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Aborto: gravidez em caso de estupro

Em primeiro plano, é valido apontar a definição de estupro: conforme a Lei nº 12.015,


de 7 de agosto de 2009, define-se o crime de estupro como: “Constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir
que com ele se pratique outro ato libidinoso” (art. 213). Ou seja, um homem também
pode ser vítima de estupro e uma mulher pode engravidar de um ato de violência sexual
mesmo que não haja penetração. Anteriormente, o estupro era definido como crime
praticado exclusivamente contra a mulher e mediante a prática de conjunção carnal
(penetração do pênis na vagina).

Conforme a visão do jurista norte-americano Ronald Dworkin sobre a questão ética em


relação ao aborto - “o aborto nunca é permissível por razões triviais ou frívolas; nunca é
justificável, a menos que praticado para impedir algum dano grave”. (DWORKIN,
2003, p.45) - logo é válido (apesar de supostamente fazer parte do senso comum)
colocar o aborto em casos de estupro, na linha de pensamento acima; não se trata apenas
de um motivo trivial, portanto é justificável, e por isso o Código Penal brasileiro
permite a realização desse ato.

Art. 128, inciso II - "se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de


consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal."

-> Vale ressaltar que o aborto (denominado 'aborto emocional') é viável nesses casos em
até 20 (**entre as fontes que vi, esse período abrange de 20 até 24) semanas após a
concepção

Há uma constante discussão em relação ao "aborto ético”, afinal a questão envolve um


conflito entre o direito de escolher e o direito à vida, e especificamente nos casos de
estupro, houve violação dos Direitos Humanos da mulher em questão (a capacidade
ética de decisão sobre a própria sexualidade e reprodução). A dissidência em relação à
opinião quanto a esse tema envolve até mesmo doutrinadores, os "conservadores" e
"liberais", demonstrando a polêmica em relação à pauta -

“para alguns deles (conservadores), o aborto é moralmente permissível não apenas para
salvar a vida da mãe, mas também quando a gravidez é resultado de estupro ou incesto.
Quanto mais se admite tais exceções, mais claro se torna que a oposição ao aborto não
pressupõe que o feto seja uma pessoa com direito à vida”. (DWORKIN, 2003, p.43-
44) , porém há muitos doutrinadores que defendem a não realização de aborto no caso
de estupro, pois o feto possui total viabilidade de vida extra-uterina (apesar de tratar-se
de uma gravidez indesejada).

*DWORKIN, Ronald. Domínio da vida: aborto, eutanásia e liberdades individuais. SP.

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