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TEMA DA SEMANA
2 Savana 15-05-2020
D
ois dias de audições, os do e a pedido do seu subordinado
três primeiros réus ouvi- Agapito Matavele teve que recu-
dos no julgamento ligado perar a pistola deste deixada num
ao assassinato do activista cemitério, tendo-a devolvido ao
Anastácio Matavele dão uma ima- arsenal da unidade. Nas suas decla-
gem miserável de uma das mais rações faltava apenas uma munição
temidas unidades paramilitares na “NP22” de Agapito.
do país, treinada para intervir em Nas próximas audiências, o tribu-
operações especiais e contenção de nal liderado pela juíza de Direito
alterações à lei e ordem. Ana Liquidão vai ouvir os arguidos
Alfredo Macuácua (detido), chefe
Revisitando as motivações do cri- da sub-unidade da UIR (Unidade
me, em declarações no Tribunal de Intervenção Rápida) acusado
Judicial de Gaza, na cidade do Xai- de autoria moral no homicídio de
-Xai, os réus Euclídio Mapulasse e Matavele, Justino Muchanga, o
Edson Silica disseram que foram chefe do armeiro como encobridor
contactados pelo chefe de pelotão do crime de homicídio qualificado,
Agapito Matavele a 19 e 24 de Se- Januário Rungo, chefe do Estado-
tembro de 2019, respectivamente, -Maior da companhia do GOE,
para integrarem uma missão cujos também como encobridor do crime
contornos disseram desconhecer de homicídio qualificado e Ricar-
até ao momento dos disparos sobre do Manganhe, que reclama ser o
o inditoso Matavele, quando saía proprietário da viatura utilizada no
na manhã do dia 7 de Outubro de crime.
2020 do lançamento de mais uma A defesa dos réus está a cargo de
formação para observadores eleito- Sala de audiências do tribunal de Xai-Xai foi pequena para albergar muitos interessados em seguir o julgamento Elísio de Sousa, oficialmente advo-
gado da polícia, Alicerce de Jesus,
rais. Contradições no seio do ambos estivessem na posse de pis- tes, mas tal não aconteceu porque
Álvaro Rogério, Albino Faduco e
O grupo de operacionais que se grupo tolas levantadas no armeiro da uni- “o Chefe de Estado” estava de visi-
fazia transportar numa viatura dade policial. O primeiro porque Noé Vasco Sitoe. A família da ví-
Segundo Mapulasse, 1º. Cabo 11 ta à província”.
Toyota Mark X integrava também estava “no banco do meio” na parte tima constituída em assistente do
anos ao serviço da corporação, os Guirrugo, que está detido, é acusa-
Nóbrega Chaúque e Martins Wi- de traz da viatura e Silica porque se processo nomeou os advogados
tiros fatídicos foram disparados do de homicídio qualificado, con-
lliamo, ambos já falecidos, depois ocupava da condução. Este não se Félix Mukaxe e Flávio Menete. A
por uma pistola Norinco NP22, de juntamente com os sobreviventes
da viatura envolvida no atentado recorda de ter ouvido Agapito a dar acusação do MP está a cargo dos
9mm, na posse de Agapito Mata- do “grupo operacional”. Ele contou
ordem de fogo e, na sua opinião, “a procuradores Luís Vianheque e
ter capotado próximo do cruza- vele, ora foragido e que ocupava na
ordem veio da parte de traz”. No ao tribunal que no dia do atenta- Leonardo Cumbe.
mento da estrada que vai à praia viatura o assento da frente, também
do Xai-Xai e a N1 que atravessa a conhecido pelo “lugar do morto” e seu depoimento disse que momen-
capital de Gaza em toda a sua ex- por Martins Williamo que utilizou tos antes de conduzir o Mark X
tensão. uma metralhadora AK47 com pro- em posição paralela ao Isuzu con-
A viatura está registada em nome
de Henriques Machava, o edil da
cidade do Chibuto, mas este decla-
jécteis de 7,62 mm e que se sentava
imediatamente atrás de Agapito.
O exame pericial revelou que o as-
duzido pela vítima, foi informado
por Williamo que iam “assaltar um
Kota cheio de dinheiro”.
O guião para a negação
A
rou que a vendeu a um colaborador Os autos falam em reuniões prepa-
sassinado foi atingido por 13 pro-
no município, o professor Ricardo ratórias para o atentado em 4, 5 e 6 o fim de três audições dos polícias envolvidos no assassi-
jécteis, maioritariamente dirigidos
de Outubro, mas ambos disseram nato de Anastácio Matavele, parece mais ou menos claro
Manganhe, que também é arguido para a zona do torso. Matavele deu
ao tribunal que as “reuniões” foram o cenário traçado por quem nos bastidores comanda o jul-
no processo, enquanto Machava entrada no hospital da cidade em
para “beber cerveja”. Habitualmen- gamento dos agentes de uma das mais temidas unidades
acabou por não se sentar no banco agonia pelas 10.54H e o seu óbi-
te na barraca Xirico, não muito lon- paramilitares de Moçambique.
dos réus, por ter sido despronuncia- to viria a ser declarado às 11.10H. ge de onde aconteceu o atentado,
do. Manganhe emprestou a viatura Segundo o mesmo depoimento, mas também no centro de recru- Dado que há um agente foragido e dois que foram para o reino dos
a Nóbrega Chaúque, que não tinha Agapito, que não é patenteado, mas tamento militar (4) e no mercado mortos no próprio dia do assassinato, a táctica é passar tudo para os
carta de condução, que por sua a exercia as funções de chefe de pelo- Lafamba Bicha (6). ausentes. Foi Agapito quem escolheu os homens para a missão, foi
vez a entregou ao colega Edson tão, deu a ordem de abrir fogo. Mapulasse acha que quem escolheu Nóbrega quem trouxe a viatura e Martins quem disparou a AK47
Silica, com a patente de subinspec- Mapulasse e Silica, que também foi o grupo de operacionais foi o co- conjuntamente com Agapito. Uma táctica ilusória uma vez que a
tor. Ele foi o condutor do Mark X ouvido em tribunal no segundo dia mandante da companhia do GOE culpa não se dissipa pelo facto de não se disparar.
na operação para abater o activista de audiências, declararam que não (Grupo de Operações Especiais), o Uma segunda linha de argumentação é restringir a participação no
Matavele. fizeram qualquer disparo embora inspector principal Tudelo Guir- homicídio ao “grupo dos cinco”, os ocupantes do Mark X. A ideia
rugo, 27 anos ao serviço da corpo- é afastar responsabilidades acima no comando da companhia do
ração. Guirrugo, que também está GOE, na sub-unidade da UIR e ainda mais acima, pois é pouco
preso, negou a informação, como provável que a decisão operacional tenha partido das casernas da
negou também ter distribuído bo- unidade paramilitar em Xai-Xai.
nés, camisetas e capulanas da Fre- Na estratégia encenada não se poupam argumentos. Prestigiados
limo para o grupo de operacionais comandantes na UIR acompanham revoltados uma descrição de
depois de terem sido entregues pelo operacionais temidos e bem treinados envolvidos em rotineiras
misterioso funcionário do partido, “sessões de copos” entre a barraca Xirico na cidade alta e as barracas
Alfredo Augusto Chichongue. do mercado Lafamba bicha, na baixa. Numa promiscuidade pouco
Guirrugo anuiu ter “estado nos co- comum no meio castrense em que guardas partilham rodadas de
pos” com o grupo operacional nos cerveja com os seus oficiais de comando.
encontros de 4, 5 e 6 de Outubro, A ideia é afastar qualquer participação institucional da polícia,
algo que pareceu estranho aos ma- como se desconfia, ou o cenário de “um Estado dentro do Estado”
gistrados do MP (Ministério Pú- que acolhe o formato dos “Esquadrões da Morte” e a “indústria dos
blico) e o advogado assistente da raptos”. Falar em Frelimo no julgamento parece heresia.
família da vítima, Félix Mukaxe. Nestes cenário, faz sentido “efeito Sheltox” do advogado Elísio de
O cabo Euclídio também negou Sousa.
declarações suas feitas em interro- Esperemos pelos próximos episódios.
gatório de que o atentado contra F. L.
Juíza Ana Liquidão Matavele deveria ter ocorrido an-
TEMA DA SEMANA
Savana 15-05-2020 3
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eina um ambiente dos fora
da lei que roça a crimes de
corrupção e abuso de poder
na província de Tete, centro
de Moçambique. Ao que apurá-
mos, as ilegalidades e arbitrarieda-
des têm como protagonista o chefe
substituto do Serviço Provincial de
Florestas e Fauna Bravia (SPFB)
naquela província, Damião Calia-
no. Os abusos estarão a acontecer
sob um olhar impávido do governo
provincial, da Direcção Nacional de
Florestas (DNF) e das autoridades
judiciárias. Em menos de um mês,
Damião Caliano terá inventado
uma figura jurídica estranha à legis-
lação florestal e atribuiu mais de 30
autorizações a diferentes entidades
para o abate, arrasto, transporte e
exploração madeireira em Tete.
Na mesma linha, atribuiu licenças
de exploração florestal a esposa e o
filho. Ao SAVANA, Damião Calia-
no negou falar do assunto e o direc-
tor Nacional das Florestas (DNF), Ignorando a lei que proíbe a exportação de madeira em toros e o diploma ministerial que interdita a exploração de Mondzo, Damião Caliano autorizou a exportação de 15
mil metros cúbicos de madeira para China
Xavier Sacambuera, disse que não
estava a par do mesmo e que iria se Sucede que, com problemas provo- retirados do local da exploração no rios ao seu consumo próprio; explo- to Administrativo de Nhamayabwe,
inteirar. cados pela pandemia da Covid-19, momento do abate. ração em regime de licença simples distrito de Mutarara para a cidade
facto que obrigou o Governo a de- A actividade verifica-se após a con- que só será permitida às pessoas de Tete.
Caliano é chefe interino do SPFB cretar o estado de emergência, limi- firmação dos volumes existentes singulares moçambicanas, às pessoas No caso da cidadã em alusão, o SA-
há mais de três anos e acumula o tando um conjunto de actividades, o através do Certificado de Produto colectivas constituídas, exclusiva- VANA constatou, nos arquivos da
posto com o de chefe de fiscaliza- sector não foi excepção e as activi- em Estância emitido pelo SPFB. mente, por cidadãos moçambicanos, então direcção provincial de Terra,
ção na direcção provincial de Terra Contudo, devido ao uso abusivo das e às comunidades locais que preten- Ambiente e Desenvolvimento Ru-
dades florestais também foram limi-
e Ambiente de Tete. prorrogativas do instituto de Cer- dam explorar os recursos florestais ral, que não pagou a licença para a
tadas.
Soube o SAVANA que por força tificado de Produto em Estância, o para fins comerciais, industriais e exploração madeireira em 2018 e
Para responder questões especiais, então ministro da Terra, Ambiente e energéticos num limite de 500 me- 2019 para além de que, no inven-
do artigo 13, do Decreto número
o Regulamento da Lei de Florestas Desenvolvimento Rural, Celso Cor- tros cúbicos ano (por Decreto do tário florestal para o ano 2019, não
12/2002 de 7 de Julho que aprova
e Fauna Bravia abre, através do ar- reia, ordenou através do despacho Conselho de Ministros de 28 de consta a madeira de espécie Mondzo
o Regulamento da Lei de Florestas
tigo 14, uma excepção e refere que datado de 29 de Março de 2018, a Abril de 2020, este regime foi sus- por estar interdita.
e Fauna Bravia, foi estabelecido o
período de defeso geral para a ex- durante o período de defeso é per- suspensão das emissões dos Certifi- penso por dois anos) e o regime de Antes, mais concretamente no dia
ploração florestal de espécies nativas. mitido apenas o transporte de pro- cados de Produtos em Estância. Concessão florestal que é concedida 22 de Janeiro de 2020, em pleno
Neste período, que vai de 1 de Janei- dutos florestais do local do corte até É que com o documento em alusão, a um determinado operador, através período de defeso, Damião Caliano
ro a 31 de Março, é vedado o abate, ao mercado ou indústria florestal os madeiros desonestos em conluio do contrato de concessão florestal, exarou um despacho com o número
arraste e o transporte dos recursos dos recursos florestais abatidos mas com alguns agentes públicos, em vez destinada à exploração florestal para 01/SPFBT/2020 no qual autoriza-
florestais. que por qualquer motivo não foram de recolher a madeira antiga, usavam o abastecimento da indústria, me- va a empresa CPM Importação e
a oportunidade para novos cortes. diante um plano de maneio. Exportação limitada a exportar de
Usando as suas próprias fórmulas, Moçambique para China, através do
0iÀD´&DOLDQDµ Damião Caliano emitiu, a 4 de Maio Porto da Beira 11.237 toros de Um-
Sem espaço para a emissão de novas de 2020, o despacho de autorização bila, 7.905 de Chacate preto, 79.240
licenças e muito menos para passar número 32/SPFBT/2020 no qual toros de Chanato e 22.230 de Mon-
Certificados de Produtos em Estân- autorizava a empresa Concessão dzo totalizando 132.312 mil toros, o
cia, o SPFB de Tete, na pessoa de Florestal Zambeze Agro Florestal a equivalente a 15 mil metros cúbicos.
Damião Caliano, encontrou nova transportar do distrito de Doa para a Roga o artigo 10 do Decreto nú-
fórmula e inventou o instituto de cidade de Tete, 1250 toros de Mon- mero 12/2002 de 7 de Julho que o
autorizações. dzo e igual número de Chacate pre- transporte de produtos florestais
Trata-se de uma figura jurídica que to, todas espécies de primeira classe. por quaisquer vias carece de guia de
não consta nas leis que regem o sec- No dia seguinte, através do despa- trânsito. Porém, Damião Caliano
tor florestal em Moçambique. cho número 33/SPFBT/2020, o substituiu a guia de trânsito pela fi-
O Decreto número 12/2002 de 7 chefe substituto dos SPFB de Tete gura de autorizações.
de Julho estabelece três regimes de exarou um documento, à favor da ci- Além de invenção da figura de au-
exploração florestal nomeadamente: dadã Marcelina Pereira Salé no qual torização nos despachos do chefe
exploração para consumo próprio autorizava o transporte de 383 toros substituto do SPFBT há outras ir-
que consiste nas comunidades locais de Chanato, 175 toros de Mondzo e regularidades.
extrair os recursos florestais necessá- 375 toros de Chacate preto do Pos- Por despacho datado de 29 de Mar-
ço de 2018, o então ministro da Ter-
ra determinou a proibição de explo-
ração e recolha madeiras de espécie
Mondzo e Pau-Ferro, bem como a
exportação de madeiras de espécie
Chafuta, Umbila e Jambire.
Antes, o Parlamento aprovou a Lei
número 7/2010 de 13 de Agosto que
cria a Taxa de Sobrevalorização de
madeira e proibição de exportação
de madeira não processada ou em
toros.
Continua na pág. 6
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TEMA DA SEMANA
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TEMA DA SEMANA
6 Savana 15-05-2020
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Continuação da pág. 8
/LFHQoDVSDUDHVSRVDHÀOKR relativas à exploração dos recursos quase que incompatíveis por longo 20% e da responsabilidade social das )XJLUFRPRUDERjVHULQJD
Os desmandos não se limitam a vio- florestais e responsável pela garantia tempo. empresas madeireiras. Nesta quarta-feira, o SAVANA
lação da lei e abuso de autoridades. da tramitação do expediente para a Em resposta, Auade disse que já A fonte sublinha que mesmo que abordou Damião Caliano, e este, de
Também roçam ao nepotismo. emissão de licenças de exploração se tinha nomeado o novo chefe do seja madeira abandonada no mato, a forma lacónica, disse que não tinha
Damião Caliano que há mais de três florestal a nível provincial. SPFB e que seria apresentado. Con- figura de autorização nunca é cha- nada a falar sobre o assunto e que,
anos acumula as funções de chefe de Portanto, antes de emitir a licença tudo, um ano depois, o SPFB conti- mada à colação para a sua retirada na para qualquer esclarecimento, o jor-
fiscalização e de SPFB de Tete emi- florestal, o chefe do SPFB solicita o nua a ser gerida de forma interina. medida em que existe um despacho nal devia deslocar-se ao seu gabinete.
tiu duas licenças florestais à favor da parecer do chefe de fiscalização que ministerial que diz que a madeira Por seu turno, o director nacional de
esposa e do filho. tem a competência de verificar se, (VWDGRGHIUDXGDGR abandonada será recolhida pelo Es- Florestas, Xavier Sacambuera disse
Para o filho Avogadro Damião Ca- na área requerida, há ou não recur- De um especialista em engenharia tado e revertida à favor deste. Isto é, que não estava a par dos despachos e
liano, o chefe substituto dos SPFBT sos em quantidades admissíveis para florestal, o SAVANA soube que a a madeira deve ser recolhida, avalia- que iria se inteirar do assunto junto
ordenou a concessão de uma área a exploração e recomenda ou não a figura de autorizações inventada por da e vendida em hasta pública, numa aos colegas.
de 19.800 hectares nos povoados de emissão da licença. Damião Caliano, além de ser ilegal, operação amplamente publicitada. “Senhor jornalista, estou a ouvir isso
Muanda, Thoera, Puite, Chivundira No caso concreto de Tete, Damião está a defraudar o Estado em mi-
O despacho de autorização também pela primeira vez, vou me inteirar do
e Chinsomba, Posto administrativo Caliano, na qualidade de chefe de lhões de meticais.
não permite o fiscalizador aferir a assunto. Talvez possa dizer algo nos
de Namayabue, distrito de Mutarara. fiscalização, é que vai ao terreno A simples autorização para o arrasto,
legalidade da madeira e este fica sem próximos dias”, disse.
Usando seus poderes, Damião Ca- verificar a existência dos recursos transporte, exploração e exportação
espaço para agir. Questionado se seria possível um
liano emitiu outra licença de ex- e emite o parecer para o chefe do de madeira não permite ao Estado
A título do exemplo, conta o espe- chefe interino do SPFB emitir mais
ploração florestal numa área de 10 SPFB que também é ele para au- ter o controlo de pagamento de taxas
cialista em engenharia florestal que, 30 autorizações sem o conhecimen-
mil hectares para a cidadã Isabel torizar a emissão de licença. Foi o e sobretaxas visto que não observa o
protocolo usado para a emissão das protocolo legalmente estabelecido. para os 15 mil metros cúbicos expor- to do seus superiores hierárquicos,
Gonçalves Barco Dias, por sinal sua
esposa. A concessão em alusão loca- licenças do filho e da esposa. Também tem um impacto ambiental tados para China, além de violar a Sacambuera voltou a reiterar que
liza-se na localidade de Sabandar, Estas irregularidades acontecem sob na medida em que o Estado não tem norma que interdita a exportação de o assunto era novo, mas avançou a
Posto Administrativo de Chueza, um olhar impávido dos superiores o controlo do corte anual admissível madeira em toros defraudou o Esta- possibilidade de ser a continuidade
distrito de Doa. hierárquicos mormente: o director e numa determinada área concessio- do em 26.250 mil meticais a razão das autorizações emendadas pelo
Como chefe interino do SPFB, Da- o governador provincial bem como o nada. Isto é, a autorização diz apenas de 1.725 meticais por metro cúbico. ministério de tutela em 2018 e 2019
mião Caliano tem a competência director nacional de Florestas assim que a madeira sai de um ponto para A autorização para exportação de com objectivo de se rentabilizar a
de fiscalizar a exploração e uso dos como das autoridades judiciárias. o outro e não indica a concessão em produtos florestais é da compe- madeira abandonada nas matas.
recursos florestais, assegurar na Pro- Em Maio de 2019, num encontro que é retirada, o que impossibilita o tência da Autoridade Tributária O SAVANA tentou sem sucessos
víncia a execução e divulgação das com o então governador da provín- controlo da exploração sustentável. de Moçambique (AT) que emite o ouvir a versão do Governador de
leis e regulamentos relativos a uti- cia de Tete, Paulo Auade, o Fórum Conta o especialista que a partir do certificado de exportação e não o Tete, Domingos Viola. O governan-
lização e gestão sustentável dos re- Nacional de Florestas questionou o momento que a madeira não é taxa- SPFB como consta na autorização te não atendeu as nossas insistentes
cursos florestais, divulgar e garantir dirigente das razões que pesavam na da, também não gera a receita para de Damião Caliano, datada de 22 de chamadas telefónicas até ao fecho da
a observância das normas técnicas manutenção Caliano em dois cargos as comunidades locais através dos Janeiro. edição.
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SOCIEDADE
Savana 15-05-2020 7
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Por Elias Nhaca
D
evido à actual conjun- Todos os anos, as empresas dis-
tura económica imposta tribuem mais de cinco milhões
pelo impacto da pande- de dólares em insumos e fer-
mia da covid -19, as di- ramentas agrícolas, assumindo
vergências entre os produtores e inteiramente o risco de crédito
compradores na fixação do preço junto da população rural e infor-
do algodão-caroço intensifica- mal.
ram-se. Longas horas de reu- Nos últimos anos, os volumes
nião entre os actores-chave do nacionais de exportação de algo-
negócio do algodão, na segunda- dão fibra têm variado entre os 40
-feira, não sanaram as diferen- e os 70 milhões de dólares, dos
ças entre as partes. A mediação quais cerca de 60% são canali-
do Ministério da Agricultura e zados aos produtores, através da
Desenvolvimento Rural (MA- compra da sua produção, que é
DER) foi insuficiente para se feita pelas empresas, sem inter-
chegar a um acordo. mediários.
O subsector, que conta com 10
Os produtores, representados fábricas de processamento, gera
pela sua associação (Fórum Na- cerca de 40 mil postos de traba-
cional de Produtores de Algo- lho directos e indirectos.
dão-FONPA) foram à mesa ne- O ministro da Agricultura e
gocial a defender a manutenção Desenvolvimento Rural reco-
do anterior preço de 23,30 Mt o nheceu haver uma incerteza na
Cultura de Algodão ganha novo fólego
quilo do algodão caroço de pri- comercialização do algodão para
região do globo é o maior merca- reia, avisou que a sobrevivência valor em Moçambique: produto- a campanha em curso, devido ao
meira. Não cederam nem um
do têxtil mundial. dos 250 mil produtores depende res e compradores. impacto da covid-19 na econo-
palmo na sua posição. A Asso-
“Neste momento não consegui- da sustentabilidade do sector al- Em conferência de imprensa, na mia nacional.
ciação Algodoeira de Moçambi-
mos fazer a colocação do algodão godoeiro, o que impõe um forte tarde desta quarta-feira, o presi- Sublinhou que o executivo tem
que (AAM) não estava disposta
que está no mercado”, argumen- compromisso do Governo com dente da AAM considerou que o estado a trabalhar para apoiar os
a pagar acima de 19 Mt o quilo. subsídio de 6 Mt por quilo per-
tou. esta área. A produção de algodão produtores e reforçado a capa-
Também não abriu mão da sua mitirá elevar o valor das compras
Ao SAVANA, Francisco dos gera entre 30 e 50 milhões de cidade produtiva, criando con-
posição de princípio. de algodão-caroço aos produto-
Santos assinalou que os 19 Mt dólares anuais, envolvendo cerca dições para ter reservas para o
Fundamentando a proposta, o res para cerca de 1,1 mil milhões
propostos pela associação que de 250 mil famílias. futuro.
presidente da AAM, Francisco de meticais.
dirige são uma espécie de res- Devido a esse contexto, o Con- Celso Correia adiantou que,
dos Santos, referiu que 19 Mt Qualificou o subsídio como “um
ponsabilidade social para com selho de Ministros aprovou o durante os últimos três meses,
o quilo são a solução para evitar marco histórico” na política agrá-
os produtores, porque o preço é pagamento de um subsídio de 6 o Governo estudou a cadeia de
o colapso do sector empresarial ria e económica nacional e um
pouco para manter as empresas. Mt por quilo, para permitir que valor do algodão, tendo concluí-
face às incertezas que a economia sinal real e indiscutível da aposta
“Este ano mostra-se produti- o preço final seja de 25 Mt, mais do que o rendimento ainda não é
nacional vive. séria do Governo na agricultura
vamente baixo, mais ou menos 2 Mt do que a proposta dos pro- satisfatório.
O impacto da pandemia global e na população rural. Sublinhou
idêntico ao ano passado. Esta- dutores. Celso Correia defendeu Correia explicou que o rendi-
do coronavírus provocou uma que a fixação de preços de refe- que este subsídio não é destinado
mos a falar de cerca de 40 a 45 mento das famílias ligadas ao
redução na procura mundial de ao consumo, mas sim à produção
mil toneladas de algodão-caroço. rência vai dar sustentabilidade ao sector da agricultura ronda entre
algodão, levando a uma redu- e famílias produtoras.
Temos potencial para muito sector familiar. os 12 e 15 mil meticais por ano
ção abismal de preço, justificou Face à crise económica global
mais que isso”, sublinhou. O algodão de segunda qualidade e lançou o desafio de alavancar
Francisco dos Santos. causada pela pandemia da co-
Nesta senda, reforçou a neces- será vendido a um preço de 18 este rendimento para 70 mil me-
Com base nas contas que apre- vid-19, o subsídio vai proteger,
sidade de haver um preço mui- Mt o quilo. O descaroçamento ticais, nos próximos anos.
sentou, o consumo global de al- por um lado, o rendimento de
to mais atractivo para a compra vai custar 7 Mt, superando os quase um milhão de pessoas do “É uma das fontes de rendimen-
godão caiu 11,8% na campanha anteriores 17 Mt e 7 Mt, respec- to, mas não suficiente para ga-
agrária de 2019-2020, repre- do produto, que é o sétimo mais meio rural, que tem no algodão
tivamente. uma importante fonte de sus- rantir que estas famílias, que em
sentando uma redução de 4% exportado por Moçambique e o
A intervenção do Estado enqua- tento, e, por outro lado, um claro média tem cinco membros e que
da área de produção e de 4% de quarto do sector agrícola.
dra-se no âmbito da política de incentivo à produção e produti- trabalham em média em espaços
produção para a campanha algo- Por sua vez, Benison Simoco, re-
proteção e estímulo do agricultor vidade. de um 1,5 hectare possam sair da
doeira, 2020-2021. presentante do Fórum Nacional
familiar e “acima de tudo, das ca- “Isto significa que na próxima pobreza”, disse Correia.
Essas contas, prosseguiu, foram dos Produtores Algodoeiros, de-
deias de valor estratégicas”. campanha, 2020-2021, teremos Na campanha anterior, 2018-
determinantes para que os 10 fendeu a continuidade do preço 2019, a produção cifrou-se em
O subsídio aos produtores de ainda mais produtores, motiva-
operadores fixassem 19 Mt como de 23.30 Mt para o algodão de 45 mil toneladas. Dessa quanti-
algodão vai custar aos cofres do dos e a produzir mais algodão,
preço de compra sustentável. primeira qualidade, mantendo o dade, 17 mil toneladas foram em
Estado cerca de 240 milhões prevendo-se, desta forma, um
“O algodão é um produto de preço que vigorou na campanha fibra e geram uma receita de 28
de meticais, na campanha algo- aumento no valor das exporta-
bolsa. As bolsas caíram, portanto, 2018-2019. doeira 2019-2020. O período de milhões de dólares.
ções em pelo menos 12 milhões
o algodão caiu”, referiu. Simoco avançou que apenas comercialização arranca entre o de dólares, o que será mais de A campanha em curso também
Porque é fibra, é usado na indús- aquele preço pode assegurar a final de Maio e princípio de Ju- três vezes o valor do subsídio”, foi prejudicada pela escassez de
tria têxtil e os produtos derivados rentabilidade dos 200 mil pro- nho. explicou Santos. chuva, entre Outubro e Dezem-
desta matéria-prima sofreram dutores de algodão existentes em A AAM está a discutir o me- bro, e pela rescisão de contratos
um declínio brutal no preço, ex- todo o país. AAM satisfeito com os canismo de implementação do de fomento no sector.
plicou Francisco dos Santos. Um preço abaixo daquele, con- subsídios subsídio, por forma a garantir Por outro lado, as dificuldades
“As pessoas nestas alturas com- tinuou, vai atirar milhares de fa- A AAM mostrou-se satisfeita máxima segurança e transparên- de acesso e pragas de gafanhoto
pram comida, compram bens es- mílias para a miséria, porque os com a medida divulgada pelo cia do processo. agravaram o drama.
senciais e a roupa fica, então, para produtores de algodão só produ- executivo, nesta terça-feira. Para O serviço de fomento aos agri- Em resultado da crise causada
o segundo plano”, continuou o zem esta cultura. os associados, o subsídio vai per- cultores familiares é prestado pela covid-19, os preços médios
presidente da AAM. Mesmo com 23.30 Mt, os pro- mitir que as empresas continuem pelas empresas, num regime de de algodão-carroço, no mercado
As medidas de confinamento dutores não conseguem ter sus- a apostar no sector do algodão e concessão, que para isso contam internacional, deverão ser infe-
geral impostas por vários países tento. mitigar o impacto da Covid-19. com vastas redes de extensão, riores a 0,72 dólares e as proje-
da Ásia também atingiram dura- O ministro da Agricultura e De- A ajuda vai gerar um ganho para distribuição, armazenagem e lo- ções apontam para que caiam
mente o consumo, porque aquela senvolvimento Rural, Celso Cor- as partes envolvidas na cadeia de gística. ainda mais em 2020-2021.
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Savana 15-05-2020 9
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SOCIEDADE
10 Savana 15-05-2020
A
o nascer de sol, a 8 de Ibo, outros fugiam para Quirim-
Março, Amade Sulema- ba, outros com possibilidade de
ne, um jovem camionis- barco para Pemba”, diz, enquanto
ta, de 39 anos, iniciava descreve o pranto e o desespero de
uma viagem de um camião de quem não teve espaço nos poucos
carga entre Macomia (Cabo Del- barcos que ainda arriscam o mar
gado) e Angoche (Nampula), um para chegar a Pemba, depois de
troço de estrada que sempre fez recentes episódios da suposta exe-
com “os dentes a arrepiar”, con- cução de marinheiros na costa.
tracenando com “assobios”, de “Não estamos em paz papá, ali há
expressão de medo, mas também uma situação muito complicada.
para espantar a acção dos jovens Pedimos ao nosso Governo tirar
jihadistas, que semeiam terror até aqueles homens ou fazer uma ac-
hoje nos distritos mais a norte de ção, aqui na cidade estamos cheios
Cabo Delgado. e o Governo não vai conseguir
sustentar todas as famílias. Aqui
A viagem viria a marcar a sua vida, você encontra pessoas refugiadas
por ter ficado quase que sem a que não têm sítio, dorme fora,
mão esquerda, e perder um amigo acontece por má sorte que o co-
para os insurgentes durante uma ronavírus está aí a trabalhar”, disse
emboscada de que foi alvo. ao SAVANA, agora desemprega-
Na cabine do camião viajava ele, do e em total dependência.
seu ajudante e um comercian- Muitos deslocados estão confi-
te, e ao chegar próximo da aldeia nados em casas de parentes e ou
pessoas de boa fé. Há casas que
Mbada (Nangololo), um grupo de
acolheram acima de 50 deslocados
jihadistas, localmente conhecidos
em Pemba, outros, ainda dormem
por al-shaabab, que estavam jun-
em varandas e ou em quintais
to a faixa de rodagem na EN380, Bairros como Paquitequete e Natite, em Pemba, alojam a maioria dos 200 mil deslocados da insurgência em Cabo Delgado onde vivem em total dependência.
metralhou a viatura que perdeu
Devido às restrições de acesso
controlo e foi parar ao embater insurgentes e com o seu ajudante, De repente, cinco jovens armados Cabo Delgado, em embarcações a e insegurança, em Abril a assis-
uma árvore. uma situação que lhe deixa ago- entraram e pararam na estrada e vela. tência humanitária do Progra-
“Quando eu queria tirar o cinto de niado e emocionado. pensamos que era a nossa força. Dois anos e meio depois do come- ma Mundial para Alimentação
segurança para fugir, percebi que “Eu queria que o al-shaabab fosse Mas três entraram com catanas na ço da insurgência armada na pro- (PMA) alcançou apenas 39.500
a minha mão tinha sido rasgada eliminado”, defende o sobreviven- víncia de Cabo Delgado, no norte beneficiários com cestas alimen-
mão e ficamos desconfiados”, ex-
por uma bala, meu ajudante tinha te, que agora vive de dependência plica ao SAVANA Alifo Ismael, de Moçambique, as Forças de De- tares de família, do universo de
sido atingido na perna e a tercei- fesa e Segurança, ainda não con- 95.000 pessoas (19.000 famílias),
de terceiros, para sustentar seus 10 entre longas pausas de prantos, si-
ra pessoa estava ilesa”, conta ao seguiram refrear a revolta que já nos distritos de Pemba, Metuge,
filhos e sua esposa, quando o futu- lenciados com o medo de chamar
SAVANA Amade Sulemane, que deixou pelo menos 1100 mortos, Nangade, Macomia, Palma, Mue-
ro continua incerto para a família atenção no meio de dezenas de
iniciava uma luta para sobreviver. segundo dados actualizados do da e Montepuez.
toda. outros deslocados.
Os três conseguiram sair do carro, Projeto de Localização de Confli- A 7 de Abril, o PMA perdeu para
Como Sulemane, Alifo Ismael, “Paramos as bicicletas e não houve
antes dos insurgentes chegarem ao tos Armados e Dados de Eventos os insurgentes 116.6 toneladas de
outro deslocado da revolta islâ- diálogo. Tiraram a cabeça do meu
ponto onde a viatura tinha parado. (ACLED na sigla inglesa). A in- cereais, leguminosas e óleo vegetal
mica vive com os traumas de in- amigo com catana. Eu comecei
Os insurgentes depois tentaram surgência parece estar longe de ser em Mahate (Quissanga), no pri-
surgência, depois de perder um a fazer a reza, ‘alla akbar, alla ak-
sem sucesso pôr o motor a fun- controlada. meiro caso documentado, em que
amigo decapitado, quando tenta- bar’, quando um dos chefes disse
cionar, e atearam fogo deixando a Só em Abril os insurgentes ata- grupos armados invadiram delibe-
vam fugir o primeiro ataque mais que eu devia morrer com bala e
viatura “em esqueletos”. caram 18 aldeias de Cabo Delga- radamente um armazém da ONU,
severo e a captura da vila sede de um outro disse eu devia ser le-
“Fomos atacados às 5 horas. do, oito das quais em apenas dois sem danos humanos.
Quissanga, a 25 de Março. vado junto. Não houve consenso,
Quando pedimos socorro em Ma- dias, nos distritos de Muidumbe e
O camponês, de 27 anos, que quando outro disse corre e pus-me
comia, as forças (de defesa e segu-
chegou a Pemba, num barco pre- Quissanga, cujas sedes, incluindo Mercenários
a correr quase a tarde toda”, conta
rança) disseram para pedir socorro Mocímboa da Praia, já tinham O Governo moçambicano vem
cário à vela lotado – o barco com Ismael que foi parar nos mangais
a Meluco, porque a zona não era sido capturadas pelos insurgentes lutando contra uma crescente in-
capacidade de 30 pessoas chegou de um bairro de Quissanga, antes
se sua jurisdição, e pernoitamos no em finais de Março. surgência no país, que já matou
com 90 pessoas, conta num relato de apanhar um barco para Pemba.
mato”, conta Sulemane, que per- Os insurgentes continuaram a centenas de pessoas. Em Agosto
impressionante, que se confunde
maneceu no esconderijo por três se deslocar entre o sul e norte de de 2019, o Grupo Wagner, uma
com ficção, a novela de ter sobre- Paquitequete e Natite
dias, sem se alimentar e a perder Quissanga, destruindo e deca- organização paramilitar russa as-
vivido a insurgência. Esses relatos são comuns em su-
sangue. pitando pessoas até 13 de Maio, sociado a Yevgeny Prigozhin, um
“No dia seguinte do ataque à búrbios de Pemba, sobretudo, em
“O meu patrão preferiu vir sozi- quando voltaram a atacar aldeias oligarca local, amigo íntimo do
Quissanga, eu e um amigo em- Paquitequete e Natite, bairros que
nho, no dia seguinte ao ataque, próximas e vila de Mocímboa da Presidente Vladmir Putin, che-
purrávamos bicicletas em direcção alojam a maioria dos 200 mil des-
com outro motorista nos socorrer. Praia, forçando uma nova vaga de gou a Moçambique para ajudar
a Macomia com a pouca trouxa locados da insurgência que che-
Chegou onde estava o camião, deslocados. a combater aos insurgentes, mas
que tínhamos conseguido retirar. gam à baía, único lugar seguro de
começou a ser atacado também, e “Nós fomos bem atacados”, resu- acredita-se que depois de sofrer
ficou ferido”, acrescentou. me Martins Ninta, um professor inúmeras baixas tenha se retirado
Já sem socorro, ao amanhecer do de 42 anos, que acentua “bem em Março deste ano.
terceiro dia, Sulemane tenta bus- atacados”, para expressar a forma As FDS agora contam com apoio
car auxílio junto a EN380, mas severa do ataque aquando da inva- da Dyck Advisory Group (DAG),
nenhum carro parava, até que um são a vila de Quissanga, onde era uma empresa de segurança pri-
transporte público, que arriscava o docente, e se preocupa agora com vada sediada na África do Sul e
troço, parou e levou os dois sobre- “a guerra invisível”. de propriedade de um ex-coronel
viventes, que tinham conseguido O antigo instrutor do centro de militar, Lionel Dyck, um ameri-
caminhar a zona da ADPP. Bilibiza, a esposa e um neto esta- cano naturalizado zimbabweano
“O meu ajudante morreu ali mes- vam na vila sede, quando o lugar e próximo ao presidente zimba-
mo. O corpo deixamos ali e nunca foi invadido por grupo de insur- bweano, Emmerson Mnangagwa.
foi recuperado”, explica Sulema- gentes a uma hora de madrugada, O grupo começou a combater a
ne, que ficou 21 dias internado que destruíam tudo que viam pela sério aos insurgentes depois de
no Hospital Provincial de Pemba, frente. destruírem um acampamento tu-
a se recuperar do ataque, que lhe “Nós já tínhamos nos antecipa- rístico do parque das Quirimbas e
deixou traumatizado. do, fugindo para os mangais, nas outras aldeias, incluindo Arimba,
Quase dois meses depois, Sule- proximidades da praia. Daí cada que foram queimados, de 27 a 30
mane diz que ainda sonha com os Amade Sulemane, um se arranjava, uns fugiam para de Abril.
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Savana 15-05-2020 11
MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE PARA EXPRESSION OF INTEREST FOR THE
CONSTRUÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO CONSTRUCTION OF A PERMANENT
PERMANENTE LANDFILL
CCS JV, o consórcio contractado pela Total E&P Moçambique CCS JV, the consortium contracted by Total E&P Mozambique
Área 1 para a Engenharia, Procurement e Construção do Area 1 for Engineering, Procurement and Construction of
projecto Moçambique LNG (‘’O PROJECTO’’), um fabrico de Mozambique LNG project (“THE PROJECT”), a natural gas
gás natural liquefeito na península de Afungi, província de Cabo liquefaction facility on the Afungi peninsula in Cabo Delgado
Delgado, com potencialidade para se tornar um líder global na province, bound to become a future leader in the global LNG
indústria de GNL, convida as entidades interessadas a submeter industry, invites interested entities, to submit an Expression of
Interest for the construction of a Permanent Landfill for THE
à sua Manifestação de Interesse para a construção de um Aterro
PROJECT (Place of delivery: Afungi – Cabo Delgado
Sanitário Permanente para O PROJECTO (lugar de entrega:
Province), including the following scope of work:
Afungi – Província de Cabo Delgado) pelo seguinte escopo:
Engineering and construction of a permanent landfill in
Projeção e construção dum aterro sanitário permanente Afungi area for the disposal of the solid and liquid waste during
em Afungi para deposição de resíduos líquidos e sólidos LNG facility operation.
produzidos durante a atividade do fabrico do GNL; The SoW includes a small building, roads and the chain
As obras também incluirão um pequeno edifício, link fence around the landfill.
estrada de acesso e a vedação ao redor do aterro; Supply of equipment for waste treatment and supply of
O presente escopo não inclui fornecimento de water and incinerators are excluded from the SoW.
equipamento de tratamento de águas e incinerador. The Expression of Interest (EoI) shall provide detailed
A Manifestação de Interesse (MdI) deverá incluir informação information about the capacity of the Company or Entity
detalhada sobre as capacidades da Empresa ou da Entidade interested, including the following mandatory information and
interessada, incluindo a seguinte informação e documentação: documentation:
1. Estatutos actualizados (conforme publicado no Boletim da 1. Updated Articles of Association (as published in the
República). Official Gazette).
2. Certificado actualizado de Registro Comercial 2. Updated Certificate of Commercial Registration
3. Licença Operacional ou documento equivalente emitido pelas 3. Operational License or equivalent document issued by the
autoridades responsáveis (Alvará) relevant authorities
4. Prova de registro tributário (NUIT) e declaração de início de 4. Evidence of tax registration (NUIT) and commencement of
actividade (M/01C e M02) activity declaration (M/01C e M02)
5. Perfil da empresa 5. Company profile
As empresas interessadas neste convite podem enviar a sua Companies interested in this invitation may submit their
manifestação de interesse contendo toda a documentação Expression of Interest by sending all the requested
solicitada para o seguinte endereço de e-mail: documentation to the following e-mail address:
cristiana.langa@saipem.com até ás 17:00 (UTC+2) horas do dia cristiana.langa@saipem.com no later than 17:00 (UTC+2) of the
22 de Maio de 2020. 22nd of May 2020.
O envio do e-mail deve se referir ao objecto do Anúncio Público: “Construção The Email submission must refer to the Public Announcement object:
de um Aterro Permanente’’. Sujeito à entrega e conformidade de toda a “Construction of a Permanent Landfill”. Subject to the delivery and
documentação acima, as entidades e empresas interessadas podem receber o compliance of all the above documentation, interested entities and companies
Pacote de Qualificação. O objectivo das informações é identificar empresas com may receive the Qualification Package. The purpose of the information and
capacidade para a ‘’construção de um Aterro Permanente.’’ Este inquérito documents is to identify qualified companies that have the capacity to be
não deve ser considerado um convite para licitar e não representa ou constitui considered for potential invitation to tender for the “construction of a
qualquer promessa, contracto, oferta, obrigação ou compromisso de qualquer Permanent Landfill”. This enquiry shall not be considered as an invitation to
espécie por parte da CCS JV ou Total para celebrar qualquer acordo com as bid and does not represent or constitute any promise, contract, offer, obligation
entidades participantes neste inquérito. Todos os dados e informações fornecidas or commitment of any kind on the part of CCS JV or Total to enter into any
no aplicativo não devem ser considerados como um compromisso por parte da agreement or arrangement with entities participating in this enquiry. All data and
CCS JV ou da Total de celebrar qualquer acordo, nem darão ao interessado o information provided within the application shall not be considered as a
direito de reivindicar qualquer indemnização. Os dados e informações commitment on the part of CCS JV or Total to enter into any agreement or
claramente marcados como "confidenciais" fornecidos de acordo com esta arrangement nor shall it entitle interested entities o claim any indemnity. Data
consulta serão tratados como confidenciais pela CCS JV ou pela Total e não and information clearly marked as “confidential” provided pursuant to this
serão divulgados a pessoas ou empresas não autorizadas. Quaisquer custos enquiry will be treated as confidential by CCS JV or Total and such companies
incorridos pelas empresas interessadas na preparação da Manifestação de shall have no recourse to disclose to non-authorized persons or companies. Any
Interesse serão de inteira responsabilidade das empresas interessadas e serão costs incurred by the interested companies in preparing the Expression of
suportados integralmente pelas mesmas empresas que não terão direito a Interest shall be solely the entire responsibility of the interested companies,
qualquer reembolso pela CCS JV ou Total. which will not be entitled to any reimbursement by CCS JV or Total.
DIVULGAÇÃO
12 Savana 15-05-2020
Flash 6, COVID-19
Avertino Barreto1
22EVHUYDWyULRGR0HLR5XUDODJUDGHFHDR'U$YHUWLQR%DUUHWRSRUHVWDFRODERUDomRTXHDR205FRPRLQVWLWXLomRGDVRFLHGDGH
FLYLOFRPSHWHFRQWULEXLULQGHSHQGHQWHPHQWHGRREMHFWRGRVHXPDQGDWRHVWDWXWiULR$JULFXOWXUDHGHVHQYROYLPHQWRUXUDO
“Na minha infância, lembro-me que, quando um familiar ou amigo FDVR WHPRV D &2/(5$ ',6,17(5,$ ( 2875$6 ',$55(,$6 $&20-
contraía, por exemplo, o sarampo ou outra doença infecciosa, era 3$1+$'$6'(6$1*8(WmREHPFRQKHFLGDVHP0RoDPELTXH3DUDR
preocupação dos nossos pais fazerem tudo para que nós outros es- VHJXQGRFDVRWHPRVSRUH[HPSORR6$5$03258%e2/$78%(5&8-
tivéssemos de imediato em contacto com o doente para que também /26(HDV*5,3(6HPJHUDOSRLVVmRFHQWHQDVGHHVWLUSHVTXHSURYRFDP
tivéssemos oportunidade de contrair a mesma doença. Na altura,
HVWDGRHQoD3DUDR~OWLPRFDVRWHPRVR+,9D+(3$7,7(SRUH[HPSOR
não compreendíamos muito bem, o que era aquilo de quererem que
Existem também outras formas de transmissão de doenças provocadas por
ÀFiVVHPRV GRHQWHV H ORQJH GDV QRVVDV EULQFDGHLUDV" 3RUTXr" 0DLV
YHFWRUHV QRPHDGDPHQWH D 0$/É5,$ TXH p WUDQVPLWLGD SHOD SLFDGD GH
WDUGHFRPSUHHQGHPRVRJUDQGHVLJQLÀFDGRGHVVDVDWLWXGHVHKRMH
XP PRVTXLWR LQIHFWDGR D 3(67( %8%Ð1,&$ WUDQVPLWLGD SHOD SXOJD D
descobrimos que era uma forma indirecta de nos imunizarem tendo
'2(1d$'26212WUDQVPLWLGDSHODPRVFDHWF
em conta que, nessa altura, não havia vacinas para esse tipo de pa-
tologias. ”Dessa forma, não havia hipótese de nos apercebermos de
7RGDV HVWDV GRHQoDV DSUHVHQWDP XP IDFWRU FRPXP LQIHFWDP DV SHVVRDV
epidemias.”
TXHUHVSRQGHPFRPUHDFo}HVGLIHUHQWHV0XLWRVLQIHFWDGRVQmRDSUHVHQWDP
qualquer sintomatologia e outros apresentam sintomatologias leves ou gra-
(VVHFRQKHFLPHQWRPDLVRXPHQRVHPStULFRSHUPLWLXTXHFUHVFrV-
YHV3DUDVHVDEHUH[DFWDPHQWHTXHPHVWiLQIHFWDGRWRUQDVHQHFHVViULRVX-
VHPRVPDLVVDXGiYHLVHORQJHGRVSUREOHPDVTXHSRGHUtDPRVWHUVH
MHLWDUWRGDDVSHVVRDVDXPWHVWHGHGLDJQyVWLFRRTXHQHPVHPSUHpYLiYHO
adquiríssemos a doença numa fase mais adulta.
6mR HVWHV LQGLYtGXRV VHP VLQWRPDWRORJLD VHP VDEHUHP TXH HVWmR LQIHFWD-
+RMHFRPDHYROXomRWHFQROyJLFDWHPRVYDFLQDVSDUDDJUDQGHPDLR-
ria das doenças infecciosas que nos permitem evitar epidemias se se dos, que tendem a ter uma vida normal e, por isso, não se protegem e, como
conseguir vacinar 75 a 85% das pessoas em risco. resultado, podem ser agentes transmissores das doenças adquiridas.
+RMHWHPRVXPDJUDQGHYDULHGDGHGHYDFLQDVTXHQRVSURWHJHPSDUD Como se disse anteriormente, nessa altura não havia vacinas e a doença
toda a vida (febre amarela, sarampo, rubéola, poliomielite, pneumo- contaminava quase toda a gente.
QLDVHVSHFtÀFDV«HWFHRXWUDVTXHQRVSURWHJHPSRUWHPSRVPDLV
curtos requerendo, para isso, a tomada regular dessas vacinas para +RMHIHOL]PHQWHMiH[LVWHPYDFLQDVSDUDDPDLRULDGDV*5,3(6RTXHLPSH-
garantir uma imunidade mais duradoira. GHTXHKDMDPHSLGHPLDVSRUHVWDVGRHQoDV
Apesar de nos últimos anos registarem-se grandes avanços tecnoló- NOS NOSSOS DIAS…
JLFRV DLQGD PRUUH JHQWH SRU GLÀFXOGDGH GR 6LVWHPD GH 6D~GH HP
DWLQJLUSRSXODo}HVHVSHFLDOPHQWHPDLVYXOQHUiYHLV Desde Dezembro do ano passado, surgiu um novo vírus, ainda muito des-
conhecido e parecido com o da gripe, causando os mesmos sintomas e dis-
1RkPELWRGDVGRHQoDV´WUDQVPLVVtYHLV´WDPEpPSRGHPRVLGHQWLÀ- tribuindo-se pela população exactamente da mesma forma como os outros
FDUGHHQWUHRXWUDVWUrVLPSRUWDQWHVIRUPDVGHWUDQVPLVVmRSRUYLD YtUXVGDJULSH3URYRFDYDPIHEUHGRUHVGHJDUJDQWDWRVVHGRUHVGRFRUSR
KtGULFDHVSHFLDOPHQWHDiJXDSHORDUTXHUHVSLUDPRVHXPDWHUFHL- GRUHVGHFDEHoDHIDOWDGHDU1RLQtFLRWXGRID]LDFUHUTXHHVWiYDPRVSHUDQ-
UDSHORVDQJXHHVHXVGHULYDGRVHÁXLGRVFRUSRUDLV3DUDRSULPHLUR WHXPDJULSHVHPHOKDQWHjVDQWHULRUHV
DIVULGAÇÃO
Savana 15-05-2020 13
3RU WRGDV HVVDV UD]}HV PXLWRV HVSHFLDOLVWDV SHQVDUDP TXH QmR VH GHYLD nuir a velocidade de expansão da epidemia diminuindo grandemente
fazer nada, deixarem as pessoas apanhar a gripe e, depois da grande maio- a possibilidade de um indivíduo infectado transmitir a outras pessoas.
ria da população se infectar com este novo vírus, tudo se normalizaria. A A NOSSA RESPOSTA
teoria não estava completamente errada.
'HQWURGHVWHTXDGURGHÀQLUDPVHTXDWURIDVHVGHHYROXomRGDHSLGH-
1RHQWDQWRIRPRVVXUSUHHQGLGRVSRLVHVWHQRYR9,586PRVWURXVHPXLWR mia e respectiva resposta. Estas fases, em devido tempo, foram am-
GLIHUHQWHTXHUQDVXDFDSDFLGDGHGHWUDQVPLWLUjVRXWUDVSHVVRDVPXLWR plamente divulgadas e tiveram o seu culminar quando foi tomada a
PDLVUiSLGRHHÀFD]PDVDRPHVPRWHPSRPXLWRPDLVDJUHVVLYRSURYR- GHFLVmRGR(VWDGRGH(PHUJrQFLDORJRTXHGHWHFWDGRRSULPHLURFDVR
cando muitos doentes graves e com elevada mortalidade apesar de, nesta de infecção no país.
altura, existirem muitos mais meios de tratamento e técnicas mais avança-
das. (VWDGHFLVmRREULJRXjWRPDGDGHDOJXPDVPHGLGDVGHFDUiFWHUUHV-
WULWLYRFRPRSULQFLSDOREMHFWLYRGHGLPLQXLUDH[SDQVmRGDHSLGHPLD
Atingiu com maior gravidade as pessoas mais velhas e com outras pato- QRPHDGDPHQWHHPUHODomRDRVDJORPHUDGRVSRSXODFLRQDLVHjVPH-
ORJLDVDVVRFLDGDVHGHIRUPDPHQRVJUDYHRVPDLVMRYHQV2SHVVRDOGH didas de higiene, com especial enfoque na higiene das mãos, regras
saúde foi também atingido duramente. para quem tivesse tosse e, muito em particular, na protecção das vias
UHVSLUDWyULDVERFDHQDUL]HQDSURWHFomRGRVROKRVDWUDYpVGDVPiVFD-
A rapidez de transmissão e a gravidade do estado de saúde dos doentes ras e das viseiras.
obrigaram a um trabalho excessivo dos hospitais e seus trabalhadores, co- (PUHODomRjVPHGLGDVSDUDHYLWDUDDJORPHUDomRGDVSHVVRDVGHÀ-
lapsando, em muitos deles, toda a capacidade de atendimento de doentes. niu-se o distanciamento social, determinou-se um número mínimo
Todas as reservas de materiais de tratamento e apoio aos doentes esgota- de pessoas aglomeradas, encerrou-se o ensino e espaços comerciais,
UDPVH LQFOXLQGR PDWHULDLV EiVLFRV FRPR SRU H[HPSOR WRGR R WLSR GH e limitou-se o número de pessoas em todos os serviços e empresas.
materiais de protecção para os trabalhadores de saúde, meios de desinfec- Também se encerrou a maioria das fronteiras aéreas, terrestres e ma-
ção, aparelhos de suporte para a vida dos doentes e mesmo alguns medi- rítimas.
camentos.
3RUKDYHUQHFHVVLGDGHGHPHOKRUDUHPHOKRUDFRPSDQKDUDVGHFLV}HV
Centenas de trabalhadores da saúde foram e estão a ser diariamente infec- TXH OHYDUDP D GHWHUPLQDU R SULPHLUR R (VWDGR GH (PHUJrQFLD SRLV
tados, o que diminui a capacidade de atendimento aos doentes internados. DLQGDSHUVLVWLDPDOJXPDVODFXQDVIRLQHFHVViULRSURORQJDUR(VWDGR
0XLWRVVHUYLoRVGHDWHQGLPHQWRQRUPDOGRVGRHQWHVWLYHUDPGHVHUFDQFH- GH (PHUJrQFLD FRP D FHUWH]D GH TXH KDYHQGR PHOKRULDV PDUFDQWHV
lados, pois houve necessidade de se desviarem todos esses recursos, quer no cumprimento das decisões iniciais, a vida poderia voltar, paulati-
humanos, quer materiais, para acudir aos doentes com esta nova doença QDPHQWHjQRUPDOLGDGH
TXHVHSDVVRXDFKDPDUVH&29,'
DESAFIOS
$YHORFLGDGHGHWUDQVPLVVmREHPFRPRDYLUXOrQFLDGRYtUXVDVVRFLDGDV
a este novo mundo globalizante, transformou-se numa enorme pandemia $OJXQVH[HPSORVTXHQmRDMXGDPDFRQWURODUHVWDGRHQoDQmRXVDUD
DIHFWDQGRTXDVHWRGRVRVSDtVHVLQFOXLQGR0RoDPELTXH PiVFDUDRXXWLOL]iODGHÀFLHQWHPHQWHGHL[DQGRPXLWDVYH]HVRQDUL]
GHVFREHUWRXWLOL]DUDPHVPDPiVFDUDSDUDYiULDVSHVVRDVHVHPREH-
$SHVDU GH 0RoDPELTXH VHU XP SDtV PXLWR DIHFWDGR SRU HSLGHPLD H WHU GHFHUHPjVUHJUDVGHODYDJHPFRUUHFWDHVHFDJHPDRVRODQWHVGHVH-
XPD ORQJD H[SHULrQFLD QR FRQWUROR GDV PHVPDV DV FDUDFWHUtVWLFDV GHVWD UHPUHXWLOL]iYHLVFRORFDUDPiVFDUDVyTXDQGRVHQWHPDDSUR[LPDomR
nova doença exigiram um grande esforço de reorganização dos serviços GRVHOHPHQWRVGHVHJXUDQoDWLUDUDPiVFDUDLPHGLDWDPHQWHDVHJXLU
de saúde para dar a melhor resposta a esta nova doença, ainda muito pou- ao abandono dos transportes públicos ou privados (principalmente os
FR FRQKHFLGD HVSHFLDOPHQWH QR TXH UHVSHLWD j ÀVLRSDWRORJLD GD PHVPD “chapas”); permitir viver o nosso dia a dia em grandes aglomerados
jPHOKRUFRQGXWDjPHGLFDomRPDLVHIHFWLYDHSLRUDLQGDRYROXPHGH GHSHVVRDVQmRUHVSHLWDQGRRGLVWDQFLDPHQWRVRFLDOÀFDUPXLWRWHPSR
SDFLHQWHVTXHSRGHULDVXSHUORWDUDVSRXFDVXQLGDGHVVDQLWiULDVDVFDPDV IRUDGHFDVDDID]HURTXr"3DVVHDU"
existentes, toda uma logística complicada, tudo isto associado a uma capa-
+RMH WHPRV XP SDGUmR HSLGHPLROyJLFR HVWiYHO VHP VREUHVVDOWRV H
cidade orçamental muito limitada.
vemos e sentimos que as populações lentamente vão assumindo as re-
gras propostas garantindo que a epidemia, até ao presente momento,
'XDV TXHVW}HV VH FRORFDUDP GH LPHGLDWR FRPR JDUDQWLU R PHOKRU WUDWD-
se mantenha estabilizada.
mento aos doentes existentes, as vacinações, as consultas, as cirurgias, os
exames auxiliares e, ao mesmo tempo, dar atenção adequada aos doentes
QUAL O FUTURO?
FRPXPDQRYDGRHQoDDLQGDGHVFRQKHFLGD"
O futuro deve ser encarado com realismo, temos de ser pragmáticos. A solução
3HODH[SHULrQFLDGRVSDtVHVMiDIHFWDGRVVDELDVHTXHHUDXPLPSHUDWLYR
HUDWHUPRVXPDYDFLQDHÀFD]HGLVSRQtYHOHP0RoDPELTXHHQR0XQGR1mR
que toda a sociedade compreendesse esta nova situação e participasse ac-
temos e não teremos nos próximos tempos, meses ou só no próximo ano, se os
WLYDPHQWHUHVSRQGHQGRDRVDSHORVGD0LQLVWpULRGD6D~GHHGR*RYHUQR
estudos/investigações forem promissores.
Existiam algumas normas internacionais que nos orientavam para algu-
O futuro depende, mais do que nunca, de todos nós cumprirmos, cada
mas medidas e que as mesmas teriam algum impacto na economia, em ge-
GLDHFRPULJRUWRGDVDVRULHQWDo}HVMiHPDQDGDVFRQWURODUPRVWRGRV
ral, e, muito em especial, nas pequenas e medias empresas, com destaque
RVLQIHFWDGRVHRVVHXVFRQWDFWRV+RMHWHPRVXPJUDQGHGHVDÀRSDUD
SDUDRPHUFDGRLQIRUPDOTXHJDUDQWHDVREUHYLYrQFLDGHJUDQGHSDUWHGD
retomarmos a nossa vida normal – evitarmos sair de casa senão para
população.
actividades imprescindíveis ou de força maior.
COMO REAGIR, COMO RESPONDER COM EFICIÊNCIA E COM OS
)LFDUHPFDVDODYDUDVPmRVFRPVDEmRRXFLQ]DXVDUDVPiVFDUDVH
RECURSOS DISPONÍVEIS? YLVHLUDV FRQVWLWXHP DV UHJUDV EiVLFDV SDUD YROWDUPRV D WHU XPD YLGD
PDLVVDXGiYHO
$SULPHLUDTXHVWmRTXHVHFRORFRXIRLVREUHDFDSDFLGDGHGHR6HUYLoR1D-
FLRQDOGH6D~GHUHVSRQGHUDXPDGHPDQGDFRPRDTXHVHHVWDYDDREVHU- $JUDQGHPDLRULDSRGHUiVHULQIHFWDGDQHVVDDOWXUDPDVVHPDJUDYL-
var em muitos países afectados pela pandemia. dade esperada, muitos de nós nem sequer teremos oportunidade de
WHU TXDOTXHU VLQDO RX VLQWRPD GD GRHQoD WXGR DFDEDUi FRPR VH GH
+DYLDGRLVFHQiULRVDVHUHPFRQVLGHUDGRVXPGHL[DUTXHDHSLGHPLDGH- uma gripe mais virulenta se tratasse. Desta forma, também salvaguar-
corresse normalmente, com o risco de uma grande taxa de ocupação das daremos o impacto negativo nos nossos hospitais, nos nossos traba-
camas hospitalares, bem como a falta de pessoal de saúde, a todos os ní- lhadores de saúde.
veis, e dos insumos hospitalares; outro, tentar controlar o desenvolvimento
da epidemia garantindo que o número de doentes graves pudesse digna- ),48(026(0&$6$
mente ser atendido, com a verdadeira realidade das limitações existentes. $3529(,7(026'$0(/+25)250$2&219Ì9,2)$0,/,$5
Esta foi uma das principais discussões que culminou com a decisão sobre
a segunda alternativa. 1
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NO CENTRO DO FURACÃO
14 Savana 15-05-2020 Savana 15-05-2020 15
Inspectora-geral da INAE diz que agentes económicos não estão preocupados com o bem-servir
E
m 2017, ela foi um verdadeiro mente, o encerramento de toda aque- ximo de 20%, não significando que ele aqui. A bata- económica. Mas, neste mo-
económi tro. Mas algumas pessoas foram para
furacão que, por onde passa- la actividade que leve à diversão, caso tenha de pôr 20%. ta chegou mento, a INAE não está a os quartos se esconder. É por isso que Depois da tempestade, furacão Rita explica-se:
va, deixava calafrios a agentes dos bares, das cervejarias, barracas de Um outro aspecto é que eles não têm a atingir fazer inspecções
i na hospe- vê se a imagem das pessoas a saírem
económicos. Encerrou es-
tabelecimentos emblemáticos como
o Continental e o Cristal, cortando
venda de bebidas alcoólicas e ginásios.
Não é possível controlar todos eles,
mas o que fizemos foi: aqueles que não
os preços afixados e é obrigatório afi-
xar os preços em moeda nacional, de
acordo com o decreto 47/2011 de 10
400/450
meticais e
a cebola
dagem.
dage Neste momento,
nós estamos preocupa-
dos
do com a abertura de
com lençóis para não serem visíveis,
mas nós não entramos no quarto. O
que pedimos foi para que as pessoas
Não gostaram da minha forma de trabalhar
D
fôlego até à elite que tinha neles os fecharam voluntariamente, nós convi- de Outubro. O que verificamos é que 550/600 a bares,
b barracas e locais saíssem porque estavam aglomeradas.
pontos de referência para as suas ter- eles fixam os preços dos outros produ- 700 meti- Era para que as pessoas saíssem do lo- epois de rusgas que prensa às terças-feiras, que é lá onde trabalhar, as pessoas que lá estavam,
damos o agente económico a encerrar de
d grandes aglomera-
túlias. Mas, a dado passo, Rita Maria tos, mas o arroz, a farinha de milho, cais. Mas cal para fecharmos o bar. O bar está terminaram com en- damos os briefings daquilo que é o vendo uma pessoa que vem de fora,
a actividade durante este período do dos para evitar con-
Fernandes Freitas, de seu nome com- farinha de trigo, o açúcar, o frango, o se ele nos encerrado. A guest-house não, está a cerramento de esta- nosso trabalho. Eu penso que tinha nova, que vem mudar a forma de tra-
estado de emergência. Foram encer- taminação e propa-
pleto, foi combatida dentro da insti- carapau, o amendoim, o feijão, os ovos, apresen- funcionar. Então, há um mal-enten- belecimentos de res- mais impacto associar a imagem ao balhar, não ficaram satisfeitas e não
rados, no total, em todo o país, 2.258 gação da covid-19.
tuição, ainda que ela não goste do ter- a batata, a cebola, que são os produtos ta o dido. Também a STV passou imagens tauração e de hotelaria, alguns trabalho da INAE. Ou seja, quando gostaram muito desta forma de traba-
estabelecimentos. Destes, maior desta- A INAE inspec-
mo. Naquilo que foi visto como uma da primeira necessidade, eles não co- com- de dois locais diferentes e pareceu que míticos como o Continental e a INAE levava a imprensa, as pessoas lhar. Eu sinto que, mesmo hoje, ainda
que vai para barracas e bancas de ven- cionou ou não
autêntica declaração de guerra contra locam o preço. prova- era o mesmo local porque, realmente, o Cristal, a dado passo a INAE tinham mais consciência daquilo que existem uns e outros que não gostam
da de bebida alcoólica. Para além das uma guest-house,
ela, o então ministro da Indústria e tivo da há um local onde encontrou-se pros- deixou de ter essa garra, essa estava a acontecer. da forma de trabalhar. Ou seja, quan-
barracas, outros que temos encontrado no bairro do Al-
Comércio, Ragendra de Sousa, man- “Ele marca o preço na hora” compra, titutas, em que aparecem duas jovens mão dura. Quer isso significar Mas constou que houve forças de do a pessoa é exigente é considerada
abertos, que tentam, de uma forma basine, arredores
dou cancelar, em 2018, a Kulaya, uma Mas por quê? nós não a fugir, esse é outro local, não é aquela que os estabelecimentos já dei- bloqueio à inspectora porque, ale- como uma pessoa que é chata, sei lá
sorrateira, continuar a funcionar, são da cidade de Ma-
operação que era liderada pela Inspec- À medida que chegam as pessoas, em temos guest-house. Então, misturaram 2 as- xaram de ser perigos à saúde gadamente, estava a tocar em inte- os termos que posso usar, mas é o que
os bares. Snack-bar é bar; cervejaria puto? tem acontecido. Eu tenho feito é ten-
ção Nacional de Actividades Econó- função do tipo do cliente, ele marca como suntos e acabou atrapalhando as pes- pública? resses intocáveis da elite política e
é bar; tudo o que é bar deveria, logo Não. O que acon- tar, na medida do possível, garantir
micos (INAE), que tinha a missão de o preço, na hora. Este é um aspecto. soas, pensando que a INAE entrou [Risos] Não. É o seguinte: real- económica do país. Quer comentar?
após a divulgação do decreto, ter en- teceu é que a bri- que o agente económico cumpra com
promover educação cívica a agentes O segundo aspecto é que eles comu- nos quartos. Não. A INAE não entrou mente a INAE fez um trabalho Nunca tive problemas de interferên-
cerrado. Mas continuamos a apanhar gada teve várias aquilo que é a legislação vigente na
económicos. Na altura, o controver- nicam-se muito entre si. Por exemplo, nos quartos. A INAE não fechou a árduo em 2017, com muitos su- cia para parar de fazer seja lá qual for
snack-bares e bares abertos e que ain- denúncias, mas República de Moçambique. Então, eu
so ministro justificou o cancelamento quando fazemos inspecção num local, guest-house. A INAE fechou o bar cessos e que teve a colaboração o trabalho. Pelo contrário, sempre que
da fazem pedidos para reabertura. Não não só, passou por ponho os inspectores a trabalhar, cria-
com a máxima de que não se devia le- logo a seguir encontramos que os ou- porque o bar, em condições normais, de todos os órgãos de comuni- fazemos trabalho, temos reportado
sei se não estão neste país em que es- lá e havia música mos as equipas, neste momento já me
var a imprensa para acções fiscaliza- tros estabelecimentos estão encerra- devia estar fechado. E eles estavam cação, o que foi uma mais-valia ao órgão máximo, que é o Ministério
tamos, em que saiu uma legislação que dos. Então, para além de escolherem muito alta e com sinto mais confortável porque tenho
doras e inspectivas, uma desculpa que eles deveriam cumprir imediatamente. na parte de trás do estabelecimento, porque a INAE, por si sozinha, e, quando temos alguma questão, al-
o cliente, se um dos comerciantes diz as portas fechadas. todas as Direcções. Foram nomea-
caiu mal até na classe jornalística, que Acha que está a faltar consciência? grandes aglomerados de pessoas, não não era capaz de fazer-se co- guma preocupação, clarificamos para
que hoje vou vender o óleo a 500 me- Era uma brigada dos novos directores, claro cessaram
se queixou de ataque contra a liberda- Alguns podem não ter informação, estavam a obedecer o distanciamento, nhecer a nível nacional. Hoje poder avançar com o trabalho.
ticais, todos eles põem o preço de 500 multissectorial que funções alguns, mas temos uma nova
de de imprensa. Há dias, Rita Freitas com bebidas alcoólicas. Qual é o pe- não imaginam, neste período da Mas, em Maio de 2018, a inspectora
mas muitos deles querem continuar meticais. integrava a INAE, direcção, que vai ter que trabalhar ar-
voltou a dois dedos de conversa com
a operar. Entendo até a preocupação.
rigo? É a partilha de garrafas, uten- pandemia, todas as pessoas co- disse ao SAVANA que havia uma duamente para melhorar ainda mais o
E quando é que o cliente pode saber a PRM e a Polí-
o SAVANA, desta vez a propósito sílios, objectos, copos, talheres, etc. e, nhecem a INAE. As pessoas li- campanha movida a partir de den-
Um dos grandes problemas dos agen- que está perante a um preço especu- cia Municipal e, nosso trabalho.
do fim do primeiro mês do estado de se uma pessoa estiver contaminada, já gam. Nós não vencemos a aten- tro da sua instituição, que a todo o
tes económicos é que têm custos fixos: lado? “A primeira preocupação do Governo foi proteger as crianças, mandando-as para casa. Mas as crianças não quando luzes dose parou,
carro daas O ministro Ragendra de Sousa tam-
emergência no âmbito da covid-19. A imaginaram quantas pessoas estarão der as chamadas. O 1474 estava custo procurava desestabilizá-la, de
trabalhadores, água, luz e outros. Mas Se, por exemplo, está habituado a estão nas casas, elas estão na rua. Muitos pais mandam as crianças às padarias e pastelarias”- Rita Freitas Polícia chamaram bém não gostava da actuação da ins-
inspectora geral da INAE tem o cui- contaminadas? Todas aquelas pessoas sempre congestionado. Tivemos modo a não colocar mão dura aos
todos nós somos chamados a cumprir comprar açúcar a 70 meticais, ou se mandar-lhe vender abaixo do preço da mos comprar, ou seja, açambarcámos atenção a eles e desligaram a música pectora?
dado de não falar sobre o seu antigo têm famílias. Têm mulheres, maridos, de pôr mais números para que agentes infractores. Dizia a inspec-
o estado de emergência. Então, como ontem comprei a 70 meticais e hoje compra e da margem de lucro. para garantir os próximos tempos, e as luzes porque estavam a beber, es- Não posso dizer que não gostava da
superior hierárquico. Mas Rita Freitas filhos. Estes, por sua vez, trabalham, as pessoas pudessem ligar. Re- tora a dado passo e citamo-la: “há
INAE, nós não temos como alterar tem um preço elevado, eu vou presu- E há razões para a subida dos preços porque não sabemos o que nos espera tavam concentrados na parte traseira actuação. Era a forma dele de ser. Não
lembra-se desses momentos, que os têm colegas, então, nunca mais vai cebemos várias chamadas, até descontentes que não estão a con-
aquilo que foi decidido. Nós somos mir - não posso afirmar que é especu- dos produtos nacionais? pela frente. Então, houve ruptura de porque o que está a acontecer agora
queria que a INAE usasse a impren-
chama de auge da INAE, e lamenta terminar. Então, o que nós estamos assuntos que não são da INAE, seguir fazer o que vinham fazendo
chamados a fazer cumprir e, para o lação porque pode até não ser, se ele Os produtos frescos talvez não porque stock, por isso que, durante algum pe- é que como sabem que estamos a fa- sa. E nós tivemos de respeitar porque
que tenha havido, internamente, pes- a fazer não é nada mais nada menos problemas de obras, coisas que antes e que querem desestabilizar
agente económico que não cumpre, me provar que, de ontem para hoje, a batata e a cebola os preços baixaram ríodo, ficamos sem açúcar no mercado. zer um trabalho redobrado, fecham as era o ministro de tutela e ele tem as
soas que não gostaram da sua forma de que trabalhar no sentido de passar não têm a ver com a INAE, mas a inspectora-geral para dar campo
temos de tomar medidas. meteu uma nova mercadoria a um muito. Mas em relação àqueles de pri- Entretanto, as fabricas arrancaram, já portas principais e ficam na parte do
suas justificações de porquê não que-
trabalhar. Mesmo sem imprensa para a mensagem a todos para cumprir as pessoas procuram solução na de manobra para eles actuarem”.
Tratando de um grave problema de novo custo – mas, se ele não me pro- ria a imprensa. Mas, neste momento,
reportar, a inspectora diz que ainda meira necessidade que produzimos está normalizado e, em princípio, nas quintal, a parte traseira dos estabeleci- com aquilo que são as medidas cum-
saúde pública, há casos em que as INAE porque viram que, em Quem eram esses descontentes que fomos orientados que deveríamos, em
encontra estabelecimentos comerciais var que é uma nova mercadoria, ele é localmente, que é o caso do óleo, da próximas semanas, o preço do açúcar mentos. E foi o que aconteceu naquele pridas pelo Governo. As pessoas não
medidas terminam apenas na aplica- 2017, realmente, foi talvez o procuravam desestabilizar a inspec- casos críticos, levarmos a imprensa
com águas negras nas cozinhas, fossas obrigado a pôr o preço que estava no farinha do milho, da farinha de trigo, até poderá vir a baixar. O que acontece local. Bateu-se a porta porque sabía- estão a entender qual é o papel, quer
ção de multas? ano do auge do trabalho levado tora para não colocar mão dura aos para que as pessoas tomem cons-
entupidas, infiltração de águas e até dia anterior. É especulação quando ele do açúcar, realmente notámos em al- é que, quando a procura é maior, o po- mos que estavam lá pessoas e estava da INAE, quer da Polícia Municipal,
Não. Neste caso, as medidas que to- a cabo pela INAE desde que agentes infractores? ciência daquilo que está a acontecer e
animais de estimação nas cozinhas. comprou o produto e superou a mar- guns produtos uma ligeira subida por- der de compra aumenta e a quantidade cheio de carros fora, para além dos quer da PRM. O que estamos a fazer
mamos são de encerramento. Não te- eu estou lá, há quase 4 anos, a Talvez eu não iria mencionar nomes para que o agente económico melhore
A mulher que ficou conhecida como gem máxima de lucro definida [num que eles têm de importar a matéria- do produto reduz. Neste caso, o açúcar carros dentro do quintal, porque aque- é garantir que estes locais de venda e
mos medidas de penalizações, multas, completar em Julho. Nos anos nem fazer referência a desestabiliza- aquilo que é o seu serviço ao consu-
dama de ferro chama atenção para máximo de 20%] no decreto 56/2011 -prima e o dólar subiu, então, o custo castanho passou a 75 meticais e o açú- le local tem um quintal grande e estava consumo de bebidas alcoólicas, os ba-
não. Primeiro pautamos pela educação seguintes, tivemos alguns pro- ção como tal. O que acontecia é que midor.
um outro atentado à saúde publica de 4 de Novembro. da matéria-prima aumentou, mas foi car branco a 80 meticais, mas acredita- cheio de carros lá dentro. Eles apaga- res, as barracas, devem parar durante
e sensibilização. Encerramos quando blemas internos. É preciso tínhamos pessoas dentro da institui- A inspectora tem saudades do mi-
que está a ganhar terreno: as mercea- Mas, inspectora, alguns comercian- uma subida aceitável. Por exemplo, o mos que nas próximas semanas poderá ram as luzes e desligaram a música e o estado de emergência. Assim que
é um daqueles estabelecimentos que reconhecer que houve alguns ção que não estavam satisfeitas por- nistro Ragendra de Sousa
rias e contentores que proliferam nos tes, sobretudo os pequenos impor- óleo mantem-se, praticamente, ainda vir a baixar. deixaram se estar. Só que à equipa as terminar o estado de emergência, vol-
o Governo decidiu que tem de estar problemas internos. Prontos, que estavam habituadas a trabalhar Essa não vou responder.
bairros suburbanos. Fala da polémica tadores, queixam-se de que a INAE ao mesmo valor que estava, 480 me- pessoas lá fora diziam “está cheio de tamos à vida normal, com a certeza de
encerrados, como ginásios, actividades tem estado a ignorar regras básicas ticais para 5 litros, 180 a 200 meticais gente, está cheio de gente, essa gente que trabalhamos no sentido de mini- mudança de metodologia de de uma determinada forma. A INAE
sobre inspecções a estabelecimentos
de acomodação, apontando mal en- culturais, venda de bebidas alcoólicas, de comércio, sancionando casos de de 2 litros e cerca de 100 para 1 litro. “Há mal-entendido” não parou desde que o Governo de- mizar o risco de sermos contaminados trabalho por parte da direcção não é nova, agora já tem 11 anos. O
tendidos. Avança também que, para etc. e quando digo venda de bebidas preços determinados pelo aumento Mas há o caso do açúcar, que é um dos Há quem fala, senhora inspectora, cretou o estado de emergência, todos pela covid-19. máxima do Ministério nesse que acontece é que eu mudei a estra-
além de casos de especulação neste alcoólicas estou a dizer bar, não estou do custo dos produtos na África do produtos que temos tido problema. de algum excesso de zelo na actuação os dias”, então, fomos ouvindo o que período, que não nos permitia tégia, ou seja, ao entrar na INAE, eu
Como sabem, existe a época de produ- dos inspectores da INAE, que che- as pessoas iam dizendo enquanto ba- divulgar porque na altura, se tentei pôr ela mais operacional por-
período de estado de emergência, os a dizer bottle store, porque o bottle store Sul. O que estará a acontecer? “Não é momento para irmos
agentes económicos tendem a pautar pode estar aberto. Não. Aí há qualquer coisa que não está ção da cana e há a época da colheita. gam a extravasar os limites do estado tíamos a porta. Quando o dono do às margens máximas” recordam, sua excelência o mi- que a crítica de todos os anos era que
pela margem máxima de lucro. “Mas Não encontram comerciantes que se bem porque, se eles nos provam com No período em que temos as fabricas de emergência. O que a inspectora estabelecimento abre a porta, que era Inspectora, como salvaguardar os in- nistro [Ragendra de Sousa] deu a INAE só aparecia no final do ano,
não é momento para irmos às margens aproveitam do estado de emergência recibos que compraram a determinado paralisadas, que é no período em que tem a dizer sobre isso? para dizer que estava encerrado, o que teresses económicos, nomeadamen- uma conferência de imprensa isto digo antes de eu chegar a INAE.
máximas”, observa. para especularem preços? preço, nós não podemos impor preços não temos colheita, a Distribuido- Mas a que se referem em relação a ex- não era verdade, meu colega meteu o te, o lucro, observando, ao mesmo em que disse que não podería- Era preciso mudar esta percepção
Temos encontrado vários, com des- abaixo dos de compra e com a margem ra Nacional de Açúcar garante stock cesso de zelo? pé e entrámos. Entrou a equipa mul- tempo, as medidas restritivas impos- mos levar a imprensa. Então, de que a INAE só funcionava na
Qual é o balanço que faz a INAE dos taque para as mini-mercearias e con- de lucro. Não. Há qualquer coisa que suficiente para não haver ruptura. O Dois exemplos: questionou-se a co- tissectorial. Chegados lá atrás, estavam tas no âmbito do estado de emergên- talvez por isso as pessoas pen- quadra festiva e pôr a INAE a
primeiros 30 dias do estado de emer- tentores, que apenas têm licença. Não eles não estão a dizer correcto. Agora, que aconteceu desta vez? As açucarei- bertura legal das inspecções a pen- a beber. Em grupos. As pessoas esta- cia? Não será este um paradoxo? sam que a INAE parou. Mas a funcionar ao longo do
gência? têm horário de trabalho aprovado pela naqueles produtos que eles não apre- ras tinham stock garantido, mas en- sões ou guest-houses. Mas também vam aglomeradas. Não entrámos em Esta é uma das mais importantes INAE não parou, em momen- ano, tendo em conta a
Foram inspeccionados, no mês de entidade competente, não têm recibos sentam recibos, não temos provas de trou a pandemia antes da colheita da há situações recorrentes de acções nenhum quarto. O dono do estabele- questões a ter em conta. De uma for- to algum. A INAE continua responsabilidade de
Abril, 6.586 estabelecimentos. É um da compra dos produtos, que é obriga- qual foi o preço de compra e coloca- cana para a produção e arranque das inspectivas em que os visados são ex- cimento pode confirmar. ma geral, deveríamos olhar para esta a fazer inspecções e a encerrar cada uma das Di-
número muito elevado porque tivemos tório ter, para que o comprador tam- mos o preço que é praticado nos ou- fábricas. E, com a pandemia, a maior postos publicamente. E o que aconteceu, então? situação como a seguinte: estamos aqueles estabelecimentos que recções. Daí que
de redobrar esforços. Fomos chamados bém tenha recibo. Eles não cumprem tros estabelecimentos e é o preço que parte dos consumidores foi aos esta- Aí temos de ter muita cautela, porque O que aconteceu é que as pessoas que num momento difícil em todo o mun- não cumprem com requisitos. senti que, com
a trabalhar arduamente. Temos equi- o decreto 56/2011, de 4 de Novembro, esta no momento. Mas nós sabemos, belecimentos adquirir os produtos. O as mensagens que circulam não re- estavam ali a desautorizar o decreto do e, neste caso particular, em Mo- Tivemos vários encerramentos esta mudança
pas no período diurno e no período que fixa as margens máximas de lucro, sim, que houve um momento em que senhor que costumava comprar talvez portam a verdade. Primeiro, a INAE presidencial, sentiram-se, se calhar çambique. Então, o que deveríamos e suspensões de actividades. A de estraté-
nocturno para garantir o controlo da- que estabelece que eles devem ter um os produtos, falo dos frescos, a batata, 1 ou 2 quilos de açúcar, desta vez foi tem competência, sim, de fazer inspec- pessoas conhecidas, muitos entraram fazer é nos unirmos. única coisa é que deixámos de gia, com esta
quilo que foram as medidas definidas caderno com o preço da compra e a a cebola, o tomate, subiram na vizinha comprar 5 a 10 quilos. Eu também fui ção nas guest-houses, nos hotéis, nas nos carros para se esconder e, como usar a imprensa, mas continua- mudança de
pelo decreto presidencial, nomeada- margem de lucro, que varia até o má- África do Sul e tivemos uma subida comprar 5 a 10 quilos. Todos nós fo- pensões e em tudo o que é actividade eu disse, estava cheio de carros lá den-
&RQWLQXDQDSiJV mos a dar conferências de im- forma de
NO CENTRO
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DE FURACÃO
16 Savana 15-05-2020
Continuação da pág.s 15
E o que seria nos unirmos? to, desinfecção das mãos à entrada, resíduos sólidos, quinquilharia e Mercearias e contentores aprovado pelo Instituto Nacional
É os empresários, os consumidores e desinfecção dos estabelecimentos, cremes não tampados e até animais são atentado à saúde de Normalização e Qualidade, que
o Governo, todos estarmos abraça- cumprir com a rotatividade para que de estimação na cozinha? pública diz qual é o espaçamento, que infor-
dos por uma mesma causa, que seria as pessoas não estejam muito próxi- Ainda há, sim. Isto é um problema Por quê, inspectora? É lá onde a es- mação, etc. Mas eles estão a vender
trabalharmos para garantir que os mas umas das outras, o arejamento, crítico. Em todo o país continuamos magadora da população dos bair- carne, como se estivessem a vender
preços cheguem aos consumidores, etc. Estamos numa situação crítica a encontrar fossas dentro das cozi- ros se abastece. não sei o quê. Não têm rotulo, não
não à margem máxima do lucro que, e devemos seguir todas as medidas nhas, mas as cozinhas não deveriam Os contentores estão a altas tem- têm validade, data de produção e a
de acordo com o decreto 56/2011, definidas neste estado de emergên- ter caixas negras porque é um ris- peraturas, não têm nenhuma janela, pessoa quando vai comprar aquela
de 4 de Novembro, varia, na maio- cia. O agente económico, se deve co. Em caso de enchimento destas nem ventilação. Os produtos que carne está em péssimas condições,
ria dos produtos, até o máximo de fechar, sabemos que é um sacrifício caixas, elas transbordam e podem estão num contentor ou num esta- não está dentro de sacos, está atirada
20%, mas não significa que o agente porque deixa de ter receita e lucro, contaminar os produtos que se en- belecimento sem janela nem venti- dentro do congelador. É a carne, é o
económico tenha de pôr 20%. Não. mas devemos cumprir com as medi- contram naquele espaço. Este é um lação, mesmo que estejam dentro do frango, são pedaços de frango, estão
20% é o máximo. Mas, neste mo- das definidas pelo Governo. A todo problema sério que encontramos. prazo de validade, a altas tempera- atirados para dentro do congelador
mento, nós queremos que o agente o cidadão moçambicano e estrangei- Outro aspecto que temos verifica- turas perdem a qualidade. Estão a como se fosse um talho. Eles não
económico não vá para as margens ro residente em Moçambique, tam- do em muitos estabelecimentos de imaginar aqueles produtos frescos, podem vender esses produtos. Se
máximas, mas sim um valor que lhe bém que cumpram com aquilo que os iogurtes, os leites para as crian- me perguntar se eles podem vender
restauração e hotelaria é o não uso
permita ter lucro para pagar as suas são as medidas. Por exemplo, a pri- ças, os sumos, 365 dias num con- frango inteiro, que tenha o rótulo,
de caixas de gordura. Deveriam ter,
despesas, mas que ajude aquelas pes- meira preocupação do Governo foi tentor a altas temperaturas, mesmo se as condições dentro do contentor
no mínimo, até 2 caixas de gordu-
soas de baixa renda que não têm po- proteger as crianças, mandando-as que a validade seja de 2 anos, per- estiverem criadas, ele poderá vender,
ra para filtrar a gordura para evitar
der de compra, ou seja, capacidade para casa. Mas as crianças não estão dem qualidade. As pessoas olham mas produtos inteiros, tudo que tem
que estas caixas fiquem obstruídas.
para comprarem grandes quantida- nas casas, elas estão na rua. Muitos para o prazo de validade e, de facto, rótulos. Mas o que verificámos é que
Alguns estabelecimentos que estão
des. Mas, além de estarmos a notar pais mandam as crianças às padarias está dentro, adquirem o produto e ele nem tem ventilação, logo, aquelas
nos prédios acabam prejudicando
alguma especulação, na maioria dos e pastelarias. As pessoas dispensadas começam com problemas de saúde. câmaras não aguentam a temperatu-
também os inquilinos que estão nos
casos, os agentes económicos ten- ao serviço, não é para ficarem na rua Hoje temos muitas doenças e não ra. Temos tido muitos destes proble-
prédios porque antes da existên- sabemos de onde vêm. Algumas
dem a pautar pela margem máxima, e no passeio. Uma mensagem tam- mas de espaços inapropriados para o
mas este não é momento para irmos cia do restaurante não tinham este vêm daqui: consumir produtos que
bém aos jovens para que não fiquem exercício da actividade e agora com
as margens máximas, mas sim para problema. O que tem se verificado estão debaixo de altas temperaturas, a pandemia estamos a verificar que
nos passeios a consumir álcool, com
aquelas em que ele se sente confortá- é que, nos últimos anos, muitos dos sem condições mínimas. Também afinal de contas a situação é mais
colmans, com carros, música, portas
vel pagando as despesas e consiga ter agentes económicos não cumprem temos verificado, neste trabalho da grave do que imaginámos porque
abertas, estamos num momento de
algum lucro. Mas ele deve ver qual o com a legislação e não só: perdeu- pandemia, que estes contentores que qualquer pessoa pega num espaço
estado de emergência. O consumi-
valor dos produtos básicos que pode dor, o agente económico, todos, têm -se o respeito pelo consumidor. Ele estão nas zonas periféricas da cida- e ergue ali uma barraca, não tem
pôr tendo o seu lucro, mas não pôr de ser o primeiro inspector. não está muito preocupado com o de, nos bairros suburbanos, até têm nenhuma porta, nenhuma janela,
os valores máximos porque ele esta- bem-servir. Não digo que são todos. serviços de talho lá dentro. Eu não nenhuma saída de emergência. Sem
rá a colaborar também no sentido de “Não estão preocupados Mas as pessoas pegam numa antiga posso vender carne aos quilos num arejamento, sem ventilação, e com a
garantir que as populações mais ne- com o bem-servir” papelaria, numa antiga alfaiataria, contentor. Eu não posso vender pandemia, se tivermos um vírus...
cessitadas também possam obter os Numa entrevista ao SAVANA, em num antigo escritório, um local não pedaços de frango aos quilos num Verificamos também que eles não
produtos. E não só. Os agentes eco- 2017, a inspectora dizia que os es- tem condições, para transformarem- contentor porque para eu exercer obedecem a legislação que diz que
nómicos, grossistas e retalhistas, nes- tabelecimentos de restauração, ho- -no em restaurante. Por exemplo, a uma actividades destas, tenho de ter o produto deve estar distanciado
te momento difícil, devem colaborar. telaria e panificação nos davam de maioria das mercearias – agora, no um talho, que pode ser de micro, pe- das paredes a meio metro, 30 cm do
Quando digo colaborar, estamos to- comer muita sujidade. Qual é o es- trabalho da pandemia, que estamos quena, média ou grande dimensão. chão, entre as prateleiras um espaço
dos unidos por uma mesma causa, tado de saúde do sector, hoje? Ain- a contemplar as zonas periféricas da Existem condições mínimas para de 1 metro e 20 ou 1 metro e meio
que é evitar a contaminação e pro- da há estabelecimentos com águas cidade - aqueles contentores e mini abrir um talho- eu tenho de ter as para garantir que as pessoas possam
pagação do vírus, cumprindo com negras nas cozinhas, fossas entupi- mercearias deviam estar encerradas. bancas de alumínio, bancada para circular e em caso de incêndio ele
todas medidas, como distanciamen- das, infiltração de águas, caixas de Todas elas. poder cortar aquele produto, rótulo possa dar a volta e apagar o incêndio.
OPINIÃO
Savana 15-05-2020 17
E
nquanto a maioria dos países tão de saúde pública, mas também longo do tempo, porque as pressões por exemplo, proibindo grandes reu- aqui estão presentes em Moçambique,
implementou o distanciamen- económica e política. A complicada económicas e políticas para abrir se niões e tentando proteger os idosos, onde as autoridades até agora também
to social e reduziu a actividade interação entre saúde pública, econo- tornarão fortes demais, como vemos onde a Suécia, por sua própria admis- evitaram medidas extremas e adopta-
económica em resposta ao co- mia e política se tornou mais visível à em muitos países, e porque as pessoas são, falhou. O fracasso em proteger os ram uma abordagem mais equilibrada.
ronavírus, a Suécia adoptou uma abor- medida que a pandemia progride e os começarão a quebrar as restrições para idosos em tantos países também deve A resposta à pandemia em Moçambi-
dagem mais moderada. As univer- políticos sentem uma pressão crescen- sobreviver ou simplesmente escapar ser um sinal de alerta para Moçambi- que é guiada por especialistas em saú-
sidades e as escolas de ensino médio te para “voltar à normalidade”. Alguns que, para que esse objectivo continue de pública, não por políticos. O nível
do tédio.
mudaram para o ensino a distância, países foram bastante deliberados na sendo uma prioridade na resposta do de confiança nas autoridades não é tão
A pandemia não pode ser parada. O
mas os jardins de infância e as escolas busca de uma estratégia de bloqueio país. alto em Moçambique quanto na Sué-
modelo sueco também assume que,
primárias continuaram abertos, para e, em muitos casos, não tiveram ou- As autoridades de saúde pública da cia, mas a maioria das pessoas segue as
como o vírus é transmitido pelo ar
que pais com filhos pequenos pudes- tra opção, mas outros países agiram Suécia estão se comunicando conti- orientações oficiais de qualquer ma-
e não existe vacina, a pandemia não
sem continuar a trabalhar como antes. com pânico ou pensamento de grupo, nuamente com o público em geral, e neira. Ironicamente, uma abordagem
pode ser parada, apenas desacelerada
Restaurantes, lojas, transporte público em vez de avaliarem completamente a resposta à pandemia é liderada por equilibrada também pode funcionar
e, portanto, um bloqueio rigoroso não cientistas e especialistas em saúde pú-
e outras empresas nunca fecham. A o leque de alternativas disponíveis. bem em um ambiente de baixa con-
fará nenhuma diferença significativa blica. A pandemia é vista como um
Suécia impôs algumas restrições, mas Também em Moçambique, muitos fiança, porque as pessoas tendem a
a maioria das medidas é voluntária, para quantas pessoas serão infectadas problema compartilhado e não foi agir de acordo com o que consideram
comentaristas pediram um bloqueio durante a vida da pandemia. Se um
flexível e depende mais de um sen- imediato. O que a maioria dos países politizada, como ocorre, por exem- seu interesse próprio para compensar
so de responsabilidade individual do país for bem-sucedido em interrom- plo, nos Estados Unidos ou no Bra- a baixa confiança.
tinha em comum é que eles careciam per a primeira onda de infecções, ele
que da aplicação da polícia. As auto- de uma visão holística e de longo pra- sil. Alguns assumiram que o modelo Quando se considera a resposta à
ridades de saúde incentivaram o dis- precisará sustentá-lo por meio de tes- funciona porque o público em geral pandemia como um esforço de longo
zo da pandemia e de uma estratégia tes, isolamento e rastreamento de con-
tanciamento social e outras medidas para abrir após um bloqueio. É aqui tem um alto nível de confiança nas prazo, e não como uma emergência de
preventivas, mas nunca exigiram que tactos, o que apenas poucos países al- autoridades, mas também ajuda o país curto prazo, uma abordagem equili-
que a Suécia é diferente; não porque tamente estruturados serão capazes de
as pessoas ficassem em casa, usassem a ter uma forte estrutura institucional, brada é viável, como a OMS também
perseguiu objectivos divergentes ou fazer, ou sofrerá ondas sucessivas de
máscaras ou evitassem todas as via- onde os políticos seguem conselhos reconheceu ao apresentar esta estraté-
implementou medidas radicalmente infecções. O desafio, portanto, não é
gens. Ao contrário de seus vizinhos, o científicos e um sistema de seguran- gia como um possível modelo para os
diferentes, mas porque adoptou uma parar a pandemia, mas administrá-la.
país não fechou suas fronteiras. ça social, onde as pessoas ainda estão países que buscam para abrir após os
visão holística e de longo prazo da Uma abordagem equilibrada e prag-
Actualmente, existe um debate global pago se eles decidem ficar em casa bloqueios. Uma abordagem equilibra-
sobre se o modelo sueco é bom ou pandemia do começo ao fim. mática. Além de ter uma visão de porque se sentem mal. É importante da é o modelo mais apropriado para
ruim e se pode funcionar em outros Os bloqueios são prejudiciais e insus- longo prazo da pandemia, o modelo ressaltar que, embora as autoridades países pobres e com sistemas de saúde
países, e é bem provável que o mode- tentáveis. Os bloqueios têm um enor- sueco é acima de tudo uma aborda- estejam tentando controlar o ritmo fracos. Moçambique deve confiar em
lo funcione melhor na Suécia do que me impacto socioeconómico negativo, gem pragmática baseada na ciência, da pandemia, elas não estão tentando suas defesas demográficas por tanto e
em muitos outros países porque o país especialmente nas pessoas pobres, mas na experiência passada e no que se impedi-lo. Pelo contrário, as autori- não ter medo do aumento inevitável
possui uma forte estrutura institucio- também têm efeitos práticos e psico- sabe sobre a natureza das epidemias. dades esperam obter pelo menos al- do número de infecções, a maioria das
nal, uma rede de segurança social e um lógicos significativos que podem levar O modelo não é a única estratégia guma imunidade de grupo, expondo quais terá nenhum ou apenas sinto-
alto nível de confiança nas autorida- ao desespero, fome e mudanças estru- viável, mas equilibra a saúde pública, muitas pessoas de baixo risco ao vírus, mas leves, se os casos identificados até
des. No entanto, para entender a lógi- turais e potencialmente duradouras na as necessidades económicas e políti- incluindo crianças, e, dessa forma, es- agora forem um guia. Prevenir o pâ-
ca por trás do modelo sueco, devemos economia. O dano dos bloqueios será cas, mantendo flexibilidade suficiente peram que não ocorra uma segunda nico e convencer a população de que
começar em outro lugar. conhecido daqui a algum tempo. O para que as pessoas possam funcionar onda de infecções, o que parece inevi- o aumento inevitável do número de
Está ficando cada vez mais claro que a modelo sueco pressupõe que a pan- como antes e manter a “normalidade” tável na maioria dos países que imple- infecções não é algo a temer é um dos
resposta a uma pandemia e suas con- demia durará muito tempo e que um que procuram. Embora a abordagem mentaram bloqueios. principais desafios que as autoridades
sequências não é apenas uma ques- bloqueio não poderá ser sustentado ao seja flexível, ela também é direcionada, Muitas das características descritas de saúde pública ainda enfrentam.
J
ustificação similar foi avançada técnica e financeira que assenta o nos- minimizar a exclusão é o uso dessas pla- professor, o aluno, os encarregados ou o por causa do marketing para justificar a
após destruições provocadas pelos so sistema de educação desde o ensino taformas online. Mas será mesmo isso? MINEDH (proponente) ou as institui- continuidade de pagamento de mensa-
ciclones Idai e Kenneth nas zonas primário até universitário. Temos um Argumento que para se tomar medidas ções de ensino? Implicações à montan- lidades por parte dos estudantes, forçam
centro e norte do país, respecti- problema real por resolver. O problema como estas não se deve ignorar que nem te: os professores que devem ministrar docentes e estudantes à essa perplexida-
vamente. Mas dada a experiência acu- é reconhecer que o nosso currículo ou todas as escolas em Moçambique têm as aulas nunca foram preparados du- de de educação, imputando aos pais e
mulada que Moçambique tem sobre a diversos curricula neste país não tem acesso à energia eléctrica. O simples rante toda a formação deles para o uso encarregados de educação pagar pelos
gestão de situações de emergência, se em conta a realidade nacional. Daí o facto de não ter acesso à energia eléctri- dessas ferramentas para o ensino. Basta serviços que devem ser providenciados
torna problemático, quando o MINE- recurso a apelos para o cumprimento ca, não é apenas o problema das esco- folhear o livro escolar e o livro do pro- pelas instituições de ensino nos moldes
DH, mais uma vez, centralmente define das regras estabelecidas e a descrição las localizadas nas zonas rurais. Muitas fessor para constatar isso. Estamos pe- de funcionamento normal. E a situação
e aprova o uso de plataformas online e imediatista das medidas sem explicar das escolas nas zonas urbanas em todo rante um professor que se torna aluno, não deixa de provocar embaraços às ins-
essas medidas são replicadas pelas ins- o que essas medidas significam, como o país, incluindo a cidade de Mapu- por causa da pandemia da Covid-19, tituições de ensino, algumas das quais o
tituições de ensino sem nenhuma evi- vão ser executadas e respectiva exequi- to, não têm acesso à energia eléctrica. para aprender a usar as plataformas on- seu funcionamento pleno dependendo
dência da sua exequibilidade, porque bilidade e porquê se opta por essa ou Sem acesso à energia eléctrica nenhu- line (skype, youtube e fazer vídeos) para de docentes com vínculo contratual que
o CALEM deve ser cumprido, como aquela medida. É problemático tomar ma plataforma online se apresenta com depois ter que ensinar quem não tem deve ser honrado pelas instituições: o
medidas de mitigação do impacto da medidas e justifica-las apenas com re- alternativa para alunos e professores esses dispositivos online para o efeito. docente espera que lhe seja pago um
Covid-19, com pretensão de serem curso discursivo óbvio: as regras devem no processo de ensino e aprendizagem. Nem as universidades do país estão de- salário pela instituição de ensino a que
aplicáveis para todos as escolas, alunos, ser cumpridas e ponto final. É também Seja como for, plataformas online como vidamente preparadas para o efeito. A está vinculado pelo serviço prestado.
professores e encarregados de educação, problemático não tomar medidas para skype, whatsApp ou uso do youtube para pandemia surge quase no momento em Mas a instituição não pode proceder
independentemente das condições es- evitar o crivo da opinião pública. Ora os professores fazerem vídeos e depois que as contratações de novos docentes, o pagamento devido ao docente por-
truturais que enformam o nosso siste- vejamos algumas medidas: enviar para os alunos e vice-versa pode que nunca tinham ensinado, estavam que o docente gera rendimento para a
ma de educação em Moçambique. Ape- Primeiro, medidas como o uso de pla- ser aplicável mas requer recursos técni- em curso e esses aprendem a ser profes- instituição ensino. A Covid-19 coloca a
sar das justificações, tanto ou quanto taformas online, tele-escola (televisão) cos e financeiros à disposição dos alu- sores à distância de alunos em turmas todos (docentes, instituições de ensino
plausíveis, que o pessoal do MINEDH e rádio para assegurar que seja manti- nos e professores mais acesso à energia que, também, estavam em constituição e os pais e encarregados de educação)
e até alguns funcionários-docentes das do, no mínimo, o processo de ensino e eléctrica, nem que fosse para carregar os (UniZambeze, 2020). Temos situações numa posição legítima para que seja
universidades em Moçambique que res- aprendizagem (PEA) durante o “estado telemóveis de megabites. nas universidades de docentes, antigos invocada a cláusula de força maior. Ou
pondem pelas administração e finanças de emergência (EtM)”. Mesmo que es- O que parece ser exercício fácil tem im- e novos, que não conhecem seus estu- seja, no mínimo, justiça para todos.
tem apresentado oficial e publicamente tejamos em EtM, o princípio de educa- plicações económicas, pois as platafor- dantes e nem estão familiarizados a usar
nos órgãos de comunicação social (tele- ção inclusiva plasmado na Constituição mas online, para os que podem, preci- dispositivos online. Essa é uma daquelas
visões e rádios), elas (justificações) es- da República ainda prevalece. Em par- sam de serem mantidas via pagamento situações que coloca as instituições de *Doutorando em Sociologia de Desenvol-
vaziam-se porque estão dissociadas da te, a forma que o MINEDH e as ins- às operadoras de telefonia móvel. Quem ensino num paradoxo. Não investiram vimento. Faculdade de Letras e Ciências
realidade estrutural socio-económica, tituições de ensino encontraram para paga as despesas dessas plataformas: o para o ensino a distância (EaD) mas, Sociais, UEM. Maputo.
OPINIÃO
18 Savana 15-05-2020
Cartoon
EDITORIAL
O estado de emergência,
as propinas e o medo de
tomar decisões
T
em sido motivo de acesos debates a questão de se no quadro
das actuais medidas do estado de emergência, e com todos os
estabelecimentos de ensino encerrados, deve ser justo ou não
os estudantes continuarem a pagar as suas propinas mensais.
De um lado estão as escolas, que defendem que apesar da suspensão
das aulas elas têm que continuar a suportar os seus encargos fixos,
que incluem o pagamento dos salários aos professores.
Do outro lado, os alunos e seus pais ou encarregados de educação
entendem que não havendo actividades escolares a título presencial
não se justifica que continuem a pagar propinas.
Na sua defesa, as escolas argumentam que introduziram mecanis-
mos alternativos de ensino à distância pelo que, em termos efectivos,
elas continuam a prestar o mesmo serviço, mesmo sem a presença
Monoculturas
dos alunos nas escolas.
Parece ser um debate interessante, mas também algo cuja solução
não depende só do entendimento destas duas partes.
A primeira questão que deve merecer consideração é que a actual
C
situação resulta de medidas excepcionais, tomadas pelo Governo, e
que nenhuma das partes teria antes previsto. O entendimento ori- onta Umberto Eco, na con- insectos não vêm a teia de aranha qualquer retorno às “origens”. Que-
ginal de ambas as partes era de que as aulas decorreriam nos moldes versa que trava com Jean- onde caem - só o nosso aparelho óp- rer fingir uma clausura identitária,
-Claude Carrière em A Ob- tico está habilitado a ver a teia - nós modulada num suporte cultural de
tradicionais, sem que alguma vez houvesse necessidade de se recor-
sessão do Fogo (Difel, 2009) não conseguimos detectar facilmente “resguardo”, é apenas sintoma de
rer a meios virtuais, excepto no processo normal de comunicação sobre a história e as virtualidades do as teias ideológicas com que as nos- uma irresponsabilidade política que
entre estudantes e professores. livro, esta situação inesquecível: sas culturas nos moldam, e daí que, precisa de alibis.
Em segundo lugar, é preciso questionar se, havendo um coman- «Foi na minha deslocação ao Mali que mesmo quando queremos resistir ao Vem este paleio a propósito de um
do com força de lei, e que obriga ao encerramento das actividades me foi dado descobrir o país dos Dogons, seu contágio, sejam absolutamente estudante que prepara uma tese sobre
escolares, haverá necessidade das escolas se sentirem obrigadas a cuja cosmologia fora descrita por Marcel atraentes as diferenças que o outro o que sejam os critérios para o câno-
oferecer alternativas para continuarem, nas actuais circunstâncias, a Griaule no seu célebre Dieu d’Eau (O civilizacional nos traz porque nos ne literário e a quem eu emprestei o
prestar o seu serviço de ensino aos seus alunos. Deus da água). Ora, os trocistas dizem autorizam a interpretar sob um novo livro seminal do Harold Bloom so-
O terceiro ponto é uma questão prática, que tem muito a ver com que Griaule inventou muito. Mas se in- olhar certos costumes domésticos que bre o tema. Fui depois surpreendido
terrogarmos hoje um velho Dogon sobre nunca havíamos interrogado). porque ele comentou a amigos que
a eficácia destes meios alternativos de ensino à distância, dado que
a sua religião, ele contar-nos-á exacta- No filme, um grupo de aventureiros eu lhe emprestara o livro, declarando
nem todos os alunos dispõem dos meios tecnológicos que lhes per- mente o que Griaule escreveu – isto é, o motivados pelo impulso muito rous- que não tencionava lê-lo. Abismou-
mitam fazer um aproveitamento integral das oportunidades que que Griaule escreveu tornou-se na me- seauniano de se desligar do mal civi- -me a sua rejeição, dado que o livro
estão a ser oferecidas, ou mesmo até porque a disponibilidade da mória histórica dos Dogons… Quando lizacional chegava a um vale perdido de Bloom, para o tema, é incontorná-
internet pode ser variável em diferentes pontos onde eles se encon- chegamos aí, no cume de uma extraor- numa floresta onde vivia uma tribo vel, atitude que eu não compreendia
trem. dinária falésia, vemo-nos rodeados de ainda virgem de contacto. Face a esse até que alguém acabou com a minha
Há um quarto elemento que parece não fazer parte dos cálculos crianças que nos perguntam todo o tipo “paraíso” rejubilavam com a possibili- inocência ao explicar que ele não
das escolas, nomeadamente o facto de que como consequência das de coisas. Interpelei uma dessas crianças dade de um recomeço “adâmico” aceitava o livro porque o mesmo não
actuais restrições, haverá pais ou encarregados de educação cujas para lhe perguntar se era muçulmana. Só que depois tudo o que ocorria era africano e “pertencia à tradição
condições financeiras terão sido afectadas ao ponto de já não pode- “Não, respondeu ele, sou animista.” Ora, depois do aparecimento deles emara- ocidental”. Bom, de antemão tenho
até anteontem, para um animista poder nhava-se em equívocos, por serem os a certeza de que qualquer contribu-
rem continuar a suportar os seus encargos.
dizer que é animista, teria de ter passado seus códigos comportamentais muito to conceptual que refresque a leitura
Postos em consideração todos estes aspectos, parece evidente que quatro anos na École Prátique des Hau- diferentes dos da tribo; tal como a sobre qualquer tema cultural ou área
não haja condições nem para as escolas continuarem com a preten- tes Études, porque muito simplesmente presença deles na tribo, mercê das no- científica pertence a todos, não tem
são de que dispõem de meios alternativos eficazes para continua- um animista dificilmente saberia que o é, vas informações que haviam trazido, fronteiras étnicas, depois imagine-se
rem a leccionar nem para os estudantes fingirem que estão adquirir como o homem de Neandertal não sabia ia desvirtuando a “inocência” da co- que o Wole Soyinka ou o Aimé Ce-
quaisquer conhecimentos. A situação é difícil para todos e é melhor que era um homem de Neandertal. Eis munidade “primitiva”. E progressiva- sáire rejeitavam o Shakespeare porque
que se aceite esse facto. dois exemplos de uma cultura oral a par- mente foram-se dando conta de que a é da tradição ocidental: com isso per-
O que não se pode compreender é a atitude de indiferença das auto- tir de agora determinada pelos livros». sua intrusão adulterara o carácter des- diam uma parte importante e vital da
ridades de Educação no país, que já deveriam há muito ter tomado Pois é, a informação e o conhecimen- sa tribo que criam paradisíaca, onde sua obra teatral (onde, precisamente,
to não se esquecem, a partir do mo- agora sentiam despertar uma inegável dialogam com o bardo inglês). O que
a iniciativa de intervir para impor uma ordem que parece estar a
mento em que abrem outros campos e insuspeita cobiça. estes africanos trouxeram de novida-
fazer muita falta. de inteligibilidade e são absorvidos É invariável, em havendo contac- de aconteceu porque souberam cruzar
A última vez que a Ministra da Educação e Desenvolvimento Hu- como uma vitamina no corpo duma tos entre culturas diferentes assoma os seus genes culturais com o do outro
mano, Carmelita Namashulua, se pronunciou publicamente sobre o comunidade que desconhecia tais no- inevitavelmente uma terceira, que é e expandir o campo.
assunto, sugeriu que as escolas e os seus utentes encontrassem uma vidades. o resultado de uma simbiose inespe- Uma coisa é defendermo-nos do eu-
forma de se entenderem. Como quem diz, “não é da nossa respon- Na minha adolescência vi um filme rada, como aventa Edouard Glissant: rocentrismo, outra a tolice de confun-
sabilidade”. que me atraiu porque a banda sono- desponta uma crioulização quan- dirmos a árvore com o bosque. No
A pergunta que deve ser feita perante tamanha monstruosidade ra era dos Pink Floyd. Chamava-se do duas ou mais áreas linguísticas e bosque da cultura o meio ambiente
é se a situação actual decorre de uma decisão do Governo e este «La Vallée», e a trama desenvolvia- culturais heterogéneas se contactam, só é sustentável se mantiver intacta
mesmo Governo se iliba de assumir responsabilidades perante as -se exactamente em torno deste tema: com um resultado que é imprevisível. a sua diversidade biológica e botâni-
será possível esquecer o conhecimen- E aí mudam de forma significativa, ca, se for unicamente de eucaliptos é
consequências dos seus próprios actos, ainda se pode chamar de
to? É possível, como queria Nietzs- mesmo que lentamente, os modos mais feio, mais pobre e mais indefeso
Governo? che, dar um salto para lá da lei, da de vida. Sempre que um camponês a todo o tipo de incêndios. A cultura
Claro que neste caso compete ao Governo intervir e tomar uma gramática, dos secretos ditames que adquire um telemóvel não comprou humana é um bosque que não autori-
decisão que tome em conta as actuais circunstâncias e salvaguarde pelos ardis da linguagem expressam apenas uma tecnologia, é introduzi- za a monocultura. Não compreender,
os interesses de cada uma das partes. Pode ser difícil, mas governos ou impõem a sujeição que, de comum, do em novas formas de socialização e além de estulto, é uma dramática per-
existem para tomar decisões, incluindo as mais difíceis. nos é invisível? (Que quer isto dizer? de criação de vínculos. Pior, se é um da de tempo, até porque a roda está
Que do mesmo modo que os outros cell inteligente. É então impossível inventada.
O terrorismo
Por Jacinto Veloso*
A
grande maioria dos Estas manifestações populares Por outro lado, abastecia-se em teressados em neutralizar as am- tarem serem esfaqueadas e/ou
muçulmanos do mun- denunciaram injustiças sociais, material de guerra que os ameri- bições “imperialistas” do Estado decapitadas.
do são pessoas pacíficas a grande corrupção reinante e a canos tinham fornecido ao exér- Islâmico. No domínio do recrutamento,
e se opõem com vigor falta de democracia interna. Na cito regular que haviam treinado No dia 22 de Setembro de 2014, enquanto que a al-Qaeda co-
à apropriação pelos terroristas Síria a contestação conduziu à e equipado. bombardeiros americanos ata- loca condições selectivas, como
do conceito da “Jihad” (combate guerra civil que ainda hoje per- O objectivo final do Estado Is- caram na Síria alvos do EI e conhecimento dos preceitos
interior) que entendem não deve dura. lâmico (Daesh ou Daash em também dos fundamentalistas religiosos entre outros o que
ser usado em acções violentas. Estas turbulências sociais, mais língua árabe) é declarar um ca- da al-Nusra; o EI controlava limita a adesão, o EI facilita o
Na prática os fundamentalistas ou menos violentas, criaram um lifado e designar um Califa para recrutamento treinando e dou-
e governava a ferro e fogo um
fazem exactamente o contrário, ambiente favorável ao apareci- dirigir o território sob seu con- trinando de seguida os inscritos
território mais extenso que o
usando o conceito de “Jihad” mento de grupos fundamenta- trole. para realizar missões terroristas,
Reino Unido e afirmava querer
para desestabilizar, para criar o listas islâmicos jihadistas, ten- Fica a impressão que o objectivo que têm por objectivo “criar uma
do-se destacado a al-Nusra que do EI era, na prática, apropriar- estender a sua influência a todo
caos, para criar o terror. vida melhor para todos” e “aca-
Vários estudiosos e investigado- em 2012 se juntou à oposição na -se de dinheiros e outros valores o mundo.
bar com o descontentamento
res, em particular da academia Síria para derrubar o regime de para uso próprio dos jihadistas, provocado pelo regime político
americana, definem o terrorismo Bashar al-Assad. que no entretanto passaram a Al-Qaeda e Estado Islâmico
em vigor”.
como os actos violentos ou que Em 2013 (Abril) o chamado Es- oprimir as populações, invocan- Já a al-Qaeda com as suas várias
O EI mobiliza em todo o mun-
ameaçam usar a violência contra tado Islâmico uniu forças com a do o rigor da disciplina do que filiais terroristas espalhadas pelo
do dizendo: “Venham combater
civis (não combatentes) com o al-Nusra constituindo o que vi- dizem ser a Lei de Deus, a Sha- mundo, mantinha o seu objecti- connosco. Após a vitória podem
objectivo de exercer vingança, ria a chamar-se o ISIS (Estado ria. vo político de combater os “in- voltar para as vossas famílias. Se
de intimidar ou de qualquer ou- morrerem vão direitinhos para
tra forma para aterrorizar uma o Paraíso, se Deus quiser. Allah
determinada comunidade ou cuidará dos que ficarão para trás.
população. Terroristas são indi- Durante a luta o Califa cuidará
víduos não estatais que praticam de vós”.
a violência contra populações
civis para atingir determinado Algumas conclusões
objectivo político, religioso e/ou A al-Qaeda tem objectivos po-
material. líticos bem definidos na sua
Admitem esses académicos que luta terrorista que é contra os
duas características essenciais “infiéis” do Ocidente com os
definem o terrorismo: em pri- EUA à cabeça, que pretendem
meiro lugar, os actos terroristas enfraquecer. Visam desestabili-
são dirigidos contra a população zar os ocidentais que prejudicam
civil o que está completamente os muçulmanos e pretendem
fora das leis da guerra clássica também neutralizar os próprios
que proíbem a perseguição a muçulmanos moderados dos
não-combatentes, pelo que as estados muçulmanos laicos. Na
acções terroristas são conside- prática pretendem que todos os
radas como crimes de guerra; muçulmanos sejam governados
em segundo lugar, os terroristas pela Sharia ou Lei de Deus;
usam a violência para produzir acham que os “infiéis” exploram
um efeito dramático, para ins- as suas riquezas (hidrocarbone-
talar o medo na população alvo Islâmico do Iraque e Síria, na A acção contra-terrorista fiéis”, na prática os ocidentais
tos), um neocolonialismo que é
e nas comunidades vizinhas. É sigla em inglês). Face ao avanço do fundamenta- com os EUA à cabeça, fomen-
preciso terminar.
normalmente uma fase prepa- O ISIS conquistou rapidamente lismo islâmico, a reacção ameri- tando atentados e outros actos
O Estado Islâmico tem como
ratória para controlar militar- grandes extensões de território cana e dos seus aliados foi: fragi- terroristas desestabilizadores,
objectivo político instaurar a Lei
mente um determinado territó- que passou a controlar e a go- lizar o EI e organizar a ofensiva sem a preocupação de governar
da Sharia usando todos os mé-
rio e sua população, segundo a vernar, tendo captado o apoio para o destruir, utilizando uma territórios ou mesmo de só os
todos terroristas por mais bárba-
experiência vivida nos países do político da maioria da popula- estratégia antiterrorista abran- controlar. O exemplo típico foi
ros e desumanos que possam ser.
Médio-Oriente. ção, descontente com os regimes gente e consistente, atacando o o atentado contra as torres do
Visa controlar/governar a popu-
ditatoriais do Iraque e da Síria. EI simultaneamente no Iraque e World Trade Center, em New
lação de um determinado terri-
A Primavera Árabe Na gestão das novas zonas “li- na Síria. York, em 11 de Setembro de
tório, constituído em Califado,
As manifestações da Primavera bertadas”, os responsáveis do Os EUA investiram 25 mil mi- 2001, o conhecido 9/11.
dirigido por um Califa, reviven-
árabe iniciaram na Tunísia em ISIS apoderaram-se dos dinhei- lhões de USD no treino e equi- Ao contrário, o EI para criar pâ-
do assim os tempos do início da
Dezembro de 2010 e se espa- ros em depósito nos bancos, co- pamento do exército iraquiano nico na população e nas forças expansão da religião muçulmana
lharam por vários países árabes. bravam impostos, requisitavam ao longo de 8 anos e sem grande da ordem, inicia as suas acções e a sua bandeira negra. Visa co-
Em Dezembro de 2013 as ma- diversos meios aos privados, resultado, porque nos momentos terroristas, como fez no Iraque brir cada vez mais territórios em
nifestações populares tinham le- mobilizavam financiamentos decisivos os soldados formados e na Síria, com actos terroristas
todo o Mundo.
vado à substituição dos governos externos (normalmente donati- pelos americanos desertaram fu- bárbaros e selvagens matando
da Tunísia, do Egipto (2 vezes), vos), vendiam crude oil aos con- gindo das ofensivas militares do pessoas indiscriminadamente
*Antigo ministro de Segurança no
da Líbia e do lémen. Tumultos trabandistas, vendiam antigui- ISIS. à facada, queimando casas e os
governo de Samora Machel
mais ou menos violentos ocorre- dades, etc., etc. Outras fontes de A coligação antiterrorista coor- bens da população, assim como
ram no Bahrein e na Síria. Ma- receitas eram os resgates cobra- denada pelos EUA incluiu: o decapitando civis e militares. O
Bibliografia:
nifestações de rua na Argélia, no dos por raptos de pessoas com Reino Unido, a França, a Aus- efeito que conseguiram no Ira- - O Estado Islâmico, por Jessica Stern
Iraque, na Jordânia, no Kuwait e clara capacidade financeira. O trália, o Canadá, a Alemanha, que e Síria, com a táctica atrás e J.M. Berger, académicos norte-
ISIS foi a certo momento con- a Holanda e ainda o Bahrein, descrita, foi que quando ataca- -americanos.
na Arábia Saudita entre outros
em menor escala levaram a re- siderado uma muito rica organi- a Jordânia, a Arábia Saudita, a vam os quartéis das forças da or- - O Islão e o Ocidente, Jaime Nogueira
Pinto
modelações na governação des- zação, capaz de abrir e financiar Turquia, o Qatar e os Emiratos dem, estas fugiam abandonando
ses países. novas frentes em novas regiões. Árabes Unidos, estes últimos in- veículos e armamento, para evi- - Wikipédia.
OPINIÃO
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À
escala mundial, a cerca de USD 7 biliões, parte inflação de 3% a 5% ao ano e atrasado, mas é importante Uma parte deste Fundo se-
pandemia Covid-19 das suas reservas, “para assistir ter uma economia de rastos, registar que não estamos imu- ria para reforçar o orçamento
ameaça e ceifa mi- o Governo nas suas medidas com desemprego a subir, ou, nes às consequências da pan- de Estado para construir um
lhares de vidas todos fiscais para estabilizar a eco- em alternativa, (ii) permitir, de demia. Ninguém sabe ao certo, sistema de saúde pública que
os dias e está a provocar sérios nomia” Neste quadro, para mi- forma controlada, só por um mas todos estamos a sofrer as proteja os cidadãos de pan-
danos às economias nacio- norar os efeitos do Covid-19, ou 2 anos, aumentar a taxa de consequências. Nos vários dis- demias (aquisição de equipa-
nais de todo o mundo. Para “o Governo, irá investir em inflação para 10% ou 12% no cursos pelo mundo afora já se mentos relacionados com a
fazer face a esta situação, su- qualquer empresa nacional e ano corrente, e assim liber- fala de que a pandemia poderá pandemia, laboratórios, mate-
bitamente o que o paradigma assim facilitar o seu desen- tar recursos monetários para perdurar 2 anos. rial de protecção, camas, venti-
anterior não permitia, passou volvimento, com foco nos o mercado, e assim garantir a ladores, ampliação de unidades
a ser permitido. Os governos sectores geradores de divisas manutenção do essencial da É importante olhar para os sanitárias.) desenvolvimento
passaram a ter grande proemi- (o turismo e as exportações) capacidade produtiva e o em- problemas à nossa frente e de escolas públicas de qualida-
nência na acção económica e e segurar o emprego”. – vide prego. procurar soluções fora dos pa- de e de outros serviços sociais
social, incluindo fazendo fluir https://www.bloombergquint. drões usuais (out of the box). e o apoio a fundo perdido para
dinheiro para o sector priva- com/onweb/mauritius-cen- Este ajuste de conceito, permi- É essencial elevar a capacidade incentivar a transformação da
do, o que até a pouco tempo tral-bank-set-to-back-effort- te libertar dinheiro para objec- dos serviços públicos de saúde, economia informal e sua inte-
era uma heresia. Na Europa, -to-stabilize-economy - Este tivos prioritários que vierem manter as empresas e o empre- gração na economia formal.
no Japão, na China, na India, pacote de estímulos constará a ser seleccionados e assim, go e apoiar as famílias. Isso é
em muitos outros países e nos do orçamento de Estado. se salva o essencial da econo- urgente e, o momento, é agora. A outra parte seria para ala-
EUA estão a ser libertados tri- mia. Em particular trata-se vancar as empresas nacionais
liões de dólares e euros para Os Estados dos vários países de suportar selectivamente Sugere-se assim uma inter- através de linhas de crédito
salvar as empresas e assegurar estão a emitir dinheiro, em as empresas e trabalhadores venção ampla (i) no plano so- específicas e concessionais,
a oferta e a distribuir dinheiro apoio às empresas privadas dos sectores directamente re- cial e (ii) nas empresas, através para promover a diversificação
aos trabalhadores e às famílias e públicas. Esta política será lacionados com os efeitos da da constituição urgente de um da economia, em particular
para manterem a procura. executada com foco em seg- pandemia e que asseguram a Fundo de Solidariedade, com a produção e distribuição de
mentos vitais para a economia normalidade da vida do cida- o objectivo de (i) alavancar alimentos, o aumento de ex-
Sem considerações de limites relacionada com os efeitos da dão como é o caso da saúde, capacidades nacionais no pla- portações e a substituição de
de défice orçamental, em me- pandemia e dentro de certos educação, abastecimento ali- no da saúde e educação e (ii) importações.
nos de um mês, o impensável limites. O objectivo visa sal- mentar, transportes, logística, manter e desenvolver as capa-
aconteceu: o Federal Reser- var as empresas, o emprego e importação de bens de consu- cidades no plano empresarial Um grupo de pessoas, de vá-
ve Bank (banco central dos atenuar os desequilíbrios en- mo e matérias-primas para a nacional. rias sensibilidades e quadran-
EUA), o Banco Central Euro- tre a procura e oferta de bens industria relacionada com os tes da economia, poderiam ser
peu e aqui mais perto, o Banco e serviços na economia. Este é efeitos do coronavírus e tam- Numa fase inicial, e tratando- convidadas a fazer uma pro-
Central das Maurícias, saíram claramente um conceito key- bém suportar as empresas ge- -se de uma iniciativa única, posta de constituição, fontes
em socorro às empresas e ao nesiano, muito praticado a se- radoras de divisas, incluindo singular e abrangente, o finan- dos fundos, gestão do Fundo,
emprego. guir à segunda guerra mundial, o turismo e as que substituem ciamento inicial deste Fundo aplicação dos fundos, regras de
e que tinha por objectivo esti- importações, entre outros, a seria por via da emissão de
transparência e critério de boa
Os modelos clássicos de in- mular a produção e o emprego definir pelo Governo. Obrigações de Tesouro inte-
governação corporativa.
tervenção via banco central através sobretudo do investi- gralmente subscritas pelo Ban-
ou orçamento do Estado, não mento público e restabelecer Neste contexto, sugere-se que co de Moçambique, com juro e
O FMI, Banco Mundial e o
têm sido suficientes. As me- o equilíbrio entre a economia com os devidos ajustes e limi- prazo concessional, numa fase
Banco Africano de Desenvol-
didas adoptadas nas últimas real e a monetária, visando o tes para o caso de Moçambi- inicial, de por exemplo MT 20
vimento e outros parceiros de
semanas alteraram os para- pleno emprego. que, que se implemente um a 30 mil milhões de meticais,
cooperação poderiam apoiar
digmas existentes. Os países Moçambique, em situação de modelo à semelhança do que a realizar em dois anos. A im-
industrializados, em menos de um plano do Governo neste
emergência declarada, os pou- está a ser implementado pelo plementação seria gradual e
2 meses, já decidiram injectar cos recursos cedidos pelo FMI Banco Central das Maurícias em função da evolução da si- sentido, visando dotar o País
mais de 10 triliões de dólares e pela comunidade internacio- em resposta ao Covid-19. tuação global. de infraestruturas e capacida-
para que as suas economias nal são insuficientes. É sabido Sem alarmismos, mas com Os parceiros de cooperação as des de prover adequados servi-
e serviços públicos de saúde que o nosso Ministério das frieza, é bom registar que, multinacionais, as confissões ços públicos e para dispôr de
não colapsem. Na Europa, as Finanças não possui reservas para além de mortes, a pan- religiosas, os cidadãos e a so- empresas nacionais que sejam
taxas de juros do BCE são ne- nem excedente orçamental demia Covid-19 está a gerar ciedade em geral deveriam ser inovadoras, que assumem o
gativas. O Presidente Trump para promover uma efectiva uma ampla devastação social e motivadas a associar-se a esta risco, que possua gestão pro-
recomenda ao FED para bai- política em defesa e promoção económica em Moçambique: iniciativa de longo alcance, fissional e sejam competido-
xar ainda mais a taxa de juros da economia nacional. Mas o fecho de empresas, desempre- devendo-se assegurar que a ras, por forma a que possam
actual que ronda 1%. O Bank Banco de Moçambique pos- go, famílias sem meios de sub- gestão do Fundo obedecerá a participar nos anos vindouros
of England está a debater se sui recursos. Claro que emi- sistência, falta de liquidez para rigorosos critérios de governa- nos desafios da exploração dos
baixa o juro de 0,1% para juro tir moeda tem os seus custos alimentar o sector informal, ção corporativa, será transpa- recursos naturais que, embo-
negativo. Trata-se de salvar inflacionários de curto prazo, fome. rente e não haverá desvio no ra adiado, continua a possuir
vidas e manter os serviços pú- mas o mercado se restabelece É essencial um apoio urgente mandato conferido. A socieda- muitas virtualidades.
blicos de saúde e a economia a pelo efeito neutro da moeda. à tesouraria das empresas. Se de civil, os privados e os par-
funcionarem. Face aos danos que a pan- se deixa as empresas morre- ceiros da cooperação poderiam O país requer debate amplo e
demia que o Covid-19 está a rem será muito difícil reani- fazer-se representar num dos construtivo sobre temas desta
Segundo a legislação propos- provocar, as opções no presen- mar a economia quando tudo órgãos deliberativos do Fundo, natureza que dizem respeito
ta ao Parlamento das Maurí- te momento são: (i) manter tiver passado. Aparentemen- sendo que os gestores devem à nossa sobrevivência e o das
cias, o Banco Central vai usar o actual objectivo de taxa de te, estamos com o calendário ser escolhidos por mérito. empresas nacionais.
DESPORTO
22 Savana 15-05-2020
Muhammad Sidat diz que não pretende suceder ao pai na direcção da FMF
M COVID-19
estrado FIFA, na área infraestruturas desportivas, melhorar
de desporto, e primeiro o controlo funcional, social, eco-
quadro nacional efectivo nómico e financeiro e ainda ter as
da Confederação Africa- questões legais e administrativas dos
A
na de Futebol (CAF), Muhammad clubes em dia.
Sidat, 30 anos de idade, diz, em Sobre a obrigatoriedade de os clubes Covid-19 não vai desaparecer vai estar pelo menos
entrevista ao SAVANA, que a sua terem de se licenciar sob o risco de a 2 anos, oxalá que seja menos! Muita gente está assustada,
indicação para altos cargos nesse or- FMF incorrer em multas de 10 a 15 pela sua saúde, tanta gente assustada pelas suas carteiras,
ganismo não tem a ver com possíveis mil dólares. O clube que estiver em pelo seu dinheiro. Isto é o que vai acontecer.
lobbies que tenha feito, muito me- situação irregular ou que tenha en- Dinheiro: Vai haver muito menos, então salve, não gaste, em coisas
nos com influência do seu pai, Fei- viado à FMF dados irregulares fica que não precise!
zal Sidat, até porque tal aconteceu impune? Não compre coisas caras, não compre carros, não gaste na bolsa de
quando este já não era presidente da -Em caso de incumprimento, estão valor, porque vai cair!
Federação Moçambicana de Fute- também previstas sanções para os
Nem sequer compre roupas que não precisa, porque casamentos
bol (FMF). Seguem-se os excertos clubes que não cumpram com as re-
não voltarão por uns tempos.
da conversa. gras, desde a não obtenção da licença
Muhammad Sidat, quadro sénior da CAF
e consequentemente a proibição de Emprego: Alguns trabalhos simplesmente não vão voltar, assisten-
Fale-me, em breves linhas, da sua poderem participar nas competições tes, guias turísticos, serviços diversos, vão levar pelo menos 2 anos
momento prestigiante ao nível pes-
trajectória até chegar a CAF, pri- da CAF e competições nacionais. De para voltar a ser os mesmos.
soal e profissional. Antes disso, um
meiro como Mestrado FIFA em acordo com o sistema de licencia- Este tempo deve gastar na sua auto- educação, ter uma habilidade
momento marcante foi aquando da
gestão desportiva, coordenador ge- minha primeira participação na or- mento da CAF, apenas estão auto- que lhe faça ter dinheiro rápido, sem roubar, nem bolar…
ral da CAF e agora como gestor de ganização do CAN Gabão- 2017. rizados a participar nas “Afrotaças”, Um bom negócio será encontrar pessoas com criatividades na in-
licenciamento de clubes e estádios De que forma defende os interesses os clubes que cumpram um conjunto ternet, pessoas que saibam editar vídeos, pessoas que saibam como
da CAF. de Moçambique naquele organismo? de critérios de natureza desportiva, editar publicidades, online e criar websites! Pessoas licenciadas em
-O meu envolvimento no desporto, -Em primeiro lugar o meu dever é infraestrutural, organizativa, jurídi- informática e não em filosofia mas em psicologia , essas habilida-
particularmente no futebol vem de servir a CAF, e contribuir, de forma ca e financeira. Nas competições de des serão muito mais importantes no novo futuro.
muitos anos. A caminhada começou clubes da CAF, depois de concedidas Atenção: 20% da população nos E.U.A está desempregada!...
geral, para o desenvolvimento do
há muitos anos. Após deixar de com- as licenças aos clubes por parte das
futebol africano. Estou numa área Crie o seu próprio emprego, online, ensine a tocar, ofereça os seus
petir no futebol profissionalmente, suas respectivas federações, o poder
chave e de grande relevância que é o serviços de design, trabalhos tradicionais etc…Etc…
tomei a decisão de abraçar novos de- sancionatório situa-se com a própria
Licenciamento de Clubes e Estádios, Medicina: Se não está seguro em estudar medicina, então este é o
safios, que passavam pela formação CAF, enquanto que para as compe-
e parte do meu trabalho prende-se momento de fazer. A covid-19 ensinou-nos que o mundo precisa
académica e busca de conhecimento tições domésticas, cabe sempre ao
com a prestação de assessoria técni- de si, os médicos e os enfermeiros… Precisam de nos aguentar
na esfera desportiva. Em 2012, ter- Órgão de Primeira Instância (OPI)
ca às federações e ligas de futebol no este baque.
minei a licenciatura em Administra- aplicar o mesmo princípio para as
nosso continente. Como moçambi- Paciência! Basta o ‘‘lockdown” físico terminar um novo começa.
ção e Gestão Desportiva em Lisboa e competições nacionais daquele país.
cano, cabe-me, essencialmente, reali-
de seguida conclui o mestrado FIFA, A direcção da LMF disse, nesse en- Esse vai irritar porque será em 2 anos, sem grandes encontros, sem
zar as minhas funções com máximo
um curso único e altamente concei- contro, que todos os 14 clubes aderi- mais Tours em grupos grandes, não mais escritórios cheios, não
rigor e profissionalismo e demons-
tuado que abrange todas as princi- ram ao processo, mas cada clube tem mais aviões cheios, nem dinheiro a correr de um lado para o outro.
trar que o nosso país possui gente ca-
pais questões do desporto. as suas deficiências, pois existem re- Tudo que mencionei em cima é possível, se for sortudo, se fizer
O que pesou para que fosse indicado paz para estar no desporto mundial. quisitos que ainda não foram cum-
Estarei sempre disponível em prol do parte dos 10% restantes.
pela CAF? Fez lobbies ou foi reco- pridos. Qual é a sua opinião? Nem toda gente poderá ter um computador, por isso o rendi-
nhecimento do trabalho que vem desenvolvimento do futebol moçam- -Existem os – Critérios A – “Im-
bicano, para prestar aconselhamen- mento desigual vai subir, os ricos ficarão mais ricos e o pobre
realizando no desporto? perativos” que devem ser cumpridos
to e consultoria técnica, projectos vai ficar mais pobre. A margem será ainda maior pela 1 vez em
-Desde 2017 que eu vinha prestando conforme o estipulado no regula-
alguns serviços à CAF e à COSAFA desportivos CAF e FIFA, e ainda a mento, e no caso de um clube não décadas. Milhões de pessoas entrarão na pobreza. E não vão con-
como consultor de alguns eventos exploração da rede de contactos para os cumprir, então não tem direito à seguir fugir dela. Então há uma coisa que nos temos que lembrar:
e diversos workshops. Já fazia parte parcerias estratégicas, isso claro, se as licença de participação na competi- é de termos compaixão, olhar para si e para o seu vizinho! Não é
da base de dados de colaboradores estruturas do futebol assim o enten- ção e deve ser proibido de participar. momento de gastar dinheiro, mas sim, de dar e talvez seja assim,
e instrutores da CAF. A direcção derem. Além do mais, sublinhamos que em que venceremos a covid-19 juntos!?
actual da CAF, sob a liderança do caso de incumprimentos dos clubes
presidente Ahmad AHMAD, no Investimento precisa-se nos Critérios B – “Obrigatórios”, os Leia S.F.Favor:
âmbito das reformas traçadas, tinha a Fale do processo de licenciamento clubes podem ainda participar na
contratação de novos quadros como de clubes: suas vantagens. competição, sempre sujeitos a um PLEASE! SEJAMOS RESPONSÁVEIS:
uma prioridade e eu acabei sendo -O licenciamento de clubes não veio prazo para cumprir e a uma sanção
referenciado. Acredito que foi o cul- para dificultar a participação de clu- que pode variar entre multas, restri-
bes em competições, mas sim é uma Procure assistência médica caso esteja com sintomas da gripe ou
minar dos passos sólidos que fui dan- ções de contratar atletas, perda de
ferramenta importante para elevar o resfriado.
do ao longo dos anos e hoje estou a pontos, ou ainda exclusão.
colher estre fruto de forma merecida nível do futebol, tanto dentro como O importante a ter em conta é que,
e justa. Veja que, por exemplo, a mi- fora das “quatro linhas”, pois repre- somente clubes devidamente licen- Utilize os métodos abaixo mencionados para ajudar a reduzir o
nha contratação para a CAF, ocorreu senta uma ferramenta de desenvolvi- ciados, que reúnam todos Critérios risco de infecção pela Covid-19:
num momento em que o meu pai já mento à longo prazo. A – “Imperativos” devem participar
não era mais presidente da Federação O futebol moçambicano clama por no Moçambola. 1-Lave as mãos até o pulso com água e sabão, cinza, álcool ou
Moçambicana de Futebol, logo dis- maior investimento por parte dos Tendo em conta os cargos que ocu- álcool em gel, frequentemente.
sipa qualquer tentativa de conexão agentes económicos e patrocinado- pa na CAF, nunca pensou em, num 2-Evite tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
entre uma coisa e outra. res, nota-se também que os jogos futuro não muito distante, concorrer 3-Evite contacto próximo com pessoas que apresentam, sintomas
Sendo muito jovem, 30 anos de ida- do Moçambola na sua generalidade para a presidência da FMF depois de gripe ou resfriado.
de, como se sente estar a representar já não levam muitos espectadores ao que terminar o mandato do seu pai? 4-Evite tossir ou espirrar nas mãos. Faça isso por dentro do coto-
os milhões de moçambicanos? campo, devido às condições precárias Em alguns círculos ligados ao fute- velo ou utilize um lenço de papel descartável.
É definitivamente algo histórico para que as infraestruturas de futebol se bol já se aventa esta possibilidade. 5-Use álcool desinfectante nas mãos após tossir, espirrar, usar
Moçambique, o facto de ter um filho encontram. O principal motivo é que Quer comentar?
primeiro os clubes não estão organi-
transportes públicos e antes de se alimentar.
seu integrado num centro de decisão -Neste momento estou inteiramente
zados, e isto faz com que o “produto” 6-Em lugares públicos… Use a máscara.
do futebol continental e mundial. focado na minha carreira profissional
Como moçambicano, sinto me bas- futebol não tenha valor e não seja e no cargo que ocupo na CAF e até 7-Nos transportes públicos use sempre a máscara.
tante lisonjeado e honrado por carre- rentável. em grupos de trabalho na FIFA. Sou 8-Ao chegar em casa, higienize os sapatos com javel.
gar a nossa bandeira além-fronteiras As autoridades, os clubes e os diri- uma pessoa com objectivos claros e 9-Mantenha o distanciamento social (sempre)
pelos corredores do futebol interna- gentes de futebol em Moçambique neste momento estou a percorrer o 10-Procure assistência médica caso esteja com sintomas de gripe
cional. devem compreender que, com a im- caminho para atingi-los. É verdade ou resfriado.
Qual terá sido, para si, o episódio plementação efectiva e adequada do que não sabemos o que o futuro nos Único: Não acredito em Deus, mas se existe deve ser moçambi-
mais marcante na CAF? sistema de licenciamento de clubes, reserva, mas por enquanto, nos pró- cano. Isto porque só temos poucos mais de 100 infectados e ne-
-Sem sombra de dúvida, eu diria que poderão aumentar o nível de fute- ximos anos as minhas intenções são nhum óbito!....
foi o momento da assinatura do meu bol dentro das quatro linhas e áreas outras. O que conta é que posso aju-
contrato de trabalho com a CAF, em dar o futebol moçambicano estando Longo.Alcance17@hotmail.com
transversais dos seus clubes, melho-
2018. Foi um sonho realizado e um rar a qualidade do futebol a nível de integrado na esfera internacional.
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Savana 15-05-2020 23
Mulheres ComVida
“MAIS FORTES QUE UM VÍRUS”
POSICIONAMENTO
Nós, “Mulheres ComVida”, aliança de várias OSC de luta pelos raparigas tendem a ser pouco aplicadas, por causa da convicção
direitos humanos das mulheres, não podemos deixar de nos soli- de agentes do sistema de administração da justiça e de uma parte
darizar com todos os esforços que estão a ser feitos pelo Governo, do público de que elas são injustas e contrariam os papéis tradi-
entidades privadas e sociedade civil para fazer face à pandemia cionais reservados a mulheres e homens. Este é o momento para
do COVID19, que pode vir a resultar numa verdadeira tragédia, reverter esta situação e salvar vidas. A violência doméstica nas
à semelhança do que está a acontecer em várias partes do mundo. suas várias formas é crime, para os agressores não existe perdão,
Todavia, guiadas pelo mandato da justiça e da igualdade de géne- mas lei!
ro, temos que repisar que o Covid 19 impactará de forma diferente Reconhecemos também que as organizações da sociedade civil es-
mulheres e homens, mercê das desigualdades de género que es- tão a ter um preponderante papel na contenção desta pandemia,
truturam as nossas sociedades. A este propósito, congratulamos o PDVDSHODPRVSDUDTXHUHÀUDPHPWRGRVRVVHXVSRVLFLRQDPHQWRV
Fórum Mulher pelo excelente documento de análise de género da públicos que são as mulheres o grupo mais vulnerável à exposição
pandemia, e recomendamos a sua leitura (“Dimensões de Género do vírus e à violação dos direitos humanos. Mesmo aquelas OSC
da COVID-19 em Moçambique”. que não estão directamente a trabalhar na área dos direitos huma-
Num