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CONFIABILIDADE

METROLÓGICA
SUPERVISOR DA QUALIDADE
CONFIABILIDADE METROLÓGICA

1
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MENDES, Alexandre
Confiabilidade Metrológica /CEFET Química de Nilópolis/RJ. Rio de Janeiro, 2007.

13 p.:il.

PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.

Av. Almirante Barroso, 81 – 17º andar – Centro


CEP: 20030-003 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

2
INDICE
CAPÍTULO I...........................................................................................................................................9
SISTEMAS DE UNIDADES ...................................................................................................................9
1.1. SISTEMA INTERNACIONAL ......................................................................................................... 9
1.2. UNIDADES BÁSICAS E DERIVADAS DO SI .................................................................................. 10
a. Unidades de base....................................................................................................................11
b. Unidades derivadas .................................................................................................................13
1.3. MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DECIMAIS ................................................................................... 15
1.4. REGRAS DE ESCRITA E EMPREGO DE SÍMBOLOS DAS UNIDADES SI ............................................. 16
1.5. REGRAS PARA EMPREGO DOS PREFIXOS NO SI ........................................................................ 17
1.6. ERROS MAIS COMUNS ............................................................................................................ 17
1.7. SISTEMAS DE UNIDADES NÃO OFICIAIS ..................................................................................... 18
a. Unidades em uso com o SI......................................................................................................18
b. Unidades admitidas temporariamente .....................................................................................18
c. Outras unidades de medida .....................................................................................................19
CAPÍTULO II........................................................................................................................................23
SISTEMA DE MEDIÇÃO .....................................................................................................................23
2.1. AGENTES METROLÓGICOS ..................................................................................................... 23
a. Método de Medição .................................................................................................................24
b. Amostra ...................................................................................................................................24
c. Operador .................................................................................................................................25
d. Condições Ambientais .............................................................................................................25
e. Equipamento ...........................................................................................................................25
2.2. REALIZAÇÃO DA MEDIÇÃO ..................................................................................................... 26
a. Medição direta .........................................................................................................................26
b. Medição indireta ......................................................................................................................26
2.3. CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO ....................................................................... 27
a. Faixa de Indicação ..................................................................................................................27
b. Faixa de Medição ....................................................................................................................28
c. Valor de uma Divisão (VD) ......................................................................................................28
d. Incremento Digital....................................................................................................................28
e. Resolução ...............................................................................................................................28
f. Repetitividade...........................................................................................................................29
g. Curva de Calibração ................................................................................................................29
h. Exatidão de um instrumento de medição.................................................................................30
i. Classe de exatidão ...................................................................................................................30
j. Sensibilidade ............................................................................................................................31
2.4. ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS ................................................................................................ 31
a. Conversão de Unidades ..........................................................................................................33
b. Arredondamento......................................................................................................................33
c. Operações com Algarismos Significativos ...............................................................................34
CAPÍTULO III......................................................................................................................................36
ERRO E INCERTEZA DE MEDIÇÃO ..................................................................................................36
3.1. TIPOS DE ERROS ................................................................................................................... 37
a. Erro relativo .............................................................................................................................37
b. Erro Grosseiro .........................................................................................................................37
c. Erro Fiducial.............................................................................................................................37
d. Erro Máximo Admissível ..........................................................................................................38
e. Erro Sistemático ......................................................................................................................38
f. Tendência.................................................................................................................................38
g. Correção..................................................................................................................................39
h. Histerese (erro de)...................................................................................................................39
i. Erro Aleatório............................................................................................................................39

3
3.2. EXEMPLO DE ERRO SISTEMÁTICO E ALEATÓRIO ....................................................................... 40
3.3. INCERTEZA DE MEDIÇÃO ........................................................................................................ 42
a. Função Distribuição de Probabilidade .....................................................................................42
b. Média Aritmética......................................................................................................................43
c. Medidas de Dispersão .............................................................................................................44
d. Distribuições de Probabilidade ................................................................................................47
d. Teorema do Limite Central ......................................................................................................49
e. Incerteza de Medição ..............................................................................................................49
CAPÍTULO IV ......................................................................................................................................55
PADRÕES E FAIXAS DE MEDIÇÃO ..................................................................................................55
4.1 RASTREABILIDADE DE PADRÕES .............................................................................................. 55
Rastreabilidade............................................................................................................................55
4.2 ESCOLHA DO PADRÃO ADEQUADO .......................................................................................... 56
4.3 FAIXA DE TOLERÂNCIA ............................................................................................................ 57
CAPÍTULO V .......................................................................................................................................60
CRITÉRIOS DE REJEIÇÃO ................................................................................................................60
5.1 CRITÉRIO DE CHAUVENET ....................................................................................................... 60
5.2. TESTE DE DIXON ................................................................................................................... 63
CAPÍTULO VI .....................................................................................................................................65
ANÁLISE DE VARIÂNCIAS ................................................................................................................65
6.1. TESTE DE COCHRAN (HOMOGENEIDADE DE VARIÂNCIAS).......................................................... 65
6.2. COMPARAÇÃO DE VARIÂNCIAS - F DE SNEDECOR .................................................................... 67
6.3. ANOVA ............................................................................................................................... 71
CAPÍTULO VII ....................................................................................................................................74
CONFIABILIDADE METROLÓGICA...................................................................................................74
7.1. CALIBRAÇÃO E SELEÇÃO DO INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO .......................................................... 74
7.2. A DEFINIÇÃO DO MENSURANDO E O MÉTODO DE MEDIÇÃO ......................................................... 74
7.3. SELEÇÃO EM FUNÇÃO DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO DO INSTRUMENTO ......................................... 75
7.4. SELEÇÃO EM FUNÇÃO DA INCERTEZA TOTAL DA MEDIÇÃO ......................................................... 76
7.5. CONTROLE DO SISTEMA DE MEDIÇÃO....................................................................................... 79
a. Individual .................................................................................................................................79
b. Pior caso (ou mais estreito) .....................................................................................................80
7.6. TIPOS DE CONFIRMAÇÃO METROLÓGICA .................................................................................. 80
a. Calibração ...............................................................................................................................81
b. Verificação...............................................................................................................................81
c. Não aplicável ...........................................................................................................................81
7.7. HIERARQUIA DOS PADRÕES E RASTREABILIDADE ...................................................................... 81
a. Hierarquia dos padrões ...........................................................................................................81
b. Rastreabilidade........................................................................................................................83
7.8. DOCUMENTAÇÃO DO SISTEMA DE COMPROVAÇÃO .................................................................... 83
a. Plano de calibração dos equipamentos de inspeção, medição e ensaios (norma geral) .........84
b. Freqüências de calibração e critérios para ajustes ..................................................................84
c. Procedimentos para controle das condições ambientais (quando as calibrações forem
internas) ......................................................................................................................................84
7.9. FREQÜÊNCIAS DE CALIBRAÇÃO ............................................................................................... 84
a. Escolha da freqüência inicial ...................................................................................................84
b. Métodos para ajustes das freqüências ....................................................................................85
7.10. ADEQUAÇÃO AO USO ........................................................................................................... 86
7.11. ETIQUETAS DE COMPROVAÇÃO ............................................................................................. 87
7.12. CERTIFICADOS DE CALIBRAÇÃO ............................................................................................ 88
7.13. CONDIÇÕES AMBIENTAIS ...................................................................................................... 90
7.14. ARMAZENAMENTO, MANUSEIO E PRESERVAÇÃO ..................................................................... 90
a. Local de armazenamento ........................................................................................................90
b. Manuseio .................................................................................................................................91
c. Preservação.............................................................................................................................91
7.15. LACRE ................................................................................................................................ 91
CAPÍTULO VIII ...................................................................................................................................94

4
LABORATÓRIO DE CALIBRAÇÃO E ENSAIO..................................................................................94
8.1. LABORATÓRIOS DE CALIBRAÇÃO ACREDITADOS (REDE BRASILEIRA DE CALIBRAÇÃO – RBC) .... 94
8.2. LABORATÓRIOS DE ENSAIO ACREDITADOS (REDE BRASILEIRA DE LABORATÓRIOS DE ENSAIO –
RBLE.)....................................................................................................................................... 96
8.3. LABORATÓRIOS METROLÓGICOS DO INMETRO ......................................................................... 96
8.4. LABORATÓRIOS DESIGNADOS ................................................................................................ 97
8.5. VANTAGENS DA ACREDITAÇÃO ............................................................................................... 97
Para as organizações acreditadas:..............................................................................................97
Para os usuários avaliados:.........................................................................................................97
Para os avaliadores/auditores: ....................................................................................................97
Para os consumidores finais:.......................................................................................................98
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................99

5
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Sede do Bureau Internacional de Pesos e Medidas – BIPM.................................................10


Figura 2 - Medição do metro no BIPM..................................................................................................12
Figura 3 - Medição do metro no INMETRO .........................................................................................13
Figura 4 - Padrão de voltagem do INMETRO......................................................................................14
Figura 5 - Agentes Metrológicos ..........................................................................................................23
Figura 6 - Precisão x Exatidão ............................................................................................................40
Figura 7- Hierarquia Metrológica..........................................................................................................55
Figura 8 - Intervalos de tolerância........................................................................................................59
Figura 9- Calibração de manômetro usando bomba comparativa ........................................................75
Figura 10 - Faixas de intervalo de tolerância .......................................................................................78
Figura 11- Hierarquia dos Padrões ......................................................................................................82
Figura 12 - Modelo de certificado de calibração...................................................................................89
Figura 13 - Logo antigo da RBC; novo logo da RBC............................................................................94

6
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Unidades de base do Sistema Internacional (SI)..................................................................11


Tabela 2: Unidades derivadas do Sistema Internacional (SI) ...............................................................13
Tabela 3: Múltiplos e submúltiplos decimais das unidades do SI .........................................................15
Tabela 4: Erros mais comuns...............................................................................................................18
Tabela 5: Unidades em uso com o SI ..................................................................................................18
Tabela 6: Unidades em uso temporariamente com o SI.......................................................................19
Tabela 7: Conversão de unidades .......................................................................................................19
Tabela 8: Conversão de unidades .......................................................................................................22
Tabela 9: pontos de calibração de um pH............................................................................................29
Tabela 10: erro sistemático x erro aleatório .........................................................................................41
Tabela 11: probabilidade no lançamento de um dado..........................................................................42
Tabela 12: t- student ............................................................................................................................48
Tabela 13 - Limite de rejeição de Chauvenet .......................................................................................61
Tabela 14 teste de Dixon .....................................................................................................................63
Tabela 15 Valores Críticos para o Teste de Dixon ...............................................................................64
Tabela 16 - Valores Críticos para o Teste de Cochran ........................................................................66
Tabela 17 Distribuição F - probabilidade de 95%.................................................................................68
Tabela 18 Distribuição F - probabilidade de 95,45% ............................................................................69
Tabela 19 Distribuição F - probabilidade de 99,0%..............................................................................70
Tabela 20 - Definições dos padrões e suas características .................................................................82
Tabela 21 - utilização e reconhecimento dos padrões .........................................................................83
Tabela 22 - Requisitos mínimos para condições ambientais em salas de calibração ..........................90

7
APRESENTAÇÃO

O QUE É CONFIABILIDADE METROLÓGICA?

Metrologia é a ciência das medições. A formação da palavra metrologia vem do grego “metro”,
que significa medir, e “logia”, que significa estudo. Literalmente, metrologia é a medição das
grandezas fundamentais como: massa, comprimento, tempo, corrente elétrica, temperatura,
intensidade luminosa e quantidade de matéria. A partir dessas grandezas, todas as outras são
derivadas.
O objetivo de um sistema de comprovação metrológica é obter confiança nos resultados de
medição. A obtenção de resultados confiáveis requer uma série de ações e decisões que, se tratadas
em conjunto, nos levam ao resultado esperado e, conseqüentemente, ao atendimento dos requisitos
do cliente. A esse conjunto de ações e decisões chamamos de confiabilidade metrológica. Nos
próximos tópicos abordaremos as principais ações deste sistema, convergindo para a NBR ISO
10.012 – 2004. Norma Brasileira que trata dos Sistemas de Gestão de Medição – Requisitos para
os processos de medição e equipamentos de medição.
No Brasil temos duas instituições que formam técnicos em metrologia. Uma é a Secretaria
Estadual de Educação que com um convenio com o INMETRO, formam técnicos através da Escola
Estadual Circulo Operário, em Xerém, Duque de Caxias. A segunda é o CEFET Química de
Nilópolis/RJ, instituição publica federal, que além de ter o curso técnico em metrologia, tem também o
curso de graduação em Tecnologia da Gestão da Produção e Metrologia. Curso superior com 2 anos
e meio de duração.

8
CAPÍTULO I

SISTEMAS DE UNIDADES

Essencial para a realização das medições é a existência da unidade. A unidade deve ser
estabelecida por um padrão, segundo uma convenção própria, regional, nacional ou internacional. As
unidades de medidas representam valores de referência, que nos permitem:

Expressar as dimensões de objetos;


Confeccionar e, em seguida, controlar as dimensões desses objetos.

Ao longo da história, diversos foram os sistemas de unidades estabelecidos nas diferentes


regiões do mundo. Para exemplificar citaremos alguns:

MKS (Metro; quilograma; segundo).


Sistema que deu origem ao Sistema Internacional de Unidades de Medida e que está fora
de uso.

CGS (centímetro; grama e segundo). Sistema ainda em uso


Sistema Inglês: Sistema adotado nos países de língua inglesa

1.1. Sistema Internacional

Em 1968, o Bureau Internacional de Pesos e Medidas, BIPM, desenvolveu um sistema de


unidades completamente coerente que foi adotado internacionalmente. Esse sistema é conhecido
como Sistema Internacional, ou SI.
O SI é composto das unidades de base, das unidades derivadas e das unidades
suplementares.
O BIPM é um órgão internacional com sede em Genebra, Suíça, que tem por missão
assegurar a unificação mundial das medidas físicas. Cabe ao BIPM:

9
estabelecer os padrões fundamentais e as escalas das principais grandezas físicas;
conservar os protótipos internacionais;
efetuar a comparação dos padrões nacionais e internacionais;
assegurar a coordenação das técnicas de medidas correspondentes;
efetuar e coordenar as determinações relativas às constantes físicas que intervêm
naquelas atividades.

A adoção das unidades do SI no Brasil é obrigatória por força de lei e traz, dentre outros, os
seguintes pontos positivos:

Facilidade de entendimento de informações em nível internacional;


Demonstração de maturidade técnica através do abandono de sistemas superados;
Simplificação das equações que descrevem os fenômenos físicos, pelo fato de existir
consistência entre as unidades das grandezas envolvidas.

Figura 1- Sede do Bureau Internacional de Pesos e Medidas – BIPM

1.2. Unidades básicas e derivadas do SI

O Sistema Internacional divide-se em duas classes de unidades: unidades de base, unidades


derivadas.

10
As unidades de medidas definem de que forma a grandeza física foi medida. Não devemos
confundir grandeza física com unidade de medida.

Exemplo:
Tempo é uma grandeza física, mas podemos medi-lo usando várias unidades de medida (segundo;
hora; minuto etc.).

a. Unidades de base

No SI são definidas sete grandezas físicas, independentes, chamadas grandezas de base.


Essas grandezas são definidas utilizando as unidades de base do SI. As definições, as unidades e os
símbolos destas grandezas são apresentados na Tabela 1.
A definição de cada grandeza reflete o estágio tecnológico em que nos encontramos. Essas
definições não são fixas e podem sofrer alterações em virtude de avanços tecnológicos que criem
melhores condições de determinação dessas grandezas, tragam mais praticidade ou impliquem em
menores erros.
As regras para escrita e emprego dos símbolos das unidades e grandezas físicas, serão
discutidas mais adiante.

Tabela 1: Unidades de base do Sistema Internacional (SI)

Grandeza Definição Unidade Símbolo


O metro é o comprimento do trajeto percorrido
Comprimento pela luz no vácuo, durante o intervalo de metro m
tempo de 1/299.792.458 do segundo.
O quilograma é a unidade de massa igual à
Massa massa do protótipo internacional do quilograma kg
quilograma
O segundo é a duração de 9.192.631.770
períodos da radiação correspondente à
Tempo segundo s
transição entre dois níveis hiperfinos do
estado fundamental do Césio 133.
O ampère é a intensidade de uma corrente
elétrica que, mantida entre dois condutores
Corrente paralelos, retilíneos, de comprimento infinito,
ampère A
Elétrica de seção circular desprezível e situada à
distância de 1 m entre si, no vácuo, produz
uma força igual a 2.10-7 N/m.
Temperatura O kelvin é a fração 1/273,16 da temperatura
kelvin K
Termodinâmica termodinâmica do ponto triplo da água.
A candela é a intensidade luminosa, numa
dada direção de uma fonte, que emite uma
Intensidade
radiação monocromática de freqüência candela cd
luminosa
540x10-12 e cuja intensidade energética nessa
direção é de 1/683 W/esterradiano.

Quantidade O mol é a quantidade de matéria de um mol mol

11
de matéria sistema contendo tantas entidades
elementares quanto átomos existentes em
0,012 kg de Carbono 12.

Obs: A escala de temperatura termodinâmica, kelvin, não é escrita e nem pronunciada como grau
kelvin. Devemos, quando nos referirmos a temperatura termodinâmica, utilizarmos à expressão kelvin.
Por exemplo: 120 K (cento e vinte kelvin).

Figura 2 - Medição do metro no BIPM

12
Figura 3 - Medição do metro no INMETRO

b. Unidades derivadas

Unidades derivadas são as unidades formadas pela combinação das unidades de base
segundo relações algébricas. Constituem a grande maioria das unidades em uso.
Algumas dessas unidades, por serem muito empregadas, recebem denominação específica,
quase sempre em homenagem aos físicos e matemáticos que as enunciaram como é o caso do
Newton, Pascal, Watt, Hertz etc. A tabela 3 apresenta algumas destas grandezas, suas unidades e
símbolos.

Tabela 2: Unidades derivadas do Sistema Internacional (SI)

13
Grandeza Unidade Símbolo
Área metro quadrado m2
Volume metro cúbico m3
Velocidade metro por segundo m/s
Aceleração metro por segundo ao quadrado m/s2
Massa específica quilograma por metro cúbico kg/m3
Concentração mol por metro cúbico mol/m3
Volume específico metro cúbico por quilograma m3/kg
Luminância candela por metro quadrado cd/m2
Freqüência hertz Hz
Força newton N
Pressão pascal Pa
Energia, trabalho joule J
Potência, fluxo energético watt W
Carga elétrica coulomb C
Tensão elétrica volt V
Capacitância farad F
Resistência elétrica ohm
Condutância siemens S
Fluxo de indução magnética weber Wb
Indução magnética tesla T
Indutância henry H
Fluxo luminoso lúmen lm
Iluminamento lux lx
Viscosidade dinâmica pascal segundo Pa.s
torque newton metro N.m
Tensão superficial newton por metro N/m
Capacidade térmica, entropia joule por kelvin J/K

Figura 4 - Padrão de voltagem do INMETRO

14
Importante
Cada grandeza física tem uma só unidade no SI, mesmo que essa unidade possa ser expressa sob
diferentes formas. Porém, o inverso não é verdadeiro. Uma mesma unidade SI pode corresponder a
várias grandezas diferentes.

Exemplo:
A unidade de medida de capacidade térmica é o J/K. Essa mesma unidade de medida é também
utilizada para entropia.

1.3. Múltiplos e submúltiplos decimais

No SI, as unidades e seus múltiplos e submúltiplos decimais também são padronizados. A


nomenclatura e a simbologia destes múltiplos são apresentados na tabela abaixo.

Tabela 3: Múltiplos e submúltiplos decimais das unidades do SI

FATOR PREFIXO SÍMBOLO FATOR PREFIXO SÍMBOLO


1024 yotta Y 10-1 deci d
1021 zetta Z 10-2 centi c
1018 exa E 10-3 mili m
15 -6
10 peta P 10 micro
1012 tera T 10-9 nano n
109 giga G 10-12 pico p
106 mega M 10-15 femto f
103 quilo k 10-18 atto a
102 hecto h 10-21 zepto z
101 deca da 10-24 yocto y

15
1.4. Regras de escrita e emprego de símbolos das unidades SI

A seguir são apresentados os princípios gerais referentes à grafia dos símbolos das unidades.

1. Quando escrito por extenso, os nomes de unidades começam por letra minúscula, mesmo
quando têm o nome de um cientista (por exemplo, ampère, kelvin, newton, etc.) os símbolos
das unidades devem ser expressos em caracteres romanos minúsculos.

2. Quando o nome da unidade derivar de um nome próprio, a primeira letra do nome será
maiúscula.
Por exemplo, a unidade hertz é abreviada por Hz;

3. Os símbolos das unidades permanecem invariáveis no plural (por exemplo, 5h e não 5 hs; 3
m e não 3 mts);

4. Os símbolos das unidades não são seguidos por ponto.

A Organização Internacional para a Normalização (ISO) baixou recomendações adicionais


para uniformizar as modalidades de emprego dos símbolos das unidades SI.

De acordo com estas recomendações:

O produto de duas ou mais unidades pode ser indicado de uma das seguintes maneiras,
com ou sem o uso do ponto:
N.m ou Nm;

Quando uma unidade derivada é constituída pela divisão de uma unidade por outra, pode-
se utilizar a barra inclinada (/), o traço horizontal ou potência negativa.
Ex.: m/s,ou m.s-1 ;

Para evitar ambigüidades, nunca repetir na mesma linha mais de uma barra inclinada, a
não ser com o emprego de parênteses. Nos casos complexos, recomenda-se o uso de
parênteses ou potências negativas.
Ex.: m/s ou m.s-1 ao invés de m/s/s.

Importante

16
Dentre as unidades de base do SI, a massa é a única cujo nome, por motivos históricos,
contém um prefixo. Os nomes dos múltiplos e submúltiplos decimais das unidades de massa são
formados pelo acréscimo de prefixos à palavra “grama”.

Por exemplo, 10-6 kg = 1 miligrama (1mg) e não 1 microquilograma (1 kg).

A única unidade que pode ser abreviada com letra maiúscula, sem ser nome próprio é o litro.
O motivo é que abreviando litro no computador (l), com letra minúscula fica parecendo (i) maiúsculo.
Deste modo, é autorizada a exceção (L).

1.5. Regras para emprego dos prefixos no SI

Os princípios gerais adotados pela ISO no emprego de prefixos SI são:

os símbolos dos prefixos são impressos em caracteres romanos, sem espaçamento entre
o símbolo do prefixo e o símbolo da unidade.

o conjunto formado pelo símbolo de um prefixo ligado ao símbolo de uma unidade


constitui um novo símbolo inseparável (símbolo de um múltiplo ou submúltiplo dessa
unidade) que pode ser elevado a uma potência positiva ou negativa e que pode ser
combinado a outros símbolos de unidades para formar os símbolos de unidades
compostas.
Por exemplo, 1cm3 = (10-2m)3 = 10-6m3
1V/cm = (1V)/(10-2m) = 102V/m

os prefixos compostos, formados pela justaposição de vários prefixos SI, não são
admitidos.
Por exemplo, 1nm ao invés de 1m m

1.6. Erros mais comuns

A seguir, são listados os erros mais comuns cometidos na utilização prática do SI.

17
Tabela 4: Erros mais comuns
ERRADO CERTO
Km km
Kg kg
a grama (capim) o grama (unidade de massa)
2hs 2h
80KM 80km
250°K (250 graus kelvin) 250K (250 kelvin)

1.7. Sistemas de unidades não oficiais

a. Unidades em uso com o SI

O BIPM reconheceu também a necessidade de empregarmos certas unidades que não fazem
parte do SI, porém estão amplamente difundidas. Estas unidades desempenham um papel importante
no meio metrológico e é necessário conservá-las para uso geral. A formação de unidades compostas
com estas unidades não deve ser praticada, exceto em casos limitados, a fim de não perder a
coerência das unidades SI. A Tabela abaixo apresenta as unidades admitidas para uso com o SI.

Tabela 5: Unidades em uso com o SI

UNIDADE SÍMBOLO VALOR EM UNIDADES SI


minuto min 1min = 60s
hora h 1h = 60min = 3600s
dia d 1d = 24h = 86400s
grau ° 1° = ( /180)rad
minuto ´ 1´ = (1/60)° = ( /10800)rad
segundo ” 1” = (1/60)´ = ( /648000)rad
litro L 1L = 1dm3 = 10-3m3
tonelada t 1t = 103kg

Obs. No caso da unidade litro, aceita-se o símbolo L maiúsculo para diferenciar da letra I (i)
maiúscula, idêntica ao L minúsculo quando digitado.

b. Unidades admitidas temporariamente

Em virtude de hábitos existentes em alguns países, o BIPM julgou aceitável que as unidades
apresentadas na Tabela 6 continuassem a ser utilizadas em conjunto com o SI até que seu emprego
não seja mais necessário. Estas unidades não devem ser introduzidas nos domínios onde não são
mais utilizadas.

18
Tabela 6: Unidades em uso temporariamente com o SI

UNIDADE SÍMBOLO VALOR EM UNIDADES SI


milha marítima 1 milha marítima = 1852m
nó 1 milha marítima por hora = (1852/3600)m/s
angstrom Å 1 Å = 0,1nm = 10-10m
2 2 2
are a 1 a = 1dam = 10 m
2 4 2
hectare ha 1ha = 1hm = 10 m
1bar = 0,1Mpa =100kPa = 1000hPa =
bar bar
105Pa

c. Outras unidades de medida

Os países de língua inglesa utilizam um sistema de medidas baseado na “jarda imperial”


(yard) e seus derivados não decimais. A “polegada inglesa” (inch) equivale a 25,399956 mm à
temperatura de 0 C. Os americanos adotam a polegada milesimal cujo valor foi fixado em
25,4000508mm à temperatura de (16 3) C. Para medidas industriais o valor da polegada é
estabelecido como 25,4mm à temperatura de 20 C.
Na tabela abaixo, estão representadas algumas das mais importantes unidades, tanto do
Sistema Inglês como de outros sistemas.

Tabela 7: Conversão de unidades

19
20
Tabela 8 - Conversão de Unidades

21
Tabela 8: Conversão de unidades

22
CAPÍTULO II

SISTEMA DE MEDIÇÃO

Em qualquer campo de atividade as decisões são tomadas com base em informações. Na


área científica e tecnológica tais informações são, em geral, medições realizadas de forma direta ou
indireta, relacionadas com o objeto em estudo.
Por definição, medição é o “conjunto de operações que tem por objetivo determinar o valor de
uma grandeza”.

2.1. Agentes Metrológicos

As medições são influenciadas por alguns agentes metrológicos, tais como: o método de
medição, a amostra, o operador, o equipamento e as condições ambientais. Dessa maneira, podemos
entender a medida como sendo o resultado do processo de medição e, nesse sentido, sua qualidade
depende de como tal processo é gerenciado.
A figura 5 a seguir representa graficamente os agentes metrológicos que influenciam no
processo de medição.

MÉTODO AMOSTRA OPERADOR

MEDIDA

CONDIÇÕES EQUIPAMENTO
AMBIENTAIS

Figura 5 - Agentes Metrológicos

23
a. Método de Medição

É a “seqüência lógica de operações, descritas genericamente, usadas na execução das


medições” [9]. O método de medição pode estar contido em uma norma técnica, procedimento,
instrução de trabalho, fluxograma ou qualquer outra forma de documento interno da organização.
Exemplo: a norma ABNT NBR 14105 determina as condições necessárias para a realização
da calibração de Manômetros Tipo Bourdon. Dentre os vários requisitos ela define, por exemplo, o
número mínimo de pontos de calibração em função da classe de exatidão do manômetro (classes
A1/A2/A3/A4 – 10 pontos; classes A/B/C/D - 5 pontos).
Devemos ressaltar que o método de medição deve ser desenvolvido por especialistas no
assunto em questão e que, de regra geral, será utilizado por outros técnicos com um mínimo de
conhecimento e capacitação nas técnicas definidas no método.

b. Amostra

É uma parte de um todo que, uma vez avaliada, analisada e medida, garante que os
resultados encontrados podem ser atribuídos ao conjunto original.
Exemplo: Verificação do passo da rosca de um parafuso em um lote de 10.000 parafusos.
Uma alternativa seria medir todos os parafusos (processo demorado e oneroso).
Outra alternativa, mais viável, seria escolher aleatoriamente um determinado número de
peças como amostra (nota: a norma ABNT NBR 5426 pode ser utilizada na definição do tamanho da
amostra). A média das medidas do passo das peças escolhidas pode ser considerada como uma boa
estimativa para o total de parafusos.
Devemos tomar cuidado na seleção e utilização da amostra, de modo que ela realmente
represente o conjunto, caso contrário, estaremos atribuindo valores errados por uma escolha ou
manuseio indevidos da amostra.
Alguns cuidados básicos devem ser observados na escolha da amostra, tais como:

(i) o tamanho da amostra;


(ii) seleção aleatória da amostra e que pertença ao mesmo lote de fabricação;
(iii) que as medições sejam realizadas nas mesmas condições ambientais, ou mais próximo
possível, daquelas de fabricação ou manuseio, ou em condições definidas em normas ou
procedimentos técnicos;
(iv) evitar contaminações que possam modificar as características da amostra;
(v) verificar o prazo de validade da amostra.

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c. Operador

O operador é uma peça-chave no processo. Ele deve ser conhecedor do método de medição,
saber avaliar as condições ambientais e decidir sobre a realização ou não das medições, saber
selecionar adequadamente a amostra a ser avaliada, ser treinado e capacitado para a utilização
correta dos equipamentos que compõem o sistema, além de registrar e interpretar corretamente o
resultado das medições.

d. Condições Ambientais

Entendemos as condições ambientais como sendo a influência de fatores ambientais, tais


como a temperatura, umidade, poeira, vibração, flutuação na tensão de alimentação elétrica, ruído e
outros, no local onde as medições são realizadas. Esses fatores devem ser monitorados e
controlados de modo a minimizar seus efeitos no resultado final da medição.
Exemplo: para medirmos a concentração de um determinado ingrediente ativo que entra na
composição de um remédio, é preciso que a temperatura do laboratório seja mantida em (22 + 0,5) oC
e a umidade relativa em (50 + 5) %.
Um sistema condicionador de ar deve, então, controlar a temperatura e a umidade nas
condições ideais. Quando qualquer anomalia surgir, seja na temperatura ou na umidade, devemos
interromper as medições.
Outro exemplo, a norma ABNT NBR 14105 (manômetro bourdon) determina que as
calibrações sejam efetuadas em condições controladas de temperatura de (20 + 2) oC.

e. Equipamento

Todo e qualquer “dispositivo, utilizado sozinho ou em conjunto com outros, para realizar uma
medição” é chamado de instrumento de medição.
O “conjunto completo de instrumentos de medição e outros equipamentos acoplados para
executar uma medição específica” são denominados sistema de medição.

a) Exemplos de instrumentos de medição: manômetro tipo bourdon, paquímetro, micrômetro,


termômetro de líquido em vidro (TLV), multímetro, balança analítica;

b) Exemplos de sistemas de medição: bomba de gasolina de um posto de abastecimento;


“aparelhagem para calibração de termômetros clínicos; aparelhagem para medição de condutividade
de materiais semicondutores”.

25
Assim, antes de se efetuar e utilizar uma medida como informação relevante para qualquer
tomada de decisão, é necessário analisar o processo de medição, de modo a se conhecer todas as
fontes de variação associadas aos agentes metrológicos.
Uma vez identificadas estas fontes de variação, deve-se atuar sobre o processo de medição
de modo que ele dê origem a medidas de qualidade, ou seja, metrologicamente confiáveis.
A medição pode ser utilizada para indicar ou controlar um processo, monitorar uma situação
de alarme ou, simplesmente, investigar um fenômeno (físico, químico, biológico etc.).
No caso de uma indicação simples, os sistemas de medição indicam o valor instantâneo, ou
acumulado, da grandeza a ser medida. Como exemplo citamos os velocímetros e hodômetros dos
automóveis, termômetros clínicos, manômetros, entre outros.
Um sistema de controle utiliza um transdutor (“dispositivo que fornece uma grandeza de saída
que tem uma correlação determinada com a grandeza de entrada” [9]) e um controlador capaz de
manter uma grandeza, ou processo, dentro de certos valores especificados. A grandeza é medida,
seu valor comparado com um valor de referência e uma ação de correção é tomada, a fim de manter
esta grandeza próxima a este valor da referência.

2.2. Realização da Medição

Basicamente existem duas formas de realizar uma medição, a direta e a indireta.

a. Medição direta

Neste caso, utilizamos diretamente o instrumento para obter o resultado da medição


desejada.
Exemplos: medição do diâmetro de uma peça com um paquímetro; pesagem de um objeto
com uma balança de mola; medição da corrente elétrica de um circuito com amperímetro, indicação
da temperatura usando um TLV.

b. Medição indireta

Nesta situação, as medições são efetuadas indiretamente ou por comparações com valores
conhecidos.

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Exemplos: “medir” (calcular) a área de um terreno retangular, medindo-se o comprimento de
cada um dos lados; medição de volumes utilizando uma forma geométrica com volume conhecido;
pesagem de um corpo com uma balança de pratos, comparando-se com uma massa-padrão; medição
da temperatura utilizando um termoresistor de platina (neste caso mede-se o valor da resistência
elétrica do sensor e utiliza-se uma tabela de conversão /oC).
Comparativamente, cada forma de realização da medição possui características e exatidões
diferentes. Na balança de mola, por exemplo, a exatidão do sistema depende da mola, ao passo que
na balança de pratos a exatidão depende da massa-padrão. Como a estabilidade e confiabilidade das
massas são geralmente melhor que a da mola, podemos considerar que a exatidão deste método
comparativo é superior ao da indicação direta dada pela mola.

2.3. Características dos Sistemas de Medição

Uma medida é obtida pela aplicação de alguns “parâmetros característicos” do Sistema de


Medição, que devem ser conhecidos pelo usuário antes do início da operação de medição. Os
resultados podem ser expressos por meio de constantes aditivas ou multiplicativas, equações lineares
ou não lineares, tabelas ou gráficos.
Em boa parte dos Sistemas de Medição comerciais, a medida coincide numericamente com a
leitura, caso em que apenas a constante multiplicativa unitária está presente, o que torna bastante
cômoda e prática a aplicação do Sistema de Medição.

a. Faixa de Indicação

A faixa de indicação (FI) é o “conjunto de valores limitados pelas indicações extremas” [9], ou
seja, a sua amplitude de medição.
Nos instrumentos digitais, a faixa de indicação é representada por dígitos, como por exemplo:
3 ½ dígitos quando o valor máximo é ± 1999.

Como exemplos, temos:

Termômetro clínico com faixa de (35 a 42)ºC;


Balança com faixa de (0 a 1000) g;
Paquímetro com faixa de (0 a 300) mm;

27
Manômetro com faixa de (0 a 100) bar.

b. Faixa de Medição

Faixa de medição (FM) é o “conjunto de valores de um mensurando (objeto da medição) para


o qual se admite que o erro de um instrumento de medição mantém-se dentro dos limites
especificados” [9]. A faixa de medição é menor ou, no máximo, igual à faixa de indicação. O valor da
FM pode ser obtido nos manuais, normas técnicas ou relatórios de calibração.
Exemplo: Um multímetro digital de 3½ dígitos mede tensão elétrica na faixa de indicação de 0
a 700 V. Essa faixa de indicação está subdividida nas seguintes faixas de medição:
(0 a 200) mV; (0 a 2) V; (0 a 20) V; (0 a 200) V; (0 a 700) V.

c. Valor de uma Divisão (VD)

É a “diferença entre os valores da escala correspondentes a duas marcas sucessivas”.


“O valor de uma divisão é expresso na unidade marcada sobre a escala, qualquer que seja a unidade
do mensurando”.
Exemplo:

manômetro: VD = 0,2 bar


termômetro: VD = 5 ºC

d. Incremento Digital

Corresponde à menor variação da indicação direta possível nos instrumentos com


mostradores digitais.

e. Resolução

Resolução é a “menor diferença entre indicações de um dispositivo mostrador que pode ser
significativamente percebida”.
Nos sistemas com mostradores digitais, a resolução corresponde ao incremento digital. Já
nos sistemas com mostradores analógicos, a resolução deverá ser avaliada pelo operador.

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A resolução de leitura será sempre o menor valor que, com segurança, pode ser lida em uma
medição. Não devemos supor que a resolução seja menor do que de fato é.

f. Repetitividade

É a “aptidão de um instrumento de medição em fornecer indicações muito próximas, em


repetidas aplicações do mesmo mensurando, sob as mesmas condições de medição”.
A repetitividade pode ser expressa, quantitativamente, em termos da dispersão das
indicações, ou seja, será a faixa de valores dentro da qual, com uma probabilidade estatística
definida, se situará o valor do erro aleatório (vide capítulo de erros) da indicação de um sistema de
medição, para as condições em que a medição é efetuada. Usualmente na metrologia esta
confiabilidade estatística é de 95,45%.

g. Curva de Calibração

Calibração é o “conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a


relação entre os valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição ou valores
apresentados por uma medida materializada ou um material de referência, e os valores
correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões”.
Uma forma usual de apresentação dos resultados é por meio de uma curva de calibração que
relaciona, num gráfico tipo dispersão XY, os valores do instrumento a ser calibrado (eixo X) com os
valores do padrão (eixo Y).
Geralmente a curva de calibração é uma linha reta, mas os pontos medidos podem ser
ajustados para um polinômio de 2a ou 3a ordem, uma função logarítima ou exponencial. A equação
que resulta deste gráfico descreve o comportamento do instrumento que está sendo calibrado, em
comparação ao padrão adotado.
A seguir exemplificamos com uma curva de calibração (gráfico 1) de um medidor de pH,
gerada a partir dos pontos da tabela 10.

Tabela 9: pontos de calibração de um pH


Média do valor
Padrão
do objeto
2,00 1,98
4,00 3,99
6,00 6,05
8,00 7,98
10,00 9,99
12,00 11,98

29
14
12
10

Padrão
8
6 y = 1,0009x - 0,0016
2
4 R = 0,9999
2
0
0 5 10 15
Média do valor do objeto

Gráfico 1: Curva de calibração - medidor de pH

h. Exatidão de um instrumento de medição

“Aptidão de um instrumento de medição para dar respostas próximas ao valor verdadeiro”.


Devemos, neste momento, inclui a definição de valor verdadeiro: “valor consistente com a
definição de uma dada grandeza específica” [9]. O valor verdadeiro é aquele que seria obtido por uma
medição perfeita (o que não existe) sendo, por natureza, indeterminado.
Uma vez que o valor verdadeiro é indeterminado, usa-se o valor verdadeiro convencional,
cuja definição é “valor atribuído a uma grandeza específica e aceito, às vezes por convenção, como
tendo uma incerteza apropriada para uma dada finalidade”.
Desta forma, considerando o valor de um padrão (calibrado) de medição como o “valor
verdadeiro convencional”, a exatidão do instrumento está relacionada à sua capacidade em
apresentar os resultados das medições o mais próximo possível do valor deste padrão.

i. Classe de exatidão

“Classe de instrumentos de medição que satisfazem a certas exigências metrológicas


destinadas a conservar os erros dentro de limites especificados”.
Exemplo:
Pela NBR 14105, a classificação dos manômetros pela classe de exatidão (erro fiducial)
define os seguintes erros máximos admissíveis:

30
o classe A4 = 0,10%;
o classe A3 = 0,25%;
o classe A2 = 0,50%;
o classe A1 = 1,0%.
j. Sensibilidade

“Variação da resposta de um instrumento de medição dividida pela correspondente variação


do estímulo. A sensibilidade pode depender do valor do estímulo”.
Exemplos:
Um termômetro de resistência de platina, tipo pt-100, apresenta uma sensibilidade de
0,38 /oC, ou seja, cada 1 oC de estímulo provoca uma variação na resistência elétrica
de 0,38 ohms;
o
Um termopar tipo K deve apresentar uma sensibilidade de 39,5 V/ C. Para um tipo J, a
sensibilidade deve ser de 50,4 V/oC.

2.4. Algarismos Significativos

Na metrologia, quando utilizamos o resultado de uma medição originada a partir de cálculos,


devemos ter em mente que os números usados têm somente um valor limitado de algarismos
significativos.
O resultado de um cálculo utilizando todos os dígitos do display de uma calculadora implica
que ele é exato para todos os dígitos, fato que raramente é possível na prática (com o uso dos
computadores o número de dígitos pode ser aumentado consideravelmente).
O número de dígitos que devem ser apresentados é normalmente muito inferior ao calculado,
porque ele envolve os conceitos de algarismos significativos, incerteza, tolerância, resolução e
conversão de unidades.
Suponhamos que a medida 13,403 m indique o valor mais provável de uma grandeza, e que a
variação máxima cometida na série de medições que permitiram calcular este valor seja de 0,04 m.
Como o sinal desta variação pode ser positivo ou negativo, devemos exprimir a medida da seguinte
maneira:
(13,403 0,04) m

31
Analisando o resultado com mais cuidado, notamos que existe uma dúvida e que esta afeta a
segunda casa decimal do valor mais provável. É, portanto, desnecessário escrever a terceira casa
decimal, uma vez que a anterior já é duvidosa.
O resultado da medição deve ser expresso, então:
(13,40 0,04) m

Das considerações feitas, podemos tirar a definição de algarismos significativos:

”Os algarismos significativos de uma medida são os algarismos considerados corretos, a


contar do primeiro diferente de zero, e o último algarismo, que é o duvidoso.”

No caso apresentado, 13,40 m possui 4 algarismos significativos.


Outros exemplos:

23,50 m quatro significativos


0,0043 m dois significativos
67 cm dois significativos
67,2 cm três significativos

Devemos tomar cuidado no caso do algarismo zero no final dos números. Se os “zeros” são
escritos corretamente para corresponder aos números significativos, então 36,00 possui quatro
algarismos significativos e 36,0 possui três. Nestes dois casos os zeros são necessários para definir a
exatidão da medição.
Para diminuir as ambigüidades, devemos observar as seguintes regras quanto aos “zeros”:

Os zeros à direita, em números decimais, só devem ser escritos quando


garantidamente significativos;
Ex: 0,12300 (cinco algarismos significativos)

Os zeros só são significativos se situados à DIREITA de um algarismo significativo.


Ex: 0,023 kg (2 algarismos significativos)
Os zeros à esquerda do algarismo 2 só expressam que o resultado da medição é
inferior à unidade (1 kg).

32
a. Conversão de Unidades

Suponhamos que, ao medir a distância entre dois pontos, tivéssemos encontrado 52,7 m.
Logo, a medida tem três significativos. Ao transformarmos a mesma medida em centímetros teremos
5270 cm.
Quer dizer, então, que o número de significativos aumentou de três para quatro?
Como isto não é possível por uma simples conversão de unidades, devemos manter o
resultado com três algarismos significativos e escrever (5,27 x 103) cm, ou (52,7 x 102) cm.
Todas as medidas a seguir possuem três algarismos significativos, já que potência de dez não
é considerada algarismo significativo.

(8,34 x 104 ) cm

(2,00 x 10-2 ) m

(6,09 x 10-3 ) kg

Todos os números associados à medição de uma variável devem ter os algarismos


significativos correspondentes à exatidão do instrumento ou do elemento transdutor de medição.

b. Arredondamento

Quando a medida possui mais algarismos significativos do que se precisa, devemos


conservar apenas os necessários e abandonar os demais.
Por exemplo, a medida 34,527 m possui cinco significativos. Se, por acaso, temos de expressá-la com
apenas três, devemos escrever 34,5 m; havendo necessidade de quatro escrevemos 34,53 m.
Observamos que o algarismo da segunda casa decimal passou de 2 para 3.
Eis o motivo. Se tivéssemos usado 34,52 m estaríamos cometendo um erro, por falta, igual a:
(34,527 - 34,52) m = 0,007 m.
Usando 34,53 m estamos cometendo um erro, por excesso de:
(34,53 - 34,527) m = 0,003 m.

Segundo a ABNT-NBR 5891:1977 – Regras de arredondamento na numeração decimal, ao


arredondarmos um número, devemos ter em mente as seguintes regras:

O último algarismo de um número deve sempre ser acrescido de uma unidade


caso o algarismo descartado seja superior a cinco.

Exemplos de arredondamento para três significativos:

33
134,7 = 135
0,03432 = 0,0343

No caso do algarismo descartado ser igual a cinco, se após o cinco descartado


existirem quaisquer outros algarismos diferentes de zero, o último algarismo
retido será acrescido de uma unidade.

Exemplos de arredondamento para três significativos:


14,751 = 14,8
0,0346501 = 0,0347

No caso do algarismo descartado ser igual a cinco, se após o cinco descartado


só existirem zeros ou não existir outro algarismo, o último algarismo retido será
acrescido de uma unidade somente se for ímpar.

Exemplos de arredondamento para três significativos:


4,8350 = 4,84
34,25 = 34,2

c. Operações com Algarismos Significativos

Para que o resultado das operações contenha apenas algarismos significativos, devemos agir
da seguinte maneira:

Adição e Subtração

Somamos ou subtraímos normalmente as parcelas e o resultado final da operação deve ter o


mesmo número de casas decimais da parcela que possuir o menor número de casas decimais.

Ex: 85,45 m + 5,6 m + 98,523 m = 189,573 m

Adotando a regra da soma e subtração, temos que o resultado final será 189,6 m (a parcela
com menor número de casas decimais é 5,6 – 1 casa decimal).
Usar a regra somente para o resultado final e não para as demais parcelas.

34
Ex.: (85,45+5,6+98,523) m (85,4+5,6+98,5) m
189,5 m 189,6 m

Multiplicação e Divisão

Multiplicamos ou dividimos normalmente as parcelas e o resultado da operação deve ter o


mesmo número de algarismos significativos da parcela que possuir o menor número de algarismos
significativos.

89,1 m2
16,29182666 m
5,4690 m

Adotando a regra da multiplicação e divisão, temos que o resultado final será 16,3 m.

Raiz Quadrada

A raiz quadrada de um número de n significativos pode ter no máximo n e, no mínimo, n - 1


significativos.

Exemplo: 25,5

Como 25,5 possui três significativos, podemos representar o resultado como 5,05 ou 5,0. A
quantidade de significativos utilizada dependerá da precisão necessária ao cálculo utilizado.
Exemplo:

25,5 + 4,8 = 5,0 + 4,8 = 9,8; 25,5 + 4,81= 5,05 + 4,81 = 9,86

35
CAPÍTULO III

ERRO E INCERTEZA DE MEDIÇÃO

Todo resultado de uma medição apresenta uma dúvida (incerteza) associada e o que se
procura, na realidade, é estimar os valores (da medida e da incerteza) da melhor forma possível. A
incerteza sempre existirá e nunca poderá ser eliminada, uma vez que o valor verdadeiro da grandeza
é estimado (na prática usa-se o valor do padrão como o valor verdadeiro convencional). É possível,
porém, definir limites dentro dos quais o valor de uma medição se situa em um dado nível de
probabilidade. No próximo capítulo, esse tema será aprofundado.
Independente desta dúvida, sempre presente, o resultado da medição também pode conter
erros.
O erro de medição é caracterizado como “o resultado de uma medição menos o valor
verdadeiro do mensurando”, isto é:

E = X – VVC

Onde,
E = erro de medição
X = medida
VVC = valor verdadeiro convencional

Matematicamente, o erro pode ser positivo ou negativo. Um erro positivo denota que a medição do
instrumento é maior que o valor verdadeiro e um erro negativo denota uma medição menor que o
valor verdadeiro1.

1
Quando realizamos mais de uma medição, obtemos vários valores para o erro. Neste caso, devemos adotar o maior valor
como erro de medição.

36
3.1. Tipos de Erros

a. Erro relativo

Algumas vezes não será conveniente trabalhar diretamente com o erro de medição (também
conhecido como erro absoluto), pois um erro de 0,2 m, por exemplo, pode ser muito pequeno ou
muito grande se comparado ao comprimento medido.
Desta forma, o erro relativo é o “erro de medição dividido por um valor verdadeiro do objeto da
medição”.
Geralmente expresso em porcentagem, apresenta a seguinte expressão:

X VVC
Er
VVC

b. Erro Grosseiro

O erro grosseiro, ou acidental, é aquele cuja medição difere em muito das outras em um
conjunto de medições repetidas. Pode ser causado por diversos fatores tais como:
danos ao sistema de medição;
leitura equivocada;
arredondamento mal feito;
utilização de uma constante multiplicativa errada;
conversão de unidade realizada de maneira errada;
condições ambientais adversas.

O erro grosseiro deve ser descartado. É imprevisível e não adianta ser tratado
estatisticamente.

c. Erro Fiducial

O erro fiducial é um tipo de erro relativo. É determinado como um percentual de um valor de


referência, ou valor fiducial. Os valores fiduciais são apresentados, na maioria das vezes, em relação
à amplitude da faixa de medição (como nos casos de manômetros e voltímetros).

37
E
Efiducial
Vr

Onde,
E = erro de medição
Vr = valor de referência

d. Erro Máximo Admissível

Valores extremos de um erro admissível por especificações, regulamentos ou normas, para


um dado instrumento de medição.

e. Erro Sistemático

O erro sistemático, por definição, é a “média que resultaria de um infinito número de medições
do mesmo mensurando, efetuadas sob condições de repetitividade, menos o valor verdadeiro
convencional do mensurando”.
Em geral, o erro sistemático se mantém constante quando são feitas várias medições do
mesmo valor de uma variável, sob as mesmas condições, e só pode ser identificado pela calibração
do sistema de medição.
Os erros sistemáticos causam o afastamento da média de um conjunto de medições do valor
verdadeiro convencional.
Como na prática não realizamos um infinito número de medições, o que se determina numa
calibração é a tendência do instrumento de medição.

f. Tendência

Erro sistemático da indicação de um instrumento.

Observação: “a tendência de um instrumento de medição é normalmente estimada pela média


dos erros de indicação de um número apropriado de medições repetidas”.

Matematicamente, podemos expressar o erro sistemático (ou tendência) como:

Es X VVC

38
Onde,
Es = erro sistemático

X = média das medições


VVC = valor verdadeiro convencional

g. Correção

“Valor adicionado algebricamente ao resultado não corrigido de uma medição para compensar
o erro sistemático. A correção é igual ao erro sistemático estimado com sinal trocado”.
A correção deve ser somada ao valor das indicações para compensar o erro sistemático.
No exemplo anterior, a correção seria de (+ 0,050 mm).

h. Histerese (erro de)

A histerese é a maior diferença entre os valores de carga (medição efetuada quando da


aplicação de um sinal crescente em valor) e descarga (medição efetuada quando da aplicação de um
sinal decrescente em valor) de um instrumento de medição.
A histerese é um fenômeno bastante típico nos instrumentos mecânicos, tendo como fonte de
erro, principalmente, folgas e deformações associadas ao atrito. Exemplos típicos de instrumentos
que podem apresentar erros de histerese são: balanças, dinamômetros e manômetros analógicos.
Ao atingir o valor de 100% devemos colocar uma massa adicional, de valor maior que a
resolução de leitura da balança, e tornar a retirá-la, para que o instrumento possa medir o valor
máximo na descarga.
A partir dos dados da tabela acima, percebemos que, nos pontos de 10 kg, 40 kg e 50 kg,
existe uma diferença entre os valores na carga e na descarga: 1 kg (11–10; 50-49) para os pontos de
10 kg e 50 kg respectivamente e 2 kg (41–39) para o ponto de 40 kg. Neste exemplo, então, a
histerese da balança é de 2 kg.

i. Erro Aleatório

É o “resultado de uma medição menos a média que resultaria de um infinito número de


medições do mesmo mensurando efetuadas sob condições de repetitividade”.
Matematicamente, podemos expressá-lo como:

Ea X X

39
Onde,
Ea = erro aleatório
X = medição

X = média das medições

Os erros aleatórios são imprevisíveis, aparecem por causas irregulares e probabilísticas e são
responsáveis pelas medições se espalharem mais ou menos simetricamente em torno do valor médio.

3.2. Exemplo de Erro Sistemático e Aleatório

O exemplo a seguir é um “clássico da metrologia”, mas consideramos como a maneira mais


simples e rápida de transmitir os conceitos de erro sistemático e aleatório.
Quatro pessoas A, B, C, e D atiram 10 vezes, a uma mesma distância do alvo. Os resultados
dos tiros estão mostrados na figura a seguir.

A B C D
Figura 6 - Precisão x Exatidão

O atirador A conseguiu acertar quase todos os tiros no centro do alvo, o que demonstra um
erro sistemático (distância da média dos tiros em relação ao centro do alvo) e aleatório (dispersão dos
tiros) baixo.
O atirador B apresentou um espalhamento muito grande em torno do centro do alvo, porém,
os tiros estão aproximadamente eqüidistantes do centro. O espalhamento dos tiros decorre
diretamente do erro aleatório elevado e a posição média das marcas dos tiros, que coincide
aproximadamente com a posição do centro do alvo, reflete a influência do erro sistemático baixo.
Observe que o atirador B, apesar de ter um erro sistemático baixo não possui boa exatidão.
Lembre-se que exatidão é o grau de concordância das medições em relação ao valor de referência
(no caso o centro do alvo).

40
O atirador C apresenta os tiros concentrados, com baixa dispersão, porém afastados do
centro do alvo. Isto indica reduzido erro aleatório e um grande erro sistemático.
O atirador D, além de apresentar um espalhamento muito grande, não conseguiu que o
“centro” dos tiros ficasse próximo do centro do alvo. Este atirador apresenta elevado erro aleatório e
sistemático.
A tabela a seguir apresenta um resumo da análise dos erros:

Tabela 10: erro sistemático x erro aleatório


Atirador Erro Sistemático Erro Aleatório
A Baixo Baixo
B Baixo Elevado
C Elevado Baixo
D Elevado Elevado

Comparando-se os atiradores B, C e D afirmamos que o C é melhor dentre eles, pois, apesar


de nenhum dos tiros do atirador C ter acertado o centro do alvo, o seu espalhamento é muito menor.
Se a mira do atirador C for ajustada, conseguiremos uma condição próxima à do A, o que jamais
poderemos obter com os atiradores B e D.
Podemos concluir, então, que o erro sistemático não é tão crítico quanto o erro aleatório, uma
vez que é possível determiná-lo através de uma calibração e efetuar a sua compensação.
O erro aleatório não pode ser compensado, mas pode-se provar que sua influência sobre o
valor médio se reduz na proporção de 1 , onde "n" é o número de repetições da medição
n

considerado no cálculo da média (vide desvio padrão da média no capítulo de incerteza).


Se colocarmos a distribuição de tiros dos quatro atiradores sob a forma de uma “curva
normal”, teremos para cada atirador:

A C

B D

CENTRO DO ALVO
CENTRO DO ALVO CENTRO DO ALVO CENTRO DO ALVO

Gráfico 2: distribuição normal para cada atirador

41
3.3. Incerteza de Medição

Antes de discutirmos o conceito de incerteza da medição e de apresentarmos sua


metodologia de cálculo, é necessário introduzir alguns fundamentos e ferramentas básicas de
estatística.

a. Função Distribuição de Probabilidade

Entende-se por função distribuição de probabilidade a relação entre uma determinada variável
aleatória x e a probabilidade de sua ocorrência p(x).
As distribuições de probabilidades podem ser contínuas ou discretas, dependendo
diretamente da variável ser contínua ou discreta.

Distribuição discreta
Considere um dado não viciado cujos valores de x são (1;2;3;4;5;6). Ao lançá-lo, a
probabilidade de se obter qualquer um dos valores de x é p(x) = 1/6.
Assim, a distribuição de probabilidade p(x) desta variável x para este tipo de ocorrência é:

Tabela 11: probabilidade no lançamento de um dado


Valor da variável (X) Probabilidade de ocorrência p(X)
1 1/6
2 1/6
3 1/6
4 1/6
5 1/6
6 1/6

A distribuição é discreta porque a variável é discreta, ou seja, não pode assumir valores
intermediários. Ao lançarmos um dado não podemos encontrar, por exemplo, valores entre 1 e 2 ou
entre 4 e 5.

Distribuição contínua
A temperatura ambiente de um laboratório, que vem sendo medida ao longo de uma semana,
é considerada uma variável contínua porque ela pode assumir qualquer valor ao longo do dia e da
semana. Desta forma, a distribuição de probabilidade também será contínua.

42
p(T)

Temperatura Média T
do Ambiente

Gráfico 3: distribuição contínua

As distribuições contínuas de probabilidades mais utilizadas na Metrologia são a Normal ou


Gaussiana, Uniforme ou Retangular, Triangular e t-Student.
Devemos notar uma importante propriedade de qualquer função distribuição de probabilidade
p(x):

P(- <x<+ ) = 1,

isto é, o somatório dos valores de p(x), no caso de distribuição discreta, ou a integral de p(x), no caso
de distribuição contínua, entre os limites - e + , que corresponde à probabilidade de x estar dentro
dos limites, sempre resulta em 1.
Lembrando o exemplo do dado, o somatório de p(x) será:

P( x ) P(1 x 6) 1 1 1 1 1 1 1
6 6 6 6 6 6

No caso da temperatura da sala, a área abaixo da curva, que representa a integral da função,
também valerá 1, ou seja:

p( T) dT 1

b. Média Aritmética

Gauss baseou a teoria dos erros em um certo número de postulados. Um deles diz respeito
ao valor mais provável da grandeza:

43
“O valor mais provável de uma grandeza, medida diversas vezes, é a média aritmética das
medidas encontradas, desde que mereçam a mesma confiança.”

As medidas merecem a mesma confiança, por exemplo, se forem realizadas pelo mesmo
observador, usando o mesmo instrumento e o mesmo método. Surge aqui uma pergunta: qual o
número conveniente de medições a realizar?
Esse número varia de caso para caso. Uma boa dica é parar as medições no momento em
que as medidas começam a se repetir com freqüência.
A média aritmética é um parâmetro estatístico importante, pois define a região de maior
incidência dos resultados. Essa região é caracterizada pelo valor central das distribuições e é
matematicamente expressa segundo a fórmula:

µ lim 1 X ,
n ni 1 i

onde é o valor da média, considerando-se um número infinito de medições.

Como nunca trabalhamos com infinitos valores, o normal é usar a média das amostras X ,
cuja expressão matemática é a seguinte:

X
1nX
ni 1 i

c. Medidas de Dispersão

Usando o comprimento de uma caneta como valor de uma unidade, meça sua mesa e anote o
resultado. Peça a seus companheiros de trabalho que repitam a medição, sem que cada um tome
conhecimento dos resultados obtidos pelos demais, e anote todos os resultados. Você observará que
as medidas diferem. Repita a medição dez vezes e, provavelmente, encontrará dez resultados
diferentes. Este fato é denominado dispersão da medição.
Define-se o conceito de dispersão de medição como sendo a faixa que, com uma
probabilidade estatística definida, conterá o erro aleatório. É comum adotar a probabilidade de
95,45% como aceitável para a dispersão da medição.
Como próprio nome já denota, essas medidas avaliam estatisticamente o grau de
espalhamento dos valores em torno da média, ou seja, quão próximos estão os valores em torno da
média. Quanto maior a dispersão, mais afastados estarão os valores da região central da distribuição.

Amplitude Total

44
A amplitude total mede a dispersão entre os valores mínimos e máximos da distribuição e,
deste modo, não leva em consideração os valores intermediários.

A Xmax Xmín

Uma característica da amplitude é que, mesmo aumentando-se o número de medições, ela


não diminui.

Desvio Padrão
É a medida de dispersão mais adotada em Metrologia e utiliza a dispersão dos valores em
relação à média. São três os tipos de desvio padrão, a saber:

Desvio Padrão da População ( )


É adotado quando se conhecem todos os valores possíveis da população.

Exemplo:
- número total de alunos numa escola;
- população de uma cidade.

A expressão matemática do desvio padrão é:

2
n
µ xi
i 1
s ,
n

onde é a média da população e n o tamanho da população.

Na Metrologia raramente conhecemos toda a população, pois não realizamos infinitas


medições. Neste caso, adota-se o desvio padrão da amostra, ou desvio padrão amostral.

Desvio Padrão Amostral (s)


É adotado quando se conhece apenas uma amostra dos valores possíveis da população.
Exemplo:
- 20% dos alunos de uma escola;
- parte da população de uma cidade.

A expressão matemática do desvio padrão amostral é:

45
2
n
X xi
i 1
s ,
n 1

onde X é a média da amostra e n o tamanho da amostra.

Desvio Padrão da Média


É o desvio padrão das médias das amostras em relação à média das médias. Sua expressão
matemática é:

s ,
s ( x)
n

onde n é o número de medições realizadas.


O desvio padrão da média tem uma grande importância na Metrologia, pois, sem precisar
fazer infinitas medições, conseguimos estimar o desvio padrão existente entre as médias de diversas
amostras da mesma população. O desvio padrão da média é considerado pelo GUM [1] como a
incerteza tipo A, caso a amostra pertença à mesma população. Do contrário, a incerteza tipo A será
igual ao desvio padrão da amostra.

Variância Amostral (s2)


Matematicamente, é igual ao quadrado do desvio padrão da amostra, ou seja:
n 2

X Xi
s2 i 1
n 1
A variância é utilizada no cálculo da incerteza de medição por ser uma variável que pode ser
combinada linearmente, ou seja, podemos somar as variâncias (e não os desvios padrões) de
diferentes distribuições.

Exemplo:

3 4 7 mas ( 3 ) 2 ( 4) 2 ( 7)2

46
d. Distribuições de Probabilidade

Distribuição Normal
A distribuição normal ou Gaussiana é, sem dúvida, a mais importante das distribuições de
probabilidade dentre as usadas na metrologia. A função densidade de probabilidade p(x) da
distribuição normal tem a forma de um sino:

p(x)

Gráfico 4: distribuição normal

e possui a seguinte expressão matemática:

z2
1 2
p( X) e
s 2p

X µ
onde Z ; é a média e é o desvio padrão.
s

O cálculo da área da distribuição normal, ou seja, a integral da função, não apresenta uma
solução literal. Os valores de p(x) são encontrados em uma tabela normalizada, vale dizer, para uma
distribuição com =0e = 1.
Quanto maior o número de medições feitas de um mesmo mensurando, mais próximo os seus
valores se comportarão como uma distribuição normal, em forma de sino. Infinitas medições terão
uma distribuição normal.

Distribuição t-Student
Pelo exemplo do item anterior podemos observar que é necessário um grande número de
medições (n 30) para obter uma distribuição próxima à normal.
Como nem sempre é viável realizar 30 medições de um mesmo mensurando devemos aplicar
um fator de correção, aproximando a distribuição de pequenos valores a uma distribuição normal.

47
Este fator, conhecido como t-Student, é tabelado (ver tabela 13) em função do tamanho da
amostra n (ou do grau de liberdade = n-1) e do nível de confiança (ou probabilidade) desejada p[t( )]
(na metrologia é usual considerar o nível de confiança de 95,45%).

Tabela 12: t- student

Número de Graus de Fração p em porcentagem


medições liberdade
n 68,27 90 95 95,45 99 99,73
= n-1
2 1 1,84 6,31 12,71 13,97 63,66 235,80
3 2 1,32 2,92 4,30 4,53 9,92 19,21
4 3 1,20 2,35 3,18 3,31 5,84 9,22
5 4 1,14 2,13 2,78 2,87 4,60 6,66
6 5 1,11 2,02 2,57 2,65 4,03 5,51
7 6 1,09 1,94 2,45 2,52 3,71 4,90
8 7 1,08 1,89 2,36 2,43 3,50 4,53
9 8 1,07 1,86 2,31 2,37 3,36 4,28
10 9 1,06 1,83 2,26 2,32 3,25 4,09
11 10 1,05 1,81 2,23 2,28 3,17 3,96
12 11 1,05 1,80 2,20 2,25 3,11 3,85
13 12 1,04 1,78 2,18 2,23 3,05 3,76
14 13 1,04 1,77 2,16 2,21 3,01 3,69
15 14 1,04 1,76 2,14 2,20 2,98 3,64
16 15 1,03 1,75 2,13 2,18 2,95 3,59
17 16 1,03 1,75 2,12 2,17 2,92 3,54
18 17 1,03 1,74 2,11 2,16 2,90 3,51
19 18 1,03 1,73 2,10 2,15 2,88 3,48
20 19 1,03 1,73 2,09 2,14 2,86 3,45
21 20 1,03 1,72 2,09 2,13 2,85 3,42
26 25 1,02 1,71 2,06 2,11 2,79 3,33
31 30 1,02 1,70 2,04 2,09 2,75 3,27
36 35 1,01 1,70 2,03 2,07 2,72 3,23
41 40 1,01 1,68 2,02 2,06 2,70 3,20
46 45 1,01 1,68 2,01 2,06 2,69 3,18
51 50 1,01 1,68 2,01 2,05 2,68 3,16
56 55 1,01 1,67 2,00 2,05 2,67 3,14
61 60 1,01 1,67 2,00 2,04 2,66 3,13
66 65 1,01 1,67 2,00 2,04 2,65 3,12
71 70 1,01 1,67 1,99 2,04 2,65 3,11
81 80 1,01 1,66 1,99 2,03 2,64 3,10
91 90 1,01 1,66 1,99 2,03 2,63 3,09
101 100 1,00 1,66 1,98 2,02 2,63 3,08
151 150 1,00 1,66 1,98 2,02 2,61 3,05
201 200 1,00 1,65 1,97 2,01 2,60 3,04
1,00 1,64 1,96 2,00 2,58 3,00

48
d. Teorema do Limite Central

Qualquer que seja a distribuição estatística de uma amostra, a distribuição das médias
amostrais tenderá ser normalmente distribuída.
À medida que o tamanho da amostra cresce, as médias amostrais vão progressivamente
tendendo a uma distribuição normal.
Se n=30, a aproximação com a distribuição normal é satisfatória, independente da população.
Caso contrário, o teorema central do limite funcionará, se a distribuição da população não for muito
diferente da normal.
O desvio padrão da distribuição normal resultante será dado pela expressão:

s
s( x )
n
onde s é o desvio padrão da amostra.

e. Incerteza de Medição

A incerteza (de medição) é um “parâmetro, associado ao resultado de uma medição, que


caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentadamente atribuídos a um mensurando.
Este parâmetro pode ser, por exemplo, um desvio padrão (ou um múltiplo dele), ou a metade de um
intervalo correspondente a um nível da confiança declarado”.
O resultado de uma medição é somente uma aproximação ou uma estimativa do valor do
mensurando; desta forma, a apresentação do resultado é completo somente quando acompanhado
por uma quantidade que declara sua incerteza. Assim, o resultado da medição RM deve ser expresso
na forma:

RM X U [unidade de medição],

onde X é a média dos resultados obtidos do conjunto de medições e U é a incerteza final.


A incerteza do resultado de uma medição normalmente contém vários componentes, que
podem ser agrupados em duas categorias, de acordo com as características do método usado para
estimar seus valores numéricos: incertezas tipo A e incertezas tipo B.

49
Incerteza tipo A

Avaliação da incerteza tipo A - “método de avaliação da incerteza pela análise estatística de


uma série de observações” [1].
Podem, portanto, ser caracterizadas por desvios padrões experimentais.
Em metrologia, pode-se afirmar que a melhor estimativa de uma grandeza, que varia

aleatoriamente, é a média aritmética X das n medidas efetuadas. A variância estimada (s2) ou o


desvio padrão estimado (s) caracteriza a variabilidade dos valores medidos Xi , isto é, a dispersão em
torno do valor médio.

A melhor estimativa da variância da média é a variância experimental da média s2 ( X) , cuja

expressão é obtida a partir da equação [4.9]:

s2
s 2 ( X)
n

O desvio padrão experimental da média s( x ) serve para qualificar quanto o valor médio X

representa a grandeza a ser medida Xi. Esta estimativa é tanto melhor quanto maior for o número de
repetições efetuadas na medição.
Por diversas razões, principalmente as de ordem econômica, o número de repetições de uma
medição é reduzido, tipicamente variando entre três e dez. Nesses casos, é necessário aplicar o
coeficiente t-Student, que leva em conta o fato de que a amostragem é pequena.
A distribuição t-Student permite utilizar a técnica para estimar a incerteza tipo A (obtida
estatisticamente), mesmo para valores baixos de n.
É uma distribuição semelhante à normal e usada com uma flexibilidade adicional, pois permite
aplicação para valores reduzidos de n.
Assim, a incerteza de medição tipo A (UA), para um nível da confiança p, é obtida por:

t ( ). s( x)
UA
n

Sendo t ( ) é o coeficiente de t-Student para um nível de probabilidade p (ver Apêndice 1).

50
Exercício resolvido 1:
Calcular o erro, a tendência e a incerteza UA (para um nível da confiança de 95,45%) de um
termômetro com faixa nominal de 0 ºC até 100 ºC e valor de uma divisão de 1 ºC. Considere que foram
executadas cinco medições, obtendo-se, com um banho de calibração padrão de valor nominal
25,10ºC, as indicações de:

25,5 ºC 26,0 ºC 25,5 ºC 25,5 ºC 26,0 ºC

Solução:

a) Erro = 26,0 - 25,10 = 0,9 oC (maior valor de leitura – valor do padrão)

b) Valor médio X = 25,7 ºC


c) Tendência = 25,7 - 25,10 = 0,6 oC (valor médio – valor do padrão)
d) Desvio padrão s(xi) = 0,27386 ºC
e) Coeficiente t-Student (n = 5; p = 95,45%) t95,45%(5) = 2,87
º
f) Incerteza UA = 2,87 x 0,27386/ 5 = 0,4 C (não devemos declarar incertezas com
mais de dois algarismos significativos)

Exercício resolvido 2:
Calcular a incerteza UA para um nível da confiança de 95,45%, considerando seis medições de
massa, em kg:

1,20 1,27 1,33 1,19 1,09 1,24

Solução:

a) Valor médio x = 1,22 kg


b) Desvio padrão s(xi) = 0,081486 kg
c) Coeficiente t-Student (n= 6; p = 95,45%) t95,45%(6) = 2,65

d) Incerteza UA = 2,65 x 0,081486/ 6 = 0,09 kg

51
Incerteza tipo B

Avaliação da incerteza tipo B – é um “método de avaliação da incerteza por outros meios que
não a análise estatística de uma série de observações”. Pode também ser caracterizada por desvios
padrões estimados por distribuições de probabilidades assumidas, baseadas na experiência ou em
outras observações.
Incertezas deste tipo são determinadas a partir de informações acessórias e externas ao
processo de medição. Essas informações podem ser obtidas de resultados de medições similares
anteriores, experiência ou conhecimento do comportamento do instrumento, dados do fabricante,
dados fornecidos por certificados de calibração, referências de manuais de instrução etc.
São exemplos deste tipo de incerteza:
gradiente de temperatura durante a medição;
afastamento da temperatura ambiente em relação à temperatura de referência
estipulada;
tipo do indicador (analógico ou digital);
instabilidade da rede elétrica;
paralaxe;
incerteza do padrão;
instabilidade do padrão;
erros geométricos;
deformações mecânicas;
histerese;
estabilidade temporal etc.

Na avaliação deste tipo de incerteza, é necessário considerar e incluir, quando pertinente,


pelo menos as originadas pelas seguintes fontes:

a) a incerteza associada ao padrão de referência e qualquer instabilidade em seu valor ou


indicação (padrão sujeito à deriva ou com instabilidade temporal);
b) a instabilidade associada ao equipamento de medida ou à calibração, como por
exemplo envelhecimento de conectores, e qualquer instabilidade em seu valor ou
indicação (equipamento sujeito a deriva);
c) a incerteza associada ao equipamento (mensurando) a ser medido ou calibrado, como
por exemplo o valor de uma divisão, qualquer instabilidade durante a calibração etc;
d) a incerteza associada ao procedimento de calibração (ou de medição);
e) a incerteza associada ao efeito das condições ambientais em um ou mais dos itens
acima.

52
Observações:
1) Sempre que possível os erros sistemáticos devem ser corrigidos;
2) Sempre deve ser feita uma análise criteriosa ao adicionar as incertezas do tipo B para
que não haja repetição, isto é, que não se considere mais de uma vez uma dada fonte
de incerteza.

“O uso adequado do conjunto de informações disponíveis para uma avaliação do tipo B da


incerteza padronizada pede o discernimento baseado na experiência e no conhecimento geral, sendo
esta uma habilidade que pode ser aprendida com a prática. Deve-se reconhecer que uma avaliação
Tipo B da incerteza padronizada pode ser tão confiável quanto a avaliação Tipo A, especialmente
numa situação de medição onde uma avaliação tipo A é baseada em um número comparativamente
pequeno de observações estatisticamente independentes” [1].

Incerteza padrão

É a incerteza do resultado de uma medição expressa como um desvio padrão.

Incerteza padrão combinada - uc

“Incerteza padrão do resultado de uma medição, quando este resultado é obtido por meio dos
valores de várias outras grandezas, sendo igual à raiz quadrada positiva de uma soma de termos, que
constituem as variâncias ou covariâncias destas outras grandezas, ponderadas de acordo com quanto
o resultado da medição varia com mudanças nestas grandezas”.
A incerteza padrão combinada é determinada através da equação.

uC u2A uB2

Incerteza expandida - u

A incerteza expandida U é obtida multiplicando-se a incerteza padrão combinada uC pelo fator


de abrangência k, isto é:
U = k . uC

A incerteza deve ser, preferencialmente, expressa com um algarismo significativo. Em caso


de maior exatidão dos resultados ou quando o valor da incerteza for relativamente grande em relação
ao erro sistemático corrigido, é permitido usar dois algarismos significativos na apresentação da
incerteza.

53
A multiplicação da incerteza padrão combinada por uma constante não fornece nenhuma
informação adicional. É apenas uma forma de representar a incerteza final associada a um nível da
confiança.
O fator de abrangência k deve sempre ser declarado de forma que a incerteza padrão da
grandeza medida possa ser recuperada para uso no cálculo da incerteza padrão combinada de outros
resultados de medição, que dependam eventualmente desta grandeza.
Este fator k deve ser obtido a partir da determinação do número de graus de liberdade efetivo
( eff) e utilizando-se a distribuição t-Student, onde o valor do t será o fator de abrangência k.

Algumas Considerações

Por questões de produtividade, é muito comum que as indústrias realizem apenas uma única
medição. Esse procedimento só é possível quando temos mensurando invariável, ou seja, aquele que
não possui variações perceptíveis para o sistema de medição.
Medindo uma única vez não poderemos avaliar a repetitividade do sistema de medição e não
determinaremos a incerteza tipo A. Como proceder?
Neste caso, o sistema de medição deve ser calibrado para uma única medição e o erro
sistemático determinado para esta faixa de valores encontrados.
A forma correta de se calibrar um sistema de medição para apenas uma medição é considerar
a incerteza tipo A do processo como sendo o desvio padrão experimental e não o desvio padrão
experimental da média. Deste modo, não devemos dividir por raiz de n o desvio padrão experimental.
O resultado da medição será:

RM = (X + C) ± U1
onde:
X: Indicação do sistema de medição;
C: correção;
U1: incerteza expandida estimada para uma única medição.

Quando várias medições forem efetuadas, o resultado poderá ser avaliado a partir da média
das “n” indicações disponíveis por:

RM = ( X + C) ± Un
onde:

X : média das “n” medições;


Un: incerteza expandida estimada considerando a média de “n” medições.

54
CAPÍTULO IV

PADRÕES E FAIXAS DE MEDIÇÃO

4.1 Rastreabilidade de Padrões

Rastreabilidade

É a “propriedade de um resultado de uma medição ou do valor de um padrão estar


relacionado a referências estabelecidas, geralmente a padrões nacionais ou internacionais, através de
uma cadeia contínua de comparações, todas tendo incertezas estabelecidas”.
Os padrões de calibração têm como função principal transferir exatidão à calibração e garantir
a disseminação da exatidão e da incerteza dos padrões de hierarquia superior. No caso mais geral,
podemos hierarquizar os níveis de padrões conforma a Figura 7.

Sistema Internacional de Unidades


R
D A
I Padrões Internacionais S
S T
Padrões Nacionais
S R
E E
M Padrões de Referência (RBC) A
I B
N Padrões de Referência I
A (usuários) L
Ç I
à Padrões de Trabalho D
O A
D
E

Figura 7- Hierarquia Metrológica


(Fonte: Inmetro)

Observa-se, pela Figura 7, que é importante a disseminação das unidades do Sistema


Internacional de Unidades para a garantia da rastreabilidade das medições realizadas pelos padrões
de trabalho.

55
1. Padrão internacional: “padrão reconhecido por um acordo internacional para servir,
internacionalmente, como base para estabelecer valores a outros padrões da grandeza a que se
refere” [9]. Representam as unidades de medição das várias grandezas, com a maior precisão e
exatidão possíveis, obtidas pelo uso de técnicas avançadas de produção e medição. Não estão
disponíveis para o usuário comum.

2. Padrão nacional: “padrão reconhecido por uma decisão nacional para servir, em um país, como
base para atribuir valores a outros padrões da grandeza a que se refere” [9]. São os dispositivos
mantidos pelas organizações e laboratórios nacionais das diferentes partes do mundo. Representam
as quantidades fundamentais e derivadas e são calibrados de modo independente através de
medições absolutas. O INMETRO é o responsável pela manutenção dos padrões nacionais no Brasil,
tanto para os existentes em seus laboratórios próprios quanto para os encontrados nos laboratórios
por ele designado.

3. Padrão de referência: “padrão geralmente tendo a mais alta qualidade metrológica disponível em
um dado local ou em uma dada organização, a partir do qual as medições lá executadas são
derivadas”. No Brasil, o INMETRO é o responsável pela acreditação dos laboratórios que formam a
RBC - Rede Brasileira de Calibração. Os laboratórios da RBC servem de referência para as
calibrações dos padrões de referência encontrados nos laboratórios das indústrias, universidades,
centros de pesquisas etc.

4. Padrão de trabalho: “padrão utilizado rotineiramente para calibrar ou controlar medidas


materializadas, instrumentos de medição ou materiais de referência”. São dispositivos usados na
calibração dos instrumentos utilizados no dia-a-dia. Não devem ser empregados para o trabalho diário
das medições e, preferencialmente, devem ser mantidos em condições específicas de temperatura e
umidade. Por exemplo: um voltímetro padrão de 4 ½ dígitos serve para calibrar um voltímetro de
maior incerteza (3 ½ dígitos), que é utilizado nas medições rotineiras.

4.2 Escolha do Padrão Adequado

Para que o valor de um padrão, ou o indicado pelo sistema de medição padrão, seja aceito
como o valor verdadeiro convencional (VVC), é preciso que sua exatidão e incerteza sejam menores
que a do sistema de medição a ser calibrado.
É de se imaginar que quanto menor sua incerteza, tecnicamente melhor é o padrão, porém
mais caro ele será.

56
Devemos sempre buscar um equilíbrio técnico e econômico, tendo em mente que a incerteza
final (UF) será a composição da incerteza do sistema de medição a calibrar (USMC) com a incerteza do
sistema de medição padrão (USMP), ou seja:

2 2
UF = USMC USMP

Quanto menor a incerteza do SMP em relação ao SMC, menor sua influência no resultado
final. Vamos avaliar a UF para alguns valores de USMP quando comparados com o USMC.
Se adotarmos um padrão com incerteza inferior a um décimo da incerteza esperada para o
SMC, o SMP apresentará pelo menos um dígito confiável a mais que o SMC, o que é bem suficiente
para a determinação dos erros deste último.

4.3 faixa de Tolerância

A faixa de tolerância estabelece os limites dentro dos quais devem se situar o parâmetro de
interesse.
Por exemplo, um eixo com diâmetro nominal de 15 mm e classe de ajuste j8 apresenta uma
0 , 014
faixa de tolerância de 15 0 , 013 mm, ou seja, o eixo poderá estar compreendido entre os valores de

14,987 mm e 15,014 mm.


Outro exemplo: se a produção de parafusos numa fábrica deve ter diâmetros de (10,00 ±
0,50) mm, significa que os valores extremos dos diâmetros dos parafusos devem estar entre 9,50 mm
e 10,50 mm. Logo, este é o intervalo de tolerância aceitável para cada parafuso.
Para determinar se o valor de uma grandeza encontra-se dentro de um intervalo de tolerância,
é necessário efetuar sua medição. Deste modo, a escolha do sistema de medição adequado e sua
respectiva incerteza são fundamentais para se obter bons resultados.
Teoricamente, quanto menor a incerteza do processo de medição usado para verificar uma
dada tolerância, melhor.
Na prática, percebe-se que o ponto ótimo na determinação da incerteza do sistema de
medição é quando seu valor é 1/10 da tolerância. Em processos bem controlados é possível chegar a
1/5 da tolerância.
Como exemplo, vejamos o caso da fabricação de parafusos. O sistema de medição da fábrica
deve ter uma incerteza da ordem de 1/10 da tolerância.

Logo: U = 0,5/10 = ± 0,05 mm.

57
Na indústria, por questões de praticidade e economia de tempo, não é raro efetuar uma única
medição, sem compensar os erros sistemáticos. Nestes casos, devemos dimensionar a incerteza de
medição considerando a incorporação do erro sistemático. Assim, teremos para o exemplo dado:

Erro sistemático do paquímetro = - 0,01 mm;


Incerteza de medição do paquímetro = ± 0,05 mm.

Incorporando o erro sistemático do paquímetro na incerteza final do processo de medição,


teremos:

Ufinal = |USM|+ |ES|

Onde |USM| é o módulo da incerteza do sistema de medição e |ES| o módulo do erro


sistemático.

Desta forma, Ufinal = 0,01 + 0,05 = 0,06 mm.

Este resultado representa aproximadamente 1/8 da tolerância, que na maioria dos casos é
bem razoável.

Atenção: Sempre que se desejar incluir o erro sistemático na incerteza final, evitando assim as
correções, deve-se somar o módulo do erro com o módulo da incerteza. A grande vantagem deste
método é eliminar as sucessivas correções. A grande desvantagem é aumentar a incerteza final do
processo. A escolha dependerá de cada caso.

Ainda restarão ocasiões onde não será possível afirmar, com segurança, se uma peça está
ou não dentro do intervalo de tolerância. Veja o exemplo a seguir:

Imagine que o resultado da medição de um parafuso fosse (10,50 ± 0,05) mm. Haveria uma dúvida
neste caso, pois o valor inferior da medição é 10,00 mm e o superior 10,55 mm, extrapolando o
intervalo de tolerância. Por esta razão devemos caracterizar três faixas do intervalo de tolerância: a
faixa da conformidade, a faixa de não conformidade e a faixa de dúvida (ver Figura 7).

58
Limite Inferior de Tolerância Faixa de Tolerância do Produto Limite Superior da Tolerância
(LIT) (LST)

Faixa de não Faixa de não


Conformidade Faixa de Conformidade
Conformidade

Reprovação Faixa de Dúvida Aprovação Faixa de Dúvida Reprovação

Figura 8 - Intervalos de tolerância

Seja LIT o limite inferior da tolerância e LST o limite superior da tolerância de fabricação. Era
de se esperar que se o resultado aceitável (RA) estivesse compreendido entre o intervalo LIT RA
LST poderíamos aprovar a peça. Porém, em função da incerteza do processo de medição, só é
possível afirmar que a peça atende à tolerância se estiver dentro da denominada faixa de
conformidade, representada na figura 8.
Note que a faixa de conformidade é menor que a tolerância original. Para determinar a Faixa
de Conformidade é necessário estabelecer novos limites, denominados “Limites de Controle”. São,
então, definidos:

LIC (limite inferior de controle) = LIT + U


LSC (limite superior de controle) = LST – U

No exemplo do parafuso, o LIC e o LSC, serão:

LIC = 9,50 + 0,05 = 9,55 mm;


LSC = 10,50 - 0,05 = 10,45 mm.

O resultado aceitável para a faixa de conformidade deve estar compreendido entre 9,55 mm e
10,45 mm. No exemplo, o valor de 10,50 mm estava fora da faixa de conformidade, mas dentro da
faixa de dúvida. Resultados acima de 10,50 mm ou abaixo de 9,50 mm estariam na faixa de não
conformidade.

59
CAPÍTULO V

CRITÉRIOS DE REJEIÇÃO

Antes de se avaliar e interpretar uma série de resultados obtidos por um ou mais laboratórios
ou se efetuar o cálculo da incerteza, é necessário que se verifique a existência de valores que
possam ser considerados como dispersos, ou seja, valores que não pertençam a uma mesma
população.
Quando uma grandeza é medida várias vezes, pode ocorrer que o desvio de um resultado em
relação ao seu valor médio seja muito grande, se comparado com o desvio padrão das medições. Isto
pode acontecer em função de erros grosseiros, falhas momentâneas do instrumento de medição ou
qualquer outro motivo.
Existem vários métodos para verificar se um ou mais valores podem ser considerados como
dispersos, a depender de como esses resultados se apresentem. Neste capítulo veremos os mais
usados.

5.1 Critério de Chauvenet

É um critério bastante utilizado para avaliar se a medição dever ser rejeitada. Este critério
estabelece que, se o módulo do desvio di de uma determinada medição xi em relação à média for
maior que um valor dch, chamado de limite de rejeição de Chauvenet, a medição deve ser rejeitada.

Assim se:

di| = |xi – x | > dch rejeitar xi

Alguns valores de dch encontram-se na tabela abaixo, onde s é o desvio padrão do conjunto
de medições.

60
Tabela 13 - Limite de rejeição de Chauvenet

N dch
2 1,15 s
3 1,38 s
4 1,54 s
5 1,65 s
6 1,73 s
7 1,80 s
8 1,86 s
9 1,91 s
10 1,96 s
11 2,00 s
12 2,04 s
15 2,13 s
20 2,24 s
25 2,33 s
30 2,39 s
50 2,58 s
100 2,80 s
200 3,02 s
500 3,29 s
1000 3,48 s
2000 3,66 s

Exemplo:
Leitura xi di
1 5,30 0,309
2 5,73 0,121
3 6,77 1,161
4 5,26 0,349
5 4,33 1,279
6 5,45 0,159
7 6,05 0,441
8 5,64 0,031
9 5,81 0,201
10 5,75 0,141

média das medições: x = 5,609 desvio padrão: s = 0,623


Para n = 10 dch = 1,96 s = 1,221.
Da tabela de medições, verificamos que devemos desprezar a quinta leitura. Assim, o novo conjunto
de pontos será:

61
Leitura xi di
1 5,30 0,451
2 5,73 0,021
3 6,77 1,019
4 5,26 0,491
5 5,45 0,301
6 6,05 0,299
7 5,64 0,111
8 5,81 0,059
9 5,75 0,001

média das medições: X = 5,751


desvio padrão: s = 0,458
Para n = 9 dch = 1,91 s = 0,875.
Da tabela de medições, verificamos que devemos desprezar a terceira leitura. Assim, o novo conjunto
de pontos será:

Leitura xi di
1 5,30 0,324
2 5,73 0,106
3 5,26 0,364
4 5,45 0,174
5 6,05 0,426
6 5,64 0,016
7 5,81 0,186
8 5,75 0,126

média das medições: X = 5,624


desvio padrão: s = 0,270
Para n = 8 dch = 1,86 s = 0,502.
Da tabela de medições, verificamos que todas as leituras apresentam di < dch.
Devemos aplicar o Critério de Chauvenet no máximo duas vezes. Se, após a segunda aplicação do
critério, ainda existirem medições a serem rejeitadas, todo o conjunto de medição deverá ser
rejeitado.

62
5.2. Teste de Dixon

Este teste é usado quando se deseja comparar os valores individuais obtidos por um
laboratório ou comparar os valores médios obtidos por vários laboratórios. É um teste bilateral, isto é,
são testados os valores mínimo e máximo.
Para um conjunto de resultados Z(h), h = 1, 2, 3 ...H, agrupado em ordem crescente, o teste
de DIXON utiliza o seguinte critério:

Tabela 14 teste de Dixon

H Teste estatístico
3a7 Z ( 2) Z (1) Z ( H ) Z ( H 1)
Dcalculado e Dcalculado
Z ( H ) Z (1) Z ( H ) Z (1)
Z ( 2) Z (1) Z ( H ) Z ( H 1)
8 a 12 Dcalculado e Dcalculado
Z ( H 1) Z (1) Z ( H ) Z ( 2)
Z ( 3) Z (1) Z ( H ) Z ( H 2)
13 a 40 Dcalculado e Dcalculado
Z ( H 2) Z (1) Z ( H ) Z ( 3)

Os valores críticos deste teste encontram-se tabelados.


D calculado < D tabelado 5% Valor Aceito
D tabelado 1% > D calculado > D tabelado 5% Valor Suspeito
D calculado > D tabelado 1% Valor Disperso

A tabela para o teste de Dixon encontra-se na tabela abaixo.

63
Tabela 15 Valores Críticos para o Teste de Dixon
Probabilidade
H
95% 99%
3 0,970 0,994
4 0,829 0,926
5 0,710 0,821
6 0,628 0,740
7 0,569 0,680
8 0,608 0,717
9 0,504 0,672
10 0,530 0,635
11 0,502 0,605
12 0,479 0,579
13 0,611 0,697
14 0,589 0,670
15 0,565 0,647
16 0,546 0,627
17 0,529 0,610
18 0,514 0,594
19 0,501 0,580
20 0,489 0,567
21 0,478 0,555
22 0,468 0,544
23 0,459 0,535
24 0,451 0,526
25 0,443 0,517
26 0,436 0,510
27 0,429 0,502
28 0,423 0,495

Exemplo:
A analista Lúcia encontrou os seguintes valores quando realizou determinações em uma solução
padrão de amônia:
18,0; 19,3; 20,1; 20,3; 20,3; 21,0; 21,4; 22,4.
Verificar se o resultado 21,4 pertence à mesma distribuição dos outros.

Solução: Esse caso se aplica a H entre 8 e 12, pois temos oito valores.
19,3 18 1,3
D calculado = 0,3824 e
21,4 18 3,4
22,4 21,4 1
D calculado = 0,3226
22,4 19,3 3,1
D calculado < D tabelado 5% (valor da tabela = 0,608). Logo o valor é aceito.

64
CAPÍTULO VI

ANÁLISE DE VARIÂNCIAS

6.1. Teste de Cochran (Homogeneidade de Variâncias)

O teste de Cochran é usado para comparar a maior variância com as outras variâncias de um
grupo. Pode ser usado para comparar a exatidão de vários analistas, de vários métodos de análise ou
de vários laboratórios.
É um teste unilateral, isto é, só verifica o maior valor.
Para um conjunto de p analistas (ou laboratórios ou métodos), com desvios padrões Si (i=1, 2,
3 ..., p), todos computados com o mesmo número de repetições n, o teste de Cochran é dado por:

S2 max
Ccalculado p
,
2
S
i
i 1

onde:
2
Si = variância de cada operador ou método ou laboratório;
2
Smax = maior valor encontrado como estimativa da variância, no conjunto;
P = número de analistas (ou laboratórios ou métodos).

No caso de duas repetições, podem ser usadas as amplitudes R, ao invés dos desvios
padrões Si e o teste de COCHRAN é dado por:

R 2 max
Ccalculado p
,
2
R i
i 1

onde:
2
Ri = amplitude quadrática;
2
Rmax = maior valor de amplitude quadrática encontrado no conjunto;
p = número de analistas (ou laboratórios ou métodos).

65
Os valores críticos para o teste de Cochran são tabelados abaixo.

Tabela 16 - Valores Críticos para o Teste de Cochran

N=2 N=3 N=4 N=5 N=6


P
1% 5% 1% 5% 1% 5% 1% 5% 1% 5%
2 - - 0.995 0.975 0.979 0.939 0.959 0.906 0.937 0.877
3 0.993 0.967 0.942 0.871 0.883 0.798 0.834 0.746 0.793 0.707
4 0.968 0.906 0.864 0.768 0.781 0.684 0.721 0.629 0.676 0.590
5 0.928 0.841 0.788 0.684 0.696 0.598 0.633 0.544 0.588 0.506
6 0.883 0.781 0.722 0.616 0.626 0.532 0.564 0.480 0.520 0.445
7 0.838 0.727 0.664 0.561 0.568 0.480 0.508 0.431 0.466 0.397
8 0.794 0.680 0.615 0.516 0.521 0.438 0.463 0.391 0.423 0.360
9 0.754 0.638 0.573 0.478 0.481 0.403 0.425 0.358 0.387 0.329
10 0.718 0.602 0.536 0.445 0.447 0.373 0.393 0.331 0.357 0.303
11 0.684 0.570 0.504 0.417 0.418 0.348 0.366 0.308 0.332 0.281
12 0.653 0.541 0.475 0.392 0.392 0.326 0.343 0.288 0.310 0.262
13 0.624 0.515 0.450 0.371 0.369 0.307 0.322 0.271 0.291 0.246
14 0.599 0.482 0.427 0.352 0.349 0.291 0.304 0.255 0.274 0.232
15 0.575 0.471 0.407 0.335 0.332 0.276 0.288 0.242 0.259 0.220
16 0.553 0.452 0.388 0.319 0.316 0.262 0.274 0.230 0.246 0.208
17 0.532 0.434 0.372 0.305 0.301 0.250 0.261 0.219 0.234 0.198
18 0.514 0.418 0.356 0.293 0.288 0.240 0.249 0.209 0.223 0.189
19 0.496 0.403 0.343 0.281 0.276 0.230 0.238 0.200 0.214 0.181
20 0.480 0.389 0.330 0.270 0.265 0.220 0.229 0.192 0.205 0.174
21 0.465 0.377 0.318 0.261 0.255 0.212 0.220 0.185 0.197 0.167
22 0.450 0.365 0.07 0.252 0.246 0.204 0.212 0.178 0.189 0.160
23 0.437 0.354 0.297 0.243 0.238 0.197 0.204 0.172 0.182 0.155
24 0.425 0.343 0.287 0.235 0.230 0.191 0.197 0.166 0.176 0.149
25 0.413 0.334 0.278 0.228 0.222 0.185 0.190 0.160 0.170 0.144
26 0.402 0.325 0.270 0.221 0.215 0.179 0.184 0.155 0.164 0.140
27 0.391 0.316 0.262 0.215 0.209 0.173 0.179 0.150 0.159 0.135
28 0.382 0.308 0.255 0.209 0.202 0.168 0.173 0.146 0.154 0.131
29 0.372 0.300 0.248 0.203 0.196 0.164 0.168 0.142 0.150 0.127
30 0.363 0.293 0.241 0.198 0.191 0.159 0.164 0.138 0.145 0.124
31 0.355 0.286 0.235 0.193 0.186 0.155 0.159 0.134 0.141 0.120
32 0.347 0.280 0.229 0.188 0.181 0.151 0.155 0.131 0.138 0.117
33 0.339 0.273 0.224 0.184 0.177 0.147 0.151 0.127 0.134 0.114
34 0.332 0.267 0.218 0.179 0.172 0.144 0.147 0.124 0.131 0.111
35 0.325 0.262 0.213 0.175 0.168 0.140 0.144 0.121 0.127 0.108
36 0.318 0.256 0.208 0.172 0.165 0.137 0.140 0.118 0.124 0.106
37 0.312 0.251 0.204 0.168 0.161 0.134 0.137 0.116 0.121 0.103
38 0.06 0.246 0.200 0.164 0.157 0.131 0.134 0.113 0.119 0.101
39 0.300 0.242 0.196 0.161 0.154 0.129 0.131 0.111 0.116 0.099
40 0.294 0.237 0.192 0.158 0.151 0.126 0.128 0.108 0.114 0.097
P = número de laboratórios N = números de repetições

66
C calculado < C tabelado 5% Valor Aceito
C tabelado 1% > C calculado > C tabelado 5% Valor Suspeito
C calculado > C tabelado 1% Valor Disperso

EXEMPLO:
A tabela mostra a exatidão de todos os analistas de um laboratório:

NO DE DESVIO
ANALISTA MÉDIA VARIÂNCIA
MEDIÇÕES PADRÃO
LÚCIA 6 20,20 0,190 0,0361
MÁRCIO 6 20,00 0,486 0,2362
TELES 6 20,70 0,179 0,0320
ROSANA 6 20,03 0,121 0,0146
SOMA 0,3189

0,2362
C calculado = 0,7407
0,3189
C calculado > C 5% (0,590) e C calculado > C 1% (0,676).

Deste modo, o analista Márcio apresenta excessiva variação em relação aos demais.

6.2. Comparação de Variâncias - F de Snedecor

Sejam duas amostras caracterizadas por seus parâmetros: média, variância e número de
elementos.
Amostra 1 : média1; s12 ; n1
Amostra 2: média2 ; s22 ; n2

Através da distribuição F de Snedecor, é possível verificar se as variâncias das populações a


que pertencem estas amostras podem ser consideradas iguais, com nível de confiança desejado.
Para tal, calcula-se o valor de F usando a fórmula:

s12
F ; sendo s1 > s2
s 22

67
O valor obtido para F, chamado Fcalculado, é comparado com o valor de Ftabelado no nível de
significância desejado (1 % ou 5%). Entra-se na tabela com o valor do grau de liberdade de cada
amostra ( = n - 1) e compara-se com o valor calculado.
Quando o valor de Fcalculado é menor que o de Ftabelado, aceita-se a igualdade das variâncias;
caso contrário, a igualdade é rejeitada.
As tabelas dos valores de F encontram-se abaixo.

Tabela 17 Distribuição F - probabilidade de 95%


Numerador
*
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 20 30 40 60 120
1 161,5 199,5 215,7 224,6 230,2 234,0 236,8 238,9 240,5 241,9 245,9 248,0 250,1 251,1 252,2 253,3 254,3
2 18,51 19,00 19,16 19,25 19,30 19,33 19,35 19,37 19,38 19,40 19,43 19,45 19,46 19,47 19,48 19,49 19,50
3 10,13 9,55 9,28 9,12 9,01 8,94 8,89 8,85 8,81 8,79 8,70 8,66 8,62 8,59 8,57 8,55 8,53
4 7,71 6,94 6,59 6,39 6,26 6,16 6,09 6,04 6,00 5,96 5,86 5,80 5,75 5,72 5,69 5,66 5,63
5 6,61 5,79 5,41 5,19 5,05 4,95 4,88 4,82 4,77 4,74 4,62 4,56 4,50 4,46 4,43 4,40 4,36
6 5,99 5,14 4,76 4,53 4,39 4,28 4,21 4,15 4,10 4,06 3,94 3,87 3,81 3,77 3,74 3,70 3,67
7 5,59 4,74 4,35 4,12 3,97 3,87 3,79 3,73 3,68 3,64 3,51 3,44 3,38 3,34 3,30 3,27 3,23
8 5,32 4,46 4,07 3,84 3,69 3,58 3,50 3,44 3,39 3,35 3,22 3,15 3,08 3,04 3,01 2,97 2,93
9 5,12 4,26 3,86 3,63 3,48 3,37 3,29 3,23 3,18 3,14 3,01 2,94 2,86 2,83 2,79 2,75 2,71
10 4,96 4,10 3,71 3,48 3,33 3,22 3,14 3,07 3,02 2,98 2,85 2,77 2,70 2,66 2,62 2,58 2,54
11 4,84 3,98 3,59 3,36 3,20 3,09 3,01 2,95 2,90 2,85 2,72 2,65 2,57 2,53 2,49 2,45 2,40
12 4,75 3,89 3,49 3,26 3,11 3,00 2,91 2,85 2,80 2,75 2,62 2,54 2,47 2,43 2,38 2,34 2,30
13 4,67 3,81 3,41 3,18 3,03 2,92 2,83 2,77 2,71 2,67 2,53 2,46 2,38 2,34 2,30 2,25 2,21
14 4,60 3,74 3,34 3,11 2,96 2,85 2,76 2,70 2,65 2,60 2,46 2,39 2,31 2,27 2,22 2,18 2,13
15 4,54 3,68 3,29 3,06 2,90 2,79 2,71 2,64 2,59 2,54 2,40 2,33 2,25 2,20 2,16 2,11 2,07
16 4,49 3,63 3,24 3,01 2,85 2,74 2,66 2,59 2,54 2,49 2,35 2,28 2,19 2,15 2,11 2,06 2,01
17 4,45 3,59 3,20 2,96 2,81 2,70 2,61 2,55 2,49 2,45 2,31 2,23 2,15 2,10 2,06 2,01 1,96
18 4,41 3,55 3,16 2,93 2,77 2,66 2,58 2,51 2,46 2,41 2,27 2,19 2,11 2,06 2,02 1,97 1,92
19 4,38 3,52 3,13 2,90 2,74 2,63 2,54 2,48 2,42 2,38 2,23 2,16 2,07 2,03 1,98 1,93 1,88
20 4,35 3,49 3,10 2,87 2,71 2,60 2,51 2,45 2,39 2,35 2,20 2,12 2,04 1,99 1,95 1,90 1,84
21 4,32 3,47 3,07 2,84 2,68 2,57 2,49 2,42 2,37 2,32 2,18 2,10 2,01 1,96 1,92 1,87 1,81
22 4,30 3,44 3,05 2,82 2,66 2,55 2,46 2,40 2,34 2,30 2,15 2,07 1,98 1,94 1,89 1,84 1,78
23 4,28 3,42 3,03 2,80 2,64 2,53 2,44 2,37 2,32 2,27 2,13 2,05 1,96 1,91 1,86 1,81 1,76
24 4,26 3,40 3,01 2,78 2,62 2,51 2,42 2,36 2,30 2,25 2,11 2,03 1,94 1,89 1,84 1,79 1,73
25 4,24 3,39 2,99 2,76 2,60 2,49 2,40 2,34 2,28 2,24 2,09 2,01 1,92 1,87 1,82 1,77 1,71
26 4,23 3,37 2,98 2,74 2,59 2,47 2,39 2,32 2,27 2,22 2,07 1,99 1,90 1,85 1,80 1,75 1,69
27 4,21 3,35 2,96 2,73 2,57 2,46 2,37 2,31 2,25 2,20 2,06 1,97 1,88 1,84 1,79 1,73 1,67
28 4,20 3,34 2,95 2,71 2,56 2,45 2,36 2,29 2,24 2,19 2,04 1,96 1,87 1,82 1,77 1,71 1,65
29 4,18 3,33 2,93 2,70 2,55 2,43 2,35 2,28 2,22 2,18 2,03 1,94 1,85 1,81 1,75 1,70 1,64
30 4,17 3,32 2,92 2,69 2,53 2,42 2,33 2,27 2,21 2,16 2,01 1,93 1,84 1,79 1,74 1,68 1,62
40 4,08 3,23 2,84 2,61 2,45 2,34 2,25 2,18 2,12 2,08 1,92 1,84 1,74 1,69 1,64 1,58 1,51
60 4,00 3,15 2,76 2,53 2,37 2,25 2,17 2,10 2,04 1,99 1,84 1,75 1,65 1,59 1,53 1,47 1,39
120 3,92 3,07 2,68 2,45 2,29 2,18 2,09 2,02 1,96 1,91 1,75 1,66 1,55 1,50 1,43 1,35 1,25
3,84 3,00 2,60 2,37 2,21 2,10 2,01 1,94 1,88 1,83 1,67 1,57 1,46 1,39 1,32 1,22 1,01
* Denominador

68
Tabela 18 Distribuição F - probabilidade de 95,45%
Numerador
*
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 20 30 40 60 120
1 195,1 241,0 260,6 271,3 278,0 282,64 286,00 288,6 290,6 292,2 297,1 299,6 302,1 303,4 304,6 305,9 307,2
2 20,49 20,98 21,14 21,23 21,27 21,31 21,33 21,35 21,36 21,37 21,41 21,42 21,44 21,45 21,46 21,47 21,47
3 10,94 10,27 9,96 9,78 9,66 9,58 9,52 9,47 9,44 9,41 9,32 9,27 9,22 9,20 9,17 9,15 9,12
4 8,23 7,38 6,99 6,76 6,62 6,52 6,44 6,38 6,34 6,30 6,18 6,12 6,06 6,03 6,00 5,97 5,94
5 7,02 6,10 5,69 5,46 5,30 5,19 5,11 5,05 5,00 4,96 4,84 4,77 4,70 4,67 4,64 4,60 4,56
6 6,33 5,40 4,98 4,74 4,58 4,47 4,39 4,33 4,27 4,23 4,10 4,03 3,96 3,93 3,89 3,85 3,81
7 5,90 4,96 4,54 4,30 4,14 4,02 3,94 3,87 3,82 3,78 3,64 3,57 3,50 3,46 3,42 3,38 3,34
8 5,60 4,66 4,24 3,99 3,83 3,72 3,63 3,56 3,51 3,47 3,33 3,26 3,18 3,14 3,10 3,06 3,02
9 5,38 4,44 4,02 3,77 3,61 3,49 3,41 3,34 3,29 3,24 3,10 3,03 2,95 2,91 2,87 2,83 2,79
10 5,22 4,28 3,85 3,61 3,44 3,33 3,24 3,17 3,12 3,07 2,93 2,86 2,78 2,74 2,70 2,65 2,61
11 5,08 4,15 3,72 3,48 3,31 3,20 3,11 3,04 2,99 2,94 2,80 2,72 2,64 2,60 2,56 2,51 2,47
12 4,98 4,04 3,62 3,37 3,21 3,09 3,00 2,94 2,88 2,83 2,69 2,61 2,53 2,49 2,44 2,40 2,35
13 4,89 3,96 3,53 3,29 3,12 3,01 2,92 2,85 2,79 2,75 2,60 2,52 2,44 2,40 2,35 2,31 2,26
14 4,82 3,88 3,46 3,21 3,05 2,93 2,85 2,78 2,72 2,67 2,53 2,45 2,36 2,32 2,27 2,23 2,18
15 4,76 3,82 3,40 3,15 2,99 2,87 2,78 2,71 2,66 2,61 2,46 2,38 2,30 2,25 2,21 2,16 2,11
16 4,70 3,77 3,35 3,10 2,94 2,82 2,73 2,66 2,61 2,56 2,41 2,33 2,24 2,20 2,15 2,10 2,05
17 4,66 3,73 3,30 3,06 2,89 2,78 2,69 2,62 2,56 2,51 2,36 2,28 2,19 2,15 2,10 2,05 2,00
18 4,62 3,69 3,26 3,02 2,85 2,74 2,65 2,58 2,52 2,47 2,32 2,24 2,15 2,11 2,06 2,01 1,95
19 4,58 3,65 3,23 2,98 2,82 2,70 2,61 2,54 2,48 2,44 2,29 2,20 2,11 2,07 2,02 1,97 1,91
20 4,55 3,62 3,20 2,95 2,79 2,67 2,58 2,51 2,45 2,40 2,25 2,17 2,08 2,03 1,98 1,93 1,88
21 4,52 3,59 3,17 2,92 2,76 2,64 2,55 2,48 2,42 2,38 2,22 2,14 2,05 2,00 1,95 1,90 1,84
22 4,50 3,57 3,15 2,90 2,74 2,62 2,53 2,46 2,40 2,35 2,20 2,11 2,02 1,97 1,92 1,87 1,81
23 4,47 3,55 3,12 2,88 2,71 2,59 2,50 2,43 2,38 2,33 2,17 2,09 2,00 1,95 1,90 1,84 1,79
24 4,45 3,52 3,10 2,86 2,69 2,57 2,48 2,41 2,35 2,31 2,15 2,07 1,98 1,93 1,87 1,82 1,76
25 4,43 3,51 3,09 2,84 2,67 2,55 2,46 2,39 2,34 2,29 2,13 2,05 1,95 1,91 1,85 1,80 1,74
26 4,41 3,49 3,07 2,82 2,66 2,54 2,45 2,38 2,32 2,27 2,11 2,03 1,94 1,89 1,83 1,78 1,72
27 4,40 3,47 3,05 2,81 2,64 2,52 2,43 2,36 2,30 2,25 2,10 2,01 1,92 1,87 1,81 1,76 1,70
28 4,38 3,46 3,04 2,79 2,63 2,51 2,42 2,34 2,29 2,24 2,08 2,00 1,90 1,85 1,80 1,74 1,68
29 4,37 3,44 3,02 2,78 2,61 2,49 2,40 2,33 2,27 2,22 2,07 1,98 1,89 1,84 1,78 1,72 1,66
30 4,35 3,43 3,01 2,76 2,60 2,48 2,39 2,32 2,26 2,21 2,05 1,97 1,87 1,82 1,77 1,71 1,64
40 4,26 3,34 2,92 2,68 2,51 2,39 2,30 2,23 2,17 2,12 1,96 1,87 1,77 1,72 1,66 1,60 1,53
60 4,17 3,25 2,84 2,59 2,43 2,31 2,21 2,14 2,08 2,03 1,87 1,78 1,67 1,61 1,55 1,48 1,40
120 4,08 3,17 2,75 2,51 2,34 2,22 2,13 2,06 2,00 1,94 1,78 1,68 1,57 1,51 1,44 1,36 1,26
4,00 3,09 2,68 2,43 2,26 2,14 2,05 1,97 1,91 1,86 1,69 1,59 1,47 1,41 1,33 1,23 1,01
* Denominador

69
Tabela 19 Distribuição F - probabilidade de 99,0%
Numerador
*
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 20 30 40 60
1 4052,2 4999,3 5403,5 5624,3 5764,0 5859,0 5928,3 5981,0 6022,4 6055,9 6157,0 6208,7 6260,4 6286,5 6313,0 307,2
2 98,50 99,00 99,16 99,25 99,30 99,33 99,36 99,38 99,39 99,40 99,43 99,45 99,47 99,48 99,48 21,47
3 34,12 30,82 29,46 28,71 28,24 27,91 27,67 27,49 27,34 27,23 26,87 26,69 26,50 26,41 26,32 9,12
4 21,20 18,00 16,69 15,98 15,52 15,21 14,98 14,80 14,66 14,55 14,20 14,02 13,84 13,75 13,65 5,94
5 16,26 13,27 12,06 11,39 10,97 10,67 10,46 10,29 10,16 10,05 9,72 9,55 9,38 9,29 9,20 4,56
6 13,75 10,92 9,78 9,15 8,75 8,47 8,26 8,10 7,98 7,87 7,56 7,40 7,23 7,14 7,06 3,81
7 12,25 9,55 8,45 7,85 7,46 7,19 6,99 6,84 6,72 6,62 6,31 6,16 5,99 5,91 5,82 3,34
8 11,26 8,65 7,59 7,01 6,63 6,37 6,18 6,03 5,91 5,81 5,52 5,36 5,20 5,12 5,03 3,02
9 10,56 8,02 6,99 6,42 6,06 5,80 5,61 5,47 5,35 5,26 4,96 4,81 4,65 4,57 4,48 2,79
10 10,04 7,56 6,55 5,99 5,64 5,39 5,20 5,06 4,94 4,85 4,56 4,41 4,25 4,17 4,08 2,61
11 9,65 7,21 6,22 5,67 5,32 5,07 4,89 4,74 4,63 4,54 4,25 4,10 3,94 3,86 3,78 2,47
12 9,33 6,93 5,95 5,41 5,06 4,82 4,64 4,50 4,39 4,30 4,01 3,86 3,70 3,62 3,54 2,35
13 9,07 6,70 5,74 5,21 4,86 4,62 4,44 4,30 4,19 4,10 3,82 3,66 3,51 3,43 3,34 2,26
14 8,86 6,51 5,56 5,04 4,69 4,46 4,28 4,14 4,03 3,94 3,66 3,51 3,35 3,27 3,18 2,18
15 8,68 6,36 5,42 4,89 4,56 4,32 4,14 4,00 3,89 3,80 3,52 3,37 3,21 3,13 3,05 2,11
16 8,53 6,23 5,29 4,77 4,44 4,20 4,03 3,89 3,78 3,69 3,41 3,26 3,10 3,02 2,93 2,05
17 8,40 6,11 5,19 4,67 4,34 4,10 3,93 3,79 3,68 3,59 3,31 3,16 3,00 2,92 2,83 2,00
18 8,29 6,01 5,09 4,58 4,25 4,01 3,84 3,71 3,60 3,51 3,23 3,08 2,92 2,84 2,75 1,95
19 8,18 5,93 5,01 4,50 4,17 3,94 3,77 3,63 3,52 3,43 3,15 3,00 2,84 2,76 2,67 1,91
20 8,10 5,85 4,94 4,43 4,10 3,87 3,70 3,56 3,46 3,37 3,09 2,94 2,78 2,69 2,61 1,88
21 8,02 5,78 4,87 4,37 4,04 3,81 3,64 3,51 3,40 3,31 3,03 2,88 2,72 2,64 2,55 1,84
22 7,95 5,72 4,82 4,31 3,99 3,76 3,59 3,45 3,35 3,26 2,98 2,83 2,67 2,58 2,50 1,81
23 7,88 5,66 4,76 4,26 3,94 3,71 3,54 3,41 3,30 3,21 2,93 2,78 2,62 2,54 2,45 1,79
24 7,82 5,61 4,72 4,22 3,90 3,67 3,50 3,36 3,26 3,17 2,89 2,74 2,58 2,49 2,40 1,76
25 7,77 5,57 4,68 4,18 3,85 3,63 3,46 3,32 3,22 3,13 2,85 2,70 2,54 2,45 2,36 1,74
26 7,72 5,53 4,64 4,14 3,82 3,59 3,42 3,29 3,18 3,09 2,81 2,66 2,50 2,42 2,33 1,72
27 7,68 5,49 4,60 4,11 3,78 3,56 3,39 3,26 3,15 3,06 2,78 2,63 2,47 2,38 2,29 1,70
28 7,64 5,45 4,57 4,07 3,75 3,53 3,36 3,23 3,12 3,03 2,75 2,60 2,44 2,35 2,26 1,68
29 7,60 5,42 4,54 4,04 3,73 3,50 3,33 3,20 3,09 3,00 2,73 2,57 2,41 2,33 2,23 1,66
30 7,56 5,39 4,51 4,02 3,70 3,47 3,30 3,17 3,07 2,98 2,70 2,55 2,39 2,30 2,21 1,64
40 7,31 5,18 4,31 3,83 3,51 3,29 3,12 2,99 2,89 2,80 2,52 2,37 2,20 2,11 2,02 1,53
60 7,08 4,98 4,13 3,65 3,34 3,12 2,95 2,82 2,72 2,63 2,35 2,20 2,03 1,94 1,84 1,40
120 6,85 4,79 3,95 3,48 3,17 2,96 2,79 2,66 2,56 2,47 2,19 2,03 1,86 1,76 1,66 1,26
6,64 4,61 3,78 3,32 3,02 2,80 2,64 2,51 2,41 2,32 2,04 1,88 1,70 1,59 1,47 1,01

70
EXEMPLO:
Os dados abaixo referem-se à cinco determinações realizadas por dois laboratórios:
Lab.1 (X): 54, 58, 55, 51, 57
Lab.2 (Y): 50, 54, 56, 52, 53
Verificar a compatibilidade entre os resultados.

Solução:
a) Estabelecer o nível de significância de 95%;
b) Calcular a média e a variância das duas amostras
Média X = 55 ; sX2 = 7,5
Média Y = 53 ; sY2 = 5,0;

c) Verificar a compatibilidade entre as duas variâncias

7,5
Fcalculado 1,5 .
5
Como F calculado < F tabelado (6,39), a variabilidade é aceitável para um nível de significância de 95%.

6.3. ANOVA

A ANOVA analisa a variabilidade entre grupos diferentes e a variabilidade interna aos grupos.
Quanto maior for a variabilidade entre os grupos, quando comparada à interna aos grupos, maior é a
evidência de que as médias dos grupos são diferentes.
Define-se SQT (soma de quadrados total) como:

_
SQT (xi x) 2 ,

_
calculada a partir de todos os dados, em que x é a média amostral global.

2 SQT
A estimativa da variância de uma amostra é s .
n 1

71
Podemos dividir SQT em duas parcelas:

- SQD, para explicitar a soma de quadrados dentro do grupo e


- SQE, para a soma de quadrado entre grupos.

SQT = SQD + SQE

_ _ _
SQD (xi x1 ) 2 (xi x2)2 ... (xi xk ) 2
G1 G2 Gk

_
onde x k é a média amostral do grupo k.

_ _ _ _ _ _
SQE n1 ( x 1 x ) 2 n 2 ( x 2 x) 2 ... n k ( x k x) 2

onde nk é o tamanho amostral do grupo k.

É possível obter estimativas independentes da variância populacional a partir de SQD e SQE.


Estas variâncias são chamadas de valores quadrados médios:

s12 = SQE/(m-1)

s22 = SQD/(N-m)

onde m é o número de grupos e N é o tamanho da amostra total. Como estas estimativas de variância
são construídas a partir de dois tipos diferentes de variabilidade, quanto mais elas diferirem, mais
evidência existe de diferença nas médias.

s12
Usamos o teste de Snedecor ( F ) e comparamos este valor com uma distribuição F,
s 22
com (m-1) e (N-m) graus de liberdade ( ) para obter um p-valor.

Geralmente se expressa o resultado da ANOVA em uma tabela conforme abaixo:

72
ANOVA
Fonte da variação SQ MQ F calc. p-valor F crítico
Entre grupos 85,5 3 28,5 2,68 0,0939 3,62
Dentro dos grupos 127,5 12 10,625

Total 213 15

Onde SQ representa a soma dos quadrados e MQ a média quadrada.

A ANOVA pode ser rapidamente obtida com a utilização do software Excel. Utilizar, neste
caso, o menu Ferramentas/Análise de Dados/Anova:fator único.

Exemplo: Consideremos 4 grupos de pessoas com os seguintes pesos, em newtons.

Grupos Valores individuais (N)


G1 82 81 80 80 89
G2 81 81 82 76 76
G3 78 80 78 83 84
G4 83 80 75 76 75

Analisar a homogeneidade dos grupos realizando o teste ANOVA.

Com o software Excel obtemos os seguintes resultados:

RESUMO
Grupo Contagem Soma Média Variância
G1 4 330 82,5 19
G2 4 315 78,75 10,25
G3 4 325 81,25 7,583
G4 4 306 76,5 5,667

ANOVA
Fonte da variação SQ MQ F calc. p-valor F crítico
Entre grupos 85,5 3 28,5 2,68 0,0939 3,62
Dentro dos grupos 127,5 12 10,625

Total 213 15

Como F calculado = 2,68 < F crítico = 3,62 podemos considerar os grupos homogêneos.
O valor de F foi calculado para uma probabilidade de 95,45%.

73
CAPÍTULO VII

CONFIABILIDADE METROLÓGICA

7.1. Calibração e seleção do instrumento de medição

A confiabilidade metrológica se inicia com a correta seleção do instrumento ou sistema de


medição. Para selecionarmos adequadamente um instrumento de medição devemos levar em conta
três fatores:

Definição do mensurando e o método de medição;


A incerteza de medição do instrumento;
A incerteza total do processo de medição.

7.2. A definição do mensurando e o método de medição

A correta definição do mensurando, fundamental para o resultado das medições, está


associada ao que chamamos de sistema de unidades. O sistema de unidades, já abordado no
capítulo 2, é um grupo de unidades estabelecido para um sistema de grandezas. As unidades de
medidas representam valores de referência, que nos permitem expressar as dimensões dos objetos,
confeccionar e, em seguida, controlar as dimensões desses objetos.
Para cada grandeza estabelecida em um sistema de unidades, encontraremos diferentes
instrumentos que permitem realizar a medição dessas grandezas. Assim, a seleção do instrumento
passa pela definição correta do mensurando e de sua unidade.
Os métodos de medição são classificados em dois grupos:

74
Método Direto

São aqueles em que o valor medido é obtido diretamente na escala do instrumento. Por
exemplo, medição da massa de um corpo através do uso de balança.

Figura 9- Calibração de manômetro usando bomba comparativa

Método Indireto

São aqueles em que o valor medido é obtido indiretamente. A grandeza de interesse é obtida
através de uma formula que relacionam duas ou mais variáveis que são medidas diretamente. Como
exemplo, temos a medição da massa especifica de um liquido pelo método massa-volume. A massa
do liquido é medida diretamente em uma balança e seu volume numa vidraria volumétrica (balão
volumétrico ou bureta).
Normalmente, o método de medição direto gera incertezas de medição menores que o
método de medição indireta, as incertezas presentes no processo são associadas ao método de
medição adotado e ao instrumento de medição utilizado.

7.3. Seleção em função da incerteza de medição do instrumento

Para selecionarmos corretamente um instrumento, devemos levar em conta ainda à resolução


do instrumento e sua incerteza de medição. O instrumento ideal para cada caso deve ter uma
resolução compatível com o valor e a tolerância a ser realizada.
Não devemos confundir intervalo de tolerância com incerteza de medição. O intervalo de
tolerância (IT) são os limites dentro dos quais devem se situar o parâmetro de interesse.

75
Se a produção de parafusos numa fábrica deve ter diâmetros de (10,00 ± 0,05) mm, significa
que os valores extremos dos diâmetros dos parafusos devem estar entre 9,95mm e 10,05mm. Logo,
este é o intervalo de tolerância aceitável para cada parafuso. Neste caso, recomenda-se um
micrômetro com incerteza de medição de ± 0,001 mm.
Uma regra informal conhecida como “regra de ouro da metrologia” pode ajudar na escolha da
incerteza do instrumento. Ela estabelece uma relação adequada, ou seja, a “relação de exatidão”
(REx), entre a tolerância (T) da peça a ser medida e a incerteza (U) do instrumento em questão.

T
REx
U

No exemplo anterior, temos um micrômetro de incerteza de medição ± 0,001mm. O intervalo


de tolerância para medição do diâmetro do parafuso é ± 0,05mm. Logo, teremos uma relação de
exatidão:

0,05
REx 50
0,001

Cálculos, desenvolvidos a partir de observações práticas e baseados em premissas diversas,


demonstram que:

a probabilidade de não perceber oscilações no sistema de medição, quando a relação


de exatidão é menor do que 4, é muito grande;
o custo do sistema torna-se exagerado quando a relação é maior do que 10.

7.4. Seleção em função da incerteza total da medição

Dado que o preço de compra de um instrumento está ligado diretamente a sua resolução –
quanto melhor a resolução, mais caro o instrumento – a escolha baseada nos fatores anteriores serve
para reduzir o custo de um sistema de medição. Entretanto, para a definição de uma adequação
desse instrumento ao uso, ela por si só não é conclusiva.
A questão fundamental agora passa a ser a “qualidade” da medição feita com o instrumento.
Existem instrumentos que possuem uma boa resolução, mas que introduzem erros grandes nas
medições feitas com eles. Um exemplo disso são as máquinas de medição tridimensional com
comando manual. A resolução desse tipo de equipamento é de 0,001mm ou 0,0001mm, mas
apresentam erros nas medidas da ordem de 0,01mm. Isso porque fatores diversos, tais como, força

76
de medição, tipo de escala (vidro ou aço), método de medição, atrito, características construtivas e
outros contribuem para a ocorrência desses erros. Além disso, a própria definição desses erros,
através da calibração, estará afetada por uma incerteza de calibração que deverá ser computada na
incerteza total do processo de medição.
Quando recebemos um instrumento do laboratório de calibração, com seu respectivo
certificado, temos em mãos um documento que revela características metrológicas do mesmo.
Basicamente, erro e incerteza de medição.
O erro deve ser corrigido e a incerteza, deve ser avaliada. Se não desejarmos corrigir o erro
de medição do instrumento, por motivos de praticidade, devemos então incorporar o erro de medição
na incerteza total do processo de medição.
A “incerteza total do processo”, UT é definida como a soma dos módulos da incerteza do
certificado (UC) e do erro ou tendência do instrumento.

UT UC E

Atendendo aos requisitos da norma, essa incerteza total é que deve ser consistente com as
capacidades de medição requerida.
Assim, teremos para o exemplo dado:

Erro do micrômetro oriundo do certificado de calibração = - 0,005 mm;


Incerteza de medição do micrômetro = ± 0,001 mm.

A incerteza do processo de medição será: 0,001+0,005 = 0,006 mm

Este resultado representa:


0,05
Re x 8,33
0,006

Ainda restarão casos onde não será possível afirmar, com segurança, que uma peça está ou
não dentro do intervalo de tolerância. Veja o exemplo a seguir:
Imagine que o resultado da medição de um parafuso fosse (10,05 ± 0,05) mm. Haveria
dúvida, pois o valor inferior da medição é 10,00mm e o superior é 10,10mm, extrapolando o intervalo
de tolerância (9,95 mm até 10,05 mm). Por esta razão iremos caracterizar três faixas do intervalo de
tolerância:

77
a faixa da conformidade,
a faixa de não conformidade e
a faixa de dúvida.

Limite Inferior de Tolerância Faixa de Tolerância do Produto Limite Superior da Tolerância


(LIT) (LST)

Faixa de não Faixa de não


Conformidade Faixa de Conformidade
Conformidade

Reprovação Faixa de Dúvida Aprovação Faixa de Dúvida Reprovação

Figura 10 - Faixas de intervalo de tolerância

Seja LIT o limite inferior de tolerância e LST o limite superior de tolerância.


Era de se esperar que o resultado aceitável (RA) fosse LIT RA LST. Porém, em função
da incerteza do processo de medição, só é possível afirmar que a peça atende à tolerância se estiver
dentro da denominada faixa de conformidade, representada na figura.
Note que a faixa de conformidade é menor que a tolerância original. Para determinar a Faixa
de Conformidade é necessário estabelecer novos limites, denominados “limites de controle”. São
então definidos:

LIC = LIT + UT (limite inferior de controle);


LSC = LST – UT (limite superior de controle).

Onde UT é a incerteza total do processo de medição.

No exemplo do parafuso, usando o micrômetro como instrumento de medição, o LIC e o LSC,


serão:

LIC = 9,95 + 0,006 = 9,956mm;


LSC = 10,05 - 0,006 = 10,044mm.

O resultado aceitável para a faixa de conformidade deve estar compreendido entre 9,956mm
e 10,044mm.

78
7.5. Controle do sistema de medição

a. Individual

Nesse método, o controle é feito com base nas capacidades reais de medição, ou seja,
naquelas efetivamente levantadas através do conhecimento estatístico do comportamento do
processo, ou nos casos em que uma única característica é medida com grande freqüência de
medição.
Após a determinação das capacidades de medição requeridas, são então selecionados
instrumentos específicos para medir cada dimensão. Em cada dimensão um único instrumento é
selecionado e utilizado.

Vantagens do método individual:


Maior confiança nos resultados das medições;
Aumento da vida útil do instrumento;
Intervalos de calibração mais acertados.

Desvantagens do método individual:


Custo muito alto pela necessidade de uma maior quantidade de instrumentos;
Dificuldade de evidenciar que determinado instrumento só é utilizado naquela dimensão
a que se destina;
O sistema de calibração também tem que ser individualizado, o que se torna difícil de
gerenciar;

É quase impossível de ser utilizado quando uma peça tem várias dimensões que podem ser
controladas pelo mesmo instrumento.
O método deve ser usado, preferencialmente, em processos que utilizem “instrumentos
cativos”, que controlam uma única característica do produto e estão associados a máquinas e
equipamentos. Por exemplo, em manômetros e controladores de temperatura associados à bancada
de teste. O método pode ser usado também para dispositivos de medição, calibradores “passa - não-
passa” e outros equipamentos que atuem numa única característica. É aconselhável, nesses casos, o
uso de métodos estatísticos (R&R) para determinação da capacidade do sistema de medição.

79
b. Pior caso (ou mais estreito)

Por esse método, adota-se a menor capacidade requerida da medição especificada para
instrumentos de mesma característica. Por exemplo, de todas as dimensões que requerem o uso de
micrômetro externo tomaremos aquela com menor campo de tolerância, independentemente do
processo de fabricação ou do tipo de peça ou produto.

Vantagens do método
Os instrumentos podem ser agrupados por famílias de instrumentos com mesma
característica, o que facilita o gerenciamento das calibrações;
Pode ser adotado um critério de aceitação único para cada família;
Existe a certeza de que os processos de medição são adequados e independentes do
nível de qualificação dos operadores ou dos processos.

Desvantagens do método
Existe o risco de rejeição de instrumentos em condições de atuar em outros processos,
aumentando o custo de sua substituição;
Exige uma interação entre a engenharia e o controle da qualidade na hora de
determinar os processos e selecionar os instrumentos adequados.

Usamos o método do pior caso para processos que utilizem instrumentos de medição
genéricos, isto é, que podem ser usados em qualquer processo. Por exemplo, paquímetros,
micrômetros, relógios comparadores, etc.

7.6. Tipos de confirmação metrológica

Que medições afetam a qualidade do meu produto? Esta é uma questão bastante polêmica
dentro da maioria das empresas, porque, de um modo geral, existe pouco conhecimento sobre os
produtos ou os processos. Por não haver esse conhecimento, muitas empresas optam por calibrar
todos os instrumentos e equipamentos. Isto é, sem dúvida, um grande gerador de custos para essas
empresas. De um modo geral, o mais indicado é classificar a confirmação metrológica dos
instrumentos em três grupos:

80
a. Calibração

Aplicável àqueles instrumentos e padrões que tenham métodos de calibração já validados


(normas ou procedimentos reconhecidos no meio metrológico).
A calibração (VIM 6.11) é um conjunto de operações que estabelece, sob condições
especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento de medição – ou sistema de
medição ou valores representados por uma medida materializada ou um material de referência – e os
valores correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões.
O resultado de uma calibração permite tanto o estabelecimento dos valores do mensurando
para as indicações, como a determinação das correções a serem aplicadas e sua incerteza de
medição.
Uma calibração pode também determinar outras propriedades metrológicas como o efeito das
grandezas de influência. O resultado de uma calibração pode ser registrado em um documento,
algumas vezes denominado de certificado de calibração ou relatório de calibração.

b. Verificação

Aplicável àqueles instrumentos não convencionais, desenvolvidos e fabricados para atender


objetivos específicos e cuja principal fonte de erro deve-se a desgaste de seus componentes. Esses
devem ser verificados contra desenhos de fabricação por instrumentos de mesmo nível hierárquico,
ou submetido a avaliações estatísticas de desempenho.

c. Não aplicável

Instrumentos cujos valores são somente orientativos ou são auxiliares no processo de


medição não devem estar sujeitos à comprovação metrológica. Por exemplo, base magnética,
gabaritos de raio, etc.

7.7. Hierarquia dos padrões e rastreabilidade

a. Hierarquia dos padrões

Quando um operador executa uma calibração, ele está comparando as dimensões do objeto
com um padrão. Esse padrão pode ser um instrumento de medição, um calibrador ou um jogo de
blocos padrão, mas de diferentes níveis hierárquicos.
A distribuição dos instrumentos e padrões em níveis hierárquicos tem como função principal
transferir exatidão ao nível de ordem inferior. Essa distribuição dos padrões em níveis hierárquicos se

81
dá em função de fatores diversos; como local de guarda, função, características metrológicas, etc.
Essa hierarquia pode ser mais bem entendida através da pirâmide da Figura abaixo.

Figura 11- Hierarquia dos Padrões

A Tabela abaixo traz as definições dos padrões em cada nível.

Tabela 20 - Definições dos padrões e suas características

O QUÊ? PARA QUÊ? ONDE?


Padrão primário Referência máxima de INMETRO (Brasil)
- Possui as mais altas qualidades calibração (nível NIST (USA)
metrológicas num campo específico. nacional) PTB (Alemanha)
Padrão secundário Relação entre o Laboratórios da
- O valor é determinado comparando-o padrão primário e o Rede Brasileira de
com um padrão primário padrão de trabalho Calibração (RBC)
Padrão de trabalho
Laboratórios da
- Calibrado normalmente contra um
Calibração dos Rede Brasileira de
padrão secundário, que é utilizado
instrumentos de Calibração (RBC) e
para calibrar ou ajustar medidas
trabalho Laboratórios das
materializadas ou instrumentos de
indústrias
medição.
Instrumentos, equipamentos, Medição de processos
Indústria
dispositivos e calibradores. e produtos

Os padrões podem ser classificados, ainda, quanto à sua:

82
Tabela 21 - utilização e reconhecimento dos padrões
- Padrão de Referência
UTILIZAÇÃO
- Padrão de Transferência

- Padrão Nacional
RECONHECIMENTO
- Padrão Internacional

A relação de exatidão entre os níveis hierárquicos deve ser convenientemente escolhida de


modo a garantir a transferência da exatidão de um padrão a outro.
Essa relação deve situar-se entre 4 e 10, ou melhor, o padrão de nível superior deve ter uma
exatidão 4 a 10 vezes maior que o de nível inferior. Essa regra, conhecida como “regra de ouro da
metrologia”, aplica-se a todos os instrumentos e sistemas de medição.

Importante
No caso de padrões representados por constantes naturais, como o metro, ou derivados de
duas ou mais constantes, como a luz, o nível nacional é o mesmo que o internacional, porque o
estado da arte da tecnologia é o mesmo nos dois níveis.

b. Rastreabilidade

Rastreabilidade é a propriedade de um resultado de medição que consiste em poder


referenciar-se a padrões apropriados, nacionais ou internacionais, por meio de uma cadeia de
comparações e segundo uma hierarquia metrológica.
Para que haja confiabilidade metrológica é indispensável que haja uma compatibilidade entre
os níveis hierárquicos de padrões e instrumentos. Como cada nível atua dentro de universos
diferentes de harmonização complexa, esta compatibilização se dará através da rastreabilidade
metrológica.

7.8. Documentação do sistema de comprovação

As normas prevêem que devam ser elaborados procedimentos ou instruções de trabalho que
definam a estruturação do sistema de gerenciamento e o controle dos equipamentos. Entre estes
procedimentos citamos os mais importantes:

83
a. Plano de calibração dos equipamentos de inspeção, medição e ensaios (norma geral)

Entre outras coisas, esse procedimento deve conter as seguintes informações:

Forma de cadastro dos equipamentos e sua identificação;


Tipo de comprovação metrológica dos instrumentos (calibração, verificação, não
aplicável);
Envio e recebimento de equipamentos para calibração (quando for calibração externa);

b. Freqüências de calibração e critérios para ajustes

Tipo de controle dos prazos de calibrações;


Registros e certificados – formas de controle, validação e arquivamento;
Metodologia usada para instrumentos não conformes;
Metodologia para identificar o status do instrumento (etiquetas);
Metodologia para garantir a integridade das condições de calibração;
Metodologia para cálculo das incertezas e critérios de aceitação.

c. Procedimentos para controle das condições ambientais (quando as calibrações


forem internas)

Procedimento para armazenamento, manuseio e conservação dos equipamentos.


Procedimentos técnicos para as atividades de calibração, quando executadas
internamente.

7.9. Freqüências de calibração

a. Escolha da freqüência inicial

A escolha da freqüência inicial de calibração é baseada em experiências pessoais ou em


freqüências adotadas por outras empresas ou laboratórios. Não existe uma norma ou uma regra fixa,
mas há um consenso geral de que esta decisão deva ser tomada com bom senso e levando-se em
conta alguns fatores, tais como:

Recomendações do fabricante;
Limitações impostas por entidades governamentais;

84
Freqüência de utilização;
Severidade ambiental;
Características inerentes ao projeto do instrumento;
Grau de exatidão do instrumento em relação à tolerância;
Criticidade e importância da medida efetuada.

b. Métodos para ajustes das freqüências

O estabelecimento das freqüências de calibração é um processo dinâmico e, assim como o


sistema de comprovação metrológica, deve ser analisado criticamente. O ideal seria o
estabelecimento de freqüências variáveis em função das tendências apresentadas pelo instrumento
no momento da calibração, mas isso é impraticável em função do custo. Entretanto, se ajustarmos
adequadamente as freqüências, podemos minimizar os custos e monitorar as mudanças na exatidão
e incertezas do instrumento.
Embora não haja um método ideal, que englobe todos os tipos de instrumentos, existe uma
variedade de métodos disponíveis para a análise das freqüências. A norma ISO 10012-1/1993, em
seu anexo A, apresenta cinco métodos para ajuste de freqüência:

Método 1: Ajuste automático ou escalonado

Cada vez que o equipamento é calibrado, a freqüência é ajustada em função dos limites de
tolerância estabelecidos. O método é indicado para os casos em que os equipamentos são
gerenciados individualmente.

Método 2: Gráfico de controle

São escolhidos os mesmos pontos de calibração e os resultados são levados a um gráfico em


função do tempo. A partir destes gráficos, são calculadas a dispersão e a derivação. É um método de
difícil aplicação e requer um processamento automático dos dados e um conhecimento prévio da lei
de variabilidade do equipamento.

Método 3: Histórico

É o método mais utilizado atualmente. Os equipamentos são agrupados em famílias e a


freqüência inicial é determinada para o grupo. Em cada família, a quantidade de equipamentos que
são reprovados em um determinado período, exceto os danificados, é expressa como proporção da
quantidade total de equipamentos desta família. A freqüência é então ajustada com base nesse
número.

85
Método 4: Tempo de uso

Esse método é uma variação dos anteriores. O método básico permanece inalterado, mas a
freqüência é estabelecida em horas de uso, ao invés de meses decorridos. É um método de difícil
gerenciamento que apresenta um custo de implantação muito alto.

Método 5: Ensaio “em serviço” ou de “caixa preta”

Esse método é uma variação dos métodos 1 e 2, sendo especialmente adequado para
instrumentos complexos e bancadas de ensaio. Os parâmetros críticos são verificados
freqüentemente, uma ou até mais vezes ao dia, por um dispositivo de calibração portátil ou de
preferência uma “caixa preta”, construída especialmente para verificar os parâmetros selecionados.
Se a “caixa preta” detectar que o equipamento está “não conforme”, ele é encaminhado para uma
comprovação plena.

7.10. Adequação ao uso

A norma ISO 10012-1/1993 nos diz que “o propósito de um sistema de comprovação é


assegurar que o risco de um equipamento de medição de produzir resultados com erros inaceitáveis
permaneça dentro de limites aceitáveis”. Ainda na norma ISO 10012, temos que “o erro imputável à
calibração deve ser tão pequeno quanto possível. Na maioria das áreas de medição, não deveria ser
maior do que um terço e, de preferência, um décimo do erro permissível do equipamento,
comprovado quando em uso”.
Por analogia, podemos concluir que, ao executarmos uma medição, a incerteza total relativa
ao processo de medição não deveria ser maior do que um terço e, de preferência, um décimo da
capacidade requerida da medição. Por razões de custo x benefício, como vimos anteriormente, a
relação entre o intervalo de tolerância (IT) e a incerteza total (UT) deve ser de quatro a dez vezes.
Assim, torna-se evidente que a qualidade do processo é fator fundamental para a escolha da
relação de exatidão, já que em processos com grande variabilidade (incerteza total alta) um valor
igual a quatro (4) pode tornar o índice de rejeição muito alto, enquanto que numa variabilidade menor
o sistema de medição se tornaria inviável. O valor da relação de exatidão, deve sempre que possível,
ser único para todas as aplicações e deve ser escolhido em função das exigências do projeto ou do
nível de qualidade que se espera obter. O uso do controle estatístico do processo (CEP) é uma
ferramenta útil para se determinar a capabilidade de um processo e auxiliar na escolha da relação de
exatidão.

86
Devemos considerar ainda que a confiança em um sistema de medições reside no fato de que
a incerteza total da medição seja coerente com a tolerância especificada para o produto. Para isso,
ações devem ser tomadas no sentido de minimizar os erros associados aos processos de medida.
Entre elas:

Quantificar os componentes dos erros através de projetos de experimentos e atuar nos


erros mais pronunciados;
Ter programas de calibração e verificação adequadamente planejados e
implementados;
Uniformizar os procedimentos operacionais;
Escolher equipamentos mais robustos, isto é, menos sensíveis à variação nos
procedimentos, operadores etc.;
Investir na qualificação dos operadores que são a fonte mais significativa de erros em
qualquer processo.

Conhecendo-se a incerteza total do processo de medição, podemos adequá-la ao uso da


seguinte forma:

IT
UT
X

Onde,
UT é a incerteza total do processo de medição.
IT é o intervalo de tolerância requerido da medição.
X é um número inteiro. Entre 4 e 10.

7.11. Etiquetas de comprovação

Está consagrado o uso de etiquetas para comprovação do status do instrumento. No entanto,


essa é uma das maiores fontes de não-conformidades encontradas em auditorias, porque existem
dificuldades em manter-se os equipamentos etiquetados, principalmente quando os mesmos
trabalham em ambientes com óleo, graxa ou poeira.
Se a opção for pelo uso das etiquetas, elas devem trazer, claramente, a data da última e da
próxima comprovação. Devem também permitir ao usuário identificar se o equipamento está
aprovado, reprovado ou se tem alguma outra restrição ao uso.
Quando estruturamos um sistema de comprovação consistente, outros métodos de
comprovação do status do equipamento podem ser utilizados. Por exemplo, se há um controle

87
eficiente quanto aos prazos de calibração e recolhimento dos instrumentos vencidos, o departamento
da qualidade pode garantir e se responsabilizar por todos os instrumentos em uso estarem aprovados
e em condições. Os auditores poderão comprovar essa situação, fazendo uma amostragem dos
equipamentos na empresa. Outra maneira é fornecer ao usuário listas dos equipamentos que ele
utiliza, identificando seu status.

7.12. Certificados de calibração

Num sistema de comprovação metrológica devem ser mantidos registros que evidenciem as
ações executadas. Dentre eles, destacamos os “certificados de calibração” que garantem maior
confiança nos resultados obtidos e garantem a rastreabilidade e o uso dessas informações em outros
processos. Esses certificados devem conter, segundo o guia ISO/IEC 17025:2001, no mínimo, os
seguintes itens abaixo relacionados:

nome e/ ou logotipo da entidade responsável;


número do certificado, em todas as folhas;
identificação do instrumento;
identificação do solicitante;
data da calibração e da emissão;
identificação ou descrição do procedimento utilizado e a norma de referência, quando
aplicável;
padrões e equipamentos utilizados com respectivos números dos certificados de
calibração, órgão emissor e data de validade;
condições ambientais em que foram realizadas as calibrações;
incerteza de medição expressa na mesma unidade do resultado da medição e com
intervalo de confiança declarado;
assinaturas do técnico responsável e do gerente técnico;
resultados obtidos, na forma numérica ou representação gráfica, em unidades do SI ou
por ele aceita.

Abaixo, segue modelo de certificado de calibração.

88
nome do laboratório
LOGO DO Laboratório de Metrologia XXXXXX
LABORATÓRIO Rua XXXXXXXXXXXXXX
CEP XXXXXXXXXX
Tel.: (0XX21) XXXXXXXXXX

CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO Nº

INFORMAÇÕES RELATIVAS AO CLIENTE


Empresa: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Endereço: Rua xxxxxxxxxxxxxxxxx
CEP: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Tel.: (0XX21) xxxxxxxxxxx

INFORMAÇÕES RELATIVAS AO OBJETO CALIBRADO


Fabricante: XXXXXXXXX Classe: XXX
Descrição: XXXXXXXXX Resolução (g): 0,0001
Modelo: XXXXXXXXX Faixa de Medição (g): 100 mg a 210 g
Nº Série: XXXXXXXXX

METODOLOGIA UTILIZADA
A calibração foi realizada com base no método de comparação direta.

RASTREABILIDADE

TAG Modelo Fab.: N.º Cert.: N.° de Série Resp.:


Massas-padrão NA E2
Termômetro N.A.
Higrômetro TH 01
Barômetro BAR 01

RESULTADOS DA CALIBRAÇÃO

Incerteza Grau de liberdade


Indicação( g ) Padrão (g) Objeto (g) Tendência (mg) k
(mg) efetivo
20 20,000009 20,0031 3,0 2,01 0,7 465
50 50,000030 50,0080 8,0 2,01 0,7 471
70 70,000042 70,0101 10,1 2,00 0,9 1904
100 100,000030 100,0146 14,6 2,00 0,9 1938
120 120,000039 120,0177 17,7 2,00 1,0 1966
150 150,000060 150,0224 22,4 2,00 1,0 2015
170 170,000072 170,0252 25,2 2,00 1,0 2056
200 200,000100 200,0299 29,8 2,00 1,0 2150
210 210,000112 210,0323 32,1 2,00 1,3 2056

Dados Ambientais: Temp.: 20,5ºC Umidade: 43,5% Pressão: 1017hPa


Local de Instalação: ( X ) Estável ( ) Instável ( X) Climatizado

A incerteza expandida de medição relatada é declarada como a incerteza padrão da medição multiplicada pelo
fator de abrangência kp, que para uma distribuição normal corresponde a uma probabilidade de abrangência de
95,45%.
OBSERVAÇÕES
a) É permitida a reprodução deste certificado somente em sua totalidade, sem prévia autorização do Laboratório de Metrologia.
b) Os resultados deste certificado referem-se exclusivamente ao objeto calibrado nas condições especificadas, não sendo extensivo a quaisquer
equipamentos
c) A calibraçãode mesmanão
efetuada natureza.
isenta o objeto do controle metrológico estabelecido pela regulamentação metrológica.
d) A incerteza padrão de medição foi determinada de acordo com a publicação EA-4/02:1999

Calibração: 16/03/2006
Emissão: 03/04/2006
___________________________________________ _____________________________
XXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Tecnico Metrologista Gerente Tecnico
Figura 12 - Modelo de certificado de calibração

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Quando as calibrações são realizadas internamente, pode-se utilizar um modelo simplificado
de certificado. Esses certificados devem ser validados contra os critérios de aceitação estabelecidos.
Essa validação pode ser feita através de carimbos, conforme Figura 8, ou manuscrita com a
colocação da data e da assinatura do responsável pela validação. Os certificados somente terão valor
como registro da qualidade após esta providencia.

APROVADO

DATA: VISTO:

7.13. Condições ambientais

Quando as calibrações são realizadas internamente, as condições ambientais devem ser


controladas com equipamentos calibrados e registradas diariamente pelo próprio aparelho (termo
higrômetro), ou manualmente em formulário adequado. As condições ambientais mínimas para essas
atividades são dadas na Tabela abaixo.

Tabela 22 - Requisitos mínimos para condições ambientais em salas de calibração

CALIBRAÇÃO CALIBRAÇÃO
PARÂMETRO
DIMENSIONAL ELÉTRICA/FÍSICA
Temperatura (20 1)ºC (23 1,5)ºC
Velocidade máxima de
alteração da 1ºC/h 1,5ºC/h
temperatura
Umidade relativa (35 a 55) % e 5%
Poeira máxima 20 x 104 partículas/pé cúbico > 0,5 m
Iluminação 1000 lux em qualquer ponto

7.14. Armazenamento, manuseio e preservação

a. Local de armazenamento

Os instrumentos devem ser mantidos em locais adequados, tanto na linha de produção quanto
na sala de metrologia. Devem ser providenciados estojos ou embalagens que preservem o
instrumento da deterioração. Devem também, serem observados cuidados, como: temperatura
controlada, ausência de poeira, vibrações, entre outros.

90
b. Manuseio

Uma das maiores fontes de rejeição de instrumentos decorre da falta de cuidados básicos por
parte dos usuários. Isto requer investimentos no treinamento de funcionários para melhorar o nível de
entendimento quanto à importância desses cuidados. A comprovação desses treinamentos é hoje,
quase que exclusivamente, a única evidência aceita pelos auditores quanto a esse requisito.

c. Preservação

Um programa de manutenção preventiva deve ser estabelecido como forma de preservar os


instrumentos e garantir seu funcionamento correto. O programa de manutenção deve incluir, mas não
estar limitado em cuidados à:

Lubrificação;
Fontes de tensão;
Limpeza;
Cabos de alimentação.

7.15. Lacre

Aqueles instrumentos em que o operador não necessite realizar ajustes periódicos ou ajustes
antes da medição devem ser lacrados para evitar que ajustes inadvertidos sejam feitos. O lacre mais
comum utilizado na maioria das empresas é a tinta ou esmalte.

91
Exercícios

1. Responda:

a) Quais fatores devemos levar em consideração na seleção de um instrumento de medição?


b) O que é relação de exatidão?
c) Como é definida a incerteza total do processo de medição?
d) O que é faixa de conformidade?
e) O que é intervalo de tolerância?
f) Quais são os tipos de confirmação metrológica?
g) Qual a definição e característica dos padrões secundários e de trabalho?
h) Qual o método de freqüência de calibração mais utilizado?

2. O que é incerteza total do processo de medição?

a) Incerteza do instrumento de medição.


b) Incerteza do instrumento de medição mais seu erro de indicação.
c) Incerteza do instrumento de medição mais as variabilidades do processo de medição.
d) Incerteza do instrumento de medição mais as variabilidades do processo de medição mais seu
erro de medição.

3. Se a produção de parafusos numa fábrica deve ter diâmetros de (10,0 ± 0,1) mm, assinale a
alternativa que representa o seu intervalo de tolerância.

a) 0,01 mm
b) 0,1mm
c) 0,2mm
d) 0,02 mm

4. Qual a ordem hierárquica dos padrões.

a) Primário; secundário; de trabalho e instrumento de medição.


b) Primário; de trabalho; laboratorial e instrumento de medição.
c) Primário; secundário; de trabalho e RBC.
d) Primário; secundário; RBC e instrumento de medição.

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5. Assinale a alternativa que é irrelevante num certificado de calibração.

a) Nome do laboratório de calibração


b) Numeração das paginas
c) Data da calibração
d) Tempo de calibração

6. Para selecionarmos adequadamente um instrumento de medição devemos levar em conta três


fatores. Quais são:

a) Definição do mensurando e do tipo da medição; A resolução do instrumento;


b) A incerteza total do processo de medição.
c) O tipo da medição; A faixa de medição do instrumento; O seu erro.
d) O tipo da medição; A resolução do instrumento; O seu erro.

7. Se a produção de parafusos numa fábrica deve ter diâmetros de (10,0 ± 0,1) mm, qual deve ser a
resolução do instrumento utilizado, para essa medição, afim de que a relação de exatidão seja 4.

a) 0,1 mm
b) 0,01mm
c) 0,5mm
d) 0,05 mm

8. Em uma produção em série, de uma peça de comprimento (15,00 ± 0,05) mm, foi adotado um
micrômetro para seu controle de qualidade. Considerando a incerteza total do processo de
medição como sendo 0,02mm, qual das opções abaixo melhor representa o intervalo de aceitação
da peça.

a) (14,98 a 15,06) mm
b) (14,95 a 15,05) mm
c) (14,00 a 16,00) mm
d) (14,98 a 15,02) mm

93
CAPÍTULO VIII

LABORATÓRIO DE CALIBRAÇÃO E
ENSAIO
(Texto retirado do site do INMETRO em 05/11/2006 – www.inmetro.gov.br)

Organismos com autoridade para realizar acreditação. O Inmetro é assessorado pelos


comitês técnicos do Conmetro na preparação dos documentos que servem de base para a
acreditação.

O Inmetro acredita:

Organismos de Certificação;
Organismos de Inspeção
Laboratórios de Calibração
Laboratórios de Ensaios

Neste texto, vamos focar apenas aos laboratórios de calibração e ensaio.

8.1. Laboratórios de Calibração Acreditados (Rede Brasileira de


Calibração – RBC)

Figura 13 - Logo antigo da RBC; novo logo da RBC

94
O movimento da qualidade no Brasil e a substituição da política econômica protecionista
estimularam de forma expressiva a demanda de serviços metrológicos, suplantando a capacidade de
atendimento dos laboratórios disponíveis no Inmetro. Com o objetivo de disponibilizar ao país uma
infra-estrutura de serviços básicos para a competitividade, em atendimento à demanda, foi
estimulada, em 1980, a criação da Rede Brasileira de Calibração (RBC).
Constituída por laboratórios acreditados (credenciados) pelo Inmetro, a RBC congrega
competências técnicas e capacitações vinculadas às indústrias, universidades e institutos
tecnológicos, habilitados à realização de serviços de calibração. A acreditação (Acreditação)
subentende a comprovação da competência técnica, credibilidade e capacidade operacional do
laboratório.
A concessão da acreditação (Acreditação) atribuído pelo Inmetro, por intermédio da Divisão
de Acreditação de Laboratórios de Calibração, vinculada à Coordenação de Acreditação - CGCRE,
efetua-se em conformidade com procedimentos internacionais de "acreditação" constantes do
ISO/IEC Guide 25 (1990), disponíveis em publicação própria do Inmetro.
Embora sistemicamente estruturada, esta matriz laboratorial carece de importantes
especialidades da metrologia e apresenta-se incompatível com a crescente procura da certificação
ISO 9000, indutora da demanda de serviços metrológicos.
A RBC deve ser entendida pela sua atuação estruturante na coordenação do sistema
metrológico brasileiro, operando em sintonia com os Laboratórios Metrológicos do Inmetro, segundo
procedimentos consistentes e harmonizados com seus similares internacionais. Utilizando padrões
rastreáveis às referências metrológicas mundiais de mais alta exatidão, a RBC estabelece o vínculo
com as unidades do Sistema Internacional (SI) constituindo a base técnica imprescindível ao livre
comércio ente áreas econômicas preconizado nos mercados globalizados.
Em perfeita articulação com os laboratórios metrológicos que integram a RBC, compete a sua
coordenação, buscar os meios para assegurar o provimento desses serviços no atendimento às
necessidades dos diferentes setores, de forma compatível com seus interesses e especificidades,
segundo os diferentes níveis de desenvolvimento econômico.
De forma mais ampla, a RBC atua também no provimento dos serviços metrológicos que
estabelecem as salvaguardas da defesa do consumidor, da construção da cidadania, da saúde, da
proteção e preservação do meio ambiente.

95
8.2. Laboratórios de Ensaio Acreditados (Rede Brasileira de
Laboratórios de Ensaio – RBLE.)

A Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio - RBLE, é o conjunto de laboratórios acreditados


pelo Inmetro para a execução de serviços de ensaio. Aberto a qualquer laboratório, nacional ou
estrangeiro, que realize ensaios e atenda aos critérios do Inmetro.

Os objetivos da RBLE são:

Aperfeiçoar os padrões de ensaio e gerenciamento dos laboratórios que prestam


serviços no Brasil.
Identificar e reconhecer oficialmente laboratórios no Brasil.
Promover a aceitação dos dados de ensaio de laboratórios acreditados, tanto nacional
quanto internacionalmente.
Facilitar o comércio interno e externo.
Utilizar de modo racional a capacitação laboratorial do país.
Aperfeiçoar a imagem dos laboratórios realmente capacitados.

8.3. Laboratórios Metrológicos do Inmetro

Os laboratórios do Campus de Xerém, RJ, têm como missão institucional, a responsabilidade


pela guarda dos padrões nacionais e autonomia para agregar novos laboratórios à sua estrutura. O
Brasil, representado pelo Inmetro, ocupa seu espaço no cenário internacional consolidando sua
capacitação para harmonizar o sistema de acreditação as práticas internacionais.

Laboratórios de Metrologia Acústica e de Vibrações


Laboratórios de Metrologia Mecânica
Laboratórios de Metrologia Química
Laboratórios de Metrologia Térmica
Laboratórios de Metrologia Óptica
Laboratórios de Metrologia Elétrica

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8.4. Laboratórios Designados

O Inmetro conta ainda com laboratórios metrológicos que operam por delegação
supervisionada, são eles:

Divisão Serviço da Hora do Observatório Nacional (DSHO/ON);


Laboratório Nacional de Metrologia das Radiações Ionizantes (LNMRI) do Instituto de
Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN).

8.5. Vantagens da Acreditação

Para as organizações acreditadas:

Disponibiliza valioso recurso através de um grupo de avaliadores da conformidade,


independentes e tecnicamente competentes;
Fornece um processo de avaliação único, transparente e reproduzível com o qual se
evita a utilização de recursos próprios, se elimina o custo da reavaliação e se reforça a
coerência;
Reforça a confiança do público nos serviços prestados; Fomenta os esquemas
confiáveis de auto-regulação do próprio mercado, incrementando-se a competência e a
inovação.

Para os usuários avaliados:

Possibilita a tomada de decisões acertadas, diminuindo o risco da tomada de decisões


com base em avaliações incorretas, ou o que é pior, ter seu produto rejeitado pelo
comprador que não aceita avaliações não acreditadas
Garante a aceitação internacional dos produtos sem a necessidade de repetições das
avaliações realizadas.

Para os avaliadores/auditores:

Em alguns setores é um requisito imprescindível para execução das atividades;


Para determinadas atividades, é um requisito de fato para poder vender os serviços de
avaliação (por exemplo: calibração, certificação ISO 9001, etc.);

97
É um marco diferencial no mercado, sendo garantia de integridade e competência,
aumentando assim as oportunidades comerciais dos avaliadores; proporciona ao
avaliador a possibilidade prestar um serviço reconhecido internacionalmente;
Oferece garantias de sua competência é um meio de conscientização sobre a
necessidade de melhoria contínua.

Para os consumidores finais:

Inspira confiança no provedor ao garantir que o produto tem sido avaliado por um
organismo independente e competente;
Aumenta a liberdade de escolha e fomenta um mercado livre, porém confiável.

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BIBLIOGRAFIA
Araújo, Rudnei Viegas; Mendes Alexandre. Metrologia Aplicada. Programa de Formação de Operadores de
Produção e Refino de Petróleo e Gás. Petrobras. 2005.

Dias, José Luciano de Mattos. Medida, Normalização e Qualidade. FGV. 1998. ISBN: 85-86920-01-0. Rio de
Janeiro.

INMETRO. Padrões e Unidades de Medida. Rio de Janeiro, 1998.

INMETRO. Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais em Metrologia. Rio de Janeiro, 1995.

Mendes, Alexandre; Rosário, Pedro Paulo. Metrologia e Incerteza de Medição. 2005. Editora EPSE.

SBM, Termos e Expressões de Metrologia Aplicáveis ao Ambiente da Saúde. Editora Epse. 2005. São Paulo.

Sites recomendado

Associação Brasileira de Normas Técnicas: www.abnt.org.br

INMETRO: www.inmetro.org.br

Centro Espanhol de Metrologia: www.ces.es

Centro Mexicano de Metrologia: www.cenam.mx

AIHA American Industrial Hygiene Association, Estados Unidos: www.aiha.org

RELACRE - Associação de Laboratórios Acreditados de Portugal: www.relacre.pt

ASTM - American Society for Testing and Materials, Estados Unidos: www.astm.org

EA - European Co-operation for Accreditation:www.european-accreditation.org/

CTS:-Collaborative Testing Services, Estados Unidos: www.collaborativetesting.com

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