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NULIDADE DO (NO) PROCESSO PENAL BRASILEIRO: UM CAOS DOUTRINÁRIO E

JURISPRUDENCIAL

O processo penal brasileiro possui nítida matriz inquisitorial fruto de uma legislação

desevolvida em um período histórico autoritário. Entretanto, em que pese o marco


constitucional de 1988,

ainda assim se discute a aplicação de princípios constitucionais no Código de Processo Penal de


1940. Não

bastando, em que pese as alterações promovidas no ano de 2008, persistem dispositivos

inconstitucionais no CPP, deixando a mercê dos operadores do direito a declaração pelo


controle difuso

de constitucionalidade o seu reconhecimento. O resultado são violações de direitos


fundamentais e

a sorte lotérica do processo penal. O presente artigo pretende apontar esta base teórica,
expor um

processo penal condizente com os direitos fundamentais para por fim expor a perplexidade
que decisões judiciais

remetem.

De início, considerando o processo como um procedimento em contraditório, bem


como a reserva da

jurisdição, somente haverá nulidade se o Poder Judiciário a declarar. Deste modo, categorias
de nulidades

relativas ou absolutas, mera irregularidade e inexistência se revelam ultrapassadas no âmbito


do
processo penal.

Não bastanto, o CPP adota a posição mitológica da verdade substancial no seu art.
566, já tão criticada

por inúmeros doutrinadores de relevo, como Ferrajoli e Jacinto de Miranda Coutinho.

De destaque também incompreensível é a previsão do art. 564, III, alíneas 'a', 'b', 'c' e
'd', que possui

dispositiv os revogados noutros locais do próprio CPP.

E arrematando o caos, a compreensão civilista da ausência de prejuízo, quando o mais


relevante é a

preservação do devido processo legal. Como bem menciona Alexandre de Moraes:

"A ausência de prejuízo é um estelionato processual. Sempre. Assim é que, superada a


distinção arbitrária e

sem sentido, todas as hipóteses de violação ao devido processo legal substancial serão
declaradas nulas[2],

manejando-se a noção de doping, conforme sublinhei no livro A Teoria dos Jogos Aplicada ao
Processo Penal."

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