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Demanda por moeda em Friedman: o restabelecimento da TQM

6. Demanda por Moeda no Modelo


Monetarista
6.1. Demanda por moeda em Friedman:
o restabelecimento da TQM

Carvalho et al. (2015: cap. 6)

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Demanda por moeda em Friedman: o restabelecimento da TQM

Monetaristas

Os monetaristas reformulam a teoria quantitativa da moeda,


aprimorando a especificação da função de demanda por moeda,
mas mantêm suas conclusões principais - o papel determinante da
renda em relação à demanda por moeda e a neutralidade da
moeda no longo prazo.

Em acordo com a tradição clássica, os autores mantêm a


determinação do nível de produto e emprego no longo prazo a
partir da tecnologia, acumulação de capital, crescimento
populacional e preferências.

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Monetaristas e Friedman

O autor de maior destaque desta escola é Milton Friedman.

Para Friedman, a equação de Cambridge, M = kPY, poderia ser


reinterpretada como uma função de demanda por moeda onde P
e Y são as variáveis determinantes principais e k é função estável
de algumas outras variáveis que mantêm a velocidade-renda da
moeda previsível, mesmo sem ser constante.

Como resultado, para o autor, permanece válido que alterações na


oferta de moeda, sob controle da autoridade monetária, geram
alterações sobre a renda nominal, com efeitos reais a curto prazo
e estritamente nominais a longo prazo.

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Modelo de Friedman

Friedman, em seu artigo "A teoria quantitativa da moeda - uma


reafirmação" de 1956, identifica a TQM como uma teoria da
demanda por moeda inserida no contexto de uma teoria de
alocação de portfólio (teoria de capital), sendo a moeda uma
espécie de "ativo" que constitui uma alternativa, dentre várias,
para se manter a riqueza.

Ele compara a decisão de demandar moeda (ou qualquer outro


ativo) à decisão de demanda por um serviço de consumo.

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Modelo de Friedman

Neste sentido, a demanda por moeda é função:


i) da "restrição orçamentária", neste caso ditada pela riqueza
total, que inclui todas as fontes de renda ou serviços;
ii) dos preços e retornos nos diversos ativos; e
iii) dos gostos e preferências dos agentes detentores de riqueza.

Isto é, os agentes deverão compor seus portfólios de forma a


maximizar sua utilidade, tendo em vista o rol de ativos disponíveis.

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Modelo de Friedman
Restrição Orçamentária
A riqueza total, W, inclui todos os ativos como moeda, títulos,
bens de capital e capital humano e poderia ser definida a partir do
fluxo descontado da renda permanente: W = Y/r.
A renda permanente reflete a “capacidade de usufruto
permanente da riqueza existente, desprezando-se flutuações
conjunturais”, Y, aproximada pelas rendas médias correntes e
passadas.
Assim, a demanda por moeda seria função direta do nível de
renda permanente da economia:
Md = f(Y), sendo dMd/dY > 0.
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Modelo de Friedman

Restrição Orçamentária

Moeda M

a a’
Md Curva Md’
a
Indiferença Md
CI’
Y = r.W Y Y’ CI
Z Outras formas Z Z’ Z
de riqueza

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Modelo de Friedman

Preferências Individuais

A principal diferença entre os ativos que influenciariam a


formação de carteira dos agentes seria a composição de seus
fluxos de renda.

Neste sentido, os ativos alternativos considerados seriam:

i) Moeda

Ativo aceito como meio de pagamento a valor nominal fixo e com


retorno não monetário e subjetivo associado, em geral, à
comodidade e segurança, avaliados de diferentes formas e
diferentes contextos;
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Modelo de Friedman

Preferências Individuais

i) Moeda (cont.)

Md = f(u), onde dMd/du > 0 e u = preferências e incertezas que


afetam a utilidade da moeda (condições estruturais, conjunturais
e de expectativa – ex. distribuição de renda, estabilidade político-
institucional).

Caso se considere a existência de inflação (p), então o valor


nominal fixo representará uma valor real menor, diminuindo a
utilidade da moeda:

Md=f(p), onde dMd/dp < 0


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Modelo de Friedman

Preço e Retorno dos Ativos (custo de oportunidade)

ii) Títulos

Ativos com direito a fluxos periódicos de pagamento sob a forma


de juros prefixados em termos nominais e potencial
valorização/desvalorização;

iii) Ações

Ativo com direito a fluxos periódicos de pagamento sob a forma


de dividendos variáveis em termos nominais e potencial
valorização/desvalorização;

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Modelo de Friedman

Preço e Retorno dos Ativos (custo de oportunidade)

iv) Bens Físicos

Ativo produtivo com expectativa de fluxo periódico de pagamento


variável sob a forma de lucro derivado do resultado das empresas
ou da remuneração pela prestação de serviços (ex. imóveis) e
potencial valorização/desvalorização;

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Preço e Retorno dos Ativos (custo de oportunidade)

Assim, os ativos não monetários (títulos, ações e bens físicos) têm,


em geral, um fluxo periódico de rendimento, como juros,
dividendos, lucros e aluguéis, além de poderem sofrer valorização
ou desvalorização como reflexo de mudanças em seus preços
relativos.

Quão maior o retorno esperado dos ativos não monetários (ra -


renda fixa, rb - renda variável), maior o custo de oportunidade de
se reter moeda no portfólio, portanto:

Md = f(ra, rb), onde dMd/dra < 0 e dMd/drb < 0

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Preço e Retorno dos Ativos (custo de oportunidade)

Md = f(ra, rb), onde dMd/dra < 0 e dMd/drb < 0

(ra, rb)’>(ra, rb)


Moeda M

a
Md Curva a
Indiferença Md
a’ CI
Md’
Y = r.W Y Y’
Z Outras formas Z Z’ Z
de riqueza

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Modelo de Friedman
Preço e Retorno dos Ativos
v) Capital Humano
Ativo com expectativa de fluxo periódico de pagamento sob a forma
de salários decorrente do emprego em atividade produtiva.
Como o "capital humano" (Rh) é um ativo de baixa liquidez, uma vez
que não se negocia o próprio ativo, o ser humano, mas apenas o
serviço prestado por ele, o trabalho, que será remunerado sob a
forma de salário, então, quão maior a participação do capital
humano no estoque de riqueza de um indivíduo, maior será a sua
demanda por moeda para compensar a falta de liquidez.
Md = f(w), onde dMd/dw > 0, w = Rh / Rnh e Rnh = riqueza não
humana.
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Modelo de Friedman
Função de demanda por moeda é dada por:
M/P = f(Y, u, p, ra, rb, w)
Y = renda permanente
u = fatores subjetivos (preferências e incerteza)
p = inflação
ra = taxa de retorno esperada de ativos de renda fixa (títulos)
rb = taxa de retorno esperada de ativos de renda variável (ações e
bens físicos)
w = relação entre riqueza humana e não humana
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Resultado
Função de demanda por moeda e o curto prazo
A função demanda por moeda, na visão de Friedman, poderia ser
escrita de maneira simplificada na forma da TQM tradicional:
M/P = f(Y, u, p, ra, rb, w) => M = kPY
onde uma mudança da oferta de moeda tem impactos no curto
prazo sobre qualquer variável, incluindo Y e a taxa de retorno dos
diversos ativos, logo, k.
O efeito potencial sobre Y seria resultado de erro na formação das
expectativas dos agentes sobre o comportamento dos preços, em
situação onde a inflação inicial é menor do que a inflação corrente, e
da baixa elasticidade da demanda por moeda em relação à taxa de
juros (segundo estudos empíricos), que mantém k relativamente
estável.
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Resultado

Função de demanda por moeda e o longo prazo

No longo prazo, no entanto, quando os agentes já ajustaram suas


expectativas, o impacto recairia apenas sobre P, tal como proposto
pela TQM.

Função de demanda por moeda

Em todos os casos, a demanda por moeda seria função da riqueza


total dos agentes, capturada pela renda permanente, aproximada
pela renda nacional.

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