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Aula 01

Economia p/ Analista do BACEN


Professor: Heber Carvalho
Economia p/ Analista do Bacen (exceto área 03)
Teoria e exercícios comentados
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho Aula 01

AULA 01 – Teoria do consumidor.


SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA
Generalidades 02
Restrição orçamentária 03
Utilidade e utilidade marginal 20
Preferências 25
Funções utilidade (cardinal e ordinal) 55
Equilíbrio do consumidor 61
Efeitos renda e substituição 83
Conceitos adicionais 90
Resumão da aula 101
Lista de questões apresentadas na aula 106
Gabarito 117

Olá caros(as) amigos(as),

Hoje, nós veremos os itens referentes à teoria do consumidor.

A aula de hoje é um pouco “pesada” e nós veremos que o CESPE,


em determinados momentos, faz questões bem criativas e difíceis sobre o
assunto. Mas, com um estudo atento da teoria e a posterior resolução dos
exercícios, você estará preparado para o que der e vier, pode acreditar!

Demos uma caprichada na relação de exercícios. Há várias questões


nível “top”. A intenção realmente é fazer vocês quebrarem a cabeça (rs!)
durante a resolução das questões. Nos tempos de Exército, nos diversos
exercícios que eram realizados, o seguinte lema era repetido à exaustão:
treinamento difícil, combate fácil!

Se você tiver dificuldades na hora da aula (o que pode ser normal),


lembre-se sempre dessa frase:

“No início, tudo parecerá difícil, mas, no início, tudo é difícil.”


Sun Tzu – Arte da Guerra

E aí, todos prontos?! Então, aos estudos!!

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1. TEORIA DO CONSUMIDOR

Generalidades

Sem muitos rodeios, vamos direto ao que interessa: do que trata a


teoria do consumidor? É a parte da ciência econômica que estuda o
comportamento do consumidor durante as suas decisões de consumo.
Para isso, os economistas partem do pressuposto de que os consumidores
escolhem as melhores coisas dentro daquilo que eles podem adquirir.

Para sustentar essa teoria, nossa atenção estará voltada para o que
queremos dizer quando falamos em “melhores coisas” e “podem adquirir”.
Inicialmente, descreveremos o que o consumidor pode adquirir. Depois,
veremos como o consumidor escolhe o que é melhor (escolhe a melhor
coisa). No primeiro caso, torna-se importante o estudo do conceito de
restrição orçamentária, ao passo que, no segundo caso, o estudo das
preferências. Iniciaremos pelo primeiro caso. No entanto, antes,
devemos aprender o que são cestas de consumo.

Cestas de consumo

Antes de definirmos o que é restrição orçamentária, é importante


falarmos sobre cesta de consumo ou cesta de mercadorias do
consumidor. Uma cesta de consumo nada mais é do que uma combinação
de diversas mercadorias, cada uma em uma quantidade.

Em nosso estudo (e também para concursos públicos), pela


facilidade de argumentação e pela maior viabilidade de visualização dos
fenômenos no gráfico, nós supomos que existem apenas dois bens (ou
duas mercadorias) disponíveis para os consumidores. Nós representamos
a cesta de consumo do consumidor por (q1, q2), onde q1 representa as
quantidades do bem 1 e q2 as quantidades do bem 2. Às vezes, ainda,
podemos representar a cesta do consumidor por um único símbolo, como
Q (é só um exemplo), onde Q representa a cesta (q1, q2).

Imagine as cestas abaixo:


Cesta Q1 Q2
A 2 3
B 2 5
C 0 4
D 6 0

As cestas A(2,3), B(2,5), C(0,4) e D(6,0) encontram-se


representadas no gráfico abaixo:

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Q2  quantidade do bem 2

Fig. 1

5 B (2, 5)
4 C(0,4)
3 A (2, 3)
2
1 D (6, 0)
0
2 4 6 Q1  quantidade do bem 1

Veja que a suposição da existência de apenas dois bens para cada


cesta (bens 1 e 2) torna possível a representação das cestas no gráfico
bidimensional, de dois eixos (o eixo X e Y, onde temos, respectivamente,
Q1 e Q2). Este gráfico é chamado de espaço-mercadoria.

Muitos devem estar pensando que essa hipótese é muito


simplificadora e não se aplicaria à vida prática. No entanto, a hipótese de
dois bens é mais factível do que se pode imaginar. Isso porque, na
maioria das vezes, podemos tomar um dos bens como uma representação
de todas as outras coisas que o consumidor desejasse consumir.

Por exemplo, se quisermos estudar a demanda de carne do


consumidor, podemos fazer com que q1 represente o consumo de carne
ao passo que q2 represente tudo mais que o consumidor gostaria de
consumir.

1.1. RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA

Nós vimos que a teoria do consumidor parte do pressuposto de que


os consumidores escolhem a melhor cesta de bens que podem adquirir.
Neste item, veremos o significado deste “podem adquirir”.

Os consumidores não podem consumir tudo o que querem de todos


os bens e isso acontece porque eles são limitados pela sua renda. Assim,
qualquer consumidor só consegue comprar as quantidades de bens que a
sua renda ou orçamento permite.

Essa limitação imposta ao consumidor, que limita o seu poder de


compra, é chamada de restrição orçamentária ou limitação orçamentária.
Ela nos diz basicamente que o consumidor não pode gastar mais do que

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ele possui. Suponha, por exemplo, que o consumidor ganhe uma renda de
R$ 1.000,00 e não tenha outros meios de conseguir dinheiro (não há
empréstimos, financiamentos, compras à fiado, etc). A restrição
orçamentária deste consumidor diz que ele não poderá gastar mais que a
sua renda, isto é, não poderá gastar mais que esses R$ 1000.

Nota  neste item, a partir de agora, eu optei por, inicialmente,


fazer uma abordagem mais algébrica. Caso, em algum momento, fique
difícil de entender, parta para o exemplo numérico que está na página 11
e depois retorne à leitura do item. No exemplo numérico, acredito que os
conceitos estão mais visíveis.

Suponhamos que o consumidor tenha uma renda m e queira


consumir os bens 1 e 2, onde p1 e p2 são os preços, e q1 e q2 são as
quantidades, respectivamente. Com estes dados, podemos escrever
matematicamente a restrição orçamentária:

Preço do bem 1
Renda (money)
Quantidade do bem 1
m ≥ p1.q1 + p2.q2
Quantidade do bem 2

Preço do bem 2

Nesta equação, p1.q1 é a quantidade de dinheiro que o consumidor


gasta com o bem 1, e p2.q2 a quantidade que ele gasta com o bem 2. A
restrição orçamentária do consumidor, representada pela sua renda m,
impõe que a quantidade de dinheiro gasta nos dois bens não exceda a
quantidade total de dinheiro que o consumidor tem para gastar (a renda
R). As cestas de consumo (q1, q2) que o consumidor pode adquirir são
aquelas cujo custo não ultrapassa o valor de m. Esse conjunto de cestas
de consumo que o consumidor pode adquirir aos preços (p1, p2) e renda
m é denominado o conjunto orçamentário do consumidor, ou
conjunto de oportunidade (no sentido de que há a oportunidade de
consumir as cestas que fazem parte deste conjunto).

1.1.1. A reta orçamentária

A reta orçamentária é o conjunto de cestas que custam exatamente


m. Em outras palavras, é o conjunto de cestas que esgotam a renda do
consumidor. Matematicamente, segue a representação da reta
orçamentária:

p1.q1 + p2.q2 = m (1)

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No segundo grau ou colegial, nas aulas de matemática, aprendemos
a construir gráficos a partir das funções. Estas funções são representadas
pela letra y e a variável da função geralmente é x, então,
conseqüentemente, os gráficos destas funções normalmente apresentam
o y no eixo das ordenadas do gráfico (eixo vertical) e o x no eixo das
abscissas (horizontal).

O que nós faremos agora é rearrumar a equação (1), de forma a


isolar alguma das quantidades (q1 e q2). Isolemos então a variável q2:

Fingindo que o q2 faz o papel do y de uma função qualquer e o q1


faz o papel do x, podemos construir o gráfico com a reta de restrição
orçamentária, tendo q2 no eixo vertical e q1 no eixo horizontal:

q2
Intercepto A
vertical = m/p2
Inclinação da reta
orçamentária:
Fig. 2

Intercepto
horizontal = m/p1
O B
q1

Na figura 2, o segmento de reta AB representa a reta orçamentária.


Qualquer cesta de consumo que esteja sobre a reta AB exaurirá a renda
m. Por outro lado, as cestas de consumo localizadas dentro da área cinza
(incluindo o segmento AB) representarão o conjunto orçamentário do
consumidor (ou o seu conjunto de oportunidade).

Nota: Não confunda conjunto orçamentário com reta orçamentária.


Qualquer cesta de consumo ao longo desta representa uma situação em
que a renda é totalmente gasta, já uma cesta dentro do conjunto
orçamentário representa uma situação em que a renda é maior ou igual
ao que é gasto. Na figura 02, a reta orçamentária é a reta AB, já o
conjunto orçamentário é a área cinza, que contém a reta AB.

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Vejamos agora a interpretação dos interceptos (vertical e


horizontal) e da inclinação da reta orçamentária.

O ponto A (intercepto vertical) representa o ponto em que o


consumidor gasta toda a sua renda com o bem 2, ou seja, é o ponto em
que, dada a renda m, q2 é máxima e q1=0. Para descobrirmos o valor de
q2 no ponto A, basta fazermos q1=0 na equação (2), obtendo, assim,
q2=m/p2. O raciocínio é este: qual a quantidade do bem 2 o consumidor
poderia comprar se gastasse todo o seu dinheiro no bem 2. A resposta é,
naturalmente, a sua renda dividida pelo preço do bem 2, logo, q2=m/p2.

O ponto B (intercepto horizontal) representa o ponto em que o


consumidor gasta toda a sua renda com o bem 1, ou seja, é o ponto em
que, dada a renda m, q1 é máxima e q2=0. Para descobrirmos o valor de
q1 no ponto B, basta fazermos q2=0 na equação (2), obtendo, assim,
q1=m/p1. O raciocínio é este: qual a quantidade do bem 1 o consumidor
poderia comprar se gastasse todo o seu dinheiro no bem 1. A resposta é a
sua renda dividida pelo preço do bem 1, logo, q1=m/p1.

A inclinação da reta orçamentária é –p1/p2. Para calcularmos a


inclinação da reta orçamentária, temos que calcular a tangente1 do ângulo
. Ela será igual ao cateto oposto ( q2) dividido pelo cateto adjacente
( q1). Como medida de q2, vamos utilizar o valor do segmento OA;
como medida de q1, vamos utilizar o valor do segmento OB:

O semento OA vale m/p2. O segmento OB vale m/p1. Então:

No final, nós colocamos “arbitrariamente” o sinal de menos na


frente da fração dos preços (p1/p2) pois a inclinação da reta orçamentária
é negativa (ela é inclinada para baixo). Lembra-se da aula demonstrativa,
quando eu falei que a curva de demanda possuía inclinação negativa? A
curva de demanda era inclinada para baixo, não é mesmo?! A reta

1Para aqueles que entendem de cálculo matemático, a inclinação pode ser encontrada por
meio da derivada dq2/dq1 extraída da equação da reta orçamentária. O resultado será
dq2/dq1=-p1/p2.

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orçamentária também é inclinada para baixo, então, logicamente,
deduzimos que sua inclinação também é negativa.

Essa inclinação negativa significa que, para nos mantermos ao


longo da reta de restrição orçamentária (exaurindo a renda do
consumidor), um aumento do consumo do bem 2 (no eixo vertical do
gráfico) implicará obrigatoriamente uma redução do consumo do bem 1
(no eixo horizontal do gráfico), e vice-versa.

Apesar de toda essa explicação sobre a inclinação negativa da reta


orçamentária, é bastante frequente todas as bancas de concurso
(inclusive o CESPE!) simplesmente ignorarem o sinal negativo desta
inclinação, dizendo simplesmente que a inclinação da reta orçamentária é
a relação de preços dos bens.

Assim, em assertivas de prova, se o sinal negativo da inclinação da


reta orçamentária for ignorado, não entenda isso como algo falso, pois
não é errado. A banca está simplesmente seguindo a convenção adotada
pela maioria dos manuais, que é a de ignorar o sinal negativo (assim
como fazem com o sinal negativo da elasticidade preço da demanda). Por
outro lado, se a banca for “certinha” demais, deixando de ignorar o sinal
negativo, aí você também considera certo (rs!). Parece meio louco, não é
mesmo?! Fique tranquilo, na hora dos exercícios, você verá que é fácil!

A inclinação da reta orçamentária


é igual à relação dos preços dos
bens.

Mais tarde, veremos que essa inclinação da reta orçamentária


representa um dado importante para a teoria do consumidor. Ademais,
essa inclinação tem uma relevante interpretação econômica. Ela mede a
taxa à qual o consumidor está disposto a “substituir” o bem 1 pelo bem 2.

Por exemplo, suponha que o bem 1 custe R$ 100,00 e o bem 2


custe R$ 50,00. A inclinação da reta orçamentária será -2, o que nos
indica que o consumidor troca 01 unidade do bem 1 por 02 unidades do
bem 2. Veja que essa taxa de “troca” de 02 é exatamente o valor da
inclinação da reta orçamentária (a inclinação para p1=100 e p2=50 será
igual a –p1/p2= -2). O sinal negativo da inclinação se justifica pelo fato de
haver uma relação inversa entre as variações nas quantidades (para o
consumo de um bem aumentar, necessariamente, o consumo do outro
bem deve diminuir, e vice-versa).

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Às vezes, também é dito que a inclinação da reta orçamentária


mede o custo de oportunidade de consumir o bem 1. Deixe-me, agora,
explicar resumidamente2 o que é custo de oportunidade. Tudo que
deixamos ou abrimos mão de fazer ao realizar uma escolha é chamado de
custo de oportunidade. Por exemplo, ao comprar o curso de Economia
para o Bacen (ao preço de R$ 225,00), você deixou de comprar cerca de
6 DVDs. Neste caso, podemos dizer que o custo de oportunidade deste
curso de Economia foi de 6 DVDs (estamos utilizando o DVD apenas como
exemplo. Mas também podemos dizer que o custo de oportunidade deste
curso é, digamos, de uns 7 lanches no McDonald´s).

Outro exemplo: ao decidir ler esta aula de Economia, você está


deixando de aprender vários assuntos de Direito. Neste caso, o custo de
oportunidade de ler esta aula de Economia é o que você deixou de
aprender de Direito. Veja que o conceito de custo de oportunidade é
bastante amplo e aceita inúmeras situações, desde que, é claro,
tenhamos um caso em que se abre mão de algo ao realizar uma escolha.

No caso da reta de restrição orçamentária, ao consumir mais do


bem 1, é preciso deixar de consumir um pouco do bem 2. Este custo de
oportunidade do consumo do bem 1 é representado pelo que se deixou de
consumir do bem 2. No caso do bem 1 custar R$ 100 e o bem 2 custar R$
50, o custo de oportunidade do consumo do bem 1 é o valor de 02
unidades de consumo do bem 2, ou seja, o mesmo valor da inclinação da
reta orçamentária. Assim: custo de oportunidade do bem 1 = inclinação
da reta orçamentária.

Nota  A reta orçamentária também é chamada, em inúmeras


obras, de linha do orçamento ou ainda reta de restrição orçamentária.

1.1.2. Mudando a reta orçamentária

A reta orçamentária poderá variar em função de dois fatores:

 Mudanças na renda
 Mudanças nos preços dos bens

1.1.2.1. Mudanças na renda

Verifiquemos o primeiro caso: mudanças na renda. Os interceptos


das reta orçamentária são m/p2 e m/p1. Caso m aumente para m’, os
interceptos aumentarão respectivamente para m’/p2 e m’/p1. Veja no
gráfico:
2
Na aula sobre custos, falaremos de modo mais aprofundado sobre o custo de oportunidade.

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q2

m'/p2

O aumento da renda desloca a


reta orçamentária para fora.

Fig. 3 m/p2

m/p1 m'/p1 q1

Veja que o aumento da renda de m para m’ aumentou os


interceptos deslocando a linha de orçamento para fora. É importante que
fique claro que, no caso de aumento de renda, não existe alteração da
inclinação da linha de orçamento. A inclinação é dada por –p1/p2, ou seja,
nota-se que ela não depende da renda, mas tão somente dos preços dos
bens.

Por fim, vale ressaltar que, caso haja redução da renda, os


interceptos diminuirão e a reta orçamentária será deslocada para dentro.

1.1.2.2. Mudanças nos preços

Suponha que o preço do bem 1 aumente de p1 para p’1, enquanto o


preço do bem 2, p2, e a renda, m, permaneçam constantes. De acordo
com o gráfico da figura 2, o aumento de p1 não alterará o intercepto
vertical, mas reduzirá o intercepto horizontal, fazendo a reta
orçamentária se mover ou rotacionar para dentro, conforme vemos na
figura 4:

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q2

m/p2

O aumento de p1 fez a reta


orçamentária ficar mais
inclinada (ou mais vertical).
Fig. 4

m/p’1 m/p1 q1

O aumento de p1, ao reduzir o intercepto do eixo horizontal, faz a


reta orçamentária mover-se para dentro. O raciocínio é este: ao aumentar
o preço do bem 1, o consumidor, mantendo a renda constante,
conseguirá consumir menos unidades do bem 1. Antes do aumento de
preços, o consumidor conseguia consumir, no máximo, m/p1 unidades do
bem 1; após o aumento de preços, conseguirá consumir m/p’1. Como p’1
é maior que p1, haverá redução no consumo.

Veja que a lógica é simples. Se você estiver gastando todo o seu


dinheiro no bem 2, o aumento no preço do bem 1 não mudará a
quantidade máxima do bem 2 que você poderia consumir – logo, o
intercepto vertical da reta orçamentária não muda. Por outro lado, se
você estiver gastando toda a renda no bem 1, e ele aumentar de preço,
seu consumo com este bem deve diminuir. Assim, o intercepto horizontal
da reta orçamentária deve mover-se para dentro, conforme vimos na
figura 4.

Caso o preço do bem 2 aumentasse de p2 para p’2, ocorreria o


seguinte: o valor do intercepto no eixo vertical seria reduzido e o valor do
intercepto no eixo horizontal não mudaria. O raciocínio é idêntico ao caso
anterior. O aumento de p2 faz reduzir o consumo máximo do bem 2 ao
passo que o consumo máximo do bem 1 não é alterado. Acompanhe no
gráfico:

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q2

m/p2
O aumento de p2 fez a reta
orçamentária ficar menos
inclinada (ou mais deitada).

m/p’2
Fig. 5

m/p1 q1

A inclinação da reta orçamentária, conforme já sabemos, é dada por


–p1/p2. Assim, somente mudanças no preço relativo3 dos bens 1 e 2
poderão provocar alteração da inclinação da reta orçamentária. Enfim, a
inclinação mudará somente quando a relação –p1/p2 mudar.

Imaginemos o caso em que os preços dos bens 1 e 2 variem ao


mesmo tempo. Suponha que p1 e p2 sejam duplicados. Neste caso, não
haverá mudança na inclinação, pois a relação –p1/p2 continuará a mesma.
Os valores dos dois interceptos serão reduzidos pela metade (m/2p1 e
m/2p2) e a reta orçamentária será deslocada de forma paralela para
dentro, sem mudança na inclinação. Na prática, quando duplicamos os
preços dos dois bens ao mesmo tempo, estamos, na verdade, fazendo o
mesmo que dividir a renda por dois. Vejamos:

Agora, dobramos os preços:

Manipulando algebricamente, chegamos a:

3 Diz-se preço relativo tendo em vista que a expressão p1/p2 nos mostra a relação p1/p2.
Assim, a priori, quando falamos em preços relativos, estamos querendo falar de um preço
dividido pelo outro.

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Assim, multiplicar ambos os preços por dois teve o mesmo efeito


que dividir a renda por dois. Podemos concluir, então, que ao multiplicar
ambos os preços por uma quantidade qualquer t, isso será equivalente a
manter os preços no mesmo patamar anterior, só que dividindo a renda
pelo valor da mesma constante t. Em outras palavras, aumentar todos os
preços em, digamos, 100% (multiplicá-los por 2) tem o mesmo efeito de
reduzir a renda em 50% (dividir a renda por 2).

Se os preços dos bens 1 e 2 variam ao mesmo tempo e a variação


em p1 é diferente da variação em p2, aí sim haverá mudança na inclinação
da reta orçamentária, tendo em vista que a relação –p1/p2 mudará.

E se os preços variarem de forma diferente e, ao mesmo tempo,


houver variação na renda. Suponha que a renda diminua e os preços dos
bens 1 e 2 aumentem. Se m diminui e p1 e p2 aumentam, os interceptos
m/p1 e m/p2 devem diminuir. Isso indica que a reta orçamentária será
deslocada para dentro. E a inclinação? Ela dependerá somente dos preços
p1 e p2. Se p2 aumentar mais que p1, de tal modo que –p1/p2 diminua
(considerando o valor absoluto ou o módulo), a inclinação será reduzida
(a reta ficará mais deitada ou menos inclinada); se p2 aumentar menos
que p1, a reta orçamentária ficará mais inclinada.

Se tivermos um ambiente de inflação perfeitamente estável,


onde a renda e os preços variam exatamente na mesma proporção, a reta
orçamentária não será deslocada, nem rotacionada. Veja por quê:

Conforme sabemos, a equação da linha de orçamento é:

p1.q1 + p2.q2 = m

Se você aumentar a renda e os preços na mesma proporção, a


equação não mudará em nada, de tal forma que a linha de orçamento do
consumidor permanecerá na mesma posição. Por exemplo, suponha que
os preços e a renda sejam aumentados em 10% (inflação perfeitamente
estável de 10%). A equação da linha de orçamento, após o aumento de
10%, será:

1,1p1.q1 + 1,1p2.q2 = 1,1m

Observe que as equações antes e depois do aumento são iguais.


Basta simplificar a equação depois do aumento, dividindo todos os termos
por 1,1. Assim, percebe-se que o aumento proporcional de preços e renda
não altera (não desloca, nem rotaciona) a linha de orçamento. A
inclinação não mudará, nem o valor dos interceptos.

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A ideia é que você pegue o jeito de manipular as informações, sem
precisar decorar. Segue agora um exemplo numérico que, de certa
forma, reafirma de modo mais claro e menos algébrico o assunto.

Exemplo numérico:

Suponha que um consumidor possua renda total de R$1000 e sua cesta


de consumo seja composta pelos bens vestuário e alimentos. O preço da
unidade de alimento é R$10 e o preço da unidade de vestuário a ser
consumida é R$20. Veja, na fig. 06, a reta de restrição orçamentária:

Vestuário
Figura 06

A
50 Linha de orçamento: renda=R$1000
Y
35
X
25
Z
20

A’
Alimentos
30 50 60 100
Linha de orçamento (Preço do vestuário (PV)=20; preço do alimento (PC)=10; Renda=R$ 1000)

A linha AA’ representa renda total de R$1000. Isto significa que


qualquer combinação de consumo entre vestuário e alimentos que esteja
sob esta linha representará a utilização total da renda de R$1000 do
consumidor. No ponto A’, o consumidor pode comprar 100 unidades de
alimentos e nenhuma unidade de vestuário. No ponto A, o consumidor
pode comprar 50 unidades de vestuário (R$1000/20) e nenhuma unidade
de alimento. Nos pontos X, Y e Z temos outras combinações de vestuário
e alimentos que exaurem os mesmos R$1000 da renda do consumidor.

Caso haja aumento de renda, a linha de orçamento será deslocada


inteiramente para a direita. Caso haja redução de renda, a linha de
orçamento será deslocada para a esquerda. Veja, na figura 07, as linhas
de orçamento para as rendas de R$ 500 e R$ 1500:

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Vestuário Figura 07

C Renda=R$1500
75
Renda=R$1000
A
50
Renda=R$ 500

B
25

B’ A’ C’
Alimentos
50 100 150
Linhas de orçamento (PV=20 e PA=10)

A linha BB’ representa todas as combinações de consumo de


vestuário e alimentos que exaurem a renda de R$ 500. A linha CC’, todas
as combinações de que exaurem a renda de R$ 1500. Observe que
quanto mais alta a linha de orçamento, maior será o consumo do
consumidor. Quanto mais baixa a linha, menor o consumo.

Para este exemplo, em que estamos trabalhando com os bens


vestuário (V) e alimentos (A), a equação da reta orçamentária será:

Preço do vestuário
Renda Quantidade de vestuário

m = PV.V + PA.A
Quantidade de alimentos

Preço do alimento

m é a renda total. V é a quantidade de vestuário. PV é o preço do


vestuário. PA é o custo/preço do alimento. A é a quantidade de consumo
de alimentos. Vejamos quais as equações das linhas de orçamento (LO)
AA’, BB’, CC’:

LOAA’: 1000 = 20V + 10A  20V = 1000 – 10A  V = 50 – ½.A


LOBB’: 500 = 20V + 10A  20V = 500 – 10A  V = 25 – ½.A

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LOCC’: 1500 = 20V + 10A  20V = 1500 – 10A  V = 75 – ½.A
 (Para PA=10 e PV=20)

A inclinação para as três linhas de orçamento é encontrada fazendo


a divisão dos preços dos bens alimento e vestuário. Nos três casos, a
inclinação é -½. Este termo, ½, significa a inclinação da linha de
orçamento. Note que todas as linhas de orçamento do nosso gráfico são
paralelas, isto é, possuem a mesma inclinação. Desta forma, o valor da
inclinação deve ser igual para todas elas.

Veja, então, que -1/2 é o preço do alimento dividido pelo preço do


vestuário. Isso não é mera coincidência e, em todos os casos, essa regra
valerá. Assim, concluímos que a inclinação da linha de orçamento é igual
à divisão do preço do alimento (PA) pelo preço do vestuário (PV).

Nota  explicando novamente: a inclinação possui sinal negativo (-


1/2), pois há uma relação inversa entre as variações nas quantidades
consumidas dos bens vestuário e alimentos.

01. (Cespe/UnB – Agente da Política Federal – PF – 2014) O


crescimento da renda de um consumidor em determinado período
provoca alterações na inclinação da reta de orçamento.

Comentários:
Questão simples. O aumento na renda provoca deslocamento paralelo na
reta orçamentária. Somente a mudança nos preços relativos tem a
capacidade de alterar a inclinação na reta de orçamento.

Gabarito: Errado

No que se refere à teoria do consumidor, julgue os itens que se


seguem.
02. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) Quando
preços dos bens e renda do consumidor são multiplicados por
escalar positivo, a restrição orçamentária não é alterada.

COMENTÁRIOS:
Multiplicar por um escalar positivo é o mesmo que multiplicar a renda e
os preços na mesma proporção. E, como vimos na aula, ao multiplicar
renda e preços na mesma proporção, a restrição orçamentária não é
alterada, pois a equação da linha de orçamento permanece a mesma.

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GABARITO: CERTO

03. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) Considere


uma economia com dois bens, B1 e B2, estando B1 representado
no eixo das ordenadas, e B2, no eixo das abscissas. Nessa
situação, se o preço de B1 for duplicado e o de B2 for triplicado, a
restrição orçamentária do consumidor será deslocada para a
esquerda e ficará mais inclinada.

COMENTÁRIOS:
Eixo das ordenadas é o eixo vertical. Eixo das abscissas é o eixo
horizontal. Assim, B1 estará no eixo vertical e B2 no eixo horizontal.

Exatamente como vimos, caso haja mudança nos preços, haverá


mudança também nos interceptos da curva de orçamento.

O intercepto do bem B1 é representado por m/p1 enquanto o intercepto


do bem B2 é representado por m/p2. Vimos que o aumento do preço do
bem do intercepto vertical (B1) torna a reta de restrição menos inclinada
e que o aumento do preço do bem do intercepto horizontal (B2) torna a
reta de restrição mais inclinada (vertical). Assim, como o preço de B2
aumentou mais que B1 (triplicou, enquanto B1 duplicou), o resultado
final é que o efeito de B2 será maior, tornando, portanto, a reta de
restrição mais inclinada.

GABARITO: CERTO

04. (CESPE/Unb – Agente da Polícia Federal – 2009) - Suponha


que uma pessoa tenha uma renda de R$ 1.200,00, despendida no
consumo de dois conjuntos de bens e serviços x e y, cujos preços
unitários são, respectivamente, iguais a R$ 1,00 e R$ 3,00.
Suponha, ainda, que a linha do orçamento seja representada pela
equação: qx + 3qy = 1.200. Nesse caso, se o preço de y se elevar
para R$ 4,00, por aumento da tributação, permanecendo
constantes a renda e o preço de x, a inclinação da reta se elevará
de um terço para um quarto.

COMENTÁRIOS:
A inclinação da reta de restrição orçamentária é dada pela razão dos
preços dos bens. No numerador, preço do bem do eixo das abscissas
(eixo X), no denominador, o preço do bem do eixo das ordenadas (eixo
Y). Assim, inicialmente, a inclinação era PX/PY=1/3. Após o aumento do
preço de Y para R$ 4,00, a inclinação mudou para PX/PY=1/4. Ou seja,
houve redução da inclinação, de 1/3 para 1/4, pois 1/3>1/4.

Nota importante  para mensurar a inclinação da reta orçamentária

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nesta assertiva, a banca CESPE/UnB considerou o valor absoluto da
inclinação, ou seja, não levou em conta –px/py, mas sim px/py. Se ela
levasse em conta o sinal de menos, a assertiva estaria certa, uma vez -
1/3<-1/4. Ou seja, se o sinal negativo fosse considerado, haveria
realmente aumento da inclinação de menos um terço para menos um
quarto.

Mas, como dissemos, as bancas costumam ignorar tal sinal, e devemos


observar isso com naturalidade.

GABARITO: ERRADO

A análise do comportamento dos consumidores fundamenta a


teoria da demanda. Com relação a esse tópico, assinale a opção
correta.
05. (CESPE/Unb - Analista de Controle Externo – Ciências
Econômicas – TCE/AC 2009) - Os aumentos recentes do preço da
energia elétrica deslocam a restrição orçamentária dos
consumidores para baixo, porém, não alteram a sua inclinação.

COMENTÁRIOS:
A questão parece estranha, não é mesmo?! Pois é, o CESPE elabora
algumas dessas de vez em quando. Acostume-se!

Em regra, o fator que tem o poder de deslocar a reta de restrição


orçamentária para cima ou para baixo é a alteração na renda do
consumidor. Quem altera a inclinação da restrição são as modificações
nos preços. A assertiva está, portanto, errada pois inverteu os conceitos.

GABARITO: ERRADO

Enunciado para as questões 06 e 07: Um consumidor pode


escolher gastar sua renda m com o bem x1 ou com o bem x2 de
tal forma que a sua reta orçamentária seja descrita por p1x1 +
p2x2 = m, em que p1 e p2 são os respectivos preços. Com relação
a essa situação, julgue os itens que se seguem.

06. (CESPE/Unb - Economista – SEPLAG/DF – 2008) – A


inclinação da reta orçamentária é expressa por uma relação
negativa entre os preços.

COMENTÁRIOS:
A inclinação da reta orçamentária é dada pela razão (relação) entre os
preços (-p1/p2). Ao mesmo tempo, sabemos que a inclinação da reta é
negativa (há uma relação indireta entre as variáveis do gráfico: o maior
consumo de um bem implica menor consumo do outro, ao longo da linha
de orçamento). Ou seja, está correta a assertiva.

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Nota: veja que, aqui, a banca foi mais técnica, certinha. Não ignorou o
sinal negativo da inclinação.

GABARITO: CERTO

07. (CESPE/Unb - Economista – SEPLAG/DF – 2008) – O conjunto


orçamentário é formado exclusivamente por todas as cestas que
custam exatamente m.

COMENTÁRIOS:
Muita atenção! Conjunto orçamentário é um conceito diferente de
reta orçamentária. Aquele é o conjunto de todas as cestas que o
consumidor pode comprar. Já a restrição orçamentária é o conjunto de
todas as cestas que exaurem a renda do consumidor. Assim, a assertiva
está errada, pois tratou do conceito de restrição orçamentária.

Na figura da aula, a reta orçamentária é o segmento AB, ao passo que o


conjunto orçamentário é a área cinza (que inclui também o segmento
AB).

GABARITO: ERRADO

A análise do comportamento do consumidor e das forças que


regem a oferta e demanda é fundamental para o estudo dos
fenômenos econômicos. Considerando essas análises, julgue os
próximos itens.
08. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Banco da Amazônia –
2007) - A substituição do financiamento da coleta de lixo
domiciliar mediante o uso de uma taxa anual fixa por um sistema
em que o pagamento efetuado seja proporcional à quantidade de
lixo recolhido modifica a inclinação da restrição orçamentária e
reduz o subsídio implícito auferido pelas famílias que geram uma
maior quantidade de lixo.

COMENTÁRIOS:
Questão sinistra essa, não! A primeira leitura assusta!

A substituição do pagamento anual fixo por outro pagamento, baseado


na proporção de lixo que cada um produz, altera a relação de preços.

Conforme vimos no estudo da reta de restrição orçamentária, alterações


na relação de preços provocam também alterações na inclinação da
restrição orçamentária.

Agora, vem o final da questão, que é meramente interpretativa. Ao


mesmo tempo em que altera a relação de preços, este novo sistema

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reduz aquele subsídio que as famílias que produziam mais lixo acabavam
tendo (uma vez que o pagamento era fixo), já que elas pagavam a
mesma taxa que uma família que produzia pouco lixo.

GABARITO: CERTO (ufa!)

09. (CESPE/Unb – Economista – MPU – 2010) - Em uma economia


com inflação, quando os preços e a renda são reajustados na
mesma proporção a linha do orçamento do consumidor desloca-se
nessa mesma proporção.

COMENTÁRIOS:
A equação da linha de orçamento é:

p1.q1 + p2.q2 = m (1)

Onde p1, p2, q1 e q2 são, respectivamente, os preços e quantidades dos


bens 1 e 2; e m é a renda. Se você aumentar a renda e os preços na
mesma proporção (inflação perfeitamente estável), a equação não
mudará, de forma que a linha de orçamento do consumidor permanecerá
na mesma posição. Por exemplo, suponha que os preços e a renda sejam
aumentados em 10%. A equação da linha de orçamento será:

1,1p1.q1 + 1,1p2.q2 = 1,1m (2)

Observe que as equações (1) e (2) são iguais. Basta simplificar a


equação (2), dividindo todos os termos por 1,1. Assim, percebe-se que o
aumento proporcional de preços e renda não altera (não desloca) a
linha de orçamento.

GABARITO: ERRADO

10. (CESPE/Unb - Economista – SEPLAG/DF – 2008) – O custo de


oportunidade de consumo de determinado bem é medido pela
inclinação da reta orçamentária.

COMENTÁRIOS:
Conforme comentamos na aula, a inclinação da reta orçamentária
representa o custo de opoortunidade do consumo de determinado bem.
Ou seja, para consumir um bem, e se manter ao longo da reta
orçamentária, é necessário reduzir o consumo do outro bem. Assim, ao
consumir um bem, deixa-se de consumir outro bem, o que representa o
conceito de custo de oportunidade.

GABARITO: CERTO

11. (CESPE/Unb - Economista – SEPLAG/DF – 2008) – Se um

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imposto específico é lançado igualmente sobre dois bens, a reta
orçamentária do consumidor desses bens não se desloca.

COMENTÁRIOS:
Um imposto específico é aquele de valor fixo. Por exemplo, se o governo
cobrar R$ 1,00 de imposto por cada bem produzido, este imposto é
específico. É diferente do imposto ad valorem (que é um percentual
sobre o preço do produto).

Se um imposto específico é lançado igualmente sobre dois bens, os


preços dos dois bens serão alterados (aumentados). Os dois interceptos
da reta orçamentária (m/p1) e (m/p2) serão alterados. Isto certamente
provocará algum deslocamento da reta orçamentária.

Nota: a menos que os preços sejam iguais, a relação de preços também


mudará, alterando também a inclinação da reta orçamentária.

GABARITO: ERRADO

1.2. UTILIDADE E UTILIDADE MARGINAL

Apenas relembrando: os pressupostos da teoria do consumidor são


de que o consumidor escolhe o melhor possível que ele pode adquirir. No
item passado, vimos a explicação do “pode adquirir”, explicando o que é a
restrição orçamentária. Agora, voltaremos nossos fogos para a análise do
“melhor possível”. Para isso, é necessário que entendamos os conceitos
de utilidade e utilidade marginal. Vejamos o raciocínio:

Imagine que você passou a semana toda trabalhando 15 horas por


dia e, quando chega o fim de semana, tudo o que você quer é tomar
um(as) cerveja(s) gelada(s) para relaxar. Ou, no caso das mulheres, ir ao
shopping fazer compras, com o cartão de crédito do marido, obviamente.

Ao tomar o primeiro copo de cerveja, certamente este copo trará


uma grande satisfação/utilidade ao homem. Ao mesmo tempo, a primeira
compra no shopping trará bastante utilidade/prazer à mulher. No segundo
copo de cerveja, ainda haverá bastante utilidade adicional para o homem.
Igualmente, a segunda compra também agregará satisfação adicional à
mulher.

Se formos aumentando a quantidade de cervejas, no caso dos


homens, e bugigangas compradas, no caso das mulheres, chegaremos ao
ponto em que um copo adicional de cerveja e uma bugiganga a mais
comprada representarão para o homem e a mulher, respectivamente, um
benefício adicional tão pequeno que, para eles, será quase indiferente
adquirir ou não esta unidade adicional de consumo.

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Com este exemplo prático, podemos dizer que a utilidade total


cresce com o aumento do consumo (por exemplo: quanto mais cervejas
se tomam, maior é a utilidade total do homem. Ao mesmo tempo, quanto
mais bugigangas se compram, maior é a utilidade da mulher..rsrs).
Todavia, o valor acrescentado à utilidade total pela última unidade de
consumo (último copo de cerveja, por exemplo) é tão menor quanto
maior for o total consumido.

Em outras palavras, quanto mais se consome de um bem, maior é a


utilidade total. Ao mesmo tempo, quanto mais se consome de um bem,
menor é o acréscimo de utilidade decorrente do acréscimo de consumo.
Daí, surge o conceito de utilidade marginal:

Utilidade marginal (Umg): é o acréscimo de utilidade (U) em


virtude do acréscimo de uma unidade de consumo (q) de um
bem qualquer. De forma matemática:

À medida que aumentamos o consumo de um bem qualquer, a sua


utilidade marginal, isto é, a utilidade ou benefício adicional de seu
consumo vai diminuindo. Daí, concluímos que a utilidade marginal é
decrescente. Em outras palavras, quanto mais quantidades de um bem
nós possuímos, menos útil ele se torna. Isso acontece porque a sua
utilidade marginal é decrescente.

Isto que nós acabamos de falar é chamado de lei da utilidade


marginal decrescente: à medida que aumentamos o consumo de
determinada mercadoria, a utilidade marginal dessa mercadoria diminui.

Então, ficamos assim:

 Quanto maior é o consumo de um bem, maior será a utilidade


(total);

 Quanto maior o consumo de um bem, menor a utilidade


marginal.

Portanto, ao consumirmos mais e mais de um bem, estaremos


aumentando a utilidade total. Ao mesmo tempo, estaremos decrescendo o
valor da utilidade marginal. Até aqui, tudo bem, certo?! Agora, pense no
seguinte: o que acontece se aumentarmos o consumo de um bem
indefinidamente?

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Ao consumir mais e mais de um bem, aumentaremos cada vez mais
a utilidade total. Por outro lado, diminuiremos cada vez mais a utilidade
marginal, já que está é decrescente com o consumo. Quando a utilidade
marginal atingir o valor NULO, se continuarmos a aumentar o consumo, a
utilidade marginal passará a assumir valores negativos. A partir deste
ponto, o aumento de consumo reduzirá a utilidade total. Assim, o
momento em que a utilidade é máxima acaba sendo quando a
utilidade marginal é NULA.

A utilidade é máxima quando a


utilidade marginal é nula:

UMÁX  quando Umg=0

Em outras palavras: se, a partir do momento em que atingimos a


utilidade total máxima, continuarmos a consumir mais o bem, a utilidade
marginal continuará decrescendo (em virtude da lei da utilidade marginal
decrescente). Como ela é igual a zero neste ponto de UMÁX, então, a partir
daí, a utilidade marginal passa a ser negativa, de tal forma que o
aumento de consumo irá trazer um acréscimo de utilidade negativo
(utilidade marginal negativa), e irá reduzir a utilidade total.

Por fim, entenda que a esta condição de maximização da utilidade


não leva em conta qualquer restrição de renda do consumidor. Ou seja,
para um consumidor maximizar seu prazer, tudo o que ele tem que fazer
é buscar o ponto em que seu benefício marginal se anula.

No entanto, se ele tiver uma restrição de renda (restrição


orçamentária) ou o bem a ser consumido tiver um preço, tudo muda de
figura. Veremos isso mais à frente em nossa aula. Para fins de prova, o
que você deve saber, por enquanto, é que, não havendo restrição
orçamentária, o consumidor maximiza sua utilidade quando sua utilidade
marginal se anula.

Vale ainda ressaltar que, em concursos, a banca pode usar com o


mesmo significado os termos: prazer, benefício, felicidade, satisfação e
utilidade. Assim, benefício marginal é o mesmo que utilidade marginal,
que é o mesmo que prazer adicional, e assim por diante.

1.2.1. Paradoxo do valor

Normalmente, os consumidores aceitam pagar por um bem algum


preço na medida em que tal bem aumenta o prazer ou a utilidade deste
consumidor. Por exemplo, se um bem aumentar bastante a utilidade de

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um consumidor (utilidade marginal alta), este indivíduo aceitará pagar um
preço maior por tal bem. Por outro lado, se tal bem aumentar de modo
reduzido o prazer do consumidor (utilidade marginal baixa), este quererá
pagar um preço mais baixo.

Assim, os consumidores procuram igualar os seus benefícios


marginais com os seus custos marginais. O primeiro é o acréscimo de
utilidade decorrente do acréscimo do consumo do bem. O segundo é o
acréscimo de custo em virtude do consumo do bem (simplificando: o
custo marginal seria, neste exemplo, o próprio preço do bem).

Ou seja, os consumidores aceitam pagar um preço (custo marginal)


que iguale o benefício marginal. Isto é, se o bem vai aumentar bastante a
minha satisfação pessoal, eu estarei disposto a pagar mais por ele.

Pois bem, isto explica uma questão bastante intrigante. Por que os
diamantes são tão caros, e a água é tão barata? Rs!

O diamante é um bem (quase) inútil. Viveríamos sem ele, numa


boa! Já a água é essencial. Depois do ar que respiramos, a água é o que
existe de mais importante para a nossa sobrevivência. Então, porque
existe uma diferença tão crucial nos preços do diamante e da água?

Há muita água no mundo! Por isso, a utilidade marginal da água é


baixa. Há pouco diamante no mundo! Por isso, a sua utilidade marginal é
alta. Como os consumidores procuram igualar os preços às utilidades
marginais, o diamante acaba custando muito caro, e a água muito barata.
Este é o paradoxo do valor: bens inúteis custando tão caro, e bens
extremamente essenciais custando tão barato.

Se pensarmos que o ar que respiramos é encontrado ainda em


maior abundância que a água, entenderemos por que o ar é de graça! E
olha que se ficarmos poucos instantes sem respirar, isto já é o suficiente
para morrermos. Mas, então, porque o ar é gratuito? Há uma quantidade
inesgotável de ar no mundo, e isto faz com que sua utilidade marginal
seja zero. Como o consumidor aceita pagar o preço que iguale a utilidade
marginal do bem, então, o ar acaba saindo de graça. Por isso, o ar é
gratuito! Interessante, não?!

Para fins de prova, assinale como verdadeiro se você se deparar


com as seguintes assertivas:

 Os consumidores procuram igualar os benefícios e os custos


marginais (preço).
 O consumidor aceita pagar um preço que seja igual ao benefício
(utilidade) marginal do bem.

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Assinale como errado se você se deparar com a seguinte assertiva:

 A maximização da utilidade requer que o preço seja igual à utilidade


marginal do bem.

A assertiva acima é errada pois a maximização da utilidade requer


que a utilidade marginal seja igual a zero. Mas você pode se perguntar?
Mas não foi dito que o consumidor procura igualar preço com utilidade
marginal? É verdade, foi dito isto mesmo!

Neste (difícil) momento da aula, você deve entender o seguinte: o


consumidor não procura necessariamente a simples maximização da sua
utilidade. Esta maximização é muito “arbitrária”; ela não leva em conta
aspectos como o preço do bem e a restrição orçamentária do consumidor.
Já aquilo que o consumidor procura para ele (chamamos isso de ótimo
do consumidor) leva em conta algumas restrições (de orçamento).

Observe que a assertiva errada que eu coloquei fala tão somente


em maximização da utilidade, e nada mais. Neste ponto, não há o que
se discutir: a utilidade é máxima quando a utilidade marginal é zero. Por
isso, a assertiva é errada.

12. (CESPE/Unb – Agente da Polícia Federal – 2004) - Em alguns


provedores de Internet, a cobrança de uma mensalidade fixa pelo
uso ilimitado do serviço faz que os consumidores utilizem esse
serviço até o ponto em que o benefício marginal se anula.

COMENTÁRIOS:
Neste caso, não temos restrição de renda ou do preço do serviço, já que
o consumidor paga uma taxa fixa e pode usar o serviço ilimitadamente.
Assim, o consumidor buscará a máxima utilidade sem se preocupar com
nenhum limitador de consumo, não há restrição.

A utilidade (total), por sua vez, atinge o seu máximo justamente quando
a utilidade marginal é NULA. Nesse sentido, está certa a assertiva. Note
que a questão apenas trocou a palavra utilidade por benefício. Lembre
que há ainda vários outros sinônimos que podem ser utilizados: prazer,
satisfação, felicidade.

GABARITO: CERTO

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13. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2009)
- A maximização da utilidade do consumidor requer que o
benefício marginal decorrente do consumo de um determinado
bem seja igual ao seu preço.

COMENTÁRIOS:
A maximização da utilidade do consumidor requer apenas que o benefício
marginal (utilidade marginal) decorrente do consumo de um determinado
bem seja NULO. Em outras palavras, a utilidade é máxima quando a
utilidade marginal é igual a ZERO.

GABARITO: ERRADO

1.3. PREFERÊNCIAS

Apenas relembrando, mais uma vez: os pressupostos da teoria do


consumidor são de que o consumidor escolhe o melhor possível que ele
pode adquirir. No item 1.1, vimos a explicação do “pode adquirir”,
explicando o que é a restrição orçamentária. No item 1.2, tivemos a
noção de dois importantes conceitos que nos serão bastante úteis. Agora,
iremos nos concentrar no estudo das preferências do consumidor, que é
uma tentativa de verificar como ocorre a “escolha do melhor possível”.

No estudo das preferências, a todo o momento, nós comparamos as


cestas de consumo, de modo que o consumidor tenha a possibilidade de
classificar as cestas de consumo de acordo com o grau de satisfação que
cada uma delas traz. Nesse sentido, será bastante comum ouvirmos, por
exemplo, que a cesta X é preferível à cesta Y, ou ainda que o consumidor
é indiferente4 entre o consumo da cesta X e o consumo da cesta Y. No
primeiro caso, o consumo da cesta X traz maior prazer ou utilidade ao
consumidor do que o consumo da cesta Y. No segundo caso, o consumo
de X ou Y traz o mesmo grau de satisfação ou utilidade.

Antes de adentrarmos no assunto, devemos saber que a teoria do


comportamento do consumidor inicia-se com quatro premissas básicas a
respeito das preferências das pessoas por determinada cesta de mercado
em relação a outra. Seguem essas premissas:

1. Integralidade ou exaustividade: as preferências são


completas. Isso quer dizer que os consumidores podem
comparar e ordenar todas as cestas de mercado. Assim, para
quaisquer cestas que existam, o consumidor é capaz de ordená-
las em uma ordem de preferência e dizer se ele prefere uma ou

4
Por indiferente indicamos que qualquer uma das cestas deixaria o indivíduo com a mesma
utilidade/satisfação.

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outra ou, ainda, se ele é indiferente a qualquer uma delas em
relação à outra.

2. Transitividade: as preferências são transitivas. Transitividade


quer dizer que, se um consumidor prefere a cesta de mercado A
à cesta B e prefere B a C, então ele também prefere A a C. Por
exemplo, se ele prefere picanha a alcatra e prefere alcatra a
coxão duro, também, necessariamente, prefere picanha a coxão
duro.

3. Quanto mais, melhor: a maior quantidade de um bem é


sempre preferível à menor quantidade do mesmo. Este princípio
também é chamado de princípio da não saciedade. Essa
suposição também é às vezes chamada de monotonicidade de
preferências, o que significa dizer que as preferências são
monotônicas (mais é melhor).

4. Reflexividade: as preferências são reflexivas. Em outras


palavras, uma cesta de mercadorias é tão boa quanto ela
mesma. Isto quer dizer que uma cesta A proporciona o mesmo
prazer que outra cesta que seja exatamente igual à cesta A (é
bem simples mesmo esse princípio!).

Essas premissas constituem um embasamento para a teoria do


consumidor. Especialmente, se as preferências obedecerem às duas
primeiras premissas, isto é, se as preferências são completas e
transitivas, então, podemos dizer que elas racionais.

Assim, a racionalidade das preferências satisfaz a duas


condições: completeza (ou integralidade) e transitividade (ou
consistência).

Agora, prosseguindo em nossa aula, para tornar o estudo das


preferências viável, partimos da premissa de que o consumidor tem à sua
disposição apenas duas mercadorias. Adotaremos como exemplo a
alimentação e o vestuário. Ou seja, a utilidade ou a satisfação deste
consumidor é função da alimentação e vestuário. Algebricamente, isso é
representado assim: U = f (A, V)  (lê-se: a utilidade é função de
alimento e vestuário).

Pois bem, agora que sabemos que a utilidade do consumidor é


dependente do vestuário e da alimentação (apenas exemplo), podemos
traçar um gráfico de modo semelhante ao que fizemos no item da
restrição orçamentária. Neste gráfico, colocaremos no eixo das abscissas
o consumo de alimentos. No eixo das ordenadas, colocaremos o consumo
de vestuário.

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É neste diagrama vestuário/alimentos que colocaremos as
preferências do consumidor. Para compreender como elas podem ser
dispostas no gráfico, suponha que um trabalhador que consumisse 50
unidades de vestuário e demandasse, ao mesmo tempo, 8 unidades de
alimentos, estivesse com o nível de utilidade U1, no ponto A, da figura 08.

Vestuário

C
120 Figura 8

A
50
B
30 U1
Alimento
4 8 12
Obs: esta ordenação de preferências traçada na figura 08 é um mero exemplo, serve
apenas para elucidação da teoria.

Este nível de satisfação ou utilidade está sendo chamado de nível de


utilidade U1. Note que é perfeitamente possível que este trabalhador
tenha outras combinações de vestuário e alimentos que também
proporcionem o mesmo nível de utilidade U1 apresentado no ponto A.

Assim, caso o indivíduo passe a consumir, por exemplo, 30


unidades de vestuário, ele certamente consumirá mais unidades de
alimentos se quiser manter o mesmo nível de utilidade apresentado no
ponto A. De outra forma, se for obrigado a consumir menos alimentos,
será exigido um maior consumo de vestuário para, assim, manter-se no
mesmo nível de satisfação.

No ponto A do gráfico, consumindo 50 de vestuário e 08 de


alimentos, o nível de utilidade é U1. No ponto B, o consumo de vestuário
foi reduzido em 20 (50–30=20). Para se manter no mesmo nível de
utilidade U1, foi necessário aumentar em 4 o consumo de alimentos.
Observe que a nova quantidade consumida de alimentos passou para 12.

No ponto C, este indivíduo consumiu poucas unidades de


alimentação (4 unidades). Para se alimentar menos e manter a mesma
satisfação, será necessário consumir mais vestuário. No exemplo acima, o
consumo de 120 unidades de vestuário garantirá a permanência do
consumidor no nível de utilidade U1.

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Se unirmos os pontos A, B, C e qualquer outro ponto que gere o
nível de utilidade U1, traçaremos uma curva denominada curva de
indiferença. Assim, podemos definir curva de indiferença: é uma curva
que liga as várias combinações de consumo de vestuário e alimentos que
proporcionam igual utilidade. (a expressão curva de indiferença deriva do
fato de que cada ponto na curva rende a mesma utilidade, logo, o
consumidor será indiferente sobre qualquer cesta de consumo ao longo da
curva.)

Nota  existe também o conceito de mapa de indiferença, que é o


gráfico que contém um conjunto de curvas de indiferença mostrando as
cestas de mercado cuja escolha é indiferente para o consumidor.

Observe também que nosso consumidor poderia atingir um nível de


satisfação mais elevado se pudesse combinar, por exemplo, 08 unidades
de alimentos com 120 unidades de vestuário, em vez de apenas 50. Neste
caso, representado pelo ponto D, figura 9, estaríamos em um nível de
satisfação mais alto, U2. Da mesma forma que acontece ao nível de
satisfação U1, o consumidor poderia designar inúmeras combinações de
vestuário e alimento que também renderiam o nível de utilidade U2. Essas
combinações são designadas pelos s na figura 9, que são ligados por
uma segunda curva de indiferença, U2.

Vestuário

Figura 9

C D
120

A
50
U2
B
30 U1
Alimento
4 8 12

A curva de indiferença, portanto, consiste em todas as cestas de


bens que deixam o consumidor indiferente à cesta dada. Assim, uma
curva de indiferença mostra apenas as cestas que o consumidor percebe
como indiferentes entre si – a curva de indiferença, sozinha, não
distingue as cestas melhores das piores.

1.3.1. Propriedades das curvas de indiferença (bem-comportadas)

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As curvas de indiferença têm algumas propriedades que são


refletidas no jeito pelo qual são traçadas. Veremos agora o caso geral
que se aplica na maioria dos casos e das questões de concursos. Essas
propriedades que refletem o caso geral nos remetem ao que chamamos
de curvas de indiferença bem-comportadas.

Obs: em questões de prova, se nada for dito, pressupomos em regra que


a questão está tratando deste tipo de curva de indiferença.

Vejamos quais são estas propriedades das curvas de indiferença


(bem-comportadas):

1. Curvas mais altas são preferíveis. O nível de utilidade U2


representa mais satisfação que o nível U1, pois para a mesma
quantidade de alimentos, o vestuário é maior em U2. Assim, quanto
mais alta a curva, melhor. Em virtude disto, qualquer ponto na
curva U2 será, obrigatoriamente, preferível a qualquer outro da
curva U1. Conseqüentemente, qualquer curva de indiferença mais
alta que U2 também será preferível a U2, e assim por diante.

Vestuário Figura 10

U > U > U1
3
V3

2
V2 U3
U2
1
V1 U1
Alimentos
A

Essa suposição de que mais é melhor é chamada, conforme já


explicamos nas premissas das preferências, de monotonicidade
de preferências. A monotonicidade das preferências implica
que as curvas de indiferença tenham, obrigatoriamente,
inclinação negativa. Se mais é melhor, então, ao reduzirmos o
consumo de um bem, devemos, com certeza, aumentar o consumo
do outro bem para que nos mantenhamos indiferentes entre duas
cestas de consumo. Isso só é possível se as curvas de indiferença
tiverem inclinação negativa.

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Acompanhe na figura 11. Se partirmos de uma cesta (q1, q2) e nos
movermos para algum uma posição que seja indiferente, devemos
nos mover para a esquerda e para cima (aumenta o consumo do
bem 2, aumentando q2, e reduz o consumo do bem 1, reduzindo q1)
ou para a direita e para baixo (aumenta q1 e reduz q2).

q2
Figura 11

Cestas
melhores
Preferências monotônicas:
(q1, q2) - mais de ambos os bens é melhor;
- menos de ambos os bens é pior;
- Inclinação negativa da curva de indiferença
Cestas
piores

q1

2. Curvas de indiferença não se cruzam. Esta é uma reafirmação


da premissa da transitividade. Adotando o exemplo das cestas de
consumo com vestuário e alimentos, nós temos que se as curvas de
indiferença se cruzassem, o ponto de intersecção representaria uma
combinação de vestuário e alimentos que proporcionaria dois níveis
de utilidade diferentes ao mesmo tempo, o que seria um absurdo,
veja na figura 12:

Vestuário Figura 12

B
A
U2

U1

Alimentos
A

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As curvas de indiferença U1 e U2 têm uma cesta vestuário/alimentos
em comum (cesta A). Sendo assim, o consumidor seria indiferente
às cestas A e C (por pertencerem a curva de indiferença U1) e às
cestas A e B (por pertencerem a curva de indiferença U2). Logo,
pela lógica, o consumidor deveria ser indiferente também às cestas
B e C. Entretanto, isso é impossível, já que C implica maior
vestuário que B, mantendo a mesma quantidade de alimentos. Ou
seja, chegamos à conclusão de que é impossível duas curvas de
indiferença se cruzarem.

3. As médias são preferidas aos extremos. Se pegarmos duas


cestas de bens A (x1, x2) e B (y1, y2) e adotarmos uma terceira
cesta C cujas quantidades de consumo dos bens 1 e 2 valham
valores intermediários entre x1 e y1 e x2 e y2, esta terceira cesta
será preferível a (x1, x2) e (y1, y2). Por exemplo, suponha as cestas
A e B com as quantidades dos bens 1 e 2: A (2, 6) e B (8, 3). Se
pegamos uma cesta C cuja quantidade do bem 1 esteja entre 2 e 8
e cuja quantidade do bem 2 esteja entre 6 e 3, esta cesta C será
preferível às cestas A e B. Assim, uma cesta C, digamos, com 5
unidades do bem 1 e 4 unidades do bem 2, C (5, 4), será preferível
às cestas A e B, uma vez que 5 está entre 2 e 8, e 4 está entre 6 e
3.

Do ponto de vista geométrico, essa suposição de que as médias são


preferidas aos extremos implica que essas curvas de indiferença
serão convexas. Ou seja, a convexidade da curva é voltada para a
origem do gráfico. Observe a figura 13:

Figura 13
q2
A A
Cesta média não
Cesta média é é preferível
preferível
C
C

B B

q1
A cesta C, neste caso, não será preferível
A cesta C (com valores médios das às cestas A e B, uma vez que ela está em
quantidades dos bens 1 e 2 nas uma curva de indiferença mais baixa
cestas A e B) é preferível às cestas (curva de indiferença cinza claro). Isto
A e B, uma vez que ela está em uma ocorre porque as curvas de indiferenças
curva de indiferença mais alta são côncavas. Assim, para obedecermos
(curva de indiferença cinza claro). à premissa de que as médias são
Isto ocorre porque as curvas de preferíveis aos extremos, as curvas
indiferenças são convexas. devem ser convexas e não côncavas
como no caso acima.

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A explicação intuitiva para este fenômeno reside no fato de que os


consumidores preferem consumir cestas mais diversificadas, isto é,
tendo quantidades equilibradas de cada bem. Para eles, é melhor
um consumo mais diversificado de bens em vez de consumir cestas
que tenham determinados bens em excesso. Por isso, a cesta C,
para curvas bem-comportadas, que é o nosso caso normal, é
preferível às cestas A e B. Ou seja, a diversificação é preferível à
especialização (consumo de determinado bem em excesso).

1.3.1.1. Taxa marginal de substituição (TMgS)

 A TMgS como inclinação negativa da curva de indiferença:

Nós vimos que, em virtude da premissa do quanto mais melhor


(preferências monotônicas), as curvas de indiferença bem-comportadas5
são inclinadas negativamente. Veremos agora outra explicação para essa
inclinação negativa. Voltemos, então, ao exemplo em que o consumidor
possui cestas de consumo de alimentos e vestuário:

Se o consumo de vestuário aumenta, o consumo de alimentos é


reduzido a fim de se preservar a mesma utilidade, e vice-versa. Veja a
figura 14:

Figura 14
Vestuário

A
VA
V A inclinação da curva de
A B indiferença em todos os
VB pontos é dada por V/ A.
V
A C
VC
V
A D
VD
V E
VE A U1

Alimentos
AA AB AC AD AE

5 Repetindo: em questões de concursos, quando é falado genericamente somente em

indiferença bem-comportadas. Daqui a pouco, em nossa aula, exemplos de curvas de


indiferença que fogem a essa regra.

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Observe que quando nos movemos do ponto A para o ponto B, a


diminuição do consumo de vestuário ( V=VB-VA) foi compensada por um
pequeno aumento no consumo de alimentos ( A=AB-AA), para que nos
mantivéssemos no mesmo nível de utilidade (mesma curva de
indiferença). Quando nos movemos do ponto B para o C, ocorre a mesma
coisa, só que, desta vez, precisamos de mais alimentos ( A=AC-AB) para
compensar uma perda até menor de vestuário ( V=VC-VB). Do ponto C
para o D, ocorre o mesmo fenômeno. Do ponto D para o ponto E,
precisamos de um grande aumento de alimentos para compensar uma
pequena perda de vestuário, de forma que V/ A será um número bem
pequeno (veja que do ponto A ao B, V/ A é um número mais alto que o
V/ A do ponto D ao E).

Em primeira instância, o que ocasiona estas mudanças ao longo


da curva de indiferença e a sua própria inclinação é o princípio da
utilidade marginal decrescente. Quando nos movemos para a direita,
aumentando o consumo de alimentos, por exemplo, a sua utilidade
marginal decresce, fazendo com que o consumidor queira abrir mão cada
vez menos de vestuário em troca de alimentos.

O declínio no consumo de vestuário permitido por um aumento no


consumo de alimentos a fim de que a utilidade mantenha-se constante é
chamado de taxa marginal de substituição (TMgS) entre vestuário e
alimentos. É esta TMgS que determina a inclinação da curva de
indiferença. Algebricamente, a TMgS pode ser definida como:

Inclinação da curva de indiferença

TMgS = V  com a utilidade (U) constante


A

Veja que a TMgS será sempre negativa. Isto porque o numerador


V (VFINAL – VINICIAL) é sempre negativo quando caminhamos da esquerda
para a direita na curva de indiferença. Se caminharmos da direita para a
esquerda, o denominador, A (AFINAL – AINICIAL), será sempre negativo.
Assim, a TMgS sempre será negativa e, por conseguinte, a
inclinação da curva de indiferença também será.

Obs: assim como acontece com a elasticidade preço da demanda e com a


inclinação da reta de restrição orçamentária, as bancas geralmente
ignoram o sinal negativo da taxa marginal de substituição.

 A TMgS explicando a convexidade:

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A TMgS também nos ajuda a entender por que as curvas de
indiferença são convexas. A convexidade6 das curvas de indiferença é
plenamente visualizada ao notarmos o fato da curva ser bem mais
íngreme à esquerda do que à direita. No ponto A (figura 14), onde a
curva de indiferença é bastante acentuada, ou vertical, um grande
declínio no consumo de vestuário pode ser acompanhado por um modesto
aumento no consumo de alimentos. Ou seja, quando o consumo de
vestuário é relativamente elevado e o consumo de alimentos é
relativamente baixo, o alimento é mais altamente valorizado do que
quando este é abundante e o vestuário relativamente escasso (precisa-se
abrir mão de bastante vestuário para um ganho pequeno de alimentos, ou
seja, o alimento é mais valorizado). Colocada dessa forma, a convexidade
das curvas de indiferença parece algo natural: ela diz que quanto mais
temos de um bem, mais propensos estaremos a abrir mão de alguma
quantidade dele em troca de outro bem.

No ponto E (figura 14), inversamente, a curva de indiferença é


relativamente plana. Essa inclinação mais plana significa que um mesmo
declínio no vestuário requer um aumento bem maior no consumo de
alimentos para que a utilidade permaneça constante. Isto é, quando o
consumo de vestuário é baixo e os alimentos são abundantes, o vestuário
é altamente valorizado (a perda do vestuário requer um enorme aumento
no alimento para que a utilidade permaneça constante). O princípio
norteador do raciocínio é o mesmo em todas as situações: o que é
escasso é mais valorizado (neste caso, precisa-se de bastante alimento
para compensar uma pequena perda de vestuário). Ver questão 35.

 A TMgS é decrescente:

Do ponto A ao B (figura 14), temos uma TMgS certamente maior


que 1 ( V> A) em valores absolutos (módulo). Do ponto D ao E,
entretanto, temos o módulo da TMgS certamente menor que 1 ( V< A).
Podemos perceber que do ponto A ao ponto E, o valor da TMgS diminui à
medida que nos deslocamos para baixo e para a direita ao longo da curva
de indiferença. Desta forma, a TMgS, além de ser negativa, possui o seu
valor declinante ou decrescente quando se substitui, progressivamente,
unidades de vestuário por alimentos. Concluindo: a TMgS é
decrescente.

6
Quando falamos em convexidade, geralmente, a referência é a origem do gráfico. Ou seja, uma
convexidade é voltada para a origem do gráfico (e a concavidade é
voltada para cima).

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1.3.2. Preferências “mal” comportadas (casos especiais)

No item 1.3.1, nós vimos algumas premissas que nos remetem a


preferências bem-comportadas e monotônicas. Vale ressaltar que o que
foi visto no item passado deve ser considerado sempre quando falamos
em preferências ou curvas de indiferença de modo genérico, sem
especificar se são preferências bem-comportadas, monotônicas ou não.

Neste item, veremos alguns casos de preferências que não seguem


o comportamento padrão estudado no item passado. Ou seja, são curvas
de indiferença que seguem as premissas das preferências
(monotonicidade, reflexividade, transitividade, integralidade), mas não
seguem o comportamento das curvas bem-comportadas (TmgS
decrescente e negativa, convexidade). Assim, você deve ter em mente
que apesar destes casos especiais não seguirem o comportamento
padrão de uma curva de indiferença bem-comportada, isto não
significa, entretanto, que elas não obedeçam às premissas das
preferências, vistas logo no início do item 1.3. Elas obedecem às
premissas básicas das preferências, apenas não seguem o caso geral (as
curvas de indiferença não têm o formato de curvas bem-comportadas).

Comecemos pelo caso em que os bens integrantes da cesta de


consumo são bens substitutos ou complementos perfeitos:

1.3.2.1. O caso dos substitutos e complementos perfeitos

A figura 15 apresenta, no gráfico da esquerda, as preferências de


um consumidor por coca-cola e pepsi. Para este consumidor, estas duas
mercadorias são substitutos perfeitos. Dizemos que dois bens são
substitutos perfeitos quando a taxa marginal de substituição de um
bem pelo outro é constante. Nesse caso, as curvas de indiferença que
descrevem a permuta entre o consumo das mercadorias se apresentam
como linhas retas (a inclinação de retas é uma constante – ou seja, um
número que não muda. Assim, a TmgS também será constante, já que a
inclinação da curva de indiferença é dada pela TmgS).

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Figura 15

Pepsi
Sapato
3 esquerdo

1 2 3
Coca-cola Sapato direito

No gráfico da esquerda, a TmgS é -1, pois o consumidor substitui o


consumo de uma lata de pepsi por uma lata de coca-cola em qualquer
lugar da curva de indiferença. Mas, tome cuidado! A inclinação das curvas
de indiferença (TmgS) não precisa ser igual a -1 para que os bens sejam
substitutos perfeitos. Para que os sejam, basta que as curvas de
indiferença sejam representadas por retas e tenham, portanto, a
inclinação constante. Por exemplo, caso o consumidor acredite que uma
lata de pepsi equivalha a duas latas de coca-cola (TmgS= Pepsi/ coca=-
1/2), a inclinação das curvas de indiferença será -1/2, e os bens serão
substitutos perfeitos pois a inclinação das curvas será constante (-1/2).

O gráfico da direita, na figura 15, ilustra as preferências de um


consumidor por sapatos esquerdos e direitos. Para este consumidor, os
dois bens são complementos perfeitos (ou complementares), uma vez que
um sapato esquerdo não aumentará seu grau de satisfação ou utilidade, a
menos que ele possa obter também o sapato direito como
correspondente. Assim, a cesta (1 sapato direito, 1 sapato esquerdo)
apresenta a mesma utilidade da cesta (1 sapato direito, 3 sapatos
esquerdos). Ou seja, só haverá benefício adicional quando houver
acréscimo na proporção no consumo dos dois bens, sendo que qualquer
bem em excesso a essa proporção não gera nenhum benefício adicional.

Percebemos, então, que, no caso dos complementos perfeitos,


as curvas de indiferença terão formato de um L, cujo vértice ocorre
onde o número de pés esquerdos iguala o de pés direitos. Na parte
vertical do L, a TMgS será igual a infinito (o SAPATO_ESQUERDO será um valor
qualquer, enquanto o SAPATO_DIREITO será igual a 0. Como qualquer
número dividido por 0 é igual a infinito, a TMgS na parte vertical do L
também será infinita). Na parte horizontal do L, a TMgS será igual a 0 (o
SAPATO_ESQUERDO será igual a 0, enquanto o SAPATO_DIREITO será igual a um
valor qualquer. Como ZERO dividido por qualquer número é igual a ZERO,
a TMgS na parte horizontal do L também será sempre igual a 0).

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Por fim, note que, no caso dos complementos perfeitos, o


consumidor prefere consumi-los em proporções fixas, não havendo
necessidade de que a proporção seja 1 por 1, como no caso do exemplo
dos sapatos direito e esquerdo. Por exemplo, se um consumidor consome
sempre dois refrigerantes para cada sanduíche, e não consome
refrigerante para mais nada, neste caso, os bens refrigerante e sanduíche
serão complementos perfeitos e as curvas de indiferença terão o formato
de L. Neste caso, as cestas que estarão nos vértices de cada L terão
sempre o dobro de refrigerantes em relação aos sanduíches. A proporção
no consumo dos bens será fixa, no entanto, teremos uma proporção de 2
para 1, em vez de 1 para 1, como no caso dos sapatos direito e esquerdo.

Nota  os bens podem ser substitutos imperfeitos (o consumidor


percebe alguma diferença entre eles) ou complementos imperfeitos (o
consumo não será feito em proporções fixas). Neste caso, as curvas de
indiferença tenderão ao formato convencional, apresentando algum
grau de convexidade.

Bens substitutos perfeitos: taxa


marginal de substituição constante. Ou
se consome um, ou se consome o outro.

Bens complementos perfeitos: bens


consumidos em proporções fixas. Os
dois devem ser consumidos juntos.

1.3.2.2. Quando um bem é um mal

Quando um bem é uma mercadoria que o consumidor não gosta,


dizemos que este bem, na verdade, é um “mal”. Se tivermos uma cesta
com dois bens, um sendo um “bem” e outro sendo um “mal”, as curvas
de indiferença serão positivamente inclinadas. Isto é, para se manter na
mesma utilidade, ao aumentar o consumo do mal, deve-se também
aumentar o consumo do bem.

Peguemos uma cesta que consista de duas mercadorias: o bem


carne e o mal salada. Supondo que este consumidor não goste deste
último (para este consumidor, o consumo de salada não traz utilidade ou
prazer, logo, é um mal, e não um bem), se dermos a ele mais salada, o
que deveríamos fazer para mantê-lo com o mesmo nível de satisfação (ou
para que ele permaneça na mesma curva de indiferença)? Para mantê-lo
na mesma curva de indiferença, será necessário mais carne para
compensá-lo por ter de aturar a salada. Assim, este consumidor, que não

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gosta de salada e adora carne, terá de ter curvas de indiferença que se
inclinem para cima e para a direita, conforme vemos na figura 16.

salada Figura 16

Aqui, as curvas de indiferença têm


inclinação positiva. Para mantermos o
mesmo nível de utilidade, à medida que
aumentamos o consumo do mal salada,
devemos consumir mais o bem carne.

carne

Neste caso, as curvas de indiferença mais para baixo e para a


direita serão as curvas preferíveis, no sentido da redução do consumo de
salada e do aumento do consumo de carne.

Uma importante observação a se fazer neste caso é em relação ao


comportamento do “mal” (o bem que não traz utilidade). O consumo
desta mercadoria não traz acréscimo de utilidade ao consumidor. Pelo
contrário, o aumento de consumo do “mal” faz decrescer a utilidade do
consumidor. Isto quer dizer que a utilidade marginal de uma mercadoria
com esta característica será sempre negativa. Daí, podemos concluir que
quando temos um bem que é um “mal”, que apresenta, para
qualquer nível de consumo, utilidade marginal negativa (faz
decrescer a utilidade do consumidor), então, as curvas de
indiferença deste consumidor serão positivamente inclinadas,
exatamente como mostrado na figura 16.

Esta conclusão não se confunde com aquela que foi inferida para as
curvas de indiferença bem-comportadas, que possuem inclinação
decrescente e negativa. Naquelas, o princípio da utilidade marginal
decrescente (decrescente é diferente de negativa) faz com que a
inclinação da curva seja decrescente e negativa. Neste caso da curva
bem-comportada, a utilidade marginal, apesar de decrescente, não será
negativa. Entretanto, se a utilidade marginal for negativa, então, a curva
de indiferença será positivamente inclinada.

Nota  no exemplo, desenhei curvas de indiferença representadas por


retas, mas poderíamos também desenhar curvas convexas ou côncavas.

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O importante aqui é que as curvas que representam uma cesta composta
por um bem e por um mal terão inclinação positiva.

1.3.2.3. Bens neutros

Quando temos uma cesta composta por um bem neutro, isto é, um


bem que o consumidor não se importa em ter ou não ter, as curvas de
indiferença serão linhas verticais. Por exemplo, imagine um típico homem
solteiro que mora sozinho e sua cesta de consumo seja composta do bem
vassoura e do bem cerveja. Levando-se em conta que o típico homem
solteiro que mora sozinho não varre o seu domicílio, nunca, podemos
concluir que o bem vassoura é neutro, o consumidor pouco importa em
tê-lo ou não. Isso quer dizer que o aumento do consumo de vassoura não
aumenta a utilidade desta consumidor, apenas o aumento do consumo de
cervejas terá este efeito. Veja na figura 17:

Figura 17
vassoura

Aqui, somente o aumento do consumo de


cerveja conseguirá aumentar o nível de
utilidade do consumidor. O aumento do
consumo de vassouras não terá qualquer
efeito sobre a utilidade.

Curvas de indiferença

cerveja

1.2.3.4. Curvas de indiferença côncavas

No item 1.3.1, premissa 3 das curvas de indiferença bem


comportadas (figura 13), nós vimos que os consumidores preferem as
cestas médias porque elas representam cestas mais diversificadas de
consumo. Essa premissa, por sua vez, era responsável pela convexidade
das curvas de indiferença.

Quando temos uma situação oposta, ou seja, os consumidores


preferem a especialização à diversificação no consumo, as curvas de
indiferença serão côncavas, ou seja, teremos a concavidade da curva
voltada para a origem do gráfico. Assim, quando temos uma curva de
indiferença côncava, isto quer dizer que este consumidor prefere se

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especializar no consumo de uma única mercadoria, em detrimento do
consumo diversificado das duas mercadorias da cesta de consumo.

Q2 Figura 18
A (1, 7)
Quando a curva de indiferença é côncava, o
consumo das cestas A e B traz maior
utilidade que o consumo da cesta C. Note
que, nas cestas A e B, o consumidor se
especializa no consumo de uma
determinada mercadoria.
C (4, 4)

B (7, 1)
Q1

Julgue os seguintes itens, relativos aos axiomas e às hipóteses


que regem as preferências do consumidor.

14. (Cespe/UnB – Auditor Governamental – CGE/PI – 2015) As


curvas de indiferença apresentam inclinação positiva e densidade
em todo o espaço de bens.

Comentários:
Tomando por base os axiomas e as hipóteses da teoria do consumidor,
devemos ter em mente o caso geral, ou seja, as curvas de indiferença
bem comportadas. As curvas de indiferença bem comportadas
apresentam inclinação NEGATIVA.

Gabarito: Errado

15. (Cespe/UnB – Auditor Governamental – CGE/PI – 2015) Se,


na comparação entre os bens A, B e C, o bem B for pelo menos
tão bom quanto o bem A, e o bem C for estritamente preferível ao
bem A, então, sob convexidade, qualquer combinação linear dos
bens B e C será preferível ao bem A.

Comentários:
Vocês lembram da transitividade na teoria do consumidor? Essa

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característica das preferências estabelece que se o consumidor prefere
uma cesta X à cesta Y e prefere Y à Z, ele prefere também prefere X à Z.

A questão nos fala de três bens, sendo que B é tão bom quanto A (A =
B) e C é estritamente preferível a A (A < C).

Já que A = B, nós podemos inferir que, por transitividade, B < C. Ou


seja, o consumidor prefere também C a B.

Ou seja, o consumidor prefere C tanto a A como a B.

Portanto, sempre que o C estiver dentre as possibilidades de escolha do


consumidor (seja sozinho, seja combinado com outro bem), o
consumidor escolherá o bem C.

No caso da questão, temos que se o consumidor é indiferente entre B e A


(A = B), e ele prefere C, ele preferirá uma combinação de C e B sobre A.

Gabarito: Certo

16. (Cespe/UnB – Especialista – ANTAQ – 2014) Considere que


um consumidor, após avaliar diversas cestas de bens, localizadas
em diferentes curvas de indiferença, conclua que uma delas é a
melhor do conjunto todo e a escolha. Nessa situação, é correto
afirmar que as preferências desse consumidor foram saciadas.

Comentários:
Certo! Vimos que as curvas de indiferença nos trazem diferentes graus
de utilidade.

A curva de indiferença mais alta é também a curva que traz o maior grau
de utilidade.

Assim, quando o consumidor conclui que uma cesta de bens é a melhor


do conjunto todo, ele está maximizando sua utilidade ao escolher uma
cesta de bens que está localizada na curva de indiferença mais alta. Essa
escolha, portanto, sacia suas preferências.

Gabarito: Certo

Acerca das preferências do consumidor e suas curvas de


indiferença, julgue os itens subsequentes.

17. (CESPE/Unb – Auditor – Economia – TCE/RO – 2013) - A


utilização de curvas de indiferença para descrever as preferências
dos consumidores não é indicada, já que as curvas não
distinguem as cestas de consumo.

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Comentários:
Esta é uma questão polêmica. O gabarito definitivo foi “Certo”.

É inegável que uma curva de indiferença não distingue as cestas de


consumo. Afinal, cestas ao longo de uma curva trazem o mesmo nível de
utilidade ao consumidor.

No entanto, várias curvas de indiferença podem sim distinguir as cestas


de consumo. Aquelas cestas que estiverem em curvas mais altas trarão
mais utilidade ao consumidor, ao que passo que aquelas cestas que
estiverem em curvas mais baixas trarão menos utilidade.

Acreditamos que o gabarito da banca tenha acontecido em virtude de


uma breve passagem do livro do Prof. Varian, que segue abaixo:

“Um problema em usar as curvas de indiferença para descrever


preferências é que elas mostram apenas as cestas que o consumidor
percebe como indiferentes entre si – as curvas não distinguem as
cestas melhores das piores.”

Ou seja, o examinador fez a questão com base em um trecho isolado do


livro do Prof. Varian. No entanto, o gabarito, a nosso ver, ainda é
equivocado, pois esta citação do Prof. Varian está no começo do capítulo.
Logo nos tópicos seguintes, ele ensina como determinar a direção para
onde ocorre o aumento de utilidade. Portanto, ele ensina como as curvas
de indiferença podem distinguir cestas de consumo.

Não obstante a nossa análise, o gabarito definitivo foi “Certo”. Vamos


torcer para uma assertiva como esta não cair na nossa prova.
Infelizmente, em concursos, ainda existem problemas desta natureza.
Afinal, o examinador é como nós: humanos, sujeitos a erros.

Gabarito: Certo (a nosso ver, Errado)

18. (CESPE/Unb – Auditor – Economia – TCE/RO – 2013) - Curva


de indiferença de dois bens substitutos perfeitos é uma reta.

Comentários:
Questão sem problemas. Quando os dois bens são substitutos perfeitos,
as curvas de indiferença são retilíneas, com taxa marginal de substituição
(que é a própria inclinação da curva de indiferença) constante.

Gabarito: Certo

19. (CESPE/Unb – Auditor – Economia – TCE/RO – 2013) - As


premissas de integralidade, transitividade e monotonicidade

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explicam as preferências de um consumidor racional.

Comentários:
Na verdade, o que explica a racionalidade das preferências de um
consumidor são 02 premissas, apenas: integralidade e transitividade.

Gabarito: Errado

O Ministério da Justiça (MJ) tem um montante fixo para gastar na


aquisição de dois bens: mesas e computadores. Ainda, o MJ
planeja ocupar um prédio de sua propriedade, atualmente
alugado para profissionais liberais. Com base nessa situação
hipotética, julgue os itens seguintes.

20. (CESPE/Unb – Economista – Ministério da Justiça – 2013) - A


duplicação dos preços da mesa e do computador apresenta o
mesmo efeito, na linha do orçamento, que a redução, pela
metade, do montante fixo.

Comentários:
Se os preços dos 02 bens aumenta, ao mesmo tempo, e no mesmo
percentual, isto equivale a uma mesma situação na qual a renda do
consumidor diminui.

No caso desta questão, a duplicação dos preços dos 02 bens é o mesmo


que reduzir a renda dos consumidores pela metade. Segue abaixo uma
passagem de nossa aula de Teoria do Consumidor, onde o raciocínio é
explicado:

Na prática, quando duplicamos os preços dos dois bens ao mesmo


tempo, estamos, na verdade, fazendo o mesmo que dividir a renda por
dois. Vejamos:

Agora, dobramos os preços:

Manipulando algebricamente, chegamos a:

Assim, multiplicar ambos os preços por dois teve o mesmo efeito

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que dividir a renda por dois. Podemos concluir, então, que ao multiplicar
ambos os preços por uma quantidade qualquer t, isso será equivalente a
manter os preços no mesmo patamar anterior, só que dividindo a renda
pelo valor da mesma constante t. Em outras palavras, aumentar todos os
preços em, digamos, 100% (multiplicá-los por 2) tem o mesmo efeito de
reduzir a renda em 50% (dividir a renda por 2).

Gabarito: Certo

Suponha que as famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família


tenham preferências bem comportadas com relação a alimento e
vestuário, que esses dois bens sejam normais e que seus preços
mantenham-se constantes. Com base nessa situação, julgue os
itens.

21. (CESPE/Unb – Economista – Ministério da Justiça – 2013) - O


conjunto orçamentário de uma família é formado por todas as
combinações de quantidades de bens e serviços que podem ser
adquiridas, apresentando como limites os preços relativos e a
renda dessa família.

Comentários:
O conjunto orçamentário representa todas as possibilidades de compra
dos bens, desde que estas cestas possíveis de serem adquiridas estejam
dentro da renda da família. Assim, está certa a questão.

Não podemos confundir o conjunto orçamentário - que representa todas


as possibilidades de consumo, dentro uma renda – com a reta
orçamentária. Esta representa aquele conjunto de cestas em que se
gasta toda a renda do consumidor.

A equação (1) representa o conjunto orçamentário, enquanto a equação


(2) representa a reta orçamentária (ou linha do orçamento):

p1.q1 + p2.q2 ≤ m (1)


p1.q1 + p2.q2 = m (2)

Na figura abaixo, o segmento de reta AB representa a reta orçamentária.


Qualquer cesta de consumo que esteja sobre a reta AB exaurirá a renda
m. Por outro lado, as cestas de consumo localizadas dentro da área cinza
(incluindo o segmento AB) representarão o conjunto orçamentário do
consumidor (ou o seu conjunto de oportunidade).

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q2
Intercepto A
vertical = m/p2
Inclinação da reta
orçamentária:

Intercepto
horizontal = m/p1
O B
q1

Gabarito: Certo

22. (CESPE/Unb – Economista – Ministério da Justiça – 2013) - O


aumento de renda das famílias atendidas pelo referido programa
provoca uma substituição do consumo de alimentos pelo consumo
de vestuário.

Comentários:
No enunciado da questão, foi dito que os dois bens (vestuário e alimento)
são normais. Logo, o aumento de renda das famílias irá fazer com ambos
os consumos (de vestuário e alimento) sejam aumentados, de tal
maneira que não é possível inferir, somente com os dados da questão, se
vai haver substituição no consumo de alimento pelo consumo de
vestuário.

Teríamos, com certeza, uma substituição no consumo se houvesse


alteração no preço relativo dos bens (se, por exemplo, o preço dos
alimento aumentasse, enquanto o preço do vestuário mantivesse-se
igual).

Gabarito: Errado

23. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Curvas de


indiferença que representam níveis distintos de preferência
podem se cruzar.

Comentários:
Devido à premissa da transitividade, curvas de indiferença nunca podem
se cruzar.

Gabarito: Errado

24. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Curvas de

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indiferença de dois bens substitutos têm inclinações iguais a -1.

Comentários:
Curvas de indiferença de dois bens substitutos têm inclinação constante,
mas não necessariamente essa inclinação será, em valor absoluto,
igual a 1.

Gabarito: Errado

25. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - As curvas de


indiferença entre bens complementares demonstram que os
consumidores querem consumir os bens em proporções fixas, ou
seja, uma unidade de um bem com uma unidade de seu bem
complementar.

Comentários:
A primeira parte da assertiva é correta. Realmente, curvas de indiferença
entre bens complementares demonstram que os consumidores querem
consumir os bens em proporções fixas.

No entanto, esta proporção não é necessariamente 01 unidade de um


bem com outra unidade do outro bem. A proporção pode ser diferente,
desse que seja fixa.

Por exemplo, se um consumidor consome sempre dois refrigerantes para


cada sanduíche, e não consome refrigerante para mais nada, neste caso,
os bens refrigerante e sanduíche serão complementos perfeitos e as
curvas de indiferença terão o formato de L. Neste caso, as cestas que
estarão nos vértices de cada L terão sempre o dobro de refrigerantes em
relação aos sanduíches. A proporção no consumo dos bens será fixa, no
entanto, teremos uma proporção de 2 para 1, em vez de 1 para 1, como
no exemplo clássico dos sapatos direito e esquerdo.

Gabarito: Errado

26. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Se um indivíduo


gosta de um bem e é neutro em relação a outro, então a curva de
indiferença será uma linha paralela ao eixo do bem neutro.

Comentários:
Questão correta.

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Y

Aqui, somente o aumento do consumo do


bem X conseguirá aumentar o nível de
utilidade do consumidor. O aumento do
consumo do bem Y não terá qualquer efeito
sobre a utilidade.

Curvas de indiferença

Gabarito: Certo

27. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Por distinguir


uma cesta de produtos melhor de uma pior, a curva de
indiferença é recurso adequado para a descrição das preferências
dos consumidores.

Comentários:
A questão é errada, pois a curva de indiferença sozinha não distingue
uma cesta melhor de uma pior. Afinal, todas as cestas ao longo de uma
mesma curva de indiferença trazem o mesmo nível de utilidade ao
consumidor.

Gabarito: Errado

28. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Um aumento da


renda do consumidor afeta a inclinação da reta orçamentária,
pois os preços relativos são afetados

Comentários:
Um aumento da renda desloca paralelamente a reta orçamentária, mas
não afeta sua a inclinação.

Somente a alteração nos preços relativos é que tem o poder de afetar a


inclinação da reta orçamentária.

Gabarito: Errado

29. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - A cobrança de


um imposto levar à duplicação dos preços dos bens equivale à
duplicação da renda do consumidor.

Comentários:

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A cobrança de um imposto levar à duplicação dos preços equivale e
reduzir a renda pela metade.

Gabarito: Errado

30. (CESPE/Unb - Técnico Científico – Banco da Amazônia –


2012) - Considere que um consumidor prefira comprar
determinada cesta de bens em Manaus a comprá-la em Belém.
Nesse caso, é correto inferir que a renda desse consumidor é
suficiente para comprar a cesta tanto em Manaus quanto em
Belém.

Comentários:
Se um consumidor prefere comprar uma cesta em Manaus a comprá-la
em Belém, isto diz respeito somente às suas preferências.

Nada é possível afirmar sobre a renda. A estrutura de preferências dos


consumidores (mapa de curvas de indiferença) independe da renda e
dos preços dos bens.

Por exemplo, todos nós temos preferências quanto a bens que não
podemos comprar, mas, mesmo assim, temos uma estrutura de
preferências quanto a estes bens.

Gabarito: Errado

31. (CESPE/Unb - Técnico Científico – Banco da Amazônia –


2012) - Com base na transitividade das preferências individuais,
um comportamento inato a todo ser humano, é correto afirmar
que o indivíduo que prefere comprar em Rio Branco a comprar em
Manaus e prefere comprar em Manaus a comprar em Belém
prefere comprar em Rio Branco a fazê-lo em Belém.

Comentários:
Esta é uma questão capciosa. Realmente, pela premissa da
transitividade, se o indivíduo prefere comprar em Rio Branco a comprar
em Manaus e prefere comprar em Manaus a comprar em Belém, prefere
comprar em Rio Branco a fazê-lo em Belém. Até aí correto.

No entanto, essa premissa da transitividade é uma hipótese necessária


para sistematizar o estudo da teoria do consumidor, porém ela não é
inapta a todo ser humano. O gosto das pessoas nem sempre é transitivo.

Por exemplo, existem pessoas que preferem carne em vez de pizza, e


preferem pizza à comida japonesa. Mas é possível que, em alguma vez
na vida, elas escolham comida japonesa em vez de carne. As pessoas
são assim. Que nem diz o ditado: gosto é que nem “pé”, cada um tem o

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seu.

Segundo Eaton e Eaton, Microeconomia, página 43:

“O pressuposto da transitividade parece bastante objetivo, mas


será que de fato descreve o comportamento humano? ...

... concluem que as preferências da grande maioria dos adultos


são consistentes. É interessante que experiências sobre
preferências de crianças por diferentes cores revelam que as
preferências de pessoas mais jovens tendem a ser inconsistentes,
ou intransitivas.”

Desta forma, a questão é errada pela expressão “comportamento inato a


todo ser humano”.

Gabarito: Errado

32. (CESPE/Unb - Técnico Científico – Banco da Amazônia –


2012) - Se dois créditos bancários, um no Banco da Amazônia e
outro no Banco do Brasil, são substitutos perfeitos, então eles
apresentam taxa marginal de substituição constante.

Comentários:
Exatamente, bens substitutos perfeitos possuem taxa marginal de
substituição (inclinação da curva de indiferença) constante.

Gabarito: Certo

33. (Cespe/UnB – ANAC – 2012) Caso a renda nominal dos


consumidores seja constante, a elevação do preço do ingresso de
um jogo do campeonato brasileiro de futebol acarretará uma
tendência de queda da demanda por esse bem. Para continuar
consumindo a mesma quantidade de ingressos para os jogos
desse campeonato, os consumidores teriam de abrir mão do
consumo de outros bens.
Comentários:

Como a renda dos trabalhadores não acompanhou o aumento dos


ingressos, com certeza os consumidores os consumidores irão reduzir a
demanda por esses bens. Assim, se eles decidirem não diminuir a
demanda por ingressos, terão que deixar de consumir outros bens para
que a restrição orçamentária seja respeitada.

Gabarito: CERTO.

34. (CESPE/Unb – Economista – Petrobrás – 2001) – Para um

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consumidor racional, a taxa marginal de substituição entre
cédulas de dez reais e cédulas de cinco reais é decrescente e será
tanto mais baixa quanto maior for o seu nível de renda.

COMENTÁRIOS:
Show de bola esta questão, não é mesmo?

Considerando os dois bens (cédulas de dez reais e cédulas de cinco


reais), a taxa marginal de substituição entre eles independe do
nível de renda. Quem depende da renda é a reta de restrição
orçamentária: quanto menor a renda, mais baixa estará a reta de
restrição orçamentária. Veja, então, que a curva de indiferença e a
estrutura de preferências do consumidor não dependem da renda.

Ademais, os bens citados (cédulas de dez e cinco reais) têm a taxa


marginal de substituição constante (nós trocamos uma cédula de dez por
duas de cinco reais). Assim, TMgS=2. Ou, se trocarmos uma cédula de
cinco reais por meia cédula de dez reais, a TMgS será igual a 1/2 . Enfim,
qualquer que seja o referencial, a TMgS será constante, indicando que
estes bens são substitutos perfeitos.

Portanto, a assertiva tem dois erros:

i. A taxa marginal de substituição não é decrescente, mas sim


constante;
ii. A taxa marginal de substituição não depende da renda do
consumidor.

GABARITO: ERRADO

35. (CESPE/Unb – Economista – Petrobrás – 2001) – Se, para


determinado consumidor, as curvas de indiferença entre dois
bens são representadas por linhas retas negativamente
inclinadas, então, para esse consumidor, os bens examinados são
perfeitamente complementares.

COMENTÁRIOS:
Neste caso, em que as curvas de indiferença são linhas retas, os bens
serão substitutos perfeitos. Se fossem perfeitamente complementares, as
curvas de indiferença seriam representadas por retas perpendiculares
entre si (curvas de indiferença em “L”).

GABARITO: ERRADO

36. (CESPE/Unb – Economista – Petrobrás – 2001) – O princípio


da utilidade marginal decrescente explica por que a restrição
orçamentária do consumidor é negativamente inclinada.

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COMENTÁRIOS:
O princípio da utilidade marginal decrescente explica por que a curva de
indiferença é negativamente inclinada. A banca tentou te confundir.

O que explica a inclinação negativa da reta de restrição orçamentária


é o fato de um consumo maior de um bem implicar obrigatoriamente um
consumo menor de outro bem, estando o consumidor limitado pela sua
renda (que está representada pela própria reta de restrição
orçamentária). Por exemplo, na figura 06, cesta Z, se quisermos
aumentar o consumo de vestuário, será necessário reduzir o consumo de
alimentos, devido à restrição da renda. Quando temos duas variáveis no
gráfico que variam em sentidos opostos (uma aumenta e a outra diminui)
e inclinação é decrescente.

GABARITO: ERRADO

37. (CESPE/Unb - Consultor Legislativo - Câmara dos Deputados


2002) - Em uma curva de indiferença, os consumidores são
indiferentes entre as possíveis combinações de bens porque, ao
longo dessa curva, a renda monetária é constante.

COMENTÁRIOS:
Ao longo da curva de indiferença a utilidade é constante. A questão fez
confusão com a reta de restrição orçamentária. Nesta, a renda monetária
é constante.

GABARITO: ERRADO

38. (CESPE/Unb – Economista – SEPLAG/DF – 2008) - Curvas de


indiferença mostram a combinação do consumo de dois bens. Por
exemplo, a curva de indiferença relativa a transporte urbano ou
veículo próprio mostra os diferentes níveis de utilidade desses
bens para determinado indivíduo.

COMENTÁRIOS:
A curva de indiferença mostra as diversas cestas de consumo que geram
a mesma utilidade. Ou seja, a assertiva está errada em sua parte final,
quando fala que a curva de indiferença mostra os diferentes níveis de
utilidade.

GABARITO: ERRADO

39. (CESPE/Unb – Economista – SEPLAG/DF – 2008) - Curvas de


indiferença não mantêm relação com restrições orçamentárias ou
preços dos bens envolvidos na análise.

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COMENTÁRIOS:
As curvas de indiferença mostram os gostos dos consumidores
independentemente da restrição de renda ou dos preços dos bens.
Quem mantém relação com a restrição de renda (orçamentária) e com os
preços dos bens envolvidos é a reta de restrição orçamentária e não a
curva de indiferença. Veja que a questão falou simplesmente na curva de
indiferença. Assim, a assertiva é correta, pois esta não mantém relação
com restrições orçamentárias ou com os preços dos bens envolvidos na
análise.

GABARITO: CERTO

40. (CESPE/Unb – Economista – SEPLAG/DF – 2008) - A


inclinação de uma curva de indiferença é denominada taxa
marginal de substituição.

COMENTÁRIOS:
É exatamente o termo que define a inclinação da curva de indiferença
(esta era bem fácil ).

GABARITO: CERTO

41. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/ACE –


2008) - Se um consumidor gosta de refrigerante, mas não faz
nenhuma distinção entre as diferentes marcas disponíveis no
mercado, então, para esse consumidor, o mapa de indiferença
entre duas marcas quaisquer é formado por linhas retas
paralelas.

COMENTÁRIOS:
Se o consumidor não faz distinção entre as diferentes marcas de
refrigerantes, então elas são substitutas perfeitas para este indivíduo.

Neste caso, as curvas de indiferença são formadas por linhas retas


paralelas (figura 15, gráfico da esquerda), sendo a TMgS constante.

GABARITO: CERTO

42. (CESPE – Economista – MPU – 2010) - Os bens X e Y são


complementares perfeitos quando a taxa marginal de substituição
de um pelo outro é constante.

COMENTÁRIOS:
Quando é possível substituir dois bens a uma taxa marginal de
substituição constante (curvas de indiferença retilíneas), nós dizemos
que tais bens são SUBSTITUTOS perfeitos.

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GABARITO: ERRADO

43. (CESPE – Economista – MPU – 2010) - Uma curva de


indiferença é convexa quando a taxa marginal de substituição
diminui na medida em que há movimentação para baixo ao longo
da mesma curva.

COMENTÁRIOS:
A taxa marginal de substituição é a taxa com que o consumidor substitui
o consumo de um bem pelo de outro bem, e se mantém com a mesma
utilidade (ou seja, se mantém na mesma curva de indiferença). A TMgS
também significa a própria inclinação da curva de indiferença. Em curvas
convexas, a taxa marginal de substituição (inclinação) é decrescente à
medida que nos movimentamos para baixo ao longo da mesma curva.
Observe:

Vestuário
Á medida que nos deslocamos para
A baixo, a inclinação da curva de
VA indiferença (que é a própria taxa
marginal de substituição) diminui. No
ponto A, a inclinação da curva é alta.
B No ponto E, a inclinação é bem
A
VB menor. Essa redução da taxa
marginal de substituição só é
V possível graças à convexidade da
A C curva de indiferença.
VC
V
A D
VD
V E
VE A U1

Alimentos
AA AB AC AD AE

Vale ressaltar que se a taxa marginal de substituição aumentasse à


medida que nos deslocássemos para baixo, a curva de indiferença seria
côncava, e não convexa.

GABARITO: CERTO

44. (CESPE/Unb – Especialista em Pesquisas Governamentais –


IJSN/ES – 2011) - As escolhas de consumo, por exemplo, entre
almoçar hoje ao meio-dia em Vitória e almoçar hoje ao meio-dia
em Belo Horizonte formam um conjunto convexo.

COMENTÁRIOS:
Bela questão! Os examinadores do CESPE são muito criativos. Isto é

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inegável!

Você há de concordar conosco que é impossível almoçar ao mesmo


tempo em dois lugares distintos. Desta forma, ou se almoça em Vitória,
ou se almoça em Belo Horizonte. As escolhas são excludentes uma da
outra: são substitutas perfeitas.

Assim, as escolhas de consumo relatadas na assertiva formam um


conjunto linear (curvas de indiferença retas, lineares), pois as escolhas
são substitutas perfeitas.

GABARITO: ERRADO

45. (CESPE/Unb – Especialista em Pesquisas Governamentais –


IJSN/ES – 2011) - Entende-se que uma relação de preferência é
racional quando ela é completa e reflexiva.

COMENTÁRIOS:
Esta assertiva está errada. Nós vimos que a racionalidade das
preferências possui os seguintes pressupostos: completeza
(integralidade) e transitividade (consistência).

Assim, veja que a assertiva está errada, pois a existência da completeza


e da reflexividade não garante a racionalidade.

GABARITO: ERRADO

46. (CESPE/Unb – Consultor do Executivo – SEFAZ/ES – 2010) -


Supor que as preferências do consumidor são completas é admitir
que é possível comparar duas cestas quaisquer de bens.

COMENTÁRIOS:
Não há muito que comentar. É exatamente a descrição da premissa da
integralidade.

GABARITO: CERTO

47. (CESPE/Unb – Consultor do Executivo – SEFAZ/ES – 2010) - A


inclinação para baixo (negativa) das curvas de indiferença deriva
do princípio de que as preferências do consumidor são
transitivas.

COMENTÁRIOS:
A inclinação para baixo da curva de indiferença deriva do princípio da
utilidade marginal decrescente.

GABARITO: ERRADO

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48. (CESPE/Unb – Consultor do Executivo – SEFAZ/ES – 2010) -


As curvas de indiferença nunca se cruzam em decorrência de as
preferências do consumidor serem transitivas.

COMENTÁRIOS:
Correta! Bem fácil esta!

GABARITO: CERTO

49. (CESPE/Unb – Especialista em Pesquisas Governamentais –


IJSN/ES – 2010) - Uma relação de preferência é completa caso
possua as propriedades transitiva e racional.

COMENTÁRIOS:
Pegadinha!

Aqui, a banca trocou a ordem da relação, tentando o confundir o


candidato. O correto seria: uma relação de preferência é racional caso
possua as propriedades transitiva e completa.

GABARITO: ERRADO

1.4. FUNÇÕES UTILIDADE (ordinal x cardinal)

Uma função de utilidade é uma expressão algébrica que atribui um


valor ou um nível e utilidade a cada cesta de mercado. Suponha, por
exemplo, que consumidor possua a seguinte função utilidade:

U (q1, q2) = q1 + q2

O termo U (q1, q2) está dizendo apenas que a utilidade é função (ou
depende) das quantidades consumidas dos bens 1 e 2. Essas quantidades
são representadas por q1 e q2. Neste caso, uma cesta de mercado que
tenha 5 unidades do bem 1 (q1=5) e 4 unidades do bem 2 (q2=4), terá
uma utilidade de 5+4=9. Caso este consumidor, em outro momento,
consuma 7 unidades do bem 1 (q1=7) e 2 unidades do bem 2 (q2=2), a
utilidade também será igual a 9. Ou seja, as cestas (5,4) e (7,2) possuem
a mesma utilidade e estarão, portanto, na mesma curva de indiferença
deste consumidor. E como sabemos disso? Sabemos porque a função
utilidade deste consumidor nos disse!

Nota  esta função utilidade que eu utilizei é apenas um exemplo.


Veremos mais tarde outros formatos para a função utilidade.

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Suponha agora que este consumidor consumo 2 unidades do bem 1
(q1=2) e 1 unidade do bem 2 (q2=1). A utilidade será igual a 2+1=3.
Assim, esta cesta (2,1) não será preferível às cestas (5,4) e (7,2) uma
vez que a utilidade daquela foi menor que a utilidade destas últimas.
Logo, a cesta (2,1) estará em uma curva de indiferença mais baixa que as
cestas (5,4) e (7,2).

Assim, veja que a função utilidade fornece a mesma informação


sobre as preferências que o conjunto de curvas de indiferença (mapa de
indiferença): ambos ordenam as escolhas do consumidor em termos de
níveis de satisfação/utilidade.

Vale ressaltar que a função de utilidade apenas serve para ordenar


as preferências. Ela não nos dá uma medida, um valor de utilidade.
Deixe-me explicar melhor. Imagine que tenhamos uma função utilidade
para um consumidor e, calculando diversas utilidades para diversas
cestas, encontremos os valores de utilidades de 5, 10, 1000 e 2300 para
as cestas A, B, C e D, respectivamente. O que estes números querem
dizer? Eles querem dizer apenas que a ordem de preferência, da mais
baixa para a mais alta, é A, B, C e D. Apenas isso! Assim, não podemos
dizer que a cesta B tem o dobro de utilidade da cesta A, nem dizer que a
cesta C é muito mais preferível à cesta B do que a cesta B é preferível à
cesta A. Enfim, repetindo, os valores de utilidade que encontramos em
funções de utilidade serve apenas para ordenar as preferências.

O mesmo vale para comparações entre consumidores diferentes.


Por exemplo, suponhamos que a cesta A, na função de utilidade do
consumidor Teodósio, tenha nível de utilidade igual a 10. Agora suponha
que esta mesma cesta A, na função de utilidade da consumidora
Jucicleide, tenha nível de utilidade igual a 100. Será que Jucicleide ficará
mais feliz (terá mais utilidade) do que Teodósio se cada um deles
consumisse a cesta A? Não temos como saber a resposta. Os valores
numéricos servem apenas para ordenar as preferências de cada
consumidor, não são medidas acuradas do quantum uma cesta torna uma
pessoa feliz (apenas ordena, não quantifica).

Esta ordenação de preferências em que as utilidades são


simplesmente ordenadas de modo a mostrar apenas a ordem de
preferência é chamada de teoria ordinal. Caso a preocupação realmente
fosse informar em valor numérico qual o grau de utilidade do consumidor,
estaríamos trabalhando com a teoria cardinal. Assim, esta teoria do
consumidor que estamos estudando, baseada na ordenação de
preferências, é pautada em funções de utilidades ordinais, pois
verificamos apenas a ordem das utilidades e não o seu cálculo numérico
propriamente dito.

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Diferentemente das funções ordinais, uma função de utilidade
cardinal atribui às cestas de mercado valores numéricos que realmente
indicam o quantum de satisfação; elas, ao contrário das funções ordinais,
não são apenas meios de ordenar as preferências. Por exemplo, se
tivermos uma função de utilidade cardinal que indique que o consumo de
uma cesta A nos remeta a uma utilidade de valor 10, enquanto a utilidade
da cesta B é de valor 20, podemos afirmar que a cesta B traz o dobro de
utilidade/felicidade ao consumidor. Se a função de utilidade fosse ordinal,
poderíamos somente afirmar que B é preferível a A, nada além disso.

Dentro do estudo da teoria do consumidor, o objetivo é entender o


comportamento dos consumidores, bastando saber como eles classificam
ou ordenam as diferentes cestas. Assim, as funções utilidade com as
quais trabalharemos serão do tipo ordinal. Esta é a abordagem
padrão e é ela que é adotada pelos livros e pelas bancas de concurso.

50. (Cespe/UnB – Agente da Polícia Federal – PF – 2014) Os


mapas de indiferença são elaborados com base no conceito de
utilidade ordinal dos bens e serviços.

Comentários:
Existem 02 conceitos de utilidade: a ordinal e a cardinal. A formação dos
mapas de indiferença segue a abordagem ordinal.

Gabarito: Certo

51. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Segundo as


teorias da utilidade cardinal, a ordem das curvas de preferência é
o mais eficiente meio de comparar cestas de bens.

COMENTÁRIOS:
Segundo a teoria ordinal, a ordem das curvas de preferência é o mais
eficiente meio de comparar cestas de bens.

GABARITO: ERRADO

52. (CESPE/Unb – Analista Jud. - Economia – TJ/SE – 2014) De


acordo com a teoria ordinal, as funções utilidade U e V
representariam as mesmas preferencias se V = 4U3 + 10.

COMENTÁRIOS:

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A teoria ordinal visa APENAS ordenar as preferências, não importando o
quanto uma preferência é maior ou menor do que a outra. Pela equação
apresentada, da mesma forma que V = 4U3 + 10, isolando o U na
equação, temos U = . Ou seja, essas duas expressões se
equivalem, pois não queremos saber o quanto cada uma é maior ou
menor, apenas nos interessa ordenar as preferências. Os aspectos
algébricos (soma, multiplicação, etc) e os números são apenas
acessórios. Por exemplo: Se a preferência T = 2U isso NÃO significa que
T é duas vezes U. Isso significa, tão somente, que T > U.

Vale ressaltar que quando a questão disse “mesmas preferências” ela se


referiu a preferências com as mesmas características e não em dizer que
as duas preferências são iguais.

GABARITO: CERTO

53. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC - 2009)


– As curvas de indiferença entre dois bens quaisquer fornecem
uma classificação das possibilidades de consumo derivadas de
funções de utilidades cardinais.

COMENTÁRIOS:
A classificacao das possibilidades de consumo são derivadas de funções
de utilidades ordinais. Este é o padrão adotado!

GABARITO: ERRADO

54. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Banco da Amazônia –


2007) - A determinação da escolha ótima do consumidor, cujas
preferências são descritas pelas curvas de indiferença, requer a
adoção de uma medida cardinal de utilidade, capaz de atribuir um
número específico à utilidade total gerada para cada bem
consumido.

COMENTÁRIOS:
A determinação da escolha ótima do consumidor, cujas preferências são
descritas pelas curvas de indiferença, não requer a adoção de uma
medida cardinal de utilidade, capaz de mensurar numericamente a
utilidade gerada por cada cesta de consumo. As preferências descritas
pelas curvas de indiferença, na determinação da escolha ótima do
consumidor, requerem a adoção de uma medida ordinal de utilidade.

GABARITO: ERRADO

Dependendo do formato da função utilidade, podemos inferir


importantes conclusões sobre os bens da cesta de consumo e/ou sobre as
preferências do consumidor.

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Vejamos então algumas funções de utilidade típicas:

1.4.1. Função utilidade para bens substitutos perfeitos

A função utilidade para bens substitutos perfeitos, em geral, pode


ser representada por uma função de utilidade da forma:

U (q1, q2) = a.q1 + b.q2 (1)

Onde a e b são números positivos. Veja que esta função utilidade


nos diz que o que interessa para o consumidor é o número total de bens
que ele possui. Ao mesmo tempo, note que esta função satisfaz a
condição para a montagem da curva de indiferença para os bens
substitutos perfeitos (a condição é a inclinação da curva de indiferença
ser constante).

A curva de indiferença para bens substitutos perfeitos tem TMgS


constante. Como a TMgS é a própria inclinação da curva de indiferença,
então, a inclinação da curva de indiferença para bens substitutos perfeitos
também é constante. Pois bem, se resolvermos para q2 a equação
apresentada, teremos:

Repare que se fossemos montar o gráfico de q2 em função de q1 (o


gráfico da curva de indiferença), a inclinação deste gráfico seria constante
(a inclinação seria a razão dos preços=-a/b). Portanto, a função com o
formato colocado em (1) obedece à condição para os bens substitutos
perfeitos: TMgS e/ou inclinação da curva de indiferença constante.

1.4.2. Função utilidade para bens complementares perfeitos

Esse é o exemplo dos sapatos direito e esquerdo, lembra? Para


estes tipos bens, o consumidor só se importa com o número de bens que
ele possa consumir simultaneamente dentro da cesta (uma vez que os
bens se complementam). Assim, ele só se importa com o número de
pares de sapatos que possui. Uma função utilidade que traduz essa
condição é:

U (q1, q2) = mín {q1, q2} (1)

Para verificar se esta função realmente atende ao caso dos bens


complementares perfeitos, vejamos um exemplo numérico. Imagine que o
consumidor tenha uma cesta de bens como, por exemplo, (3, 3). Se

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acrescentarmos uma unidade do bem 1, obteremos (4, 3). Mas como os
bens são complementares, o acréscimo de somente uma unidade do bem
1 não aumenta a utilidade, de forma que o consumidor estará na mesma
curva de indiferença. Assim, a utilidade das cestas (3, 3) e (4, 3) é o
mesma. Vejamos:

U (3, 3) = mín {3, 3} = 3


U (4, 3) = mín {4, 3} = 3

Se o consumidor consumisse os bens numa proporção diferente de


1 por 1, a função utilidade teria o mesmo formato. Por exemplo, o
consumidor que toma dois refrigerantes para cada sanduíche consumido
(e não usa o refrigerante para mais nada) terá uma função utilidade do
tipo mín{q1,½q2}, onde q1 é o número de sanduíches e q2 é o número de
refrigerantes.

Assim, acredito que a representação mais fidedigna do que seja


uma função utilidade para bens complementares será:

U (q1, q2) = mín {q1, q2}

1.4.3. Preferências Cobb-Douglas7

Este é tipo de função utilidade mais usado em provas (para as


bancas que exigem cálculo nas questões). Tem o seguinte formato:

Onde q1 e q2 representam as quantidades consumidas dos bens 1 e


2, a e b, os expoentes de q1 e q2, e K são números positivos (a maioria
das questões de prova coloca K=1, de tal forma que a função Cobb-
Douglas tenha o formato: ).

As funções Cobb-Douglas são o exemplo típico de curvas de


indiferença bem-comportadas. Por isso, são as mais utilizadas nos
livros e nas provas, pois representam o caso geral das preferências,
justamente quando elas são representadas por curvas de indiferença

7 Paul Douglas era economista e também foi senador dos EUA. Charles Cobb era
matemático. Esta forma de função foi desenvolvida inicialmente para explicar por que os
ganhos entre as rendas dos donos do capital (empresários) e os donos da mão-de-obra
(trabalhadores) apresentavam rendimentos constantes ao longo do tempo. Assim, a função
Cobb-Douglas foi desenvolvida com o objetivo de explicar o comportamento da produção,
mas hoje também é muito usada nas funções utilidade do consumidor. Maiores detalhes
serão vistos na próxima aula, onde estudaremos a produção.

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bem-comportadas (curvas convexas, negativamente inclinadas, com
TMgS decrescente, etc).

1.5. A ESCOLHA ÓTIMA DO CONSUMIDOR

Agora que já analisamos as preferências, a restrição orçamentária e


a utilidade podemos falar da escolha ótima8 do consumidor.

Supondo um nível de renda (m) de um consumidor que nos remeta


a uma reta de restrição orçamentária, o consumidor encontrará seu
equilíbrio no ponto em que esta linha de orçamento encontrar a curva de
indiferença mais alta possível.

O ótimo do consumidor ocorre


quando a curva de indiferença mais
alta possível tangencia a reta
orçamentária.

Assim, ele estará encontrando a maior utilidade possível, dada a


sua restrição de renda. Graficamente, isto ocorre quando a reta de
restrição orçamentária toca/tangencia a curva de indiferença mais alta:

U3 Figura 19
Q2

U1

U2

m/p2 A Y

X
q2 *
U3

U1
Z
U2
*
A’ Q1
q1 m/p1
8 Uma nomenclatura bastante comum também é: o equilíbrio do consumidor, tendo em
vista que quando ele está no ótimo, não haverá tendência para mudar (ou seja, está em
equilíbrio).

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Onde q2 e q1 são as quantidades consumidas dos bens 2 e 1,


respectivamente; q2* e q1* são as quantidades consumidas dos bens 2 e
1 no ponto ótimo (consumo ótimo); m/p2 é o intercepto da reta
orçamentária no eixo vertical e m/p1 o intercepto no eixo horizontal.

Dada a reta de restrição orçamentária AA’ (que representa a


restrição de renda), o consumidor escolherá a combinação de consumo
dos bens 1 e 2 que proporcione a maior utilidade possível. Isto acontece
no ponto X. Veja que nos pontos Y e Z, apesar de obedecermos à
restrição de renda, estamos em nível de utilidade menor (curva de
indiferença cinza clara - U2 - mais baixa). Veja também que, apesar da
curva de indiferença U3 (curva tracejada) apresentar um nível de utilidade
maior, ela não é viável para este consumidor, pois sua linha de orçamento
AA’ não a toca em nenhum ponto, sendo impossível ter utilidade U3 com a
restrição de renda deste consumidor.

Desta forma, atingido o ponto X, o consumidor demandará q2*


unidades do bem 2 e q1* unidades do bem 1. Bem, agora já entendemos
que o consumidor toma a sua decisão de consumo a partir do ponto X,
certo!? Agora, representaremos esta situação matematicamente.

No ponto X, a inclinação da curva de indiferença é igual à inclinação


da linha de orçamento. Assim, basta igualarmos as expressões que
determinam a inclinação de ambas. Esta igualdade nos dará o equilíbrio
do consumidor e, por conseguinte, a quantidade de consumo ótimo dos
bens 1 e 2:

Inclinação da CURVA DE INDIFERENÇA

TMgS = q2 = p1  equilíbrio do consumidor


q1 p2
Inclinação da LINHA DE ORÇAMENTO

Observe que podemos manipular o q2/ q1, de forma que, ainda


assim, manteremos a igualdade:

Umg1
Umg2
q2 = q2 / U = q2 . U = U. q2 = U/ U
q1 q1 / U U q1 q1 U q1 q2

Ao invés de multiplicarmos,
invertemos a fração e a operação
(multiplicação por divisão).

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Concluímos então que a TMgS, que é igual a ( q2/ q1), é a razão


entre as utilidades marginais dos bens 1 e 2. Isto porque U/ q1 é a
utilidade marginal do bem 1 (Umg1) e U/ q2 é a utilidade marginal do
bem 2 (Umg2). Assim, podemos reescrever a condição de equilíbrio do
consumidor, dada uma renda (m) e os preços dos bens 1 e 2 (p1 e p2):
Preço do bem 1

ÓTIMO DO CONSUMIDOR,
envolvendo o consumo dos
Umg1 = p1
bens 1 e 2. Umg2 p2
Preço do bem 2

Assim, as pessoas irão escolher as unidades de consumo dos bens 1


e 2 a serem demandadas de tal modo que a razão das utilidades
marginais seja igual à razão dos seus preços/custos. Ou ainda, podemos
dizer que os benefícios marginais (utilidades marginais) sejam
iguais aos custos marginais (preços).

Nota 1: Observe que, no numerador, temos utilidade marginal e preço do


bem 1. No denominador, temos utilidade marginal e preço do bem 2. Ou
seja, as utilidades marginais e os preços de cada bem ficam “um na
frente do outro”.

Nota 2: na verdade, a TMgS é negativa (TMgS=- q2/ q1=-Umg1/Umg2).


A inclinação da linha de orçamento também é negativa (-p1/p2). Como os
dois termos são negativos, nós optamos por eliminar os sinais negativos e
representar o equilíbrio do consumidor com sinais positivos, o que é a
mesma coisa algebricamente:

-Umg1/Umg2 = -p1/p2  Umg1/Umg2 = p1/p2

É interessante prestar atenção na maneira como é montada a


expressão da taxa marginal de substituição. Se tivermos a taxa marginal
de substituição do bem 2 pelo bem 1, então, teremos:

(observe que temos 2 sobre 1 no lado esquerdo da equação da TmgS, e 1


sobre 2 no lado direito. Não vá se confundir!)

Outro exemplo: se tivermos a taxa marginal de substituição do


bem L pelo bem B, basta fazer a razão das suas utilidades marginais, da
seguinte maneira:

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Também devemos estar atentos pois a mesma coisa pode ser dita
de inúmeras maneiras diferentes, de tal forma que é mais sábio tentar
entender o real significado de uma expressão a simplesmente decorá-la.
Por exemplo, se manipularmos a expressão do ótimo do consumidor,
envolvendo o consumo dos bens 1 e 2, chegaremos ao exposto abaixo:

Utilidade marginal do Utilidade marginal do


bem 1 por R$ bem 2 por R$

Umg1 = Umg2
P1 P2

A expressão acima nos diz que a maximização da utilidade é obtida


quando a restrição orçamentária é alocada de tal forma que a razão
entre as utilidades marginais dos bens em relação aos seus
respectivos custos sejam iguais. Podemos dizer também que a
utilidade marginal por R$ despendido é igual para o bem 1 e para o bem
2 (mencionamos o termo utilidade marginal por R$, pois estamos
dividindo a Umg por uma medida de preço, expressa em R$, que, no
caso, será P1 ou P2).

Nota  para compreendermos o fundamento desse princípio, suponhamos


que os preços dos bens 1 e 2 seja iguais e que o consumidor obtenha
mais utilidade gastando R$ 1,00 a mais com o bem 1 do que com o bem 2
(o lado esquerdo da equação ficará maior que o lado direito, pois
Umg1>Umg2). Nesse caso, o consumidor continuará gastando com o bem
1 em vez de gastar com o bem 2. Enquanto a utilidade marginal obtida ao
gastar uma unidade monetária a mais com o bem 1 for maior que a
utilidade marginal obtida ao gastar uma unidade monetária a mais com o
bem 2, este consumidor pode aumentar a utilidade direcionando seu
orçamento para o bem 1 e afastando-se do consumo do bem 2 (veja que
ele não está em equilíbrio). Por fim, à medida que ele adquire mais e
mais o bem 1, a utilidade marginal do bem 1 vai acabar se tornando
menor (porque a utilidade marginal é decrescente9, isto é, quanto mais
consumimos do bem 1, menor será a utilidade marginal), até que os dois
lados da equação fiquem iguais. Neste ponto, o consumidor estará em
equilíbrio, pois a utilidade marginal por R$ despendido será igual
para os bens 1 e 2. Este princípio é chamado de princípio da
igualdade marginal e também será seguido quando estudarmos outros
assuntos em nosso curso, só que em situações um pouco diferentes.

1.5.1. A escolha do consumidor nos casos especiais

9 Para relembrar o porquê, veja o item 1.2.

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a) Bens substitutos perfeitos

Se os bens forem substitutos perfeitos, isto é, se um bem substituir


o outro com perfeição, é natural que o consumidor tenda a gastar toda a
sua renda com o bem que esteja mais barato. Assim, o bem que tiver o
menor preço será consumido ao passo que o bem mais caro não terá
qualquer consumo. Desta forma, a escolha ótima do consumidor se
situará na “fronteira” (dizemos também que temos uma solução “de
canto”):

q2
Curvas de
indiferença
Quando os dois bens são
substitutos perfeitos, o
consumidor opta por
consumir apenas aquele que
Fig. 20 está mais barato. Neste caso,
só consumirá o bem 1.

Linha do orçamento
SOLUÇÃO DE CANTO
O
q1

É importante você observar que em soluções de canto, a inclinação


da curva de indiferença não é igual à inclinação da linha do orçamento.
Ou seja, quando temos uma solução de canto, o ótimo do consumidor não
representa uma situação em que TMgS = p1/p2; ou não representa uma
situação em que o consumidor iguala os benefícios e os custos marginais.

Logo, para soluções de canto, no equilíbrio, as inclinações da curva


de indiferença e da reta orçamentária não são iguais. Assim, podemos
concluir que não é em todos os casos que a expressão TMgS = p1/p2 será
representativa do ótimo de um consumidor. Ela se aplicará no caso geral
(preferências bem-comportadas), mas não em todos os casos.

b) Complementos perfeitos

Quando os bens são complementos perfeitos, o consumidor buscará


consumi-los na mesma proporção.

Graficamente, o equilíbrio será atingido nos vértices dos L:

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q2

Quando os dois bens são


complementos perfeitos,
o consumidor deverá
manter a mesma
proporção em seu
Fig. 21 consumo.
O

q1

Por fim, ressalto que aqui, neste caso, no equilíbrio, NÃO temos
TMgS = p1/p2.

c) Preferências côncavas

Quando a preferência for côncava, teremos uma solução de canto


(uma escolha de fronteira). Para estas preferências, o consumidor prefere
se especializar no consumo de um bem a diversificar a sua cesta de
consumo.

Figura 22
Q2

Veja que o ponto ótimo (O) é uma solução de


canto. Não podemos dizer que o ponto X é o
Reta equilíbrio, uma vez que há uma curva de
orçamentária indiferença mais alta para a mesma reta
orçamentária.

Escolha ótima é uma


Escolha SOLUÇÃO DE CANTO
NÃO ótima
O
Q1

No ponto O, a exemplo do que acontece para os bens substitutos e


complementos perfeitos, TMgS ≠ p1/p2.

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d) Preferências Cobb-Douglas

Em primeiro lugar, devemos ter ciência que as preferências Cobb-


Douglas indicam o caso geral das preferências. Ou seja, temos curvas de
indiferença bem comportadas (convexas). Quando temos este tipo de
preferência (que é a que mais aparece em provas), existe uma fórmula
para encontrar os valores da cesta ótima.

Supondo uma função de utilidade Cobb-Douglas do tipo u(X,


Y)=Xa.Yb  os consumos ótimos dos bens X e Y serão:

Ou seja, o consumo ótimo de X será o expoente de X sobre a soma


dos expoentes de X e Y multiplicado pela renda dividida pelo preço de X.
O mesmo raciocínio se aplica ao Y. A quantidade ótima de Y será o
expoente de Y sobre a soma dos expoentes de X e Y multiplicado pela
renda dividida pelo preço de Y.

Nota importante: é interessante que você saiba que quando


temos uma função utilidade e uma restrição orçamentária e, a partir
delas, calculamos as quantidades ótimas de consumo dos bens, na
verdade, nós estamos extraindo a sua expressão da demanda (afinal, o
consumo ótimo indica qual será a demanda ou quantidade consumida do
bem).

Exemplo:

Suponha a função utilidade Cobb-Douglas U=XaY1-a e seja PX o


preço do bem X, PY o preço do bem Y, X a quantidade consumida do bem
X, Y a quantidade do bem Y, “a” uma constante positiva, e considerando
que a renda é “m”, diga-me: qual será a expressão da demanda
(consumo ótimo) dos bens X e Y?

Ora, não é difícil! Como a utilidade é Cobb-Douglas, basta fazer o


bizú aprendido, sem maiores dificuldades.

A demanda de X (consumo ótimo de X) será o expoente de X sobre


a soma dos expoentes de X e Y multiplicado pela renda dividida pelo
preço de X:

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A demanda de Y (consumo ótimo de Y) será o expoente de Y sobre


a soma dos expoentes de X e Y multiplicado pela renda dividida pelo
preço de Y:

Adendo: condição necessária e condição suficiente

Nós vimos que, em regra10, o consumidor busca consumir os bens


na medida que haja igualdade entre os benefícios e os custos marginais.
Ou, em outras palavras, quando a razão das utilidades marginais seja
igual à razão dos preços (ou custos marginais). Isto, por sua vez, ocorre
quando a taxa marginal de substituição é igual à inclinação da reta
orçamentária, ou quando a curva de indiferença tangencia a reta
orçamentária.

Nós dizemos que isso é condição necessária, porém não é


suficiente. Se encontrarmos uma cesta em que a curva de indiferença
tangencie a reta orçamentária, nem sempre teremos a certeza absoluta
de que isso constitui uma escolha ótima.

Por exemplo, pegue o caso de preferências côncavas. Se observar a


figura 22 de nossa aula, verá que o ponto X representa um ponto em
que a curva de indiferença tangencia a reta orçamentária. No entanto, o
ótimo não acontece lá! Então, veja que, neste caso, a tangência entre a
curva de indiferença e a reta orçamentária não foi suficiente.

Assim, entenda o seguinte:

A condição de tangência é
condição necessária para o
ótimo do consumidor, porém
não é condição suficiente.

A condição de tangência será suficiente apenas quando as curvas de


indiferença forem bem-comportadas (convexas).

10
Q -me ao caso das curvas de indiferença bem-comportadas, que
representam o nosso caso geral.

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55. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) A escolha


ótima do consumidor é sempre caracterizada pela igualdade entre
a taxa marginal de substituição dos bens e a razão entre os seus
respectivos preços.

COMENTÁRIOS:
Estudamos o caso das preferências bem comportadas e, para estas, a
igualdade entre a TMgS e a razão entre os respectivos preços é válida.
No entanto existem as preferências mal comportadas e, nesse caso, tal
relação não é válida. Assim, não é sempre que a escolha ótima do
consumidor será caracterizada pela relação apresentada no enunciado.

GABARITO: ERRADO.

Enunciado para as questões 56, 57 e 58.


Considerando a função utilidade U = 2x0,4 y0,6, com px = 1 e py =
6, em que pi é o preço do bem i e a renda do consumidor é igual a
50 unidades monetárias, julgue os seguintes itens.

56. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) O consumidor


escolhe de forma ótima 25 unidades do bem x.

COMENTÁRIOS:
Antes de começarmos os comentários, é importante notar que a função
utilidade em questão é uma função Cobb-Douglas e que, além disso, o
enunciado ainda nos deu a renda do consumidor. Dessa forma, podemos
usar o bizú que aprendemos na aula para resolver as questões desse
enunciado.

Vimos durante a aula que, para funções Cobb-Douglas, a fórmula que


mostra a quantidade ótima do consumidor é:

Onde “a” é o coeficiente de X, “b” é o coeficiente de Y, “m” é a


renda do consumidor e Px é o preço de X. Assim, substituindo os
valores, teremos:

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Resolvendo a equação, encontraremos que X = 20. Ou seja, a


quantidade ótima do consumo de X é igual a 20 e não a 25, como afirma
a questão.

GABARITO: ERRADO

57. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) O nível de


satisfação ótimo do consumidor é superior a 17 unidades.

Comentários:
Para encontrarmos o nível de satisfação ótimo do consumidor, temos que
ter o consumo ótimo da quantidade dos bens X e Y, mas como o
consumo ótimo de X é 20, já podemos concluir que o nível de satisfação
é superior a 17 unidades.

GABARITO: CERTO

58. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) O consumidor


escolhe de forma ótima 5 unidades do bem y.

COMENTÁRIOS:
Da mesma forma como fizemos para o bem X, faremos para o bem Y, só
tomando o cuidado de fazer as alterações nas variáveis.

Substituindo as variáveis:

Ao resolvermos a equação acima, chegaremos ao resultado do consumo


ótimo de Y que é de 5 unidades.

GABARITO: CERTO

Acerca das teorias cardinal e ordinal da utilidade, das curvas de


indiferença e da escolha ótima, julgue os itens seguintes.
59. (CESPE/Unb – Analista Jud. - Economia – TJ/SE – 2014)
Considere um consumidor com função utilidade dada por U(X1,
X2) = 2X1 + X2. Nesse caso, a escolha ótima do consumidor pelo
bem X1 se dará no ponto em que a taxa marginal de substituição
for tangente a sua reta orçamentária.

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COMENTÁRIOS:
O ótimo do consumidor ocorre quando a CURVA DE INDIFERENÇA
tangencia a reta orçamentária.

Um outro ponto é: o ótimo do consumidor ocorre no ponto onde a


INCLINAÇÃO da curva de indiferença (TMgS) se iguala à INCLINAÇÃO da
reta orçamentária.

A assertiva mistura as duas possibilidades.

GABARITO: ERRADO

Enunciado para as questões 60 e 61


Considerando que a função utilidade de um consumidor seja dada
por U(x, y) = 2x½y1/2, em que x e y representam,
respectivamente, as quantidades de unidades consumidas de dois
bens distintos X e Y, julgue os itens a seguir.

60. (CESPE/Unb – Analista de Políticas Regulatórias – MEC –


2014) A razão de troca entre os bens X e Y é constante.

COMENTÁRIOS:
A razão de trocas é a Taxa Marginal de Substituição. Como vimos, em
uma mesma curva de indiferença há várias TMgS, pois estamos na
presença de utilidade marginal decrescente já que o custo de
oportunidade é crescente. Ou seja, para cada unidade adicional de um
bem que o consumidor abrir mão, ele vai desejar MAIS do outro bem,
para se manter na mesma curva de indiferença, assim, a razão de troca
não é constante.

GABARITO: ERRADO

61. (CESPE/Unb – Analista de Políticas Regulatórias – MEC –


2014) Inicialmente, suponha que a quantidade consumida do bem
X seja igual a 10 e que o consumo do bem Y seja igual a 0,1
unidade. Se esse consumidor decide aumentar a quantidade
demandada do bem X em uma unidade, mantendo-se o nível de
utilidade constante em 2, ele terá que sacrificar o consumo do
bem Y em 1/6 unidade.

COMENTÁRIOS:
Questão um pouco mais complicada. O enunciado nos deu a função
utilidade: U(x, y) = 2x1/2y1/2. Vamos, então, verificar se o que o item
afirma é verdadeiro.

Primeiro, vamos substituir os valores na função utilidade. Pra facilitar os

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cálculos, trocamos 0,1 por . E já adiantamos que quando um número é
elevado a 0,5, ou , isso significa que estamos tratando de um número
com raiz quadrada. Ou seja, um número elevado a 0,5 é igual à raiz
quadrada desse número.

Vamos à substituição:

Até aqui, apenas substituímos o que a questão nos disse: que a


quantidade consumida de X é 10 e que o consumo de Y é 0,1. Agora,
vamos substituir a elevação a pela raiz quadrada.

Pronto! Aqui já deu uma luz, a raiz quadrada de 1 é 1. E podemos cortar


a raiz quadrada de 10 (pois ela multiplica e divide). Assim, esse termo
todinho significa:

Assim, temos que a utilidade do indivíduo quando consome 10 unidades


de X e 0,1 de Y é 2. Até aqui, nada novo, pois o enunciado já nos disse
que a utilidade é 2. Agora, o consumidor quer mudar a quantidade
consumida de X (de 10 para 11 unidades) e quer manter a utilidade em
2. Temos que achar qual a quantidade de Y que, com X = 11, nos
permite manter a Utilidade em 2. Vamos nessa?

U xy X Y

Substituindo U = 2 e X = 11, temos:

Agora, podemos simplificar o 2 e passar o dividindo. Ficará assim:

Quase tudo pronto! Uma propriedade da raiz é que, ao passarmos a raiz


para o outro lado da equação, o outro lado fica elevado ao quadrado.
Essa é uma daquelas propriedades que vemos no ensino médio quando
estudamos matemática. No nosso caso, ficará assim:

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Assim, terminamos. 1 elevado ao quadrado é 1 e elevado ao


quadrado é igual a 11. Dessa forma, temos como resultado final que para
o consumidor aumentar o consumo de X para 11 unidades e manter a
sua utilidade em 2, ele deve sacrificar o consumo em 1/11 unidades e
não em 1/6.

OBS: Na verdade, depois de fazer os primeiros cálculos, não


precisávamos fazer a substituição completa. Sempre que a utilidade for
2, a quantidade consumida de Y será igual a . Tente chegar a essa
conclusão sozinho!

GABARITO: ERRADO

De acordo com a teoria clássica da demanda, julgue os itens que


se seguem.
62. (CESPE/Unb – Analista de Políticas Regulatórias – MEC –
2014) Para que a taxa marginal de substituição entre dois bens
seja decrescente, é preciso que a utilidade marginal dos dois bens
seja decrescente.

COMENTÁRIOS:
Para curvas de indiferença bem comportadas, a taxa marginal de
substituição é decrescente, pois o custo de oportunidade vai diminuindo
ao longo da curva. Para curvas de indiferença mal comportadas, ela pode
ser constante ou até crescente. Curvas de indiferença de bens substitutos
apresentam TMgS constante, enquanto curvas de indiferença côncavas
apresentam TMgS crescente (pois o custo de oportunidade aumenta).

Porém, a utilidade marginal dos bens será decrescente não importando


se a TMgS é crescente, constante ou decrescente. Em outras palavras,
sabendo que a utilidade marginal é decrescente, não conseguimos
concluir, necessariamente, que a TMgS é decrescente (pois ela pode,
ainda, ser crescente ou constante).

GABARITO: ERRADO

63. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Bens


complementares, perfeitos ou não, são comprados pelo
consumidor em quantidades iguais.

COMENTÁRIOS:
Bens complementares possuem o consumo associado, mas este consumo
associado não implica sempre a mesma quantidade dos dois bens.

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Por exemplo, considere os bens complementares sapato “direito” e


“esquerdo”. O consumo destes bens será em quantidades iguais.

No entanto, os bens “xícara de café” e “colheres de açúcar” nem sempre


serão consumidos em quantidades iguais, apesar de serem
complementares. Um consumidor pode consumir várias colheres de
açúcar para cada xícara de café.

GABARITO: ERRADO

64. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Uma escolha de


fronteira é uma escolha ótima para preferências convexas.

COMENTÁRIOS:
Uma escolha de fronteira seria, por exemplo, uma solução de canto, onde
a curva de indiferença cruza (não tangencia) a reta orçamentária.

Nós temos soluções de canto (ou escolhas de fronteira) para preferências


côncavas ou retilíneas (bens substitutos, neutros, mal).

Para preferências convexas, teremos uma escolha de interior, onde a


curva de indiferença tangencia a reta orçamentária.

GABARITO: ERRADO

65. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - O ponto de


tangência entre a curva de indiferença e a reta orçamentária do
consumidor corresponde, necessariamente, a uma escolha ótima
de consumo.

COMENTÁRIOS:
O ponto de tangência nem sempre corresponderá, necessariamente, a
uma escolha ótima do consumidor. Por exemplo, se as preferências
forem côncavas, a escolha ótima não acontece no ponto de tangência,
mas sim num ponto de cruzamento (solução de canto).

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Q2

Veja que o ponto ótimo (O) é uma solução de


canto. Não podemos dizer que o ponto X é o
Reta equilíbrio, uma vez que há uma curva de
orçamentária indiferença mais alta para a mesma reta
orçamentária.

Escolha ótima é uma


Escolha SOLUÇÃO DE CANTO
NÃO ótima
O
Q1

GABARITO: ERRADO

66. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Para o caso de


bens substitutos perfeitos com preços iguais, todas as
quantidades de bens que satisfaçam a restrição orçamentária
serão escolhas ótimas.

COMENTÁRIOS:
A escolha ótima, no caso de bens substitutos, será com o consumo do
bem que for mais barato.
q2

Curvas de indiferença
Quando os dois bens são
substitutos perfeitos, o
consumidor opta por
consumir apenas aquele que
está mais barato. Neste caso,
só consumirá o bem 1.

Linha do orçamento
SOLUÇÃO DE CANTO
O
q1

No entanto, se os bens substitutos tiverem preços iguais, tanto faz.


Quaisquer quantidades consumidas significarão o ótimo do consumidor.
Afinal, os bens se substituem de modo perfeito e ainda possuem preços
iguais.

GABARITO: CERTO

67. (Cespe/UnB – INPI – 2013) A teoria econômica denomina a

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relação entre utilidade total e utilidade marginal proporcionada
por uma determinada mercadoria, por “lei da utilidade marginal
crescente.

COMENTÁRIOS:

Na verdade, a lei se chama “lei da utilidade marginal decrescente”. A


Utilidade Total é sempre crescente, mas a utilidade marginal é
decrescente.

GABARITO: ERRADO.

68. (Cespe/UnB – INPI – 2013) A utilidade total, percebida pelo


consumidor, constitui-se em função decrescente da quantidade
obtida de um dado produto.

COMENTÁRIOS:

Como vimos no item anterior, a utilidade total é uma função crescente. A


utilidade marginal é que é uma função decrescente.

GABARITO: ERRADO.

69. (Cespe/UnB – INPI – 2013) A curva de demanda individual


possui inclinação descendente, enquanto a curva de demanda de
mercado dela derivada sempre apresenta inclinação ascendente.

COMENTÁRIOS:

Na verdade, a curva de demanda de mercado é apenas a agregação de


preços de cada demanda individual.

GABARITO: ERRADO.

70. (Cespe/UnB – INPI – 2013) A curva de demanda individual


está relacionada ao desejo dos consumidores em adquirir
determinado bem, ao passo que a demanda de mercado refere-se
à concretização da compra, o que se denomina demanda efetiva.

COMENTÁRIOS:

A demanda de mercado não se refere à concretização da compra. Ela é


resultado da agregação das demandas individuais dos consumidores. E,
como vimos na aula 0, a demanda, seja individual, seja do mercado, não
se refere à demanda efetiva, mas sim a um desejo de consumir.

GABARITO: ERRADO

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71. (CESPE/Unb – Economista – Petrobrás – 2001) - A


combinação de produtos que maximizam a utilidade do
consumidor estará sobre a curva de indiferença mais elevada que
o consumidor conseguir atingir dada a sua restrição
orçamentária.

COMENTÁRIOS:
Questão simples! É o nosso caso geral de condição ótima de consumo.

GABARITO: CERTO

72. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2009)


- Quando um consumidor decide não comprar determinado
produto por achá-lo excessivamente caro, isso indica que a taxa
marginal de substituição entre esse produto e os demais bens,
para esse consumidor, é igual ao seu preço de mercado.

COMENTÁRIOS:
A taxa marginal de substituição representa a inclinação das curvas de
indiferença. Ao mesmo tempo, significa a taxa com que o consumidor
troca as quantidades consumidas de um bem pelas quantidades
consumidas de outro bem, mas esta troca (a TMgS) é baseada única e
exclusivamente em suas preferências e não nos preços dos bens. Ou
seja, não temos relação entre a taxa marginal de substituição (inclinação
da curva de indiferença) e os preços dos bens.

Portanto, a curva de indiferença não tem nada a ver com os preços dos
produtos. Como a TMgS é a inclinação da curva de indiferença, também
não há qualquer relação entre a TMgS e os preços dos produtos.

Nota  veja que a questão não falou na situação de ótimo do


consumidor. Se tivesse falado, aí usaríamos os preços dos produtos para
conceituar a situação de escolha ótima.

GABARITO: ERRADO

73. (CESPE/Unb – Economista – MPU – 2010) - Pontos acima do


ponto no qual a curva de indiferença e a linha de orçamento
dessa equação de demanda são tangentes têm a taxa marginal de
substituição maior que a relação entre os preços.

COMENTÁRIOS:
Pontos nos quais a curva de indiferença e a linha de orçamento são
tangentes implicam obrigatoriamente que as suas inclinações sejam
iguais. A inclinação da linha de orçamento é dada pela relação entre os
preços dos bens, já a inclinação da curva de indiferença é dada pela taxa

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marginal de substituição. Assim, no ponto de tangência entre a linha de
orçamento e a curva de indiferença, obrigatoriamente, a taxa marginal
de substituição e a relação entre os preços dos bens são iguais e, neste
caso, temos em regra o equilíbrio do consumidor.

Para pontos acima deste equilíbrio, a inclinação da curva de indiferença é


maior que a inclinação da linha de orçamento, de modo que a taxa
marginal de substituição será maior que a relação entre os preços.
Portanto, correta a assertiva.

Para pontos acima do equilíbrio, a curva de


Curva de indiferença é mais inclinada que a linha de
indiferença orçamento. Ou seja, nesta situação, a taxa
marginal de substituição é maior que a
relação entre os preços.

Linha de Escolha ótima, onde a taxa marginal


orçamento de substituição (inclinação da curva
de indiferença) e a relação entre os
preços (inclinação da linha de
orçamento) são iguais.
O
Y

GABARITO: CERTO

74. (CESPE/Unb – Economista – MPU – 2010) - Em uma solução


de canto não se verifica a igualdade entre benefício marginal e
custo marginal.

COMENTÁRIOS:
Em um caso normal, conforme exposto na figura colocada na questão
31, a escolha ótima do consumidor ocorre quando a taxa marginal de
substituição iguala a razão entre os preços. Assim:

TmgS = p1/p2

Ao mesmo tempo, a taxa marginal de substituição é igual à razão entre


as utilidades marginais dos bens 1 e 2 (TmgS = Umg1/Umg2). Assim,

Umg1/Umg2 = p1/p2

A utilidade marginal é o mesmo que benefício marginal, enquanto os


preços dos bens representam o custo marginal11. Assim, no caso normal,
a solução do consumidor ocorre quando os benefícios marginais

11 Podemos supor que o preço do bem é o mesmo que o seu custo marginal.

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igualam os custos marginais. Isto é claramente evidenciado na
expressão acima.

No entanto, quando temos uma solução de canto, isto não acontece.


Observe:

O ponto ótimo (O) é uma solução de canto.


Bem 2 Não podemos dizer que o ponto X é o
equilíbrio, uma vez que há uma curva de
indiferença mais alta para a mesma reta
orçamentária. Observe que, nesta solução
de canto, a inclinação da curva de
Reta indiferença não é igual à inclinação da
orçamentária linha de orçamento, de forma que TmgS ≠
p1/p2 e Umg1/Umg2 ≠ Cmg1/Cmg2. Ou seja,
na solução de canto, os benefícios e custos
X marginais não se igualam.

Escolha ótima
Escolha
NÃO ótima
O
Bem 1

GABARITO: CERTO

75. (CESPE/Unb – Especialista em Pesquisas Governamentais –


ISJN/ES – 2010) – Considere que um consumidor tenha riqueza
w e função de utilidade , em que 0≤a≤1. Nesse
caso, ele terá funções de demanda e .

COMENTÁRIOS:
A função utilidade apresentada é do tipo Cobb-Douglas. Então, para fazer
esta questão, recorreremos ao bizú aprendido no item 1.5.1, letra D.

Ou seja, o consumo ótimo (demanda) de x1 será o expoente de x1 sobre


a soma dos expoentes de x1 e x2 multiplicado pela renda dividida pelo
preço de x1:

O mesmo raciocínio se aplica ao x2. A demanda de x2 será o expoente de


x2 sobre a soma dos expoentes de x1 e x2 multiplicado pela renda
dividida pelo preço de x2:

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GABARITO: CERTO

76. (CESPE/Unb – Analista e técnico – EBC – 2011) - Para uma


escolha ótima de consumo de dois bens, é suficiente que a curva
de indiferença entre esses dois bens tangencie a reta
orçamentária do consumidor.

COMENTÁRIOS:
Pegadinha!

Conforme comentados no “adendo”, para uma escolha ótima de consumo


de dois bens, é necessário que a curva de indiferença entre esses dois
bens tangencie a reta orçamentária do consumidor, mas isto não é
suficiente.

Ou seja, a condição de tangência é necessária, mas não é suficiente.

GABARITO: ERRADO

77. (CESPE/Unb – Analista – STM – 2011) - Se, para um dado


consumidor, a taxa marginal de substituição entre livros e
computadores fosse mais elevada do que a razão entre o preço
dos livros e o preço dos computadores, então, ele deveria gastar
mais com livros e menos com computadores.

COMENTÁRIOS:
A taxa marginal de substituição entre livros e computadores seria dada
por:

No ótimo do consumidor, teríamos que ter:

Porém, se

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então, o consumidor teria que buscar reduzir o valor de UmgL ou


aumentar o valor de UmgC a fim de buscar a igualdade mostrada na
equação (1).

Levando-se em conta o princípio da utilidade marginal decrescente, a


igualdade mostrada em (1) poderia ser buscada através de duas
maneiras:

i. Aumento do consumo de livros (reduziria o valor de UmgL); ou


ii. Redução do consumo de computadores (aumentaria o valor de
UmgC).

Assim, a assertiva é correta.

GABARITO: CERTO

78. (CESPE/Unb) - O fato de que muitos pais de dois filhos


preferem tê-los de sexos diferentes, em vez de tê-los do mesmo
sexo, é consistente com a existência de uma taxa marginal de
substituição nula, entre meninos e meninas.

COMENTÁRIOS:
Esta questão foi enviada para mim (Heber) em um e-mail tira dúvida.
Não consegui achar de qual concurso foi, mas sei (o aluno falou) que foi
do CESPE. E pelo jeitão maluco da questão, só deve ser mesmo do
CESPE (rs!).

Vamos interpretar a mensagem que o examinador nos quer passar.


Quando a assertiva diz os pais preferem ter filhos de sexos diferentes,
isto quer dizer que os pais preferem ter, por exemplo, 01 menino e 01
menina a ter 02 meninos ou 02 meninas. O que isto quer dizer?

Quer dizer que as escolhas dos pais são consistentes com o consumo em
proporção fixa, já que eles preferem ter um filho de cada sexo. Assim, tal
preferência é consistente com uma curva de indiferença em L e não
teremos necessariamente TMgS nula (quando a curva de indiferença é
em L, temos TMgS nula apenas no trecho horizontal do L, e TMgS infinita
no trecho vertical do L).

Se a questão dissesse que os pais fossem indiferentes entre o sexos dos


filhos, isto nos diria que as preferências dos pais seriam consistentes com
curvas de indiferença lineares (pois os sexos dos filhos seriam substitutos
perfeitos – já que tanto faz o filho/filha ser menino ou menina).

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GABARITO: ERRADO

79. (CESPE/Unb – Economista – BASA – 2010) - Considere que


um empresário ao revelar sua preferência em construir uma
fábrica em Manaus em vez de construí-la em Belém e em Belém
em vez de construí-la em Porto Velho implique a sua preferência
em construir tal fábrica em Manaus em vez de construí-la em
Porto Velho. Nesse caso, tem-se um exemplo da preferência do
empresário ser transitiva.

COMENTÁRIOS:
A assertiva demonstrou de modo exato a premissa da transitividade das
preferências.

GABARITO: CERTO

80. (CESPE/Unb – Economista – BASA – 2010) - Preferir Boa Vista


a Porto Velho seria um exemplo de utilidade ordinal. A grandeza
dessa preferência (utilidade cardinal) em nada afeta essa
escolha.

COMENTÁRIOS:
Outra assertiva bem fácil (um refresco para vocês ). Como afirmamos
no item 1.4, toda a teoria do consumidor é embasada em funções
utilidade do tipo ordinal.

GABARITO: CERTO

81. (CESPE/Unb – Analista Administrativo e Financeiro –


SEGER/ES – 2009) - Na escolha entre dois bens quaisquer, o nível
ótimo de consumo corresponde àquele no qual a taxa marginal de
substituição entre esses bens é superior ao preço relativo.

COMENTÁRIOS:
Na escolha ótima, a taxa marginal de substituição entre os bens é igual
ao preço relativo.

Obs: o preço relativo significa a relação de preços dos bens (a razão dos
preços).

GABARITO: ERRADO

Enunciado para as questões 82 e 83: considere que determinado


consumidor gaste sua renda com apenas dois bens - energia
elétrica e alimentos.

82. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2008)

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- Se o consumidor considerar que energia elétrica e alimentos são
bens complementares, então, para esse consumidor, a taxa
marginal de substituição entre esses dois produtos será
decrescente.

COMENTÁRIOS:
Se os bens são complementares, a curva de indiferença é em L.

Nós temos TMgS decrescente apenas quando a curva de indiferença é


convexa (é o caso da curva de indiferença bem-comportada).

GABARITO: ERRADO

83. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2008)


- No equilíbrio, o consumidor escolherá um nível de consumo de
energia elétrica que iguale as utilidades marginais para ambos os
bens.

COMENTÁRIOS:
No equilíbrio, o consumidor escolherá um nível de consumo em que a
razão das utilidades de energia elétrica e alimentos seja igual à razão dos
seus preços.

GABARITO: ERRADO

1.6. EFEITOS PREÇO, RENDA E SUBSTITUIÇÃO

Verificaremos agora o que acontece quando variamos os preços de


um bem. No caso da redução de preço, por exemplo, acontecerão duas
coisas quando um bem fica mais barato: primeiro, indiretamente,
podemos falar que as pessoas terão ficado mais ricas, uma vez que
poderão comprar mais do bem; segundo, muitas pessoas deixarão de
consumir outros bens para consumir o bem que ora se torna mais barato.
No primeiro caso, temos o chamado efeito renda, enquanto, no segundo
caso, temos o efeito substituição. Vejamos as definições:

Efeito renda: quando o preço do bem X é reduzido, o consumidor


fica mais “rico” e, portanto, irá aumentar o consumo do bem; o inverso
ocorrerá se o preço do bem X aumentar (o consumidor reduzirá o
consumo, pois ficará mais “pobre”).

Efeito substituição: se o preço do bem X diminui e o de outros


bens fica constante, o consumidor procurará substituir o consumo destes
outros bens pelo consumo do bem X, que agora está relativamente mais
barato em relação aos outros bens. O inverso ocorrerá se o preço do bem
X aumentar. Em outras palavras, uma alteração do preço de X muda o

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preço relativo (relação de preços) do bem X em relação a outro bem.
Assim, o efeito substituição está associado à mudança no custo de
oportunidade do bem X.

A soma dos efeitos renda e substituição nos dá o efeito preço ou


efeito total. Assim:

efeito preço (ou total) = efeito renda + efeito substituição

Vejamos agora como esses efeitos interferem na demanda


(quantidade consumida) de um bem. Aqui, inicialmente, estaremos
considerando um bem normal (preço diminui, demanda aumenta; renda
aumenta, demanda aumenta). Acompanhe tudo pela figura 23,
considerando os bens X e Y (o foco da nossa análise estará voltado para o
bem X).

Y Figura 23

A
Y1
B
C
U2

U1

R1 R3 R2
X
X1 X3 X2
Efeito substituição Efeito renda
Efeito total

Vejamos o que ocorre em caso de redução de preço do bem X. A


situação inicial é a seguinte: o consumidor está em equilíbrio no ponto A,
na cesta (X1, Y1), curva de indiferença U1 e reta orçamentária R1. Após a
redução no preço de X, a reta orçamentária será rotacionada para a
direita, onde estará na nova posição R2. Agora, o equilíbrio do consumidor
é a cesta B, onde o consumo do bem é X2. A variação total do consumo
de X será representada pelo segmento X1X2. Como fomos da situação
inicial X1 para a situação final X2, o efeito preço total (X2 – X1) indica
aumento de demanda ou consumo, uma vez que X2>X1.

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Conforme sabemos, esse efeito preço é dividido em efeito renda e
efeito substituição. Devemos começar nossa análise pelo efeito
substituição. Ele corresponde à modificação no consumo de X
associada a uma variação em seu preço, mantendo-se constante o
nível de utilidade. Assim, para mensurar o efeito substituição, devemos,
no final, permanecer na mesma curva de indiferença inicial (uma vez que
devemos focar somente a alteração dos preços relativos).

Para isso, nós verificamos qual é a mudança decorrente do consumo


de X a partir da mudança da inclinação da reta orçamentária, mantendo o
nível de utilidade constante – ou seja, mudamos a inclinação da reta
orçamentária para simularmos a mudança de preços relativos e
mantemos o ótimo do consumidor na mesma curva de indiferença para
simularmos a manutenção do mesmo nível de utilidade.

Para nos mantermos na mesma curva de indiferença inicial U 1,


traçamos uma reta paralela a R2 e que tangencia a curva de indiferença
inicial, U1. A nova e imaginária reta orçamentária R3 (paralela a R2) reflete
o fato de que a renda foi reduzida para que atingíssemos nosso objetivo
de isolar o efeito substituição. Dada essa linha de orçamento R 3, o
consumidor escolhe a cesta C, obtendo X3 unidades do bem X. Dessa
forma, o segmento X1X3 representa o efeito substituição. Como houve
variação positiva, uma vez que X3>X1, temos que o efeito substituição
indica aumento de consumo a partir da redução de preços.

Veja, então, que o efeito substituição mostrou uma relação inversa


ou negativa entre a mudança de consumo e a alteração de preços. Isso
porque o preço foi reduzido e o efeito substituição apontou aumento de
consumo ou demanda.

Podemos concluir que o efeito substituição indicará uma alteração


de consumo que será sempre na direção contrária da variação do preço.
Assim, se reduzimos o preço do bem (variação negativa do preço), o
efeito substituição sempre indicará aumento de consumo (variação
positiva no consumo). Se aumentarmos o preço do bem (variação positiva
do preço), o efeito substituição indicará redução de consumo (variação
negativa no consumo).

Por existir essa relação inversa ou negativa entre o efeito


substituição e a variação de preços, nós dizemos que o efeito
substituição é sempre negativo, no sentido de que ele é sempre
relacionado negativamente com a variação de preços. Em relação ao
efeito substituição, é isto que temos a saber!

A ordem é essa: depois de analisarmos o efeito substituição,


podemos agora considerar o outro efeito. O efeito renda é a variação
no consumo de X ocasionada pelo aumento do poder aquisitivo

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(renda), mantendo-se os preços relativos. Para vermos o efeito
renda, devemos partir da situação original deixada após a análise do
efeito substituição. Ou seja, estamos no ponto C, reta orçamentária R 3,
curva de indiferença U1 e consumo X3. Para mantermos os preços
relativos e expressarmos o aumento de renda (isolando o efeito renda),
devemos ir para a reta orçamentária R2, onde estaremos, no fim, no
ponto B.

O aumento no consumo de X, passando de X3 para X2, é a medida


do efeito renda. Como X2>X3, então, o efeito renda é positivo, indicando
que X é um bem normal (o aumento de poder aquisitivo decorrente da
redução de preços provocou aumento de quantidades consumidas). Por
refletir o movimento feito pelo consumidor de uma curva de indiferença
para outra, sem alterar a relação de preços entre X e Y, o efeito renda
mede somente a influência da variação do poder aquisitivo (variação da
renda) sobre as quantidades consumidas de X.

Para o nosso exemplo, tivemos então o seguinte: redução de


preços, efeito preço total indicando aumento de demanda/consumo, efeito
substituição indicando aumento de consumo (efeito substituição negativo)
e efeito renda também indicando aumento de consumo (efeito renda
positivo).

Você certamente deve estar estranhando o fato de os dois efeitos


terem apontado aumento de consumo e, inadvertidamente, um ser
negativo (o efeito substituição é negativo) e o outro ser positivo (o efeito
renda é positivo). A explicação é que o sinal de cada efeito é analisado a
partir da relação entre as variáveis “em jogo” quando se analisa cada
efeito. E essas variáveis são diferentes em cada caso.

O efeito substituição é a mudança de consumo a partir da mudança


de preço do bem, a partir de uma visão de que o consumidor tende a
substituir o consumo de um bem que fica mais caro pelo consumo de
outro que bem que está relativamente mais barato, e vice-versa. Então,
as variáveis “em jogo” ao se analisar o efeito substituição são: preço do
bem e consumo do bem. Como elas variam sempre em sentido
contrário, nós dizemos que o efeito substituição é sempre negativo.

O efeito renda é a mudança de consumo em decorrência da


mudança de renda do consumidor, a partir de uma visão de que a
mudança de preço tende a alterar o poder aquisitivo (renda real) dos
indivíduos. Então, as variáveis em jogo ao se analisar o efeito renda são:
renda do consumidor e consumo do bem. No nosso exemplo acima, a
redução de preço tem o mesmo significado que um aumento de renda, e
nós vimos que isso provocou aumento de consumo. Ou seja, houve
aumento de renda (via redução de preço) e aumento de consumo. Como
as variáveis em análise caminharam no mesmo sentido, dizemos que o

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efeito renda foi positivo. O cuidado que devemos ter neste caso é que o
efeito renda não é como o efeito substituição (que tem sempre o mesmo
sinal – é negativo), ele será positivo ou negativo, dependendo do bem em
análise e das preferências do consumidor.

Existe uma regra que sempre deve ser seguida quando analisamos
os efeitos renda e substituição. A variação do efeito substituição é sempre
a mesma e aponta na direção contrária à variação do preço: o efeito
substituição decorrente de uma redução de preço provoca aumento de
consumo (por isso, nós dizemos que o efeito substituição é sempre
negativo) e o efeito substituição decorrente do aumento de preço
provoca redução de consumo.

Já em relação ao efeito renda, isso não acontece. Pode haver três


situações para o efeito renda, e cada uma delas nos dirá o tipo de bem de
que estamos tratando:

Situação 1 (BEM NORMAL) – Se houver redução de preços (=aumento


de renda) e o efeito renda (ER) indicar aumento de consumo (efeito renda
positivo, uma vez que renda e consumo caminham no mesmo sentido),
então, podemos dizer que o bem é normal, uma vez que o aumento da
renda (provocado pela redução de preços) provocou aumento nas
quantidades consumidas/demandadas.

De forma inversa, se houver aumento de preços (=redução de renda) e o


efeito renda indicar redução no consumo (efeito renda positivo, uma vez
que renda e consumo caminham no mesmo sentido), então, podemos
dizer que o bem é normal, uma vez que a redução da renda (causada
pelo aumento de preços) provocou redução nas quantidades consumidas.
Assim:

Redução de preços  Renda aumenta  Consumo aumenta  ER+ 


Bem normal

Aumento de preços  Renda diminui  Consumo diminui  ER+  Bem


normal

Dica: quando o bem é normal, o efeito renda sempre será positivo


(renda aumenta, consumo aumenta; renda diminui, consumo diminui).

Nesta situação 1, onde temos um bem normal, o efeito renda sempre


reforçará o efeito substituição. Se houver redução de preços, temos a
certeza que o efeito substituição provocará aumento de consumo (pois o
efeito substituição é sempre negativo). Ao mesmo tempo, essa redução
de preços significa aumento de renda e este provoca aumento do
consumo (pois o efeito renda é positivo).

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Situação 2 (BEM INFERIOR) – Se houver redução de preços


(=aumento de renda) e o efeito renda (ER) indicar redução de consumo
(efeito renda negativo, pois renda e consumo caminham em sentido
contrário), então, podemos dizer que o bem é inferior12, uma vez que o
aumento de renda (provocado pela redução de preços) provocou redução
das quantidades consumidas.

Redução de preços  Renda aumenta  Consumo diminui  ER-  Bem


inferior

Aumento de preços  Renda diminui  Consumo aumenta  ER-  Bem


inferior

Dica: quando o bem é inferior, o efeito renda será sempre


negativo.

Nesta situação 1, onde temos um bem inferior, o efeito renda vai de


encontro ao efeito substituição. Ou seja, os dois atuam em sentido
contrário. Para uma redução de preço, o efeito substituição aponta para
aumento do consumo e o efeito renda aponta para redução do consumo.
Para aumento de preço, ocorrerá o contrário.

Situação 3 (BEM DE GIFFEN) – A terceira situação é um caso especial


da situação 2 retratada acima. Quando há redução de preços, o efeito
substituição (ES) será negativo, indicando aumento de consumo. Se o
bem for inferior, no entanto, nós vimos acima que o efeito renda (ER)
será negativo, indicando, portanto, que a redução de preço (=aumento de
renda) provoca redução no consumo.

Existe o caso de um bem em que, havendo redução de preços, a redução


de consumo provocada pelo efeito renda negativo, em valor absoluto, é
maior ou mais forte que o aumento de consumo provocado pelo efeito
substituição negativo. Neste caso, a consequência da redução de preços
será a redução nas quantidades consumidas, uma vez que o efeito renda
suplanta o efeito substituição. Esse é o bem de Giffen, um caso
particular de bem inferior, e que contraria a lei da demanda (é a
única exceção à lei da demanda13). Assim, para o bem de Giffen, o
efeito renda suplanta em valor absoluto o efeito substituição.

12
Por definição, o bem inferior é o bem que tem sua demanda reduzida em virtude do aumento de
renda.
13
Lei da demanda: preço aumenta, quantidade demanda diminui, e vice-versa.

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Se houver aumento de preços, o efeito substituição será negativo,
indicando redução no consumo. Se o bem for inferior, o efeito renda será
negativo, indicando que a redução de renda (provocada pelo aumento de
preços) provocará aumento de consumo. Se o efeito renda (que aponta
aumento de consumo) suplantar o efeito substituição (que aponta
redução de consumo), haverá aumento de consumo, contrariando a lei da
demanda, logo, teremos também neste caso um bem de Giffen, já que o
aumento de preços provoca aumento no consumo (efeito renda é maior,
em valor absoluto supera o efeito substituição).

Apenas para arrematar o raciocínio: se o ER e o ES apontarem variações


distintas no consumo, o bem, obrigatoriamente, será inferior; e se, além
disso, ER>ES, então, o bem, além de ser inferior, será de Giffen (lembre
então que o bem de Giffen é um caso especial do bem inferior.
Logo, todo bem de Giffen é também um bem inferior, mas nem
todo bem inferior será bem de Giffen).

Para a maioria dos bens inferiores, o efeito renda acaba perdendo


para o efeito substituição, de tal maneira que a maioria dos bens
inferiores acaba obedecendo à lei de demanda e tendo a curva de
demanda negativamente inclinada. Então, temos as seguintes
possibilidades quando o bem é inferior (efeito renda negativo):

O bem não obedecerá à lei da


Se |ER| > |ES|
demanda (bem de Giffen) e a sua
(minoria dos casos)
BEM curva é positivamente inclinada.
INFERIOR O bem obedecerá à lei da demanda
Se |ER| < |ES|
e sua curva será negativamente
(maioria dos casos)
inclinada.

Por fim, e o mais importante de tudo (para concursos), podemos


concluir que:

 O efeito substituição é sempre negativo;


 Para bens normais, o efeito renda é positivo;
 Para bens inferiores, o efeito renda é negativo;
 Para bens normais, o efeito renda positivo sempre reforça o efeito
substituição negativo, pois ambos apontam para aumento de
consumo no caso de redução de preços, e para redução no consumo
no caso de aumento de preços;
 Para bens inferiores, o efeito renda atua no sentido inverso ao do
efeito substituição;
 O bem de Giffen é um tipo de bem inferior, em que o efeito
renda suplanta o efeito substituição;
 Todo bem de Giffen é um bem inferior, mas nem todo bem inferior
é um bem de Giffen.

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1.7. CONCEITOS ADICIONAIS

Seguem alguns conceitos adicionais em relação à teoria do


consumidor. Apesar de poucos cobrados em prova, são de fácil
memorização e aprendizado.

1.7.1. Curva preço-consumo (CPC)

A CPC (ou ainda, trajetória preço-consumo) do bem X é a curva


obtida pela interligação das cestas de consumo ótimo correspondentes a
mudanças no preço de X, mantendo o nível de renda constante.

Y Figura 24

Ao mudarmos os preços de X, rotacionamos


as retas orçamentárias de modo a atingir
novas cestas de consumo ótimo em outras
curvas de indiferença. A interligação destas
cestas nos dá a CPC.

R1 R2 R3
X

Na figura acima, temos uma CPC positivamente inclinada, e


observamos que a redução do preço de X aumenta as suas quantidades
consumidas, o que significa que X é um bem comum (obedece à lei da
demanda: redução de preço provoca aumento de consumo).

Caso o bem X não obedecesse à lei da demanda e fosse, portanto,


um bem de Giffen, a trajetória preço consumo (=curva preço consumo)
seria negativamente inclinada. Neste caso, reduções de preço
provocariam reduções no consumo.

1.7.2. Curva renda-consumo (CRC)

A ideia é a mesma da CPC, só que, aqui, em vez de mudarmos os


preços de X, mudamos a renda do consumidor, mantendo os preços
constantes. O resultado será vários deslocamentos paralelos da reta
orçamentária. A interligação das cestas ótimas nos dará a CRC.

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Figura 25
Y

CRC

Ao mudarmos a renda do consumidor,


deslocamos paralelamente várias retas
orçamentárias de modo a atingir novas cestas
de consumo ótimo em outras curvas de
indiferença. A interligação destas cestas nos
dá a CRC.

R1 R2 R3
X
X1 X2 X3

Como se vê na CRC acima, sua inclinação é positiva. Isto é, à


medida que aumentamos a renda do consumidor e vamos deslocando as
retas orçamentárias para a direita (R1  R2  R3), as quantidades
consumidas de X vão aumentando (X1  X2  X3). Assim, podemos
concluir que se um bem possui a trajetória renda-consumo (curva CRC)
positivamente inclinada, ele será um bem normal, em que o aumento de
renda provoca aumento de consumo.

Por outro lado, se a trajetória renda consumo é negativamente


inclinada, o bem será inferior, pois o aumento de renda provoca
redução do consumo. É o caso do bem X na figura 26:

Figura 26

CRC Neste caso, a trajetória renda-consumo é


inclinada negativamente, indicando que o bem é
inferior. Ou seja, aumentos de renda (R1R2R3)
indicam quantidades ótimas consumidas cada
vez menores (X1>X2>X3).

R3

R2
R1
X
X3 X2 X1

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Nota: além de trajetória renda consumo, a CRC pode ser
chamada também de caminho de expansão da renda.

1.7.3. Curva de Engel

A curva de Engel relaciona a demanda (as quantidades) do bem X


em relação à renda do seu consumidor, enquanto todo o restante
(incluindo o preço do bem) permanece constante. É bastante semelhante
à curva de demanda tradicional em que temos os preços no eixo vertical e
as quantidades no eixo horizontal, enquanto a renda permanece
constante. A diferença reside no fato de que na curva de Engel, no eixo
vertical, teremos a renda em vez dos preços.

Como, geralmente, os bens são normais, onde a demanda aumenta


quando a renda aumenta, a curva de Engel terá inclinação positiva, na
maioria dos casos. Exceção ocorre quando temos um bem inferior, caso
em que o aumento de renda provoca redução da demanda. Neste último
caso, a curva de Engel terá inclinação negativa.

Figura 27

Renda

Curva de Engel para


o bem inferior

Curva de Engel
para o bem normal

Quantidade do bem

84. (Cespe/UnB – Especialista – ANATEL – 2014) Para um


consumidor com preferências quase lineares, em caso de redução
do preço do bem X, o efeito substituição será igual ao efeito
renda, de acordo com a identidade de Slutsky.

Comentários:

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Identidade de Slutsky é a equação que define que Efeito Preço = Efeito
Renda + Efeito Substituição.

Pois bem, como a questão não nos deu mais detalhes sobre as
preferências do consumidor, devemos considerar o caso geral, qual seja:
as preferências do consumidor seguem as premissas de completude,
monotonicidade, transitividade e reflexividade. Além disso, as curvas de
indiferença, mesmo sendo quase lineares, seguem a negatividade de
inclinação.

Assim, para essas preferências que simbolizam o caso geral, os efeitos


renda e substituição agem em sentidos opostos. Se o preço for reduzido,
o efeito substituição apontará aumento de consumo (efeito substituição
negativo). O efeito renda apontará também o aumento de consumo
(efeito renda positivo).

Apesar dos dois efeitos apontarem um aumento de consumo, um é


positivo e o outro é negativo. Assim, na identidade de Slutsky, eles
entram com sinais opostos. Dessa forma, esses efeitos não são iguais.

Gabarito: Errado

85. (Cespe/UnB – Agente da Política Federal – PF – 2014) Devido


à lei dos rendimentos decrescentes, a curva de Engel tem
inclinação positiva cada vez menos acentuada à medida que
cresce o nível de renda do consumidor.

Comentários:
Questão difícil. A curva de Engel não tem relação com a lei dos
rendimentos decrescentes (que se estuda na teoria da produção). O que
sabemos é que a curva de Engel pode ser positiva ou negativamente
inclinada (se o bem for normal ou inferior, respectivamente).

Gabarito: Errado

Com relação aos efeitos preço, renda e substituição para os


diferentes tipos de bens, julgue os itens que se seguem.
86. (CESPE/Unb – Analista Jud. - Economia – TJ/SE – 2014) O
efeito preço dos bens inferiores é negativo, sendo a demanda por
esses bens negativamente inclinada.

COMENTÁRIOS:
O efeito preço é o efeito renda somado com o efeito substituição.

No caso dos bens inferiores, os efeitos renda e substituição apontam em


sentido contrário. Em uma redução de preço, por exemplo, o efeito
substituição aponta para aumento do consumo e o efeito renda aponta

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para a redução do consumo. O efeito substituição é sempre negativo e,
para bens inferiores (desconsiderando os bens de Giffen), o ES é maior
que o ER, o efeito preço também é negativo (aumento de preços
provocam redução no consumo e vice-versa). Assim, para os bens
inferiores, o efeito preço é negativo, o que torna correta a primeira parte
da assertiva.

A segunda parte da assertiva também é correta, pois a demanda por


bens inferiores é negativamente inclinada. Lembre-se que todo bem de
Giffen é inferior, mas nem todo bem inferior é um bem de Giffen.

GABARITO: CERTO

87. (CESPE/Unb – Analista de Políticas Regulatórias – MEC –


2014) Se a redução do preço de um bem acarreta a redução da
sua quantidade demandada, então o bem em questão será,
necessariamente, um bem inferior.

COMENTÁRIOS:
Correta, pois nesse caso será um bem de Giffen, que é inferior.

GABARITO: CERTO

88. (CESPE/Unb – Economista – Ministério das Comunicações –


2013) - A curva de Engel relaciona o consumo com o nível de
preço do bem substituto.

COMENTÁRIOS:
A curva de Engel relaciona o consumo (ou demanda) com a renda do
consumidor.

GABARITO: ERRADO

89. (CESPE/Unb – Economista – Ministério das Comunicações –


2013) - Se o bem for inferior, a curva de Engel será inclinada
negativamente.

COMENTÁRIOS:
Se o bem é inferior, isto significa que o aumento de renda provoca
redução do consumo. Ou seja, as variáveis “demanda/consumo” e
“renda” são negativamente relacionadas.

Como a curva de Engel relaciona justamente estas duas variáveis, então,


no caso do bem inferior, sua inclinação será negativa; para o bem
normal, ela será inclinada positivamente.

GABARITO: CERTO

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Enunciado para as questões 90, 91 e 92. Um consumidor possui


função utilidade dada por U = u(x, y) e restrição orçamentária
igual a R = pxx + pyy, em que R representa a renda do consumidor
e px e py, ambos positivos, representam, respectivamente, os
preços dos bens x e y. Supondo que esse consumidor se encontra
em situação de equilíbrio, maximizando sua função utilidade a
partir de sua restrição orçamentária, julgue os itens seguintes.

90. (Cespe/UnB – Perito Economia – MPU – 2013) Se o bem x for


um bem de Giffen, a elevação de px implicará, no novo equilíbrio,
o aumento de seu consumo.

COMENTÁRIOS:

Certo. Você ainda lembra da definição do bem de Giffen? Ele é a exceção


à lei da demanda e para ele, aumento de preço implicam em aumento de
consumo.

GABARITO: CERTO

91. (Cespe/UnB – Perito Economia – MPU – 2013) Caso o bem x


seja um bem inferior, a curva de Engel desse bem será
positivamente inclinada.

COMENTÁRIOS:

Como vimos durante a aula, a curva de Engel relaciona a demanda de


um bem em relação à renda do consumidor. Caso o bem seja inferior,
isso significa que aumentos na renda do consumidor provocam redução
na demanda desse bem. Como você já deve ter percebido, para bens
inferiores, temos uma relação inversa entre renda e demanda, motivo
pelo qual a curva de Engel é negativamente inclinada (e não
positivamente inclinada como afirma a questão).

GABARITO: ERRADO

92. (Cespe/UnB – Perito Economia – MPU – 2013_ Caso ocorra a


elevação de px, o bem x será um bem normal somente quando o
efeito substituição for superior ao efeito renda.

COMENTÁRIOS:

Para um bem normal, o efeito renda sempre reforçará o efeito


substituição. Assim, os dois caminharão juntos, para a mesma direção.
De forma que o fato do efeito substituição ser superior ao efeito renda
não é suficiente, e nem necessário, para definirmos um bem como

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normal. Independente de qual efeito é superior, o que caracterizará um
bem como normal é que o efeito substituição e o efeito renda seguem na
mesma direção. Se fosse um bem inferior, seguiriam em direções
opostas. Se fosse um bem de Giffen, além de seguirem em direções
opostas, o efeito renda suplantaria o efeito substituição.

GABARITO: ERRADO

93. (CESPE/Unb – Economista – DFTRANS – 2008) - Efeito


substituição é a mudança que ocorreria se mudassem os preços
relativos e, conseqüentemente, o nível de utilidade.

COMENTÁRIOS:
Efeito substituição é a mudança que ocorreria se mudassem os preços
relativos, mantendo o nível de utilidade constante.

Ou seja, a intenção, ao se analisar o efeito substituição, é verificar


somente a questão da mudança dos preços relativos (isolar somente este
fato).

GABARITO: ERRADO

94. (CESPE/Unb – Economista – DFTRANS – 2008) - Efeito renda


refere-se à mudança na restrição orçamentária decorrente da
mudança da renda e dos preços relativos.

COMENTÁRIOS:
Efeito renda refere-se à mudança na restrição orçamentária decorrente
da mudança de renda, mantendo-se os preços relativos.

Ou seja, a intenção, ao se analisar o efeito renda, é verificar somente a


questão da mudança da renda (isolar somente este fato).

GABARITO: ERRADO

95. (CESPE/Unb – Controlador de Recursos Municipais – PMV –


2008) - De acordo com um estudo recente, a elasticidade renda
da demanda de leite em pó, no Brasil, é negativa para todas as
faixas de renda. Supondo-se que essa elasticidade esteja
corretamente estimada, é possível afirmar que, para esse
produto, o efeito renda reforça o efeito substituição.

COMENTÁRIOS:
A questão parte da premissa de que a elasticidade renda da demanda do
leito em pó é negativa. Ou seja, o leito em pó é um bem inferior.

Obs: temos que assumir este dado do enunciado como verdadeiro para

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analisar o restante da questão.

Quando o bem é inferior, o efeito renda vai contra o efeito subsituição.

Os dois efeitos se reforçam quando temos bens normais (ERD>0).

GABARITO: ERRADO

96. (CESPE/Unb – Perito Criminal – CPC Renato Chaves – 2007) -


A curva de Engel para artigos de segunda mão utilizados pelos
consumidores de baixa renda, que constituem exemplos de bens
inferiores, é representada por uma linha reta, positivamente
inclinada.

COMENTÁRIOS:
A curva de Engel para bens inferiores é negativamente inclinada, pois as
variáveis do gráfico (renda e quantidades demandadas) atuam em
sentido inverso.

Para bens normais, aí sim a curva de Engel será positivamente inclinada.

GABARITO: ERRADO

97. (CESPE/Unb – Perito Criminal – CPC Renato Chaves – 2007) -


Para a vasta maioria dos bens e serviços, o efeito renda reforça o
efeito substituição e contribui para que as curvas de demanda
individuais, para esses bens, sejam negativamente inclinadas.

COMENTÁRIOS:
Realmente, a vasta maioria dos bens são normais (onde o efeito renda
reforça o efeito substituição). Para estes bens, a redução de preço vai
apontar aumento no consumo, e o aumento de preço vai apontar redução
de consumo (tanto pelo efeito renda, quanto pelo efeito substituição).
Isto significa que as curvas de demanda destes bens serão
negativamente inclinadas.

GABARITO: CERTO

98. (CESPE/Unb – Perito Criminal – CPC Renato Chaves – 2007) -


Ao longo da curva de demanda individual, o nível de bem estar do
consumidor é constante.

COMENTÁRIOS:
O nível de bem estar do consumidor é constante ao longo da curva de
indiferença, e não ao longo da curva de demanda.

GABARITO: ERRADO

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99. (CESPE/Unb – Analista – STM – 2011) - A predominância do


efeito renda sobre o efeito substituição explica a inclinação
negativa da curva de demanda para quase todos os bens
inferiores.

COMENTÁRIOS:
Os bens inferiores possuem efeitos renda e substituição divergentes,
apontando em sentido contrário.

Quando o preço diminui, o efeito subsituição diz que o consumo


aumento, e o efeito renda diz que o consumo diminui. Na maioria dos
casos, o efeito substitiuição vence, e uma redução de preço acaba
provocando aumento no consumo, o que faz com que a curva de
demanda da maioria dos bens inferiores seja negativamente inclinada.

Em uma pequena parte dos casos, onde o efeito renda vence o efeito
substituição, a redução de preço aponta redução de consumo, fazendo
com que a curva de demanda seja positivamente inclinada. neste caso,
temos o paradoxo de Giffen, que é um acontecimento raro na economia.

A assertiva está, portanto, errada, pois a predominância do efeito


substituição sobre o efeito renda explica a inclinação negativa da
curva de demanda para quase todos os bens inferiores.

GABARITO: ERRADO

100. (CESPE/Unb – Analista e técnico – EBC – 2011) - Em uma


cesta de consumo com dois bens normais, o caminho de expansão
da renda terá inclinação negativa.

COMENTÁRIOS:
O caminho de expansão da renda terá inclinação negativa quando algum
dos bens for inferior (ou ambos os bens forem inferiores).

GABARITO: ERRADO

101. (CESPE/Unb – Analista e técnico – EBC – 2011) - Todo bem


de Giffen é um bem inferior, porém nem todo bem inferior é um
bem de Giffen.

COMENTÁRIOS:
Esta assertiva foi amplamente debatida no item 1.6 da aula. Ficou fácil
agora, não é mesmo?!

GABARITO: CERTO

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102. (CESPE/Unb – Polícia Federal – 2000) – Ao longo da curva
de preço-consumo, a renda nominal permanece constante.

COMENTÁRIOS:
Esta é uma hipótese da curva preço-consumo. Nós mudamos os preços
dos bens, mantendo a renda constante.

GABARITO: CERTO

103. (CESPE/Unb – Polícia Federal – 2000) – Para dois bens


quaisquer, quando a curva renda-consumo é positivamente
inclinada em toda a sua extensão, é correto afirmar que esses
produtos são bens normais.

COMENTÁRIOS:
A assertiva é correta. Se a trajetória renda-consumo tem inclinação
positiva, os bens são normais. Se tem inclinação negativa, um dos bens
(ou ambos) é inferior.

GABARITO: CERTO

104. (CESPE/Unb – Analista – MPE/TO – 2006) – Se a curva de


demanda de um bem é vertical, então, este bem deve ser um bem
inferior e, portanto, sua elasticidade renda deve ser negativa.

COMENTÁRIOS:
Se a curva de demanda é vertical, isto significa que o aumento de preço
não gera aumento nem redução de consumo. Ou seja, qualquer que seja
o preço praticado, a quantidade consumida ou demandada é a mesma.
Assim, podemos entender que o efeito preço é nulo.

O efeito preço, por sua vez, é dividido em efeito renda e efeito


substituição. Como o efeito substituição é sempre negativo e, para um
aumento de preço, aponta redução de consumo; então, o efeito renda,
para um aumento de preço (=redução de renda), também será negativo,
apontando para um aumento no consumo. Os dois efeitos têm que
apontar em sentido contrário, para que o efeito resultante (efeito preço)
seja nulo. Por isso, temos essa certeza que o efeito renda será negativo.

Por sua vez, quando o efeito renda é negativo, o bem é inferior. E


quando o bem é inferior, a ERD é negativa.

COMENTÁRIOS: CERTO

Bem pessoal, por hoje é só!

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Economia p/ Analista do Bacen (exceto área 03)
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Foi uma aula bem extensa, mas acreditamos que praticamente fechamos
tudo aquilo que o CESPE pode cobrar sobre a teoria do consumidor.
Esperamos que tenham gostado!

Abraço a todos e bons estudos!

Heber Carvalho e Jetro Coutinho

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RESUMÃO DA AULA
Restrição Orçamentária
 Consumidores escolhem as melhores coisas dentro daquilo que eles podem adquirir.

Renda (money)
Quantidade do bem 1
m ≥ p1.q1 + p2.q2
Quantidade do bem 2

Preço do bem 2

 A renda m, impõe que a quantidade de dinheiro gasta nos dois bens não exceda a quantidade
total de dinheiro que o consumidor tem para gastar. O conjunto de cestas que o consumidor pode
adquirir com a renda m se chama conjunto orçamentário.
q2
Intercepto A
vertical = m/p2
Inclinação da reta
orçamentária:

Intercepto
horizontal = m/p1
B
q1
 Cestas de consumo localizadas dentro da reta orçamentária representarão o conjunto
orçamentário do consumidor

Inclinação da Reta, Interceptos e deslocamento


 A inclinação da reta orçamentária mede a taxa à qual o consumidor está disposto a substituir o
bem 1 pelo bem 2 (custo de oportunidade de um bem pelo outro).

çã ç �

 No caso de aumento da renda, não existe alteração da inclinação da linha do orçamento, pois a
inclinação só depende dos preços e não da renda.

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q2

m'/p2

O aumento da renda desloca a


reta orçamentária para fora.

m/p2

m/p1 m'/p1 q1

 Variações nos preços:

q2

m/p2

O aumento de p1 fez a reta


orçamentária ficar mais
inclinada (ou mais vertical).

m/p’1 m/p1 q1
 Se o aumento for em p2, a reta ficará menos inclinada (mais deitada).
 Ao multiplicar ambos os preços por uma quantidade qualquer t, isso será equivalente a manter os
preços no mesmo patamar anterior, só que dividindo a renda pelo valor da mesma constante t.
 O aumento proporcional de preços e renda não altera a linha de orçamento.

Utilidade e Utilidade Marginal


 Quanto maior é o consumo de um bem, maior será a utilidade (total);
 Quanto maior o consumo de um bem, menor a utilidade marginal;
 Utilidade marginal (Umg): é o acréscimo de utilidade (U) em virtude do acréscimo de uma
unidade de consumo (q) de um bem qualquer.

 A utilidade máxima é atingida quando a Umg = 0

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 Ao consumirmos mais de um bem, a utilidade total aumenta, a utilidade marginal vai diminuindo
(A Umg é decrescente). Quando a Umg atingir o valor 0, ela será máxima. Se continuarmos
aumentando o consumo desse mesmo bem, a utilidade marginal assumirá valores negativos e a
utilidade total começará a diminuir.

Premissas das Preferências


 Integralidade: As preferências são completas
 Transitividade
 Quanto mais, melhor
 Reflexividade

Propriedades das Curvas de Indiferença Bem-comportadas


 Curvas mais altas são preferíveis
 Curvas de indiferenças não se cruzam
 As médias são preferíveis aos extremos

Taxa Marginal de Substituição


 A taxa marginal de substituição (TMgS) determina a inclinação da curva de indiferença.
 A TMgS é decrescente ao longo da curva de indiferença

Curvas de Indiferença mal comportadas (bens substitutos e


complementares)
 Para os bens substitutos, a TMgS é constante e a curva de indiferença é uma linha reta.
 Para os bens complementares perfeitos, a TMgS varia do ponto vertical ao ponto horizontal e a
curva de indiferença tem o formato de L

Pepsi
Sapato
3 esquerdo

1 2 3
Coca-cola Sapato direito

Funções Utilidade e escolha ótima


 Teoria Ordinal (ADOTADA): Funções servem apenas para ordenar as preferências.
 Teoria Cardinal: Funções representam, de fato, a utilidade do consumidor.

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Função Utilidade para bens substitutos perfeitos

U (q1, q2) = a.q1 + b.q2

Função Utilidade para bens complementares perfeitos

U (q1, q2) = mín {q1, q2}

Função Utilidade Cobb-Douglas

 A escolha ótima do consumidor estará onde a razão das utilidades marginais dos bens
for igual à razão entre os preços dos bens (princípio da igualdade marginal).

ÓTIMO DO CONSUMIDOR, Preço do bem 1


envolvendo o consumo dos
Umg1 = p1
bens 1 e 2. Umg2 p2
Preço do bem 2

 Bizú para funções Cobb-Douglas:

Efeito Renda e Substituição


 Efeito renda Quando o preço de um bem é reduzido o consumidor fica mais rico e portanto
aumentará o consumo do bem.
 Efeito substituição: Se o preço de um bem diminui e os outros ficam constantes, o consumidor
substituirá esses outros bens pelo consumo do bem que ficou mais barato É sempre negativo.
 Efeito preço (total) = efeito renda + efeito substituição
 Para bens normais, o efeito renda é positivo;
 Para bens inferiores, o efeito renda é negativo;
 Para bens normais, o efeito renda positivo sempre reforça o efeito substituição negativo, pois
ambos apontam para aumento de consumo no caso de redução de preços, e para redução no
consumo no caso de aumento de preços;
 O bem de Giffen é um tipo de bem inferior, em que o efeito renda suplanta o efeito substituição;
 Todo bem de Giffen é um bem inferior, mas nem todo bem inferior é um bem de Giffen.

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A
B
C
U2

U1

R1 R3 R2
X
X1 X3 X2
Efeito substituição Efeito renda
Efeito total

Conceitos Adicionais
 Curva preço consumo: curva obtida pela interligação das cestas de consumo
ótimo correspondentes a mudanças no preço de X.
 Curva renda consumo: curva obtida pela interligação das cestas de consumo
ótimo correspondentes a mudanças na renda do consumidor.
 Curva de Engel: relaciona a demanda (as quantidades) do bem X em relação à
renda do consumidor

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

01. (Cespe/UnB – Agente da Política Federal – PF – 2014) O crescimento


da renda de um consumidor em determinado período provoca alterações
na inclinação da reta de orçamento.

No que se refere à teoria do consumidor, julgue os itens que se seguem.


02. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) Quando preços dos
bens e renda do consumidor são multiplicados por escalar positivo, a
restrição orçamentária não é alterada.

03. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) Considere uma


economia com dois bens, B1 e B2, estando B1 representado no eixo das
ordenadas, e B2, no eixo das abscissas. Nessa situação, se o preço de B1
for duplicado e o de B2 for triplicado, a restrição orçamentária do
consumidor será deslocada para a esquerda e ficará mais inclinada.

04. (CESPE/Unb – Agente da Polícia Federal – 2009) - Suponha que uma


pessoa tenha uma renda de R$ 1.200,00, despendida no consumo de dois
conjuntos de bens e serviços x e y, cujos preços unitários são,
respectivamente, iguais a R$ 1,00 e R$ 3,00. Suponha, ainda, que a linha
do orçamento seja representada pela equação: qx + 3qy = 1.200. Nesse
caso, se o preço de y se elevar para R$ 4,00, por aumento da tributação,
permanecendo constantes a renda e o preço de x, a inclinação da reta se
elevará de um terço para um quarto.

A análise do comportamento dos consumidores fundamenta a teoria da


demanda. Com relação a esse tópico, assinale a opção correta.
05. (CESPE/Unb - Analista de Controle Externo – Ciências Econômicas –
TCE/AC 2009) - Os aumentos recentes do preço da energia elétrica
deslocam a restrição orçamentária dos consumidores para baixo, porém,
não alteram a sua inclinação.

Enunciado para as questões 06 e 07: Um consumidor pode escolher


gastar sua renda m com o bem x1 ou com o bem x2 de tal forma que a
sua reta orçamentária seja descrita por p1x1 + p2x2 = m, em que p1 e
p2 são os respectivos preços. Com relação a essa situação, julgue os itens
que se seguem.

06. (CESPE/Unb - Economista – SEPLAG/DF – 2008) – A inclinação da


reta orçamentária é expressa por uma relação negativa entre os preços.

07. (CESPE/Unb - Economista – SEPLAG/DF – 2008) – O conjunto


orçamentário é formado exclusivamente por todas as cestas que custam
exatamente m.

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A análise do comportamento do consumidor e das forças que regem a
oferta e demanda é fundamental para o estudo dos fenômenos
econômicos. Considerando essas análises, julgue os próximos itens.
08. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Banco da Amazônia – 2007) - A
substituição do financiamento da coleta de lixo domiciliar mediante o uso
de uma taxa anual fixa por um sistema em que o pagamento efetuado
seja proporcional à quantidade de lixo recolhido modifica a inclinação da
restrição orçamentária e reduz o subsídio implícito auferido pelas famílias
que geram uma maior quantidade de lixo.

09. (CESPE/Unb – Economista – MPU – 2010) - Em uma economia com


inflação, quando os preços e a renda são reajustados na mesma
proporção a linha do orçamento do consumidor desloca-se nessa mesma
proporção.

10. (CESPE/Unb - Economista – SEPLAG/DF – 2008) – O custo de


oportunidade de consumo de determinado bem é medido pela inclinação
da reta orçamentária.

11. (CESPE/Unb - Economista – SEPLAG/DF – 2008) – Se um imposto


específico é lançado igualmente sobre dois bens, a reta orçamentária do
consumidor desses bens não se desloca.

12. (CESPE/Unb – Agente da Polícia Federal – 2004) - Em alguns


provedores de Internet, a cobrança de uma mensalidade fixa pelo uso
ilimitado do serviço faz que os consumidores utilizem esse serviço até o
ponto em que o benefício marginal se anula.

13. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2009) - A


maximização da utilidade do consumidor requer que o benefício marginal
decorrente do consumo de um determinado bem seja igual ao seu preço.

Julgue os seguintes itens, relativos aos axiomas e às hipóteses que regem


as preferências do consumidor.

14. (Cespe/UnB – Auditor Governamental – CGE/PI – 2015) As curvas de


indiferença apresentam inclinação positiva e densidade em todo o espaço
de bens.

15. (Cespe/UnB – Auditor Governamental – CGE/PI – 2015) Se, na


comparação entre os bens A, B e C, o bem B for pelo menos tão bom
quanto o bem A, e o bem C for estritamente preferível ao bem A, então,
sob convexidade, qualquer combinação linear dos bens B e C será
preferível ao bem A.

16. (Cespe/UnB – Especialista – ANTAQ – 2014) Considere que um


consumidor, após avaliar diversas cestas de bens, localizadas em
diferentes curvas de indiferença, conclua que uma delas é a melhor do

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conjunto todo e a escolha. Nessa situação, é correto afirmar que as
preferências desse consumidor foram saciadas.

Acerca das preferências do consumidor e suas curvas de indiferença,


julgue os itens subsequentes.

17. (CESPE/Unb – Auditor – Economia – TCE/RO – 2013) - A utilização de


curvas de indiferença para descrever as preferências dos consumidores
não é indicada, já que as curvas não distinguem as cestas de consumo.

18. (CESPE/Unb – Auditor – Economia – TCE/RO – 2013) - Curva de


indiferença de dois bens substitutos perfeitos é uma reta.

19. (CESPE/Unb – Auditor – Economia – TCE/RO – 2013) - As premissas


de integralidade, transitividade e monotonicidade explicam as
preferências de um consumidor racional.

O Ministério da Justiça (MJ) tem um montante fixo para gastar na


aquisição de dois bens: mesas e computadores. Ainda, o MJ planeja
ocupar um prédio de sua propriedade, atualmente alugado para
profissionais liberais. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens
seguintes.

20. (CESPE/Unb – Economista – Ministério da Justiça – 2013) - A


duplicação dos preços da mesa e do computador apresenta o mesmo
efeito, na linha do orçamento, que a redução, pela metade, do montante
fixo.

Suponha que as famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família tenham


preferências bem comportadas com relação a alimento e vestuário, que
esses dois bens sejam normais e que seus preços mantenham-se
constantes. Com base nessa situação, julgue os itens.

21. (CESPE/Unb – Economista – Ministério da Justiça – 2013) - O


conjunto orçamentário de uma família é formado por todas as
combinações de quantidades de bens e serviços que podem ser
adquiridas, apresentando como limites os preços relativos e a renda dessa
família.

22. (CESPE/Unb – Economista – Ministério da Justiça – 2013) - O


aumento de renda das famílias atendidas pelo referido programa provoca
uma substituição do consumo de alimentos pelo consumo de vestuário.

23. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Curvas de indiferença


que representam níveis distintos de preferência podem se cruzar.

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24. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Curvas de indiferença de
dois bens substitutos têm inclinações iguais a -1.

25. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - As curvas de indiferença


entre bens complementares demonstram que os consumidores querem
consumir os bens em proporções fixas, ou seja, uma unidade de um bem
com uma unidade de seu bem complementar.

26. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Se um indivíduo gosta de


um bem e é neutro em relação a outro, então a curva de indiferença será
uma linha paralela ao eixo do bem neutro.

27. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Por distinguir uma cesta


de produtos melhor de uma pior, a curva de indiferença é recurso
adequado para a descrição das preferências dos consumidores.

28. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Um aumento da renda do


consumidor afeta a inclinação da reta orçamentária, pois os preços
relativos são afetados

29. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - A cobrança de um


imposto levar à duplicação dos preços dos bens equivale à duplicação da
renda do consumidor.

30. (CESPE/Unb - Técnico Científico – Banco da Amazônia – 2012) -


Considere que um consumidor prefira comprar determinada cesta de bens
em Manaus a comprá-la em Belém. Nesse caso, é correto inferir que a
renda desse consumidor é suficiente para comprar a cesta tanto em
Manaus quanto em Belém.

31. (CESPE/Unb - Técnico Científico – Banco da Amazônia – 2012) - Com


base na transitividade das preferências individuais, um comportamento
inato a todo ser humano, é correto afirmar que o indivíduo que prefere
comprar em Rio Branco a comprar em Manaus e prefere comprar em
Manaus a comprar em Belém prefere comprar em Rio Branco a fazê-lo em
Belém.

32. (CESPE/Unb - Técnico Científico – Banco da Amazônia – 2012) - Se


dois créditos bancários, um no Banco da Amazônia e outro no Banco do
Brasil, são substitutos perfeitos, então eles apresentam taxa marginal de
substituição constante.

33. (Cespe/UnB – ANAC – 2012) Caso a renda nominal dos consumidores


seja constante, a elevação do preço do ingresso de um jogo do
campeonato brasileiro de futebol acarretará uma tendência de queda da
demanda por esse bem. Para continuar consumindo a mesma quantidade
de ingressos para os jogos desse campeonato, os consumidores teriam de
abrir mão do consumo de outros bens.

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34. (CESPE/Unb – Economista – Petrobrás – 2001) – Para um consumidor


racional, a taxa marginal de substituição entre cédulas de dez reais e
cédulas de cinco reais é decrescente e será tanto mais baixa quanto maior
for o seu nível de renda.

35. (CESPE/Unb – Economista – Petrobrás – 2001) – Se, para


determinado consumidor, as curvas de indiferença entre dois bens são
representadas por linhas retas negativamente inclinadas, então, para esse
consumidor, os bens examinados são perfeitamente complementares.

36. (CESPE/Unb – Economista – Petrobrás – 2001) – O princípio da


utilidade marginal decrescente explica por que a restrição orçamentária
do consumidor é negativamente inclinada.

37. (CESPE/Unb - Consultor Legislativo - Câmara dos Deputados 2002) -


Em uma curva de indiferença, os consumidores são indiferentes entre as
possíveis combinações de bens porque, ao longo dessa curva, a renda
monetária é constante.

38. (CESPE/Unb – Economista – SEPLAG/DF – 2008) - Curvas de


indiferença mostram a combinação do consumo de dois bens. Por
exemplo, a curva de indiferença relativa a transporte urbano ou veículo
próprio mostra os diferentes níveis de utilidade desses bens para
determinado indivíduo.

39. (CESPE/Unb – Economista – SEPLAG/DF – 2008) - Curvas de


indiferença não mantêm relação com restrições orçamentárias ou preços
dos bens envolvidos na análise.

40. (CESPE/Unb – Economista – SEPLAG/DF – 2008) - A inclinação de


uma curva de indiferença é denominada taxa marginal de substituição.

41. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/ACE – 2008) - Se


um consumidor gosta de refrigerante, mas não faz nenhuma distinção
entre as diferentes marcas disponíveis no mercado, então, para esse
consumidor, o mapa de indiferença entre duas marcas quaisquer é
formado por linhas retas paralelas.

42. (CESPE – Economista – MPU – 2010) - Os bens X e Y são


complementares perfeitos quando a taxa marginal de substituição de um
pelo outro é constante.

43. (CESPE – Economista – MPU – 2010) - Uma curva de indiferença é


convexa quando a taxa marginal de substituição diminui na medida em
que há movimentação para baixo ao longo da mesma curva.

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44. (CESPE/Unb – Especialista em Pesquisas Governamentais – IJSN/ES –
2011) - As escolhas de consumo, por exemplo, entre almoçar hoje ao
meio-dia em Vitória e almoçar hoje ao meio-dia em Belo Horizonte
formam um conjunto convexo.

45. (CESPE/Unb – Especialista em Pesquisas Governamentais – IJSN/ES –


2011) - Entende-se que uma relação de preferência é racional quando ela
é completa e reflexiva.

46. (CESPE/Unb – Consultor do Executivo – SEFAZ/ES – 2010) - Supor


que as preferências do consumidor são completas é admitir que é possível
comparar duas cestas quaisquer de bens.

47. (CESPE/Unb – Consultor do Executivo – SEFAZ/ES – 2010) - A


inclinação para baixo (negativa) das curvas de indiferença deriva do
princípio de que as preferências do consumidor são transitivas.

48. (CESPE/Unb – Consultor do Executivo – SEFAZ/ES – 2010) - As


curvas de indiferença nunca se cruzam em decorrência de as preferências
do consumidor serem transitivas.

49. (CESPE/Unb – Especialista em Pesquisas Governamentais – IJSN/ES –


2010) - Uma relação de preferência é completa caso possua as
propriedades transitiva e racional.

50. (Cespe/UnB – Agente da Polícia Federal – PF – 2014) Os mapas de


indiferença são elaborados com base no conceito de utilidade ordinal dos
bens e serviços.

51. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Segundo as teorias da


utilidade cardinal, a ordem das curvas de preferência é o mais eficiente
meio de comparar cestas de bens.

52. (CESPE/Unb – Analista Jud. - Economia – TJ/SE – 2014) De acordo


com a teoria ordinal, as funções utilidade U e V representariam as
mesmas preferencias se V = 4U3 + 10.

53. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC - 2009) – As


curvas de indiferença entre dois bens quaisquer fornecem uma
classificação das possibilidades de consumo derivadas de funções de
utilidades cardinais.

54. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Banco da Amazônia – 2007) - A


determinação da escolha ótima do consumidor, cujas preferências são
descritas pelas curvas de indiferença, requer a adoção de uma medida
cardinal de utilidade, capaz de atribuir um número específico à utilidade

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total gerada para cada bem consumido.

55. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) A escolha ótima do


consumidor é sempre caracterizada pela igualdade entre a taxa marginal
de substituição dos bens e a razão entre os seus respectivos preços.

Enunciado para as questões 56, 57 e 58.


Considerando a função utilidade U = 2x0,4 y0,6, com px = 1 e py = 6, em
que pi é o preço do bem i e a renda do consumidor é igual a 50 unidades
monetárias, julgue os seguintes itens.

56. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) O consumidor escolhe


de forma ótima 25 unidades do bem x.

57. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) O nível de satisfação


ótimo do consumidor é superior a 17 unidades.

58. (CESPE/Unb – Economista – SUFRAMA – 2014) O consumidor escolhe


de forma ótima 5 unidades do bem y.

Acerca das teorias cardinal e ordinal da utilidade, das curvas de


indiferença e da escolha ótima, julgue os itens seguintes.
59. (CESPE/Unb – Analista Jud. - Economia – TJ/SE – 2014) Considere
um consumidor com função utilidade dada por U(X1, X2) = 2X1 + X2.
Nesse caso, a escolha ótima do consumidor pelo bem X1 se dará no ponto
em que a taxa marginal de substituição for tangente a sua reta
orçamentária.

Enunciado para as questões 60 e 61


Considerando que a função utilidade de um consumidor seja dada por
U(x, y) = 2x½y1/2, em que x e y representam, respectivamente, as
quantidades de unidades consumidas de dois bens distintos X e Y, julgue
os itens a seguir.

60. (CESPE/Unb – Analista de Políticas Regulatórias – MEC – 2014) A


razão de troca entre os bens X e Y é constante.

61. (CESPE/Unb – Analista de Políticas Regulatórias – MEC – 2014)


Inicialmente, suponha que a quantidade consumida do bem X seja igual a
10 e que o consumo do bem Y seja igual a 0,1 unidade. Se esse
consumidor decide aumentar a quantidade demandada do bem X em uma
unidade, mantendo-se o nível de utilidade constante em 2, ele terá que
sacrificar o consumo do bem Y em 1/6 unidade.

De acordo com a teoria clássica da demanda, julgue os itens que se


seguem.

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62. (CESPE/Unb – Analista de Políticas Regulatórias – MEC – 2014) Para
que a taxa marginal de substituição entre dois bens seja decrescente, é
preciso que a utilidade marginal dos dois bens seja decrescente.

63. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Bens complementares,


perfeitos ou não, são comprados pelo consumidor em quantidades iguais.

64. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Uma escolha de fronteira


é uma escolha ótima para preferências convexas.

65. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - O ponto de tangência


entre a curva de indiferença e a reta orçamentária do consumidor
corresponde, necessariamente, a uma escolha ótima de consumo.

66. (CESPE/Unb – Economista - TJ/AL – 2012) - Para o caso de bens


substitutos perfeitos com preços iguais, todas as quantidades de bens que
satisfaçam a restrição orçamentária serão escolhas ótimas.

67. (Cespe/UnB – INPI – 2013) A teoria econômica denomina a relação


entre utilidade total e utilidade marginal proporcionada por uma
determinada mercadoria, por “lei da utilidade marginal crescente.

68. (Cespe/UnB – INPI – 2013) A utilidade total, percebida pelo


consumidor, constitui-se em função decrescente da quantidade obtida de
um dado produto.

69. (Cespe/UnB – INPI – 2013) A curva de demanda individual possui


inclinação descendente, enquanto a curva de demanda de mercado dela
derivada sempre apresenta inclinação ascendente.

70. (Cespe/UnB – INPI – 2013) A curva de demanda individual está


relacionada ao desejo dos consumidores em adquirir determinado bem,
ao passo que a demanda de mercado refere-se à concretização da
compra, o que se denomina demanda efetiva.

71. (CESPE/Unb – Economista – Petrobrás – 2001) - A combinação de


produtos que maximizam a utilidade do consumidor estará sobre a curva
de indiferença mais elevada que o consumidor conseguir atingir dada a
sua restrição orçamentária.

72. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2009) -


Quando um consumidor decide não comprar determinado produto por
achá-lo excessivamente caro, isso indica que a taxa marginal de
substituição entre esse produto e os demais bens, para esse consumidor,
é igual ao seu preço de mercado.

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73. (CESPE/Unb – Economista – MPU – 2010) - Pontos acima do ponto no
qual a curva de indiferença e a linha de orçamento dessa equação de
demanda são tangentes têm a taxa marginal de substituição maior que a
relação entre os preços.

74. (CESPE/Unb – Economista – MPU – 2010) - Em uma solução de canto


não se verifica a igualdade entre benefício marginal e custo marginal.

75. (CESPE/Unb – Especialista em Pesquisas Governamentais – ISJN/ES –


2010) – Considere que um consumidor tenha riqueza w e função de
utilidade , em que 0≤a≤1. Nesse caso, ele terá
funções de demanda e .

76. (CESPE/Unb – Analista e técnico – EBC – 2011) - Para uma escolha


ótima de consumo de dois bens, é suficiente que a curva de indiferença
entre esses dois bens tangencie a reta orçamentária do consumidor.

77. (CESPE/Unb – Analista – STM – 2011) - Se, para um dado


consumidor, a taxa marginal de substituição entre livros e computadores
fosse mais elevada do que a razão entre o preço dos livros e o preço dos
computadores, então, ele deveria gastar mais com livros e menos com
computadores.

78. (CESPE/Unb) - O fato de que muitos pais de dois filhos preferem tê-
los de sexos diferentes, em vez de tê-los do mesmo sexo, é consistente
com a existência de uma taxa marginal de
substituição nula, entre meninos e meninas.

79. (CESPE/Unb – Economista – BASA – 2010) - Considere que um


empresário ao revelar sua preferência em construir uma fábrica em
Manaus em vez de construí-la em Belém e em Belém em vez de construí-
la em Porto Velho implique a sua preferência em construir tal fábrica em
Manaus em vez de construí-la em Porto Velho. Nesse caso, tem-se um
exemplo da preferência do empresário ser transitiva.

80. (CESPE/Unb – Economista – BASA – 2010) - Preferir Boa Vista a Porto


Velho seria um exemplo de utilidade ordinal. A grandeza dessa
preferência (utilidade cardinal) em nada afeta essa escolha.

81. (CESPE/Unb – Analista Administrativo e Financeiro – SEGER/ES –


2009) - Na escolha entre dois bens quaisquer, o nível ótimo de consumo
corresponde àquele no qual a taxa marginal de substituição entre esses
bens é superior ao preço relativo.

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Enunciado para as questões 82 e 83: considere que determinado
consumidor gaste sua renda com apenas dois bens - energia elétrica e
alimentos.

82. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2008) - Se o


consumidor considerar que energia elétrica e alimentos são bens
complementares, então, para esse consumidor, a taxa marginal de
substituição entre esses dois produtos será decrescente.

83. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2008) - No


equilíbrio, o consumidor escolherá um nível de consumo de energia
elétrica que iguale as utilidades marginais para ambos os bens.

84. (Cespe/UnB – Especialista – ANATEL – 2014) Para um consumidor


com preferências quase lineares, em caso de redução do preço do bem X,
o efeito substituição será igual ao efeito renda, de acordo com a
identidade de Slutsky.

85. (Cespe/UnB – Agente da Política Federal – PF – 2014) Devido à lei dos


rendimentos decrescentes, a curva de Engel tem inclinação positiva cada
vez menos acentuada à medida que cresce o nível de renda do
consumidor.

Com relação aos efeitos preço, renda e substituição para os diferentes


tipos de bens, julgue os itens que se seguem.
86. (CESPE/Unb – Analista Jud. - Economia – TJ/SE – 2014) O efeito
preço dos bens inferiores é negativo, sendo a demanda por esses bens
negativamente inclinada.

87. (CESPE/Unb – Analista de Políticas Regulatórias – MEC – 2014) Se a


redução do preço de um bem acarreta a redução da sua quantidade
demandada, então o bem em questão será, necessariamente, um bem
inferior.

88. (CESPE/Unb – Economista – Ministério das Comunicações – 2013) - A


curva de Engel relaciona o consumo com o nível de preço do bem
substituto.

89. (CESPE/Unb – Economista – Ministério das Comunicações – 2013) -


Se o bem for inferior, a curva de Engel será inclinada negativamente.

Enunciado para as questões 90, 91 e 92. Um consumidor possui função


utilidade dada por U = u(x, y) e restrição orçamentária igual a R = pxx +
pyy, em que R representa a renda do consumidor e px e py, ambos
positivos, representam, respectivamente, os preços dos bens x e y.
Supondo que esse consumidor se encontra em situação de equilíbrio,

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maximizando sua função utilidade a partir de sua restrição orçamentária,
julgue os itens seguintes.

90. (Cespe/UnB – Perito Economia – MPU – 2013) Se o bem x for um bem


de Giffen, a elevação de px implicará, no novo equilíbrio, o aumento de
seu consumo.

91. (Cespe/UnB – Perito Economia – MPU – 2013) Caso o bem x seja um


bem inferior, a curva de Engel desse bem será positivamente inclinada.

92. (Cespe/UnB – Perito Economia – MPU – 2013_ Caso ocorra a elevação


de px, o bem x será um bem normal somente quando o efeito substituição
for superior ao efeito renda.

93. (CESPE/Unb – Economista – DFTRANS – 2008) - Efeito substituição é


a mudança que ocorreria se mudassem os preços relativos e,
conseqüentemente, o nível de utilidade.

94. (CESPE/Unb – Economista – DFTRANS – 2008) - Efeito renda refere-


se à mudança na restrição orçamentária decorrente da mudança da renda
e dos preços relativos.

95. (CESPE/Unb – Controlador de Recursos Municipais – PMV – 2008) -


De acordo com um estudo recente, a elasticidade renda da demanda de
leite em pó, no Brasil, é negativa para todas as faixas de renda. Supondo-
se que essa elasticidade esteja corretamente estimada, é possível afirmar
que, para esse produto, o efeito renda reforça o efeito substituição.

96. (CESPE/Unb – Perito Criminal – CPC Renato Chaves – 2007) - A curva


de Engel para artigos de segunda mão utilizados pelos consumidores de
baixa renda, que constituem exemplos de bens inferiores, é representada
por uma linha reta, positivamente inclinada.

97. (CESPE/Unb – Perito Criminal – CPC Renato Chaves – 2007) - Para a


vasta maioria dos bens e serviços, o efeito renda reforça o efeito
substituição e contribui para que as curvas de demanda individuais, para
esses bens, sejam negativamente inclinadas.

98. (CESPE/Unb – Perito Criminal – CPC Renato Chaves – 2007) - Ao


longo da curva de demanda individual, o nível de bem estar do
consumidor é constante.

99. (CESPE/Unb – Analista – STM – 2011) - A predominância do efeito


renda sobre o efeito substituição explica a inclinação negativa da curva de
demanda para quase todos os bens inferiores.

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100. (CESPE/Unb – Analista e técnico – EBC – 2011) - Em uma cesta de
consumo com dois bens normais, o caminho de expansão da renda terá
inclinação negativa.

101. (CESPE/Unb – Analista e técnico – EBC – 2011) - Todo bem de


Giffen é um bem inferior, porém nem todo bem inferior é um bem de
Giffen.

102. (CESPE/Unb – Polícia Federal – 2000) – Ao longo da curva de preço-


consumo, a renda nominal permanece constante.

103. (CESPE/Unb – Polícia Federal – 2000) – Para dois bens quaisquer,


quando a curva renda-consumo é positivamente inclinada em toda a sua
extensão, é correto afirmar que esses produtos são bens normais.

104. (CESPE/Unb – Analista – MPE/TO – 2006) – Se a curva de demanda


de um bem é vertical, então, este bem deve ser um bem inferior e,
portanto, sua elasticidade renda deve ser negativa.

GABARITO
01 E 02 C 03 C 04 E 05 E 06 C 07 E
08 C 09 E 10 C 11 E 12 C 13 E 14 E
15 C 16 C 17 C 18 C 19 E 20 C 21 C
22 E 23 E 24 E 25 E 26 C 27 E 28 E
29 E 30 E 31 E 32 C 33 C 34 E 35 E
36 E 37 E 38 E 39 C 40 C 41 C 42 E
43 C 44 E 45 E 46 C 47 E 48 C 49 E
50 C 51 E 52 C 53 E 54 E 55 E 56 E
57 C 58 C 59 E 60 E 61 E 62 E 63 E
64 E 65 E 66 C 67 E 68 E 69 E 70 E
71 C 72 E 73 C 74 C 75 C 76 E 77 C
78 E 79 C 80 C 81 E 82 E 83 E 84 E
85 E 86 C 87 C 88 E 89 C 90 C 91 E
92 E 93 E 94 E 95 E 96 E 97 C 98 E
99 E 100 E 101 C 102 C 103 C 104 C

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