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REDUÇÃO DE CUSTOS COM MERCADO LIVRE DE ENERGIA

Samuel Travalão Faria


Curso de Engenharia Elétrica – Universidade Federal do Paraná
CEP 81531-990, Curitiba – PR – Brasil
e-mail: samucatfaria@gmail.com

Resumo – O artigo tem como objetivo analisar


informações sobre o consumo de energia de consumidores NOMENCLATURA
eletrointensivos para que este verifique a viabilidade da
migração do mercado cativo para o mercado livre de TUSD Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição.
energia elétrica. FC Fator de Carga (Varia de 0 a 1).
Os consumidores são analisados pelo seu perfil de W Grandeza de Potência Elétrica (Watt).
consumo e também pela região em que opera, pois são
avaliadas as tarifas da concessionária a qual presta o
serviço de conexão a rede elétrica, que apresentam I. INTRODUÇÃO
diferenças de valores entre elas.
Em 1995, com a Lei 9.074 foi criado o Produtor
Os estudos são feitos com base nos valores tarifários
independente de Energia e o conceito de Consumidor Livre.
atuais, podendo o resultado variar mediante reajustes
Assim passaram a existir dois tipos de consumidores, livres e
tarifários. Desta forma buscaremos a melhor opção
cativos. Para o primeiro grupo é possível à negociação de
econômica para o consumidor.
preços da energia, enquanto, para os consumidores cativos as
Esta pesquisa faz uso de aplicativos computacionais,
tarifas são reguladas pela ANEEL.
utilizando dados históricos.1
No ano de 2001 houve uma grave crise de abastecimento
que culminou em um plano de racionamento de energia
Palavras-Chave – Análise tarifária, Comercialização de
elétrica gerando questionamentos sobre a situação do setor
Energia, Energia Incentivada, Mercado Cativo de
elétrico brasileiro. Em 2002 foi criado o Comitê de
Energia Elétrica, Mercado Livre de Energia Elétrica.
revitalização do Modelo do Setor elétrico que resultou na
alteração do setor elétrico brasileiro durante os anos de 2003
e 2004.
REDUCING COSTS WITH ENERGY O novo modelo deu início à criação da EPE (Empresa de
MIGRATING TO THE FREE ELETRICTY Pesquisa Energética), responsável pelo planejamento do setor
MARKET elétrico em longo prazo, a CMSE (Comitê de Monitoramento
do Setor Elétrico) com a função de avaliar permanentemente
Abstract – This article has the purpose of analyzing a segurança do suprimento de energia elétrica e o MAE
information about the energy consumption of energy (Mercado Atacadista de Energia), um ambiente para a
from large energy consumers so that they can verify the realização das transações de compra e venda de energia
viability of migrating from the regular market to the elétrica, hoje denominada de CCEE (Câmara de
“free electricity market”. Comercialização de Energia Elétrica) [1].
The consumers are analyzed by their profile as well as No inicio, apenas os consumidores com demanda acima
the region in which they operate, as the energy providers de 3MW e atendidos por uma classe de tensão igual ou maior
connection rates are different from one another. que 69 kV (A3) poderiam torna-se consumidores livres e em
The studies are made based on current rates and can 21 de dezembro de 2006, a ANEEL (Agencia Nacional de
vary with rate adjustments. This way we will seek the Energia Elétrica) aprovou a resolução normativa nº. 247 que
best economical option for the consumer. This research autorizava os consumidores com demanda a partir de 500
utilizes computer applications which are based on kW e pertencente a classe A (A2, A3, A3a, A4 e AS) a
historical data. ingressarem no Mercado Livre, sendo chamados de
consumidores especiais.
Keywords – Rates analysis, Energy trading, Incentive Com o constante aumento da carga do sistema elétrico
Energy, Regular market of energy, Free energy market. nacional, a busca dos grandes consumidores pela segurança
da contratação de energia de longo prazo para sua produção
tem se tornando cada vez mais importante para que não seja
exposto a um possível aumento no seu valor de mercado.
Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia Elétrica na O valor da energia elétrica varia de acordo com a oferta,
Universidade Federal do Paraná, desenvolvido no período de agosto a
novembro de 2008, sob orientação do Professor Ewaldo Luiz de Mattos
como por exemplo, os níveis dos reservatórios das usinas
Mehl Dr. e co-orientação do Engenheiro Fernando A. L. Correa. hidrelétricas que são as fontes de energia mais baratas.

1
Quando estes níveis estão baixos, é necessário despachar D - Demanda [kW].
usinas térmicas que geram energia a um preço mais elevado, H - Horas do mês [h].
aumentando o preço da mesma.
Este estudo será baseado em dados relevantes de empresas Os estudos são feitos utilizando um horizonte de um ano,
que buscaram esta alternativa para diminuir seus custos com ou seja, 8760 horas, com uma média de 730 horas por mês.
energia, porém os nomes das empresas serão preservados Como as tarifas são horosazonais, ou seja, diferentes entre os
pela importância estratégica e comercial que elas horários de Ponta e Fora de Ponta, utilizam-se os fatores de
representam. Chamaremos tais empresas de “Empresa A”, cargas separadamente considerando 65 horas para o horário
“Empresa B” e “Empresa C”. de ponta e 665 horas para o horário fora de ponta.

II. DADOS PARA O ESTUDO DE CASO


(1.1)
A. Conceitos Básicos.

1) Submercados - O Brasil é um país de grande dimensões


que e possui um sistema interligado baseado em energia
hidráulica. As vazões dos rios sofrem variações tanto com a E
sazonalidade quando geograficamente. O Sistema é dividido
em quatro submercados (Sudeste/Centro Oeste, Sul, Nordeste
e Norte) [3]. (1.2)
Enquanto um reservatório na região Sul pode estar com
capacidade máxima, um reservatório da região Nordeste
pode estar com sua capacidade abaixo do valor nominal. 6) Classe de Tensão: Dividem-se em dois grupos. O
Nestas situações, são despachadas usinas térmicas que Grupo A, caracterizado pela sua estruturação binômia de
aumentam o valor da energia do submercado onde há risco tarifação, que consiste na tarifação separada de demanda e
de falta de água armazenada. Por isso pode haver preços da energia e o Grupo B, caracterizado pela sua estrutura
energia diferentes entre os submercados. monômia, que consiste apenas na tarifação da energia.
Os dois grupos são divididos em subgrupos. O Primeiro
2) Demanda: Média das potências elétricas ativas ou
de acordo com sua tensão de fornecimento e o segundo pelo
reativas, solicitadas ao sistema elétrico pela parcela da carga
tipo de consumidor, como residencial, rural, iluminação
instalada em operação na unidade consumidora, durante um
pública e outros.
intervalo de tempo especificado.
Para que um consumidor possa ingressar no Mercado
3) Demanda Medida e Demanda Contratada: Demanda Livre, este tem que ser tarifado pelo Grupo A.
Medida, é a maior demanda de potência ativa, verificada por O Grupo A divide-se em cinco subgrupos, de acordo com
medição, integralizada no intervalo de quinze minutos a tabela abaixo:
durante o período de faturamento, expressa em quilowatts
(kW) e Demanda Contratada é a Demanda de potência ativa TABELA I
a ser obrigatória e continuamente disponibilizada pela Grupo A – Subgrupos e suas tensões de fornecimento
concessionária, no ponto de entrega, conforme valor e Subgrupos Tensão de fornecimento [kV]
A4 2,3 a 25
período de vigência fixados no contrato de fornecimento e A3 30 a 44
que deverá ser integralmente paga, seja ou não utilizada A3a 69
durante o período de faturamento, expressa em quilowatts A2 88 a 138
(kW). AS Subterrâneo

4) Consumo de Energia: O consumo de energia medido 7) Mercado Cativo: É o mercado onde o consumidor
durante o mês é o consumo faturado. Expresso em quilowatt estabelecido, não contrata a energia, paga apenas a energia
x hora (kWh). utilizada, ou seja, a energia medida.

5) Fator de carga (FC): O Fator de Carga é um índice que 8) Mercado Livre: É o mercado onde o consumidor
permite verificar o quanto que a energia elétrica é utilizada estabelecido contrata a energia diretamente com o gerador ou
de forma racional. É a razão entre a demanda média, durante com a comercializadora por meio de contratos de longo
um determinado intervalo de tempo, e a demanda máxima prazo e de curto prazo quando necessário, pagando para a
registrada no mesmo período [5]. concessionária apenas a TUSD.

9) PLD - Preço de Liquidação de Diferenças: É o preço


definido pela CCEE semanalmente, utilizado para valorar a
(1)
compra e a venda de energia no mercado de curto prazo,
Onde: determinado semanalmente para cada patamar de carga com
base no CMO. O CMO é obtido pelo ONS através de
C - Consumo mensal [kWh].

2
aplicativos computacionais que utilizam em seus cálculos Os dados necessários para que seja feita a análise tarifária
dados históricos e atuais dos valores da energia. Os do consumidor são:
aplicativos utilizados nas previsões são o NEWAVE, que
prevê o preço mensal com horizonte de cinco anos e o 1) Demanda Contratada e medida no horário de Ponta e
DECOMP que prevê o preço semanal com horizonte de um Fora de ponta;
mês.
2) Média do consumo mensal no horário de Ponta e Fora
10) CMO – Custo Marginal de Operação: Custo por de Ponta;
unidade de energia produzida para atender a um acréscimo
de carga no sistema. 3) Classe de Tensão;

4) Tarifado em Tarifa Verde ou Tarifa Azul.


B. Dados necessários para a análise:
5) Data da conexão;
A principal condição para um consumidor migrar para o
6) Contrato de fornecimento de energia: concessionária,
Mercado Livre de Energia, é que ele seja um consumidor do
data de vencimento e tempo de denúncia.
Grupo A e também que tenha uma demanda contratada maior
ou igual a 500 kW. 7) Geração Própria: se possuir, qual a potência de geração
Suas características devem satisfazer as condições instalada.
descritas nas leis e regras do Mercado Livre, que determinam
qual o tipo de energia o consumidor pode contratar para seu
suprimento. Com estes dados em mãos, são feitos os cálculos
Atualmente são negociados três tipos de energia: Energia utilizando planilhas eletrônicas, nas quais são inseridos os
Convencional, Energia Incentivada com 50% de desconto na valores das tarifas da concessionária e valores praticados
TUSD e Energia Incentivada com 100% de desconto na com a contratação de energia pelo Mercado Livre.
TUSD.
A Energia Incentivada dispõe de um beneficio dado pelo III. CASO 1
Governo Federal caracterizado pela redução das tarifas de
uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição. No caso de uma metalúrgica que chamaremos de
Este benefício é concedido à geração de energia por PCH’s “Empresa A”, um consumidor da cidade de Cachoeirinha –
(Pequenas Centrais Hidrelétricas), fonte solar, eólica, RS, que opera no Mercado Cativo e atendido pela RGE, será
biomassa ou co-geração qualificada, com potência instalada feita a análise comparando os valores faturados pela
menor ou igual a 30 MW. concessionária com os valores obtidos na simulação da
De acordo com as Leis do Mercado Livre de Energia, o operação no Mercado Livre.
consumidor pode saber o tipo de energia a ser contratada A Tabela I mostra alguns dados da empresa que serão
seguindo o fluxograma abaixo: utilizados na avaliação.

TABELA II
Dados de Medição para Faturamento
Demanda Demanda Consumo Consumo
Mês na Ponta Fora de na Ponta Fora de
Consumidor [kW] Ponta [kW] [kWh] Ponta[kWh]
Nov/07 977 1.023 41.019 348.992
Dez/07 977 1.004 52.631 447.744
D ≥ 3MW não Jan/08 945 982 50.018 419.168
Fev/08 820 918 51.691 431.072
Mar/08 872 919 54.041 452.128
sim D ≥ 500 kW não Abr/08 874 879 50.033 423.456
Mai/08 940 964 43.060 426.400
Conexão até não Jun/08 1.036 1.033 43.079 362.464
08/07/1995* sim
Jul/08 1.029 1.046 42.060 348.576
Qualquer tensão Ago/08 1.023 1.027 40.195 371.040
sim Convencional ou incentivada
Apenas Mercado
Cativo Set/08 1.043 1.041 43.309 354.176
Out/08 977 992 41.639 379.584
Tensão de
não
fornecimento ≥ A3
Nov/08 850 881 47.521 426.400
Média: 951 977,615 46.176,615 399.323,077
sim
Convencional ou Apenas Qualquer tensão A “Empresa A” é atendida por uma tensão de 23 kV,
incentivada incentivada Apenas incentivada
portanto é um consumidor com classe de tensão A4 e
atualmente encontra-se na tarifa horosazonal verde.
*Resolução n.º 264, de 13 e agosto de 1998
Sua Denúncia estabelecida no contrato de fornecimento de
Fig. 1. Fluxograma – Determina a Energia a ser contratada. energia com a concessionária é de 180 dias, ou seja, a

3
empresa deverá informar a RGE sobre sua migração ao 12 1000 (2.1)
Mercado livre com 180 dias de antecedência.
12 1000 (2.2)

A. Calculo dos gastos no Mercado Cativo Onde:


DPONTA = Demanda de ponta mensal [MW];
No mercado Cativo, o consumidor tem apenas um DFPONTA = Demanda fora de ponta mensal [MW];
contrato, que é celebrado entre ele e a distribuidora. TDPONTA = Tarifa de demanda na ponta [R$/kW];
TDFPONTA = Tarifa de demanda fora de ponta [R$/kW].
AMBIENTE
CATIVO Calculo com o consumo:

Gerador As tarifas de consumo do Mercado Cativo, além de serem


diferenciadas de acordo com o horário de ponta e fora de
Preço definido por ponta, também são diferenciadas de acordo com a época do
leilão do Governo ano em período seco (maio a novembro, sete meses), que está
menos propenso a chuvas e período úmido (dezembro a abril,
Distribuidor cinco meses), mais propenso a chuvas.

Tarifa definida pelo 7 5 (2.3)


Governo (ANEEL)
7 5 (2.4)
Consumidor
Onde:
CPONTA = Consumo mensal de energia na ponta [MWh];
Fig. 2. Ambiente de contratação cativo. CFPONTA = Consumo mensal de energia fora de ponta [MWh];
TPONTASECA= Tarifa de consumo na ponta no período seco
De acordo com a resolução Nº. 456 de 29 de novembro de [R$/MWh] ;
2000 todos os consumidores atendidos em tensão maiores do TPONTAUMIDA= Tarifa de consumo na ponta no período úmido
que 2,5 kV e com demanda contratada a partir de 300 kW, [R$/MWh];
são obrigatoriamente enquadrados no sistema Horosazonal TFPONTASECA= Tarifa de consumo fora de ponta no período
Azul ou Horosazonal Verde [4]. As tarifas Azuis e Verdes seco [R$/MWh];
possuem equações diferentes para o faturamento no Horário TFPONTAUMIDA = Tarifa de consumo fora de ponta no período
de Ponta. Na tarifa azul são cobradas as demanda na ponta e úmido [R$/MWh].
fora de ponta enquanto na tarifa verde, é cobrada apenas a
demanda fora de ponta.
A Demanda Reativa e a Energia Reativa são cobradas B. Calculo dos gastos no Mercado livre
pelas concessionárias tanto no mercado livre quanto no
mercado cativo, pelas mesmas tarifas da Demanda Ativa e No mercado livre, o consumidor deve ter sua energia
Energia Ativa praticadas no Mercado Cativo. Segundo a contratada com o gerador ou com uma comercializadora, este
legislação da Agencia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL contrato chama-se CCVEE (Contrato de Compra e Venda de
(Resolução 456/2000), esta cobrança ocorre quando o Fator Energia Elétrica) de longo ou curto prazo, nele há uma livre
de Potência está abaixo de 0,92 e também incide da mesma negociação de preços entre as partes dando nome de Livre a
maneira (tarifa cativa) para os consumidores estabelecidos no este mercado.
Mercado Livre. Desta forma, a Demanda Reativa e a Energia Com os contratos de longo prazo, o consumidor saberá o
Reativa, não serão consideradas neste estudo. As equações quanto vai gastar com sua energia a cada mês, e não estará
utilizadas para tais estudos e simulações são apresentadas a sujeito a variação do preço da energia. O contrato de curto
seguir: prazo serve para que este cliente possa ajustar o contrato de
longo prazo, firmando-os após o efetivo consumo de energia
(2) elétrica.
Energia – Contato
Onde: de Curto Prazo

DP = Custo com a demanda de ponta durante um ano [R$];


Consumo
DFP = Custo com a demanda fora de ponta durante um ano Medido Energia – Contato
[R$]; de Longo Prazo
CP = Custo com o consumo de ponta durante um ano [R$];
CFP = Custo com o consumo fora de ponta durante um ano
[R$].

Calculo dos custos com a demanda: Fig. 3. Ajuste de Contrato de Longo Prazo.

4
Também deve ter um contrato chamado CCD (Contrato de Durante o período da confecção deste estudo, a energia
Conexão do Sistema de Distribuição) que formaliza em qual incentivada com 50% de desconto na TUSD estava sendo
sistema distribuidor o consumidor está conectado e define a negociada ao valor de R$ 165,00 por MWh, a energia
responsabilidade financeira ao comprador e técnica ao incentivada com 100% de desconto na TUSD ao valor de R$
distribuidor, referente ao sistema de medição e também deve 185,00 por MWh e a energia convencional ao valor de R$
ter um contrato chamado CUSD (Contrato de Uso do 140,00 por MWh.
Sistema de Distribuição) [2]. Será feita a comparação com as duas ocasiões, primeiro
com a de 50% de desconto e em seguida com a de 100% de
AMBIENTE desconto na TUSD.
LIVRE

1,025 12 (3.1)
Gerador Preço negociado
entre as partes*
Onde:

VENERGIA= Valor da energia elétrica contratado pelo CCVEE [R$].


Comercializador
(3.2)
Preço negociado
entre as partes Onde:
Consumidor
CDTUSD= Custo anual da TUSD referente à demanda [R$];
*No caso do gerador ser estatal, o processo deve CETUSD= Custo anual da TUSD referente a encargos de energia
ser transparente, por meio de leilão, oferta pública
ou chamada pública.
[R$].

Fig. 4. Ambiente de contratação livre.


12 1000 (3.2.1)
Com o CUSD o consumidor poderá receber a energia 12
contratada com o gerador ou comercializadora utilizando-se (3.2.2)
o sistema de distribuição da concessionária, visto que o Onde:
gerador e a comercializadora, não possuem infra-estrutura
TUSDPONTA= Tarifa do uso do sistema de distribuição para a
para entregá-las ao ponto de conexão, onde serão demanda na ponta [R$/kW];
consumidas. A entrega de energia pela concessionária é TUSDFPONTA= Tarifa do uso do sistema de distribuição para a
tarifada pela TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de demanda fora de ponta [R$/kW];
Distribuição). TUSDEP= Tarifa do uso do sistema de distribuição referente aos
O Consumidor Livre paga à concessionária pela TUSD encargos de energia na ponta [R$/MWh];
que engloba a demanda, encargos e energia reativa - TUSDEFP= Tarifa do uso do sistema de distribuição referente aos
conforme abordado anteriormente - e paga ao seu fornecedor encargos de energia fora de ponta [R$/MWh];
de Energia conforme o CCVEE.
Outro gasto que o consumidor tem de arcar com a
1,025 12 (3.3)
migração para o mercado livre, é a adequação do sistema de
medição, que deve satisfazer as regras estabelecidas pela Onde:
CCEE e ANEEL. Este custo geralmente varia de R$
75.000,00 a R$ 85.000,00. VESS= Valor dos Encargos de Serviço do Sistema [R$/MWh].

(3)
C. Comparação dos gastos entre o Mercado Cativo e
Onde: Mercado livre

CUSTOLIVRE= Custo anual total do consumidor no mercado Mercado Cativo:


livre [R$];
CENERGIA= Custo anual da energia consumida [R$]; Pela Resolução Homologatória da ANEEL, n.º 636, de 17
CTUSD= Custo anual da TUSD [R$]; de abril de 2008, as tarifas horosazonais da RGE para a
CESS= Custo anual com os encargos de serviço de sistema classe A4 são:
[R$].

O consumidor Livre é responsável pelas perdas de energia


até o ponto de entrega. As perdas podem ser técnicas
(dissipadas por fenômenos físicos) ou não técnicas (erros de
medições ou furtos de energia). No estudo, será contabilizada
uma perda de 2,5%, pois geralmente as perdas giram em
torno deste percentual.

5
904.142,00 $
TABELA III
Tarifas RGE 1,000 15,02 1,000 4,05 12 1000
DEMANDA [R$/kW] 228.840,00 $
Classe TDFPONTA
A4 10,54
46,177 16,38 399,323 16,38 12
87.567,48 $
ENERGIA [R$/MWh]
Classe TPONTASECA TPONTAUMIDA TFPONTASECA TFPONTAUMIDA
A4 1183,71 1156,68 169,11 153,43
228.840,00 87.567,48
316.407,48 $
TUSD [R$/kW]
Classe TDPONTA TDFPONTA O valor dos Encargos de serviços do Sistema representa o
A4 29,11 7,85 custo incorrido para manter a confiabilidade e a estabilidade
do Sistema para o atendimento do consumo. Esse custo é
TUSD 50% DE DESCONTO [R$/kW] apurado mensalmente pela CCEE e é pago pelos agentes da
Classe TDPONTA TDFPONTA categoria consumo aos agentes de geração. Nos cálculos será
A4 15,02 4,05 utilizada a média dos valores do ESS do ano de 2007 (R$
0,65/MWh).
TUSD 100% DE DESCONTO [R$/kW]
Classe TDPONTA TDFPONTA 46,177 399,323 1,025 0,65 12
A4 0,93 0,25 3.561,77 $
ENCARGOS [R$/MWh]
Classe TUSDEP TUSDEFP % 904.142,00 316.407,48 3.561,77
A4 16,38 16,38
% 1.224.111,25 $
Inserindo os valores das tarifas e os dados do consumidor
nas equações (2.2), (2.3) e (2.4), e em seguida na equação %
100%
(2), encontra-se o valor gasto anualmente pela “Empresa A”
no Mercado Cativo e inserindo nas equações (3.1), (3.2.1),
(3.2.2), (3.3) e em seguida nas equações (3.2) e (3), encontra- 21,29%
se o valor gasto anual do consumidor no Mercado Livre.
A demanda a ser faturada é a demanda contratada quando
a demanda medida for menor ou igual à demanda contratada, Gasto no Mercado Livre com Energia Incentivada de
quando esta demanda medida for maior que a demanda 100% na tusd:
contratada até o limite de 10% acima, será faturada com a
tarifa normal. Quando a demanda medida passar de 10% Os cálculos entre energia incentivada 50% e energia
acima da demanda contratada, será faturada a demanda incentivada 100%, diferem apenas no custo da energia e no
contratada em tarifa normal mais a demanda excedente pela custo referente a demanda.
tarifa normal multiplicada por três. Desta forma, será
utilizada para os cálculos, a demanda contratada. 46,177 399,323 1,025 12 185,00
1.013.735,25 $
Gasto no Mercado Cativo:
1,000 0.93 1,000 0,25 12 1000
1,000 10,54 12 1000 14.160,00 $
126.480,00 $
14.160,00 87.567,48
46,177 1183,71 7 1156,68 5 101.727,48
649.681,30 $
% 1.013.735,25 101.727,48 3.561,77
399,323 169,11 7 153,43 5 % 1.119.024,50
779.047,23 $
%
100%
126.480,00 649.681,30 779.047,23

1.555.208,53 $ 28,05%

Gasto no Mercado livre com Energia Incentivada de 50%


Neste estudo, não está sendo considerada a incidência do
de desconto na TUSD:
ICMS e PIS/COFINS, que aumentaria o percentual de
economia.
46,177 399,323 1,025 12 165,00

6
Observa-se que há economia na migração para o Mercado feita a avaliação para a contratação de Energia Incentivada
livre na contratação de energia com 50% de desconto na com 50% de desconto na TUSD, com 100% de desconto na
TUSD e na contratação de energia com 100% de desconto na TUSD e Energia Convencional.
TUSD.
A amortização do custo com a adequação do sistema de Pela Resolução Homologatória da ANEEL, n.º 663, de 23
medição será de aproximadamente quatro meses na de junho de 2008, as tarifas horosazonais da COPEL para a
contratação de energia incentivada 50% e de classe A4 são:
aproximadamente três meses na contratação de energia
incentivada 100%. TABELA V
Existem casos em que o consumidor assume um custo Tarifas COPEL
mensal com empresas que prestam serviços de representação DEMANDA [R$/kW]
na CCEE, pois todos os contratos de energia são registrados Classe TDFPONTA
na Câmara através de seu aplicativo chamado SINERCOM, A4 7,52
para que haja a contabilização.
ENERGIA [R$/MWh]
Esta contabilização consiste na apuração dos dados Classe TPONTASECA TPONTAUMIDA TFPONTASECA TFPONTAUMIDA
semanais de medição do consumidor comparando-os aos A4 900,23 881,82 120,04 109,36
dados da energia contratada. O consumo da empresa, nem
sempre é constante, e caso o consumidor tenha sobra ou TUSD [R$/kW]
déficit de energia em cada semana esta energia excedente ou Classe TDPONTA TDFPONTA
faltante será valorada ao preço do PLD da semana em A4 30,17 7,44
questão para cada patamar de carga, para que este valor seja
TUSD 50% DE DESCONTO [R$/kW]
onerado à liquidação.
Classe TDPONTA TDFPONTA
A energia pode ser contratada de um submercado
A4 15,24 3,76
diferente de onde o consumidor irá recebê-la, portanto a
diferença de preço da energia será contabilizada na TUSD 100% DE DESCONTO [R$/kW]
liquidação. Classe TDPONTA TDFPONTA
Os patamares de carga são como os horários de ponta e A4 0,31 0,08
fora de ponta da tarifa cativa, mas sofrem maior
diferenciação de horas. São separados em leve, médio e ENCARGOS [R$/MWh]
pesados. São valorados diferentemente, pois representam os Classe TUSDEP TUSDEFP
A4 19,67 19,67
diferentes horários em que são ligadas as cargas no sistema.
No caso do cliente apresentar sobra de energia no final do
mês, ou seja, tenha mais energia contratada do que energia Inserindo os valores das tarifas e os dados do consumidor
medida, esta energia será liquidada pela CCEE ao preço do nas equações (2.2), (2.3) e (2.4), e em seguida na equação
PLD médio do mês de referência. (2), encontra-se o valor gasto anualmente pela “Empresa B”
no Mercado Cativo e inserindo nas equações (3.1), (3.2.1),
IV. CASO 2 (3.2.2), (3.3) e em seguida nas equações (3.2) e (3), encontra-
se o valor gasto anual do consumidor no Mercado Livre.
Serão utilizados para o caso 2, os dados de uma unidade
de uma empresa de frigoríficos a qual chamaremos de Gasto no Mercado Cativo:
“Empresa B”, que opera no Estado do Paraná e é atendida
pela COPEL. Esta empresa também opera no mercado 6.647.533,57 $
Cativo e busca neste estudo a viabilidade econômica na
migração para o Mercado Livre ou a permanência no Gasto no Mercado Livre com Energia Incentivada de 50%
Mercado Cativo. Os dados de medição para este estudo são de desconto na TUSD:
os seguintes:
% 7.422.366,98 $
TABELA IV
Dados de Medição para Faturamento 11,66%
Dados de Demanda Demanda Consumo Consumo
Jan/07 a na Ponta Fora de na Ponta Fora de Gasto no Mercado Livre com Energia Incentivada de
Dez/07 [kW] Ponta [kW] [kWh] Ponta[kWh]
Média: 4.650 4.780 250.784 2.544.995
100% de desconto na TUSD:

% 7.065.949,81 $
A “Empresa B” é atendida por uma tensão de 13,2 kV, é
um consumidor com classe de tensão A4 e atualmente
encontra-se na tarifa horosazonal verde. 6,29%
Como o consumidor possui uma demanda contratada Gasto no Mercado Livre com Energia Convencional:
maior de 3MW e sua conexão se deu após a data de 08 de
julho de 1995, “Empresa B” poderá contratar qualquer tipo 6.946.928,06 $
de energia caso migre para o Mercado Livre. Portanto será 4,50%

7
Observa-se que com a migração
m paraa o Mercado Livre
L a cu
ustos no mercado cativo e os custos no mercado livree para
eeconomia serrá negativa em qualquerr situação, seja s na ass concessionárrias em quesstão e o potencial de econnomia
c
contratação dee energia inceentivada de 50%
5 de descoonto na co
om a migraçãoo do consumiddor para o Mercado Livre.
T
TUSD, de 1000% de desconnto na TUSD ou o na contrataação de
e
energia convenncional.
Esta econnomia negatiiva é deviddo às tariffas da Cussto nos me
ercados Caativo e 
c
concessionáriaa apresentar valores
v competitivos ao Mercado
M
L
Livre. Desta forma
f o clientte deverá permmanecer no Mercado
M
L
Livre
2.000.000,00
00
C
Cativo por este ser mais viáável economiccamente.
1.500.000,00
00
cativo
V. DIFERENÇA
D D PREÇO ENTRE
DE E AS

R$
1.000.000,00
00 Livre
DISTRIIBUIDORAS:
500.000,00
00
Um dos intuitos
i destee trabalho, é mostrar que q os
r
resultados da análise tarifárria de um connsumidor, nãoo são os 0,00
00
m
mesmos de ouutro consumiddor que talvezz tenha seu contrato
c RGE CELEESC AES SUL CEEE COPEL
b
bilateral firmaado com o meesmo gerador seguindo as mesmas
m
c
condições. O que determinna o potenciall de economiaa, além
d perfil de coonsumo, são as
do a tarifas da concessionária
c a a qual Fig.
F 5. Diferençças entre custo ccom energia no
o Mercado Livree e no
p
presta serviço de conexão ao sistema eléttrico. Mercaado Cativo.
Para exempplificar estas diferenças, será feita a análise
t
tarifaria de umma das unidaddes de um connsumidor do raamo de
t
telecomunicaç ções, o qual chamaremoss de “Empreesa C”, Eco
onomia
s
simulando suaa operação em m algumas reegiões atendiddas por
d
diferentes concessionárias. 25,00%
Os dados de mediçãoo da “Emprresa C” que serão 20,00%
u
utilizados, sãoo as médias daa demanda na ponta, demannda fora 15,00% R
RGE
d ponta, conssumo na pontaa e consumo fora
de f de ponta do ano
10,00%
d 2007.
de C
CELESC
5,00%
A
AES SUL
TAB BELA VI 0,00%
C
CEEE
dos de Mediçção para Fatu
Dad uramento ‐5,00% RGE
CELESC AEES SUL CEEE C
COPEL
Dados de Demanda Demanda
D Coonsumo Connsumo ‐10,00% COPEL
Jan/07 a na Ponta Fora de naa Ponta Forra de
Dez/07 [kW] Poonta [kW] [kWh] Pontaa[kWh] ‐15,00%
Média: 900 900 4
45.313 4355.888

Será feita a comparação dos custos no


n Mercado Cativo
C e FIg. 6. Potenccial de economiia entre as distrribuidoras.
n Mercado Livre
no L com a coontratação de energia Incenntivada
c
com 50% de desconto naa TUSD paraa “Empresa C” C nas Os resultadoos obtidos appresentam a diferença
d exiistente
c
concessionáriaas RGE (RS),, CELESC (SC), AES SUL L (RS), en
ntre os preços das tarifas dee cada concesssionária e quee estas
C
COPEL (PR) e CEEE (RS. vaariações existeem não apenass em submercados diferentees.
Este estudo pode
p determinnar a escolha de uma regiãão por
O quadro a seguir, aprresenta os reesultados obtiidos na umma empresa queq pretende construir umaa nova plantaa ou a
aanálise deste consumidor,
c simulando suua operação emm cada esscolha entre o Mercado C Cativo e o Mercado
M Livrre nas
u destas conncessionárias..
uma plantas já existeentes. Nesta eescolha tambéém deve ser levado
emm conta a prevvisão dos reajustes anuais das
d concessionnárias
TAB BELA VII e que
q os reajusttes contratuaiss dos preços no
n Mercado Livre
L é
Resultad
dos da Simulaação no Merccado Livre e no
n esstabelecido pelo
p IGP-M (Índice Gerral de Preçoos do
Merccado Cativo Mercado).
M
Resolução Custo Custo Livre
C
Concessionária Economia
ANEEL Cativo [R$] [R$]
RGE 636, 17/04/08 1.601.739,98 1.280.985,50 220,03%
CELESC 689, 05/08/08 1.328.652,79 1.303.706,73 1,88%
AES SUL 635, 17/04/08 1.340.910,29 1.368.147,45 -2,03%
CEEE 715, 21/10/08 1.324.190,23 1.366.474,03 -3,19%
COPEL 663, 23/06/08 1.171.161,92 1.299.227,32 -
-10,93%

Para melhhor ilustraçãoo dos resultaados, seguem


m dois
ggráficos que apresentam visualmente
v a diferença enntre os

8
VI. CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

O estudo tarifário do Mercado Cativo e do Mercado livre [1] Disponível em:


serve para que o consumidor tome a melhor medida em http://www.ccee.org.br/cceeinterdsm/v/index.jsp?vgnext
relação a sua contratação de energia visando o menor gasto oid=f589a5c1de88a010VgnVCM100000aa01a8c0RCRD
com a mesma. Esta avaliação deve ser feita sempre que [2] CHRISTOFARI, V.D., Guia do Cliente Livre. São
houver reajustes tarifários da concessionária que presta Paulo: Pancrom Indústria Gráfica Ltda. 1ª Ed. Maio de
serviço na região onde a empresa opera ou pretende-se 2006.
operar e também quando houver variações no preço da [3] DUKE ENERGY – TRADING BRASIL, Dicionário
energia disponível no mercado. Pratico Energia Elétrica. São Paulo, Duke Energy –
A migração para o Mercado Livre é uma opção para os Trading Brasil, 2002.
grandes consumidores negociar sua própria energia na busca [4] Resolução ANEEL N.º 456 de 29 de novembro de 2000.
de maiores vantagens em relação ao Mercado Cativo. [5] Disponível em:
Os resultados deste estudo dependem das tarifas das http://www.eletropaulo.com.br/portal/page.cfm?Conteud
distribuidoras, da demanda e oferta de energia no mercado e o_ID=683&desc=Fator%20de%
do perfil de consumo da empresa a ser estudada.
Foi observado que os resultados mais favoráveis são dos
consumidores que possuem um melhor aproveitamento da
energia em relação a demanda contratada, ou seja, que DADOS BIOGRÁFICOS
possuem um fator de carga mais elevado.
Durante a elaboração deste trabalho, foram encontradas Samuel Travalão Faria, nascido em 06/08/1982 em
algumas dificuldades em relação às normas e regras de Penápolis - SP, é Graduando do Curso de Engenharia
comercialização de energia a serem observadas e a grande Elétrica da Universidade Federal do Paraná. Trabalhou na
quantidade de informações a serem selecionadas e inseridas empresa TIM SUL (2006 – 2007) e atualmente trabalha na
no contexto do trabalho, para que este venha ser o mais útil empresa TRADE ENERGY – Comercializadora de Energia
possível em estudos futuros. Algumas destas normas e regras Elétrica.
de comercialização de energia sofreram alterações , fazendo
com que algumas características citadas fossem revistas
periodicamente.

AGRADECIMENTOS

O autor Agradece à orientação que recebeu do Professor


Dr. Ewaldo Luiz de Mattos Mehl e co-orientação do
Engenheiro Fernando A. L. Correa na elaboração deste
trabalho.

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