos
do cliente. A esse conjunto de ações e decisões chamamos de confiabilidade metrológica. Nos
próximos tópicos abordaremos as principais ações deste sistema, convergindo para a NBR ISO
10.012 – 2004. Norma Brasileira que trata dos Sistemas de Gestão de Medição – Requisitos para
os processos de medição e equipamentos de medição.
No Brasil temos duas instituições que formam técnicos em metrologia. Uma é a Secretaria
Estadual de Educação que com um convenio com o INMETRO, formam técnicos através da Escola
Estadual Circulo Operário, em Xerém, Duque de Caxias. A segunda é o CEFET Química de
Nilópolis/RJ, instituição publica federal, que além de ter o curso técnico em metrologia, tem também o
curso de graduação em Tecnologia da Gestão da Produção e Metrologia. Curso superior com 2 anos
e meio de duração.
8
CAPÍTULO I
SISTEMAS DE UNIDADES
Essencial para a realização das medições é a existência da unidade. A unidade deve ser
estabelecida por um padrão, segundo uma convenção própria, regional, nacional ou internacional. As
unidades de medidas representam valores de referência, que nos permitem:
9
estabelecer os padrões fundamentais e as escalas das principais grandezas físicas;
conservar os protótipos internacionais;
efetuar a comparação dos padrões nacionais e internacionais;
assegurar a coordenação das técnicas de medidas correspondentes;
efetuar e coordenar as determinações relativas às constantes físicas que intervêm
naquelas atividades.
A adoção das unidades do SI no Brasil é obrigatória por força de lei e traz, dentre outros, os
seguintes pontos positivos:
10
As unidades de medidas definem de que forma a grandeza física foi medida. Não devemos
confundir grandeza física com unidade de medida.
Exemplo:
Tempo é uma grandeza física, mas podemos medi-lo usando várias unidades de medida (segundo;
hora; minuto etc.).
a. Unidades de base
11
de matéria sistema contendo tantas entidades
elementares quanto átomos existentes em
0,012 kg de Carbono 12.
Obs: A escala de temperatura termodinâmica, kelvin, não é escrita e nem pronunciada como grau
kelvin. Devemos, quando nos referirmos a temperatura termodinâmica, utilizarmos à expressão kelvin.
Por exemplo: 120 K (cento e vinte kelvin).
12
Figura 3 - Medição do metro no INMETRO
b. Unidades derivadas
Unidades derivadas são as unidades formadas pela combinação das unidades de base
segundo relações algébricas. Constituem a grande maioria das unidades em uso.
Algumas dessas unidades, por serem muito empregadas, recebem denominação específica,
quase sempre em homenagem aos físicos e matemáticos que as enunciaram como é o caso do
Newton, Pascal, Watt, Hertz etc. A tabela 3 apresenta algumas destas grandezas, suas unidades e
símbolos.
13
Grandeza Unidade Símbolo
Área metro quadrado m2
Volume metro cúbico m3
Velocidade metro por segundo m/s
Aceleração metro por segundo ao quadrado m/s2
Massa específica quilograma por metro cúbico kg/m3
Concentração mol por metro cúbico mol/m3
Volume específico metro cúbico por quilograma m3/kg
Luminância candela por metro quadrado cd/m2
Freqüência hertz Hz
Força newton N
Pressão pascal Pa
Energia, trabalho joule J
Potência, fluxo energético watt W
Carga elétrica coulomb C
Tensão elétrica volt V
Capacitância farad F
Resistência elétrica ohm
Condutância siemens S
Fluxo de indução magnética weber Wb
Indução magnética tesla T
Indutância henry H
Fluxo luminoso lúmen lm
Iluminamento lux lx
Viscosidade dinâmica pascal segundo Pa.s
torque newton metro N.m
Tensão superficial newton por metro N/m
Capacidade térmica, entropia joule por kelvin J/K
14
Importante
Cada grandeza física tem uma só unidade no SI, mesmo que essa unidade possa ser expressa sob
diferentes formas. Porém, o inverso não é verdadeiro. Uma mesma unidade SI pode corresponder a
várias grandezas diferentes.
Exemplo:
A unidade de medida de capacidade térmica é o J/K. Essa mesma unidade de medida é também
utilizada para entropia.
15
1.4. Regras de escrita e emprego de símbolos das unidades SI
A seguir são apresentados os princípios gerais referentes à grafia dos símbolos das unidades.
1. Quando escrito por extenso, os nomes de unidades começam por letra minúscula, mesmo
quando têm o nome de um cientista (por exemplo, ampère, kelvin, newton, etc.) os símbolos
das unidades devem ser expressos em caracteres romanos minúsculos.
2. Quando o nome da unidade derivar de um nome próprio, a primeira letra do nome será
maiúscula.
Por exemplo, a unidade hertz é abreviada por Hz;
3. Os símbolos das unidades permanecem invariáveis no plural (por exemplo, 5h e não 5 hs; 3
m e não 3 mts);
O produto de duas ou mais unidades pode ser indicado de uma das seguintes maneiras,
com ou sem o uso do ponto:
N.m ou Nm;
Quando uma unidade derivada é constituída pela divisão de uma unidade por outra, pode-
se utilizar a barra inclinada (/), o traço horizontal ou potência negativa.
Ex.: m/s,ou m.s-1 ;
Para evitar ambigüidades, nunca repetir na mesma linha mais de uma barra inclinada, a
não ser com o emprego de parênteses. Nos casos complexos, recomenda-se o uso de
parênteses ou potências negativas.
Ex.: m/s ou m.s-1 ao invés de m/s/s.
Importante
16
Dentre as unidades de base do SI, a massa é a única cujo nome, por motivos históricos,
contém um prefixo. Os nomes dos múltiplos e submúltiplos decimais das unidades de massa são
formados pelo acréscimo de prefixos à palavra “grama”.
A única unidade que pode ser abreviada com letra maiúscula, sem ser nome próprio é o litro.
O motivo é que abreviando litro no computador (l), com letra minúscula fica parecendo (i) maiúsculo.
Deste modo, é autorizada a exceção (L).
os símbolos dos prefixos são impressos em caracteres romanos, sem espaçamento entre
o símbolo do prefixo e o símbolo da unidade.
os prefixos compostos, formados pela justaposição de vários prefixos SI, não são
admitidos.
Por exemplo, 1nm ao invés de 1m m
A seguir, são listados os erros mais comuns cometidos na utilização prática do SI.
17
Tabela 4: Erros mais comuns
ERRADO CERTO
Km km
Kg kg
a grama (capim) o grama (unidade de massa)
2hs 2h
80KM 80km
250°K (250 graus kelvin) 250K (250 kelvin)
O BIPM reconheceu também a necessidade de empregarmos certas unidades que não fazem
parte do SI, porém estão amplamente difundidas. Estas unidades desempenham um papel importante
no meio metrológico e é necessário conservá-las para uso geral. A formação de unidades compostas
com estas unidades não deve ser praticada, exceto em casos limitados, a fim de não perder a
coerência das unidades SI. A Tabela abaixo apresenta as unidades admitidas para uso com o SI.
Obs. No caso da unidade litro, aceita-se o símbolo L maiúsculo para diferenciar da letra I (i)
maiúscula, idêntica ao L minúsculo quando digitado.
Em virtude de hábitos existentes em alguns países, o BIPM julgou aceitável que as unidades
apresentadas na Tabela 6 continuassem a ser utilizadas em conjunto com o SI até que seu emprego
não seja mais necessário. Estas unidades não devem ser introduzidas nos domínios onde não são
mais utilizadas.
18
Tabela 6: Unidades em uso temporariamente com o SI
19
20
Tabela 8 - Conversão de Unidades
21
Tabela 8: Conversão de unidades
22
CAPÍTULO II
SISTEMA DE MEDIÇÃO
As medições são influenciadas por alguns agentes metrológicos, tais como: o método de
medição, a amostra, o operador, o equipamento e as condições ambientais. Dessa maneira, podemos
entender a medida como sendo o resultado do processo de medição e, nesse sentido, sua qualidade
depende de como tal processo é gerenciado.
A figura 5 a seguir representa graficamente os agentes metrológicos que influenciam no
processo de medição.
MEDIDA
CONDIÇÕES EQUIPAMENTO
AMBIENTAIS
23
a. Método de Medição
b. Amostra
É uma parte de um todo que, uma vez avaliada, analisada e medida, garante que os
resultados encontrados podem ser atribuídos ao conjunto original.
Exemplo: Verificação do passo da rosca de um parafuso em um lote de 10.000 parafusos.
Uma alternativa seria medir todos os parafusos (processo demorado e oneroso).
Outra alternativa, mais viável, seria escolher aleatoriamente um determinado número de
peças como amostra (nota: a norma ABNT NBR 5426 pode ser utilizada na definição do tamanho da
amostra). A média das medidas do passo das peças escolhidas pode ser considerada como uma boa
estimativa para o total de parafusos.
Devemos tomar cuidado na seleção e utilização da amostra, de modo que ela realmente
represente o conjunto, caso contrário, estaremos atribuindo valores errados por uma escolha ou
manuseio indevidos da amostra.
Alguns cuidados básicos devem ser observados na escolha da amostra, tais como:
24
c. Operador
O operador é uma peça-chave no processo. Ele deve ser conhecedor do método de medição,
saber avaliar as condições ambientais e decidir sobre a realização ou não das medições, saber
selecionar adequadamente a amostra a ser avaliada, ser treinado e capacitado para a utilização
correta dos equipamentos que compõem o sistema, além de registrar e interpretar corretamente o
resultado das medições.
d. Condições Ambientais
e. Equipamento
Todo e qualquer “dispositivo, utilizado sozinho ou em conjunto com outros, para realizar uma
medição” é chamado de instrumento de medição.
O “conjunto completo de instrumentos de medição e outros equipamentos acoplados para
executar uma medição específica” são denominados sistema de medição.
25
Assim, antes de se efetuar e utilizar uma medida como informação relevante para qualquer
tomada de decisão, é necessário analisar o processo de medição, de modo a se conhecer todas as
fontes de variação associadas aos agentes metrológicos.
Uma vez identificadas estas fontes de variação, deve-se atuar sobre o processo de medição
de modo que ele dê origem a medidas de qualidade, ou seja, metrologicamente confiáveis.
A medição pode ser utilizada para indicar ou controlar um processo, monitorar uma situação
de alarme ou, simplesmente, investigar um fenômeno (físico, químico, biológico etc.).
No caso de uma indicação simples, os sistemas de medição indicam o valor instantâneo, ou
acumulado, da grandeza a ser medida. Como exemplo citamos os velocímetros e hodômetros dos
automóveis, termômetros clínicos, manômetros, entre outros.
Um sistema de controle utiliza um transdutor (“dispositivo que fornece uma grandeza de saída
que tem uma correlação determinada com a grandeza de entrada” [9]) e um controlador capaz de
manter uma grandeza, ou processo, dentro de certos valores especificados. A grandeza é medida,
seu valor comparado com um valor de referência e uma ação de correção é tomada, a fim de manter
esta grandeza próxima a este valor da referência.
a. Medição direta
b. Medição indireta
Nesta situação, as medições são efetuadas indiretamente ou por comparações com valores
conhecidos.
26
Exemplos: “medir” (calcular) a área de um terreno retangular, medindo-se o comprimento de
cada um dos lados; medição de volumes utilizando uma forma geométrica com volume conhecido;
pesagem de um corpo com uma balança de pratos, comparando-se com uma massa-padrão; medição
da temperatura utilizando um termoresistor de platina (neste caso mede-se o valor da resistência
elétrica do sensor e utiliza-se uma tabela de conversão /oC).
Comparativamente, cada forma de realização da medição possui características e exatidões
diferentes. Na balança de mola, por exemplo, a exatidão do sistema depende da mola, ao passo que
na balança de pratos a exatidão depende da massa-padrão. Como a estabilidade e confiabilidade das
massas são geralmente melhor que a da mola, podemos considerar que a exatidão deste método
comparativo é superior ao da indicação direta dada pela mola.
a. Faixa de Indicação
A faixa de indicação (FI) é o “conjunto de valores limitados pelas indicações extremas” [9], ou
seja, a sua amplitude de medição.
Nos instrumentos digitais, a faixa de indicação é representada por dígitos, como por exemplo:
3 ½ dígitos quando o valor máximo é ± 1999.
27
Manômetro com faixa de (0 a 100) bar.
b. Faixa de Medição
d. Incremento Digital
e. Resolução
Resolução é a “menor diferença entre indicações de um dispositivo mostrador que pode ser
significativamente percebida”.
Nos sistemas com mostradores digitais, a resolução corresponde ao incremento digital. Já
nos sistemas com mostradores analógicos, a resolução deverá ser avaliada pelo operador.
28
A resolução de leitura será sempre o menor valor que, com segurança, pode ser lida em uma
medição. Não devemos supor que a resolução seja menor do que de fato é.
f. Repetitividade
g. Curva de Calibração
29
14
12
10
Padrão
8
6 y = 1,0009x - 0,0016
2
4 R = 0,9999
2
0
0 5 10 15
Média do valor do objeto
i. Classe de exatidão
30
o classe A4 = 0,10%;
o classe A3 = 0,25%;
o classe A2 = 0,50%;
o classe A1 = 1,0%.
j. Sensibilidade
31
Analisando o resultado com mais cuidado, notamos que existe uma dúvida e que esta afeta a
segunda casa decimal do valor mais provável. É, portanto, desnecessário escrever a terceira casa
decimal, uma vez que a anterior já é duvidosa.
O resultado da medição deve ser expresso, então:
(13,40 0,04) m
Devemos tomar cuidado no caso do algarismo zero no final dos números. Se os “zeros” são
escritos corretamente para corresponder aos números significativos, então 36,00 possui quatro
algarismos significativos e 36,0 possui três. Nestes dois casos os zeros são necessários para definir a
exatidão da medição.
Para diminuir as ambigüidades, devemos observar as seguintes regras quanto aos “zeros”:
32
a. Conversão de Unidades
Suponhamos que, ao medir a distância entre dois pontos, tivéssemos encontrado 52,7 m.
Logo, a medida tem três significativos. Ao transformarmos a mesma medida em centímetros teremos
5270 cm.
Quer dizer, então, que o número de significativos aumentou de três para quatro?
Como isto não é possível por uma simples conversão de unidades, devemos manter o
resultado com três algarismos significativos e escrever (5,27 x 103) cm, ou (52,7 x 102) cm.
Todas as medidas a seguir possuem três algarismos significativos, já que potência de dez não
é considerada algarismo significativo.
(8,34 x 104 ) cm
(2,00 x 10-2 ) m
(6,09 x 10-3 ) kg
b. Arredondamento
33
134,7 = 135
0,03432 = 0,0343
Para que o resultado das operações contenha apenas algarismos significativos, devemos agir
da seguinte maneira:
Adição e Subtração
Adotando a regra da soma e subtração, temos que o resultado final será 189,6 m (a parcela
com menor número de casas decimais é 5,6 – 1 casa decimal).
Usar a regra somente para o resultado final e não para as demais parcelas.
34
Ex.: (85,45+5,6+98,523) m (85,4+5,6+98,5) m
189,5 m 189,6 m
Multiplicação e Divisão
89,1 m2
16,29182666 m
5,4690 m
Adotando a regra da multiplicação e divisão, temos que o resultado final será 16,3 m.
Raiz Quadrada
Exemplo: 25,5
Como 25,5 possui três significativos, podemos representar o resultado como 5,05 ou 5,0. A
quantidade de significativos utilizada dependerá da precisão necessária ao cálculo utilizado.
Exemplo:
25,5 + 4,8 = 5,0 + 4,8 = 9,8; 25,5 + 4,81= 5,05 + 4,81 = 9,86
35
CAPÍTULO III
Todo resultado de uma medição apresenta uma dúvida (incerteza) associada e o que se
procura, na realidade, é estimar os valores (da medida e da incerteza) da melhor forma possível. A
incerteza sempre existirá e nunca poderá ser eliminada, uma vez que o valor verdadeiro da grandeza
é estimado (na prática usa-se o valor do padrão como o valor verdadeiro convencional). É possível,
porém, definir limites dentro dos quais o valor de uma medição se situa em um dado nível de
probabilidade. No próximo capítulo, esse tema será aprofundado.
Independente desta dúvida, sempre presente, o resultado da medição também pode conter
erros.
O erro de medição é caracterizado como “o resultado de uma medição menos o valor
verdadeiro do mensurando”, isto é:
E = X – VVC
Onde,
E = erro de medição
X = medida
VVC = valor verdadeiro convencional
Matematicamente, o erro pode ser positivo ou negativo. Um erro positivo denota que a medição do
instrumento é maior que o valor verdadeiro e um erro negativo denota uma medição menor que o
valor verdadeiro1.
1
Quando realizamos mais de uma medição, obtemos vários valores para o erro. Neste caso, devemos adotar o maior valor
como erro de medição.
36
3.1. Tipos de Erros
a. Erro relativo
Algumas vezes não será conveniente trabalhar diretamente com o erro de medição (também
conhecido como erro absoluto), pois um erro de 0,2 m, por exemplo, pode ser muito pequeno ou
muito grande se comparado ao comprimento medido.
Desta forma, o erro relativo é o “erro de medição dividido por um valor verdadeiro do objeto da
medição”.
Geralmente expresso em porcentagem, apresenta a seguinte expressão:
X VVC
Er
VVC
b. Erro Grosseiro
O erro grosseiro, ou acidental, é aquele cuja medição difere em muito das outras em um
conjunto de medições repetidas. Pode ser causado por diversos fatores tais como:
danos ao sistema de medição;
leitura equivocada;
arredondamento mal feito;
utilização de uma constante multiplicativa errada;
conversão de unidade realizada de maneira errada;
condições ambientais adversas.
O erro grosseiro deve ser descartado. É imprevisível e não adianta ser tratado
estatisticamente.
c. Erro Fiducial
37
E
Efiducial
Vr
Onde,
E = erro de medição
Vr = valor de referência
e. Erro Sistemático
O erro sistemático, por definição, é a “média que resultaria de um infinito número de medições
do mesmo mensurando, efetuadas sob condições de repetitividade, menos o valor verdadeiro
convencional do mensurando”.
Em geral, o erro sistemático se mantém constante quando são feitas várias medições do
mesmo valor de uma variável, sob as mesmas condições, e só pode ser identificado pela calibração
do sistema de medição.
Os erros sistemáticos causam o afastamento da média de um conjunto de medições do valor
verdadeiro convencional.
Como na prática não realizamos um infinito número de medições, o que se determina numa
calibração é a tendência do instrumento de medição.
f. Tendência
Es X VVC
38
Onde,
Es = erro sistemático
g. Correção
“Valor adicionado algebricamente ao resultado não corrigido de uma medição para compensar
o erro sistemático. A correção é igual ao erro sistemático estimado com sinal trocado”.
A correção deve ser somada ao valor das indicações para compensar o erro sistemático.
No exemplo anterior, a correção seria de (+ 0,050 mm).
i. Erro Aleatório
Ea X X
39
Onde,
Ea = erro aleatório
X = medição
Os erros aleatórios são imprevisíveis, aparecem por causas irregulares e probabilísticas e são
responsáveis pelas medições se espalharem mais ou menos simetricamente em torno do valor médio.
A B C D
Figura 6 - Precisão x Exatidão
O atirador A conseguiu acertar quase todos os tiros no centro do alvo, o que demonstra um
erro sistemático (distância da média dos tiros em relação ao centro do alvo) e aleatório (dispersão dos
tiros) baixo.
O atirador B apresentou um espalhamento muito grande em torno do centro do alvo, porém,
os tiros estão aproximadamente eqüidistantes do centro. O espalhamento dos tiros decorre
diretamente do erro aleatório elevado e a posição média das marcas dos tiros, que coincide
aproximadamente com a posição do centro do alvo, reflete a influência do erro sistemático baixo.
Observe que o atirador B, apesar de ter um erro sistemático baixo não possui boa exatidão.
Lembre-se que exatidão é o grau de concordância das medições em relação ao valor de referência
(no caso o centro do alvo).
40
O atirador C apresenta os tiros concentrados, com baixa dispersão, porém afastados do
centro do alvo. Isto indica reduzido erro aleatório e um grande erro sistemático.
O atirador D, além de apresentar um espalhamento muito grande, não conseguiu que o
“centro” dos tiros ficasse próximo do centro do alvo. Este atirador apresenta elevado erro aleatório e
sistemático.
A tabela a seguir apresenta um resumo da análise dos erros:
A C
B D
CENTRO DO ALVO
CENTRO DO ALVO CENTRO DO ALVO CENTRO DO ALVO
41
3.3. Incerteza de Medição
Entende-se por função distribuição de probabilidade a relação entre uma determinada variável
aleatória x e a probabilidade de sua ocorrência p(x).
As distribuições de probabilidades podem ser contínuas ou discretas, dependendo
diretamente da variável ser contínua ou discreta.
Distribuição discreta
Considere um dado não viciado cujos valores de x são (1;2;3;4;5;6). Ao lançá-lo, a
probabilidade de se obter qualquer um dos valores de x é p(x) = 1/6.
Assim, a distribuição de probabilidade p(x) desta variável x para este tipo de ocorrência é:
A distribuição é discreta porque a variável é discreta, ou seja, não pode assumir valores
intermediários. Ao lançarmos um dado não podemos encontrar, por exemplo, valores entre 1 e 2 ou
entre 4 e 5.
Distribuição contínua
A temperatura ambiente de um laboratório, que vem sendo medida ao longo de uma semana,
é considerada uma variável contínua porque ela pode assumir qualquer valor ao longo do dia e da
semana. Desta forma, a distribuição de probabilidade também será contínua.
42
p(T)
Temperatura Média T
do Ambiente
P(- <x<+ ) = 1,
isto é, o somatório dos valores de p(x), no caso de distribuição discreta, ou a integral de p(x), no caso
de distribuição contínua, entre os limites - e + , que corresponde à probabilidade de x estar dentro
dos limites, sempre resulta em 1.
Lembrando o exemplo do dado, o somatório de p(x) será:
P( x ) P(1 x 6) 1 1 1 1 1 1 1
6 6 6 6 6 6
No caso da temperatura da sala, a área abaixo da curva, que representa a integral da função,
também valerá 1, ou seja:
p( T) dT 1
b. Média Aritmética
Gauss baseou a teoria dos erros em um certo número de postulados. Um deles diz respeito
ao valor mais provável da grandeza:
43
“O valor mais provável de uma grandeza, medida diversas vezes, é a média aritmética das
medidas encontradas, desde que mereçam a mesma confiança.”
As medidas merecem a mesma confiança, por exemplo, se forem realizadas pelo mesmo
observador, usando o mesmo instrumento e o mesmo método. Surge aqui uma pergunta: qual o
número conveniente de medições a realizar?
Esse número varia de caso para caso. Uma boa dica é parar as medições no momento em
que as medidas começam a se repetir com freqüência.
A média aritmética é um parâmetro estatístico importante, pois define a região de maior
incidência dos resultados. Essa região é caracterizada pelo valor central das distribuições e é
matematicamente expressa segundo a fórmula:
µ lim 1 X ,
n ni 1 i
Como nunca trabalhamos com infinitos valores, o normal é usar a média das amostras X ,
cuja expressão matemática é a seguinte:
X
1nX
ni 1 i
c. Medidas de Dispersão
Usando o comprimento de uma caneta como valor de uma unidade, meça sua mesa e anote o
resultado. Peça a seus companheiros de trabalho que repitam a medição, sem que cada um tome
conhecimento dos resultados obtidos pelos demais, e anote todos os resultados. Você observará que
as medidas diferem. Repita a medição dez vezes e, provavelmente, encontrará dez resultados
diferentes. Este fato é denominado dispersão da medição.
Define-se o conceito de dispersão de medição como sendo a faixa que, com uma
probabilidade estatística definida, conterá o erro aleatório. É comum adotar a probabilidade de
95,45% como aceitável para a dispersão da medição.
Como próprio nome já denota, essas medidas avaliam estatisticamente o grau de
espalhamento dos valores em torno da média, ou seja, quão próximos estão os valores em torno da
média. Quanto maior a dispersão, mais afastados estarão os valores da região central da distribuição.
Amplitude Total
44
A amplitude total mede a dispersão entre os valores mínimos e máximos da distribuição e,
deste modo, não leva em consideração os valores intermediários.
A Xmax Xmín
Desvio Padrão
É a medida de dispersão mais adotada em Metrologia e utiliza a dispersão dos valores em
relação à média. São três os tipos de desvio padrão, a saber:
Exemplo:
- número total de alunos numa escola;
- população de uma cidade.
2
n
µ xi
i 1
s ,
n
45
2
n
X xi
i 1
s ,
n 1
s ,
s ( x)
n
X Xi
s2 i 1
n 1
A variância é utilizada no cálculo da incerteza de medição por ser uma variável que pode ser
combinada linearmente, ou seja, podemos somar as variâncias (e não os desvios padrões) de
diferentes distribuições.
Exemplo:
3 4 7 mas ( 3 ) 2 ( 4) 2 ( 7)2
46
d. Distribuições de Probabilidade
Distribuição Normal
A distribuição normal ou Gaussiana é, sem dúvida, a mais importante das distribuições de
probabilidade dentre as usadas na metrologia. A função densidade de probabilidade p(x) da
distribuição normal tem a forma de um sino:
p(x)
z2
1 2
p( X) e
s 2p
X µ
onde Z ; é a média e é o desvio padrão.
s
O cálculo da área da distribuição normal, ou seja, a integral da função, não apresenta uma
solução literal. Os valores de p(x) são encontrados em uma tabela normalizada, vale dizer, para uma
distribuição com =0e = 1.
Quanto maior o número de medições feitas de um mesmo mensurando, mais próximo os seus
valores se comportarão como uma distribuição normal, em forma de sino. Infinitas medições terão
uma distribuição normal.
Distribuição t-Student
Pelo exemplo do item anterior podemos observar que é necessário um grande número de
medições (n 30) para obter uma distribuição próxima à normal.
Como nem sempre é viável realizar 30 medições de um mesmo mensurando devemos aplicar
um fator de correção, aproximando a distribuição de pequenos valores a uma distribuição normal.
47
Este fator, conhecido como t-Student, é tabelado (ver tabela 13) em função do tamanho da
amostra n (ou do grau de liberdade = n-1) e do nível de confiança (ou probabilidade) desejada p[t( )]
(na metrologia é usual considerar o nível de confiança de 95,45%).
48
d. Teorema do Limite Central
Qualquer que seja a distribuição estatística de uma amostra, a distribuição das médias
amostrais tenderá ser normalmente distribuída.
À medida que o tamanho da amostra cresce, as médias amostrais vão progressivamente
tendendo a uma distribuição normal.
Se n=30, a aproximação com a distribuição normal é satisfatória, independente da população.
Caso contrário, o teorema central do limite funcionará, se a distribuição da população não for muito
diferente da normal.
O desvio padrão da distribuição normal resultante será dado pela expressão:
s
s( x )
n
onde s é o desvio padrão da amostra.
e. Incerteza de Medição
RM X U [unidade de medição],
49
Incerteza tipo A
s2
s 2 ( X)
n
O desvio padrão experimental da média s( x ) serve para qualificar quanto o valor médio X
representa a grandeza a ser medida Xi. Esta estimativa é tanto melhor quanto maior for o número de
repetições efetuadas na medição.
Por diversas razões, principalmente as de ordem econômica, o número de repetições de uma
medição é reduzido, tipicamente variando entre três e dez. Nesses casos, é necessário aplicar o
coeficiente t-Student, que leva em conta o fato de que a amostragem é pequena.
A distribuição t-Student permite utilizar a técnica para estimar a incerteza tipo A (obtida
estatisticamente), mesmo para valores baixos de n.
É uma distribuição semelhante à normal e usada com uma flexibilidade adicional, pois permite
aplicação para valores reduzidos de n.
Assim, a incerteza de medição tipo A (UA), para um nível da confiança p, é obtida por:
t ( ). s( x)
UA
n
50
Exercício resolvido 1:
Calcular o erro, a tendência e a incerteza UA (para um nível da confiança de 95,45%) de um
termômetro com faixa nominal de 0 ºC até 100 ºC e valor de uma divisão de 1 ºC. Considere que foram
executadas cinco medições, obtendo-se, com um banho de calibração padrão de valor nominal
25,10ºC, as indicações de:
Solução:
Exercício resolvido 2:
Calcular a incerteza UA para um nível da confiança de 95,45%, considerando seis medições de
massa, em kg:
Solução:
51
Incerteza tipo B
Avaliação da incerteza tipo B – é um “método de avaliação da incerteza por outros meios que
não a análise estatística de uma série de observações”. Pode também ser caracterizada por desvios
padrões estimados por distribuições de probabilidades assumidas, baseadas na experiência ou em
outras observações.
Incertezas deste tipo são determinadas a partir de informações acessórias e externas ao
processo de medição. Essas informações podem ser obtidas de resultados de medições similares
anteriores, experiência ou conhecimento do comportamento do instrumento, dados do fabricante,
dados fornecidos por certificados de calibração, referências de manuais de instrução etc.
São exemplos deste tipo de incerteza:
gradiente de temperatura durante a medição;
afastamento da temperatura ambiente em relação à temperatura de referência
estipulada;
tipo do indicador (analógico ou digital);
instabilidade da rede elétrica;
paralaxe;
incerteza do padrão;
instabilidade do padrão;
erros geométricos;
deformações mecânicas;
histerese;
estabilidade temporal etc.
52
Observações:
1) Sempre que possível os erros sistemáticos devem ser corrigidos;
2) Sempre deve ser feita uma análise criteriosa ao adicionar as incertezas do tipo B para
que não haja repetição, isto é, que não se considere mais de uma vez uma dada fonte
de incerteza.
Incerteza padrão
“Incerteza padrão do resultado de uma medição, quando este resultado é obtido por meio dos
valores de várias outras grandezas, sendo igual à raiz quadrada positiva de uma soma de termos, que
constituem as variâncias ou covariâncias destas outras grandezas, ponderadas de acordo com quanto
o resultado da medição varia com mudanças nestas grandezas”.
A incerteza padrão combinada é determinada através da equação.
uC u2A uB2
Incerteza expandida - u
53
A multiplicação da incerteza padrão combinada por uma constante não fornece nenhuma
informação adicional. É apenas uma forma de representar a incerteza final associada a um nível da
confiança.
O fator de abrangência k deve sempre ser declarado de forma que a incerteza padrão da
grandeza medida possa ser recuperada para uso no cálculo da incerteza padrão combinada de outros
resultados de medição, que dependam eventualmente desta grandeza.
Este fator k deve ser obtido a partir da determinação do número de graus de liberdade efetivo
( eff) e utilizando-se a distribuição t-Student, onde o valor do t será o fator de abrangência k.
Algumas Considerações
Por questões de produtividade, é muito comum que as indústrias realizem apenas uma única
medição. Esse procedimento só é possível quando temos mensurando invariável, ou seja, aquele que
não possui variações perceptíveis para o sistema de medição.
Medindo uma única vez não poderemos avaliar a repetitividade do sistema de medição e não
determinaremos a incerteza tipo A. Como proceder?
Neste caso, o sistema de medição deve ser calibrado para uma única medição e o erro
sistemático determinado para esta faixa de valores encontrados.
A forma correta de se calibrar um sistema de medição para apenas uma medição é considerar
a incerteza tipo A do processo como sendo o desvio padrão experimental e não o desvio padrão
experimental da média. Deste modo, não devemos dividir por raiz de n o desvio padrão experimental.
O resultado da medição será:
RM = (X + C) ± U1
onde:
X: Indicação do sistema de medição;
C: correção;
U1: incerteza expandida estimada para uma única medição.
Quando várias medições forem efetuadas, o resultado poderá ser avaliado a partir da média
das “n” indicações disponíveis por:
RM = ( X + C) ± Un
onde:
54
CAPÍTULO IV
Rastreabilidade
55
1. Padrão internacional: “padrão reconhecido por um acordo internacional para servir,
internacionalmente, como base para estabelecer valores a outros padrões da grandeza a que se
refere” [9]. Representam as unidades de medição das várias grandezas, com a maior precisão e
exatidão possíveis, obtidas pelo uso de técnicas avançadas de produção e medição. Não estão
disponíveis para o usuário comum.
2. Padrão nacional: “padrão reconhecido por uma decisão nacional para servir, em um país, como
base para atribuir valores a outros padrões da grandeza a que se refere” [9]. São os dispositivos
mantidos pelas organizações e laboratórios nacionais das diferentes partes do mundo. Representam
as quantidades fundamentais e derivadas e são calibrados de modo independente através de
medições absolutas. O INMETRO é o responsável pela manutenção dos padrões nacionais no Brasil,
tanto para os existentes em seus laboratórios próprios quanto para os encontrados nos laboratórios
por ele designado.
3. Padrão de referência: “padrão geralmente tendo a mais alta qualidade metrológica disponível em
um dado local ou em uma dada organização, a partir do qual as medições lá executadas são
derivadas”. No Brasil, o INMETRO é o responsável pela acreditação dos laboratórios que formam a
RBC - Rede Brasileira de Calibração. Os laboratórios da RBC servem de referência para as
calibrações dos padrões de referência encontrados nos laboratórios das indústrias, universidades,
centros de pesquisas etc.
Para que o valor de um padrão, ou o indicado pelo sistema de medição padrão, seja aceito
como o valor verdadeiro convencional (VVC), é preciso que sua exatidão e incerteza sejam menores
que a do sistema de medição a ser calibrado.
É de se imaginar que quanto menor sua incerteza, tecnicamente melhor é o padrão, porém
mais caro ele será.
56
Devemos sempre buscar um equilíbrio técnico e econômico, tendo em mente que a incerteza
final (UF) será a composição da incerteza do sistema de medição a calibrar (USMC) com a incerteza do
sistema de medição padrão (USMP), ou seja:
2 2
UF = USMC USMP
Quanto menor a incerteza do SMP em relação ao SMC, menor sua influência no resultado
final. Vamos avaliar a UF para alguns valores de USMP quando comparados com o USMC.
Se adotarmos um padrão com incerteza inferior a um décimo da incerteza esperada para o
SMC, o SMP apresentará pelo menos um dígito confiável a mais que o SMC, o que é bem suficiente
para a determinação dos erros deste último.
A faixa de tolerância estabelece os limites dentro dos quais devem se situar o parâmetro de
interesse.
Por exemplo, um eixo com diâmetro nominal de 15 mm e classe de ajuste j8 apresenta uma
0 , 014
faixa de tolerância de 15 0 , 013 mm, ou seja, o eixo poderá estar compreendido entre os valores de
57
Na indústria, por questões de praticidade e economia de tempo, não é raro efetuar uma única
medição, sem compensar os erros sistemáticos. Nestes casos, devemos dimensionar a incerteza de
medição considerando a incorporação do erro sistemático. Assim, teremos para o exemplo dado:
Este resultado representa aproximadamente 1/8 da tolerância, que na maioria dos casos é
bem razoável.
Atenção: Sempre que se desejar incluir o erro sistemático na incerteza final, evitando assim as
correções, deve-se somar o módulo do erro com o módulo da incerteza. A grande vantagem deste
método é eliminar as sucessivas correções. A grande desvantagem é aumentar a incerteza final do
processo. A escolha dependerá de cada caso.
Ainda restarão ocasiões onde não será possível afirmar, com segurança, se uma peça está
ou não dentro do intervalo de tolerância. Veja o exemplo a seguir:
Imagine que o resultado da medição de um parafuso fosse (10,50 ± 0,05) mm. Haveria uma dúvida
neste caso, pois o valor inferior da medição é 10,00 mm e o superior 10,55 mm, extrapolando o
intervalo de tolerância. Por esta razão devemos caracterizar três faixas do intervalo de tolerância: a
faixa da conformidade, a faixa de não conformidade e a faixa de dúvida (ver Figura 7).
58
Limite Inferior de Tolerância Faixa de Tolerância do Produto Limite Superior da Tolerância
(LIT) (LST)
Seja LIT o limite inferior da tolerância e LST o limite superior da tolerância de fabricação. Era
de se esperar que se o resultado aceitável (RA) estivesse compreendido entre o intervalo LIT RA
LST poderíamos aprovar a peça. Porém, em função da incerteza do processo de medição, só é
possível afirmar que a peça atende à tolerância se estiver dentro da denominada faixa de
conformidade, representada na figura 8.
Note que a faixa de conformidade é menor que a tolerância original. Para determinar a Faixa
de Conformidade é necessário estabelecer novos limites, denominados “Limites de Controle”. São,
então, definidos:
O resultado aceitável para a faixa de conformidade deve estar compreendido entre 9,55 mm e
10,45 mm. No exemplo, o valor de 10,50 mm estava fora da faixa de conformidade, mas dentro da
faixa de dúvida. Resultados acima de 10,50 mm ou abaixo de 9,50 mm estariam na faixa de não
conformidade.
59
CAPÍTULO V
CRITÉRIOS DE REJEIÇÃO
Antes de se avaliar e interpretar uma série de resultados obtidos por um ou mais laboratórios
ou se efetuar o cálculo da incerteza, é necessário que se verifique a existência de valores que
possam ser considerados como dispersos, ou seja, valores que não pertençam a uma mesma
população.
Quando uma grandeza é medida várias vezes, pode ocorrer que o desvio de um resultado em
relação ao seu valor médio seja muito grande, se comparado com o desvio padrão das medições. Isto
pode acontecer em função de erros grosseiros, falhas momentâneas do instrumento de medição ou
qualquer outro motivo.
Existem vários métodos para verificar se um ou mais valores podem ser considerados como
dispersos, a depender de como esses resultados se apresentem. Neste capítulo veremos os mais
usados.
É um critério bastante utilizado para avaliar se a medição dever ser rejeitada. Este critério
estabelece que, se o módulo do desvio di de uma determinada medição xi em relação à média for
maior que um valor dch, chamado de limite de rejeição de Chauvenet, a medição deve ser rejeitada.
Assim se:
Alguns valores de dch encontram-se na tabela abaixo, onde s é o desvio padrão do conjunto
de medições.
60
Tabela 13 - Limite de rejeição de Chauvenet
N dch
2 1,15 s
3 1,38 s
4 1,54 s
5 1,65 s
6 1,73 s
7 1,80 s
8 1,86 s
9 1,91 s
10 1,96 s
11 2,00 s
12 2,04 s
15 2,13 s
20 2,24 s
25 2,33 s
30 2,39 s
50 2,58 s
100 2,80 s
200 3,02 s
500 3,29 s
1000 3,48 s
2000 3,66 s
Exemplo:
Leitura xi di
1 5,30 0,309
2 5,73 0,121
3 6,77 1,161
4 5,26 0,349
5 4,33 1,279
6 5,45 0,159
7 6,05 0,441
8 5,64 0,031
9 5,81 0,201
10 5,75 0,141
61
Leitura xi di
1 5,30 0,451
2 5,73 0,021
3 6,77 1,019
4 5,26 0,491
5 5,45 0,301
6 6,05 0,299
7 5,64 0,111
8 5,81 0,059
9 5,75 0,001
Leitura xi di
1 5,30 0,324
2 5,73 0,106
3 5,26 0,364
4 5,45 0,174
5 6,05 0,426
6 5,64 0,016
7 5,81 0,186
8 5,75 0,126
62
5.2. Teste de Dixon
Este teste é usado quando se deseja comparar os valores individuais obtidos por um
laboratório ou comparar os valores médios obtidos por vários laboratórios. É um teste bilateral, isto é,
são testados os valores mínimo e máximo.
Para um conjunto de resultados Z(h), h = 1, 2, 3 ...H, agrupado em ordem crescente, o teste
de DIXON utiliza o seguinte critério:
H Teste estatístico
3a7 Z ( 2) Z (1) Z ( H ) Z ( H 1)
Dcalculado e Dcalculado
Z ( H ) Z (1) Z ( H ) Z (1)
Z ( 2) Z (1) Z ( H ) Z ( H 1)
8 a 12 Dcalculado e Dcalculado
Z ( H 1) Z (1) Z ( H ) Z ( 2)
Z ( 3) Z (1) Z ( H ) Z ( H 2)
13 a 40 Dcalculado e Dcalculado
Z ( H 2) Z (1) Z ( H ) Z ( 3)
63
Tabela 15 Valores Críticos para o Teste de Dixon
Probabilidade
H
95% 99%
3 0,970 0,994
4 0,829 0,926
5 0,710 0,821
6 0,628 0,740
7 0,569 0,680
8 0,608 0,717
9 0,504 0,672
10 0,530 0,635
11 0,502 0,605
12 0,479 0,579
13 0,611 0,697
14 0,589 0,670
15 0,565 0,647
16 0,546 0,627
17 0,529 0,610
18 0,514 0,594
19 0,501 0,580
20 0,489 0,567
21 0,478 0,555
22 0,468 0,544
23 0,459 0,535
24 0,451 0,526
25 0,443 0,517
26 0,436 0,510
27 0,429 0,502
28 0,423 0,495
Exemplo:
A analista Lúcia encontrou os seguintes valores quando realizou determinações em uma solução
padrão de amônia:
18,0; 19,3; 20,1; 20,3; 20,3; 21,0; 21,4; 22,4.
Verificar se o resultado 21,4 pertence à mesma distribuição dos outros.
Solução: Esse caso se aplica a H entre 8 e 12, pois temos oito valores.
19,3 18 1,3
D calculado = 0,3824 e
21,4 18 3,4
22,4 21,4 1
D calculado = 0,3226
22,4 19,3 3,1
D calculado < D tabelado 5% (valor da tabela = 0,608). Logo o valor é aceito.
64
CAPÍTULO VI
ANÁLISE DE VARIÂNCIAS
O teste de Cochran é usado para comparar a maior variância com as outras variâncias de um
grupo. Pode ser usado para comparar a exatidão de vários analistas, de vários métodos de análise ou
de vários laboratórios.
É um teste unilateral, isto é, só verifica o maior valor.
Para um conjunto de p analistas (ou laboratórios ou métodos), com desvios padrões Si (i=1, 2,
3 ..., p), todos computados com o mesmo número de repetições n, o teste de Cochran é dado por:
S2 max
Ccalculado p
,
2
S
i
i 1
onde:
2
Si = variância de cada operador ou método ou laboratório;
2
Smax = maior valor encontrado como estimativa da variância, no conjunto;
P = número de analistas (ou laboratórios ou métodos).
No caso de duas repetições, podem ser usadas as amplitudes R, ao invés dos desvios
padrões Si e o teste de COCHRAN é dado por:
R 2 max
Ccalculado p
,
2
R i
i 1
onde:
2
Ri = amplitude quadrática;
2
Rmax = maior valor de amplitude quadrática encontrado no conjunto;
p = número de analistas (ou laboratórios ou métodos).
65
Os valores críticos para o teste de Cochran são tabelados abaixo.
66
C calculado < C tabelado 5% Valor Aceito
C tabelado 1% > C calculado > C tabelado 5% Valor Suspeito
C calculado > C tabelado 1% Valor Disperso
EXEMPLO:
A tabela mostra a exatidão de todos os analistas de um laboratório:
NO DE DESVIO
ANALISTA MÉDIA VARIÂNCIA
MEDIÇÕES PADRÃO
LÚCIA 6 20,20 0,190 0,0361
MÁRCIO 6 20,00 0,486 0,2362
TELES 6 20,70 0,179 0,0320
ROSANA 6 20,03 0,121 0,0146
SOMA 0,3189
0,2362
C calculado = 0,7407
0,3189
C calculado > C 5% (0,590) e C calculado > C 1% (0,676).
Deste modo, o analista Márcio apresenta excessiva variação em relação aos demais.
Sejam duas amostras caracterizadas por seus parâmetros: média, variância e número de
elementos.
Amostra 1 : média1; s12 ; n1
Amostra 2: média2 ; s22 ; n2
s12
F ; sendo s1 > s2
s 22
67
O valor obtido para F, chamado Fcalculado, é comparado com o valor de Ftabelado no nível de
significância desejado (1 % ou 5%). Entra-se na tabela com o valor do grau de liberdade de cada
amostra ( = n - 1) e compara-se com o valor calculado.
Quando o valor de Fcalculado é menor que o de Ftabelado, aceita-se a igualdade das variâncias;
caso contrário, a igualdade é rejeitada.
As tabelas dos valores de F encontram-se abaixo.
68
Tabela 18 Distribuição F - probabilidade de 95,45%
Numerador
*
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 20 30 40 60 120
1 195,1 241,0 260,6 271,3 278,0 282,64 286,00 288,6 290,6 292,2 297,1 299,6 302,1 303,4 304,6 305,9 307,2
2 20,49 20,98 21,14 21,23 21,27 21,31 21,33 21,35 21,36 21,37 21,41 21,42 21,44 21,45 21,46 21,47 21,47
3 10,94 10,27 9,96 9,78 9,66 9,58 9,52 9,47 9,44 9,41 9,32 9,27 9,22 9,20 9,17 9,15 9,12
4 8,23 7,38 6,99 6,76 6,62 6,52 6,44 6,38 6,34 6,30 6,18 6,12 6,06 6,03 6,00 5,97 5,94
5 7,02 6,10 5,69 5,46 5,30 5,19 5,11 5,05 5,00 4,96 4,84 4,77 4,70 4,67 4,64 4,60 4,56
6 6,33 5,40 4,98 4,74 4,58 4,47 4,39 4,33 4,27 4,23 4,10 4,03 3,96 3,93 3,89 3,85 3,81
7 5,90 4,96 4,54 4,30 4,14 4,02 3,94 3,87 3,82 3,78 3,64 3,57 3,50 3,46 3,42 3,38 3,34
8 5,60 4,66 4,24 3,99 3,83 3,72 3,63 3,56 3,51 3,47 3,33 3,26 3,18 3,14 3,10 3,06 3,02
9 5,38 4,44 4,02 3,77 3,61 3,49 3,41 3,34 3,29 3,24 3,10 3,03 2,95 2,91 2,87 2,83 2,79
10 5,22 4,28 3,85 3,61 3,44 3,33 3,24 3,17 3,12 3,07 2,93 2,86 2,78 2,74 2,70 2,65 2,61
11 5,08 4,15 3,72 3,48 3,31 3,20 3,11 3,04 2,99 2,94 2,80 2,72 2,64 2,60 2,56 2,51 2,47
12 4,98 4,04 3,62 3,37 3,21 3,09 3,00 2,94 2,88 2,83 2,69 2,61 2,53 2,49 2,44 2,40 2,35
13 4,89 3,96 3,53 3,29 3,12 3,01 2,92 2,85 2,79 2,75 2,60 2,52 2,44 2,40 2,35 2,31 2,26
14 4,82 3,88 3,46 3,21 3,05 2,93 2,85 2,78 2,72 2,67 2,53 2,45 2,36 2,32 2,27 2,23 2,18
15 4,76 3,82 3,40 3,15 2,99 2,87 2,78 2,71 2,66 2,61 2,46 2,38 2,30 2,25 2,21 2,16 2,11
16 4,70 3,77 3,35 3,10 2,94 2,82 2,73 2,66 2,61 2,56 2,41 2,33 2,24 2,20 2,15 2,10 2,05
17 4,66 3,73 3,30 3,06 2,89 2,78 2,69 2,62 2,56 2,51 2,36 2,28 2,19 2,15 2,10 2,05 2,00
18 4,62 3,69 3,26 3,02 2,85 2,74 2,65 2,58 2,52 2,47 2,32 2,24 2,15 2,11 2,06 2,01 1,95
19 4,58 3,65 3,23 2,98 2,82 2,70 2,61 2,54 2,48 2,44 2,29 2,20 2,11 2,07 2,02 1,97 1,91
20 4,55 3,62 3,20 2,95 2,79 2,67 2,58 2,51 2,45 2,40 2,25 2,17 2,08 2,03 1,98 1,93 1,88
21 4,52 3,59 3,17 2,92 2,76 2,64 2,55 2,48 2,42 2,38 2,22 2,14 2,05 2,00 1,95 1,90 1,84
22 4,50 3,57 3,15 2,90 2,74 2,62 2,53 2,46 2,40 2,35 2,20 2,11 2,02 1,97 1,92 1,87 1,81
23 4,47 3,55 3,12 2,88 2,71 2,59 2,50 2,43 2,38 2,33 2,17 2,09 2,00 1,95 1,90 1,84 1,79
24 4,45 3,52 3,10 2,86 2,69 2,57 2,48 2,41 2,35 2,31 2,15 2,07 1,98 1,93 1,87 1,82 1,76
25 4,43 3,51 3,09 2,84 2,67 2,55 2,46 2,39 2,34 2,29 2,13 2,05 1,95 1,91 1,85 1,80 1,74
26 4,41 3,49 3,07 2,82 2,66 2,54 2,45 2,38 2,32 2,27 2,11 2,03 1,94 1,89 1,83 1,78 1,72
27 4,40 3,47 3,05 2,81 2,64 2,52 2,43 2,36 2,30 2,25 2,10 2,01 1,92 1,87 1,81 1,76 1,70
28 4,38 3,46 3,04 2,79 2,63 2,51 2,42 2,34 2,29 2,24 2,08 2,00 1,90 1,85 1,80 1,74 1,68
29 4,37 3,44 3,02 2,78 2,61 2,49 2,40 2,33 2,27 2,22 2,07 1,98 1,89 1,84 1,78 1,72 1,66
30 4,35 3,43 3,01 2,76 2,60 2,48 2,39 2,32 2,26 2,21 2,05 1,97 1,87 1,82 1,77 1,71 1,64
40 4,26 3,34 2,92 2,68 2,51 2,39 2,30 2,23 2,17 2,12 1,96 1,87 1,77 1,72 1,66 1,60 1,53
60 4,17 3,25 2,84 2,59 2,43 2,31 2,21 2,14 2,08 2,03 1,87 1,78 1,67 1,61 1,55 1,48 1,40
120 4,08 3,17 2,75 2,51 2,34 2,22 2,13 2,06 2,00 1,94 1,78 1,68 1,57 1,51 1,44 1,36 1,26
4,00 3,09 2,68 2,43 2,26 2,14 2,05 1,97 1,91 1,86 1,69 1,59 1,47 1,41 1,33 1,23 1,01
* Denominador
69
Tabela 19 Distribuição F - probabilidade de 99,0%
Numerador
*
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 20 30 40 60
1 4052,2 4999,3 5403,5 5624,3 5764,0 5859,0 5928,3 5981,0 6022,4 6055,9 6157,0 6208,7 6260,4 6286,5 6313,0 307,2
2 98,50 99,00 99,16 99,25 99,30 99,33 99,36 99,38 99,39 99,40 99,43 99,45 99,47 99,48 99,48 21,47
3 34,12 30,82 29,46 28,71 28,24 27,91 27,67 27,49 27,34 27,23 26,87 26,69 26,50 26,41 26,32 9,12
4 21,20 18,00 16,69 15,98 15,52 15,21 14,98 14,80 14,66 14,55 14,20 14,02 13,84 13,75 13,65 5,94
5 16,26 13,27 12,06 11,39 10,97 10,67 10,46 10,29 10,16 10,05 9,72 9,55 9,38 9,29 9,20 4,56
6 13,75 10,92 9,78 9,15 8,75 8,47 8,26 8,10 7,98 7,87 7,56 7,40 7,23 7,14 7,06 3,81
7 12,25 9,55 8,45 7,85 7,46 7,19 6,99 6,84 6,72 6,62 6,31 6,16 5,99 5,91 5,82 3,34
8 11,26 8,65 7,59 7,01 6,63 6,37 6,18 6,03 5,91 5,81 5,52 5,36 5,20 5,12 5,03 3,02
9 10,56 8,02 6,99 6,42 6,06 5,80 5,61 5,47 5,35 5,26 4,96 4,81 4,65 4,57 4,48 2,79
10 10,04 7,56 6,55 5,99 5,64 5,39 5,20 5,06 4,94 4,85 4,56 4,41 4,25 4,17 4,08 2,61
11 9,65 7,21 6,22 5,67 5,32 5,07 4,89 4,74 4,63 4,54 4,25 4,10 3,94 3,86 3,78 2,47
12 9,33 6,93 5,95 5,41 5,06 4,82 4,64 4,50 4,39 4,30 4,01 3,86 3,70 3,62 3,54 2,35
13 9,07 6,70 5,74 5,21 4,86 4,62 4,44 4,30 4,19 4,10 3,82 3,66 3,51 3,43 3,34 2,26
14 8,86 6,51 5,56 5,04 4,69 4,46 4,28 4,14 4,03 3,94 3,66 3,51 3,35 3,27 3,18 2,18
15 8,68 6,36 5,42 4,89 4,56 4,32 4,14 4,00 3,89 3,80 3,52 3,37 3,21 3,13 3,05 2,11
16 8,53 6,23 5,29 4,77 4,44 4,20 4,03 3,89 3,78 3,69 3,41 3,26 3,10 3,02 2,93 2,05
17 8,40 6,11 5,19 4,67 4,34 4,10 3,93 3,79 3,68 3,59 3,31 3,16 3,00 2,92 2,83 2,00
18 8,29 6,01 5,09 4,58 4,25 4,01 3,84 3,71 3,60 3,51 3,23 3,08 2,92 2,84 2,75 1,95
19 8,18 5,93 5,01 4,50 4,17 3,94 3,77 3,63 3,52 3,43 3,15 3,00 2,84 2,76 2,67 1,91
20 8,10 5,85 4,94 4,43 4,10 3,87 3,70 3,56 3,46 3,37 3,09 2,94 2,78 2,69 2,61 1,88
21 8,02 5,78 4,87 4,37 4,04 3,81 3,64 3,51 3,40 3,31 3,03 2,88 2,72 2,64 2,55 1,84
22 7,95 5,72 4,82 4,31 3,99 3,76 3,59 3,45 3,35 3,26 2,98 2,83 2,67 2,58 2,50 1,81
23 7,88 5,66 4,76 4,26 3,94 3,71 3,54 3,41 3,30 3,21 2,93 2,78 2,62 2,54 2,45 1,79
24 7,82 5,61 4,72 4,22 3,90 3,67 3,50 3,36 3,26 3,17 2,89 2,74 2,58 2,49 2,40 1,76
25 7,77 5,57 4,68 4,18 3,85 3,63 3,46 3,32 3,22 3,13 2,85 2,70 2,54 2,45 2,36 1,74
26 7,72 5,53 4,64 4,14 3,82 3,59 3,42 3,29 3,18 3,09 2,81 2,66 2,50 2,42 2,33 1,72
27 7,68 5,49 4,60 4,11 3,78 3,56 3,39 3,26 3,15 3,06 2,78 2,63 2,47 2,38 2,29 1,70
28 7,64 5,45 4,57 4,07 3,75 3,53 3,36 3,23 3,12 3,03 2,75 2,60 2,44 2,35 2,26 1,68
29 7,60 5,42 4,54 4,04 3,73 3,50 3,33 3,20 3,09 3,00 2,73 2,57 2,41 2,33 2,23 1,66
30 7,56 5,39 4,51 4,02 3,70 3,47 3,30 3,17 3,07 2,98 2,70 2,55 2,39 2,30 2,21 1,64
40 7,31 5,18 4,31 3,83 3,51 3,29 3,12 2,99 2,89 2,80 2,52 2,37 2,20 2,11 2,02 1,53
60 7,08 4,98 4,13 3,65 3,34 3,12 2,95 2,82 2,72 2,63 2,35 2,20 2,03 1,94 1,84 1,40
120 6,85 4,79 3,95 3,48 3,17 2,96 2,79 2,66 2,56 2,47 2,19 2,03 1,86 1,76 1,66 1,26
6,64 4,61 3,78 3,32 3,02 2,80 2,64 2,51 2,41 2,32 2,04 1,88 1,70 1,59 1,47 1,01
70
EXEMPLO:
Os dados abaixo referem-se à cinco determinações realizadas por dois laboratórios:
Lab.1 (X): 54, 58, 55, 51, 57
Lab.2 (Y): 50, 54, 56, 52, 53
Verificar a compatibilidade entre os resultados.
Solução:
a) Estabelecer o nível de significância de 95%;
b) Calcular a média e a variância das duas amostras
Média X = 55 ; sX2 = 7,5
Média Y = 53 ; sY2 = 5,0;
7,5
Fcalculado 1,5 .
5
Como F calculado < F tabelado (6,39), a variabilidade é aceitável para um nível de significância de 95%.
6.3. ANOVA
A ANOVA analisa a variabilidade entre grupos diferentes e a variabilidade interna aos grupos.
Quanto maior for a variabilidade entre os grupos, quando comparada à interna aos grupos, maior é a
evidência de que as médias dos grupos são diferentes.
Define-se SQT (soma de quadrados total) como:
_
SQT (xi x) 2 ,
_
calculada a partir de todos os dados, em que x é a média amostral global.
2 SQT
A estimativa da variância de uma amostra é s .
n 1
71
Podemos dividir SQT em duas parcelas:
_ _ _
SQD (xi x1 ) 2 (xi x2)2 ... (xi xk ) 2
G1 G2 Gk
_
onde x k é a média amostral do grupo k.
_ _ _ _ _ _
SQE n1 ( x 1 x ) 2 n 2 ( x 2 x) 2 ... n k ( x k x) 2
s12 = SQE/(m-1)
s22 = SQD/(N-m)
onde m é o número de grupos e N é o tamanho da amostra total. Como estas estimativas de variância
são construídas a partir de dois tipos diferentes de variabilidade, quanto mais elas diferirem, mais
evidência existe de diferença nas médias.
s12
Usamos o teste de Snedecor ( F ) e comparamos este valor com uma distribuição F,
s 22
com (m-1) e (N-m) graus de liberdade ( ) para obter um p-valor.
72
ANOVA
Fonte da variação SQ MQ F calc. p-valor F crítico
Entre grupos 85,5 3 28,5 2,68 0,0939 3,62
Dentro dos grupos 127,5 12 10,625
Total 213 15
A ANOVA pode ser rapidamente obtida com a utilização do software Excel. Utilizar, neste
caso, o menu Ferramentas/Análise de Dados/Anova:fator único.
RESUMO
Grupo Contagem Soma Média Variância
G1 4 330 82,5 19
G2 4 315 78,75 10,25
G3 4 325 81,25 7,583
G4 4 306 76,5 5,667
ANOVA
Fonte da variação SQ MQ F calc. p-valor F crítico
Entre grupos 85,5 3 28,5 2,68 0,0939 3,62
Dentro dos grupos 127,5 12 10,625
Total 213 15
Como F calculado = 2,68 < F crítico = 3,62 podemos considerar os grupos homogêneos.
O valor de F foi calculado para uma probabilidade de 95,45%.
73
CAPÍTULO VII
CONFIABILIDADE METROLÓGICA
74
Método Direto
São aqueles em que o valor medido é obtido diretamente na escala do instrumento. Por
exemplo, medição da massa de um corpo através do uso de balança.
Método Indireto
São aqueles em que o valor medido é obtido indiretamente. A grandeza de interesse é obtida
através de uma formula que relacionam duas ou mais variáveis que são medidas diretamente. Como
exemplo, temos a medição da massa especifica de um liquido pelo método massa-volume. A massa
do liquido é medida diretamente em uma balança e seu volume numa vidraria volumétrica (balão
volumétrico ou bureta).
Normalmente, o método de medição direto gera incertezas de medição menores que o
método de medição indireta, as incertezas presentes no processo são associadas ao método de
medição adotado e ao instrumento de medição utilizado.
75
Se a produção de parafusos numa fábrica deve ter diâmetros de (10,00 ± 0,05) mm, significa
que os valores extremos dos diâmetros dos parafusos devem estar entre 9,95mm e 10,05mm. Logo,
este é o intervalo de tolerância aceitável para cada parafuso. Neste caso, recomenda-se um
micrômetro com incerteza de medição de ± 0,001 mm.
Uma regra informal conhecida como “regra de ouro da metrologia” pode ajudar na escolha da
incerteza do instrumento. Ela estabelece uma relação adequada, ou seja, a “relação de exatidão”
(REx), entre a tolerância (T) da peça a ser medida e a incerteza (U) do instrumento em questão.
T
REx
U
0,05
REx 50
0,001
Dado que o preço de compra de um instrumento está ligado diretamente a sua resolução –
quanto melhor a resolução, mais caro o instrumento – a escolha baseada nos fatores anteriores serve
para reduzir o custo de um sistema de medição. Entretanto, para a definição de uma adequação
desse instrumento ao uso, ela por si só não é conclusiva.
A questão fundamental agora passa a ser a “qualidade” da medição feita com o instrumento.
Existem instrumentos que possuem uma boa resolução, mas que introduzem erros grandes nas
medições feitas com eles. Um exemplo disso são as máquinas de medição tridimensional com
comando manual. A resolução desse tipo de equipamento é de 0,001mm ou 0,0001mm, mas
apresentam erros nas medidas da ordem de 0,01mm. Isso porque fatores diversos, tais como, força
76
de medição, tipo de escala (vidro ou aço), método de medição, atrito, características construtivas e
outros contribuem para a ocorrência desses erros. Além disso, a própria definição desses erros,
através da calibração, estará afetada por uma incerteza de calibração que deverá ser computada na
incerteza total do processo de medição.
Quando recebemos um instrumento do laboratório de calibração, com seu respectivo
certificado, temos em mãos um documento que revela características metrológicas do mesmo.
Basicamente, erro e incerteza de medição.
O erro deve ser corrigido e a incerteza, deve ser avaliada. Se não desejarmos corrigir o erro
de medição do instrumento, por motivos de praticidade, devemos então incorporar o erro de medição
na incerteza total do processo de medição.
A “incerteza total do processo”, UT é definida como a soma dos módulos da incerteza do
certificado (UC) e do erro ou tendência do instrumento.
UT UC E
Atendendo aos requisitos da norma, essa incerteza total é que deve ser consistente com as
capacidades de medição requerida.
Assim, teremos para o exemplo dado:
Ainda restarão casos onde não será possível afirmar, com segurança, que uma peça está ou
não dentro do intervalo de tolerância. Veja o exemplo a seguir:
Imagine que o resultado da medição de um parafuso fosse (10,05 ± 0,05) mm. Haveria
dúvida, pois o valor inferior da medição é 10,00mm e o superior é 10,10mm, extrapolando o intervalo
de tolerância (9,95 mm até 10,05 mm). Por esta razão iremos caracterizar três faixas do intervalo de
tolerância:
77
a faixa da conformidade,
a faixa de não conformidade e
a faixa de dúvida.
O resultado aceitável para a faixa de conformidade deve estar compreendido entre 9,956mm
e 10,044mm.
78
7.5. Controle do sistema de medição
a. Individual
Nesse método, o controle é feito com base nas capacidades reais de medição, ou seja,
naquelas efetivamente levantadas através do conhecimento estatístico do comportamento do
processo, ou nos casos em que uma única característica é medida com grande freqüência de
medição.
Após a determinação das capacidades de medição requeridas, são então selecionados
instrumentos específicos para medir cada dimensão. Em cada dimensão um único instrumento é
selecionado e utilizado.
É quase impossível de ser utilizado quando uma peça tem várias dimensões que podem ser
controladas pelo mesmo instrumento.
O método deve ser usado, preferencialmente, em processos que utilizem “instrumentos
cativos”, que controlam uma única característica do produto e estão associados a máquinas e
equipamentos. Por exemplo, em manômetros e controladores de temperatura associados à bancada
de teste. O método pode ser usado também para dispositivos de medição, calibradores “passa - não-
passa” e outros equipamentos que atuem numa única característica. É aconselhável, nesses casos, o
uso de métodos estatísticos (R&R) para determinação da capacidade do sistema de medição.
79
b. Pior caso (ou mais estreito)
Por esse método, adota-se a menor capacidade requerida da medição especificada para
instrumentos de mesma característica. Por exemplo, de todas as dimensões que requerem o uso de
micrômetro externo tomaremos aquela com menor campo de tolerância, independentemente do
processo de fabricação ou do tipo de peça ou produto.
Vantagens do método
Os instrumentos podem ser agrupados por famílias de instrumentos com mesma
característica, o que facilita o gerenciamento das calibrações;
Pode ser adotado um critério de aceitação único para cada família;
Existe a certeza de que os processos de medição são adequados e independentes do
nível de qualificação dos operadores ou dos processos.
Desvantagens do método
Existe o risco de rejeição de instrumentos em condições de atuar em outros processos,
aumentando o custo de sua substituição;
Exige uma interação entre a engenharia e o controle da qualidade na hora de
determinar os processos e selecionar os instrumentos adequados.
Usamos o método do pior caso para processos que utilizem instrumentos de medição
genéricos, isto é, que podem ser usados em qualquer processo. Por exemplo, paquímetros,
micrômetros, relógios comparadores, etc.
Que medições afetam a qualidade do meu produto? Esta é uma questão bastante polêmica
dentro da maioria das empresas, porque, de um modo geral, existe pouco conhecimento sobre os
produtos ou os processos. Por não haver esse conhecimento, muitas empresas optam por calibrar
todos os instrumentos e equipamentos. Isto é, sem dúvida, um grande gerador de custos para essas
empresas. De um modo geral, o mais indicado é classificar a confirmação metrológica dos
instrumentos em três grupos:
80
a. Calibração
b. Verificação
c. Não aplicável
Quando um operador executa uma calibração, ele está comparando as dimensões do objeto
com um padrão. Esse padrão pode ser um instrumento de medição, um calibrador ou um jogo de
blocos padrão, mas de diferentes níveis hierárquicos.
A distribuição dos instrumentos e padrões em níveis hierárquicos tem como função principal
transferir exatidão ao nível de ordem inferior. Essa distribuição dos padrões em níveis hierárquicos se
81
dá em função de fatores diversos; como local de guarda, função, características metrológicas, etc.
Essa hierarquia pode ser mais bem entendida através da pirâmide da Figura abaixo.
82
Tabela 21 - utilização e reconhecimento dos padrões
- Padrão de Referência
UTILIZAÇÃO
- Padrão de Transferência
- Padrão Nacional
RECONHECIMENTO
- Padrão Internacional
Importante
No caso de padrões representados por constantes naturais, como o metro, ou derivados de
duas ou mais constantes, como a luz, o nível nacional é o mesmo que o internacional, porque o
estado da arte da tecnologia é o mesmo nos dois níveis.
b. Rastreabilidade
As normas prevêem que devam ser elaborados procedimentos ou instruções de trabalho que
definam a estruturação do sistema de gerenciamento e o controle dos equipamentos. Entre estes
procedimentos citamos os mais importantes:
83
a. Plano de calibração dos equipamentos de inspeção, medição e ensaios (norma geral)
Recomendações do fabricante;
Limitações impostas por entidades governamentais;
84
Freqüência de utilização;
Severidade ambiental;
Características inerentes ao projeto do instrumento;
Grau de exatidão do instrumento em relação à tolerância;
Criticidade e importância da medida efetuada.
Cada vez que o equipamento é calibrado, a freqüência é ajustada em função dos limites de
tolerância estabelecidos. O método é indicado para os casos em que os equipamentos são
gerenciados individualmente.
Método 3: Histórico
85
Método 4: Tempo de uso
Esse método é uma variação dos anteriores. O método básico permanece inalterado, mas a
freqüência é estabelecida em horas de uso, ao invés de meses decorridos. É um método de difícil
gerenciamento que apresenta um custo de implantação muito alto.
Esse método é uma variação dos métodos 1 e 2, sendo especialmente adequado para
instrumentos complexos e bancadas de ensaio. Os parâmetros críticos são verificados
freqüentemente, uma ou até mais vezes ao dia, por um dispositivo de calibração portátil ou de
preferência uma “caixa preta”, construída especialmente para verificar os parâmetros selecionados.
Se a “caixa preta” detectar que o equipamento está “não conforme”, ele é encaminhado para uma
comprovação plena.
86
Devemos considerar ainda que a confiança em um sistema de medições reside no fato de que
a incerteza total da medição seja coerente com a tolerância especificada para o produto. Para isso,
ações devem ser tomadas no sentido de minimizar os erros associados aos processos de medida.
Entre elas:
IT
UT
X
Onde,
UT é a incerteza total do processo de medição.
IT é o intervalo de tolerância requerido da medição.
X é um número inteiro. Entre 4 e 10.
87
eficiente quanto aos prazos de calibração e recolhimento dos instrumentos vencidos, o departamento
da qualidade pode garantir e se responsabilizar por todos os instrumentos em uso estarem aprovados
e em condições. Os auditores poderão comprovar essa situação, fazendo uma amostragem dos
equipamentos na empresa. Outra maneira é fornecer ao usuário listas dos equipamentos que ele
utiliza, identificando seu status.
Num sistema de comprovação metrológica devem ser mantidos registros que evidenciem as
ações executadas. Dentre eles, destacamos os “certificados de calibração” que garantem maior
confiança nos resultados obtidos e garantem a rastreabilidade e o uso dessas informações em outros
processos. Esses certificados devem conter, segundo o guia ISO/IEC 17025:2001, no mínimo, os
seguintes itens abaixo relacionados:
88
nome do laboratório
LOGO DO Laboratório de Metrologia XXXXXX
LABORATÓRIO Rua XXXXXXXXXXXXXX
CEP XXXXXXXXXX
Tel.: (0XX21) XXXXXXXXXX
CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO Nº
METODOLOGIA UTILIZADA
A calibração foi realizada com base no método de comparação direta.
RASTREABILIDADE
RESULTADOS DA CALIBRAÇÃO
A incerteza expandida de medição relatada é declarada como a incerteza padrão da medição multiplicada pelo
fator de abrangência kp, que para uma distribuição normal corresponde a uma probabilidade de abrangência de
95,45%.
OBSERVAÇÕES
a) É permitida a reprodução deste certificado somente em sua totalidade, sem prévia autorização do Laboratório de Metrologia.
b) Os resultados deste certificado referem-se exclusivamente ao objeto calibrado nas condições especificadas, não sendo extensivo a quaisquer
equipamentos
c) A calibraçãode mesmanão
efetuada natureza.
isenta o objeto do controle metrológico estabelecido pela regulamentação metrológica.
d) A incerteza padrão de medição foi determinada de acordo com a publicação EA-4/02:1999
Calibração: 16/03/2006
Emissão: 03/04/2006
___________________________________________ _____________________________
XXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Tecnico Metrologista Gerente Tecnico
Figura 12 - Modelo de certificado de calibração
89
Quando as calibrações são realizadas internamente, pode-se utilizar um modelo simplificado
de certificado. Esses certificados devem ser validados contra os critérios de aceitação estabelecidos.
Essa validação pode ser feita através de carimbos, conforme Figura 8, ou manuscrita com a
colocação da data e da assinatura do responsável pela validação. Os certificados somente terão valor
como registro da qualidade após esta providencia.
APROVADO
DATA: VISTO:
CALIBRAÇÃO CALIBRAÇÃO
PARÂMETRO
DIMENSIONAL ELÉTRICA/FÍSICA
Temperatura (20 1)ºC (23 1,5)ºC
Velocidade máxima de
alteração da 1ºC/h 1,5ºC/h
temperatura
Umidade relativa (35 a 55) % e 5%
Poeira máxima 20 x 104 partículas/pé cúbico > 0,5 m
Iluminação 1000 lux em qualquer ponto
a. Local de armazenamento
Os instrumentos devem ser mantidos em locais adequados, tanto na linha de produção quanto
na sala de metrologia. Devem ser providenciados estojos ou embalagens que preservem o
instrumento da deterioração. Devem também, serem observados cuidados, como: temperatura
controlada, ausência de poeira, vibrações, entre outros.
90
b. Manuseio
Uma das maiores fontes de rejeição de instrumentos decorre da falta de cuidados básicos por
parte dos usuários. Isto requer investimentos no treinamento de funcionários para melhorar o nível de
entendimento quanto à importância desses cuidados. A comprovação desses treinamentos é hoje,
quase que exclusivamente, a única evidência aceita pelos auditores quanto a esse requisito.
c. Preservação
Lubrificação;
Fontes de tensão;
Limpeza;
Cabos de alimentação.
7.15. Lacre
Aqueles instrumentos em que o operador não necessite realizar ajustes periódicos ou ajustes
antes da medição devem ser lacrados para evitar que ajustes inadvertidos sejam feitos. O lacre mais
comum utilizado na maioria das empresas é a tinta ou esmalte.
91
Exercícios
1. Responda:
3. Se a produção de parafusos numa fábrica deve ter diâmetros de (10,0 ± 0,1) mm, assinale a
alternativa que representa o seu intervalo de tolerância.
a) 0,01 mm
b) 0,1mm
c) 0,2mm
d) 0,02 mm
92
5. Assinale a alternativa que é irrelevante num certificado de calibração.
7. Se a produção de parafusos numa fábrica deve ter diâmetros de (10,0 ± 0,1) mm, qual deve ser a
resolução do instrumento utilizado, para essa medição, afim de que a relação de exatidão seja 4.
a) 0,1 mm
b) 0,01mm
c) 0,5mm
d) 0,05 mm
8. Em uma produção em série, de uma peça de comprimento (15,00 ± 0,05) mm, foi adotado um
micrômetro para seu controle de qualidade. Considerando a incerteza total do processo de
medição como sendo 0,02mm, qual das opções abaixo melhor representa o intervalo de aceitação
da peça.
a) (14,98 a 15,06) mm
b) (14,95 a 15,05) mm
c) (14,00 a 16,00) mm
d) (14,98 a 15,02) mm
93
CAPÍTULO VIII
LABORATÓRIO DE CALIBRAÇÃO E
ENSAIO
(Texto retirado do site do INMETRO em 05/11/2006 – www.inmetro.gov.br)
O Inmetro acredita:
Organismos de Certificação;
Organismos de Inspeção
Laboratórios de Calibração
Laboratórios de Ensaios
94
O movimento da qualidade no Brasil e a substituição da política econômica protecionista
estimularam de forma expressiva a demanda de serviços metrológicos, suplantando a capacidade de
atendimento dos laboratórios disponíveis no Inmetro. Com o objetivo de disponibilizar ao país uma
infra-estrutura de serviços básicos para a competitividade, em atendimento à demanda, foi
estimulada, em 1980, a criação da Rede Brasileira de Calibração (RBC).
Constituída por laboratórios acreditados (credenciados) pelo Inmetro, a RBC congrega
competências técnicas e capacitações vinculadas às indústrias, universidades e institutos
tecnológicos, habilitados à realização de serviços de calibração. A acreditação (Acreditação)
subentende a comprovação da competência técnica, credibilidade e capacidade operacional do
laboratório.
A concessão da acreditação (Acreditação) atribuído pelo Inmetro, por intermédio da Divisão
de Acreditação de Laboratórios de Calibração, vinculada à Coordenação de Acreditação - CGCRE,
efetua-se em conformidade com procedimentos internacionais de "acreditação" constantes do
ISO/IEC Guide 25 (1990), disponíveis em publicação própria do Inmetro.
Embora sistemicamente estruturada, esta matriz laboratorial carece de importantes
especialidades da metrologia e apresenta-se incompatível com a crescente procura da certificação
ISO 9000, indutora da demanda de serviços metrológicos.
A RBC deve ser entendida pela sua atuação estruturante na coordenação do sistema
metrológico brasileiro, operando em sintonia com os Laboratórios Metrológicos do Inmetro, segundo
procedimentos consistentes e harmonizados com seus similares internacionais. Utilizando padrões
rastreáveis às referências metrológicas mundiais de mais alta exatidão, a RBC estabelece o vínculo
com as unidades do Sistema Internacional (SI) constituindo a base técnica imprescindível ao livre
comércio ente áreas econômicas preconizado nos mercados globalizados.
Em perfeita articulação com os laboratórios metrológicos que integram a RBC, compete a sua
coordenação, buscar os meios para assegurar o provimento desses serviços no atendimento às
necessidades dos diferentes setores, de forma compatível com seus interesses e especificidades,
segundo os diferentes níveis de desenvolvimento econômico.
De forma mais ampla, a RBC atua também no provimento dos serviços metrológicos que
estabelecem as salvaguardas da defesa do consumidor, da construção da cidadania, da saúde, da
proteção e preservação do meio ambiente.
95
8.2. Laboratórios de Ensaio Acreditados (Rede Brasileira de
Laboratórios de Ensaio – RBLE.)
96
8.4. Laboratórios Designados
O Inmetro conta ainda com laboratórios metrológicos que operam por delegação
supervisionada, são eles:
Para os avaliadores/auditores:
97
É um marco diferencial no mercado, sendo garantia de integridade e competência,
aumentando assim as oportunidades comerciais dos avaliadores; proporciona ao
avaliador a possibilidade prestar um serviço reconhecido internacionalmente;
Oferece garantias de sua competência é um meio de conscientização sobre a
necessidade de melhoria contínua.
Inspira confiança no provedor ao garantir que o produto tem sido avaliado por um
organismo independente e competente;
Aumenta a liberdade de escolha e fomenta um mercado livre, porém confiável.
98
BIBLIOGRAFIA
Araújo, Rudnei Viegas; Mendes Alexandre. Metrologia Aplicada. Programa de Formação de Operadores de
Produção e Refino de Petróleo e Gás. Petrobras. 2005.
Dias, José Luciano de Mattos. Medida, Normalização e Qualidade. FGV. 1998. ISBN: 85-86920-01-0. Rio de
Janeiro.
INMETRO. Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais em Metrologia. Rio de Janeiro, 1995.
Mendes, Alexandre; Rosário, Pedro Paulo. Metrologia e Incerteza de Medição. 2005. Editora EPSE.
SBM, Termos e Expressões de Metrologia Aplicáveis ao Ambiente da Saúde. Editora Epse. 2005. São Paulo.
Sites recomendado
INMETRO: www.inmetro.org.br
ASTM - American Society for Testing and Materials, Estados Unidos: www.astm.org
99