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Teorias explicativas do conhecimento

O problema da origem do conhecimento

 Conhecimento a priori
Independente da experiência.
Ex: 3+3=6.

 Conhecimento a posteriori
Pendente da experiência.
Ex: existem elefantes em Lisboa.

 Afirmação analítica
O predicado está contido no conceito do sujeito.
Ex: os vivos não estão mortos.

 Afirmação sintética
O predicado não está contido no conceito do sujeito.
Ex: os gatos são animais de companhia.

 Verdade necessária
Tem de ser verdadeira em qualquer circunstância ou em todos os mundos possíveis.
Ex: se os felinos são carnívoros, os gatos são felinos, então os gatos são carnívoros.

 Verdade contingente
É verdadeira tal como as coisas são num dado lugar ou tempo.
Ex: os dias de inverno são frios.

 Inato
É apenas uma noção temporal que se refere a certos conceitos, crenças ou capacidade
que são possuídos à nascença.

A teoria racionalista

A origem do conhecimento é a razão.


Esta teoria utiliza como fonte de conhecimento a razão e o pensamento.
É utilizada a razão pois esta garante uma aquisição, ou justificação do conhecimento
sem recorrer à experiência – a priori.
Nesta teoria os sentidos são desprezados como fonte de conhecimento, visto que este
tem de satisfazer dois critérios, a lógica e a universalidade.
O ideal do conhecimento pressupõe a natureza dedutiva do saber, a partir de
premissas claras, onde o conhecimento é visto como verdadeiro e evidente.
Sempre que a razão julga algo, este algo é assim porque tem de ser, e, portanto, é um
conhecimento verdadeiro.
René Descartes e o racionalismo

A razão por si só constrói um conhecimento universalmente válido.


“Se nada é seguro, então só o erro é certo”.
Descartes tenta combater o ceticismo, procurando um método que conduzisse a razão
à verdade.

 Como procede o espírito para construir um conhecimento verdadeiro?


O espírito deve proceder de uma forma metódica, de modo a eliminar qualquer dúvida
que possa haver.

 Dúvida cartesiana
- Metódica: é utilizada para descobrir o absolutamente correto. É a forma pela qual
Descartes atinge o seu primeiro princípio, o cogito, de uma forma clara e distinta.
- Provisória: duvidar tem como finalidade alcançar uma verdade que resiste à dúvida
- Universal
- Hiperbólica: apenas o certo é indiscutível, sendo que tudo o que não resiste à dúvida
é falso. É a dúvida levada ao extremo, apresentando a possibilidade da existência de
um génio maligno, com o objetivo de garantir que o seu primeiro princípio resiste a
todas as dúvidas.

 Cogito
Rejeitou toda a informação que tem como base os sentidos.
Rejeitou o conhecimento racional.
Rejeitou tudo o que estava na sua mente.

Surge uma certeza incontestável – “Penso, logo existo”.

Verdade: absolutamente primeira; estritamente racional; exclusivamente a priori;


indubitável; evidente, uma ideia clara e distinta.

 Génio maligno.
A função da hipótese do génio maligno é reforçar a verdade do primeiro princípio, ou
seja, de que somos seres pensantes. Com esta possibilidade do génio maligno
Descartes amplia ao máximo a função da dúvida, tornando-a hiperbólica. Mas embora
haja a possibilidade de não possuirmos nenhuma verdade. Ao podermos ser
enganados e ao suspeitarmos disso tornamo-nos seres pensantes, “Penso, logo
existo”.

 Qual o critério que permite identificar um conhecimento como verdadeiro?


Para um conhecimento ser verdadeiro tem de ser evidente.
Todas as coisas que são concebidas distinta e claramente são verdadeiras.

Tipos de ideias:
- Adventícias: surgem através do mundo exterior – experiência.
- Factícias: são originadas na imaginação.
- Inatas: nascemos com elas.

 Quem garante esse critério?


Sendo que ninguém é perfeito, a ideia de perfeição só pode surgir de uma fonte, Deus.
Logo, como Deus é perfeito tem de existir.
Existe um Deus, e tudo depende dele.
Ele não é enganador, portanto tudo o que Descartes considera distinta e claramente, é
verdadeiro.
A certeza e a verdade de toda a ciência dependem de Deus.

Críticas ao racionalismo cartesiano

 Exclusivista
O racionalismo destacou o papel da razão no conhecimento humano.
Ao fazê-lo tornou-se exclusivista.
Única fonte do conhecimento a priori.
O projeto racionalista cartesiano é inspirado pela matemática.
As vias tradicionais, as impressões e a experiência são rejeitadas, por não serem
fidedignas.
 Dogmático
Descartes diz quer a partir do primeiro princípio, o cogito é possível ao ser humano
construir um conhecimento absolutamente seguro.
Encontrar verdades universalmente válidas e logicamente necessárias.
As ideias claras e distintas, dizem respeito ao mundo físico.
 Circular
Para saber se as ideias claras e distintas são verdadeiras, Descartes tem de saber se
Deus existe e é perfeito.
 Afirma a existência como predicado
Da perfeição de deus descartes deduz a sua existência.
Kant objetou contra este argumento, dizendo que a existência não é um predicado.

A teoria Empirista

A origem do conhecimento é a experiência.


Em oposição ao racionalismo temos o empirismo.
Todo o conhecimento baseia-se na experiência sensível.
A experiência tem como base os nossos sentidos.
A concessão empirista está ligada a:
 Locke
 Hume
 Berkeley
Nada está na razão que não tenha estado previamente nos sentidos.
A ideia de tábua rasa reforça a ideia de que a mente é vazia.
Todos os conhecimentos que o ser humano possuí são fruto da aprendizagem, através
da experiência.
Alguns empiristas afirmam que todo o conhecimento é a posteriori.
Outros dizem que certas verdades podem ser a priori.

David Hume e o Empirismo

O costume é o grande guia da vida humana.


Empirista e cético, o seu principal objetivo foi mostrar que fazemos parte de uma
ordem natural.
 Todo o conhecimento deriva da experiência.
 A mente é uma tábua rasa.
 Não existem ideias inatas.

 De onde provém o conhecimento?


Todo o conhecimento provém da experiência.
Os primeiros dados do conhecimento são as impressões sensíveis, a perceções ou
representações.
Segundo Hume existem 2 tipos de perceções as impressões e as ideias.

Impressões
 Sensação – cores, sons
 Reflecção – alegria, ódio
 Corresponde a experiências

Ideias
 Memória
 Imaginação
 Cópias das impressões

Hume afirma que é impossível aos seres humanos terem uma ideia de algo que não
tenham experimentando enquanto impressão.

As ideias precisam de um critério de sentido. Uma ideia tem sentido se é apoiada em


impressões.

Hume afirma a existência de ideias simples e de ideias complexas.

As ideias simples são ideias que não podem ser decompostas, como a ideia de cor ou
de forma, derivam de impressões simples.

As ideias complexas são combinações de ideias simples. A ideia de montanha dourada,


é uma ideia complexa, pois é composta pelas ideias simples de montanha e dourado.
Montanha
Montanha (ideia Dourado (ideia
dourada (ideia
simples) simples)
complexa)

 Como procede o espírito ao rececionar e construir conhecimento?

O nosso raciocínio funciona por associações de ideias.

Segundo Hume, quando pensamos, fazemo-lo por associação de ideias.

Semelhança – se dois objetos se assemelham, então a ideia de um conduz ao


pensamento de outro.

Contiguidade no espaço e no tempo – se dois objetos são contínuos no espaço e no


tempo, a ideia de um leva facilmente à ideia de outro.

Causa ou efeito – pensamos os objetos em função da relação de um com o outro. A


causa traz-nos ao pensamento, o efeito transporta o pensamento para a causa.

A mente tem então, as suas próprias leis.

 Que tipo de conhecimento podemos obter?

Podemos obter dois tipos de conhecimento:


 Conhecimento de ideias.
 Conhecimento de factos.

Conhecimento de ideias
 É um conhecimento a priori, consiste em estabelecer relações entre as ideias.
 A sua verdade pode ser conhecida por indução.
 As verdades da lógica ou da matemática, podem ser conhecidas sem recurso às
impressões.
 As ideias são verdades analíticas que não nos dizem nada sobre o que existe e
acontece no mundo.

Conhecimento de factos

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