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CB – 5.

CONCEITOS ECONÔMICOS

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Sumário
5.1 Conceitos Econômicos ....................................................................................................................2
Definições de Natureza Econômica ..................................................................................................2
Metas para a inflação........................................................................................................................4
Regimes Cambiais ...........................................................................................................................11
Superávits primário e nominal ........................................................................................................12
Dívida interna e dívida externa .......................................................................................................14
Contas Nacionais.............................................................................................................................14
Determinantes do produto .............................................................................................................15
Produto Interno Bruto ....................................................................................................................20
Produto Real e Produto Nominal ....................................................................................................21
Sistema de Contas Nacionais ..........................................................................................................22
Índices de Preços ............................................................................................................................24
IPCA ..................................................................................................................................... 24
INPC ..................................................................................................................................... 25
IGP ....................................................................................................................................... 26
IGP-M................................................................................................................................... 26
Índices de referência.......................................................................................................................26
Taxa de Câmbio ................................................................................................................... 26
Taxa Selic ............................................................................................................................. 27
Taxa DI ................................................................................................................................. 27
TR......................................................................................................................................... 28

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5.1 Conceitos Econômicos
Definições de Natureza Econômica

Segundo Pyndick (200X), o agregado monetário básico, do qual decorrem os demais, é conhecido
como Base Monetária. Este agregado inclui o papel-moeda emitido pelo governo em poder do
público e o volume de reservas mantidos pelos bancos comerciais:

𝐵 = 𝑃𝑀𝑃𝑃 + 𝑅

Onde PMPP é o papel-moeda em poder do público e R é a reserva.


De outra forma, a Base Monetária pode ser entendida como o dinheiro com poder de multiplicação.
Corresponde a toda a moeda física disponível (papel moeda e moeda metálica), exceto a que ficou
retida no Caixa das Autoridades Monetárias, mais as reservas bancárias dos bancos comerciais
mantida no Bacen. É esta variável que o Bacen pode tentar controlar, por meio do controle do nível
de emissão e pelo controle sobre o nível de reservas bancárias mantidos pelos bancos.
Para entender o processo de criação da moeda, definida como meios de pagamento, deve-se
esclarecer o entendimento sobre moeda.
Os meios de pagamento consistem na totalidade dos haveres possuídos pelo setor não bancário e
que podem ser utilizados a qualquer momento, para a liquidação de qualquer dívida em moeda
nacional [é o total de ativos de liquidez imediata do setor não bancário].

𝑀 = 𝑃𝑀𝑃𝑃 + 𝐷𝑉

“Moeda manual” “Moeda escritural”

Onde M é o volume de meios de pagamento, PMPP é o papel-moeda em poder do público e DV os


depósitos a vista nos bancos comerciais.
O desenvolvimento do sistema financeiro tem permitido a ampliação da liquidez dos ativos, o que
dificulta a tarefa de definir o que incluir na categoria meios de pagamento. Como exemplo, temos os
ativos financeiros que rendem juros e são de alta liquidez, constituindo-se nos chamados quase-
moedas.

O surgimento das “quase-moedas” levou a novos conceitos de agregados monetários, cuja diferença
decorre do grau de liquidez dos ativos:

𝑀1 = 𝑃𝑎𝑝𝑒𝑙 𝑚𝑜𝑒𝑑𝑎 𝑒𝑚 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑟 𝑑𝑜 𝑝ú𝑏𝑙𝑖𝑐𝑜 (𝑃𝑃) + 𝐷𝑒𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑎 𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 (𝐷𝑉)

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𝑀2 = 𝑀1 + 𝑑𝑒𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑎𝑖𝑠 𝑟𝑒𝑚𝑢𝑛𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠 + 𝑑𝑒𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑢𝑝𝑎𝑛ç𝑎
+ 𝑡í𝑡𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑠

𝑀3 = 𝑀2 + 𝑐𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑓𝑖𝑥𝑎


+ 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çõ𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑜𝑚𝑖𝑠𝑠𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑔𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑜 𝑆𝑒𝑙𝑖𝑐

𝑀4 = 𝑀3 + 𝑇í𝑡𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑃ú𝑏𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑎𝑙𝑡𝑎 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧

Cada um dos agregados apresentados possui uma liquidez diferente, isto é, possui capacidade de
conversão em moeda para realização de transações diferente. Em períodos de altas taxas de inflação,
o grau de monetização da economia diminui, pois os agentes buscam aplicar mais recursos que
rendem juros, retendo menos moeda ou depósitos à vista [logo, diminui o total de M1 relativamente
ao total de aplicações financeiras (M4)].
Dentro do sistema de pagamentos brasileiro, os agentes emissores são:

𝑀1: 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑜𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑚𝑜𝑛𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑜 → passivo monetário do Bacen e passivo monetário advindo de


fundos de renda fixa de instituições depositárias;

𝑀2 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑜𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑏𝑎𝑛𝑐á𝑟𝑖𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑠 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑓𝑖𝑥𝑎 → passivo monetário restrito do


Bacen e passivo monetário ampliado emitidos primariamente pelas instituições depositárias;

𝑀3 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑜𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑏𝑎𝑛𝑐á𝑟𝑖𝑜 → passivo monetário do Bacen, bancos que criam moeda escritural,
passivo monetário de instituições depositárias, passivo monetário das instituições depositárias e
fundos de renda fixa;

𝑀4 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑜𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑏𝑎𝑛𝑐á𝑟𝑖𝑜 + 𝑔𝑜𝑣𝑒𝑟𝑛𝑜𝑠 → passivo monetário ampliado do Bacen, tesouros


municipais, estaduais e nacionais e fundos de renda fixa, e instituições depositárias.

Uma das formas que o Bacen tem para interferir na oferta de moeda em uma economia é através do
multiplicador bancário. Os bancos têm o poder de criar moeda escritural, isto é, de emprestar
recursos na economia. O volume de tais empréstimos, legalmente, depende da exigência de reserva
bancária que o Bacen determina que os bancos mantenham.
O banco não pode emprestar todo o recurso que dispõe, devendo manter uma parte em forma de
compulsório, gerando estabilidade ao sistema e de prover liquidez aos resgates solicitados ao banco.
A definição do compulsório é de responsabilidade do Bacen e, quanto maior o percentual, menos o
banco poderá emprestar, portanto, menor será a oferta de moeda líquida na economia.

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O multiplicador monetário é dado por:
1
𝑀=
𝑅

Onde R é o percentual de reserva exigido pelo Bacen, e M é o multiplicador monetário. Supondo que
R seja de 20%, o multiplicador será:
1
𝑀= =5
0,20

Nesse caso, um depósito de R$100,00, transforma-se em R$500,00 na economia [através de


empréstimos]. Se o Bacen reduzir a reserva para 15%, o multiplicador será:
1
𝑀= = 6,6667
0,15

Logo, um depósito de R$100 se torna R$666,67 na economia. Note, então, que quanto menor a
reserva exigida, maior o volume de criação dos bancos. Obviamente, essa gestão deve ser realizada
com extremo zelo, uma vez que uma expansão monetária desenfreada pode causar um processo
inflacionário na economia. O Bacen atua justamente na gestão da base monetária e na oferta de
moeda, de forma a conduzir um crescimento sustentável da economia, mantida a inflação sobre
controle.

Metas para a inflação

Inflação baixa, estável e previsível traz vários benefícios para a sociedade. O objetivo principal do
Bacen é manter o poder de compra da moeda. Para isso, o Brasil adota o regime de metas para a
inflação, em vigor desde 1999.
Esse regime tem sido exitoso no amplo conjunto de países que o adotam. No mecanismo, os bancos
centrais atuam para que a inflação efetiva esteja em linha com uma meta pré-estabelecida. Nesse
sistema, a meta para a inflação é anunciada publicamente e funciona como uma âncora para as
expectativas dos agentes sobre a inflação futura, permitindo que desvios da inflação em relação à
meta sejam corrigidos ao longo do tempo.
No Brasil, como vimos, a meta para a inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e
cabe ao Bacen adotar as medidas necessárias para alcançá-la. O índice de preços oficial utilizado é o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). A meta se refere à inflação acumulada no ano. Por exemplo, a meta
para 2020 é de uma inflação de 4,00%.

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No desenho atual do sistema, o CMN define em junho a meta para a inflação de três anos-calendário
à frente. Por exemplo, em junho de 2018, o CMN definiu a meta para 2021. Esse horizonte mais longo
reduz incertezas e melhora a capacidade de planejamento das famílias, empresas e governo.
O sistema prevê ainda um intervalo de tolerância, também definido pelo CMN. Nos últimos anos, o
CMN tem definido um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima e para baixo. Por exemplo,
no caso de 2020, a meta é de 4,00% e o intervalo é de 2,50% a 5,50%. Se a inflação ao final do ano
se situar fora do intervalo de tolerância, o presidente do BC tem de divulgar publicamente as razões
do descumprimento, por meio de carta aberta ao Ministro da Economia, presidente do CMN,
contendo descrição detalhada das causas do descumprimento, as providências para assegurar o
retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo no qual se espera que as providências
produzam efeito.

Em termos gerais, o regime de metas para a inflação envolve os seguintes elementos:


▪ Conhecimento público e prévio da meta para a inflação;
▪ Autonomia do banco central na adoção das medidas necessárias para o cumprimento da
meta;
▪ Comunicação transparente e regular sobre os objetivos e justificativas das decisões da
política monetária; e
▪ Mecanismos de incentivo e responsabilização/prestação de contas para que a autoridade
monetária cumpra a meta.

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Avaliando o histórico do regime de metas para inflação brasileiro, vemos que a inflação estourou o
teto da meta em três quatro exercícios [2001, 2002, 2003 e 2015] e ficou abaixo do limite inferior
em um [2017], conforme observamos no gráfico, abaixo:

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Banda Limites Inferior e Inflação Efetiva
Ano Norma Data Meta (%)
(p.p.) Superior (%) (IPCA % a.a.)

1999 8 2 6-8 8,94


Resolução 2.615 30/6/1999
2000 6 2 4-8 5,97
2001 4 2 2-6 7,67
2002 Resolução 2.744 28/6/2000 3,5 2 1,5-5,5 12,53
Resolução 2.842 28/6/2001 3,25 2 1,25-5,25
2003* 9,3
Resolução 2.972 27/06/2002 4 2,5 1,5-6,5
Resolução 2.972 27/06/2002 3,75 2,5 1,25-6,25
2004* 7,6
Resolução 3.108 25/06/2003 5,5 2,5 3-8
2005 Resolução 3.108 25/6/2003 4,5 2,5 2-7 5,69
2006 Resolução 3.210 30/6/2004 4,5 2 2,5-6,5 3,14
2007 Resolução 3.291 23/06/2005 4,5 2 2,5-6,5 4,46
2008 Resolução 3.378 29/6/2006 4,5 2 2,5-6,5 5,9
2009 Resolução 3.463 26/6/2007 4,5 2 2,5-6,5 4,31
2010 Resolução 3.584 01/7/2008 4,5 2 2,5-6,5 5,91
2011 Resolução 3.748 30/6/2009 4,5 2 2,5-6,5 6,5
2012 Resolução 3.880 22/6/2010 4,5 2 2,5-6,5 5,84
2013 Resolução 3.991 30/6/2011 4,5 2 2,5-6,5 5,91
2014 Resolução 4.095 28/6/2012 4,5 2 2,5-6,5 6,41
2015 Resolução 4.237 28/6/2013 4,5 2 2,5-6,5 10,67
2016 Resolução 4.345 25/6/2014 4,5 2 2,5-6,5 6,29
2017 Resolução 4.419 25/6/2015 4,5 1,5 3,0-6,0 2,95
2018 Resolução 4.499 30/6/2016 4,5 1,5 3,0-6,0 3,75
2019 Resolução 4.582 29/6/2017 4,25 1,5 2,75-5,75
2020 Resolução 4.582 29/6/2017 4 1,5 2,5-5,5
2021 Resolução 4.671 26/6/2018 3,75 1,5 2,25-5,25
2022 Resolução 4.724 27/6/2019 3,50 1,5 2,00-5,00
* A Carta Aberta, de 21/1/2003, estabeleceu metas ajustadas de 8,5% para 2003 e de 5,5% para 2004.

COPOM: O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão do Bacen, formado pelo seu Presidente
e diretores que define, a cada 45 dias, a meta da taxa básica de juros da economia, a Selic.
Criado em 1996 no âmbito do Bacen, o Copom tem três objetivos:
▪ implementação da política monetária;
▪ definição da meta da taxa Selic e seu eventual viés; e
▪ análise do Relatório de Inflação.

As reuniões do Copom ocorrem em dois dias seguidos e o calendário de reuniões de um dado ano é
divulgado até junho do ano anterior. Estas, seguem um processo que procura subsidiar as decisões

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ali tomadas. São realizadas apresentações técnicas do corpo funcional do Bacen, cujo conteúdo trata
da evolução e perspectivas das economias brasileira e mundial, das condições de liquidez e do
comportamento dos mercados.
Posteriormente, a reunião é reservada para discussão e decisão entre os membros que compõem o
comitê. Todos os membros presentes votam, sendo estes votos divulgados. As decisões são tomadas
visando o controle da inflação medida pelo IPCA, e seu comportamento dentro da meta definida pelo
CMN.

O Copom embasa suas decisões através das expectativas de inflação, do balanço de riscos e
da atividade econômica, nacional e internacional. A determinação da Selic visa o
cumprimento da meta para a inflação.

Sistemática das reuniões:

Fonte: site do Banco Central do Brasil.


Balanço de Pagamentos

O Balanço de Pagamentos (BP) é o registro contábil de todas as transações de um país com o resto
do mundo. Envolve tanto transações com bens e serviços, como transações com capitais físicos e
financeiros.
Débito Crédito
▪ Importações de Bens e Serviços ▪ Exportações de Bens e Serviços
▪ Pagamentos de Doações e ▪ Recebimento de Doações e Indenização
Indenizações a Estrangeiros de Estrangeiros
▪ Pagamentos de Capital Emprestado ▪ Recebimento de Empréstimos de
por Estrangeiros Estrangeiros
▪ Reembolsos de Capital a Estrangeiros ▪ Recebimento de Reembolso de Capital
▪ Compras de Ativos de Estrangeiros do Estrangeiro
▪ Pagamentos de fretes etc. ▪ Venda de Ativos para Estrangeiros
▪ Recebimento de fretes etc.

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O Balanço de Pagamentos apresenta dois tipos de transações:
I. Autônomas (espontâneas): motivadas pelos interesses dos agentes (empresas,
consumidores, governo);
II. Compensatórias (induzidas): destinadas a financiar o saldo final das transações autônomas
(“zerar” as contas do BP).
A estrutura básica de um Balanço de Pagamentos pode ser entendida conforme o disposto, abaixo:

A – Balança de Transações Correntes (BTC ou Saldo em Conta Corrente do BP = A1 + A2 + A3)


A1 – Balança Comercial
A1.1 – Exportações (FOB): débito
A1.2 – Importações (FOB): crédito
A2 – Balança de Serviços e Rendas
A2.1 – Transportes (fretes etc.) e seguros
A2.2 – Viagens Internacionais e Turismo
A2.3 – Rendas de Capital (lucros, juros, dividendos, lucro reinvestido pelas
multinacionais)
A2.4 – Royalties e licenças
A2.5 – Diversos (serviços governamentais – embaixadas, consulados,
representações no exterior etc.)
A3 – Transferências Unilaterais Correntes (donativos)
B – Conta Capital e Financeira (Balança (movimento) de Capitais)
B1 – Investimentos direto líquido (instalação e participação do capital de multinacionais no
país)
B2 – Reinvestimentos (reinvestimentos de multinacionais já instaladas no país)
B3 – Empréstimos e Financiamentos a Longo e Médio Prazo (Banco Mundial etc.)
B4 – Empréstimos a Curto Prazo
B5 – Amortizações de Empréstimos e Financiamentos
B6 – Empréstimos de Regularização do FMI (problemas de liquidez)
B7 – Capitais a Curto Prazo (aplicações no mercado financeiro)
C – Erros e Omissões
Saldo do Balanço de Pagamentos (A + B + C)
D – Transações Compensatórias (Financiamento Oficial Compensatório)
D1 – Variação de Reservas = - SBP
D2 – Operações de Regularização
D3 – Atrasados Comerciais

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Avaliando cada uma das contas:

A. Balança de transações correntes: resume a diferença entre o total das exportações e das
importações tanto de mercadorias como de serviços, sendo também incluído o saldo de
transferências unilaterais executadas durante o período. As transações dessa balança são as que
afetam diretamente a Renda Nacional.
A BTC pode ser superavitária ou deficitária. Se essa conta for superavitária, isto significa que o país
está recebendo recursos que podem ser utilizados:
a. no pagamento de compromissos assumidos anteriormente (diminuição do endividamento
externo);
b. para investimento do país no exterior (aumento do controle do país sobre
empreendimentos no exterior);
c. para aumentar as reservas do país.
Se essa conta for deficitária, isto implica a necessidade de:
a. contrair empréstimos no exterior (aumentando o endividamento externo);
b. contrair investimentos estrangeiros no país (aumentando o controle de estrangeiros sobre
empreendimentos no país);
c. diminuir as reservas do país.

B. Movimento de capitais: contas que representam modificações nos direitos e obrigações de


residentes no país para com não residentes. Estão inclusos nessa rubrica os investimentos, os
reinvestimentos, os empréstimos e financiamentos, os empréstimos a curto prazo, as amortizações
e os capitais a curto prazo (especulativos).

C. Erros e omissões: surgem em função de equívocos existentes no registro das operações do país
com o exterior. Esta conta entra no BP a fim de cobrir eventuais erros estatísticos cometidos, bem
como as transações não registradas.

D. Transações compensatórias: ao valor obtido pela soma de A + B + C temos um valor igual, porém
com sinal contrário nesta conta, de modo a equalizar os débitos e créditos do balanço. As principais
rubricas são: (A) variação de reservas; (B) operações de regularização; e (C) atrasados comerciais.

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Regimes Cambiais

Como se determina o valor da taxa nominal de câmbio? Para responder a essa pergunta, devemos
avaliar os principais tipos de regime cambial:
1. Regime de câmbio fixo: O Banco Central determina o valor da taxa de câmbio, e se
compromete a comprar e vender divisas à taxa estipulada. Uma vez fixada a taxa de câmbio,
a atuação do BC ocorre no sentido de garantir essa taxa. Por isso, o BC deve possuir moeda
estrangeira em quantidade suficiente para atender uma situação de excesso de demanda
por ela. Nesse regime, o BC perde graus de liberdade na condução da política monetária;
2. Regime de câmbio flutuante: a taxa se ajusta de modo a equilibrar o mercado de divisas. O
princípio básico desse regime é um mercado de divisas do tipo concorrência perfeita, sem
intervenções do BC, de modo que qualquer desequilíbrio seja prontamente eliminado pelo
mecanismo de preço. Devido a essa característica, o Balanço de Pagamentos está sempre
em equilíbrio e o BC possui maior liberdade na condução da política monetária. Como
pontos negativos, temos a instabilidade em virtude da maior volatilidade do câmbio e a
desestabilização dos fluxos comerciais;
▪ Dirty Floating: regime de câmbio flutuante, mas com intensa atuação do Banco Central, na
venda e na compra, que procura mantê-la em níveis relativamente estáveis;
▪ Minibanda cambiais: o regime é flutuante, porém dentro de limites fixados pelo Banco
Central.

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Na tabela, abaixo, temos um resumo esquemático das características dos dois regimes cambiais.

Regime
Câmbio Fixo Câmbio Flutuante (Flexível)
cambial

BC fixa a taxa;
Mercado determina a taxa;
BC é obrigado a
Características BC não é obrigado a disponibilizar reservas
disponibilizar reservas
cambiais.
cambiais

Política monetária mais independente do


Maior controle da inflação câmbio;
Vantagens
(custo das importações) Reservas cambiais mais protegidas de
ataques especulativos.

Reservas cambiais
Taxa de câmbio muito dependente da
vulneráveis a ataques
volatilidade do mercado financeiro
especulativos;
nacional e internacional;
Desvantagens A política monetária (taxa
Maior dificuldade de controle das pressões
de juros) fica dependente
inflacionárias, devido às desvalorizações
do volume de reservas
cambiais.
cambiais.

Superávits primário e nominal

O superávit e/ou o déficit primário apontam para a saúde das finanças públicas, ou seja, se o governo
está gastando ou não de acordo com suas receitas. O indicador é conhecido também como “esforço
fiscal”.
As receitas não financeiras e as despesas não financeiras são aquelas que não envolvem juros,
correções e amortizações de empréstimos ou dívidas do passado. Então, quando as receitas não
financeiras são maiores que as despesas não financeiras, dizemos que ocorreu um superávit
primário. Por outro lado, se as despesas não financeiras forem maiores que as receitas não
financeiras, dizemos que houve um déficit primário.

Superávit
primário
Receita
primária Despesa
primária

12 | P á g i n a
Em muitas ocasiões o superávit primário é suficiente para cobrir todas as despesas com dívidas
contraídas no passado. Dessa forma, é necessário entendermos os conceitos de superávit ou déficit
operacional, assim como superávit ou déficit nominal.
O superávit e o déficit operacional são iguais ao resultado primário, mais as despesas com o
pagamento de juros reais; ou seja, juros nominais, descontada a inflação. O superávit e o déficit
nominal são iguais ao saldo operacional, mais a correção monetária e cambial.

Resultado primário = Receitas não financeiras - Despesas não financeiras


Saldo Negativo: déficit primário Saldo Positivo: superávit primário

Resultado operacional = Resultado primário + Despesas com juros


Saldo Negativo: déficit operacional Saldo Positivo: superávit operacional

Resultado nominal = Resultado operacional + Correção Monetária e Cambial


Saldo Negativo: déficit nominal Saldo Positivo: superávit nominal

Se o resultado do que o governo arrecada com impostos, menos suas despesas principais, com
educação, por exemplo, for positivo, significa que há um superávit primário.
Para o mercado financeiro internacional, manter as contas públicas em ordem indica que o país tem
capacidade de pagar o que deve, ou seja, tem menos risco de crédito e, portanto, poderá ser um
bom destino para capitais internacionais. Sua dívida é confiável.
Por outro lado, se o governo gastar mais do que arrecadou, será registrado déficit primário.
Quando o setor público precisa de dinheiro para financiar seus gastos, dada uma arrecadação
insuficiente, ele costuma emitir títulos públicos que são vendidos no mercado (empréstimos que o
governo ‘pega’ no mercado).

Superávit nominal é quando o governo faz superávit primário, paga os juros da dívida e ainda tem
um resultado positivo, uma “sobra”, que é usada para reduzir sua dívida pública, ou o “estoque” de
sua dívida. Nesse cenário, será possível gastar mais em áreas que precisem de investimento ou
reduzir impostos para dar mais competitividade à economia sem desequilibrar as contas.
No caso do governo brasileiro, porém, há um déficit histórico, pois seu superávit primário, quando
comparado com ao PIB, é baixo e os juros, que corrigem o valor da sua dívida, são altos. Por isso, o
governo não consegue pagar todo o juro, muito menos abater o valor de sua dívida.

13 | P á g i n a
Dívida interna e dívida externa

A dívida externa é contraída no exterior e tem que ser paga em moeda estrangeira, ou seja, moeda
que somente pode ser obtida por meio de exportações, por endividamento externo ou por
investimentos estrangeiros. Resulta do empréstimo de dinheiro a juros, através de contratos com
instituições financeiras ou emissão de títulos públicos.
É composta de duas parcelas: pública e privada. A dívida pública é contraída por governos e empresas
estatais. A dívida privada é contraída pelas empresas privadas, mas em quase todos os casos tem o
aval do governo federal, que a registra no Banco Central. Assim, embora seja uma responsabilidade
do setor privado, muitas vezes a dívida privada registrada acaba sendo assumida pelo governo.
A dívida interna é a soma dos débitos assumidos pelo governo junto aos bancos, empresas e pessoas
residentes no país e no exterior, e paga em moeda nacional. Na maioria das vezes, é fruto da emissão
de títulos públicos vendidos no mercado financeiro.
As altas taxas de juros oferecidas pelo governo brasileiro são as maiores responsáveis pelo
crescimento da dívida interna. São também uma espécie de isca para atrair capital necessário à
rolagem (refinanciamento) da dívida.
Nos dias atuais, moeda e tipo de credor não são suficientes para fazer uma distinção clara entre
dívida externa e interna, pois parte significativa desta última está nas mãos de estrangeiros.
A estrutura de credores do endividamento interno, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, é a
seguinte: 49% desta dívida estava em poder dos bancos, 6% com empresas não financeiras, 17% com
fundos de pensão e 27% com fundos de investimento. O restante se refere a outros tipos de credores.

Contas Nacionais

O Sistema de Contas Nacionais se desenvolveu dado o reconhecimento pelos países da necessidade


de produção sistemática e comparável, no tempo e no espaço, de estatísticas econômicas para
orientar a tomada de decisões, tanto na esfera pública como na privada. Nesse sentido, a divisão de
estatística das Nações Unidas, elabora manuais metodológicos com objetivo de servir de referência
para a produção de estatísticas pelos órgãos produtores oficiais. No Brasil, o órgão responsável pelo
cálculo e apuração das Contas Nacionais é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Existem diversas formas de mensurar o desempenho de uma economia, sendo a mais comum
representada pelo cálculo do valor total de todos os bens e serviços finais produzidos em
determinado território (municípios, estado, país,...).

14 | P á g i n a
Em uma produção, a utilização dos fatores terra, trabalho e capital se fazem presentes e devem ser
remuneradas. A remuneração de tais fatores – aluguéis, salários, lucros e juros – também se
configura uma medida de desempenho em uma economia.

O produto agregado, ou simplesmente produto, consiste na soma de todos os bens e serviços finais
produzidos em determinada economia, em dado período de tempo, sendo seu resultado
mensurado em unidades monetárias.
• Bens e serviços finais: descarta-se a dupla contagem, uma vez que bens finais incorporam
insumos intermediários (matéria prima, por exemplo);
• Horizonte de tempo: em geral, considera-se o ano civil;
• Unidade de medida: unidade monetária e não quantidades.

Desta forma, temos:


Produto Agregado = soma do valor dos bens e serviços finais

Produto = 𝜮𝒏𝒊=𝟏 𝑷𝒊 𝑸𝒊
Onde,

• 𝑃𝑖 = preço médio do bem/serviço i


• 𝑄𝑖 = bem/serviço i
• i = bens e serviços finais
• 𝑃𝑖 𝑄𝑖 = valor da produção no setor i

Determinantes do produto

Na prática, mede-se o Produto pelo conceito de Valor Adicionado (VA) ou, em outras palavras, pelo
valor acrescido em cada etapa produtiva.
VA = Valor bruto da produção – Consumo de produtos intermediários

Exemplo 1.1:
Produto Valor do Produto Insumos VA
Trigo 10 0 10
Farinha 15 10 5
Pão 20 15 5

15 | P á g i n a
O VA é obtido através da soma dos valores adicionados por cada produto, ou através da valoração
do produto final produzido (20 unidades monetárias).
No exemplo, podemos obter também o chamado Valor Bruto da Produção (VBP), que consiste na
soma do valor de cada um dos bens na economia. Nesse caso, existe o problema de dupla contagem,
uma vez que são inclusos os valores dos produtos intermediários.

Produto Valor do Produto Insumos VA


Trigo 10 0 10
Farinha 15 10 5
Pão 20 15 5

Logo,
VA = VBP – insumos = 45 u.m. – 25 u.m. = 20 u.m.
Como forma alternativa ao cálculo do produto, temos o conceito de Renda Agregada (RN), cujo
resultado representa a remuneração dos fatores de produção.
Renda Agregada = salários + juros + aluguéis + lucros

Por fim, temos a Despesa Agregada, que representa as possíveis destinações do produto. Por
enquanto, consideremos apenas o Consumo (C).
No fim, esses conceitos (produto, renda e despesa) são equivalentes, isto é, devemos encontrar o
mesmo resultado em seus cálculos. Tal fato, decorre da relação representada pelo fluxo circular da
renda.

Compra de bens e serviços (DA = Consumo)

Fornecimento de bens e serviços (Produto)

Famílias Empresas

Serviços dos fatores de produção

Renda agregada = Remuneração dos fatores

16 | P á g i n a
Logo, podemos extrair a identidade macroeconômica básica:

Produto Agregado Despesa Agregada Renda agregada

Até aqui tratamos de uma economia simplificada, considerando apenas a geração de bens de
consumo. Ampliando nossa análise, devemos introduzir os bens de capital – ou bens de
Investimento (I). São componentes do investimento:

• Aquisições de máquinas e equipamentos;


• Edifícios; e
• Acumulação de estoques.

Quando falamos de investimento, devemos introduzir o conceito de depreciação, dado o horizonte


de tempo do processo produtivo. Nesse sentido, a depreciação configura-se como a parcela do
capital produtivo desgastada no período.

Atenção! Nem todo investimento é destinado a capital novo, podendo parte ser usada na reposição
do capital depreciado do período anterior.

Investimento Líquido (IL) = Investimento Bruto (IB) – Depreciação

Como o produto pode ser considerado como sendo a soma de bens de consumo (C) e bens de capital
(I), podemos conceituar o produto como:

• Produto Bruto (PB): inclui depreciação


• Produto Líquido (PL): exclui a depreciação, logo: PL = PB – depreciação

Ampliando, mais uma vez, o nosso modelo, suponha que as famílias deem outra alocação à sua renda
além do consumo, destinando-a à poupança (S). Esta poupança é investida em títulos do sistema
financeiro, sendo utilizada para financiamento do investimento das firmas.
Renda Agregada (Y) = C + S
Demanda Agregada (DA) = C + I

Seguindo a identidade macroeconômica básica (produto = renda = despesa), temos que:


Y = DA
C+S=C+I
S=I

17 | P á g i n a
Exemplo 1.2:

Suponha que PN = RN = 100. Com a venda do produto (PN) as empresas remuneram as famílias (RN).
Se as famílias decidem consumir apenas 80 (C = 80):

S = RN – C = 20,00
Parte de PN = 100 não foi comprada, pois as famílias não gastaram tudo. Assim:
I = ∆E = 20 e S = I = 20

Vamos introduzir agora a figura do setor público em nosso modelo. O setor público no modelo
macroeconômico considera apenas a figura do Governo, inerentes as funções típicas do Estado, não
cabendo, portanto, empresas estatais. Basicamente, o Governo provê bens público através de suas
arrecadações via impostos (T), diretos ou indiretos. Os gastos desse agente representam as despesas
correntes e de capital (G).

• Gastos com ministérios, secretarias e autarquias: receitas provêm de dotações


orçamentárias;
• Gastos das empresas e sociedades de economia mista: provêm da venda de bens e serviços
no mercado;
• Gastos com transferências e subsídios.

Se os gastos superarem a receita fiscal, o setor público incorrerá em déficit primário. Por outro lado,
se os gastos forem inferiores à receita fiscal, teremos um cenário de superávit primário.
Ao incluir o governo, temos:
𝑌 = 𝐷𝐴
𝐶+𝑆+𝑇=𝐶+𝐼+𝐺
𝑆+𝑇=𝐼+𝐺
(𝑆−𝐼) = (𝐺−𝑇)

Ou seja, sempre que houver déficit público (G > T), deverá haver excesso de poupança do setor
privado para financiar o governo (S > I).
Com a introdução do governo podemos chegar a dois novos conceitos de produto:

• Produto a custos de fatores (Pcf), medido com base na remuneração dos fatores de
produção;

18 | P á g i n a
• Produto a preços de mercados (Ppm), o qual inclui impostos indiretos e exclui subsídios na
produção.
Ppm = Pcf + impostos indiretos – subsídios
Outro ponto importante a ser conceituado, gira em torno dos termo de carga tributária bruta e carga
tributária líquida.
Índice de carga tributária bruta:

(𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠 + 𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝐷𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠)


( )𝑥100
𝑃𝐼𝐵𝑝𝑚
Índice de carga tributária líquida:

(𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠 + 𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝐷𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠) − (𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 + 𝑆𝑢𝑏𝑠í𝑑𝑖𝑜𝑠)


( )𝑥100
𝑃𝐼𝐵𝑝𝑚

Completando, enfim, nosso modelo, incluímos o resto do mundo (não residentes) que transacionam
com os residentes do país. Podemos dividir essas transações em duas categorias:
• Transações de bens e serviços: exportações (X) e importações (M);
• Transações de fatores de produção: Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) - a qual é a
diferença entre o que é pago pelos fatores externos e o que é recebido por fatores nacionais
empregados em outros países.

Desagregando a RLEE, temos:


• Renda enviada ao exterior (RE): parte do que foi produzido internamente não pertence aos
nacionais (ex.: capital e tecnologia). A remuneração desses fatores vai para fora do país, na
forma de remessa de lucro, royalties, juros;
• Renda Recebida do exterior (RR): recebemos renda devido à produção de nossas empresas
operando no exterior.
RLEE = RE – RR

A introdução do resto do mundo configura a nova identidade macroeconômica:


Y+M=C+I+G+X

Ajustando a expressão para obter a DA interna, temos:


Y=C+I+G+X–M

19 | P á g i n a
Tomando Y = DA:
Y = DA
C+S+T+M=C+I+G+X
S+T+M=I+G+X
(X - M) = (T – G) + (S – I)

A última identidade nos mostra que, caso haja superávit das exportações sobre as importações, isto
é, se X - M > 0, deverá ocorrer superávit ou no setor privado (S – I > 0) ou no setor público (T – G >
0), ou em ambos.
Com a introdução do resto do mundo chegamos a mais dois conceitos de produto:

• Produto Interno (PI): relacionado à produção cuja renda é gerada dentro dos limites
territoriais do país;
• Produto Nacional (PN): relacionado à produção cuja renda é de propriedade dos residentes,
independente de essa ter sido gerada em outro país.
PN = PI - RLEE
Se RE > RR → RLEE > 0 → PIB > PNB
Se RE < RR → RLEE < 0 → PIB < PNB

A Despesa Nacional tem a forma:


DN = C + I + G + X – M

A Despesa Agregada é apresentada a preços de mercado, já que são valores finais. No Brasil, utiliza-
se mais o conceito de Despesa Interna Nacional. Não é calculada a depreciação pois, são utilizados
os conceitos agregados em termos brutos.
𝐷𝐼𝐵𝑝𝑚 = 𝐶 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 − 𝑀

Produto Interno Bruto

O PIB pode ser calculado sob três óticas:


1. Ótica da produção: apresenta o PIB pela ótica dos setores produtivos, isto é, indústria,
agropecuária e serviços, além dos subsetores. Para seu cálculo, soma-se o valor adicionado
a qualquer bem em cada etapa de sua produção ou, de outra maneira, somando o valor de
todos os bens finais produzidos naquela economia.
2. Ótica da despesa: apresenta o PIB pela ótica do gasto, isto é, consumo das famílias, consumo
do setor público, investimentos produtivos e variações nos estoques e volume líquido

20 | P á g i n a
produzido no Brasil e consumido pelo exterior (exportações menos importações) - Y = C + I
+ G + XL;
3. Ótica da renda: todo o valor adicionado acaba nas mãos de alguém, seja de um trabalhador
(salário), de um empresário (lucro) ou do governo (impostos). Logo, na ótica da renda, temos
que o PIB é calculado a partir da soma desses fatores.

Produto Real e Produto Nominal

Geralmente, quando coletamos dados sobre o produto, devemos ter o devido cuidado ao tratá-los.
A distinção entre valores reais e valores nominais é fundamental para uma análise mais assertiva e
compreensão do movimento da atividade econômica.
▪ Valores nominais: valores correntes da variável estudada;
▪ Valores reais: valor nominal, descontado a taxa de inflação do período analisado.

Para entender melhor ambos os conceitos, tomemos o seguinte caso prático.

PIB nominal: PIB a preços correntes do ano:


▪ PIB2000 =  pi2000 . qi2000 - produto de 2000, avaliado a preços de 2000.
▪ PIB2001 =  pi2001 . qi2001 - produto de 2001, avaliado a preços de 2001.
PIB Real (ou PIB deflacionado): PN a preços constantes de determinado ano (chamado ano-base).
▪ PIBREAL 2000 =  pi2000 . qi2000
Preços permanecem constantes em
▪ PIBREAL2001 =  pi2000 . qi2001
2000. Elimina-se a influência dos
▪ PIBREAL2002 =  pi2000 . qi2002
preços (inflação). Com isso, tem-se o
Para deflacionar
𝑃𝐼𝐵 crescimento real.
▪ 𝑃𝐼𝐵𝑟𝑒𝑎𝑙 = Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒ç𝑜𝑠
𝑥100

Exemplo 1.3:
Preço
Quantidade de Preço Quantidade PIB PIB real (ano
Ano cachorro
cachorro quente hambúrguer hambúrguer nominal base 2010)
quente
2010 1 100 2 50 200 200
2011 2 150 3 100 600 350
2012 3 200 4 150 1200 500

21 | P á g i n a
Sistema de Contas Nacionais
O Sistema de Contas Nacionais é baseado em quatro contras:
A. Conta Produto Interno Bruto (produção);
B. Conta Renda Nacional Disponível Líquida (apropriação);
C. Conta Transações Correntes com o Resto do Mundo;
D. Conta de Capital (acumulação).
Os lançamentos das transações são feitos de acordo com o método das partidas dobradas, mas sem
a contrapartida “caixa”.

A. Conta Produto Interno Bruto (produção)

Débito Crédito

7. Salários 1. Consumo das Famílias


8. Excedente Operacional Bruto 2. Consumo do Governo
9. Impostos Indiretos 3. Investimentos em Bens de Capital (FBCF)
10. (-) Subsídios 4. Variações de Estoques
5. Exportações de bens e serviços não-fatores
6. (-) Importações de bens e serviços não-
fatores

Produto Interno Bruto a Preços de Mercado Despesa Interna Bruta a Preços de Mercado

B. Conta Renda Nacional Disponível Líquida (apropriação)

Débito Crédito

1. Consumo das Famílias 7. Salários


2. Consumo do Governo 8. Excedente Operacional Bruto
14. Saldo: Poupança Interna 9. Impostos Indiretos
10. (-) Subsídios
11. (-) Depreciação
12. (-) Renda Enviada ao Exterior
13. Renda Recebida do Exterior

Utilização da Renda Nacional Disponível Apropriação da Renda Nacional Disponível


Líquida Líquida

22 | P á g i n a
C. Conta Transações Correntes com o Resto do Mundo

Débito Crédito

5. Exportações de bens e serviços não-fatores 6. Importações de bens e serviços não-fatores


13. Renda Recebida do Exterior 12. Renda Enviada ao Exterior
15. Saldo: Poupança Externa

Utilização dos Recebimentos Correntes Recebimentos Correntes

D. Conta de Capital (acumulação).

Débito Crédito

3. Investimento em Bens de Capital 14. Poupança Interna


4. Variações de Estoques 15. Poupança Externa
11. (-) Depreciação

Total da Formação de Capital Financiamento da Formação de Capital

E. + Conta Corrente das Administrações Públicas

Débito Crédito

• Consumo Final das Administrações • Impostos Indiretos


Públicas (salários, inclusive encargos, • Impostos Diretos
mais compras de bens e serviços) • Outras Receitas Correntes Líquidas do
• Subsídios Governo
• Transferências de Assistência e
Previdência
• Juros da Dívida Pública
• Saldo: Poupança em Conta Corrente
do Governo

Utilização da Receita Corrente Total da Receita Corrente

23 | P á g i n a
Índices de Preços

No Brasil, a inflação é medida por meio de diversos índices, divulgados por várias instituições, tais
como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). Tais índices diferem segundo suas respectivas
metodologias, sendo os principais indicadores de inflação no Brasil o IPCA, o INPC, o IGP e o IGP-M.

IPCA

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA – é calculado e divulgado mensalmente


pelo IBGE e é tido como o indicador oficial de inflação do Brasil. A coleta, realizada do primeiro ao
último dia de cada mês, tem como foco as famílias com rendimentos entre 1 (um) e 40 (quarenta)
salários-mínimos que residem em áreas urbanas.
São acompanhadas variações nos preços dos itens relacionados aos grupos: alimentação e bebidas,
educação, vestuário, transporte, comunicação, habitação, moradia, despesas pessoais e artigos de
residência. O peso de cada item é definido com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF).
O levantamento é realizado nas regiões de Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo
Horizonte (MG), Grande Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Porto Alegre
(RS).

Simulação: Você consegue coletar o IPCA acumulado em 12 meses no período de dezembro de 2012
ao mais recente?
Seus dados deverão gerar um gráfico parecido com este:

IPCA acumulado em 12 meses (%)


12
10
8
6
4
2
0
Apr-13

Apr-14

Apr-15

Apr-16

Apr-17

Apr-18
Aug-13

Aug-14

Aug-15

Aug-16

Aug-17
Dec-12

Dec-13

Dec-14

Dec-15

Dec-16

Dec-17

Como dito, no IPCA são acompanhadas variações nos preços dos itens de vários grupos. Em
maio/2018, o peso de cada item era:

24 | P á g i n a
Peso de cada grupo na composição do índice – maio/2018
5.0 3.6
24.5
10.9

12.2

15.5

18.4 4.0
5.9
Alimentação e bebidas Habitação Artigos de residência
Vestuário Trasportes Saúde e cuidados pessoais
Despesas Pessoais Educação Comunicação

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC – é calculado e divulgado mensalmente pelo IBGE.
A coleta, realizada do primeiro ao último dia de cada mês, tem como foco as famílias com
rendimentos entre 1 (um) e 5 (cinco) salários-mínimos que residem em áreas urbanas. O INPC é
comumente utilizado em reajustes salariais.
Devido às diferenças nas faixas de renda avaliadas, os pesos dos grupos diferem do IPCA.

3.2 3.2
7.5
30.0
10.2

16.1

17.9
7.2 4.7
Alimentação e bebidas Habitação Artigos de residência

Vestuário Trasportes Saúde e cuidados pessoais

Despesas Pessoais Educação Comunicação

25 | P á g i n a
IGP

O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) faz medições no mês cheio, de 1 a 30 ou
31 de cada mês. Ele é formado pelo IPA-DI (Índice de Preços por Atacado - Disponibilidade Interna),
IPC-DI (Índice de Preços ao Consumidor - Disponibilidade Interna) e INCC-DI (Índice Nacional do Custo
da Construção - Disponibilidade Interna), com pesos de 60%, 30% e 10%, respectivamente. O período
de coleta dos três é o mesmo do IGP-DI. Esses indicadores medem itens como bens de consumo (um
exemplo é alimentação) e bens de produção (matérias-primas, materiais de construção, entre
outros). Entram, além de outros componentes, os preços de legumes e frutas, bebidas e fumo,
remédios, embalagens, aluguel, condomínio, empregada doméstica, transportes, educação, leitura
e recreação, vestuário e despesas diversas (cartório, loteria, correio, mensalidade de Internet e
cigarro, entre outros).

IGP-M

O Índice Geral de Preços do Mercado – IGP-M – é calculado mensalmente pela FGV e divulgado no
final de cada mês de referência. Constitui-se na média ponderada de três outros índices: o Índice de
Preços por Atacado (IPA), que tem peso de 60%, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem
peso de 30% e o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), representando 10% do IGP-M. É
utilizado para a correção de contratos de aluguel e como indexador de algumas tarifas, como a
energia elétrica.
Acompanha a variação de itens como bens de consumo (alimentação, por exemplo) e bens de
produção (matérias-primas, materiais de construção, entre outros), e abrange toda a população, sem
restrição de renda.

Índices de referência

Taxa de Câmbio

A taxa de câmbio nos mostra qual a relação de troca entre duas variáveis monetárias diferentes e é
de suma importância para comparação de preços entre países diferentes. Em outras palavras, a taxa
de câmbio consiste no preço de uma moeda comparado ao preço de outra moeda. No caso brasileiro,
essa taxa representa o quanto se precisa em termos da moeda nacional (real) para se comprar uma
unidade de uma moeda estrangeira. Se, por exemplo, tivermos uma relação R$/US$ = 3,50, significa
que são necessários R$ 3,50 para comprar US$1,00 (R$3,50/US$1,00). Devemos ter atenção à

26 | P á g i n a
interpretação dessa relação, uma vez que, para o caso brasileiro, um aumento da taxa de câmbio
implica em desvalorização do real e uma redução implica em valorização.
A taxa de câmbio spot, por sua vez, é a taxa para compra e venda imediata de dólares. É a taxa pela
qual os participantes do mercado de câmbio estão dispostos a comprar e vender moeda estrangeira
em determinado momento da negociação.
A taxa PTAX, consiste na média das cotações do dólar no mercado, calculada pelo Bacen por meio
de uma metodologia própria, com base em quatro janelas de consulta ao longo de cada dia. A PTAX
tem em sua nomenclatura uma referência ao código de transação utilizado no Sistema do Bacen para
obtê-la (PTAX800). É utilizada como referência para diversos contratos no mercado financeiro, em
especial os derivativos.

Taxa Selic

A taxa de juros é conceituada popularmente como o custo do dinheiro. Uma taxa de juros mais baixa
estimula o consumo e o investimento, barateando o crédito e o custo do capital. Por outro lado, uma
taxa de juros mais alta, onera a demanda dos agentes econômicos, retraindo o consumo e os
investimentos devido o encarecimento do crédito e custo de capital.
A Taxa Selic Over, nome dado a taxa overnight do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic),
é a taxa média das operações de financiamento de um dia (compromissadas), lastreadas em títulos
públicos federais, realizadas no Selic, ponderadas pelo volume das operações. É apresentada em
percentual ao ano, sempre no dia seguinte ao dia de referência.
A meta da Taxa Selic é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O objetivo é que
os Títulos Federais sejam negociados com taxas próximas à taxa Selic ou com taxas menores que a
meta. É a principal taxa de juros da economia, sendo referência para as demais, inclusive aquelas
cobradas diretamente ao consumidor.

Taxa DI

A Taxa DI – Cetip Over (Extragrupo), ou simplesmente Taxa DI, é calculada pela Cetip (hoje parte da
B3) e representa a média das taxas de juros cobradas entre instituições do mercado interbancário
nas operações de emissão de Depósitos Interfinanceiros (DI) prefixados, com prazo de um dia útil,
registradas e liquidadas pelo sistema Cetip.
O Cetip é um sistema semelhante ao Selic, porém, abrigando títulos privados. Em algumas ocasiões,
o sistema opera também com títulos públicos que se encontram em poder do setor privado da
economia. O principal título do sistema Cetip é o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que
permite transferências de recursos entre as instituições do sistema financeiro. Por determinação do

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Bacen, os bancos precisam encerrar o dia com saldo positivo no caixa. Caso ocorram saques acima
do previsto e que superem os depósitos, estes podem acabar fechando o dia com saldo negativo,
levando-os a captar empréstimos. Esse dinheiro emprestado constitui-se títulos (ou empréstimos)
de curtíssimo prazo (1 dia) feito entre as instituições financeiras (bancos) a fim de sanarem o seu
caixa.
As taxas do CDI, ou taxa DI, são provenientes da troca de posição financeira dos bancos entre si. Em
operações de um dia, as instituições negociam aplicações e captações de recursos, visando reforçar
suas reservas de caixa ou apurar retornos sobre saldos excedentes.

TR

A Taxa Referencial (TR) é calculada pelo Bacen com base na média das taxas de juros negociadas no
mercado secundário com Letras do Tesouro Nacional (LTN). A essa média, chamada de Taxa Básica
Financeira (TBF), é aplicado um fator redutor, onde chega-se, então, ao resultado da TR.
É utilizada no cálculo do saldo devedor de financiamentos imobiliários, na remuneração da poupança
e na remuneração das contas vinculadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Fique ligado! Na vídeo aula desse tema serão tratados outros indicadores econômicos,
explorando, na fonte, a metodologia e mensuração dos mesmos.

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